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ÍNDICE

Agremiação Página

G.R.E.S. SÃO CLEMENTE 03

G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 43

G.R.E.S. PORTELA 109

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 167

G.R.E.S. PARAÍSO DO TUIUTI 243

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 307

G.R.E.S. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL 391

1
G.R.E.S.
SÃO CLEMENTE

PRESIDENTE
RENATO ALMEIDA GOMES
3
“E o samba sambou”

Carnavalesco
JORGE LUIZ SILVEIRA
5
Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“E o samba sambou”
Carnavalesco
Jorge Luiz Silveira
Autor(es) do Enredo
Jorge Luiz Silveira (Versão original de 1990: Carlinhos D’Andrade, Roberto Costa e César
D’Azevedo)
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Jorge Luiz Silveira
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Jorge Luiz Silveira
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

01 A batalha das GUIMARÃES, H. Rio de Janeiro: 2015 Todas


ornamentações: A Rio Book´s
escola de Belas
Artes e o Carnaval
Carioca

02 As Primas Sapecas BALTAR, A.; Rio de Janeiro: 2015 Todas


do Samba: alegria, LEAL, E.; Novaterra e
crítica e DATOLLI, V. Editora e
irreverência na Distribuidora
avenida. Ltda

03 Abre-alas: Enredos LIESA Rio de Janeiro: 1990 Todas


do Carnaval 1990 Brasgraf
Organização
Gráfica Ltda

Outras informações julgadas necessárias

A pesquisa contou também com o depoimento de diversos baluartes da agremiação


(Compositores, baianas, diretoria e etc...) sobre suas memórias do desfile de 1990. O objetivo
deste contato era captar a essência e a memória viva do desfile original do G.R.E.S. São Clemente
daquela ocasião.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

“E o Samba Sambou”
No jogo do amor e do samba não tem regras: ou se tem, depende. Cartas na mesa, mesa
virada. E o amor ao samba? Ah, camarada... Tudo tem seu preço e seu apreço. Quem tem
padrinho não morre pagão! O brado retumbante de 90 ecoou com tanta força que se fez
profecia: E o Samba Sambou...

Da mesma forma que disse em 90, não sou dono da verdade. Também cometi meus pecados.
A mesa virada tem lá minha digital. Assumida. Mas peixe pequeno frita mais rápido que
peixe graúdo. Tá dado meu recado. Porém, jocoso que sou, faço piada de mim mesmo.
Aliás, tenho isso correndo nas veias: meu DNA foi construído apontando o dedo em riste e
sambando na cara da sociedade. Meu histórico me credencia. Basta olhar meu manancial.

Esse de 90 tem um molho especial. Nunca antes na história dessa república se fez tão
necessário reviver esse discurso. O planeta samba virou de ponta cabeça, inverteu a ordem,
subverteu a lógica. Infelizmente, tudo que foi dito, de fato aconteceu (quiçá piorou!). E não
tem jeito, tá na minha raiz primeira. No meio desse turbilhão, eu não podia faltar ao
enfrentamento. Já que o recado não foi ouvido da outra vez, vamos novamente ser “fiéis” à
nossa conduta e largar o chumbo grosso!

Luz, câmera, negociação: tá no ar mais um espetáculo na tela. É fantástico! O sambista dá


lugar a vedete da internet, que usa o GRES para ser manchete. Uma aparelhagem
tecnológica digna de cinema ganha mais importância que o gingado generoso da mulata.
Não tem jeito: virou Hollywood isso aqui. Mil artistas de verdade, que riscam o chão com
sua herança, tem menos espaço na lente da câmera que atriz/apresentadora/promoter. Que
sacanagem...

Já começa errado quando a autoridade não reconhece que no carnaval quem manda é Momo!
Não entregar a chave a Sua Majestade é um pecado mortal pros súditos da folia. Na pista,
ganha o interesse: nossos símbolos culturais são substituídos pelo estrangeirismo barato. E
como tem gringo no samba! Camarada, você não imagina o poder de uma credencial: é tanto
aspone na avenida que parece que tem duas escolas desfilando ao mesmo tempo. No ritmo
do samba moderno, uma correria contra o relógio; um verdadeiro “coopersamba”! E o
povão...? É, esse ficou de fora da jogada. Nem lugar na arquibancada ele tem mais pra ficar.
A grana entope os camarotes de sertanejo, música eletrônica e de todo tipo de som, menos o
próprio dono da festa: o samba. Que mico minha gente... Olha o que o dinheiro faz!

E por falar na grana, hoje a rainha paga pra sambar. Um verdadeiro dote de privilégios. Cadê
as meninas da comunidade riscando o asfalto? Tudo tem seu preço e seu apreço camarada...
Elas fazem tudo para aparecer na tela da TV, no meio desse povo! E a mídia “toda

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

poderosa” controla tudo a seu bel-prazer. Até mesmo a opinião pode ser comprada! Como
não? Até o samba é dirigido com sabor comercial. Tem que ser registrado, carimbado,
protocolado no escritório: uma verdadeira exportadora de “bois-com-abóbora”.

E o samba vai se vendendo às vaidades, sendo usado como plataforma pra fulano, beltrano e
quem mais quiser seus 15 minutos de fama. Que covardia... Carnavalescos e destaques
vaidosos transformam a Sapucaí num verdadeiro ringue aos seus insaciáveis egos. E o
samba vai perdendo a tradição...

Mas eu sempre avisei. Eu sempre falei. E você sabe disso: o boi voou e denunciou a
roubalheira, a galhofa, a bandalheira. Era profecia de uma chacota nacional. Eu, pequenino,
quase rodei esse ano, triste feito um cão sem dono. Mas como “quem casa quer casa”, tô
apaixonado pelo lugar que conquistei. “Não adianta jogar água malandragem”, “eu mato a
saúva antes dela me matar”.

Temos que cuidar do samba. Segurar essa mesa no lugar. Caso contrário, nem povão na
arquibancada vamos ter mais pra nos aguardar, afinal “Quem avisa amigo é”.

Temos que segurar firme essa onda. Pelo amor que temos ao samba, vamos preservar esse
“antigo reduto de bambas”, para que as gerações futuras possam ainda curtir o verdadeiro
samba.

Jorge Luiz Silveira


Carnavalesco

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Cada escola de samba no Rio de Janeiro tem uma alma, uma identidade. Cada uma delas tem
uma marca pessoal, desenvolvida ao longo de sua trajetória através dos enredos que leva pra
avenida, da energia de cada comunidade representada. Essa incrível diversidade é um dos
elementos mais ricos do carnaval carioca. Uma marca que o classifica como a maior
manifestação da cultura popular do nosso país.

A São Clemente trás consigo a marca histórica da irreverência. Nos anos 80, a escola da
Zona Sul se consolidou através de uma sequência incrível de enredos críticos e divertidos.
Oriunda de Botafogo, do carnaval de rua, do futebol, a preta e amarela absorveu no seu
espírito a face mais gaiata do carioca. Seus desfiles se firmaram através de uma linguagem
que sempre falou direto ao povo. Defender as causas da massa passou a ser a bandeira da
São Clemente. Assim foi quando falou sobre o problema social dos menores abandonados
nas ruas; sobre os problemas do trânsito; das maldades que assolavam a população; se
rebelando contra o estrangeirismo cultural. Sua opção natural passou a ser o porta-voz de
causas relevantes que incomodavam a população.

Dentre esses históricos enredos, um se destaca de maneira emblemática: “E o Samba


Sambou” – carnaval defendido pelos carnavalescos Roberto Costa, Cézar de Azevedo e
Carlinhos de Andrade no ano de 1990. Pela primeira vez, uma escola de samba fazia uma
sátira aos problemas do próprio carnaval. Um “meta-carnaval”, que em tom profético,
chamava a atenção dos dirigentes sobre a forma como o samba estava sofrendo com as
distorções na época. De maneira surpreendente, até mesmo para escola, aquele desfile
renderia a melhor colocação da São Clemente na disputa em sua história: sexto lugar, tendo
permanecido até os últimos quesitos em primeiro lugar. Esse momento se cristalizou no
coração dos Clementianos e na história do carnaval carioca.

Com o passar dos anos, as distorções cantadas em verso e prosa pelo desfile de 1990 se
confirmaram. O poder econômico ganhou ainda mais força no carnaval, se tornando o fiel da
balança da folia. Sambistas trocam de agremiação como jogadores trocam de time: o passe é
negociado em cifras astronômicas. A festa popular ganha contornos de mega espetáculo,
cercado pela mídia e pelos efeitos especiais. As tradições do samba vão sendo substituídas
por parafernálias tecnológicas e subvertem a lógica. E o principal artista da festa, o sambista,
vai tendo cada vez menos espaço diante da feroz competição. São tantos descaminhos na
Passarela que chegamos a uma gigantesca crise de representatividade junto à população:
dois anos seguidos sem rebaixamento por força de decisão dos dirigentes, contrariando a
opinião pública. Pela primeira vez na história, até mesmo a prefeitura da cidade realiza
severos cortes no orçamento das agremiações. De fato, “o samba sambou”.

Diante desse cenário crítico que se desenhou ao longo dos anos, a São Clemente se sentiu
chamada à sua responsabilidade. Os fatos que se avolumaram, mexeram profundamente com
os pilares mais profundos do amor que temos pelo samba. O discurso de 1990 se tornou
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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

extremamente atual e necessário. Dessa forma, se tornou imperativo reviver esse momento e
dizer novamente, em alto e bom som, que precisamos refletir sobre o futuro das escolas de
samba. É necessário repensar a maneira como o dinheiro toma as decisões do carnaval.

Mas, é preciso que se faça isso sem esquecer que é carnaval! É preciso fazer isso da melhor
maneira possível: com alegria e irreverência, no melhor estilo São Clemente. Trazer esse
tema novamente à Sapucaí se transformou numa grande celebração à alma Clementiana.
Resgataremos o espirito crítico e alegre dos seus desfiles mais antológicos através desse
momento. Naturalmente, o discurso terá fortes referências ao trabalho original apresentado
pela tríade de carnavalescos de 1990. Mas, faremos isso contextualizando o tema aos
problemas do momento contemporâneo. Estabelecer uma ponte no tempo, fazendo uma nova
reflexão sobre as distorções da nossa festa. Não se trata de contradizer a importância das
inovações, mas pensar sobre até onde elas modificam a essência das escolas de samba: uma
festa do povo, para o povo.

Convidamos então todos a cantar junto com a São Clemente! Num desfile que se propõe a
levantar a bandeira da cultura popular mais uma vez: em defesa do verdadeiro samba.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE
Comissão de Frente
“E O SAMBA SAMBOU”

Elemento Alegórico da Comissão de Frente


“SALA DE REUNIÃO”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Fabrício Pires e Giovanna Justo
“MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ”

Guardiões do
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
“PAPARAZZI”

Alegoria 01 – Abre-Alas
“É FANTÁSTICO!
VIROU HOLLYWOOD ISSO AQUI!”

Ala 01 – Comunidade
“FECHANDO AS PORTAS PRA FOLIA”

Ala 02 – Comunidade
“PIERROT HEAVY METAL”

Ala 03 – Comunidade
“COOPER-SAMBA”

Ala 04 – Comunidade
“CARA-CRACHÁ”

Ala 05 – Comunidade
“TEM GRINGO NO SAMBA”

Ala 06 – Comunidade
“CAMARÃO NO CAMAROTE”

Alegoria 02
“NOSSO POVÃO FICOU FORA DA JOGADA”
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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

Ala 07 – Comunidade
“DIRIGENTES PODEROSOS”

Ala 08 – Comunidade
“QUER PAGAR QUANTO?”

Ala 09 – Baianas
“ALUGA-SE BAIANA”

Ala 10 – Comunidade
“FILHOS DA PAUTA”

Ala 11 – Comunidade
“RAMBO-SITORES”

Ala 12 – Comunidade
“BOI COM ABÓBORA”

Destaque de Chão
Bruna Almeida
“CARTOLA DO SAMBA”

Alegoria 03
“HOJE O SAMBA É DIRIGIDO COM SABOR
COMERCIAL”

Ala 13 – Comunidade
“A RAINHA PAGA PRA REINAR”

Rainha da Bateria
Raphaela Gomes
“FLASH”

Ala 14 – Bateria
“PAPARAZZI DO SAMBA”

Ala 15 – Comunidade
“ME DÁ UM LIKE AÍ!”

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Ala 16 – Comunidade
“TODA PODEROSA”

Ala 17 – Comunidade
“FUÊ E MATELASSÊ”

Ala 18 – Comunidade
“EU SÓ QUERO APARECER”

Alegoria 04
“CARNAVALESCOS E DESTAQUES
VAIDOSOS”

Ala 19 – Comunidade
“E O BOI VOOU”

Ala 20 – Comunidade
“YES, NÓS TEMOS BANANAS”

Ala 21 – Comunidade
“QUEM AVISA AMIGO É”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Marcelo Tchetchelo e Bárbara Falcão
“O DIABO ESTÁ SOLTO NO ASFALTO”

Ala 22 – Comunidade
“TRISTE, FEITO UM CÃO SEM DONO”

Ala 23 – Comunidade
“MATE A SAÚVA ANTES DELA TE
MATAR”

Ala 24 – Comunidade
“QUEM CASA QUER CASA”

Destaque de Chão
“ANTIGOS CARNAVAIS”

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Alegoria 05
“QUE SAUDADE DA PRAÇA XI E DOS
GRANDES CARNAVAIS”

Ala 25 – Passistas
“QUE SAUDADE DA PRAÇA XI E DOS
GRANDES CARNAVAIS”

Ala 26 – Comunidade
SETOR ZERO

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jorge Luiz Silveira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 “É FANTÁSTICO! VIROU “Luzes, câmeras e som; mil artistas na Sapucaí”: vai


HOLLYOOWD ISSO AQUI!” começar o maior espetáculo áudio visual do planeta!
Todas as lentes estão direcionadas para avenida da
ilusão! Painéis eletrônicos, transmissão digital: a festa
do samba se transforma num verdadeiro show
pirotécnico. A noite do Rio se transforma na
“Hollywood dos trópicos”, onde toda celebridade
busca seu lugar ao sol. Ou melhor: à lente da câmera.
Os recursos tecnológicos elevam o desfile ao patamar
de um megaevento midiático, onde os símbolos
tradicionais do samba vão sendo substituídos por
*Imagem meramente ilustrativa, referencias estrangeiras. Mas o importante é brilhar e
sendo passível de adequação aparecer! “Mil artistas na Sapucaí”.
estética ao projeto. A alegoria é marcada pela presença de câmeras
fotográficas como elemento narrativo da cenografia. É
através delas que a imagem instantânea do carnaval se
projeta para o mundo. É a lente que seduz as “estrelas”
do carnaval.

02 “NOSSO POVÃO FICOU Na passarela do samba tudo ganha eco e contornos


FORA DA JOGADA” faraônicos. Não seria diferente com enorme diferença
social brasileira. Cada território no Sambódromo é um
espelho dessas distorções. O povão não tem acesso as
regalias e luxos dos camarotes, fartos de boa comida e
bebida. Já não bastasse isso, muitos deles organizam
shows de música eletrônica, rock e sertanejo. Esses
espaços transformam a passarela do samba numa
verdadeira “Rave” de luzes e som alto (tão alto que
atrapalha as arquibancadas).
A alegoria recria o ambiente de um camarote regado a
coquetéis de frutas e camarão, canapés e drinks. Ao
*Imagem meramente ilustrativa,
sendo passível de adequação
mesmo tempo em que um show de música sertaneja
estética ao projeto. acontece em baixo, um DJ comanda as pick-ups da
“balada eletrônica” na passarela.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jorge Luiz Silveira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “HOJE O SAMBA É No vai e vem do samba o dinheiro se tornou o “abre-


DIRIGIDO COM SABOR alas” das negociações. O carnaval se capitalizou “e o
COMERCIAL” samba sambou”. O bom compositor se tornou
mercadoria rara no mercado. “Dirigentes poderosos”
são os donos do cofre. A boa e velha disputa de samba
se contaminou pelo poderio econômico. Ganha quem
tem mais recursos pra bandeira, balão, papel picado:
“hoje o samba é dirigido com sabor comercial”.
Grupos de compositores organizados em “firmas”
monopolizam as disputas; um verdadeiro “escritório
de samba”. As disputas nas quadras chegaram “às vias
de fato”: os poetas vão à luta “armados” tal qual
*Imagem meramente ilustrativa, soldados em campos de batalha; “Rambo-Sitores”! A
sendo passível de adequação mesma fórmula de sucesso de melodia e letra vai se
estética ao projeto. repetindo ano a ano, escola a escola, subjugando o
talento e a criatividade. Surgem assim os
“compositores de mente artificial”, que reproduzem
mecanicamente as mesmas lógicas a cada composição.
O resultado disso não poderia ser outro: uma
verdadeira fábrica de “bois-com-abóbora”.

04 “CARNAVALESCOS E A cada ano a Sapucaí se transforma num verdadeiro


DESTAQUES VAIDOSOS” ringue para as vaidades, onde carnavalescos disputam
qual será o “pavão” mais emplumado daquele ano. A
busca é sempre por mais: o material mais caro, a
alegoria maior, o destaque mais resplandecente. O
excesso de luxo e requinte é alimentado pelos egos,
inflados pelas luzes da ribalta.
A alegoria é marcada pela figura central de um
enorme pavão multicolorido, que personifica a vaidade
do carnaval. Espelhos ornamentados em penteadeiras
nas laterais reforçam a ideia da vaidade exagerada. Na
*Imagem meramente ilustrativa, parte superior, um ringue de luta representa a disputa
sendo passível de adequação dos egos das musas e rainhas de bateria nos desfiles
estética ao projeto. ano a ano.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jorge Luiz Silveira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “QUE SAUDADE DA PRAÇA “Que saudade da Praça XI e dos grandes carnavais”.


XI E DOS GRANDES Nossa última alegoria traz vários simbolismos
CARNAVAIS” impressos: logo a frente, a figura central de um
calhambeque, fazendo referência aos antigos carnavais
da cidade e seus mais diferentes movimentos de
origem popular, como os corsos por exemplo –
memória afetiva carnavalesca. Rendemos uma
homenagem muito especial nesse momento: o “piloto”
desse calhambeque é nosso saudoso presidente
Ricardo Almeida Gomes, que nos deixou em 2017.
Ele comandou a São Clemente na ocasião do carnaval
de 1990. Junto a ele, a velha-guarda na alegoria,
*Imagem meramente ilustrativa, personifica a memória dos nossos antigos carnavais.
sendo passível de adequação
O restante da alegoria é uma obra de ferro:
estética ao projeto.
metaforicamente, o carro permite que nós
enxerguemos suas entranhas, sem pudores. É o
carnaval cru, sem medo e sem receio de criticar o
próprio carnaval, expondo suas chagas. A alegoria,
sem os tradicionais revestimentos de madeira ou
tecido, faz uma crítica aos sucessivos cortes de verba
para as escolas de samba. Uma tesoura materializa a
imagem do corte das verbas por parte do poder
público.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Letícia Guimarães (Carro 01 – Abre-Alas) Passista Show


Fantasia: Marilyn Monroe

Amanda Gomes (Carro 02) Advogada


Fantasia: Garçonete

Duda Almeida Modelo


Fantasia: Boi-com-abóbora

Rafael Bandeira (Carro 04) Ator


Fantasia: Tributo a Jorge Lafond

Geraldo Lima (Carro 04) Empresário


Fantasia: Tributo a Clóvis Bornay

Yasmin Gomes (Carro 05) Estudante


Fantasia: Amor ao Pavilhão

Local do Barracão
Cidade do Samba – Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 09 – Gamboa – RJ
Diretor Responsável pelo Barracão
Roberto Almeida Gomes
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
João da Silva Futica
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Ronildo Rafael Vieira
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Minibrut e Sidnei José
Outros Profissionais e Respectivas Funções

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
01 “Fechando as Eis que o samba sambou! A Comunidade Direção de
Portas pra distorção começa quando Sua (2018) Carnaval
Folia” Excelência não entrega as chaves da
cidade a Sua Majestade. A tradição
carioca da entrega do comando da
cidade ao Rei Momo durante os 4
dias de folia é pela primeira vez
quebrada, “fechando as portas pra
folia”.

02 “Pierrot Heavy Microfonados, conectados, Comunidade Direção de


Metal” antenados; head-phones, bandolins (2018) Carnaval
eletrônicos: é tanta parafernália que
o samba tá mais para heavy-metal
do que pra batuque. É o tecno-
samba! Nossos símbolos
tradicionais são mixados e
traduzidos em caixas de som dignas
de um palco de rock.

03 “Cooper-Samba” Tem horário pra tudo! Tem hora Comunidade Direção de


para concentrar, hora para desfilar, (2018) Carnaval
hora para retirar as alegorias da
dispersão. E, nessa correria, a
diversão do sambista fica
condicionada à uma corrida contra o
relógio. Arlequins se ligam no
cronômetro e atravessam a Sapucaí
como um foguete! Uma verdadeira
maratona: um “cooper-samba”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
04 “Cara-Crachá” Nada credencia mais poder e Comunidade Direção de
autoridade na Sapucaí do que a (2018) Carnaval
conhecida credencial. Objeto dos
desejos; passe livre pra folia! Quando
toca a sirene e a escola entra na
avenida, quase sempre ela é
antecedida por uma corte de
credenciais (que quase parece uma
outra escola desfilando à frente da
agremiação da vez). Quase sempre,
pessoas que não tem função alguma
na escola. Não passam de “amigos do
presidente”.

05 “Tem Gringo no O pacote turístico já anuncia: “venha Comunidade Direção de


Samba” viver a emoção do maior espetáculo (2018) Carnaval
da Terra! Viaje no nosso cruzeiro e
desfrute da experiência de desfilar na
Sapucaí! Fantasia incluída no pacote”!
... só faltava dizer ao amigo gringo
que samba é coisa séria: tem que
cantar! A competição não perdoa!
“Mas muita gente ainda pode
faturar...”

06 “Camarão no Nos camarotes, todo luxo, requinte e Comunidade Direção de


Camarote” sofisticação. Coquetéis de todos os (2018) Carnaval
tipos, comidas caras e enormes
cascatas de camarão. Tem pra todo
bolso (mentira!!!): menos pro bolso
do povão. Esse “ficou fora da jogada”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

07 “Dirigentes São eles os detentores do poder de Comunidade Direção de


Poderosos” decidir. Quem tem o “cacife” mais (2018) Carnaval
alto, banca. Verdadeiras estrelas da
constelação do carnaval. Fazem valer
sua vontade: compram e vendem o
passe dos sambistas como no futebol.
“Cartolas do samba”. São os “donos
da bola” e, como tal, definem as
regras do jogo. Nem sempre o jogo
que o povão gostaria de ver...
“dirigentes poderosos criam tanta
confusão...”

08 “Quer Pagar Hoje tudo tem preço! Você paga para Comunidade Direção de
Quanto?” desfilar, paga para assistir, paga para (2018) Carnaval
comer, paga para se divertir! Se não
tiver ingresso, não tem problema: o
cambista já superou o velho fax,
aceita débito e crédito! Parcela no
cartão! Paga-se até pelo que não devia
estar à venda (mas tudo tem seu
preço!) “...E muita gente ainda pode
faturar...”

09 “Aluga-se Até uma das mais tradicionais alas do Baianas Caetano e


Baiana” carnaval se capitalizou! No mercado é (2018) Mamusca
assim: quando a mercadoria fica
escassa na prateleira, o preço
valoriza! Hoje já tem até “pregão de
baiana”. Se faltar não tem problema:
“aluga-se uma baiana”. “veja só o
jeito que o samba ficou”. “Hoje o
samba é dirigido com sabor
comercial...”

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
10 “Filhos da Pauta” Quando a sirene tocar é a imprensa Comunidade Direção de
que vai estar lá! Nossos amigos da (2018) Carnaval
imprensa televisionada, falada,
escrita, fotografada, “internetada”!
Sempre prontos pro furo: seja da
mulata ou do pneu da alegoria
mesmo; o negócio é noticiar em
primeira mão! Até a opinião tem
seu preço! Se pagar, tenho seu
apreço! A informação é a mãe dos
nossos “filhos da pauta”.

11 “Rambo-Sitores” A disputa de samba enredo chegou Comunidade Direção de


às vias de fato. Virou negócio. E, (2018) Carnaval
como todo negócio, vale a disputa
de cada centavo! De acordo com o
cacife da “firma”, as chances
aumentam. A quadra se torna um
verdadeiro ringue. Os poetas viram
verdadeiros “Rambo-Sitores”,
armados pra disputa.

12 “Boi com As fórmulas vão se repetindo e o Comunidade Direção de


Abóbora” samba poético vai ficando de lado. (2018) Carnaval
É um festival de clichês pra todos
os gostos! É um tal de “nessa
avenida iluminada”, “passarela
colorida” e “Brasil varonil num céu
de anil” que chega a doer os
ouvidos. Nada pior para o desfile
que um samba “boi-com-abóbora”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
* “Cartola do “Olho no lance!” O cartola está Destaque de Direção de
Samba” sempre à espreita para adquirir as Chão Carnaval
melhores “peças” do jogo (2018)
carnavalesco, custe o que custar, ou
quanto custar. Bruna Almeida

13 “A Rainha Paga Tempos modernos: o posto à frente Comunidade Direção de


pra Reinar” da bateria se capitalizou de tal (2018) Carnaval
forma que virou quase profissão!
Atriz, modelo, manequim,
apresentadora de TV: hoje a rainha
“paga pra reinar”; janela pra mídia.
E saber sambar nem é pré-requisito!
São negócios: “business”! Festival
de silicone! Pura vaidade! Que
saudade das meninas da
comunidade riscando o asfalto da
avenida por seu amor ao pavilhão...

* “Flash” Quer estar na mídia nos dias de Rainha da Direção de


folia? Então se prepare para o flash Bateria Carnaval
dos paparazzi do samba. (2018)

Raphaela
Gomes

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

14 “Paparazzi do É com as lentes dos fotógrafos que Bateria Caliquinho


Samba” a festa ganha o mundo! Todos em (2018)
busca da melhor imagem e do
melhor close. Tudo pela imagem do
carnaval! É na capa do jornal, tá na
capa da revista, na tela da internet.
Verdadeiros “paparazzi do samba”:
“Flash”!

15 “Me Dá Um Like Na era da internet, o carnaval se Comunidade Direção de


Aí!” globalizou: tá em todas as redes! (2018) Carnaval
Hoje vale tudo por uma “curtida”.
As ferramentas socias digitais se
transformaram numa poderosa arma
para as escolas de samba no pré-
carnaval. Mas o “www” é um
mundo selvagem: ao mesmo tempo
que tornou uma via fácil pra
informação carnavalesca, criou um
“espaço aberto” para o vazamento
de fotos, criando os “comentaristas
de fresta de barracão”: verdadeiros
profetas de resultados de escolas
que nem desfilaram ainda.

25
Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

16 “Toda Poderosa” “Todo mundo quer aparecer “na Comunidade Direção de


tela da tv, no meio desse povo”. (2018) Carnaval
Basta ver a câmera na pista que o
“sambista-zumbi” se transforma na
passista mais feliz da Sapucaí. Pura
vaidade, um grande reality show do
samba!

17 “Fuê e A passarela do samba é também a Comunidade Direção de


Matelassê” passarela do luxo, do brilho e da (2018) Carnaval
vaidade! Se é para desfilar que seja
para ostentar!!! Destaques disputam
entre si qual será o traje mais caro.
É um festival de “fuê” e
“matelassê” para não botar defeito.
Muito estresse e muito mais
“strass” ainda.

18 “Eu Só Quero E na hora do desfile aparece um Comunidade Direção de


Aparecer” monte de gente que nunca foi a (2018) Carnaval
quadra, não participa da vida da
agremiação e nem sequer sabe
cantar o samba. É um exército de
pessoas que usam o samba para
aparecer a qualquer custo. Um
bando de “pavões”, usando a mídia
das escolas para projetar sua
imagem pessoal.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

19 “E o Boi Voou” A partir de agora a São Clemente Comunidade Direção de


apresenta suas credenciais. A crítica (2018) Carnaval
está em nosso DNA. Em cada
capítulo da nossa história,
encontramos uma justificativa para
o desfile de 2019. Faremos isso
matando a saudade dos nossos
“grandes carnavais”. De maneira
profética a preto e amarela
anunciou em 2004: “o boi voou e
começou a roubalheira, a galhofa, a
bandalheira. É chacota nacional”.
Pois a “mesa virou”, e as escolas de
samba tiveram sua credibilidade
questionada em nível nacional.

20 “Yes, Nós Temos Já em 1989, a São Clemente disse Comunidade Direção de


Bananas” que “já é hora do gigante (2018) Carnaval
adormecido despertar. Do jeito que
coisa anda, não pode continuar”.
Pois é hora dos verdadeiros
sambistas darem as mãos e
entenderem que juntos fazemos a
cultura popular mais forte. “E falo
porque amo meu país”. Sai pra lá
estrangeirismo! Salve o samba e as
coisas naturais do Brasil, carioca e
verdadeiro!

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
21 “Quem Avisa Em 1988, despontava na avenida Comunidade Direção de
Amigo é” “novamente” a escola da Zona Sul, (2018) Carnaval
questionando o porque de tanta
violência, tanta maldade e preconceito.
Pioneira e militante, a São Clemente
dizia que “quem avisa amigo é”.
Pois é hora de abrir os olhos e enxergar
as maldades contra o mundo do samba,
camufladas no preconceito de um
projeto de poder de cunho religioso e
intolerante que não enxerga as escolas
de samba como patrimônio da cultura
carioca.

22 “Triste Feito Um Em 1987, cantou o “pequenino, triste Comunidade Direção de


Cão Sem Dono” feito um cão sem dono”. Um (2018) Carnaval
verdadeiro clássico Clementiano,
guardado em nossos corações, em
defesa dos menores abandonados, sem
um teto pra morar. A própria São
Clemente passou por isso no último
ano: deslocada de sua quadra, sem um
teto para morar. Mas fomos à luta e
resgatamos nossa dignidade.

23 “Mate a Saúva Em 1986, a São Clemente cobrou na Comunidade Direção de


Antes Dela Te Sapucaí os direitos humanos e abriu os (2018) Carnaval
Matar” olhos do povo pras saúvas estrangeiras
interessadas em nossas riquezas.
“Desperta Brasil, desse coma entre
vorazes tubarões”.
Pois é o momento de olhar para nossas
riquezas culturais da mesma forma:
valorizar o samba e entender que ele é
nossa identidade.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

24 “Quem Casa Quer Em 1985, cantou a malandragem Comunidade Direção de


Casa” do amor e o jogo de cintura que o (2018) Carnaval
pobre tem que ter para “juntar
seus trapinhos” e encontrar um
lugar para morar. “Quem casa
quer casa, eu não tenho onde
morar”. Mais uma vez, a São
Clemente encarnando a voz do
povo e suas angústias mais
presentes. O sonho de ter seu
espaço reconhecido e respeitado,
onde possa firmar suas raízes e
crescer. Eis a preto e amarela da
Zona Sul, que há 9 anos “casou”
com a Cidade do Samba” e com a
elite do carnaval carioca. “No
reino da bicharada salve-se quem
puder: o forte ganha no grito! O
fraco leva no bico! O negócio é se
arrumar!”

* Antigos Carnavais A fantasia representa a saudades Destaque de Direção de


dos antigos carnavais. Chão Carnaval
(2018)

Thaynã Freitas

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jorge Luiz Silveira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

25 “Que Saudade da “Antigo reduto de bambas, onde todos Passistas *


Praça XI e dos curtiam o verdadeiro samba”. Nossa ala (2018)
Grandes de passistas rende uma bela homenagem
Carnavais” aos personagens clássicos do carnaval
(colombinas e pierrôs), que de maneira
saudosista sintetizam nossa saudade dos
antigos carnavais. São ícones do
imaginário coletivo e da memória
emocional do carnaval.

26 “Setor Zero” “Nosso povão ficou fora da jogada, nem Comunidade Direção de
lugar na arquibancada eles tem mais pra (2018) Carnaval
ficar”. O valor dos ingressos infelizmente
criou uma realidade cruel com os amantes
das escolas de samba que não podem
pagar pelos preços da Sapucaí. Eis que
nasce o “setor zero”: antes da curva da
entrada, o povo se aglomera no viaduto e
nas arquibancadas gratuitas diante do
Canal do Mangue na concentração para
ver de perto suas escolas. Gente simples,
mas rica de emoção. Verdadeiros
apaixonados pelo samba. Hoje, na São
Clemente, esse povão não vai ficar fora da
jogada: vai ganhar a avenida e fazer um
grande bloco de alegria e amor ao
carnaval. Um verdadeiro arrastão.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Cidade do Samba – Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 09 – Gamboa – RJ
Diretor Responsável pelo Atelier
Thiago Martins
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Sheila Martonelli Diversos
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Diversos Washington
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Ricardo Hessez - Assistente do Carnavalesco

Almir - Arame

Vitor - Vime

Anderson e Ana Paula - Espuma

Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Chocolate, Helinho 107, Mais Velho e Nino


Enredo
Presidente da Ala dos Compositores
Ricardo Góes
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
46 Toninho Nascimento Thiago Meiners
(quarenta e seis) 72 anos 26 anos
Outras informações julgadas necessárias
Vejam só
O jeito que o samba ficou (e sambou)
Nosso povão ficou fora da jogada
Nem lugar na arquibancada
Ele tem mais pra ficar
Abram espaço nesta pista
E por favor não insistam
Em saber quem vem aí
O mestre-sala foi parar em outra escola
Carregado por cartolas
Do poder de quem dá mais
E o puxador vendeu seu passe novamente
Quem diria, minha gente
Vejam o que o dinheiro faz
É fantástico
Virou Hollywood isso aqui (isso aqui)
Luzes, câmeras e som (bis)
Mil artistas na Sapucaí
Mas o show tem que continuar
E muita gente ainda pode faturar
“Rambo-Sitores”, mente artificial
Hoje o samba é dirigido com sabor comercial
Carnavalescos e destaques vaidosos
Dirigentes poderosos criam tanta confusão
E o samba vai perdendo a tradição
Que saudade
Da Praça Onze e dos grandes carnavais
Antigo reduto de bambas
Onde todos curtiram o verdadeiro samba

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Em 2019 a São Clemente irá reeditar na Marquês de Sapucaí um dos sambas mais importantes da
sua trajetória. Na ocasião, a crítica especializada o classificou como melhor samba daquele ano.
Nomes respeitados da cultura nacional como Fernando Pamplona, Paulinho da Viola, Leci
Brandão, Aldir Blanc, Bezerra da Silva e Manuel da Conceição documentaram em jornais suas
opiniões a respeito da obra, destacando suas qualidades:

29 anos depois a escola da Zona Sul trás de volta essa crítica na forma de poesia. Quando
executado pela primeira vez, ele foi marcado por um forte tom profético, anunciando inúmeras
distorções do samba e anunciando onde esses problemas poderiam levar. O intuito de trazer este
samba mais uma vez à avenida é mostrar que, infelizmente, ele se mantém atual. Os problemas
ora anunciados se confirmaram após quase três décadas. As escolas de samba chegaram a uma
profunda crise de valores.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

A letra do samba ressalta de maneira malandreada a forma como as relações se capitalizaram. O


sambista se transforma numa mercadoria nas mãos de “Cartolas”, que com seu poder, controlam o
vai e vem de artistas de uma agremiação para outra. “Hoje o samba é dirigido com sabor
comercial”. O povo fica “fora da jogada”, sem poder desfrutar da sua paixão.

A avenida se transforma num palco para as vaidades: celebridades tomam o lugar dos verdadeiros
artistas. “Luzes, câmeras e som”: a Sapucaí ganha contorno de Hollywood!

A quadra se transforma num verdadeiro ringue, onde times de compositores disputam o samba
com unhas e dentes, armados feito “Rambo”: “Rambo-Sitores”, mente artificial”. Tudo isso
alimenta cada vez mais a desconfiguração do samba e vai matando sua essência tradicional. Tudo
controlado por “dirigentes poderosos” que “criam tanta confusão”!

Por fim a letra ressalta a saudade da Praça XI, “antigo reduto de bambas, onde todos curtiam o
verdadeiro samba”. Fica registrado o sentimento que guarda na lembrança os tempos gloriosos de
um carnaval menos monetarizado, mais espontâneo e natural. Do povo para o povo. Em 2019
destacaremos no final da nossa narrativa a nossa saudade de antigos desfiles emblemáticos da São
Clemente, nossos “grandes carnavais”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Caliquinho
Outros Diretores de Bateria
Tião Belo, Stalone, David, João, Bruno, Felipe e Vanusa
Total de Componentes da Bateria
250 (duzentos e cinquenta) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
12 13 15 - -
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
90 - 36 - 20
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
01 15 24 - 24
Outras informações julgadas necessárias

A bateria da São Clemente se diferencia das demais por ser a única entre as escolas de samba do Rio
a não usar apito, somente conduzir a regência com gestos.

Rainha de Bateria: Raphaela Gomes – Universitária – 20 anos

Gilberto Almeida – Superintendente da Bateria

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Marquinhos São Clemente
Outros Diretores de Harmonia
Evandro, Claudinho, Jorginho, Marilia e André
Total de Componentes da Direção de Harmonia
40 (quarenta) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
Interpretes oficiais: Leozinho Nunes, Bruno Ribas e Larissa Luz
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

A harmonia da São Clemente tem como objetivo levar a técnica e a alegria para todos os seus
componentes, fazendo com que a escola cante e encante a todos com amor, garra e muita vontade
de vencer.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Roberto Gomes
Outros Diretores de Evolução
Vários
Total de Componentes da Direção de Evolução
20 (vinte) componentes
Principais Passistas Femininos
Juju São Clemente
Principais Passistas Masculinos
Rafael Jhonson
Outras informações julgadas necessárias

A São Clemente trabalhou intensamente nos ensaios técnicos todas as terças e sábados, buscando
aperfeiçoar o samba no pé, a garra e a vibração dos nossos componentes.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Roberto Gomes
Diretor Geral de Carnaval
Roberto Gomes
Outros Diretores de Carnaval
Thiago Almeida
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Caetano e Mamusca
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 Maria José Bianca
(setenta) 82 anos 29 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Luiza Carvalho
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
20 Lizete José Jorge
(vinte) 81 anos 64 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
-
Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Junior Scapin
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Junior Scapin
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 07 08
(quinze) (sete) (oito)
Outras informações julgadas necessárias

Nome da Comissão de Frente: “E o Samba Sambou”

Representatividade: A Comissão de Frente da São Clemente tem dupla função de apresentar a


agremiação à Marquês de Sapucaí e sintetizar nosso enredo. Nosso elenco personifica o grupo de
dirigentes que presidem a Liga das Escolas de Samba. Carnavalizados, trajando cartolas, coloridos
de acordo com os pavilhões das Agremiações, rendem uma homenagem a Comissão de Frente
clássica do desfile de 1990. Naquele ano, cartolas carregavam mestres-salas pela avenida,
representando o poder de compra e venda do passe dos sambistas por parte dos presidentes.

O elemento cenográfico trazido pela Comissão de Frente representa a “Sala de Reunião” da Liga,
onde os líderes se reúnem para juntos decidirem os rumos do carnaval. Alegoricamente, o elemento
é guardado por peças de xadrez, que sintetizam o controle que os cartolas têm sobre o “tabuleiro” e
as regras do jogo carnavalesco.

Sobre o elemento os bailarinos encenam as discussões entre dirigentes em torno das decisões que
envolvem o futuro das escolas de samba.

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Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Fabricio Pires 36 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Giovana Justo 44 anos
2º Mestre-Sala Idade
Marcelo Tchetchelo 45 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Bárbara Falcão 24 anos
Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

FANTASIA: “MIL ARTISTAS NA SAPUCAÍ”

O QUE REPRESENTA: Diante das luzes da passarela, os artistas do samba são colocados de
lado: abram alas para os ícones da cultura pop! “Luzes, câmeras, ação!”: ai vem as celebridades!
Nosso primeiro casal faz uma crítica direta a substituição dos nossos ícones culturais por ídolos
estrangeiros. Eles personificam as estrelas internacionais Michael Jackson e Madonna, figuras
emblemáticas da cultura pop mundial.

40
Abre-Alas – G.R.E.S. São Clemente – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

Guardiões do primeiro casal: “PAPARAZZI”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

FANTASIA: “O DIABO ESTÁ SOLTO NO ASFALTO”

O QUE REPRESENTA: o segundo casal rende homenagem ao desfile de 1984 da São Clemente:
“Não corra, não mate, não morra: o Diabo está solto no asfalto”, o primeiro desfile em tom crítico
da escola.

41
G.R.E.S.
UNIDOS
DE VILA ISABEL

PRESIDENTE
FERNANDO FERNANDES
43
“Em nome do Pai, do Filho e
dos Santos, a Vila canta a
cidade de Pedro”

Carnavalesco
EDSON PEREIRA
45
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a cidade de Pedro”
Carnavalesco
Edson Pereira
Autor(es) do Enredo
Edson Pereira
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Edson Pereira – Prof. Dr. Clark Mangabeira – Prof. Ms. Victor Marques
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Edson Pereira – Flávio Magalhães
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

01 Cartas para Noel: Bruno, Leonardo e Verso brasil 2005 Todas


Histórias da Vila Galdo, Rafael
Isabel

02 D. Pedro: a história Rezzutti, Paulo LeYa 2015 Todas


não contada

03 As barbas do Schwarcz, Lilia Companhia das 1998 Todas


imperador: D. Moritz Letras
Pedro II, um
monarca nos
trópicos

04 São Pedro de José Piaf, Frei Vozes 1962 Todas


Alcântara, Patrono Estefânio
do Brasil

05 Um passeio pelo De Mello, Virginio Gryphus 2005 Todas


centro histórico de Cordeiro
Petrópolis

06 Imigração Alcantara de XIX Encontro 2014 Todas


germânica e Oliveira, Priscila Regional de
nazismo em Musquim História (Anais)
Petrópolis nos anos
1930

47
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

07 Identidades, festas Barbosa Angelo, Revista Rosa dos 2014 263-279


e espaços dos Elis Regina Ventos
imigrantes em
Petrópolis, RJ

08 A república na Ferreira, Marieta Rio Fundo 1989 Todas


velha província do de Moraes
Rio de Janeiro:
Oligarquias e crise
no estado do Rio
de Janeiro (1889-
1930)

09 Cartografia Laeta, Tainá VI Simposio 2015 Todas


histórica de Luso-Brasileiro
Petrópolis (RJ): de Cartografia
levantamento dos Histórica (Anais)
documentos
cartográficos no
período de 1846 a
1861

10 A formação Aiello Mesquito, UFJF 2012 Todas


industrial de Pedro Paulo (Dissertação de
Petrópolis: Mestrado)
trabalho, sociedade
e cultura operária
(1870-1937)

11 Os nomes Pereira de Souza, UFRJ 2014 Todas


geográficos de Beatriz Cristina (Dissertação de
Petrópolis/RJ e a Mestrado)
imigração alemã:
memória e
identidade

48
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

12 Cassinos brasileiros e Neves, Natalia UFF 2009 Todas


sua relação com o Hunstock (TCC de
turismo: do glamour Bacharelado)
das roletas à
clandestinidade

13 Os pioneiros do Roberto de PUC Rio (Revista 2007 20-37


cinema brasileiro: Souza, Carlos Alceu)
raízes do cinema
brasileiro

14 A fundação de Teixeira Filho, Comissão do 1943 Todas


Petrópolis. O decreto H. Carneiro Centenário de
de 16 de março de Leão Petrópolis
1843 e outros
documentos do
mesmo ano

15 Uma casa muito Lima, Patrícia CEFET 2011 Todas


encantada: a Souza
invenção
arquitetônica de
Santos-Dumont

Outras informações julgadas necessárias

Setor 01 – Na Subida da Estrela, Um Sonho a Desbravar: o Encontro de Duas Coroas Com a


Benção dos Santos
http://ahistoriadepetropolis.blogspot.com/2013/03/o-caminho-novo.html
http://www.petropolis.rj.gov.br/fct/index.php/petropolis/historia
http://www.dadosmunicipais.org.br/index.php?pg=exibemateria&secao=12&subsecao=&id=459&uid
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/terra-brasilis/a-versalhes-brasileira-como-petropolis
-se-tornou-uma-das-primeiras-cidades-planejadas-do-pais.phtml
http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/san-pedro-de-alcantara-y-los-milagros-del-agua/html/
https://dialogos.files.wordpress.com/2008/09/pedro-de-alcantara_biografia.pdf
https://www.dicionariodenomesproprios.com.br/pedro/
http://www.jesus-passion.com/saint_peter_alcantara.pdf

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

http://blogdeheraldica.blogspot.com/2008_10_26_archive.html
https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_saints_named_Peter
https://www.crisismagazine.com/1993/the-idler-p-is-for-peter
http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal12/Geografiasocioeconomica/Geografia
urbana/277.pdf
http://franciscanos.org.br/?p=23189
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_3.PDF
http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/casl20090618.htm

Setor 02 – Mata Verde, Mata Atlântica, Mata Coroada: No Caminho da Subida,


Naturalmente Belo
http://www.ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/sa20020405.htm
http://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/index.php/imprensa/noticias/item/8096-árvore-símbolo-da-
cidade-encanta-turistas-e-moradores-com-sua-beleza-ímpar.html
http://www.aconteceempetropolis.com.br/2017/09/04/ipes-amarelos-anunciam-chegada-da-
primavera-em-petropolis/
http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeconteudo?article-id=1408398
https://oestrangeiro.org/2016/04/08/arabes-em-terras-coariocas/
https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/os-ultimos-300-muriquis-macaco-um-dos-animais-
com- maior-risco-de-extincao-no-mundo-6489325

Setor 03 – No Fiar do Destino, o Progresso Como Tino: a Cidade de Pedro Faz Avançar Sua
Majestade
https://www.infoescola.com/historia/barao-de-maua/
http://www.pcvb.com.br/perfil-mantenedores/perfil/casa-do-barao-de-maua/
https://oglobo.globo.com/rio/rio-petropolis-ate-seculo-xix-subida-da-serra-era-feita-cavalo-
2928357
https://followthecolours.com.br/gotas-de-cor/roxo-50-curiosidades-que-voce-nao-sabia-sobre-cor/
http://www.miniweb.com.br/cidadania/personalidades/imigrantes10.html
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_5.PDF
https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/o-barao-de-maua-e-sua-estrada-de-
ferro,4a1fa 96138533410VgnVCM4000009bcceb0Arcrd.html
http://ahistoriadepetropolis.blogspot.com/2013/04/a-estrada-de-ferro-de-petropolis.html
http://ihp.org.br/?p=939
http://ihp.org.br/?p=1106
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2012/04/o-pioneirismo-do-barao-de-maua-traz-
modernidade-ao-pais-sobre-trilhos.html
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_rj_petropolis/efl_petropolis.htm

50
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FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Setor 04 – Passou o Império, Mas Nunca a Imperialidade: Na Virada da República,


Petrópolis em Novos Tempos
http://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/2014/02/palacio-quitandinha-em-petropolis-rj-
completa-70-anos-de-historia.html
http://www.memoria.uff.br/images/documentos/primeiros_tempos/panorama_social-1900-
1930.pdf
http://www.aconteceempetropolis.com.br/2016/06/13/voce-sabia-concurso-de-miss-brasil-era-
realizado-no-palacio-quitandinha/
https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-
republica/REVOLTA%20DA%20ARMADA.pdf
http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/cs-santos-dumont.html
http://mundodecinema.com/filme-brasileiro/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chegada_do_Trem_em_Petrópolis
http://mundodecinema.com/filme-brasileiro/

Setor 05 – Batidas do relógio e o Tempo de Dois Triunfos de Petrópolis


http://www.ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ofsf20111203a.htm
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/09/politica/1499625756_209845.html
http://idgnow.com.br/ti-corporativa/2017/01/11/maior-supercomputador-da-america-latina-santos-
dumont-entra-no-top-500/
http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ofsf20111203a.htm

Construção de Enredo e Pesquisa:


Prof. Dr. Clark Mangabeira – Professor adjunto do Departamento de Antropologia da
Universidade Federal de Mato Grosso. Doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2014). Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPCIS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2008).
Bacharel em Letras (Inglês/Literaturas de Língua Inglesa) pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (2016), Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006) e
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005). Tem
experiência em Antropologia do Cinema, Antropologia das Emoções, Ciências Sociais e
Psicanálise, Antropologia do Esporte, Filosofia e Antropologia, Antropologia e Teoria da
Literatura, Antropologia e Violência, Ciências Sociais e Carnaval. Enredista desde 2017.

Prof. Ms. Victor Marques – Mestre em Antropologia Social na Universidade Federal de Mato
Grosso com uma dissertação sobre o carnaval cuiabano. Professor do Ensino Médio e
Fundamental II do Colégio Notre Dame de Lourdes e do Colégio Plural. Pesquisador do Instituto
Brasil Plural/UFSC/UFMT. Possui graduação em Letras - licenciatura em Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira pelas Faculdades Integradas Simonsen. Enredista desde 2017.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

“Tendo aprovado o plano que me apresentou Paulo Barbosa da


Silva, do Meu Conselho, OfficialMór, e Mordomo da Minha
Imperial Casa, de arrendar a Minha Fazenda denominada
“Córrego Secco” ao Major de Engenheiros Koeler, pela
quantia de um conto de réis anual, reservando um terreno
suficiente para nelle se edificar um Palacio para Mim, com
suas dependências e jardins, outro para uma povoação, que
deverá ser aforado a particulares, e assim como cem braças
dum e outro lado da estrada geral, que corta aquella Fazenda, o
qual deverá também ser aforado a particulares, em datas ou
prazos de cinco braças indivisíveis, pelo preço porque se
convencionarem, nunca menos de mil réis por braça: hei por
bem authorisar o sobredito Mordomo a dar execução ao dito
plano sob estas condições. E, outrossim o Authoriso a fazer
demarcar um terreno para nelle se edificar uma igreja com a
invocação de S. Pedro de Alcantara, a qual terá uma superfície
equivalente a quarenta braças quadradas, no logar que mais
convier aos visinhos e foreiros, do qual terreno lhes faço
doação para este fim e para o cemitério da futura povoação.
Ordeno portanto ao sobredito Mordomo que proceda aos
ajustes e escripturas necessárias, n’estas conformidade, com as
devidas cautelas e circumstancias de localidades, e outrossim
que forneça a minhas espenças os vazos sagrados, e
ornamentos para a sobredicta Igreja, logo que esteja em termos
de n’ella se poder celebrar. – Paço da Boavista deseseis de
março de 1843, vigésimo segundo da Independencia e do
Imperio.
(Dom Pedro II. Paulo Barbosa da Silva. – Conforme, Augusto
Candido Xavier de Brito). Disponível em:
www.maxwell.vrac.puc-rio.br/27070/27070_4.PDF

Petrópolis é o tema central do enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval 2019. A
Cidade de Pedro tem sua história especialmente vinculada ao período imperial da história
brasileira, motivo pelo qual recebeu a alcunha de Cidade Imperial. Explorando tal noção de
“imperialidade”, e associando-a ao símbolo da Coroa do Pavilhão da Unidos de Vila Isabel,
o enredo propõe uma leitura da história de Petrópolis a partir, primeiro, do encontro da
Coroa da Vila Isabel com a Coroa Imperial, e, segundo, destacando personagens importantes
desta história, como São Pedro de Alcântara, Dom Pedro I, Dom Pedro II, a Princesa Isabel,
e, obviamente, a própria Escola de Noel.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

A construção de Petrópolis associa-se a abertura de um caminho novo para as Minas


Gerais.Ao pernoitar em uma das mais prósperas fazendas da região durante uma viagem,
Dom Pedro I, em 1822, interessa-se pelas terras de clima mais ameno, a fim de construir um
palácio de veraneio para a família imperial: “O lugar era famoso por contar com algumas
fazendas extensas e isoladas, como a do padre Correa, onde o primeiro imperador se
hospedava de quando em quando. Era também por ali que passava uma trilha para Minas
Gerais, mais tarde Estrada da União e Indústria” (SCHWARCZ, 1998). Influenciado por
Dona Amélia, “Essa fazenda, cujas características são enaltecidas em diários de viajantes
estrangeiros, encantou D. Pedro I que tentou adquiri-la. Tendo, porém, seu intento negado
pela irmã e herdeira do padre, Dona Arcângela Joaquina da Silva, o imperador decide
comprar a fazenda vizinha, denominada Córrego Seco, de propriedade do Major Vieira
Afonso, o que foi realizado alguns anos mais tarde, em escritura lavrada a 1830. Seu
objetivo era o de construir ali um palácio que substituísse a então residência de verão da
família imperial, localizada em Santa Cruz”. (maxwell.vrac.puc-rio.br).

Contudo, seu sonho foi adiado e por outro realizado, devido à abdicação do trono e retorno a
Portugal, em 1831, e sua morte, em 1834. Coube a seu filho, Dom Pedro II, com apoio
Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva, dar prosseguimento ao sonho do Pai:
“Data de 16 de março de 1843, o decreto n° 155 que estabelece a criação da cidade de
Petrópolis, situada na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro (Brasil), a partir do
arrendamento das terras da fazenda Córrego Seco ao Major Julio Frederico Koeler. A
designação do engenheiro alemão, Major Koeler, foi requerida em função da elaboração do
plano denominado "Povoação-Palácio de Petrópolis" do Imperador Dom Pedro II. A partir
deste plano se inicia o desenvolvimento de plantas históricas que visavam o planejamento
da cidade que se baseava na construção de um palácio de verão para a corte imperial, nos
moldes das cortes europeias, e como suporte a este palácio uma colônia agrícola, que com o
passar do tempo foi se moldando ao longo das encostas íngremes e vales encaixados da
paisagem petropolitana” (LAETA, 2015).Vale ressaltar que a beleza do local, a fauna e a
flora únicas das terras que viriam a abrigar Petrópolis, foram sempre um dos enormes
atrativos daquelas encostas íngremes. Ambos os imperadores, desde o sonho do primeiro à
realização do segundo, atraíram os olhares não só da Casa Real, mas de todos do litoral até
os dias de hoje...

Vale destacar que, desde o primeiro momento, a construção de uma igreja para o padroeiro
São Pedro de Alcântara estava prevista nos documentos oficiais, de maneira que, além da
imperialidade, a trajetória da família imperial e da própria cidade reveste-se da santidade
inerente ao próprio período monárquico, afinal os nomes dos imperadores são homenagens
ao santo de devoção da família. Assim, também aqui a Vila Isabel encontra-se com
Petrópolis na medida em que, enquanto São Pedro costuma abençoar a nossa escola com
chuvas em desfiles importantes, como nosso primeiro, e a Cidade de Pedro com as límpidas
águas que descem suas encostas, São Pedro de Alcântara está no centro da história de
Petrópolis, havendo, portanto, conexões entre os dois santos no enredo e no desfile.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Fundada, portanto, a cidade, seu desenvolvimento inicial é realizado basicamente pelas mãos
de imigrantes e, ao longo dos períodos imperial e republicano da história brasileira,
Petrópolis vai se desenvolvendo cada vez mais. Se, por um lado, sua construção e
desenvolvimentos primários, nos moldes das cortes europeias, dão o tom imperial do enredo
e a alcunha de Cidade Imperial à Petrópolis, por outro, a cidade insere-se na história
brasileira de outras maneiras, como, por exemplo, sendo palco de decisões políticas
importantes, tal qual o Tratado de Petrópolis de 1903, e de conquistas de negros e negras
antes da Lei Áurea: “em primeiro de abril de 1888, portanto a quarenta e dois dias da
assinatura da Lei Áurea, da abolição geral, Petrópolis, em um domingo de festa: “... as
duas horas da tarde no Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal), tem uma promoção dos
Augustos Príncipes. A Princesa Imperial Regente, junto ao Conde D’Eu, seus filhos, o
presidente do conselho e distintos membros do Ministério e de delegações estrangeiras,
além da Imprensa em geral promulga a libertação dos escravos em Petrópolis” (SILVEIRA
FILHO, 1984).

Nesse sentido, nosso enredo busca atrelar a imperialidade intrínseca da cidade de Petrópolis
à Coroa da Vila, destacando alguns momentos, características, histórias e personagens que
são fundamentais à cidade, e retomando a imperialidade da própria Vila, enquanto celeiro de
bambas e Corte do Samba, glorificando-se o Morro dos Macacos na aventura que é descobrir
a Serra da Estrela e sua joia lá no alto, bem como destacando a cidade que foi palco da vida
da Princesa que nos nomeia e que ajudou a construir a trajetória da nossa Escola,
emprestando o brilho da nossa Coroa.

Sinopse:

Quem pensa que é feliz em outra terra


é porque
ainda não viveu aqui.
(Hino de Petrópolis)

Que rufem os bumbos! No repicar dos tamborins, pede passagem a Branco e Azul cuja força
provém do samba, eterna nossa tradição! É a comunidade que vem resgatar o império da
Coroa do nosso pavilhão, herança da Isabel princesa, marca da nossa história gloriosa de
emoção! Bate forte a bateria para marcar o tempo, o tempo novo da majestade Vila Isabel, o
tempo de exaltar a nossa Coroa, na festa do povo, celebrando os corações do bairro de Noel,
encontrando-se com outra Coroa, a da Casa Real, destinada a criar uma Cidade Imperial.

Vibra uma Vila que se reencontra com as origens, com a sua negritude, com a sua raça! São
através dos pés aguerridos das negras e negros que sambam e honram a história que vem a
Vila louvar os louros de sonhos de outrora e dos de agora, mostrando a toda essa gente que
samba de verdade é tradição do nosso sangue rubro e, em um gingado incomparável, quente.
“Sou da Vila não tem jeito; comigo eu quero respeito!”. Portanto, encantem-se com a
história que vamos contar, pois ela começa com Pedros, dos céus à terra, para criar uma
cidade em uma serra.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

O Santo. São Pedro que, desde o primeiro desfile da Branco e Azul, costuma lavar nossa
alma e lustrar com seu sagrado encanto a Coroa da Escola, símbolo da força da gente que dá
o sangue na avenida. O Santo que deu nome a tantos outros santos e homens. O Padroeiro do
Brasil e da futura cidade. Santo Pedro de Alcântara, em adoração ao Altíssimo, homônimo
do primeiro e inspiração para nomear os senhores do Reino. O Pai Pedro de Alcântara, Rei
Soldado Dom Pedro I, quem sonhou com a cidade no alto. E o Filho Pedro de Alcântara,
Magnânimo Dom Pedro II, que realizou o legado. E são os batuques da Vila que contarão a
estória, com o fervor da seiva das suas raízes. Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, vem a
Vila celebrar a Cidade de Pedro e sua glória.

Lá, onde o céu toca a terra, acharam o crepúsculo de um mundo habitado pelos astros e seus
donos: na Serra da Estrela, seus reis, os Índios Coroados, e um paredão, a ponte com o
firmamento que transformava o fogo em relento. Lá, os mistérios atraíam os olhares
castigados do calor que nem o mar aliviava, e as bocas secas que encontrariam as águas
cristalinas que talhavam a dura rocha, a água pura dos mistérios da Estrela Serra.

Avançando os anos, a ocupação lenta de uma serra a ser desbravada e, enfim, trilhas para as
Minas, ouro para a Casa. Depois que a Coroa se instalou, subindo as tais trilhas tortuosas,
outros caminhos pelos arcanos da serra passaram a encantar o Império à beira-mar. Partiu
então o Pai para viajar e, lá, ao pernoitar, ao esquecer o sol inclemente, sonhou com ares
mais amenos para corpos ainda não acostumados com o calor da vida que fervilha cá
embaixo, ardente. Veio, após o peregrinar da carruagem, o sonho – uma cidade nunca vista
nas terras quentes! Uma cidade que brilharia do cume daquela Estrela: do que esta, ainda
mais imponente.

Mas quis a vida que o Filho realizasse o sonho-desejo. Pai morto, Filho imperador, e a
Cidade de Pedro a ser erguida. Nos projetos, com o incentivo do mordomo e com o plano do
major, foram idealizados, primeiro, um palácio e uma igreja para o Padroeiro: reinava a
santidade da cidade a ser imperial, que começava a crescer, maravilhando os olhos
acalorados do povo suado do litoral.

Nascia e vivia Petrópolis, com os exuberantes ares que, do alto, iluminaram todo um
Império. Uma cidade moldada pelas mãos dos imigrantes, uma das primeiras planejadas.
Destinada, pelos sonhos e vontades de Pai e Filho, a ser muito! Casa de Veraneio, um
império no Império Brasileiro, uma Versalhes de refúgio abrasileirada, na verdade quase
sempre ocupada – passou, o Filho, ali, quarenta verões, na cidade encantada. Para toda a
gente da Corte, a vida embalada no colo de uma Estrela, onde Princesa Isabel, a filha
Redentora, não se cansava de descansar para, mais tarde, ser a inspiração do nosso sambar,
dando-nos a Coroa para embelezar a realeza do Escola de Noel, aqui perto do mar.

Mas Petrópolis encontrava-se com a história e com o tempo e, balançando no fiar do fado,
um Barão iniciou o guino: estradas de ferro e novas rotas. O progresso! Com a pulsação dos
avanços, o projeto de um trem a subir uma montanha! Nessa leva, outros gênios, e uma das
estradas levou o nome do seu tino: União e Indústria, a primeira macadamizada, o futuro

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

promissor. E além dos avanços, com o tempo que não para, o prenúncio de novas eras. Um
baile de cristal que comungava e anunciava o futuro sem o terror da escravidão – dali a
pouco, liberdade, e, após muita luta, abolição como canção!

Passou o Império, mas nunca a imperialidade. E, aguerrida, até uma capital Petrópolis se
tornou quando, com a Armada, a então jovem República cambaleou. Brilhariam para sempre
os palácios, mas, também, o triunfo de uma polis que progredia, soberana, namorando a
abóboda celeste. Dos encantos de Petrópolis, convenções internacionais e um Brasil que se
ampliava: veio o Acre, que passou a ser mais um aposento da nossa casa. Avançava e eis o
novo símbolo da cidade: um Hotel-Cassino, de onde o mundo pôde admirar a Cidade
Imperial na sua plenitude de norte a sul, de leste a oeste. Reina, ontem e hoje, a natural
beleza das acolhedoras terras frias e das águas puras e límpidas, cujos encantos competiram
apenas com os das musas que passaram pelos festivais, enchendo-nos de alegria!

Sempre em frente, caminha. Dobra-se o mundo que se encanta com sua real e avançada
realidade. Luxo das vestimentas, delícias da cevada e frutífera imponência, pois, do passado
ao presente, eis o Laboratório Nacional de Computação Científica: tecnologia e ciência. E
futuro não lhe falta enquanto, daqui de baixo, a Vila lhe presta, enfim, esta respeitosa
reverência.

Assim, São Pedro, que sempre abençoa nossa realeza e os tambores da Swingueira de Noel...
E Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do nosso chão e que não deixa na mão quem Lhe é
fiel... Façam, através desta história, brilhar o ouro da tradição da Vila, da nossa negritude e
da nossa Coroa Real, enquanto cantamos a plenos pulmões, admirados (e, com seus
fantasmas, assustados!), outra Coroa, a de Petrópolis, a Cidade Imperial.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO
O enredo da Unidos de Vila Isabel para o Carnaval 2019 justifica-se a partir de uma leitura
interpretativa conforme diagramada pela sinopse: em um primeiro momento, celebram-se as
majestades da própria Vila e da Cidade de Pedro no viés de uma relação ficcional no qual a
Escola de Noel sobe a serra para assistir ao desenrolar da história de Petrópolis, partindo do
sonho de Dom Pedro I, da realização da cidade pelo Filho, Dom Pedro II, da religiosidade da
Família Imperial associada a São Pedro de Alcântara, e da ação de São Pedro que sempre faz
chover em desfiles importantes da Vila, destacando-se, assim, os quatro Pedros que são
estruturantes da estória da Cidade de Pedro em coincidência com aspectos da própria Vila
Isabel, fazendo relacionar duas Coroas no desenrolar do enredo, e culminando em uma
celebração à Versalhes Brasileira: “o lugar foi batizado de Petrópolis, por sugestão de
Paulo Barbosa, inspirado, por sua vez, na russa Petrogrado: ‘Lembrei-me de Petersburgo,
cidade de Pedro, recorri ao grego e achei a cidade com esse nome no arquipélago e sendo o
Imperador D. Pedro, julguei que lhe caberia bem o nome’” (SCHWARCZ, 1998).

Consecutivamente, em um segundo momento, a leitura interpretativa segue, a partir daquele


sonho que será realizado pelo Filho, contando o trajeto de Petrópolis em si, demarcando
momentos, histórias, personagens, casos e aspectos importantes da cidade e justificando,
assim, acadêmica e pedagogicamente, o enredo, ressaltando-se a importância de Petrópolis
como um patrimônio da cultura e da história do Brasil, e traduzindo-se a história de
Petrópolis a partir de elementos que lhe são centrais. A Vila Isabel escolheu contar a história
da cidade demarcando recortes de temporalidades da mesma e destacando, contudo, ao final,
um momento específico, importante e fundamental da história da Cidade de Pedro: a
abolição da escravatura em Petrópolis, no Palácio de Cristal, a quarenta e dois dias da
assinatura da Lei Áurea, sempre evocando o protagonismo negro no processo de abolição da
escravatura em geral, que foi reduzido a termo pela Princesa Isabel. Aqui, destacaremos a
negritude matriz da Unidos de Vila Isabel e do Morro dos Macacos, demarcando a ação dos
negros e negras na conquista de sua liberdade ao longo da história do Brasil, culminando na
abolição da escravatura em Petrópolis e, dali a quarenta e dois dias, no Brasil inteiro.

Nesse contexto, o primeiro setor, “Na subida da Estrela, um sonho a desbravar: a aventura
de duas Coroas com a benção dos Santos”, apresentará a fanfarra de Noel anunciando a
subida à Serra da Estrela para reencontrar-se com sua história em Petrópolis. Paralelamente,
mostrará as duas Coroas em sua glória: a Coroa do Brasil Império e a da própria Unidos de
Vila Isabel, destacando a majestade de ambas na Sapucaí e a festa deste encontro, a fim de
desfiar as estórias da e sobre a cidade.

Aparecerão o sonho de Dom Pedro I, desejoso de uma cidade na serra, e a realização da


Versalhes Brasileira pelo Filho, Dom Pedro II. Outro retrato será o da relação entre São
Pedro e São Pedro de Alcântara na história da Vila Isabel e de Petrópolis. São Pedro destaca-
se nesta viagem por possuir um lugar especial na história da Vila Isabel, como afirma
Leonardo Bruno e Rafael Galdo (2015) em suas Cartas para Noel, pois “Contar a história
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

da tua Vila Isabel e não falar de chuva é o mesmo que falar de ti e não citar teu violão. A
trajetória da branco e azul está recheada de interferências de São Pedro, e os memoráveis
temporais aparecerão em quase todas as cartas que te enviarei. Assim como no Carnaval de
estreia, em 1947, o desfile de 1951 foi marcado por uma chuvarada que caiu no momento
em que os componentes da Vila se encontraram no bairro, para sair em direção à Praça
Onze”. Assim, em tantos carnavais, lá São Pedro estava encharcando-nos de felicidade.

Já São Pedro de Alcântara, homônimo do apóstolo São Pedro, santo de devoção da família
imperial – ambos os imperadores possuem o mesmo nome do santo – e o Padroeiro do
Brasil, pedido feito logo após a independência por Dom Pedro I: “Desde que Sua Majestade
Real e Imperial recebeu, sob o nome de Pedro I, ... a missão de governar e dirigir este povo
... esteve convencido ... e se persuadiu de que não poderia reger e administrar os negócios
desta Nação, sem que antes se interessasse em ter um Padroeiro celestial que, por sua
intercessão junto de Deus, lhe assegurasse os meios de bem agir, de bem dirigir e de bem
administrar. Não foi necessária longa reflexão. Já pela devoção especial que ele tinha por
São Pedro de Alcântara ... já por trazer, como imperador, o próprio nome do santo, ele
decidiu escolhê-lo como padroeiro principal de todo o Império ... (e) suplica a S.S. o Papa
Leão XII que se digne com sua benevolência apostólica, confirmar a escolha” (JOSÉ PIAT,
1962). Assim, os dois santos, na subida, viajam com as Coroas santificadas, majestosas, pela
história de Petrópolis.

No segundo momento da viagem sobre e para Petrópolis, o segundo setor, “Mata Verde,
Mata Atlântica, Mata Coroada: no caminho da subida, naturalmente belo”, abriga a
exuberante fauna e flora que, desde os tempos das primeiras colonizações, encantaram a
todos, prevalecendo a Serra da Estrela e seu enorme paredão de pedras, bem como os seus
legítimos reis, os Índios Coroados. Encontram-se uma terceira Coroa, a indígena, e a Mata
Atlântica, com suas belezas naturais, fauna e flora, e águas cristalinas do caminho serra
acima que até hoje fazem a subida ser naturalmente bela. Borboletas, ipês, macacos, todos
estão presentes nesse lugar mágico, desde o começo, fazendo necessária inclusive a
preservação da Mata Atlântica em todos os seus aspectos. Historicamente, “A Serra da
Estrela, onde se encontra Petrópolis, era praticamente desconhecida pelos colonizadores
portugueses nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma expedição
exploratória para tomar posse de sesmarias. Isso, por causa do enorme paredão
montanhoso de mais de 1000m de altura que tinha que ser vencido para se chegar até lá; e,
também, pela presença dos bravios índios Coroados que habitavam serra acima” (IBGE).

Novo momento de nossa viagem, o terceiro setor, “No fiar do destino, o progresso como
tino: a Cidade de Pedro faz avançar sua majestade”, faz resplandecer a construção inicial
da cidade e sua evolução durante o Império, a partir dos planos já previstos pelo Major
Koeler e postos em execução pelas mãos de imigrantes, basicamente de alemães, que
imprimem sua marca na essência da Cidade de Pedro. Já em 1845, consubstanciava-se, de
fato, o processo de imigração, com a vinda, a pedido de Koeler, de mais de dois mil
imigrantes germânicos para trabalharem e executarem seu projeto de construção da cidade
(ALCÂNTARA DE OLIVEIRA, 2014). E, assim, germanizada desde o começo, vale
ressaltar que os alemães, pelo caminhar do destino da história, encontraram-se com São
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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Pedro: no dia 29 de junho, quando se comemora o Santo, comemora-se também, em


Petrópolis, o dia da chegada dos primeiros colonos alemães – seguem as bênçãos do
Apóstolo sobre a Cidade de Pedro.

Paralelamente, além da imigração alemã, ao longo dos anos, Petrópolis também recebeu
italianos, ingleses, franceses e até árabes, todos ajudando a sedimentar a cultura
petropolitana. Por exemplo, já em 1846, havia alguns italianos em Petrópolis, chegando a
quarenta famílias em 1862 (MARTINS DE OLIVEIRA, ihp.org.br), e consolidando-se a
imigração italiana ao longo das décadas subsequentes, especialmente com a instalação da
Companhia Petropolitana de Tecidos, em 1873, com mão-de-obra majoritariamente italiana
(AIELLO MESQUITO, 2012).

Além da imigração que ergueu Petrópolis ao longo do Império será retratado o


desenvolvimento da cidade no sentido dos vários investimentos realizados, aqui
simbolizados através das realizações e sonhos de um Barão, dos seus planos, em 1852, da
primeira estrada de ferro inaugurada posteriormente no Brasil. A primogênita estrada é
símbolo de uma Petrópolis que se encontrava com o fiar do destino: “É esta a via férrea
primogênita do Brasil, a patriarcal Estrada de Ferro de Mauá, cujo nome desapareceu para
ser batizada com o de Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Assim transformada ela
parte do Pôrto de Mauá, galga o vale e Serra da Estrêla, vai a Petrópolis e prolonga-se até
S. José do Rio Prêto. [...]” (TINOCO DE ALMEIDA, 2000). Por entre estas obras e com o
suor de muitos, Petrópolis avançava e modernizava-se.

Nossa próxima parada, o quarto setor, destaca outra temporalidade de Petrópolis, a Cidade
de Pedro caminhando República adentro: “Passou o Império, mas nunca a imperialidade:
na virada da República, Petrópolis em novos tempos”. Aqui, focar-se-á Petrópolis na
história republicana, destacando-se alguns momentos centrais da sua trajetória. Justifica-se o
setor na medida em que Petrópolis, no período republicano, assume novos ares de
imponência e importância, permanecendo como um dos fios condutores vivos da história
brasileira. Trataremos de elementos centrais que ocorreram na cidade em relação à História
do Brasil como um todo, destacando eventos e momentos – culturais e políticos –,
construções e personagens que são fundamentais para a cidade.

Por exemplo, logo após a virada do Império para a República, a Revolta da Armada (1891 a
1894) foi central para a história de Petrópolis, justificando-se devido a como a cidade se
destacava, historicamente, no cenário brasileiro. Assim, “A Revolta da Armada, deflagrada
por Custódio José de Melo, em 6 de setembro de 1893, foi causa da mudança da capital
fluminense para Petrópolis” (ALVES NETTO, ihp.org.br), entre 1894 e 1903
(memoria.uff.br). “Conforme noticiou a Gazeta de Petrópolis, em 24 de fevereiro de 1894,
“o governo do Estado do Rio foi solenemente instalado em Petrópolis em 24 de fevereiro de
1894, numa cerimônia simples, sem os festejos usuais em tais ocasiões” (ALVES NETTO,
ihp.org.br).

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Culturalmente, justificaremos o brilho de Petrópolis na República a partir do nascente


cinema brasileiro. “A Chegada do Trem em Petrópolis”, de 1897, é considerado o primeiro
filme brasileiro (mundodecinema.com): “as primeiras imagens brasileiras foram captadas
sobre película cinematográfica e exibidas ao público nesse mesmo ano. O responsável pela
façanha foi o exibidor ambulante italiano Vittorio di Maio, e o evento aconteceu no Cassino
Fluminense, em Petrópolis (RJ), em maio de 1897. Não existem informações sobre a
projeção desses filmes em outros locais do país, e mais de um ano se passará antes de
surgirem notícias a respeito de novas filmagens nacionais” (ROBERTO DE SOUZA, 2007).

E, ainda, o período republicano em Petrópolis gira em torno do seu símbolo máximo,


inclusive como estrela do turismo: o Hotel Cassino Quitandinha. Inaugurado em 1944 para
ser a “capital do jogo bancado no Brasil” (NEVES, 2009), seu idealizador, Joaquim Rolla,
esforçou-se para transformar o Hotel em um verdadeiro espetáculo à parte na serra, com
maîtres falando três línguas, e sendo obrigatório o uso de terno e gravata nos jantares
(NEVES, 2009): “A suntuosidade do Quitandinha correu o mundo e atraiu diversas
celebridades nacionais e internacionais, tais como Orson Welles, Errol Flynn, Henry
Fonda, Josephine Baker, Marlene Dietrich, Lana Turner, Walt Disney, Carmen Miranda,
Grande Otelo, Oscarito, que se hospedavam no Hotel, assistiam ou participavam dos shows
e se divertiam nas mesas de jogos. Hoje fazem parte da galeria das estrelas. Seus salões
receberam grandes personalidades não só ligadas à arte como à política: Getúlio Vargas,
Juscelino Kubistchek, Fernando Henrique Cardoso, Henri Truman, dos Estados Unidos;
Eva Perón, da Argentina, entre outros. Foi também no Quitandinha que aconteceram
importantes eventos da época, como a inauguração da piscina do hotel, batizada com o
mergulho da nadadora Esther Williams; os famosos bailes de carnaval, tidos como os mais
liberais da região; a assinatura do tratado que determinou a entrada do Brasil na Segunda
Guerra Mundial, em 1944; a coroação de Marta Rocha como Miss Brasil em 1954; e em
fevereiro de 2000 sediou o evento de entrega do Grande Prêmio Cinema Brasil ” (NEVES,
2009).

Com a proibição dos jogos em 1946, o Quitandinha rumou para novos caminhos. O período
coincide com Petrópolis começando a não ser mais o destino favorito das férias de verão
(NEVES, 2009), de maneira que os verões nunca mais foram os mesmos... Contudo,
permanece para sempre a imperialidade da Cidade de Pedro, tendo recebido oficialmente o
título de Cidade Imperial em 26 de março de 1981 (Decreto n.º 85.849), durante o governo
João Baptista de Figueiredo (SILVA LOPES, ihp.org.br).

Por fim, a viagem da Vila Isabel, tendo alcançado a Cidade Imperial lá no alto da Serra, duas
Coroas em comunhão, festeja e destaca dois dos seus momentos marcantes. Tal qual no
começo da viagem, quando o sonho do Pai e o desejo-realidade do Filho levaram à
construção da cidade, no quinto setor aparecem o futuro realizado e os novos possíveis
sonhos, e a realidade de um momento do passado que merecem exaltação. A partir dos
avanços e voltas do relógio do tempo da memória da nossa viagem, nesse setor, intitulado
“Batidas do relógio e o tempo de dois triunfos de Petrópolis”, vemos o futuro, a tecnologia
e a ciência que possui lugar no solo petropolitano, onde se encontra o supercomputador

60
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica, apontando para novos


destinos ainda a serem desbravados.

Por outro lado, o relógio do tempo marca o desfile da Vila Isabel destacando um momento
do passado de Petrópolis que deve servir, ele próprio, de inspiração para o futuro,
enaltecendo-se a liberdade, a negritude, o protagonismo do povo negro na sua luta pela a
abolição e a Princesa Isabel, festeja-se a abolição geral da escravatura em Petrópolis,
quarenta e dois dias antes da assinatura da Lei Áurea. O processo de abolição, protagonizado
pelos escravos ao longo da história, cujo sangue derramado serviu de tinta à assinatura de
diversas leis – como a Lei do Ventre Livre (1871, assinada pela Princesa Isabel) e a Lei dos
Sexagenários (1885) –, e cuja força de fato empunhou a mão da Princesa, conhecida como A
Redentora, na abolição da escravatura na cidade de seu Pai e, posteriormente, no Brasil todo,
é o festejar que será replicado na avenida, a vitória da negritude contra a escravidão!
Liberdade, enfim, como canção! Celebra o Morro dos Macacos a negritude de sua gente em
comunhão com os negros de Petrópolis (e do Brasil), agora, livres. É uma festa da raça!Uma
explosão de confluências, conjunções que fundem as duas coroas em uma festa da gratidão,
que por um lado revela a beleza da Cidade de Pedro em seu caminhar, e, por outro, a Vila
Isabel, como herdeira de uma de suas filhas mais ilustres, Princesa Isabel. Na fluência do
caminhar, o empoderamento do Morro dos Macacos é reflexo da liberdade vinda pelas mãos
de seus ancestrais e de Isabel que nos empresta seu nome tendo sua nobreza representada
pelo azul de nosso pavilhão. Celebramos este encontro e duas Famílias Reais, uma do
Samba, outra Imperial.

Finalizamos, assim, a viagem da Vila Isabel pela Cidade Imperial. Duas Coroas para sempre
girando que se encontraram na Sapucaí para fazer valer a força da história de uma cidade
fundamental para o Brasil. O tambor nunca se calará e que ecoem as histórias da Cidade de
Pedro.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR – NA SUBIDA DA ESTRELA, UM SONHO A DESBRAVAR: O


ENCONTRO DE DUAS COROAS COM A BENÇÃO DOS SANTOS

Comissão de Frente
UM DEVANEIO REAL

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Raphael Rodrigues e Denadir Garcia
DOS CÉUS À TERRA, ESPELHOS D’ÁGUA

Guardiões do
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
BALÉ DAS ÁGUAS

Ala 01 – Abertura
O CORTEJO DE NOEL SOBE A SERRA

Destaque de Chão
Tati Minerato
A CAPITÃ DA FANFARRA DE NOEL

Alegoria 01 – Abre-Alas
CORSO IMPERIAL SOB A SAGRAÇÃO DA FÉ

Destaque de Chão
Vera
VILA PRINCESA E
O RESGATE DAS MEMÓRIAS

Ala 02 – Baianas
AO GIRAR DA COROA, SUA ALTEZA
VILA ISABEL

Ala 03 – Comunidade
ARAUTOS DE PEDRO

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Ala 04 – Comunidade
O PONTÍFICE DO PADROEIRO

Ala 05 – Comunidade
UM SONHO A DESBRAVAR

Destaque de Chão
Thiago Avancci
SONHA, DOM PEDRO I

Elemento Cenográfico (Tripé)


ABREM-SE AS PORTAS DO SONHO PARA
A REALIDADE

Ala 06 – Comunidade
NO IMPÉRIO, A CIDADE! UMA
VERSALHES BRASILEIRA!

2º SETOR – MATA VERDE, MATA ATLÂNTICA, MATA COROADA:


NO CAMINHO DA SUBIDA, NATURALMENTE BELO

Destaque de Chão
Paula Bergamini
PROTETORA DE RARO ESPLENDOR

Alegoria 02
PARAÍSO COROADO

Ala 07 – Comunidade
NO CAMINHO, OS ÍNDIOS COROADOS

Ala 08 – Comunidade
AO IMPÉRIO, ÁGUA IMPERIAL!

Ala 09 – Comunidade
FAUNA REAL

Ala 10 – Comunidade
AMARELO-OURO, DAS MATAS UM
TESOURO!

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Jackson Senhorinho e Bárbara Dionísio
O BAILAR NO JARDIM DAS
BORBOLETAS

Ala 11 – Comunidade
REVOADA DAS PANAPANÃS

3º SETOR – NO FIAR DO DESTINO, O PROGRESSO COMO TINO:


A CIDADE DE PEDRO FAZ AVANÇAR SUA MAJESTADE

Destaque de Chão
Tamara Justen
ASAS DO PROGRESSO PETROPOLITANO

Alegoria 03
NOS TRILHOS DA MODERNIDADE

Ala 12 – Comunidade
IMPERIAL COLÔNIA ALEMÃ

Musa da Ala de Passistas


Dandara Oliveira
LUME DOURADO

Ala 13 – Passistas
A LUZ ASSENTOU O DORMENTE

Rainha de Bateria
Sabrina Sato
A BARONEZA: MARIA-FUMAÇA

Ala 14 – Bateria
SOM DO PROGRESSO

Ala 15 – Comunidade
UMA PONTE ENTRE DOIS REINOS

Ala 16 – Comunidade
FLORES DA PRIMAVERA FRANCESA

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Ala 17 – Comunidade
QUARTEIRÃO ITALIANO

Ala 18 – Comunidade
ATÉ, DOS ÁRABES, MISTÉRIOS PARA
PETRÓPOLIS!

4º SETOR – PASSOU O IMPÉRIO, MAS NUNCA A IMPERIALIDADE:


NA VIRADA DE REPÚBLICA, PETRÓPOLIS EM NOVOS TEMPOS

Ala 19 – Velha-Guarda
ELEGÂNCIA NO FUTURO DO
PRETÉRITO

Destaque de Chão
Janaina Santucci
BAILE DOS NAIPES

Alegoria 04
PALÁCIO HOLLYWOODIANO

Ala 20 – Compositores
O CANTO DOS MARINHEIROS DA
ARMADA

Ala 21 – Comunidade
QUANDO A REPÚBLICA CAMBALEOU

Ala 22 – Comunidade
ETERNA PETRÓPOLIS

Ala 23 – Comunidade
NOS IDOS DA HISTÓRIA –
PETRÓPOLIS E SEU JOGO DE
GLAMOUR

Ala 24 – Comunidade
MAIS UM APOSENTO PARA NOSSA
CASA: NAS LETRAS DO TRATADO,
VEIO O ACRE

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

Ala 25 – Comunidade
SANTOS EM PETRÓPOLIS: DUMONT E
SUA ENCANTADA

5º SETOR – BATIDAS DO RELÓGIO E O TEMPO DE


DOIS TRIUNFOS DE PETRÓPOLIS

Destaque de Chão
Arícia Silva
SOBERANA DO TEMPO

Elemento Cenográfico (Tripé)


FOLHEANDO A HISTÓRIA, IDAS E VINDAS
NAS PÁGINAS DE PETRÓPOLIS

Ala 26 – Comunidade
TECNOPETRÓPOLIS

Destaque de Chão
Thais Bianca
ASAS DA LIBERDADE

Alegoria 05
LIBERDADE ENFIM RAIOU!

Ala 27 – Comunidade
LIBERDADE COMO CANÇÃO:
VOZES DO BRASIL

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 CORSO IMPERIAL SOB A O sonho sempre moveu o homem a edificar impérios,


SAGRAÇÃO DA FÉ palácios, cidades e outras realizações que se tornaram
patrimônio de um povo. Aqui, ele se personifica na
Carruagem Real, levada por suntuosos corcéis, que brilha
em dourado-desejo de ir para o alto, amparada pela
religiosidade. A carruagem que levou o Pai ao encontro de
um sonho e anos depois conduziu o Filho à realização.
Hoje, a mesma carruagem nos leva para uma jornada
*Essa imagem é do croqui original e
serve apenas como referência, pois
especial: uma subida rumo à perto do céu, que desde o
foram realizadas modificações de primeiro desfile da Branco e Azul, volta e meia lustra nossa
estética e de cor na execução da Coroa para fazê-la resplandecer ainda mais, deixando-a
Alegoria. majestosa e sempre brilhante graças às águas de São Pedro.
Sob as insígnias reais, São Pedro saúda São Pedro de
Alcântara, o Padroeiro que sempre teve lugar na estória da
Família Imperial, nomeando os imperadores e sendo
honrado na Catedral a ser erguida em sua homenagem,
prevista nos planos iniciais da cidade. Eis o Pai, o Filho e
os Santos! Uma viagem encantada serra acima para
construir o sonho do Pai pelas mãos do Filho! A Cidade de
Pedro brilhará e, lá do alto, um mundo real que a Vila
desbravará. Hoje, toda a comitiva leva a Vila à Cidade de
Pedro, promovendo a celebração da Coroa sob as luzes da
Sapucaí.
Composições Femininas: Arautos da Anunciação
Composições Masculinas: Cocheiro Real
Bete Floris (Destaque Central Frontal – Cavalos) – A
Benção Que Vem do Céu
Nelcimar Pires (Destaque Central Frontal – Cavalos) –
Arautos de São Pedro
Amanda Marques e Marry de Francy (Destaques
Laterais – Carruagem) – Providência Divina
Robson Garrido (Destaque Central Frontal –
Carruagem) – Rei Soldado, Pai Sonhador
Ana Cristina Fernandes (Primeira-Dama – Destaque
Central Alto – Carruagem) – O Anjo das Bençãos
Ednelson Pereira (Destaque Central Alto – Catedral) –
O Canonizador de Pedro

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Elemento Cenográfico Com a compra da Fazenda Córrego Seco, vizinha a do


(Tripé) Padre, eis que os portões do sonho se abrem para a
possibilidade de uma cidade destinada a ser uma joia
ABREM-SE AS PORTAS DO na Estrela, um bailar de realeza em uma serra
SONHO PARA A tupiniquim carregada de beleza. Dom Pedro I ainda
REALIDADE: comprou outras áreas próximas à fazenda, sempre
sonhando e desejando...

*Essa imagem é do croqui original e


serve apenas como referência, pois
foram realizadas modificações de
estética e de cor na execução do
Elemento Cênico (tripé).

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 PARAÍSO COROADO Lá, onde o céu beija a terra, no crepúsculo de um mundo


habitado pelos astros que se encostam nas paredes de pedra
intocáveis pelos homens, na Serra da Estrela, está a
predestinação desta terra como guardiã da Coroa. O paraíso
de rara beleza possui seus primeiros donos, seus reis, os
Índios Coroados, os guardiões, que, por meio de sua
mitologia, construíram a ligação com o firmamento através
de suas danças infinitas, visando suplantar as águas doces e
atravessá-las no contorno firme de seu passo, sob os astros,
aqueles que tudo sabem e tudo veem, bailando com a
Natureza, cercados pelas panapanãs, súditas dos donos da
terra. Seu relevo acidentado, bordado pela Mata Atlântica,
*Essa imagem é do croqui original e serve de camuflagem para o Rei coroado que, adormecido
serve apenas como referência, pois em rochas esculpidas pelo tempo, levanta-se para proteger
foram realizadas modificações de as águas e toda riqueza natural da região que encantou o
estética e de cor na execução da Imperador. Salve a água da Serra da Estrela e todas as
Alegoria. demais belezas! Águas tão cristalinas a banhar, no futuro,
uma cidade divina...
A realeza de raro esplendor dos bravos Índios Coroados, os
primeiros habitantes da Serra da Estrela, ergue-se para
mostrar as belezas naturais da região sob sua proteção e a
força das suas tradições, sendo a rocha a pedra fundamental
que suportará, no futuro, Petrópolis, sempre cercada pelas
águas límpidas que são um patrimônio natural inestimável.
Composições Femininas e Masculinas I – Nas Águas
Coroadas
Composições Femininas II – Bravas Coroados
Composições Femininas III – Panapanãs da Serra
Kamila Queiroz e Solenmira Munford (Destaques
Laterais) – Belas Coroadas
Zerlei Ribeiro e Vien Bouarapha (Destaques Laterais) –
Guerreiros Coroados
Manoella Coutinho (Destaque Central Baixo) – Alma da
Mata
Vander Gevu (Destaque Central Frontal) – Espírito
Protetor: Glória Aos Coroados

Diogo Ribeiro (Destaque Central Alto) – Pajé Coroado

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
03 NOS TRILHOS DA A cidade predestinada a abrigar a Coroa persiste em sua
MODERNIDADE vocação para o pioneirismo e o triunfo: agora, salpicada de
engrenagens! Os deuses do destino apontam para frente e
anunciam: progresso à vista! Um capítulo de sua história,
cercado pelas ideias que levavam para a Cidade de Pedro os
tinos da modernidade. Vieram os alemães, a colonização
que deu berço à Cidade de Pedro, um brinde de cerveja à
nova terra e sua inigualável arquitetura. Os italianos, com
os dons dos tecidos, inflando a economia, entrelaçando as
cores que até hoje colocam Petrópolis na rota do comércio
*Essa imagem é do croqui original e têxtil. Para deixar o aroma ainda mais agradável, os
serve apenas como referência, pois franceses deram um toque especial na beleza da nova polis,
foram realizadas modificações de com os jardins dos belos palácios que encantam os olhos e
estética e de cor na execução da
Alegoria.
a alma. Ademais, a ideia da construção de uma estrada de
ferro, símbolo do avanço! “É esta a via férrea primogênita
do Brasil, a patriarcal Estrada de Ferro de Mauá, cujo nome
desapareceu para ser batizada com o de Estrada de Ferro
Príncipe do Grão-Pará. Assim transformada, ela parte do
Porto de Mauá, galga o vale e a Serra da Estrela, e vai a
Petrópolis [...]”, por onde locomotivas, como a Leopoldina,
no século XIX, transitavam pura modernidade! Subia-se a
serra com a força do maquinário da genialidade, da
modernidade, da realeza sempre presente que queria mais e
mais para Petrópolis. Braços que juntos construíram, tijolo
sobre tijolo, símbolos da Cidade de Pedro, uma Petrópolis
que não para e nunca parará.
Composições Femininas e Masculinas – União e Indústria
Personagens I (Casa Alemã) – A “Ginga” Alemã na Serra
e Na Sapucaí
Personagens II (Locomotiva) – Ferroviários Serranos
Personagens III (Fábrica) – Testemunhas da Prosperidade
Victoria Velvet e Samanta Mautner (Destaques
Laterais) – Dialética da Modernidade
Robson Alameda e Ton Brício (Destaques Laterais)
– Um Brinde Ao Progresso
Paulo Robert (Destaque Central Frontal) – Mecanismo
do Progresso
Marcio Marinho (Destaque Central Alto) – Petrópolis
em Movimento

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
04 PALÁCIO Nos novos tempos de Petrópolis, a vida se move com
HOLLYWOODIANO graciosidade pela grandiosidade deixada pelo Império. O
símbolo máximo da nova era, o Hotel-Cassino
Quitandinha, que em seu interior hollywoodiano serviu de
cenário para filmes nacionais e internacionais, abrigou os
bailados generosos e sedutores das misses que desafiavam
pudores, e o olhar afiado de artistas que encantavam com
seu reinado. Reforçando sua vocação para a cultura e para
as artes, o grande palco teve em sua estreia Grande Otelo
abrindo caminho para as estrelas que por ali passariam.
Numa época em que o teatro de revista estava em alta, os
*Essa imagem é do croqui original e degraus das escadarias azuis foram tocados por
serve apenas como referência, pois apresentações teatrais inesquecíveis preparadas para
foram realizadas modificações de convidados que chegavam em packards luxuosos. A
estética e de cor na execução da combinação perfeita entre o jogo de cena e o jogo do
Alegoria. cassino deu o tom à sua venustidade. O som que ecoava no
salão principal era o do frenesi ao girar da roleta, das
risadas no bacará, do blefe no poker soando como numa
imagem cinematográfica eternizada em sua magia. Além de
Grande Otelo, estrelas como Walt Disney, Lana Turner,
Greta Garbo e Carmem Miranda abrilhantaram a vida que
pulsava no interior do Hotel Cassino. O Hotel fez história,
sendo uma das joias mais brilhantes do alto da serra.
Seguindo o “Dom” de ser gigantesca, abriu-se para o
mundo, por entre cartadas de um jogo que sempre ganhou:
ser inesquecível. A Cidade de Pedro que se petrifica de
força e beleza. A Cidade que não perde a velocidade do
progresso.

Composições Femininas – Damas do Jogo


(Figurino disposto em sete cores diferentes)

Composições Personagens – Misses Coroadas

Semi-Destaques Masculinos – Marotos Cariocas em


Terras Serranas

Fabíola Fontenelle e Samile Cunha (Destaques Laterais)


– Brazilian Bombshell

Glaucy Moura e Janaína Guerra (Destaques Laterais) –


Trunfo da Noite

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 PALÁCIO Velha Guarda (Dentro do Carro) – Elegância no Futuro


HOLLYWOODIANO do Pretérito
(Continuação)
Leticia Viana (Destaque Frontal) – (Re)Quebrando a
Banca

Joubert Moreno (Personagem) – O Grande Mestre de


Cerimônias

Klayton Eler (Destaque Central Alto) – Joaquim Rolla


Em Seu Jogo de Glamour

*Essa imagem é do croqui original e


serve apenas como referência, pois
foram realizadas modificações de
estética e de cor na execução da
Alegoria.

* Elemento Cenográfico Nessa história encantada, imperial por natureza, batem


(Tripé) as horas do relógio do tempo e da memória que
controlam nossa aventura nessa viagem, levando-nos
FOLHEANDO A HISTÓRIA, ao cenário de uma Petrópolis que jamais esquece o
IDAS E VINDAS NAS passado, mas que, sempre em frente, busca mais em
PÁGINAS DE PETRÓPOLIS: seu próprio destino! Nas batidas marcadas de um
relógio que canta as páginas da História, avancemos e
retrocedamos algumas para contemplar dois momentos
de glória que merecem destaque central! O futuro que
envolve Petrópolis em possibilidades e novos
caminhos! E o passado – o momento da abolição da
escravatura em Petrópolis a quarenta e dois dias da Lei
Áurea – que merece destaque pela honrosa e constante
luta de negros e negras contra a escravidão, que com
sua força fizeram o empunhar da caneta pela Isabel
*Essa imagem é do croqui original e Princesa.
serve apenas como referência, pois
foram realizadas modificações de Dill San (Destaque Central Alto) – Senhor do
estética e de cor na execução do Tempo
Elemento Cênico (tripé).

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Edson Pereira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 LIBERDADE ENFIM RAIOU! O mal da escravidão que afligiu o Brasil! No desespero


das dores e gritos dos escravos, o relógio do tempo e da
memória dessa viagem da Vila Isabel lembra, primeiro, o
processo de abolição da escravatura durante o século
XIX, com negros e negras guerreiros que protagonizaram
o processo de busca da sua liberdade em consonância
com um mundo que começava a enxergar o horror real
da escravidão: veio a Lei do Ventre Livre (em 1871,
assinada pela Princesa Isabel) e a Lei dos Sexagenários
(1885), e a luta continuava, com a força negra! E
lembremos também, segundo, ao final do Império, a
*Essa imagem é do croqui original e quarenta e dois dias da assinatura da Lei Áurea, em
serve apenas como referência, pois 1888, a luta que teve mais uma vitória: negros e negras
foram realizadas modificações de
estética e de cor na execução da
comemoravam a abolição da escravatura em Petrópolis,
Alegoria. com participação da Princesa Isabel, que a assinou no
Pavilhão Hortícola (Palácio de Cristal).
O Morro dos Macacos honra, assim, a força da negritude
e suas conquistas que seguraram a caneta, junto com a
Princesa Isabel, para assinar o fim da escravidão, e desce
à Sapucaí para comemorar a liberdade nesta festa do
povo, enaltecendo-se sempre os antepassados e a Coroa
da Vila Isabel, majestosa contra os preconceitos. A luta
não para e o negro segue empoderando-se, ainda hoje
lutando por igualdade e contra as injustiças e
desigualdades que ainda permanecem vivas, do tempo da
escravidão... A luta é o tambor que não se cala e
honremos o povo de Noel como herdeiro de Isabel!

Liberdade enfim raiou!

Composições – O Grito Negro Contra os Grilhões da


Escravidão
Camila Morgado (Personagem) – A Redentora
Família da ex-Vereadora Marielle Franco – A Força
da Negritude Vive!
Marcelo Moreno (Destaque Central Alto) – Coroação
da Resistência

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01 (Abre-Alas)
Bete Floris – Central (Cavalos) Empresária

Nelcimar Pires – Frontal (Cavalos) Estilista

Robson Garrido – Frontal (Carruagem) Decorador

Ana Cristina Fernandes (Primeira-Dama) – Empresária


Central Alto (Carruagem)

Ednelson Pereira – Central Alto (Catedral) Empresário

Alegoria 02
Manoella Coutinho – Central Baixo Médica

Vander Gevu – Frontal Fotógrafo

Diogo Ribeiro – Central Alto Aderecista

Alegoria 03
Paulo Robert – Frontal Visagista

Marcio Marinho – Central Alto Empresário

Alegoria 04
Leticia Viana – Frontal Apresentadora e Fisioterapeuta

Klayton Eler – Central Alto Empresário e Professor Universitário

Tripé 02
Dill San (Relógio) Empresário

Alegoria 05
Camila Morgado – Personagem Frontal Atriz

Marcelo Moreno – Central Alto Cabelereiro

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Local do Barracão
Rua Rivadavia Corrêa, nº. 60 – Barracão nº. 05 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
Moisés Carvalho
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Joãozinho Juracir
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Alex Salvador Leandro Assis
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Moisés Carvalho Paulo Ferraz
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Nino - Fibra
Hildenberg - Engenheiro
Rogério Kennedy (Fuca) - Iluminação
Sandro Marcio e Filhos - Vidraceiros
Alex Salvador - Movimentos
Adriano Cavalcante - Almoxarife de Alegorias
Marcio Moura - Direção Artística
Alessandra Reis - Atelier de Composições
André Rodrigues - Figurinos e Projetos Gráficos
Flávio Magalhães e Leandro Santos - Assistentes de Carnavalesco
Clark Mangabeira e Victor Marques - Pesquisadores
Luiz Martins e Jaison Duarte - Compradores
Cristina Pinto - Técnica de Segurança do Trabalho
Jussiara Rodrigues - Recepção do 3º Andar
Wenderson Santos, Wallace Santos e Rellyson - Serviços Gerais
Rodrigues
Adilson e Sr. Batista - Portaria

As imagens dos croquis reproduzidas nas fichas são originais e servem apenas como referência
pois foram realizadas modificações de estética e de cor na execução das Alegorias e dos
Elementos Cenográficos (Tripés).

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Edson Pereira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
* Balé das Águas As águas petropolitanas nunca param Guardiões do Ana
seu bailar. Protegem os espelhos 1º Casal de Formighieri
d´água que embelezam toda a região Mestre-Sala e
serrana e seus tesouros hoje e sempre. Porta-
No balé das águas, guarda-se a força Bandeira
da natureza em sua forma cristalina, (2018)
como também a força branca e azul do
pendão de Vila Isabel.

01 O Cortejo de Batuqueiros da Corte de Noel, nobres Abertura Marcio Moura


Noel Sobe a do Morro dos Macacos, de sangue (2018)
Serra branco e azul, juntam seus tamborins,
repiques e chocalhos ao som de
metais, trombetas e clarins e tremulam
o símbolo da Vila Isabel para anunciar
que o cortejo pede passagem e festeja
um novo dia: um regozijo na história.
Gente aguerrida e que, com sua
fidalguia, faz do samba seu
passaporte, de seu sorriso, sua
identidade, e abre caminhos reais,
fazendo bambas por onde passa,
deixando viva sua tradição, subindo
hoje uma serra na busca de novos
ares, vitórias e inspiração.

76
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Edson Pereira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

* A Capitã da Subindo para pertinho do Céu, rumo à Destaque de Harmonia


Fanfarra de Serra da Estrela, a Capitã da Fanfarra Chão
Noel de Noel, reflete sob o azul de seu
fardão a cor forte de um desejo Tati Minerato
monumental: mergulhar, na Sapucaí, (2018)
neste passeio para contar a história de
uma Cidade Imperial, tingida com o
sangue azul da realeza do povo do
samba do Morro dos Macacos e da
Vila de Noel.

* Vila Princesa e o Diante da Coroa da Vila, que brilha Destaque de Harmonia


Resgate das imponente no chão sagrado da Chão
Memórias Sapucaí a subir uma serra para narrar
e explorar a Cidade de Pedro, surge o Vera
enaltecimento das memórias da Escola
de Noel, representadas nas cores do Diretora das
nosso Pavilhão e que apontam para Baianas
um futuro de glória cada vez mais (2018)
belo. Subamos a serra e resgatemos
nossa história junto a encontros lá em
Petrópolis, nós, força da negritude e
herdeiros de Isabel.

77
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Edson Pereira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

02 Ao Girar da Nessa subida, a insígnia majestática da Baianas Vera


Coroa, Sua nossa escola: a Coroa, símbolo do (2017)
Alteza Vila nosso pavilhão, do nosso resgate e
Isabel negritude. Vem a Vila se vestir com
toda realeza, com luxo e riqueza para
celebrar a nobreza do Morro dos
Macacos, fazendo rodar de alegria a
Coroa do Pavilhão, protegida pela sua
negritude que, em noite de gala, traz
os sombreiros da purificação pelas
bençãos santificadas que vem do céu.
Ordem de São Pedro, que sempre
abençoa a escola com águas
encantadas que lavam a Coroa
ancestral da nossa escola. Hoje, a
Coroa é a sagração da Unidos de Vila
Isabel, o sangue azul no branco desse
Pavilhão, para ir ao reencontro
consigo mesma e com a imperial
Cidade de Pedro, refletida no ouro da
própria Vila e sendo amparada pela
sua ancestralidade.

78
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Edson Pereira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

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03 Arautos de Santos anjos do Senhor, nossos Comunidade Harmonia


Pedro zelosos guardadores, abençoem-nos (2018)
com anunciação de São Pedro que,
dos ceús, aquele que lava nossa Vila
Isabel, vem acompanhar nosso cortejo
serra acima, lembrando-nos da
majestade do Bairro de Noel. São
Pedro que, desde nosso primeiro
desfile, abençoa com águas nossa
escola e cujo nome serve de
inspiração aos homens e a outros
santos. Anunciem-no, então, santos
anjos, e abençoem nosso desfilar e, lá
na serra, uma cidade, a Cidade de
Pedro, a ser erguida, também do
santo, pelo nome, quase por direito...

04 O Pontífice do Nessa viagem encantada serra acima, Comunidade Harmonia


Padroeiro Sumo Pontífice que nos concedeu um (2018)
Padroeiro! Eis o Papa Leão XII que
deu a São Pedro de Alcântara, nascido
em Alcântara com o nome de Juan de
Sanabria, o título de Padroeiro do
Brasil em 1826, o santo de devoção
da Família Real, homônimo de São
Pedro e cujo nome inspirou os dos
nossos imperadores. O Padroeiro São
Pedro de Alcântara, eleito para ser
nosso. O também Padroeiro da futura
Cidade de Pedro, cidade também dele,
pelo nome, por direito.

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05 Um Sonho a O sonho foi o princípio de tudo. A Comunidade Harmonia


Desbravar razão de uma busca incessante por (2018)
algo que se almejou construir. Se
Brasil era o lugar perfeito para
sonhar, pois desde o início, lá em
Portugal, sabiam que aqui “tudo que
se planta dá” e que lugar melhor para
viver não há, Dom Pedro I ousou
sonhar além, ao pernoitar, em 1822,
em uma fazenda próspera da região
serrana, a do Padre Correia, quando a
caminho das Minas Gerais pelo
Caminho do Ouro, fazenda que o
encantou e que visitaria muitas outras
vezes ainda.

* Sonha, Dom Brasil independente e Dom Pedro I Destaque de Harmonia


Pedro I ainda sonhava em criar uma polis Chão
além do litoral, na busca por um
clima mais ameno e de importância Thiago
real. Em 1830, adquiriu a Fazenda Avancci
Córrego Seco, onde pretendia (2018)
construir o sonhado palácio... em seu
descanso merecido, sonha, então,
Dom Pedro I! Sonha, Imperador, com
palácios e festas! Com grandiosidade
e com sua realeza reluzindo o
dourado do ouro do caminho por onde
pisas! Sonha, no ar mais ameno da
Serra, com novas possibilidades, com
uma futura cidade...

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06 No Império, a Sonhos de valsa, de danças em Comunidade Marcio Moura


Cidade! Uma palácios, da nossa Versalhes! Sonhos (2018)
Versalhes do Pai! Mas o sonho só caminhou
Brasileira! para se tornar realidade mais tarde, já
nas mãos do Filho Dom Pedro II.
Contudo, foi, no sonho, o começo: a
polis ganhando forma e lugar muito
bem escolhidos sob as bênçãos dos
Santos! A imperialidade vai se
formando, o sonho do Pai de um
grande baile de uma Versalhes
brasileira, única pelas cores fortes que
colorem nossa casa de brasilidade em
formação, a nos embalar na Sapucaí!
Embora já fosse aquela uma terra
coroada...

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* Protetora de No “Sertão dos Índios Coroados”, Destaque de Harmonia


Raro Esplendor resplandece entre o verde das matas a Chão
beleza indígena que marcou o
caminho e selou com divino Paula
esplendor o local onde a terra Bergamini
abrigaria Petrópolis. Brilham as penas (2018)
dos cocares em tons multicores da
terra abençoada da futura cidade de
Pedro.

07 No Caminho, Os E no caminho dessa subida rumo aos Comunidade Marcio Moura


Índios Coroados mistérios da serra perto dos céus, (2018)
antes de tudo, um paredão enorme a
ser vencido. Uma Serra cujo cume se
mostrava tão alto que se denominou
Serra da Estrela. Naquelas terras, eles,
os desde sempre temidos Índios
Coroados, antes mesmo das primeiras
viagens, lá estavam, coroando a serra
e o espaço da futura cidade antes de
ser novamente coroada pelo Império
Brasileiro e pela Vila Isabel.

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08 Ao Império, E da época dos Índios Coroados até Comunidade Harmonia


Água Imperial! hoje, brotando do meio das matas e (2018)
das rochas, servindo aos indígenas e
a todos os viajantes, a água é fruto
abundante da terra. Todos dela se
aproveitavam, e sua pureza, também
até hoje, chama a atenção por quem
por ali passava e passa. A água da
terra de Petrópolis que se encontrava
com as águas de São Pedro para se
tornar mais pura ainda, uma benção
ao calor do litoral que levou toda a
Corte lá para cima e fez sorrir os
lábios do Imperador.

09 Fauna Real E no meio da Mata Atlântica, que já Comunidade Harmonia


fazia o começo e o futuro da Cidade (2018)
de Pedro resplandecerem, a fauna é
parte fundamental do cenário que
alegra os olhos! O muriqui-do-sul,
maior primata sul-americano, é um
ícone deste cenário em Petrópolis e
da necessidade de preservação da
Mata Atlântica característica da
serra, além de uma das
peculiaridades encontradas pelos
que subiam às fazendas da cidade.

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10 Amarelo-Ouro, Marca da Cidade de Pedro – e do Comunidade Harmonia


das Matas Um Brasil –, o ipê amarelo é o símbolo (2018)
Tesouro! da cidade. Das matas e dentre as
histórias que se entrecruzam no
passar do tempo imperial, o ipê
sempre anunciou a primavera,
colorindo ruas e caminhos, noites e
destinos.

11 Revoada de E se já nos caminhos para o ouro das Comunidade Edu e Beto


Panapanãs Minas Gerais, e, depois, por entre o (2018)
sonho, a criação e a realização da
Cidade de Pedro, na região de
Petrópolis ainda se encontram
espécies de insetos, especialmente
borboletas, antes considerados
extintos, colorindo num bailado
alado que acompanha quem sobe a
serra. As borboletas invadem os
caminhos numa explosão colorida
de alegria e frescor, oxigenam a
atmosfera da mata, testemunhas da
beleza singular dos traços
petropolitanos.

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* Asas do A anunciação do futuro em linhas de Destaque de Harmonia


Progresso progresso é metaforizada em negras Chão
Petropolitano asas que de forma retumbante
colocam Petrópolis como molde do Tamara Justen
futuro promissor e da vocação para o (2018)
desenvolvimento da nação brasileira.

12 Imperial Colônia Petrópolis tem desde o início da sua Comunidade Harmonia


Alemã história a marca alemã. Foi o major (2018)
alemão Julio Koeler o responsável por
dar vida ao plano de Dom Pedro II, de
fazer nascer a Cidade de Pedro. A
chegada da mão-de-obra estrangeira,
que levou, em 1845, mais de dois mil
colonos: o começo de uma
colonização que germanizou as raízes
de Petrópolis e que, com eles, moldou
a cidade a ir se tornando uma casa
para a cervejaria. Afinal, além de
trabalhar, os alemães têm o enorme
dom de festejar, “fermentando” os
ares da cidade.

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* Lume Dourado O dourado da riqueza da Musa da Ala Harmonia
modernidade que desponta contra o de Passistas
preto das fumaças das viagens de
trem que começam a subir a serra! Dandara
Petrópolis enriquece de beleza e Oliveira
avança por trilhas já conhecidas! (2018)
Brilha dourado o futuro promissor,
resplandecendo os antigos caminhos
do ouro, agora modernizado!

13 A Luz Assentou Luz que assentou o dormente brilha Passistas Gabriel Castro
o Dormente em amarelo ouro e firma os trilhos (2018) e Dandara
do progresso no repicar da Oliveira
Swingueira de Noel. O brilho
daqueles que riscam o chão de
poesia marca hoje o caminho para
que os maquinistas do ritmo subam
a serra ao som do progresso que
veio pelas mãos do Barão e de
outros gênios.

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14 Som do Foi um Barão o responsável pelos Bateria Mestre


Progresso planos, em 1852, da primeira estrada (2018) Macaco
de ferro inaugurada posteriormente no Branco
Brasil. A primogênita Estrada de Ferro
Mauá, posteriormente Estrada de Ferro
Príncipe do Grão-Pará, é símbolo de
uma Petrópolis que se encontrava com
o fiar do destino, com o progresso que
vinha pelas mãos de maquinistas
habilidosos, dando o tom da batida da
locomotiva do desenvolvimento que
nunca para e sempre avança. A
imperialidade brilhava ainda mais ao
se encontrar com a modernidade! E no
bate-bate da evolução da cidade, a
música parecia sair das mãos dos
maquinistas que comandaram o
caminhar daquelas locomotivas do
destino e do desenvolvimento. Aqui na
avenida, é a Locomotiva da Vila que,
em ritmo acelerado, põe o público para
viajar ao som da batida retumbante
celebrando o pioneirismo
petropolitano. Se o apito anunciava
que o trem estava chegando, hoje ele
avisa que quem chega é a Swingueira
de Noel a todo vapor!

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15 Uma Ponte Do seio das terras da família real Comunidade Harmonia
Entre Dois britânica para a Cidade Imperial (2018)
Reinos brasileira! Impressionados com as
belezas do lugar, os imigrantes ingleses
foram grandes propulsores da hotelaria
e do turismo em Petrópolis. A alma
inglesa, encontrou lugar entre a realeza
petropolitana, sendo mais um grupo que
veio, como imigrante, número crescente
ao longo do tempo, para as terras
tupiniquins: novos ares majestáticos
para celebrar ainda mais a
imperialidade de Petrópolis.

16 Flores da Em 1835, o professor de caligrafia e Comunidade Harmonia


Primavera desenho de Dom Pedro II, M. Louis (2018)
Francesa Boulanger registrou: " O ar puro que se
respira nessas montanhas e o seu
frescor são os mesmos da primavera da
Europa”. A região petropolitana, ao
longo do seu desenvolvimento, sempre
atraiu os olhares franceses que
contribuíram com a cultura local e a
nascente cidade. Traziam nas malas,
vindos aos poucos, flores para nos
alegrar: a exemplo do paisagista Jean
Baptiste Binot, que foi encarregado, em
1854, de projetar os jardins do Palácio
Imperial, sendo que até hoje o
Orquidário Binot encontra-se em
funcionamento. Na vida da Cidade
Imperial, flores da Cidade Luz, e, até
hoje, um relógio de flores a marcar a
passagem do tempo, ponto turístico em
Petrópolis...

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17 Quarteirão “Petrópolis, foi privilegiada pela Comunidade Harmonia


Italiano vinda de inúmeros italianos, que (2018)
deram um formato especial à cultura
de lá”. Grande quantidade veio
trabalhar principalmente na
Companhia Petropolitana de Tecidos,
criada em 1873, dando ainda mais
charme à Cidade de Pedro, com
tecidos e cortes italianos refinados.
Mamma Mia! Uma pequena Itália
costureira na serra fria da Estrela,
enchendo-a de botões, tecidos e fios.

18 Até, dos Árabes, Mais mãos imigrantes para fazer a Comunidade Harmonia
Mistérios para cidade progredir. Além das europeias, (2018)
Petrópolis! até árabes estabeleceram-se em
Petrópolis. Já no século XIX, Dom
Pedro II, em visita ao Líbano,
estimulou a imigração para o Brasil.
Com ela, os mistérios, cultura e
criação árabes também aportaram em
Petrópolis: “Um dos marcos
consensuais da presença árabe no Rio
de Janeiro é o nascimento do
gramático Manuel Said Ali, em 1861,
de pais já estabelecidos em
Petrópolis”. Riquezas e mais riquezas
culturais para a Cidade de Pedro.

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19 Elegância no O ímpeto da nobreza do povo de Noel Velha-Guarda Cheila Rangel
Futuro do é representado por suas maiores jóias. (2018)
Pretérito São elas que cravejam a Coroa da Vila
em títulos e momentos protagonizados
no passado, que nos ligam a um futuro
de uma história a ser escrita através
das linhas da conquista regozijando
sua identidade em nome do esplendor
do carnaval. Se Petrópolis tem suas
joias incontestáveis, nós temos o
resplendor azul das nossas, visitantes
ilustres da Cidade de Pedro.

* Baile dos Naipes O brilho do glamour das noites Destaque de Harmonia


inesquecíveis ganha forma e cor nas Chão
madrugadas de música e dança em
cartadas geniais na história do Hotel Janaina
Cassino. Os Naipes dançam na busca Santucci
de uma jogada perfeita pela noite (2018)
petropolitana.

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20 O Canto dos Os marinheiros que, com seu bravo Compositores Marcelo


Marinheiros da canto, lutaram pelo respeito à (2018) Pedrosa
Armada Constituição! Os revoltosos da
Armada que, unidos, tentaram mudar
os rumos da pátria e conseguiram
transferir a capital fluminense para
Petrópolis, graças a sua força. Hoje
são eles que são celebrados, dando
rumo ao mar de poesias da Vila
Isabel.

21 Quando a O Atlântico da costa brasileira, com Comunidade Edu e Beto


República seu azul esverdeado, testemunhou, na (2018)
Cambaleou incipiente República, a Revolta da
Armada, que trouxe Petrópolis ao
centro da política nacional, devido a
contestações, entre 1891 e 1894,
sobre a legalidade dos governos. Do
mar, a Marinha, insistindo no respeito
à Constituição da novíssima
República, armava-se contra as
ilegalidades! E, nesse processo,
Petrópolis vira capital! Mais
testemunhos e notícias da importância
da Cidade de Pedro.

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22 Eterna No mundo, o cinema ia aparecendo e Comunidade Harmonia


Petrópolis eis que, em 1897, as primeiras (2018)
imagens brasileiríssimas eram
captadas em tela, para delírio de um
público ávido por novidades, e a
projeção se deu no Teatro Cassino
Fluminense, em Petrópolis, em maio
de 1897, o primeiro filme brasileiro:
“Chegada do trem em Petrópolis”.
Eternizada na história e na Sétima
Arte, a Cidade de Pedro tornou-se um
começo do nosso cinema: os rolos dos
filmes desenrolando as belezas da
cidade.

23 Nos Idos da O glamour da Cidade de Pedro no Comunidade Harmonia


História – século XX! Ah, pelos corredores do (2018)
Petrópolis e seu seu símbolo maior, o Hotel-Cassino
Jogo de Quitandinha, as fichas e o jogo, entre
Glamour cartas, corriam soltos desde sua
inauguração, em fevereiro de 1944,
até a proibição dos jogos no Brasil,
em 1946. Nos jogos da história,
Petrópolis sempre teve sorte: dados,
cartas e fichas para brindar à cidade!

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24 Mais um Assinado em 17 de novembro de Comunidade Harmonia


Aposento Para 1903, o Tratado pôs fim ao conflito (2018)
Nossa Casa: Nas entre Bolívia e Brasil pela anexação
Letras do do território do Acre, que ficou sob as
Tratado, Veio o mãos brasileiras. No solo
Acre petropolitano, a então ainda nova
República já selava o destino do
nosso Brasil varonil e seus contornos
continentais. Petrópolis aparecia
assim como centro de decisões
importantes e os olhos do mundo a
admiravam!

25 Santos em A beleza de Petrópolis sempre atraiu Comunidade Harmonia


Petrópolis: também os olhares dos gênios e (2018)
Dumont e Sua excêntricos. Outro morador ilustre,
Encantada assim, foi Alberto Santos Dumont.
Construiu uma casa inventiva e
genial, em local difícil, para
veraneios: A Encantada, em 1918, sua
última residência, cheia de
engenhocas. Mais um grande
personagem que, na esteira da
tradição iniciada por Pai e Filho, teve
sonhos e foi atraído pela Cidade de
Pedro.

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* Soberana do Tempo Entre gnômons, clepsidras e Destaque de Harmonia


ampulhetas, ela reina e chega para Chão
servir de condutora de nosso
passeio pela história petropolitana Arícia Silva
numa viagem pelo tempo, (2018)
apresentando o caminho que
devemos seguir para apreciar a
história recente e o que se
escreverá do futuro.

26 Tecnopetrópolis Desde sempre imponente, a Comunidade Harmonia


Cidade de Pedro se conecta ao (2018)
futuro e aponta novos caminhos,
brilhando cada vez mais.
Vislumbra o futuro abrigando, no
Laboratório Nacional de
Computação Científica, o maior
supercomputador da America
Latina, o Santos Dumont, fazendo
nossa ciência decolar e atingir
patamares cada vez mais
avançados. Siga sempre em frente,
Cidade de Pedro!

* Asas da Liberdade Caminhando na direção da Destaque de Harmonia


abolição, os negros e negras Chão
lutavam contra o terror da
escravidão fazendo reluzir, como Thais Bianca
armaduras protetoras de ouro, suas (2018)
tradições ancestrais! A força vinha
e vem da ancestralidade para fazer
prevalecer a liberdade, ontem,
hoje e sempre. Asas para fazer a
igualdade raiar no horizonte!

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27 Liberdade Como O segundo momento de destaque na Comunidade Marcio Moura


Canção: Vozes história dessa viagem com o qual (2018)
do Brasil encerramos nossa jornada! Em primeiro
de abril de 1888, a 42 dias da assinatura
da Lei Áurea, Petrópolis teve um
domingo de festas no Pavilhão Hortícola
(Palácio de Cristal) no qual a liberdade
foi entoada! Após lutas e resistências de
negros e negras ao longo da história, “A
Princesa Imperial Regente, junto ao
Conde D’Eu, seus filhos, o presidente do
conselho e distintos membros do
Ministério e de delegações estrangeiras,
além da Imprensa em geral promulga a
libertação dos escravos em Petrópolis”. A
liberdade conseguida a duras penas pelos
escravos petropolitanos era entoada no
alto da serra! E, aqui embaixo, a Vila
presta reverência à luta negra de hoje e de
sempre, exaltando a tradição do samba
também como resistência da negritude! O
Morro dos Macacos conclama a todos e a
todas à liberdade e à alegria, inspirando
sua Coroa na negritude aguerrida, nos pés
pretos que sambam o samba da tradição
do bairro de Noel, nos corações dessa
Escola que é para sempre real porque
imperial no samba!
A Vila construída abençoadamente para
ser magistral, inspirada na Isabel
Princesa! Uma Coroa para sempre ser
lembrada nesta avenida que hoje
homenageia outra coroa, a da Cidade
Imperial. Em festa, a liberdade é
reverenciada como um dos maiores
legados. Canta, Vila, pois teus herdeiros
nunca deixarão de lutar: eis o encontro da
Gratidão com a liberdade e com a
Princesa do nosso nome.

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Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 05 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Atelier
Alessandra Reis
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Alessandra Reis Alessandra Reis
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Alessandra Reis Gomes
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Paula e Anderson - Espuma


Junior - Placas
Vitor - Vime
Almir - Arames
Jorge Abreu - Maquiagem
Leandro Assis - Pintura
Bira - Corte

Outras informações julgadas necessárias

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- André Diniz, Evandro Bocão, Professor Wladimir, Júlio Alves,
Enredo Marcelo Valência, Dedé Augusto e Ivan Ribeiro.
Presidente da Ala dos Compositores
Marcelo Pedrosa
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 Machadinho Thalles Henrique
(setenta) 81 anos 26 anos
Outras informações julgadas necessárias

Vila... te empresto meu nome


Fonte de tanta nobreza
Por Deus e todos os Santos
Honre a tua grandeza
E subindo pertinho do céu
A névoa formava um véu
Lembrei de meu pai, minha fortaleza
Esculpida em pedras, Pedros e coroados
Os seus guardiões, protetores de raro esplendor
Luar do Imperador
Meu olhar lacrimejou
Em águas tão cristalinas
Uma cidade divina
Bordada em nobre metal, a jóia imperial
Petrópolis nasce com ar de Versalhes
Adorna a imensidão
A luz assentou o dormente
Fez incandescente a imigração
No baile de cristal, o tom foi redentor
Em noite imortal, floresceu um novo dia
Liberdade enfim raiou!
Não vi a sorte voar ao sabor do cassino
“Segundo o Dom” que teceu o destino
Meu sangue azul no branco desse pavilhão
O morro desce em prova de amor
Encontro da gratidão
Viva a Princesa e o tambor que não se cala
É o canto do povo mais fiel
Ecoa meu samba no alto da serra
Na Passarela os Herdeiros de Isabel

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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

A parceria mais vencedora e premiada do carnaval do Rio voltou a arrebatar a disputa da Escola
do bairro que exala liberdade. Para isso fizeram a Princesa Isabel, que empresta o nome e alma ao
chão e à agremiação da Vila, ciceronear a viagem à cidade imperial.
Conclamando seus súditos, a princesa apela, sob sequência requintada de acordes, para que a
Escola volte a honrar suas tradições. Ainda na primeira parte, já em tom menor, ela abusa das
imagens ao subir a montanha. Emociona-se lembrando do pai, nomeia os guardiões da serra e não
consegue conter as lágrimas, puras como as águas que banharam a criação da cidade. A melodia
segue caminhos harmônicos sinuosos e divisões inesperadas, em especial no refrão central.
A segunda parte começa melodicamente vanguardista, desafiando a métrica e o tempo, em
encontro perfeito com a letra que retrata da inspiração de Versalhes à luz da modernização que
chegava em trilhos a Petrópolis. Reencontra o lirismo ao falar do baile da abolição pra voltar a
ganhar força ao abordar o século XX. A princesa admite que não vivenciou tantas inovações, mas
admira do infinito o brotar da semente científica lançada por seu pai, “segundo, o Dom (Pedro)
que teceu seu destino”.
No fim do delírio dos poetas, o sangue azul da princesa tinge um manto branco, formando o
pavilhão da Escola. Isabel se emociona ao ouvir tanto tempo depois um canto de “Viva a
Princesa”! Percebe então que é a gente do bairro mais fiel aos seus ideais. Lugar em que negros,
mestiços e brancos, de todas as classes sociais, do morro e do Boulevard, se misturam na vida e na
Escola. O coro ecoa até a serra trazendo pra avenida outros que também se intitulam seus
herdeiros, o povo da nobre Petrópolis.

Unidos, escutam o batuque e o canto das senzalas que em sentido histórico anti-horário se
reabrem para agradecer por tudo que ela representa.

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Bateria

Diretor Geral de Bateria


Mestre Macaco Branco
Outros Diretores de Bateria
Buda, Shell, Menguinho, Kleber, Pulguinha, Mariozinho, Cassiano, Jorge Pedro, Rafael, Alyson,
Mangueirinha, P.V, Titinho, Pivete, Ivo Francis, Romulo, Cirilo, Thayane, Thalita e Geraldo.
Total de Componentes da Bateria
275 (duzentos e setenta e cinco) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
13 13 16 0 0
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
50 50 36 0 40
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
0 0 24 04 24
Outras informações julgadas necessárias

Xequerês – 05 Componentes

Bateria
Fantasia: Som do Progresso
O que representa: Pelos devaneios de um Barão, em 1852, foi idealizada a primeira estrada de
ferro, inaugurada posteriormente no Brasil. A primogênita Estrada de Ferro Mauá, é símbolo de uma
Petrópolis que se encontrava com o fiar do destino, com o progresso que vinha pelas mãos de
maquinistas habilidosos, dando o tom da batida da locomotiva do desenvolvimento que nunca para e
sempre avança. A imperialidade brilhava ainda mais ao se encontrar com a modernidade! E no bate-
bate da evolução da cidade, a música parecia sair das mãos dos maquinistas que comandaram o
caminhar daquelas locomotivas do destino e do desenvolvimento. Aqui na avenida, é a Locomotiva
da Vila que, em ritmo acelerado, põe o público para viajar ao som da batida retumbante celebrando
o pioneirismo petropolitano. Se o apito anunciava que o trem estava chegando, hoje ele avisa que
quem chega é a Swingueira de Noel a todo vapor!

Rainha de Bateria: Sabrina Sato


Fantasia: A Baroneza: Maria-Fumaça
O que representa: Quando a caldeira produz o vapor usando a energia da batida da Swingueira de
Noel e sua alegria, matéria do combustível da folia carnavalesca, a máquina transforma a energia
num gingado inconfundível diante das curvas dos trilhos serra acima. Por onde ela passa o chão fica
quente e a fumaça se espalha no ar de tanto sambar!

99
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Diretor Geral de Bateria – Mestre Macaco Branco: o percussionista Anderson Andrade, mais
conhecido como “Macaco Branco”, nasceu em Vila Isabel, e como bom representante do bairro
de Noel, começou ainda criança a frequentar a escola de samba. O amor pela música vem desde
então, quando a latinha de refrigerante e o palito de churrasco formavam o tamborim
improvisado. Seu interesse e vocação eram notórios e por isso ganhou de presente um instrumento
de verdade. Logo começou a desfilar na bateria de escolas mirins, como a Herdeiros da Vila e
Aprendizes do Salgueiro. Aos 14 anos fez sua estreia na bateria da escola de samba G.R.E.S.
Unidos de Vila Isabel, e um ano mais tarde já era o responsável pela ala de tamborins, além de dar
aulas de percussão no projeto desenvolvido pela agremiação. Macaco Branco deu, aos 18 anos,
um importante passo em sua carreira quando conheceu Márcia Alvarez, empresária, que
reconheceu seu talento e o convidou para fazer parte da nova banda da cantora Martnália.
Trabalhando ao lado da cantora, aprendeu a tocar outros instrumentos de percussão que
ampliaram seu horizonte para além do universo das escolas de samba. Tal vivência foi
fundamental para aprimoramento e lhe permitiu fazer shows ao lado de artistas como Alcione,
Celso Fonseca, Emílio Santiago, Luiz Melodia, Márcia Castro, Maria Rita, Paulinho Moska e
Zélia Duncan. Também participa de gravações de trilhas sonoras e do CD das Escolas de Samba
do Rio de Janeiro. Atualmente o percussionista faz parte da banda do cantor Dudu Nobre, Pedro
Luis, Hamilton de Holanda e Mart’nália, além de tocar junto à equipe do Samba de Santa Clara.
Na carreira profissional, Macaco também atua dando aulas e workshops pelo Brasil a fora. O
músico já ministrou cursos de percussão na Colômbia e ocupou o posto de diretor musical da
Unidos de Vila Isabel e da Acadêmicos do Sossego, onde também atuou como mestre de bateria.
Atualmente, Macaco ocupa o posto de mestre de bateria da Unidos de Vila Isabel. Sua estreia no
cargo ocorrerá no Carnaval de 2019 tendo, antes disso, já atuado em diversas funções dentro da
bateria, como ritmista, diretor de tamborim e diretor de marcação. Na nova função, coordenará os
275 ritmistas da agremiação.

100
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Marcelinho Emoção
Outros Diretores de Harmonia
Valter Ferreira (Valtinho), Fernando Veiga (Faqui), Júlio César (Tio Júlio), Alexandre Azevedo
(Popo), Edson Guilherme, Expedito Azevedo, Sérgio Fernando (Preto Velho), Wanderson Sodré,
Chico Branco, Marco Antônio (Marcão), Ednelson dos Santos (Didi), Alair farias, Gilberto da
Silva (Cabeça Rica), Luis Carlos Todinho (Kaka) e Cosme Marcio
Total de Componentes da Direção de Harmonia
70 (setenta) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
Tinga
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Cavaco – Douglas e Léo Antunes
Violão – Kayo Calado
Outras informações julgadas necessárias

Cantores de Apoio: Gera, Rafael Tinguinha, Tem Tem Jr, Juan Briggs, Breno e Henrique

Direção Musical: Gustavinho Oliveira

Diretor Geral de Harmonia – Marcelinho Emoção: Começou na Tupy de Brás de Pina. Passou
pela Harmonia do GRES Imperatriz Leopoldinense, nos tempos áureos da escola. Foi para o
GRES Beija-Flor, no ano em que a agremiação conquistou seu bicampeonato. A seguir, passou
pelo GRES Unidos da Tijuca, onde vivenciou duas conquistas. No GRES Estação Primeira de
Mangueira, no início da atual gestão, foi campeão. Em 2019, lidera pelo segundo ano consecutivo
a Harmonia do GRES Unidos de Vila Isabel.

Intérprete Oficial – Tinga: Anderson dos Santos, o Tinga, é oriundo do GRCESM Herdeiros da
Vila. De 2002 a 2004, fez parte do carro de som do GRES Unidos da Tijuca. Morador da
comunidade do Morro dos Macacos, atuou como primeiro intérprete do GRES Unidos de Vila
Isabel durante 10 anos, entre 2004 e 2013. Em 2014, Tinga tornou-se a voz oficial do GRES
Unidos da Tijuca e em 2019 retorna para defender com sua voz marcante sua escola de origem.

Total de Componentes de Direção de Harmonia de Alas: 60 componentes (atuam


exclusivamente na evolução e canto de uma ala específica).

101
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Wilsinho Alves
Outros Diretores de Evolução
Valtinho, Edmilson, Faquir, Lucimar, Júlio, Toninho, Alexandre, Lúcia, Wânia, Edson, Marcelo,
Expedito, Sérgio e Wanderson
Total de Componentes da Direção de Evolução
50 (cinquenta) componentes
Principais Passistas Femininos
Vanessa Oliveira, Elaine Oliveira, Anna Karolina Machado, Jhennifer Campos, Karen Veiga e
Vitória Lucylia Acher.
Principais Passistas Masculinos
Pedro Gaspar, Wendel Vieira, Hudson Gaspar, Eduardo Felipe, Clóvis Costa e Luiz Fernando.
Outras informações julgadas necessárias

Diretor Geral de Evolução: Wilsinho Alves


Wilsinho Alves possui vasta experiência no carnaval em diversas fases da cadeia produtiva do espetáculo,
começando em 2002 no GRES Unidos do Viradouro. Na função de Diretor de Carnaval, debutou em 2007
no GRES Unidos de Vila Isabel, permanecendo na função até o carnaval de 2014. Para 2016, retornou ao
GRES Unidos do Viradouro para assumir a Direção de Carnaval. Possui diversos prêmios no carnaval,
notadamente os títulos de 2004 (Grupo de Acesso), 2006 (Grupo Especial, na função de Superintendente
de Carnaval), 2013 (Grupo Especial, nas funções de Presidente e Diretor de Carnaval do GRES Unidos de
Vila Isabel); prêmio Tamborim de Ouro de Melhor Escola em 2009 e 2012; e Estandarte de Ouro de
Melhor Escola em 2012. Após uma passagem pelo GRES União da Ilha do Governador, Wilsinho Alves
retorna para comandar a Direção de Carnaval da Unidos de Vila Isabel.

Coordenadora da Ala de Passistas: Dandara Oliveira – Oriunda de uma família de sambistas iniciou
sua trajetória no mundo do samba aos 7 anos, sendo Princesinha da Bateria, Passista e Destaque de Chão
até chegar ao atual posto, de Musa e Diretora da Ala de Passistas (em 2017 com Edson Cunha e, em 2018,
com Gabriel Castro), na sua escola de coração: o GRES Unidos de Vila Isabel. Durante sua trajetória
também esteve à frente do Bloco Sorri pra Mim e da Banda de Vila Isabel por alguns anos. Em 2005,
recebeu o Estandarte de Ouro de Melhor Passista Feminino. Dandara une a arte aos conhecimentos da sua
faculdade de fisioterapia, enriquecendo suas aulas de samba no pé dadas a personalidades como Sabrina
Sato, Thaila Ayala, Natalia Guimarães, Yasmin Brunet e Gisele Bündchen. No carnaval de 2015 foi
comentarista especialista de alas de passistas, musas e rainhas de bateria do site SRZD durante os ensaios
técnicos. Para 2016, completou seus 20 anos de Marquês de Sapucaí e de Vila Isabel, tendo o
reconhecimento da escola e amigos. Atualmente ministra aulas em domicílios, academias de ginástica, no
Espaço Múltiplo Chateau Rouge e no projeto existente na quadra da Vila Isabel de Samba no Pé para
crianças e adultos com o objetivo de compreensão e o respeito aos limites do corpo de cada um, atrelados
ao conhecimento do samba, da postura e do condicionamento físico. Dandara ressalta para seus alunos que
cada um constrói o seu samba, pois ele é subjetivo. As técnicas posturais e respiratórias se atrelam à
personalidade de cada pessoa. Com esta história no mundo do samba, nada mais adequado que realizar
trocas repassando o que sabe e agregando a si as experiências construídas com seus alunos e fazer destes
encontros fontes de aprendizagem para todos os envolvidos.

102
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Outras informações julgadas necessárias

Coordenador da Ala de Passistas: Gabriel Castro – Neto de Mestre Telinho da Mangueira e


afilhado de batismo de João Nogueira, foi o diretor de passistas mais novo da história da Sapucaí
aos 17 anos, em 2007. Recebeu do jornalista e colunista Hélio Ricardo Rainho o apelido de
"Reizinho de Madureira" e é também o 2° Diretor/Coordenador mais premiado do carnaval,
destacando-se entre eles: 01 Estandarte de Ouro, 03 S@mbaNet, 02 Troféu SRZD, 02 Troféu
Jorge Lafond e 03 Troféu Jornal do Sambista.

Fantasia da Ala de Passistas: A Luz Assentou o Dormente


O que representa: Luz que assentou o dormente brilha em amarelo ouro e firma os trilhos do
progresso no repicar da Swingueira de Noel. O brilho daqueles que riscam o chão de poesia marca
hoje o caminho para que os maquinistas do ritmo subam a serra ao som do progresso que veio
pelas mãos do Barão e de outros gênios.

103
Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Luiz Guimarães
Diretor Geral de Carnaval
Moisés Carvalho e Wilsinho Alves
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Vera
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Luzinete Taparica Geisa Anacleto
(oitenta) 83 anos 22 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Cheila Rangel
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
74 Terezinha de Jesus Cardoso Marco Antônio da Silva
(setenta e quatro) 86 anos 56 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Martinho da Vila (Cantor), Sabrina Sato (Apresentadora), Camila Morgado (Atriz), Tati Minerato
(Modelo), Mayara Costa (Miss RJ) e Família da ex-Vereador Marielle Franco (Marinete Franco –
Mãe, Antônio Franco – Pai, Luyara Franco – Filha e Anielle Franco – Irmã)
Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Patrick Carvalho
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Patrick Carvalho
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 07 08
(quinze) (sete) (oito)
Outras informações julgadas necessárias

Fantasia: Um Devaneio Real


O glorioso patrimônio petropolitano emana cultura e desperta paixão em quem o conhece. A cada
página virada do livro da história, um personagem a encontrar. Uma história de princesas,
imperadores, visionários e apaixonados. Múltipla em sua essência, mexe com a cabeça e com o
coração de quem a visita. É justamente numa destas visitas que algo inacreditável acontecerá e
mais um dos visitantes sentirá na pele o arrepio da realeza! Diante do Palácio Imperial, uma
pintura no tempo, uma sensação de pertencimento que provoca e confunde sentidos toma conta de
nosso convidado que visita pela primeira vez a Cidade de Pedro. Uma força o leva para o interior
do paço e este passa a vivenciar uma viagem na qual não se diferencia ilusão de realidade,
passado de presente, vivos de fantasmas... O nobre visitante percebe-se no interior do palácio e
diante das figuras que saíram das páginas da História. O assombro é colossal diante das
personagens importantes para a Cidade Imperial! E revelam-se vários ícones da cidade que nos
encanta. O que poucos sabem é que, lá de pertinho do céu, no alto da Serra da Estrela, se
consegue esta proeza e outras coisas inimagináveis! Nessa celebração, apresentando-se a história
de Petrópolis, convidamos não só o visitante em questão, mas todos os que hoje assistem à Vila
Isabel no fiar de seu carnaval, a adentrar o Palácio Imperial e todas as estórias da Cidade de
Pedro!

Sobre o Coreógrafo
Patrick Carvalho: o carioca de 34 anos é coreógrafo de comissão de frente no carnaval carioca
há 9 anos. Patrick começou sua carreira na função atuando no GRES Alegria do Zona Sul, tendo
passagens por escolas como o GRES Unidos de Vila Isabel, GRES União da Ilha do Governador,
GRES Unidos do Porto da Pedra e GRES Inocentes de Belford Roxo. Premiado como melhor
coreógrafo pelo Tamborim de Ouro, Plumas e Paetês, Estrelas do Carnaval, entre outros, Patrick é
uma das grandes referências do nosso país quando se trata de coreografias impactantes,
expressivas e técnicas. O profissional viajou o mundo com o espetáculo “Brasil Brasileiro”,
atuando ainda como coreógrafo nas cerimônias de abertura e encerramento das Paraolimpíadas do
Rio de Janeiro em 2016, além de ser professor e coreógrafo do quadro “Dança dos Famosos” do
Programa Domingão do Faustão da Rede Globo de Televisão.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Raphael Rodrigues 34 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Denadir Garcia 40 anos
2º Mestre-Sala Idade
Jackson Senhorinho 33 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Bárbara Dionísio 19 anos
Outras informações julgadas necessárias

1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Fantasia: Dos Céus à Terra, Espelhos D’Água

Criação do Figurino: Edson Pereira

Confecção: Atelier Geraldo Lopes

O que representa: Os céus são testemunhas da pureza das águas da Cidade de Pedro, que brotam
do solo para a Vila bem-fadar. Gotículas preciosas que locupletam o manto branco e azul no
balançar dos ventos e no girar da coroa. Estas, abrem caminho para que, no redemoinho do tempo,
a majestade do povo de Noel veja sua felicidade em azul, preciosa, metáfora da abóboda celeste
que chora emocionada de orgulho ao ver sua gente bailar, em noite estrelada, em louvor à
magnificência petropolitana.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias


1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Raphael Rodrigues: Aos oitos anos de idade se encantou com a dança de Mestre-Sala. Formado
pela escola do Mestre Manoel Dionísio, recebeu, ao completar a maioridade, em 2005, o convite
para ser o 1º Mestre-Sala do GRES Unidos de Vila Isabel. Em 2006, sagrou-se campeão e
conquistou o Estandarte de Ouro concedido pelo júri do Jornal O Globo. Também com passagens
pelos GRES Unidos do Viradouro e GRES Mocidade Independente de Padre Miguel, foi campeão
no GRES Estação Primeira de Mangueira em 2016. Na verde e rosa entre 2010 e 2016, tornou-se
discípulo do lendário Mestre-Sala Delegado, passando a incorporar ao seu bailado alguns dos
passos eternizados pelo mestre. De volta à Branco e Azul desde 2017, Raphael mostrará toda sua
experiência e competência para garantir, ao lado de Denadir Garcia, a nota máxima no desfile de
2019.
Denadir Garcia: Denadir fez par com o Mestre-Sala Luiz Augusto por dez carnavais em escolas
de samba como o GRES Renascer de Jacarepagua, GRES Caprichosos de Pilares, dentre outros.
Em 2011, foi para o GRES Unidos do Porto da Pedra e depois para o GRES São Clemente,
fazendo par com o Mestre-Sala Bira em 2012 e com Fabrício Pires nos 5 anos seguintes,
garantindo os 40 pontos em 2015. Para 2019, Denadir defenderá pela segunda vez o pavilhão do
GRES Unidos de Vila Isabel ao lado do Mestre-Sala Raphael Rodrigues para juntos conquistarem
os 40 pontos no desfile da Branco e Azul.

Coreógrafa do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Ana Formighieri – Coreógrafa,


professora e bailarina, Ana é formada em dança pela UFRJ e pós-graduada em Conscientização
do Movimento pela Faculdade Angel Vianna, tem formação técnica nas modalidades jazz, balé
clássico e dança contemporânea. Fez parte da Cia Nós da Dança, sob direção de Regina Sauer, por
10 anos, participando como bailarina de shows e programas de televisão. Foi também assistente
de ensaios na Focus Cia de Dança, de Alex Neoral e desde 2015 é integrante da comissão artística
do Sindicato dos Profissionais de Dança do Rio de Janeiro. No carnaval, participou de comissões
de frente como intérprete e também como assistente de coreógrafos. Já coreografou carros e alas
em diferentes escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso A. Há oito anos desenvolve um
reconhecido trabalho de coreografia e preparação corporal/artística para casais de Mestre-Sala e
Porta-Bandeira. Neste trajeto já conquistou importantes prêmios, notas máximas e
reconhecimento junto aos casais com os quais vem trabalhando. Desde 2017, assume a preparação
do primeiro casal do GRES Unidos de Vila Isabel e, na jornada intensa de cada carnaval, acredita
que compartilhando a experiência da coreógrafa junto ao casal e toda a diretoria, harmonia e
carnavalesco, unindo forças, se alcança o melhor resultado. Para isto, em 2019 o trabalho de Ana
Formighieri com Denadir Garcia e Raphael Rodrigues, traz para a avenida uma apresentação que
se fundamenta em uma dança que se preocupou em lapidar o talento do casal, buscando
acabamento impecável e qualidade técnica sem deixar de se preocupar com a majestosa e
tradicional forma de dançar o bailado do Mestre sala e da Porta Bandeira apresentando seu
pavilhão!

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Abre-Alas – G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Fantasia: O Bailar No Jardim das Borboletas

Criação do Figurino: Edson Pereira

Confecção: Atelier Geraldo Lopes

O que representa: Nos bosques da história da Cidade de Pedro, entre ipês e manacás da serra; no
fiar das cores que invadiam e invadem as idas e vindas à Petrópolis, o rodopiar dos rei e rainha de
sua fauna acalantam a essência exuberante da natureza local, que, em si traduz, a Grandeza Real
da Serra da Estrela. A natureza que colore e enobrece é marca petropolitana.

108
G.R.E.S.
PORTELA

PRESIDENTE
LUIS CARLOS MAGALHÃES
109
“Na Madureira moderníssima,
hei sempre de ouvir cantar uma
Sabiá”

Carnavalesca
ROSA MAGALHÃES
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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá.”
Carnavalesca
Rosa Magalhães
Autor(es) do Enredo
Rosa Magalhães
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Fábio Pavão e Rogério Rodrigues
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Rosa Magalhães
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
01 Tarsila: sua obra e AMARAL, Aracy Perspectiva 1975 Todas
seu tempo Abreu.

02 Tarsila AMARAL, Maria Editora Globo 2004 Todas


Adelaide

03 Brasil – Histórias, ARAÚJO, Alceu Editora Três 1973 Todas


costumes e lendas Maynard

04 Artistas brasileiros BATISTA, Marta ECA USP (Tese 1987 Todas


na escola de Paris, Rosseti. de Doutorado –
anos 20. Digitalizada)

05 Escola de Samba, a CANDEIA Lidador 1978 Todas


árvore que FILHO, Antônio &
esqueceu a raiz. ARAÚJO, Isnard.

06 O motivo edênico CARVALHO, José Rev. bras. Ci. 1998 Todas


no imaginário Murilo de. Soc. vol. 13 n.
social brasileiro 38

07 A Busca da COELHO, Fundação 2018 Todas


Identidade Gonçalves Universidade de
Nacional no Edinaldo. Rondônia
Modernismo (digitalizada)
brasileiro: “Das
palavras de Mário
de Andrade às
pinceladas de
Tarsila do
Amaral”.

113
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

08 Velhas histórias, COUTINHO, Ed. Uerj. 2002 Todas


memórias futuras: Eduardo Granja
o sentido da
tradição na obra de
Paulinho da Viola.

09 Depois da Festa: CUNHA, Olívia Ed. UFMG 2000 Todas


Movimentos Maria Gomes da.
Negros e Políticas
de Identidade no
Brasil

10 Clara Nunes FERNANDES, Ediouro 2007 Todas


guerreira da utopia Vagner

11 Visão do paraíso: HOLANDA, Publifolha 2000 Todas


motivos edênicos Sérgio Buarque de.
no descobrimento e
colonização do
Brasil.

12 A paisagem como MORAES, UFPR 2013 Todas


um discurso em Naymme Tatyane (Dissertação de
Tarsila do Amaral, Almeida Mestrado)
a construção de um
diálogo entre o
espaço social e
pictórico na década
de XX no Brasil:
do Pau-brasil a
Antropofagia.

13 Rediscutindo a MUNANGA, Vozes 1999 Todas


mestiçagem no Kabengele.
Brasil: Identidade
nacional versus
identidade negra.

114
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

14 A dança da PAVÃO, Fábio UFF (Tese de 2010 Todas


identidade: os usos Oliveira Doutorado)
e significados do
samba no mundo
Globalizado.

15 Samba são pés que RIBEIRO, Ana Uerj 2003 Todas


fecundam o chão... Paula Alves (Dissertação de
Madureira: Mestrado)
sociabilidade e
conflito em um
subúrbio musical.

16 Tarsila do Amaral: SILVA, Dalmo Revista 2015 Pg.54-60


ensaio sobre Souza Extraprensa
“Brasilidade”.

17 Paulo da Portela: SILVA, Marília & Edições Funarte 1980 Todas


traço de união SANTOS, Lígia
entre duas culturas.

18 Silas de Oliveira: ____ & Edições Funarte 1981 Todas


do jongo ao OLIVEIRA
samba-enredo FILHO, Arthur L.

19 O Brasil SOARES, Mariana PUC-SP 2014 Todas


negromestiço de de Toledo. (Dissertação de
Clara Nunes Mestrado)
(1971-1982)

20 Catolicismo e STEIL, Carlos DP & A editora, 2001 p.09-40


cultura Alberto 2001

21 Candeia: Luz da VARGENS, João Martins 1987 Todas


inspiração. Rio de Baptista Fontes/Funarte
Janeiro

115
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

22 A Velha-Guarda da ____.& MONTE, Manati 2001 Todas


Portela. Carlos.

23 O nacional e o WISNIK, José Editora 1982 Todas


popular na cultura Miguel & Brasiliense
brasileira SQUEFF, Ênio e.

Outras informações julgadas necessárias

Periódicos:

Jornal A Noite, edição de 12 de fevereiro de 1924, pg. 07.


Jornal do Brasil, edição de 24 de fevereiro de 1924, pg. 15.
Jornal O Imparcial, edição de 29 de fevereiro de 1924, pg. 05.
Jornal O Imparcial, edição de 01 de março de 1924, pg. 06.
Revista O Careta, edição de 15 de Março de 1924, pg. 37.

Sites:

https://sambaderaiz.org/albuns/clara-nacao-1982/
http://museudacancao.blogspot.com/2012/11/portela-na-avenida.html
http://elekomulheresguerreiras.blogspot.com/2012/10/um-pouco-sobre-oya-iansa-e-danca.html
http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1972
http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1975
http://www.gresportela.org.br/Historia/DetalhesAno?ano=1983
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69091998000300004
http://tarsiladoamaral.com.br/obra/pau-brasil-1924-1928/
http://www.caetanopolis.mg.gov.br/
https://www.mg.gov.br/conheca-minas/folclore
http://caetanopolis.blogspot.com/p/festival-cultural-clara-nunes.html
http://jongodaserrinha.org/mestres-e-mestras-do-jongo/
https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/umbanda-candomble/tudo-sobre-iansa-oya/
https://ocandomble.com/2008/09/11/qualidades-de-oya-iansa/
https://www.juntosnocandomble.com.br/2011/03/iansa-onira-oia-onira.html

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

Texto introdutório: Quando a arte encontra o povo

Embora os debates sobre a identidade brasileira, ou, como alguns preferem chamar,
brasilidade, datem da primeira metade do século XX, desde que os europeus pisaram em
nossas terras se encantaram pela natureza paradisíaca. Começando pela carta de Pero Vaz de
Caminha, ao longo dos séculos a visão edênica sempre foi ressaltada na construção de nosso
imaginário nacional. As densas florestas que se espraiavam pela vastidão de nosso território,
repletas de exóticas aves coloridas, inevitavelmente permitiam sugerir associações com o
bíblico jardim do Éden. A riqueza de nossas fauna e flora sempre fascinou o olhar
estrangeiro, e, a partir do momento em que se formou a nação brasileira, a beleza da
natureza, vista muitas vezes como uma dádiva divina, destacou-se entre os elementos usados
para nos representar.

Assim, o primeiro elemento que podemos mencionar como componente de uma ideia de
brasilidade é a natureza exótica. O povo é deixado de lado, e, durante séculos, por
influência do romantismo, o indígena idealizado cumpriu o papel de personagem principal
do imaginário nacional. É ele quem habita, de forma pura e ingênua, na melhor tradução do
“bom selvagem”, o luxuriante verde de nossas matas. Mesmo os artistas da Semana de Arte
Moderna paulista, em 1922, ao proporem uma ruptura com o passado, não conseguiram
enxergar as classes populares em formação nos centros urbanos. De forma paradoxal, apesar
de apontarem para o futuro, seus olhos permaneciam atados à valorização do indígena,
buscando novas formas de representá-lo.

Quem começa a mudar este panorama é Tarsila do Amaral. Em 1924, ou seja, dois anos
após a Semana de Arte Moderna, juntamente com alguns amigos, entre os quais se destacava
o poeta francês Blaise Cendrars, a pintora passa o carnaval no Rio de Janeiro e a Semana
Santa em Minas Gerais. Desta experiência, surgiria uma série de telas que passariam a
ilustrar o movimento Pau-brasil, permitindo um novo olhar sobre a brasilidade. No Rio, mais
especificamente em Madureira, a pintora encontra uma Torre Eifell construída em pleno
subúrbio carioca. O símbolo parisiense fora apropriado e carnavalizado pela população local,
o que servirá de inspiração para a tela “Carnaval em Madureira”. Sobre essa obra, Coelho
escreveu:

“Tarsila consegue, nessa obra, transpor não apenas essa festa popular para uma
pintura, como também provocar uma reflexão sobre a própria cultura brasileira. O
negro representado de forma não idealizada, com formas explorando os extremos,
indica o primitivismo, o passado brasileiro, ao mesmo tempo em que a alegoria da
torre metálica indica o moderno. Temos aqui o discurso da identidade nacional,
formada a partir da assimilação do moderno”. (COELHO, 2018, P.10)

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Aliando técnica cubista e uma explosão de cores vibrantes, Tarsila retrata um país que estava
em transformação, se modernizando. Para além do passado indianista, as grandes cidades
presenciavam o aumento do fluxo migratório, vendo suas periferias crescerem, sobretudo,
pela chegada de ex-escravos e seus descendentes. Sobre a sua experiência no interior de
Minas Gerais, Tarsila escreveu: “Encontrei em Minas as cores que adorava em criança.
Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras... Vinguei-me da opressão, passando-as para
as minhas telas”.

Em busca das raízes brasileiras, além da população suburbana, Tarsila resolveu pintar o que,
desde a infância, sempre lhe foi ensinado que seria “feio e caipira”. Sua obra mostra o povo
simples do interior, em telas que retratam, por exemplo, a religiosidade, a simplicidade da
família e a bucólica paisagem interiorana. A técnica cubista e as cores vibrantes permanecem
se destacando, mantendo uma unidade, ou seja, compondo um estilo que completa a fase de
sua carreira associada ao movimento Pau-brasil.

Quando a cantora Clara Nunes veio ao mundo, em 1942, os debates sobre a brasilidade já
haviam incorporado a necessidade de se retratar o povo, incluindo tanto expressões culturais
quanto a sua produção musical. É como se a futura estrela tivesse emergido de uma das telas
produzidas por Tarsila do Amaral, tal a sua identificação com a essência da brasilidade
encontrada pela pintora. Mineira, nascida no que é hoje o município de Caetanópolis, as
paisagens, a religiosidade e a simplicidade da população local poderiam ter inspirado uma
bela obra de arte genuinamente brasileira. Desde menina, ela teve contato com o rico acervo
cultural que fervilhava ao seu redor, unindo elementos das três raças nas Folias de Reis,
Congadas, Pastorinhas ou mesmo nos rituais religiosos.

Ao tentar a sorte como cantora, durante muitos anos Clara Nunes teve dificuldades para
alavancar sua carreira, buscando trilhar o caminho do sucesso em diferentes gêneros
musicais. Ela demorou a entender que deveria seguir sua vocação popular, isto é, estava
destinada a cantar o povo. Quando percebeu, encontrou no mesmo povo negro e suburbano
um dia retratado por Tarsila, na mesma negritude cuja arte popular aflorava nos carnavais e
nos quintais, o sentido único de sua brasilidade. “Sou porta-voz do povo, sou uma cantora do
povo, sou essencialmente povo”, ela declarou certa vez. Finalmente, sua estrela brilhou de
forma intensa, reverberando a energia das ruas e terreiros de Madureira.

Ao nos lembrarmos de Clara Nunes, mesmo trinta e cinco anos após sua morte, a imagem da
cantora vestida de branco, inspirada na religiosidade afro-brasileira, é tão viva e presente
quanto sua musicalidade mestiça. Ela era filha de Ogum com Iansã, tinha orgulho em saudar
seus “Orixás de cabeça”, mas, na verdade, a Guerreira vivia sua espiritualidade de forma tão
intensa que se torna difícil defini-la usando as categorias normalmente disponíveis. “Deus é
um só para todos”, ela costumava repetir quando questionada sobre esse assunto. Vagner
Fernandes, biógrafo da artista, é quem nos esclarece:

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

“Clara se dizia umbandista, mas sua ligação com os cultos afros era tão forte e
singular que, por várias vezes, ela própria se via confusa diante da definição de sua
religiosidade. Vinha do Kardecismo, denominava-se umbandista, mas flertava com
o candomblé. Clara era tudo. Era uma espiritualista por natureza. Acreditava no
poder dos orixás, mas não deixava de lado as orações do catolicismo, e gostava de
ir a missas. Clara era um caldeirão espiritual. Era a legítima brasileira,
absolutamente sincrética, que “batia cabeça” e cantava ponto em terreiro, acendia
velas para as almas, tomava passe em centro de mesa branca, comungava em igreja
católica e se ajoelhava para rezar o Pai-Nosso ou a Ave-Maria diante da imagem de
Nossa Senhora”. (FERNANDES, 2007, p. 119)

Quando nos empenhamos para compreender a religiosidade popular, é comum cairmos na


armadilha de tentar classificar os elementos de devoção em “sagrados” ou “profanos”.
Todavia, a coerência dos discursos do povo está no próprio sincretismo, pois, nas praças do
interior e nas ruas empoeiradas dos subúrbios, as fronteiras entre esses pares dicotômicos
são bem mais fluídas. É no dia a dia que o povo constrói sua fé, apropriando-se de diversos
símbolos religiosos e costurando-os ao seu jeito, dando-lhes um sentido peculiar. Para se
compreender Clara Nunes, é preciso se despir das rígidas categorias que engessariam a
classificação nas chamadas religiões oficiais. Clara era católica, kardecista, umbandista e
candomblecista. Clara Nunes era tudo isso ao mesmo tempo, como destacou Vagner
Fernandes. Ela livremente se inspirava em todas as religiões e seguia os preceitos dos
sacerdotes que respeitava, construindo ela própria o arcabouço simbólico de sua
espiritualidade. Clara era assim, e isso, inevitavelmente, aproximava ainda mais a cantora e
o povo. A brasilidade é mestiça e sincrética por natureza.

A procissão do samba é sagrada. Tão sagrada quanto qualquer reza. Tão sagrada quanto um
ritual. É possível que os intelectuais - ou mesmo os artistas - que procuram compartimentar
o saber popular, classificando-os de acordo com os seus próprios critérios pessoais, tenham
dificuldades para compreender a riqueza do simbolismo construído pelo povo. Só ele é
capaz de transformar uma Águia no Divino Espírito Santo. Só ele é capaz de transformar o
manto azul de Nossa Senhora nas vestes de um Orixá, ou numa bandeira de escola de samba.
Só ele pode dar um novo significado para a Torre Eifell, transformando-a em um coreto
carnavalesco, como poderia ter sido num altar. E de certa forma foi exatamente isso que o
povo fez. Transformou o símbolo parisiense em um altar popular. Um palco no meio da rua
para festejar o carnaval e louvar o samba. Viva o povo de Madureira e sua criatividade! Viva
Clara Nunes, e sua capacidade de representar a brasilidade!

“Na Madureira Moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”

Lançado em 1982, o álbum “Nação”, produzido pela EMI-Odeon, é o último da bem


sucedida carreira de Clara Nunes. Com ele, mesmo sem abandonar o samba carioca, a
cantora visita diversos gêneros, fazendo um apurado mapeamento das raízes negras de nossa
música. Como de costume, o resultado final alcançou enorme sucesso. Todavia, há neste
derradeiro trabalho da artista outro elemento que merece destaque. Produzida por Elifas

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Andreato, a capa do álbum vale-se da estética tropicalista para representar a proposta de


cantar a diversidade musical de nossa nação, ressaltando, no uso de cores vibrantes e
exibindo aves típicas da fauna brasileira, o passado edênico que sempre marcou nosso
imaginário nacional. Desta forma, pelos aspectos musicais e visuais, “Nação” pode ser
considerado uma síntese da vida e da obra de Clara Nunes, expressando a brasilidade que
marcou sua trajetória como artista.

Para nós, que trazemos em nossa memória coletiva as marcas da escravidão e da exploração
em suas mais variadas faces, a busca pela “brasilidade” sempre foi um elemento central nos
debates acerca de nossa identidade. Na segunda década do século XX, os artistas
modernistas, inspirados, sobretudo, pela nova arte produzida na França, irão se esforçar para
romper com a estética do século anterior e buscar uma identidade própria. Em outras
palavras, nossos artistas de vanguarda queriam uma arte livre do conservadorismo que os
prendiam às amarras do passado. É neste contexto que fomentam o nacionalismo e a ideia de
repensar o Brasil e sua cultura, e, como resultado, ao longo das décadas seguintes o
modernismo seguiu inspirando movimentos que igualmente buscaram captar a essência
brasileira. É o caso, por exemplo, do tropicalismo, incorporado por Elifas Andreato para
ilustrar a já mencionada capa do álbum “Nação”.

Entretanto, até pelo seu caráter heterogêneo, caracterizado por diversas fases e,
naturalmente, pelas idiossincrasias de cada um dos artistas envolvidos, faz-se necessário
relativizar a ação do movimento modernista. Mesmo buscando uma ruptura com o passado
romântico, a Semana de Arte Moderna, considerada um marco não apenas para as artes
brasileiras, mas também para a forma de pensar o Brasil, basicamente se atém à valorização
do indígena como símbolo nacional, apenas reduzindo sua idealização. Desta maneira, passa
ao largo deste movimento de vanguarda as classes populares que já inchavam nossos
maiores centros urbanos, habitando as periferias, subúrbios ou as franjas dos morros. Esta
população, até então invisível, mexia um verdadeiro caldeirão cultural em ebulição,
aguardando, podemos assim dizer, o momento certo para se tornar protagonista dos debates
políticos e culturais. Neste sentido, quem encontra o povo, dando-lhe visibilidade como
elemento central da brasilidade, é a pintora Tarsila do Amaral.

Em 1924, na companhia de amigos, como o francês Blaise Cendrars, Tarsila do Amaral


passa o carnaval no Rio de Janeiro e a Semana Santa em Minas Gerais, em uma experiência
que mudará seus paradigmas. Nas ruas de Madureira, em plena folia momesca, a pintora
conheceu o coreto popular que reproduzia a Torre Eifell parisiense, uma construção
idealizada pelo cenógrafo José Costa. Como num prenúncio do movimento Antropofágico,
que surgiria alguns anos depois, a população suburbana se apropriou e ressignificou o
símbolo francês, interpretando-o de forma carnavalizada. Esta é a inspiração para a obra
“carnaval em Madureira”, também de 1924. A tela retrata esta mistura de elementos
aparentemente destoantes, destacando, além da Torre e o carnaval, o morro, as pedras, as
casinhas e, sobretudo, a população negra de Madureira. Assim, os modernistas alcançam a
essência da brasilidade em suas obras. Finalmente, haviam descoberto o povo.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

De uma forma geral, podemos dizer que a obra de Tarsila do Amaral encontra a brasilidade
em sua fase Pau-brasil, ou seja, após a experiência no carnaval carioca e no interior de
Minas Gerais. É neste ponto que podemos estabelecer uma ponte que nos ajude a entender a
presença desta brasilidade na obra da cantora Clara Nunes. Nascida no interior mineiro, em
Paraopeba, numa região que, a partir de 1954, passou a ser o município de Caetanópolis,
Clara teve uma infância tipicamente interiorana, vivenciando no dia a dia os folguedos
populares. Seu pai, Manoel Pereira de Araújo, mais conhecido como Mané Serrador,
participava de Folia de Reis. Ele morreu quando Clara ainda era uma criança de dois anos de
idade, tão Jovem que não conseguiu registrar em sua mente nenhuma lembrança de seu
progenitor, o que não a impediu de incorporar a herança cultural por ele deixada. Pouco
depois, aos seis anos, a futura estrela perdeu também sua mãe, Amélia Gonçalves Nunes.
Nada foi fácil para a jovem Clara, mas ela e seus irmãos mais velhos, que assumiram a
responsabilidade de completar a criação da menina, perseveraram e superaram as muitas
adversidades que surgiram. No dia em que completou quatorze anos de idade, ela ganhou
como presente um emprego na fábrica de tecidos da cidade.

Fundada em 1872, a Fábrica de Tecidos Cedro & Cachoeira, a mais antiga de Minas Gerais
e a segunda do país, era a principal fonte de emprego para os moradores da região. A própria
chegada de seus pais ao então município de Paraopeba, anos antes de Clara nascer, foi
motivada pela disponibilidade de uma vaga na unidade fabril. Praticamente todos os parentes
de Clara trabalhavam nos teares da Cedro, o que também se estendia para os vizinhos e
amigos. A lucratividade deste setor da economia estava em alta, de forma que, mesmo
quando chegou a Belo Horizonte, com quinze anos, a futura estrela se sustentou exercendo a
profissão que havia aprendido em sua cidade natal, trabalhando em outra fábrica de tecidos.
Foi lá que Clara Nunes começou a trilhar o sonho de fazer sucesso cantando.

Como toda criança do interior mineiro, Clara teve uma forte educação católica, frequentando
a igreja durante os rituais sagrados e festividades religiosas. Contudo, ela sempre teve a
espiritualidade exacerbada, tendo seu primeiro contato com o Kardecismo ainda em Minas
Gerais. Já no Rio de Janeiro, ela começa a frequentar terreiros de Umbanda, na verdade
vários ao mesmo tempo, de diferentes vertentes religiosas, em diversas partes do Brasil. Ela
ansiava por respostas espirituais para apaziguar suas incertezas diante dos problemas da vida
cotidiana. Por intermédio de Pai Edu, de Olinda, Pernambuco, ela chegou a se assumir como
filha de Oxum e Xangô, e, usando fios de conta dourados, passou a saudar a Rainha das
águas doces. Todavia, na periferia do Rio de Janeiro, mais precisamente no alto do morro da
Serrinha, na região de Madureira, Clara conhece Vovó Maria Joana. A identificação foi
imediata. A presença da artista passaria a ser cada vez mais frequente naquele terreiro de
Umbanda, sobretudo nas datas festivas. A velha mãe-de-santo não titubeou em afirmar:
Clara era filha de Ogum com Iansã, promovendo uma nova reviravolta na vida espiritual da
cantora. Nos anos seguintes, Clara continuou visitando outros pais e mães-de-santo, como
Mãe Nitinha, no interior do Estado do Rio de Janeiro, mas jamais abandonou Vovó Maria
Joana e o terreiro de Madureira.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Não é exagero dizermos que o contato com Madureira, ou, mais precisamente, com o povo
de Madureira, muda a vida de Clara Nunes. Após chegar ao Rio de Janeiro para tentar a
sorte como cantora, ela custou a se afirmar no cenário musical. Durante anos, o risco de ver
seu sonho se desintegrar na dura realidade do mercado fonográfico, assim como o de
inúmeras meninas que tentam a sorte na cidade grande, era uma angustiante possibilidade.
Praticamente ao longo de toda década de 1960, seu gênero musical característico
permaneceu indefinido, enquanto ela flertava com a jovem guarda e participava ativamente
dos festivais de canção, acumulando seguidos fracassos. Em mais uma tentativa, ela resolve
investir no samba do morro, e, com o aval da gravadora, convida Adelzon Alves para
assumir a produção de seu novo álbum.

Tendo como referência o sucesso de Carmem Miranda, Adelzon percebeu que era
importante ir além dos aspectos musicais da cantora. Elaborado por Geraldo Sobreira, o
novo visual de Clara inspirava-se nas vestes das religiões afro-brasileiras. A mineira passou
a usar vestidos longos, rendas brancas, colares, fios de conta, pulseiras e turbantes, o que, no
conjunto, seriam o equivalente aos “balangandãs” da pequena notável, mas construído a
partir da imagem do “povo de Santo”. No tocante aos aspectos musicais, o “amigo da
madrugada” leva Clara para conhecer as rodas de samba suburbanas, especialmente de
Oswaldo Cruz e Madureira. Assim como os modernistas algumas décadas antes, é com o
povo do subúrbio carioca que ela conhece a força da negritude. Em pouco tempo, torna-se
amiga de compositores importantes, como Candeia, e, definitivamente, apaixona-se pela
Portela.

Fundada em abril de 1923, o primeiro carnaval da história da Portela foi o de 1924, o mesmo
em que Tarsila do Amaral visitou Madureira. Embora não haja registros, como centro das
atividades carnavalescas de toda região, certamente nossos fundadores se fizeram presentes
no coreto do bairro. Esses fundadores possuíam origens e histórias de vida distintas, alguns
vindos das regiões centrais da cidade, fugindo das reformas urbanas, como foi o caso de
Paulo da Portela, o mais famoso deles. Outros eram migrantes do interior do Estado do Rio
ou de outras regiões do Sudeste, como Antônio Rufino dos Reis, natural do interior mineiro.
Assim, nossa escola sempre foi uma genuína expressão desta brasilidade. Protegida por
Santos e Orixás, o sincretismo sempre pulsou na mente e no coração de nossos
componentes. A Portela, em suma, sempre reverberou a energia imanada por Clara Nunes. O
enlace era inevitável.

Em 1972, Clara incluiu no álbum “Clara Clarice Clara”, o quinto de sua carreira, mas o
primeiro produzido por Adelzon Alves, o samba-enredo Ilu Ayê, com o qual a Portela
desfilou no carnaval daquele ano. O enredo, idealizado pelo amigo Candeia, juntamente com
o Departamento Cultural da Portela, fazia uma bela exaltação à negritude. Nada mais
adequado ao novo estilo que a artista pretendia emplacar. Nos anos seguintes, atendendo aos
pedidos de Natal, Clara interpretou sambas-enredos na avenida. Foi o caso, por exemplo, do
ano de 1975, em que a mineira cantou o empolgante “Macunaíma, herói de nossa gente”, de
David Corrêa e Norival Reis, ao lado de Silvinho do Pandeiro e do próprio David. Em outras
oportunidades, como na última vez em que brincou carnaval, em 1983, Clara foi apenas mais

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uma entre tantas portelenses, desfilando orgulhosa na avenida. Até hoje ela é exaltada como
madrinha da Velha Guarda da Portela, ratificando os sólidos laços que unem a cantora e
todos os segmentos de nossa escola. Após seu passamento, uma multidão de portelenses
ocupou a cidade para saudá-la. A rua em que nossa quadra de ensaios está localizada passou
a ser conhecida como “Rua Clara Nunes”, unindo para sempre a Águia e a Sabiá.

Sem dúvida, o símbolo mais forte desta união é a música “Portela na Avenida”, de Paulo
Cesar Pinheiro e Mauro Duarte, sucesso na voz de Clara Nunes. Inspirada no altar que a
cantora mantinha em casa para sua devoção pessoal, o manto azul de Nossa Senhora
Aparecida, Padroeira do Brasil, funde-se à bandeira da Portela e desfila sobre o altar do
carnaval. Os sambistas são como fieis numa missa, fazem parte de uma procissão. A pomba
branca do Espírito Santo se metamorfoseia na Águia altaneira. É feito uma reza. Um ritual.
“Portela na Avenida” é uma síntese da devoção da Portela e de seus torcedores, mas também
é um espelho da religiosidade da própria Clara Nunes. Mais que isso, é a brasilidade que
pulsa tanto na alma da cantora quanto na dos portelenses. A música evoca a mais pura
expressão do sincretismo, a maleabilidade da fé popular, a mistura de elementos
aparentemente díspares, mas que ganham significado nas ruas de Madureira, como um dia,
de forma perspicaz, Tarsila do Amaral percebeu. A vocação de Madureira para representar a
brasilidade é eterna, assim como a obra plural de Clara Nunes se perpetuará através dos
anos. E assim não importa o tempo, não importa quantas décadas se passaram, ou quantas
ainda passarão. Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá.

Sinopse

A Portela vai apresentar no carnaval de 2019 uma homenagem à cantora Clara Nunes,
ressaltando a diversidade e a atualidade de sua trajetória biográfica e seu vasto e plural
repertório musical, constituído de sambas-canção, sambas-enredo, partidos-altos, marchas-
rancho, forrós, xotes, afoxés, repentes e canções de influência dos pontos de umbanda e do
candomblé. Para isso, pretende sair do lugar-comum das narrativas sobre sua vida ou de uma
colagem de títulos de sua discografia. Nossa escola exalta a importância cultural de
Madureira, das festas, terreiros e do contagiante carnaval popular, enfatizando a contribuição
do bairro para a formação da identidade que caracterizou Clara Nunes: a brasilidade.

“O meu lugar,
tem seus mitos e seres de luz.
É bem perto de Oswaldo Cruz”*

Em 1924, no primeiro carnaval da Portela, fundada em abril do ano anterior, o coreto de


Madureira, criado pelo cenógrafo José Costa, reproduzia a imponente Torre Eiffel. Visitando
o bairro na companhia de alguns amigos, Tarsila do Amaral não apenas eternizou aquela
imagem numa tela, como também mostrou para seus pares modernistas que as festas
populares do nosso subúrbio incorporavam os mais diversos elementos culturais. Sem
dúvida, Madureira sempre teve um ar moderno, como a própria trajetória de Clara Nunes,

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que parece ter emergido de uma obra modernista, como se fosse uma tela da Tarsila: a
Mineira representa a mais plural expressão da brasilidade. Morena. Mestiça.

“Porque tem um sanfoneiro no canto da rua,


fazendo floreio pra gente dançar,
tem Zefa da Porcina fazendo renda
e o ronco do fole sem parar”**

Clara nasceu no interior mineiro, num lugar que hoje se chama Caetanópolis. Ainda menina,
trabalhou numa fábrica de tecidos para conseguir sobreviver, mas seu destino já estava
traçado. Tinha como missão cantar o Brasil! Ao longo da infância, conheceu de perto as
tradições culturais e as festas folclóricas interioranas, certamente recebendo influência de
seu pai, Mané Serrador, mestre de canto de Folia de Reis e violeiro dos sertões das Gerais.

Sua brasilidade, como herança de sua origem, sempre valorizou a diversidade regional de
nosso país. A voz de Clara fez ecoar os ritmos do povo, na saborosa confusão dos mercados
populares, seja do nordeste ou de qualquer outro recanto desta nação.

Alçando voos mais ousados, Clara mudou-se para Belo Horizonte, onde participou de
concursos, realizou os primeiros trabalhos artísticos e conquistou espaço nos meios de
comunicação. Chegando ao Rio de Janeiro, seguiu fazendo sucesso e conheceu o misticismo
que aflorava em Madureira, incorporando-o à sua identidade.

“Sou a Mineira Guerreira,


filha de Ogum com Iansã”***

Até então, a artista cantava principalmente boleros e sambas-canções. Após ter contato com
o ancestral universo afro-brasileiro de Madureira, a mineira se transformou igual ao céu
quando muda de cor ao entardecer. E nunca mais foi a mesma: visitou os terreiros, quintais e
morros de Oswaldo Cruz e Madureira, vestiu-se de branco, incorporou colares, turbantes e
contas, cantou sambas e pontos de macumba. Seu repertório se expandiu. A imagem de
Clara evocando os Orixás, irmanada ao povo de Santo, eternizou-se na memória de seus fãs.
Ela se tornou a Guerreira que não temia quebrantos, dançando feliz pelas matas e
bambuzais, sambando descalça nas areias da praia, unindo a essência negra de Angola ao
subúrbio carioca. E assim, sua voz rapidamente se espalhou. Seu canto correu chão, cruzou o
mar, foi levado pelo ar e alcançou as estrelas. Uma força da natureza que brilhou como um
raio nos palcos e terreiros, iluminando o coração dos portelenses. Nada disso foi por acaso.

“Portela, sobre a tua bandeira


esse divino manto.
Tua Águia altaneira
é o Espírito Santo
no templo do samba”****

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Desde que foi fundada, a Portela tem uma presença significativa de elementos típicos do
mundo rural, trazidos pelo povo simples do interior, sobretudo do interior de Minas Gerais,
mesclados à negritude que vibrava em Madureira. Talvez tenha sido por isso que a
identificação de Clara com a Portela foi imediata. Ela sempre ocupou posição de destaque
nos desfiles, é madrinha da Velha Guarda e até puxou sambas-enredos na avenida. Ela e os
portelenses, famosos e anônimos, sempre caminharam de mãos entrelaçadas, voando nas
asas da Águia.

Um dia, inesperadamente ela partiu. Trinta e cinco anos se passaram desde então. A dor da
saudade sempre reverberou no coração de todos, tornando-a uma estrela ainda mais
cintilante.

Agora está na hora de a Guerreira reencontrar seu povo mestiço, para mais uma vez brilhar
na avenida. Vestida com o manto azul e branco e a Águia a lhe guiar, voa minha Sabiá.

Até um dia!

Carnavalesca: Rosa Magalhães


Sinopse: Fábio Pavão e Rogério Rodrigues

____________________________________________
* O Meu Lugar – Arlindo Cruz e Mauro Diniz
** Feira de Mangaio – Glorinha Gadelha e Sivuca
*** Guerreira – João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro
**** Portela na Avenida – Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

É cheiro de mato! É terra molhada! Lá vem trovoada! Em nossa “Comissão de frente”, as


Guerreiras de Iansã abrem os caminhos da Portela. Elas se movimentam de forma ágil e
determinada, convocando as energias da natureza. O barravento anuncia a essência da
espiritualidade de Clara Nunes, manifestada a partir de sua “Orixá de cabeça”. “Sua filha
voltou, minha mãe”. E assim, com as bênçãos de todos os Santos e guias, emanando o
sincretismo tipicamente brasileiro, neste carnaval ouviremos novamente cantar a Sabiá.

A religiosidade afro-brasileira é marcante na obra de Clara Nunes. Sem dúvida, é um dos


elementos que fazem esta mineira ser considerada uma das cantoras que mais bem retratou o
povo brasileiro. O último álbum da carreira da artista, “Nação”, lançado em 1982, é uma
autêntica exaltação da brasilidade que caracterizou a estrela, como podemos perceber pelo
próprio título ou pela arte escolhida para a capa. No repertório, indo bem além do samba
carioca, Clara visita diversos gêneros populares para exaltar a negritude e a vida simples do
interior. Nosso “primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira”, em conjunto com os
“Guardiões”, fazem referência à capa elaborada por Elifas Andreato, compondo um cenário
mais amplo com o “carro Abre-alas”. Nele, os pássaros sobressaem na densa floresta
tropical, entre troncos, galhos e flores coloridas. De fato, associar a natureza virgem à
identidade brasileira, ou seja, como uma essência primeva da brasilidade, é algo que nos
acompanha desde a formação de nosso país como Nação. No abre-alas da Portela, também
se destacam sabiás e outras aves canoras, espalhadas pelas alegorias acopladas, e a nossa
grande Águia altaneira, planando na Avenida Marquês de Sapucaí. Esta abertura de desfile,
o primeiro setor da Portela para o carnaval de 2019, nós resumimos pelo nome de “Nação”,
uma síntese da brasilidade da cantora Clara Nunes, exatamente em seu último álbum.

No segundo setor, a Portela mostra como a brasilidade, traço marcante para a identidade da
cantora Clara Nunes, sempre esteve presente no subúrbio de Madureira. A referência que
utilizamos é o universo retratado pela pintora Tarsila do Amaral. Em 1924, o quadro
“Carnaval em Madureira” traz para as telas modernistas a presença do povo negro e
suburbano. Juntamente com as paisagens de Minas Gerais, é o carnaval popular que faz
aflorar a essência desta brasilidade nas obras da pintora. Assim, as primeiras alas da Portela
retratam algumas fantasias típicas do carnaval de rua daquele ano, como “Pierrôs” (Ala 01),
“Colombinas” (Ala 02), “Baianinhas e Malandros” (Ala 03) e “Palhaços” (Ala 04). Fundada
em abril de 1923, o carnaval de 1924 é o primeiro da história da Portela, ainda como um
bloco carnavalesco. Não há registros oficiais sobre a apresentação de nossa escola, mas,
certamente, o coreto de Madureira fazia parte da rotina carnavalesca de nossos fundadores e
primeiros sambistas, pois, com sua sempre inovadora arquitetura, aquela construção era o
palco popular para onde convergiam os foliões suburbanos, atraindo as atenções de todos
que habitavam ao seu redor. Esse fato é lembrado pela presença de nosso segundo casal de
Mestre-sala e Porta-bandeira, com uma fantasia que representa “O primeiro carnaval da
Portela”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Durante muitos anos, a criação de uma tela que retratava uma Torre Eifell no coração do
subúrbio carioca sempre intrigou aos críticos de arte. Contudo, hoje se sabe que não se
tratava de uma divagação da mente criativa de Tarsila do Amaral. A pintora esteve em
Madureira, acompanhada de amigos franceses, para ver a engenhosidade do povo suburbano
e seu carnaval. A ala 05, “franceses em Madureira”, representa exatamente a presença dos
franceses que acompanharam a pintora ao subúrbio em pleno carnaval. Contagiados pela
folia suburbana, eles trajam cocares indígenas e roupas de marinheiro, entrando no clima da
festa. Diante da Torre Eifell ressignificada pelos moradores da Zona Norte carioca, temos a
certeza de que Madureira sempre foi um bairro verdadeiramente moderno. Na sequência, a
ala “mulheres de Madureira” (Ala 06) remete às personagens retratadas no quadro, a
representação da população local, negra e suburbana, pelos traços de Tarsila. Ela antecede à
segunda alegoria, “Carnaval em Madureira”, que, reproduzindo a citada tela, promove um
grande baile de carnaval com a presença de várias fantasias típicas da década de 1920. Nesta
alegoria também estão os franceses que acompanharam a pintora, promovendo um
verdadeiro choque entre culturas. Todo este setor compõe o que chamamos de “A
brasilidade de Madureira”, mostrando que, de uma forma geral, o bairro contribuiu para que
o movimento modernista definisse seus conceitos sobre a brasilidade, encontrando o povo
negro, o carnaval e a capacidade popular de ressignificar o mundo ao seu redor. O que, como
vamos ver mais adiante, muda a vida e a carreira da cantora Clara Nunes.

Desde a infância Clara Nunes incorporou elementos que compõe a brasilidade buscada pelos
modernistas. Vale destacar que Tarsila do Amaral, além de pintar o carnaval e a população
negra do subúrbio, também se inspirou no povo e nas paisagens do interior mineiro,
mercados e feiras livres. A futura cantora nasceu em Paraopeba, em um distrito chamado de
Cedro. Um lugar que, emancipado em 1º de Janeiro de 1954, passou a ser o município de
Caetanópolis. As festas populares típicas do interior de Minas Gerais, folguedos que
influenciaram Clara Nunes ao longo de toda sua vida, estão representadas pelas alas 07, 08,
10 e 11, respectivamente, “Folia de Reis”, “Burrinhas”, “Congada” e “Pastorinhas”. A
mesma temática é abordada pelo terceiro casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira e pela ala 09,
esta última reunindo nossos Compositores e o Departamento Feminino. Eles representam os
“cantadores mineiros”, figuras importantes para o folclore local. O próprio pai de Clara,
Mané Serrador, foi mestre de canto numa Folia de Reis. Foram nestas festas, sincréticas em
sua essência, que Clara Nunes teve seu primeiro contato com a miscigenação cultural entre
as três raças que compõem o povo brasileiro.

Na sequência, com a presença de um tripé, o grupo “Operárias”, complementado pela ala 12,
“Tecelagem”, fazem referência ao primeiro emprego de Clara Nunes, ainda uma menina de
14 anos, que labutou numa fábrica de tecidos. Por sinal, esta fábrica, a Companhia Cedro &
Cachoeira, surgida em 1872, era a principal fonte de emprego e renda da região. Seu pai
havia nela trabalhado como marceneiro, e, de certa forma, este era o destino de todo jovem
morador daquele pequeno munícipio. Todavia, os sonhos de Clara eram bem maiores. Os
sonhos e a fé. Ao longo de sua infância e adolescência, ela recebeu grande influência da
religiosidade católica, que tem fortes raízes no interior mineiro. Isso é retratado pelas alas 13
e 14, respectivamente, “Folia do Divino” e “Sagrado Coração”, e pela terceira alegoria, que,

127
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

destacando o contraste entre a riqueza do barraco e a simplicidade das capelas, exalta a


religiosidade do interior mineiro e sua influência sobre a artista. Todo este setor compõe o
que chamamos de “A brasilidade mineira”, em que Clara Nunes, ainda jovem, incorporou a
essência das tradições culturais populares e a religiosidade católica, aspectos fundamentais
para sua identificação com o povo e a formação de sua brasilidade.

Com as bênçãos de Oxalá, o “pai de todos os Orixás”, representado pela ala 15, a Portela
começa a mostrar a influência da religiosidade afro-brasileira sobre Clara Nunes. Após
seguidos fracassos, Clara, tendo Adelzon Alves como produtor, investe na musicalidade do
povo negro do subúrbio. Juntamente com um novo repertório, a mineira incorpora em seu
visual elementos dos trajes usados pelo “povo de santo”, o que, aos poucos, passariam a
compor a imagem da cantora que ficou eternizada na memória dos brasileiros: vestidos
brancos, fios de conta, conchas e diversos outros elementos culturais afro-brasileiros. As alas
16 (Baianas) e 17, respectivamente, Yalorixás e Ekedis, mostram as duas principais figuras
femininas em um terreiro, cujas vestimentas tradicionais inspiraram as criações de Geraldo
Sobreira, estilista responsável pelo visual que Clara Nunes passaria a adotar. As Yalorixás,
também conhecidas como Mães-de-Santo, são as sacerdotisas dos terreiros, e, entre outras
funções espirituais, guiam a vida de seus filhos e filhas, orientando os caminhos a serem
seguidos. As Ekedis, “zeladoras dos Orixás”, precisam atender as necessidades das
entidades, por isso não entram em transe.

Ao longo de sua vida, Clara Nunes frequentou diversos terreiros, nas mais variadas partes do
Brasil. Em Olinda, Pai Edu afirmou que a mineira era filha de Oxum com Xangô. Clara
mudou sua forma de devoção, passando a usar fios de conta dourados e a entoar saudações
para a Deusa das águas doces. Nossos passistas (ala 18) rendem homenagem exatamente a
Oxum, Orixá associada à beleza e ao amor, que também ocupa o posto de protetora da
Portela. Eles são seguidos pela ala 19, a nossa bateria, representando o Ijexá, ritmo que
marca o toque festivo para Oxum nos carnavais de rua. Decerto, para muito além das
festividades do “povo de santo”, Clara Nunes ajudou a tornar o Ijexá um ritmo conhecido,
transformando-o em canções de enorme sucesso.

De todos os sacerdotes que influenciaram espiritualmente Clara Nunes, seguramente a mais


representativa foi Vovó Maria Joana, do morro da Serrinha. Em seu álbum “Brasil mestiço”,
lançado em 1980, a arte que ilustra a capa traz a cantora sobre o chão de terra batida do
terreiro de Madureira, ao lado da líder espiritual e do “povo de santo”. É esta velha senhora,
do alto de sua sabedoria, que confirma para Clara a devoção a Ogum e Iansã, seus “Orixás
de cabeça”. Até o final de sua vida, esta foi uma das mais fortes marcas da artista. Ogum,
Senhor da guerra, da agricultura e da metalurgia. Iansã, ou Oyá, Senhora dos ventos e das
tempestades, valente e de temperamento forte. Em nosso desfile, eles são representados,
respectivamente, pelas alas 20 e 21. Na sequência, nossa quarta alegoria, “Conto de areia”,
destaca Oxalá, o pai de todos, no alto como destaque central. Em sua volta, trazemos oito
Orixás do panteão africano: Ogum, Xangô, Oxossi, Omulu, Nanã, Yemanjá, Oxum e Iansã.
Eles representam a força da religiosidade afro-brasileira não apenas para a construção da
identidade visual e o repertório artístico de Clara Nunes, mas para a vida da cantora. Em

128
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

nosso desfile, todo este setor compõe o que definimos como “A brasilidade de raiz africana”,
a mais forte identificação entre Clara Nunes e a negritude, a fé compartilhada junto ao povo
de Madureira.

Em suas idas e vindas a Madureira, criando laços de amizade e participando de várias rodas
de samba em quintais, Clara Nunes se apaixona pela Portela. Ela gravou sambas-enredos que
nossa escola levou para a avenida, cantou ao lado dos intérpretes oficiais, e, muitas vezes,
foi apenas mais uma portelense desfilando feliz, despreocupada, brincando carnaval e
lutando pela conquista do campeonato. Destacando os motivos africanos, a ala 22, “Ilu-
Ayê”, assim como o grupo “Africanos”, que vem na sequência, fazem referência ao carnaval
da Portela de 1972, cujo enredo foi desenvolvido por Candeia e pelo Departamento Cultural.
O desfile foi uma homenagem à força da negritude, sendo o samba-enredo, composto por
Cabana e Norival Reis, incluído pela cantora no álbum “Clara Clarice Clara”, lançado no
mesmo ano. Trazendo motivos Indígenas, a ala 23, “Macunaíma, herói de nossa gente”, faz
referência ao carnaval de 1975 da Portela, em que a cantora interpretou o samba-enredo na
avenida. A ala 24, “Ressurreição das coroas – reisado, reino e reinado”, faz referência ao
desfile de 1983, última aparição de Clara no carnaval. Na sequência, nossa Galeria da Velha
Guarda (Ala 25) desfila prestando homenagem a sua eterna madrinha, ratificando os laços
que os unirão para sempre.

E quando de repente, num breve instante inesperado, a Sabiá alçou voo rumo ao infinito, um
verdadeiro “mar azul portelense” tomou as ruas da cidade em forma de devoção, o que é
representado pela ala 26. Clara Nunes deixou o plano terreno e virou mais uma estrela,
representada pela ala 27, “Onde canta a Sabiá”. Na vastidão da eternidade, será mais um
corpo brilhante na “Constelação Portelense” (ala 28), que faz alusão aos grandes nomes de
nossa escola que para sempre estarão em nossa memória.

Por fim, nossa quinta alegoria é uma homenagem ao altar sincrético que Clara Nunes
mantinha em sua casa, o que serviu de inspiração para o samba “Portela na Avenida”, de
Paulo Cesar Pinheiro, marido da cantora, e Mauro Duarte. O manto azul de Nossa Senhora
Aparecida simbolicamente se une à bandeira da Portela, na forma de devoção popular. A
Águia altaneira e o Divino Espírito Santo se tornam um só. As fronteiras entre “sagrado” e o
“profano” se misturam, como foi ao longo de toda vida de Clara. Nas laterais, estão os
componentes da Velha Guarda show e da Galeria da Velha Guarda, pastores que defendem
as cores da Portela. No Centro, os “amigos de Clara Nunes”, pessoas importantes para a
história da cantora, ao lado de sambistas que seguiram os passos da artista. É a procissão do
samba, que reúne gente da cidade e da favela, encerrando o desfile da majestade do samba.
A Sabiá partiu em direção as estrelas, onde continuará eternamente a nos iluminar. Todo
este último setor, intitulado “Portela, sob a sua bandeira o divino manto”, apresenta a forte
relação entre Clara Nunes e a Portela, uma devoção mútua que se perpetuará através dos
anos. A Sabiá será eterna na memória do povo de Madureira, que para sempre a ouvirá
cantar.

129
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE
1º SETOR - NAÇÃO

Comissão de Frente
RITUAL DO ENTARDECER
(com elemento cenográfico)

Guardiões do 1º Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A EXUBERÂNCIA DAS AVES TROPICAIS

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Marlon Lamar e Lucinha Nobre
SERES DE LUZ

Guardiões do 1º Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
A EXUBERÂNCIA DAS AVES TROPICAIS

Alegoria 01 – Abre-Alas
AS FORÇAS DA NATUREZA

2º SETOR – A BRASILIDADE DE MADUREIRA

Ala 01 – Comunidade 01
PIERRÔS

Ala 02 – Comunidade 02
COLOMBINAS

Ala 03 – Comunidade 03
BAIANINHAS E MALANDROS

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Yuri Souza e Camylla Nascimento
O PRIMEIRO CARNAVAL DA PORTELA

Ala 04 – Comunidade 04
PALHAÇOS
130
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Ala 05 – Comunidade 05
FRANCESES EM MADUREIRA

Ala 06 – Comunidade 06
MULHERES DE MADUREIRA

Alegoria 02
CARANAVAL EM MADUREIRA

3º SETOR – A BRASILIDADE MINEIRA

Ala 07 – Explode Coração


FOLIA DE REIS

3º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Emanuel Lima e Rosilaine Queiroz
FESTAS FOLCLÓRICAS DE MINAS

Ala 08 – Comunidade 07
BURRINHA

Ala 09 – Departamento Feminino e


Compositores
CANTADORES MINEIROS

Ala 10 – Amor e Paz


CONGADA

Ala 11 – Damas da Dodô


PASTORINHAS

Tripé
TECELAGEM
Grupo Operárias
OPERÁRIAS

Ala 12 – Coreografada 01
TECELAGEM

131
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

Ala 13 – Comunidade 08
FOLIA DO DIVINO

Ala 14 – Comunidade 09
SAGRADO CORAÇÃO

Alegoria 03
MINAS DE TODOS OS SANTOS

4º SETOR – A BRASILIDADE DE RAÍZ AFRICANA

Ala 15 – Águia na Folia


OXALÁ

Ala 16 – Baianas
YALORIXÁS

Ala 17 – Feijão da Vicentina


EKEDIS

Ala 18 – Passistas
OXUM

Rainha de Bateria
Bianca Monteiro
OYÁ ONIRA

Ala 19 – Bateria
IJEXÁ

Ala 20 – Sambart
OGUM

Ala 21 – Impossíveis
YANSÃ

Alegoria 04
CONTO DE AREIA

132
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

5º SETOR – PORTELA, SOB SUA BANDEIRA O DIVINO MANTO

Ala 22 – Raízes da Portela


ILU-AYÊ

Grupo Africanos
AFRICANOS

Ala 23 – Comunidade 10
MACUNAÍMA, HERÓI DE NOSSA
GENTE

Ala 24 – Mocotó
RESSURREIÇÃO DAS COROAS –
REISADO, REINO E REINADO

Ala 25 – Velha-Guarda
ALMA E CORAÇÃO PORTELENSE

Ala 26 – Comunidade 11
MAR AZUL PORTELENSE

Ala 27 – Comunidade 12
ONDE CANTA A SABIÁ

Ala 28 – Comunidade 13
CONSTELAÇÃO PORTELENSE

Alegoria 05
ALTAR DO SAMBA

133
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 AS FORÇAS DA NATUREZA Inspirada na capa do LP “Nação”, produzida por Elifas


Andreato, esta alegoria remete à essência da
brasilidade: o paraíso verde que encantou os
colonizadores e sempre caracterizou nosso país,
sobretudo diante dos olhares estrangeiros. As flores e a
vegetação reproduzem uma floresta tropical repleta de
araras, sabiás e outras aves canoras. A densa vegetação
é completada pelas “composições coreografadas”, que
fazem a mata ganhar vida. No alto, de forma
* Esse é o desenho artístico do imponente, nossa Águia surge planando sobre a
croqui original e serve apenas alegoria.
como referência, pois foram
realizadas modificações de estética
e de cor na execução da Alegoria. Destaque Central: Carlos Reis
Fantasia: O Canto da Natureza

Semidestaques: Monarco e Surica


Fantasia: Raízes da Portela

Semidestaque (frontal direito): Shaiene Cezário


Fantasia: As Cores da Mata

Semidestaque (frontal Esquerdo): Maria Alice


Alves
Fantasia: Florescer da Natureza

Semidestaque (Traseiro Esquerdo): Adriana Santos


Fantasia: Flora Tropical

Semidestaque (Traseiro Direito): Maria Fernanda


Fantasia: Natureza Exuberante

Composições: Seres das Matas

134
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa
02 CARNAVAL EM A alegoria reproduz a tela “Carnaval em Madureira”,
MADUREIRA de Tarsila do Amaral. Com ênfase no carnaval da
população suburbana, é com este trabalho que a
pintora modernista encontrou o povo e a brasilidade.
Em destaque, a imponente Torre Eiffel que, inspirada
na criatividade popular, Tarsila reproduziu em sua
obra. Deste quadro, também destacamos o morro, as
casinhas e as pedras do morro de São José, um dos
símbolos da região.
Como originalmente a tela reproduzia um coreto, as
composições representam figuras típicas do carnaval
de rua, em especial da década de 1920, que promovem
* Esse é o desenho artístico do um grande baile popular. A alegoria também ressalta a
croqui original e serve apenas excentricidade promovida não apenas pela construção
como referência, pois foram de uma Torre Eiffel em pleno subúrbio carioca, mas
realizadas modificações de estética pelo choque de culturas gerado pela presença dos
e de cor na execução da Alegoria. franceses que acompanharam Tarsila do Amaral na
visita ao bairro, em 1924. Misturando elementos
carnavalescos com a moda da Paris moderna, eles
ocupam os veículos que compõem o corso e a frente
da alegoria, completando o cenário da “moderníssima
Madureira”. No fundo, existem referências a outras
telas de Tarsila associadas ao movimento Pau-brasil,
como o “Vendedor de frutas” , “a feira” e “a Feira II”,
numa explosão de cores típicas desta fase da artista
paulista.

Destaque Central: Carlos Ribeiro


Fantasia: Arlequim

Destaque lateral Direito: Pipa Brasey


Fantasia: Folia de Madureira

Destaque lateral Esquerdo: Lindalva


Fantasia: Amor de Carnaval

Composições: Foliões do Mundo Inteiro

135
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Tripé Interagindo com o grupo “Operárias”, este tripé faz


referência ao primeiro emprego da jovem Clara
TECELAGEM Nunes, como operária numa fábrica de tecidos da
região onde nasceu. Os componentes desfilam como
se manuseassem os teares sob as bobinas de linha,
compondo os instrumentos que fizeram parte do ofício
da futura artista.

Destaque lateral direito: Paulo Brito


Fantasia: A Arte de Tecer

Destaque lateral esquerdo: Wagner Mendes


Fantasia: Fios e Tramas
* Esse é o desenho artístico do
croqui original e serve apenas
como referência, pois foram
realizadas modificações de
estética e de cor na execução da
Alegoria.

136
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 MINAS DE TODOS OS Nascida em Paraopeba, numa região que hoje é o


SANTOS município de Caetanópolis, Clara Nunes sempre teve
contato com a brasilidade do interior mineiro. Esta
alegoria ressalta a religiosidade católica, que,
mesclada às tradições populares, exerceu grande
influência sobre a futura artista. O tradicional barroco,
riqueza que faz as igrejas mineiras serem conhecidas
no mundo inteiro, destaca-se em volta de uma típica
igreja interiorana. As composições nas escadarias, aos
pés da igrejinha, lembram o povo simples do interior.
As composições nas laterais e no alto representam a
* Esse é o desenho artístico do religiosidade.
croqui original e serve apenas
como referência, pois foram Destaque Central alto: Rosane Figueiredo
realizadas modificações de estética Fantasia: Arte Sacra
e de cor na execução da Alegoria.
Destaque Central baixo: Marsília Lopes
Fantasia: A Religiosidade Mineira

Destaque lateral direito: Ricardo Guedes


Fantasia: Arcanjo Gabriel

Destaque lateral Esquerdo: Alan Taillard


Fantasia: Arcanjo Miguel

Destaque frontal esquerdo: Glória Pires


Fantasia: Amélia Gonçalves Nunes (Mãe de Clara
Nunes)

Destaque frontal direito: Orlando Morais


Fantasia: Mané Serrador (Pai de Clara Nunes)

Composições no interior do carro: Povo do Interior

Composições laterais e no alto: Imagens da Fé

137
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 CONTO DE AREIA A religiosidade afro-brasileira sempre foi uma das


características marcantes de Clara Nunes. Esta
alegoria, que traz Oxalá como destaque principal,
apresenta outros oito Orixás do panteão africano:
Ogum, Oxossi, Xangô, Omulu, Nanã, Oxum, Yemanjá
e Yansã. Cada um destes Orixás está associado ao seu
animal específico, que sobressai entre os búzios e
outros elementos que remetem à cultura africana.

Na frente e atrás da alegoria, as estátuas e a arquitetura


* Esse é o desenho artístico do remetem a elementos culturais africanos. As
croqui original e serve apenas composições, espalhadas pela alegoria e nos “queijos”
como referência, pois foram laterais, são Iaôs.
realizadas modificações de estética
e de cor na execução da Alegoria. Destaque Central alto: Nil de Yomonjá
Fantasia: Oxalá

Semidestaque frente: Teba


Fantasia: Magia Africana

Semidestaques centro: Orixás (Ogum, Oxossi,


Xangô, Omolu, Nanã, Oxum, Yemanjá e Yansã

Composições: Iaôs

138
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Rosa Magalhães
Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 ALTAR DO SAMBA A música “Portela na Avenida”, de Paulo Cesar Pinheiro e


Mauro Duarte, sucesso na voz de Clara Nunes, foi inspirada
no altar que a cantora mantinha em casa para praticar sua
devoção pessoal. Uma Santa negra com seu manto azul,
uma Águia tão sagrada quanto o Divino Espírito Santo, as
estrelas do céu encontrando as conchas do mar. Tudo isso é
a cara da Portela, de Clara Nunes e do Brasil. É a própria
essência sincrética e miscigenada da brasilidade. Nossa
última alegoria faz referência a este altar pessoal da artista.
Elementos católicos e afro-brasileiros se misturam, pois,
para o povo, assim como para Clara, essas distinções são
* Esse é o desenho artístico do bem menos rígidas do que para as teologias oficiais. O
croqui original e serve apenas manto de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e o da
como referência, pois foram Portela simbolicamente se misturam, sob as benções de
realizadas modificações de estética nossa Velha Guarda. Na frente, os amigos de Clara Nunes
e de cor na execução da Alegoria. reverenciam a grande homenageada, que retorna para mais
uma vez encantar a avenida.

Destaque Central Baixo: Yolanda Bastos


Fantasia: Clara Nunes

Semidestaques laterais baixos: Paulinho da Viola e


Marisa Monte - Fantasia: Estrelas da Portela

Destaque Central alto: Rogéria Meneguel


Fantasia: Brilho das Estrelas

Destaque lateral direito: Neide Chaves


Fantasia: Simbologia das Conchas

Destaque lateral Esquerdo: Carlos Martins


Fantasia: A Magia do Mar

Semidestaque Esquerdo: Eliane


Fantasia: Mistério do Mar

Semidestaque direito: Geruza


Fantasia: O Canto das Ondas

Composições: Sincretismo

139
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01
Carlos Reis (Central) Hair Stylist
Fantasia: O Canto da Natureza

Monarco e Surica (semidestaques) Músicos


Fantasia: Raízes da Portela

Shaiene Cezário (Semidestaque frontal direito) Modelo


Fantasia: As Cores da Mata

Maria Alice Alves (Semidestaque frontal esquerdo) Veterinária


Fantasia: Florescer da Natureza

Adriana Santos (Semidestaque traseiro esquerdo) Empresária


Fantasia: Flora Tropical

Maria Fernanda (Semidestaque traseiro direito) Advogada


Fantasia: Natureza Exuberante

Alegoria 02
Carlos Ribeiro (Central) Advogado
Fantasia: Arlequim

Pipa Brasey (Lateral direito) Cantora


Fantasia: Folia de Madureira

Lindalva (Lateral esquerdo) Professora


Fantasia: Amor de Carnaval

Tripé: Tecelagem
Paulo Brito (Direita) Empresário
Fantasia – A Arte de Tecer

Wagner Mendes (Esquerda) Empresário


Fantasia: Fios e Tramas

140
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 03
Rosane Figueiredo (Central alto) Atriz
Fantasia: Arte Sacra

Marsília Lopes (Central Baixo) Aposentada


Fantasia: A Religiosidade Mineira

Ricardo Guedes (Lateral direito) Empresário


Fantasia: Arcanjo Gabriel

Alan Taillard (Lateral esquerdo) Empresário


Fantasia: Arcanjo Miguel

Glória Pires (Destaque frontal esquerdo) Atriz


Fantasia: Amélia Gonçalves Nunes
(Mãe de Clara Nunes)

Orlando Morais (Destaque frontal direito) Músico


Fantasia: Mané Serrador (Pai de Clara Nunes)

Alegoria 04
Nil de Yomonjá (Central) Pai de Santo
Fantasia: Oxalá

Teba (Semidestaque frente) Modelo


Fantasia: Magia Africana

Alegoria 05
Yolanda Bastos (Central baixo) Atriz
Fantasia: Clara Nunes

Paulinho da Viola e Marisa Montes Músicos


(laterais frontais)
Fantasias: Estrelas Portelenses

141
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 05 (Continuação)
Rogéria Meneguel (Central alto) Ator
Fantasia: O Brilho das Estrelas
Neide Chaves (Lateral direito) Autônoma
Fantasia: Simbologia das Conchas
Carlos Martins (Lateral esquerdo) Cabelereiro
Fantasia: A Magia do Mar
Eliane (Semidestaque esquerdo) Empresária
Fantasia: O Mistério do Mar
Geruza (Semidestaque direito) Empresária
Fantasia: O Canto das Ondas

Local do Barracão
Rua Rivadávia Corrêa, 60. Galpão 06 – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
Higor Machado
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Roberto Romário Fábio Cristiano
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Jucelino, Andrea e Glinston Gilmar
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Mario Sérgio Cal
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Luis - Borracheiro
Mauro - Geradores
Nino - Fibra e Empastelação
Sandro - Vidraceiro
Thiago - Decoração
Alex - Espuma
Carlos Henrique - Placas
Serginho - Equipe de Motoristas
João Batista e Dani Cavanellas - Coreógrafos do Carro 01

Diretores de carro: Elisa Fernandes, Val Gomes, Ricardo Costa, Luciano, Fábio Loyo e
Elisabeth Sá.

142
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

* A Exuberância Protetores do primeiro casal de Guardiões do Camille Salles


das Aves mestre-sala e porta-bandeira, os 1º Casal e
Tropicais guardiões fazem alusão à capa do Mestre-Sala e
álbum Nação, último da carreira de Porta-Bandeira
Clara Nunes, que inspira o primeiro (2018)
setor da Portela em 2019.

01 Pierrôs Fazendo alusão à folia de Madureira Comunidade Departamento


que inspirou Tarsila do Amaral, a 01 de Harmonia
fantasia de pierrô era uma das mais (2002)
tradicionais no carnaval de 1924. Os
desenhos nas estampas remetem à
padronização daquela década.

02 Colombinas Assim como os pierrôs, as Comunidade Departamento


tradicionais colombinas enfeitavam 02 de Harmonia
as ruas da cidade nos carnavais da (2002)
década de 1920.

143
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

03 Baianinhas e Nesta ala, que reúne nossos Comunidade Departamento


Malandros cadeirantes e demais portadores de 03 de Harmonia
necessidades especiais, fazemos (2002)
referência aos Malandros e
Baianinhas, tradicionais figuras dos
carnavais da década de 1920, em
especial na região de Madureira.

04 Palhaços Com estampas que remetem à Comunidade Departamento


década de 1920, os coloridos 04 de Harmonia
palhaços eram figuras sempre (2002)
presentes nos carnavais de rua
daquele tempo.

144
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
05 Franceses em O encontro do europeu com o Comunidade Departamento
Madureira carnaval carioca, tal qual acontece 05 de Harmonia
nos dias de hoje, promove um (2002)
choque de culturas bastante
peculiar. Na visão da Portela, os
franceses que acompanharam
Tarsila do Amaral até Madureira
são contagiados pela alegria
suburbana, integrando-se à folia
usando roupas de marinheiro e
cocares indígenas.

06 Mulheres de No quadro “Carnaval em Comunidade Departamento


Madureira Madureira”, de 1924, em que 06 de Harmonia
Tarsila eleva o povo suburbano à (2002)
condição de elemento central nas
discussões sobre a brasilidade, os
personagens femininos são
representados de maneira singular.
Com cinco cores diferentes, esta
fantasia faz referência às mulheres
retratadas pela pintora modernista.

* Fantasia em cinco
cores diferentes:
amarelo, rosa, azul,
vermelho e verde.

145
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

07 Folia de Reis Nascida no interior mineiro, desde a Explode Egídio Cruz


infância a jovem Clara Nunes viveu Coração
intensamente a brasilidade que (1972)
pulsava das expressões populares de
sua região. Esta ala faz referência a
Folia de Reis, com as fitas,
estandarte e máscaras remetendo à
vestimenta tradicional desta
manifestação folclórica.

08 Burrinha Tendo origem nas Cavalhadas, as Comunidade Departamento


brincadeiras de Burrinha eram 07 de Harmonia
comuns no interior do Estado de (2002)
Minas Gerais. Esta fantasia faz
referência a este folguedo popular.

146
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

09 Cantadores Nas manifestações folclóricas do Departamento Aldaleia Rosa


Mineiros interior de Minas Gerais, os Feminino / Negra, Jane
cantadores populares tinham papel Compositores Garrido,
de destaque. O pai de Clara Nunes, (1932) Walter Alverca
Mané Serrador, exerceu este papel e Arlindo
numa Folia de Reis. Esta ala, que Matias
reúne o Departamento Feminino e
os compositores da Portela, retrata
os “cantadores mineiros”.

10 Congada Representando outra manifestação Amor e Paz Rosane


importante do folclore popular (2014) Figueiredo
mineiro, esta fantasia, com destaque
para as coroas e fitas, remete a
Congada, expressão cultural comum
na região de Caetanópolis. Clara,
inclusive, gravou uma canção que
faz referência a este folguedo, uma
composição de Romildo e Toninho
Nascimento.

147
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
11 Pastorinhas Neste carnaval de 2019, a Damas do Departamento
tradicional ala das Damas da Dodô de Harmonia
Portela, um dos orgulhos da eterna (1966)
Dona Dodô, representa as
“Pastorinhas”, manifestação
folclórica famosa do interior
mineiro, especialmente em
Caetanópolis, que ocupam as ruas da
cidade no período de festejos
natalinos.

* Operárias Interagindo com o “tripé Grupo João Batista e


tecelagem”, este grupo encena, no Operárias Dani
vai e vem dos teares, o trabalho das (2018) Canavellas
operárias da fábrica de tecidos
Cedro & Cachoeira, primeiro
emprego de Clara Nunes, aos 14
anos de idade, ainda em
Caetanópolis.

12 Tecelagem Destacando os fios e as bobinas de Coreografada João Batista e


tecido, esta fantasia também faz 01 Dani
referência à fábrica de tecidos que (2018) Canavellas
Clara Nunes, e, na verdade, grande
parte de seus parentes e vizinhos,
trabalhavam. Mais tarde, já em Belo
Horizonte, a futura estrela vai
continuar a trabalhar numa fábrica
de tecidos para manter-se na capital
mineira, enquanto sonhava fazer
sucesso como cantora.

148
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
13 Folia do Divino Fazendo referência à influência do Comunidade Departamento
catolicismo sobre a jovem Clara 08 de Harmonia
Nunes, a fantasia, numa alusão à (2002)
riqueza do barroco, ressalta uma
das festas mais tradicionais do
interior mineiro. Destaque para a
Pomba branca do Divino Espírito
Santo, a terceira pessoa da
Santíssima Trindade.

14 Sagrado Coração Tradicional solenidade católica, Comunidade Departamento


cultuada no dia seguinte ao Corpus 09 de Harmonia
Christi e nas primeiras sextas-feiras (2002)
de cada mês, a fantasia faz
referência à riqueza do barroco no
interior mineiro, com destaque para
a figura do Santo e o Sagrado
Coração como se estivesse
entalhado na madeira.

15 Oxalá O Orixá maior, associado à criação Água na Folia Renata


do mundo e dos seres humanos, (1997) Vasconcelos
abre o setor da brasilidade que
herdamos de nossas raízes
africanas. Sincretizado com Jesus
Cristo na tradição popular, suas
imponentes vestes brancas tem
como destaque a pomba no alto da
cabeça.

149
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

16 Yalorixás Nossa tradicional ala das baianas faz Baianas Jane Carla
referência às mães-de-santo, a líder (1932)
espiritual nos terreiros de Umbanda
e Candomblé. De todas as Yalorixás
que influenciaram Clara Nunes, a
mais representativa foi Vovó Maria
Joana, do morro da Serrinha, em
Madureira.

17 Ekedis A tradicional ala “Feijão da Feijão da Tia Surica


Vicentina”, sob o comando de Tia Vicentina
Surica, representa as Ekedes. São (2005)
elas que cuidam das necessidades
das entidades, por isso não entram
em transe. Quando Clara Nunes
resolve direcionar sua carreira para
cantar os ritmos musicais de origem
africana, seu visual foi inspirado nas
vestes do “povo de santo”.

18 Oxum Exibindo a riqueza da Orixá Passistas Nilce Fran


associada ao amor, a ala de passistas (1932)
da Portela, com suas vestes
douradas, representa Oxum, a
protetora da Portela. Durante um
momento de sua vida, Clara Nunes
adorou a Rainha das Águas Doces
como sua mãe.

150
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

19 Ijexá Batendo forte em seus tambores, a Bateria Nilo Sérgio


bateria da Portela, comandada por (1932)
Mestre Nilo Sérgio, representa o
Ijexá, ritmo festivo dedicado a
Oxum. Para além da religiosidade
afro-brasileira, Clara Nunes gravou
este gênero musical e ajudou a
torná-lo popular em todo Brasil.

20 Ogum Orixá Guerreiro, especialmente Sambart Jerônimo


importante por ser o protetor da (1988) Patrocínio
cantora Clara Nunes, caracterizado
pela cor azul. Entre suas
ferramentas destaca-se a espada,
forjada por ele próprio, uma vez
que Ogum é também o senhor do
ferro. A tradicional ala sambart
encena sua dança na avenida.

21 Yansã Yansã, ou Oya, é a senhora dos Impossíveis Nilce Fran


ventos e das tempestades, (2018)
conhecida por seu temperamento
forte, um dos “Orixás de cabeça”
de Clara Nunes. No Candomblé,
suas cores são o vermelho e o
marrom. A ala dos impossíveis
encena sua dança na avenida.

151
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

22 Ilu-Ayê Em suas idas e vindas até Raízes da Luciano Luck


Madureira, Clara Nunes encontrou a Portela
Portela. Com motivos africanos, esta (1995)
fantasia faz referência ao carnaval
de 1972 de nossa escola, Ilu-aiê,
cujo samba ela gravou em um de
seus álbuns.

* Africanos Ainda fazendo referência ao Grupo Departamento


carnaval da Portela de 1972, este Africanos de Harmonia
grupo destaca as ráfias e os totens (2002)
africanos, que marcaram
visualmente aquele desfile.

23 Macunaíma, Com motivos indígenas, esta Comunidade Departamento


Herói de Nossa fantasia faz referência ao carnaval 10 de Harmonia
Gente da Portela de 1975, “Macunaíma, (2002)
herói de nossa gente”, em que, ao
lado do compositor David Corrêa,
Clara Nunes interpretou o samba na
avenida.

152
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

24 Ressurreição das Com uma coroa em destaque, esta Mocotó Sergio Santana
Coroas – fantasia faz referência ao carnaval (1972)
Reisado, Reino e de 1983 da Portela, “Ressurreição
Reinado das coroas – reisado, reino e
reinado”, que marcou o último
desfile de Clara Nunes. Um trabalho
inesquecível de Edmundo Braga e
Paulino Espírito Santo.

25 Alma e Coração Guardiões da memória portelense, Velha-Guarda Roberto


Portelense nossos Velhas Guardas hoje (1932) Camargo
desfilam reverenciando sua eterna
madrinha Clara Nunes.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Rosa Magalhães
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
26 Mar azul Um dia, de maneira inesperada, o Comunidade Departamento
Portelense menino Deus chamou Clara Nunes. 11 de Harmonia
Para reverenciar a artista, um “mar (2002)
de portelenses” tomou as ruas da
cidade. Até hoje, a relação entre a
artista e os torcedores de nossa
escola é de devoção. A fantasia é
inspirada no trabalho de Viriato
Ferreira, em 1981, ano em que a
Portela levou para a avenida o
enredo “Das maravilhas do mar fez-
se o esplendor de uma noite”.

27 Onde Canta a Mirando à eternidade, a sabiá alçou Comunidade Departamento


Sabiá voo rumo ao infinito, tornando-se 12 de Harmonia
uma estrela cintilante. (2002)

28 Constelação “Nossas estrelas no Céu estão em Comunidade Departamento


Portelense festa”, diz o nosso samba para 2019. 13 de Harmonia
O firmamento azul e branco está (2002)
repleto de estrelas. São portelenses
que brilharam intensamente em
vida, e, em algum lugar na vastidão
do espaço, continuam a nos
iluminar. Clara Nunes hoje é um
dos mais brilhantes astros desta
constelação.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadávia Correa, 60 – Barracão 06 – 4º andar
Diretor Responsável pelo Atelier
Nívea Martini e Alessandra Cadore
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Vânia Luciano Costa
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Luciano Costa, Vera, Proença, Paulinha, Washington
Rogério, Robinho, Wagner, Luis Claudio, Luis
Cavalcanti, Luciano Almeida e Anthony
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Vitor - Vime
Almir e Junior - Arame
Carlos Henrique - Placas
Gilmar e Gilberto - Sublimação
Guilherme - Sapato
Guilherme Camilo - Maquiagem
Alex - Espuma
Gilmar - Pintura
Devilson - Corte

Outras informações julgadas necessárias

As imagens dos croquis reproduzidas nas fichas são originais e servem apenas como referência,
pois foram realizadas modificações na execução das fantasias, de acordo com materiais
disponíveis no mercado.

155
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Jorge do Batuke, Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, Beto Aquino,
Enredo Claudinho Oliveira, José Carlos, Zé Miranda, D´Souza e
Araguaci
Presidente da Ala dos Compositores
Jane Garrido, Valter Alverca e Arlindão Matias
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
100 Noca da Portela Thiago na Fé
(cem) 86 anos 26 anos
Outras informações julgadas necessárias
Axé... sou eu
Mestiça, morena de Angola, sou eu
No palco, no meio da rua, sou eu
Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar
Que o mar... de Oswaldo Cruz a Madureira
Mareia... a brasilidade do “Meu lugar”
Nos versos de um cantador
O canto das raças a me chamar
De pé descalço no templo do samba estou
É rosa, é renda, pra Águia se enfeitar
Folia, furdunço, ijexá
Na festa de Ogum Beira-Mar
É ponto firmado pros meus orixás
Eparrei Oyá, Eparrei...
Sopra o vento, me faz sonhar
Deixa o povo se emocionar (refrão)
Sua filha voltou, minha mãe
Pra ver a Portela tão querida
E ficar feliz da vida
Quando a Velha Guarda passar
A negritude aguerrida em procissão
Mais uma vez deixei levar meu coração
A Paulo, meu professor
Natal, nosso guardião
Candeia que ilumina o meu caminhar
Voltei à Avenida saudosista,
Pro Azul e Branco modernista... eternizar
Voltei, fiz um pedido à Padroeira
Nas Cinzas desta Quarta-feira... comemorar
Nossas estrelas no céu estão em festa
Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá
No canto de um Sabiá (refrão)
Sambando até de manhã
Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

"Axé... sou eu
Mestiça, morena de Angola, sou eu..."
O samba da Portela para o carnaval de 2019 é cantado na primeira pessoa, ou seja, pela própria
Clara Nunes. Na visão de nossos compositores, ela retorna à Terra, em pleno carnaval, e se
apresenta aos portelenses para acompanhar o desfile em sua homenagem.

"No palco, no meio da rua, sou eu


Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar
Que o mar... de Oswaldo Cruz a Madureira
Mareia... a brasilidade do "Meu lugar”..."
Clara vê o coreto, o “palco no meio da rua”, e se lembra de quantas vezes cantou junto ao povo do
samba. O “Mar de gente” que ocupa as ruas do subúrbio, feliz em brincar carnaval no “Meu
Lugar”, usando um termo eternizado por Arlindo Cruz e Mauro Diniz para caracterizar
Madureira, é a essência da brasilidade que sempre pulsou neste bairro, o que não fugiu ao olhar da
pintora Tarsila do Amaral.

"Nos versos de um cantador


O canto das raças a me chamar..."
A mesma brasilidade é cantada pela população simples do interior mineiro, que, nas festas
populares, exalta o encontro cultural das três raças que formou o nosso povo.

"De pé descalço no templo do samba estou


É rosa, é renda, pra Águia se enfeitar
Folia, furdunço, ijexá
Na festa de Ogum Beira-mar
É ponto firmado pros meus orixás..."
Humildemente, Clara reverencia o “povo de santo”, de quem herdou alguns de seus ritmos
característicos e os enfeites que ornamentaram seu visual. Ela era de Umbanda, mas sua
espiritualidade misturava diversas crenças.

"Eparrei Oyá, Eparrei...


Sopra o vento, me faz sonhar
Deixa o povo se emocionar (refrão)
Sua filha voltou, minha mãe..."
Emocionada, saudando sua mãe Oyá, Senhora dos ventos e das tempestades, Clara anuncia que
está de volta.

157
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias


"Pra ver a Portela tão querida
E ficar feliz da vida
Quando a Velha Guarda passar
A negritude aguerrida em procissão
Mais uma vez deixei levar meu coração..."
Clara reencontra a Portela. Ela se encanta ao rever a Velha Guarda, segmento da qual é madrinha,
ficando feliz ao ver novamente a procissão do samba, isto é, a mesma negritude aguerrida
desfilando na avenida.

"A Paulo, meu professor


Natal, nosso guardião
Candeia que ilumina o meu caminhar..."
Ela se recorda dos ensinamentos de Paulo, nosso principal fundador. Lembra-se de Natal, nosso
grande líder e guardião, que a convidou para puxar sambas-enredo na avenida. Ela se lembra de
Candeia, militante da causa negra, amigo que tanto a inspirou em sua fase de maior sucesso como
cantora. Ele é um dos autores do enredo de 1972 da Portela, cujo samba ela gravou no álbum que
alavancou sua carreira.

"Voltei à Avenida saudosista,


Pro Azul e Branco modernista... eternizar..."
Clara volta à avenida com saudade da velha Portela, mas fica feliz ao encontrar uma escola
renovada, que se moderniza e se perpetua através dos anos.

"Voltei
Fiz pedido à Padroeira
Nas Cinzas desta Quarta-feira... comemorar..."
Seguindo sua fé sincrética, ela fez um pedido a Padroeira para ganhar o carnaval!

"Nossas estrelas no céu estão em festa


Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá
No canto de um Sabiá (refrão)
Sambando até de manhã
Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã."
Por fim, irmanada ao povo, Clara e todas as estrelas da constelação portelense estão em festa.
Nossa escola desfila sob a benção de todos os Santos e Orixás. O Sabiá canta feliz diante do
público, saudando seus “Orixás de cabeça”. “Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Nilo Sérgio
Outros Diretores de Bateria
Nilson (responsável pelo repique), Daniel (responsável pelas caixas), Jorge André (responsável
pelas marcações), Paulo Neto e Richard (responsáveis pelos chocalhos), Raul (responsável pelos
tamborins), Arsênio (responsável pelas cuícas), Pablo (responsável pelas terceiras), Sidclay
(responsável pelos agogôs), Douglas, Vitinho e Demétrios.
Total de Componentes da Bateria
274 (duzentos e setenta e quatro) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
11 11 13 - -
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
100 - 36 - 30
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
01 24 24 - 24
Outras informações julgadas necessárias

Bateria
Fantasia: Ijexá

Rainha de bateria: Bianca Monteiro


Fantasia: Oya Onira
O que representa: Qualidade de Iansã, igualmente guerreira, mas que, por ser uma mãe de água
doce, é muito próxima a Oxum. Destaca-se pelo uso de cores mais suaves e pela simbologia da
borboleta.

Nilo Sérgio - Herdeiro de Mestre Marçal, Nilo Sérgio é três vezes vencedor do prêmio Estandarte de
Ouro de Melhor Bateria, em 2010, 2012 e 2013, além de ter ganhado o prêmio de Revelação em sua
estreia. Desde o carnaval de 2006 é Mestre de bateria da Portela, sagrando-se campeão em 2017.

159
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Chopp, Leo Brandão, Nilce Fran, Márcio Emerson, Jorge Barbosa, Servolo Alves e Walter Moura
Outros Diretores de Harmonia
Alan Aniceto, Alexandre de Melo Costa, Alexandre José, Alaxandre Marcelino, Alexsander
Campos, Almir Bueno, Anderson Marques, André Casentino, Andre Luiz Siqueira, Andreia
Neves, Angela Gago da Costa, Camila dos Santos Lúcio, Carina Obelar, Carla Teixeira, Carlos
Ary, Cesar de Souza, Charles Azevedo, Claudio Roberto, Cleber dos Santos, Cristiane
Montemurro, Daniele Andrade Mendes, Danielle Assad, Edilário Alex dos Santos, Edison Jacob,
Edivaldo Macario, Fabrício Neves, Fausto Antunes, Gilberto Rio Branco Junior, Glauco
Monteiro, Guilherme Rodrigues, Haynna Barboza Salgado, Igor Casini, Iza Vila Nova, José
Carlos Paes, José Luiz da Costa, José Osier de Melo Almeida, Josenado de Barros, Julio Cesar
Gonçalves, Jussara Costa dos Santos, Kaio Monteiro Pimentel, Leandro Germano, Leonardo
Fartura, Luiz Carlos da Silva, Luiz Carlos da Silva, Luiz Eduardo Freitas, Lorene da Silva G.
Campos, Marcelo Fernandes, Marcelo Luis Kletter Gonçalves, Marcelo Nogueira Pereira,
Marcelo Pereira Ribeiro, Marcius Osni Marcolino, Maria José F. dos Santos, Moacyr Antônio,
Monica Nogueira, Nelson da Silva Cardoso, Nivaldo Meirelles, Norimar dos Santos, Paulo
Campos, Paulo de Almeida, Paula Nogueira, Regina Célia Galvão, Renato Tadeu da Silva,
Rhuanderson Santos de Albuquerque, Ricardo Machado, Rita de Assis, Rogério Cardoso Freitas,
Selma de Jesus, Tearruce Macedo, Valdemir Pinto do Nascimento, Vinicius Cruz Pacheco, Vitor
Bruno, Vitor Leite e Waldir Cabral.
Total de Componentes da Direção de Harmonia
80 (oitenta) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
Gilsinho (intérprete oficial), Niu Souza, Edinho, Clebinho, Felipe Tinoco, Luiz Paulo, Fabinho e
Rafael
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Cavaco – Gabriel, Felipe Sorriso e Julio
Violão – Igor
Outras informações julgadas necessárias

Locutor: Boca

Gilsinho: Filho de Jorge do Violão, músico da Velha-Guarda da Portela, Gilsinho começou sua
carreira em São Paulo, passando por escolas como Vai-Vai, Barroca da Zona Sul e Vila Maria. No
Carnaval carioca, estreou na Portela, em 2006, permanecendo como primeiro intérprete de nossa
agremiação até 2013. Nesse período, além de conseguir forte identificação com a Escola, foi
agraciado, em 2012, com o prêmio Estandarte de Ouro. Após breve passagem pela Unidos de Vila
Isabel, retornou para a Portela no Carnaval de 2016, contribuindo para a conquista do título
portelense de 2017.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Chopp, Leo Brandão, Nilce Fran, Márcio Emerson, Jorge Barbosa, Servolo Alves e Walter
Moura, Fábio Pavão, Junior Schal, Marcos Aurélio Fernandes e Claudinho Portela.
Outros Diretores de Evolução
- Alan Aniceto, Alexandre de Melo Costa, Alexandre José, Alaxandre Marcelino, Alexsander
Campos, Almir Bueno, Anderson Marques, André Casentino, Andre Luiz Siqueira, Andreia
Neves, Angela Gago da Costa, Camila dos Santos Lúcio, Carina Obelar, Carla Teixeira, Carlos
Ary, Cesar de Souza, Charles Azevedo, Claudio Roberto, Cleber dos Santos, Cristiane
Montemurro, Daniele Andrade Mendes, Danielle Assad, Edilário Alex dos Santos, Edison Jacob,
Edivaldo Macario, Fabrício Neves, Fausto Antunes, Gilberto Rio Branco Junior, Glauco
Monteiro, Guilherme Rodrigues, Haynna Barboza Salgado, Igor Casini, Iza Vila Nova, José
Carlos Paes, José Luiz da Costa, José Osier de Melo Almeida, Josenado de Barros, Julio Cesar
Gonçalves, Jussara Costa dos Santos, Kaio Monteiro Pimentel, Leandro Germano, Leonardo
Fartura, Luiz Carlos da Silva, Luiz Carlos da Silva, Luiz Eduardo Freitas, Lorene da Silva G.
Campos, Marcelo Fernandes, Marcelo Luis Kletter Gonçalves, Marcelo Nogueira Pereira,
Marcelo Pereira Ribeiro, Marcius Osni Marcolino, Maria José F. dos Santos, Moacyr Antônio,
Monica Nogueira, Nelson da Silva Cardoso, Nivaldo Meirelles, Norimar dos Santos, Paulo
Campos, Paulo de Almeida, Paula Nogueira, Regina Célia Galvão, Renato Tadeu da Silva,
Rhuanderson Santos de Albuquerque, Ricardo Machado, Rita de Assis, Rogério Cardoso Freitas,
Selma de Jesus, Tearruce Macedo, Valdemir Pinto do Nascimento, Vinicius Cruz Pacheco, Vitor
Bruno, Vitor Leite e Waldir Cabral
Total de Componentes da Direção de Evolução
84 (oitenta e quatro) componentes
Principais Passistas Femininos
Viviane Silveira, Thamires Matos, Fernanda Coelho, Ana Paula e Amanda Oliveira
Principais Passistas Masculinos
Anderson Costa, Felipe Nascimento, Flávio Portella, Renan Brito e Reynnan Souza
Outras informações julgadas necessárias

Coordenadora da Ala de Passistas: Nilce Fran

Nilce Fran: Passista consagrada na Portela, com passagem pela Estação Primeira de Mangueira,
em 2012 foi vencedora do prêmio Estandarte de Ouro de Melhor Passista Feminino.

161
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
-
Diretor Geral de Carnaval
Fábio Pavão, Claudinho Portela, Marcos Aurélio Fernandes e Junior Schal
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Jane Carla
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Dulcinea Oliveira Lívia Cardoso
(oitenta) 81 anos 32 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Roberto Camargo
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
100 Sebastião José de Lima Dayse Lúcia Jermias
(cem) 91 anos 62 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Monarco, Surica, Mariene de Castro, Carlinhos de Jesus, Marisa Monte, Paulinho da Viola,
Sheron Menezes, Maria Rita, Glória Pires e Orlando Moraes
Outras informações julgadas necessárias

Diretor Financeiro: Felipe Guimarães

Assistentes da Direção de Carnaval: Marcos Vinícios e Nívea Martini

Assistentes da Carnavalesca: Alessandra Cadore e Mauro Leite.

Almoxarifado: Ed e Dudu

Técnico de Segurança do trabalho: Felipe Sorriso

Secretárias barracão: Rosana Rosa e Eliane Paiva

Secretária quadra: Jaqueline Gomes

162
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Carlinhos de Jesus
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Carlinhos de Jesus
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 11 04
(quinze) (onze) (quatro)
Outras informações julgadas necessárias

Ritual do entardecer

É cheiro de mato! É terra molhada! É o horizonte rajado de vermelho e laranja colorindo o pôr do
sol.

Em nossa “Comissão de Frente”, as Guerreiras de Iansã, em gestos fortes e corajosos, ora em


ataque e defesa, ora em adoração e proteção, sacodem seus eruexins como poderosos escudos,
limpando e abrindo os caminhos da Portela. Elas se movimentam de forma ágil e determinada,
convocando as energias da natureza. O barravento anuncia a essência da espiritualidade de Clara
Nunes, manifestada a partir de sua “Orixá de cabeça”. “Sua filha voltou, minha mãe”. E assim,
com as bênçãos de todos os santos e guias, emanando o sincretismo tipicamente brasileiro, neste
carnaval ouviremos novamente cantar a Sabiá.

Uma cena litúrgica, um ritual ancestral de renascimento para evocar a essência da filha de Oya. A
filha que fazia da sua voz uma oblação aos ancestrais quando batia no peito, opulenta e orgulhosa,
para declarar o sagrado nome e a força dos seus pais. Teve como crisma o título de Guerreira,
concedido apenas aos fortes e sem temores. É um título da bravura, porém, com graça e ternura.
São essas mesmas características que constroem as “Guerreiras de Iansã”, mulheres destemidas e
respeitosas, guardiãs do sagrado altar e do etéreo nele guardado. É lá que está, sob a égide da
Deusa dos ventos, toda a essência dessa voz que era iluminada por um sorriso que cantou o amor,
a religiosidade e a paz.

Em respeito e devoção à Sabiá, as Guerreiras, no êxtase profundo do seu ritual, curvam-se para a
cantora Mariene de Castro, que surge vestida nas cores que deu origem ao nome Yansã, “mãe do
entardecer”. A Orixá que tem o poder da transformação e do renascimento das borboletas, que são
o encantamento da magia e do amor. Ela reverencia e canta com louvor, para o público da
Sapucaí, a frase que definiu Clara Nunes: “Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã.”. Sua
voz é o sopro que transcende o plano terreno. O seu cantar é a comunicação com o sagrado. É a
Portela chamando sua filha para ser celebrada. Canta meu sabiá, a Sapucaí é sua!

163
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Em um respeitoso show, Mariene de Castro trouxe a musicalidade de Clara. Hoje, traz o sorriso
iluminado, o rodopiar da saia e as coisas da terra. Ela traz consigo todas as vozes que já
interpretaram a mineira para mantê-la viva. Tons e timbres diferentes que se unem ao canto de
Mariene, transformando-o em prece para reverenciar Clara Nunes.

Mariene é a imagem em movimento da alegria, que tem como inspiração a explosão de vida que
foi Clara Nunes. Os Ogans, em respeito ao seu pai Ogum, saúdam o manto azul da Portela que se
estende pela avenida. Emanam energia, fé e força para que a lembrança da Guerreira inunde a
Marques de Sapucaí, fazendo nossa emoção transbordar de lembranças desse ser de Luz.

Voa meu sabiá. Epahei!

Carlinhos de Jesus: Coreógrafo consagrado no carnaval e no cenário artístico carioca, Carlinhos


de Jesus é seis vezes vencedor do prêmio Estandarte de Ouro, tendo conquistado títulos por
escolas como Mangueira e Beija-Flor. Em 2019, ele estreia como coreógrafo da comissão de
frente da Portela.

164
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Marlon Lamar 24 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Lucinha Nobre 43 anos
2º Mestre-Sala Idade
Yuri Souza 24 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Camylla Nascimento 30 anos
3º Mestre-Sala Idade
Emanuel Lima 26 anos
3ª Porta-Bandeira Idade
Rosilaine Queiroz 34 anos
Outras informações julgadas necessárias

1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: Seres de Luz


Criação do figurino: Rosa Magalhães
Confecção: Fernando Magalhães
O que representa: Neste Carnaval de 2019, a porta-bandeira Lucinha Nobre representa a cantora
Clara Nunes. O Mestre-sala Marlon Lamar, a Águia da Portela. Eles são “seres de luz”, entidades
que iluminam uma legião de seguidores apaixonados. O elegante bailar de nosso casal alude ao
enlace entre a escola de samba e a cantora, uma união que se perpetuará através dos anos, para
muito além do plano terreno. Juntamente com os guardiões e com o carro abre-alas, eles
compõem um cenário inspirado na capa do LP “Nação”, último da carreira de Clara.

Ensaiadora: Camille Sales


Apresentador: Rhuanderson Albuquerque

165
Abre-Alas – G.R.E.S. Portela – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias


2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: O Primeiro Carnaval da Portela


Criação do figurino: Rosa Magalhães
Confecção: João Vitor
O que representa: O carnaval de 1924, ano em que a pintora Tarsila do Amaral visitou o coreto
de Madureira, foi o primeiro após a fundação de nossa escola. Com motivos carnavalescos, a
fantasia de nosso segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Camylla Nascimento e Yuri
Souza, lembra este fato e tem o título de “O primeiro carnaval da Portela”.
Apresentador: Edilásio

3º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Nome da fantasia: Festas Folclóricas de Minas


Criação do figurino: Rosa Magalhães
Confecção: João Vitor
O que representa: Nosso terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representa as “festas
folclóricas de Minas”. A fantasia da Porta-bandeira Rosilaine Queiroz é inspirada nas Pastorinhas.
A do Mestre-sala Emanuel Lima, na Folia de Reis. Eles aludem às tradições culturais herdadas
por Clara Nunes ao longo de sua infância.
Apresentador: Cleber dos Santos

166
G.R.E.S.
UNIÃO DA ILHA DO
GOVERNADOR

PRESIDENTE
DJALMA CARNEIRO LEÃO FALCÃO
167
“A Peleja Poética entre Rachel
e Alencar no Avarandado do
Céu”

Carnavalesco
SEVERO LUZARDO FILHO
169
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“A Peleja Poética entre Rachel e Alencar no Avarandado do Céu”
Carnavalesco
Severo Luzardo Filho
Autor(es) do Enredo
Severo Luzardo Filho
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Severo Luzardo Filho e Daniel Targueta
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Severo Luzardo Filho
Assistentes do Carnavalesco: Guilherme Estevão e Juanjo Caballero
Dudu Azevedo
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

01 “O Nosso José de Alencar José Aguilar 1960 Todas


Cancioneiro”

02 “Iracema” José de Alencar José de Aguilar 1959 Todas

03 “Ao correr da José de Alencar José Aguilar 1960 Todas


pena”

04 “Como e porque José de Alencar Companhia 1959 Todas


sou romancista” Aguiar Editora

05 “O Sertanejo” José de Alencar Ediouro 2007 Todas

06 “O Guarani” José de Alencar Ática 2003 Todas

07 “Teatro completo” José de Alencar Serviço Nacional 1977 Todas


de Teatro
08 “Carta a Machado José de Alencar Correspondência 1938 Todas
de Assis”

09 “As Três Marias” Rachel de Queiroz José Olympio 1979 Todas

10 “O Quinze” Rachel de Queiroz Siciliano 1997 Todas

171
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

11 “O Não Me Rachel de Queiroz ARX 2004 Todas


Deixes: suas
histórias e sua
cozinha”

12 “Memorial de Rachel de Queiroz José Olympio 2007 Todas


Maria Moura”

13 “O nosso Ceará” Rachel de Queiroz Fundação 1996 Todas


Democrito
Rocha

14 “Geographia” Rachel de Queiroz Manuscrito 1922 Todas

15 “Tantos anos” Rachel de Queiroz Siciliano 1998 Todas

16 “As terras ásperas” Rachel de Queiroz Siciliano 1993 Todas

17 O homem e o Rachel de Queiroz Siciliano 1995 Páginas 75 e 76


tempo

Outras informações julgadas necessárias

OUTRAS OBRAS CONSULTADAS:


ACIOLI, Socorro. Rachel de Queiroz. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007. 135p.
ADERALDO, Mozart Soriano. Velhas receitas da cozinha nordestina. Impressa Universitária da UFC,
Fortaleza Ceará. 1981/1982.
AGUIAR, Cláudio. Rachel de Queiroz, cronista. Revista da Academia Cearense de Letras. Fortaleza,
v. 115, n. 71, p. 108-117, 2010.
ALVES, Januária Cristina. "Abecedário do Folclore Brasileiro". SP: Edições SESC, 2018
ARARIPE JÚNIOR, T. A. “José de Alencar: perfil literário”. In: Obra crítica de Araripe
Júnior. Rio de Janeiro: MEC/Casa de Rui Barbosa, v. I, 1958.
ARAÚJO, Belchior José Rocha. "Processos criativos de moda e sua relação com a sustentabilidade :
um estudo sobre Lindenbergue Fernandes". Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) –
Universidade Federal do Ceará, Instituto de cultura e Arte, Curso de Design de Moda, Fortaleza, 2018.

172
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

AZEVEDO, Sânzio de. Rachel de Queiroz e a poesia. In: COUTINHO, Fernanda (org.). Rachel de
Queiroz: uma escrita no tempo. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2010. p. 87-98.
BARBOSA, Lourdinha L. Protagonistas de Rachel: caminhos e descaminhos. 2ªed. Fortaleza:
SECULT/CE, 2011. 120p.
BEHR, Miguel von. Quixadá: terra dos monólitos. São José dos Campos: Somos Editora, 2007. 303p.
BEZERRA, Valéria Cristina. “A recepção crítica de José de Alencar: a avaliação de seus romances e a
representação de seus leitores”. 2012. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Estudos da Linguagem,
Unicamp, Campinas, 2012.
BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
BUENO, Eduardo. "Náufragos, traficantes e degradados: as primeiras expedições no Brasil”. RJ:
Objetiva, 1998.
CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia,
1981. ______________. Literatura e Sociedade. São Paulo: Nacional, 1967.
CASCUDO, Luís da Câmara. 1955. “O folclore na obra de José de Alencar. In: ALENCAR, José de.
Til. Romance brasileiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, p. 3-10. V. XI.
CORDEIRO, Celeste. Antigos e modernos no Ceará Provincial. São Paulo: Annablume, 1997.
COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil vol. 5. 4. ed. São Paulo: Global, 1997.
FARIA, João Roberto. José de Alencar e o teatro. São Paulo: Perspectiva; Editora da Universidade de
São Paulo, 1987.
HALLEWEL, Laurence. O livro no Brasil: sua história. São Paulo: Edusp, 2005.
MENESES, Antonio Bezerra de. "Notas de viagem". Imprensa Universitária do Ceará. Fortaleza, 1965
ROCHA, Delfina. Sabores e Saberes do Ceará: Arte Culinária e Fotografia. Fortaleza: editora D. M.
Rocha, 2003. 1° Edição.
SILVA, Cristina M. da. Entre exílios, veredas e aventuras: o romance da vida social em Rachel de
Queiroz. 2005. 197p. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2005.
SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas cidades, 1988.
TROIGROS, Claude. Prefácio. In: SENAC. Culinária Nordestina: encontro de mar e sertão. São
Paulo: Editora SENAC, 1998.

173
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

SITES VISITADOS:

SETOR 1:
http://cearaemfotos.blogspot.com/
http://eelepe.blogspot.com/p/igreja-matriz-de-almofala-completa-300.html
http://www.ao.com.br/download/urutau.pdf
http://www.oestadoce.com.br/arteagenda/historias-e-lendas-universais
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/monolitos-sao-a-sintese-do-semi-arido-
1.14175
http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/viewFile/26924/15966

SETOR 2:
http://cearanordeste.blogspot.com/2011/07/sao-jose-do-porto-dos-barcos.html
https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/download/3903/2881
https://www.youtube.com/watch?v=M93zWe4kbZQ
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4308131/mod_resource/content/1/Geografia%20dos%20sabor
es%20ensaio%20sobre%20a%20din%20-%200.pdf
http://www.uece.br/mpgnt/dmdocuments/MARQUES,T.M.P.pdf

SETOR 3:
http://memoriaglobo.globo.com/programas/jornalismo/telejornais/jornal-nacional/festas-juninas.htm
https://g1.globo.com/ceara/sao-joao/2017/noticia/ceara-entra-no-calendario-nacional-de-festejos-
juninos-do-ministerio-do-turismo.ghtml
https://g1.globo.com/ceara/sao-joao/2017/noticia/ceara-entra-no-calendario-nacional-de-festejos-
juninos-do-ministerio-do-turismo.ghtml
http://tvbrasil.ebc.com.br/expedicoes/conteudo/reisados-do-sertao-do-ceara
http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/cultura/professor-explica-tradicao-do-reisado-no-cariri/
http://blogs.diariodonordeste.com.br/cariri/cultura/folia-de-reis-toma-conta-das-ruas-do-cariri-
cearense/
http://www.labpac.faed.udesc.br/e%20festa%20de%20boi_izaura%20lila%20l%20ribeiro.pdf
http://tribunadoceara.uol.com.br/diversao/musica-2/um-pingo-de-historia-do-maracatu-de-fortaleza/
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/02/milhares-de-fieis-homenageiam-padre-cicero-em-
juazeiro-do-norte-ce.html
https://www.ico.ce.gov.br/informa.php?id=208
https://www.fortaleza.ce.gov.br/noticias/tag/Festa%20De%20S%C3%A3o%20Pedro%20Dos%20Pesc
adores
http://www.arquidiocesedefortaleza.org.br/atualidades/noticias/arquidiocese/missa-e-procissao-
maritima-marcam-o-encerramento-de-festa-no-mucuripe/
http://www.arquidiocesedefortaleza.org.br
http://www.opovo.com.br/app/acervo/entrevistas/2014/03/05/noticiasentrevistas,3197472/rachel-de-
queiroz-veno-ao-sertao-para-ser-feliz.shtml

174
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

SETOR 4:
https://oglobo.globo.com/boa-viagem/na-literatura-brasileira-um-guia-das-belezas-de-norte-sul-
do-pais-22581417
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2015/04/primeiro-acude-do-pais-cedro-busca-titulo-de-
patrimonio-mundial.html
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/09/maior-plantacao-de-rosas-do-brasil-fica-no-
ceara-na-serra-de-ibiapaba.html
https://www.youtube.com/watch?v=u0mJ31eQW1U
http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/09/trilha-no-parque-de-ubajara-no-ceara-leva-
rios-cachoeiras-e-gruta.html
http://www.ufc.br/cultura-e-arte/equipamentos-culturais/2040-casa-de-jose-de-alencar
https://lidesealgomais.wordpress.com/2013/02/25/um-olhar-sobre-a-iracema-e-outros-
monumentos-da-av-beira-mar-2/
http://www.ctac.gov.br/tdb/portugues/teatro_josedealencar1.asp

SETOR 5:
http://hotsite.diariodonordeste.com.br/especiais/fios-de-tradicao/rendas-do-mar/origem
http://www.nayanerodrigueslingerie.com.br/quem-somos/
https://www.lilianpacce.com.br/marca/lindebergue-fernandes/
http://linovillaventura.com.br/villaventura/?page_id=2
http://www.dfhouse.com.br/gallery/almerinda-maria/
http://www.artesol.org.br
https://especiais.opovo.com.br/industriatextil/
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6267/1/2013_dis_jljsoares.pdf

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Severo Luzardo

Na atualidade, Severo Luzardo Filho é um dos mais importantes figurinistas brasileiros,


consagrado com trabalhos premiados nacional e internacionalmente. Possui um raro domínio
cromático, adquirido através da especialização com um cientista alemão em psicodinâmica das
cores. Detém um trabalho artesanal como característica marcante bem como a qualidade de
extremo rigor na confecção dos seus figurinos.

Assinou diversos trabalhos na TV Globo, incluindo novelas de sucesso como "Flor do Caribe", a
minissérie "O Tempo e o Vento" e participou da equipe de figurino de "Laços de Sangue",
novela na qual recebeu o Prêmio EMMY.

No cinema nacional, seu premiado "Pequeno Segredo", foi escolhido para concorrer ao Oscar de
melhor filme estrangeiro. Participou de produções internacionais como Robot, ganhando vários
prêmios em festivais ao redor do mundo.

Seu trabalho meticuloso, emergindo na essência dos personagens, nos revelam figurinos que
encantam e traduzem a brasilidade no fazer característico de sua trajetória.

Novelas como "Terra Prometida", "O Rico e o Lazaro", "Escrava Mãe", "Belaventura" e
"Jesus", hoje fazem sucesso em diversos países, mostrando a diversidade e o fazer artístico de
Luzardo.

Como carnavalesco atinge 42 anos de profissão, coroando desfiles memoráveis com mais de 13
campeonatos e 50 prêmios.

Para o coordenador do Centro de Referência do Carnaval da UERJ, Felipe Ferreira, o


reconhecimento é merecido:

— "É um dos carnavalescos mais talentosos. Tem uma capacidade de expressão plástica
formidável e trabalha muito bem com cores e volumes — destaca o professor e autor do “Livro de
ouro do carnaval brasileiro”.

No seu terceiro ano na escola de samba União da Ilha do Governador, Severo Luzardo Filho
conseguiu traduzir os anseios e desejos da comunidade, aliando sua plástica e estética refinada ao
brincar descontraído e irreverente do folião insulano.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

INTRODUÇÃO

A União da Ilha do Governador partilha o desejo de levar para a Avenida em 2019 uma
proposta lúdica e prazerosa que aproxima cultura popular e educação. Bordaremos com
palavras, versos e memórias a celebração do encontro entre dois expoentes da literatura
brasileira no enredo “A PELEJA POÉTICA ENTRE RACHEL E ALENCAR NO
AVARANDADO DO CÉU”.

O Ceará está intimamente fincado no chão de Rachel e Alencar, lugar por onde andaram e de
onde extraíram elementos essenciais para a construção de seus escritos. Pisaduras na história
com prosa, crônicas e lirismo. Um emaranhado de conhecimentos e sabores, desde o litoral
até o sertão.

As linhas que tramam seus livros revelam saberes passados de pai para filho e assombrações
que povoam o imaginário popular dessa terra cercada de mar, mas com o chão emoldurado
pela seca. Fé embalada em oração e festejada ao som da sanfona e do cordel.

A Ilha vai desfilar “causos” aninhados nas páginas amareladas pelo tempo. Cenas de uma
terra ornada pelas várzeas da caatinga ou por imensas campinas que se dilatam por
horizontes infindo.

Ceará vem de “cemo” que, nos ensina Alencar, significa “cantar forte, clamar”. A jandaia
faz ecoar nosso canto rumo aos verdes mares e borda no azul do firmamento o matiz de um
encontro inédito.

Em cada brincante, cores que pincelam os sonhos, com o sotaque próprio de um povo que
luta pelo sorriso e pela felicidade. Alegria compartilhada -- “Sou brasileiro, sou cabra da
peste, sou do Nordeste, sou do Ceará”.

SINOPSE

Setor 1 – “O Baú do Imaginário Matuto”

Era uma vez o desejo de contar histórias. Histórias únicas, impregnadas de sorrisos e
abraços. Histórias que trouxessem notícias do Brasil e sua gente.

Esse universo múltiplo, de caras e figuras em constante movimento, passeia pelo sertão
afora, percorre caminhos e lendas, conhece outros lugares, experimenta sabores
diferentes, voa nas asas das palavras e, ao som do sanfoneiro, dança as cirandas da
vida.

177
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Assim foram surgindo as primeiras narrativas de uma peleja poética entre Rachel e
Alencar. Personagens vivos numa folia colorida, contadas no avarandado do céu.
Quem quiser escutar, que se aprochegue, se assim lhe agradar.

- Rachel, nobre escritora. Sensível como uma flor. Você ficará sabendo o peso de um
escritor. Remexa todos os livros e conhecerá meu valor.

- Oh, ilustre menestrel, cujo nome é Alencar. Que às tradições é fiel e faz o baú do
imaginário desabrochar, um universo de lendas, magia entre o homem e seu lugar.

- "Desenhavam-se a cada instante na tela das reminiscências, as paisagens do meu pátrio


Ceará. Cenas estas que eu havia contemplado com olhos de menino dez anos antes, ao
atravessar essas regiões em jornada e, coloriam-se ao vivo com as tintas frescas da palheta
cearense." (JOSÉ DE ALENCAR, "O nosso cancioneiro")

- "Em frente, todos os novos caminhos para mim eram um mistério." (RACHEL DE
QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

Personagens lendários desviando caminhos para seguir em frente. Uma linda princesa
(transformada numa serpente de escamas de ouro), esquecida em seu castelo com
torres douradas, guardando joias, pedrarias, barras de prata e moeda aos montes para
o herói audacioso que resolva lhe “quebrar” o encanto. Nas asas do vento criador, a
esfinge de Quixadá e o velho Guajará passeiam, ao som do Urutaú, por trilhas nunca
antes descobertas. Sons de tambores permeiam os contos do Dragão e o tesouro
enterrado em Ipu.

- "O Urutaú no fundo da mata solta as suas notas graves e sonoras, que, reboando pelas
longas crastas de verdura, vão ecoar ao longe como o toque lento e pausado do ângelus"
(ALENCAR, ”O Guarani”)

- “Iam para o destino, que os chamara de tão longe, das terras secas e fulvas de Quixadá, e
os trouxera entre a fome e mortes, e angústias infinitas, para os conduzir agora, por cima
da água do mar, às terras longínquas onde sempre há farinha e sempre há inverno...”
(RACHEL, "O Quinze")

- "Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu"
(ALENCAR,”O Guarani”)

Setor 2 – “As crônicas de fogo e gelo”

Terra de maturação, na qual o tempo engedra caldo e doçura. Fruto prazeroso do


fazer coletivo: cultivar, plantar, colher. Sua comida congrega visitantes e reúne amigos.
O perfume dos seus doces aproxima os vizinhos, evocando aromas e sabores, enchendo
a boca de água e os olhos de sonhos.
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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

- Rachel, doce menina, se entendes de comidas, do sertão não faça rolo. Eu gosto de
macaxeira, pamonha de milho e bolo. Buchada, sarapatel, batida, alfenim e tijolo.

- Aprecio bolo mole, carne de sol, panelada. Rapadura, sarrabulho, caranguejo,


farofada. Galinha à cabidela, baião-de-dois, cuscuz do norte e cocada.

- "Compunha-se esta de uma naca de carne de vento e alguns punhados de farinha, que
trazia no alforje. De postres um pedaço de rapadura, regado com água da
borracha." (ALENCAR - "O Sertanejo")

- "Só comparo o Nordeste à Terra Santa. Homens magros, tostados, ascéticos. A carne de
bode, o queijo duro, a fruta de lavra seca, o grão cozido em água e sal. Um poço, uma
lagoa é como um sol líquido, em torno do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos."
(RACHEL, "O Não me deixes: suas histórias e sua cozinha")

-"Os lenhadores voltavam do mato carregados de feixes, enquanto os companheiros


conduziam à bolandeira cestos de mandioca, ainda da plantação do ano anterior, para a
desmancharem em farinha durante o serão. "(ALENCAR - "O Sertanejo")

"Pegamos os fardos de pano, o sal que dura sem fim. E os sacos com os mantimentos dos
comboieiros comerem em caminho: feijão, farinha, e meia manta de carne
seca." (QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

Os materiais percorrem as mãos impregnadas de vivências que vão descobrindo


formas e cores. Artesanato repleto de brasilidade. O olhar atento de quem cria, o
sentido aguçado de quem constrói.

- Rachel, no artesanato, vidros com cores de areias, arupemba de palha, balaio da


carnaubeira. Louça feita de barro, bodoque e algibeira.

- Alencar, o Mestre Noza, era um artista fiel, fazendo a literatura, cumprir social papel.
Inter-relacionou xilogravura e cordel.

- “Às vezes sobe aos ramos da árvore e da lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o
uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios de crautá, as
agulhas de juçara com que tece a renda...” (ALENCAR, “Iracema”)

- “No bolso, pouco dinheiro e um pedaço de fumo. Um chapelão de palha bem trançado e
fino, que era a especialidade do mulherio do lugar, mas nenhuma delas se apurava no
tecido dos chapéus para vender em quantidade, em alguma feira."[...]"Encomendei à nossa
velha louceira, toda a louça de barro, as panelas, potes e alguidares.”(RACHEL DE
QUEIROZ, "Memorial de Maria Moura")

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Setor 3 – “Fica então um bom desejo, que seja lindo seu festejo”

No dedilhar da viola caipira, vamos construindo a folia de brincar. Sagrado e profano


andam juntos para bordar rio e mar. A música traz o convite para embarcar no
tempo: passado e futuro. A fé aguça o desejo de conhecer novos desafios.
Encantamento. Contar a história por meio da palavra e da imagem.

- Rachel dama de fé, as festas folclóricas que tanto animam o sertão são feitas no
Ceará, incluindo as do chitão. Reisado e maracatu e Padim Ciço Romão.

- Alencar, meu bom senhor, quadrilhas, cirandas e boi de chifre dourado, são festas
bem conhecidas de meu povo rogado. Procissão de São Pedro com barcos enfeitados.

“Logo depois vinham os Reis com as suas cantigas, as suas romarias noturnas, as suas
coletas para o jantar do dia seguinte[...] Ao Espírito Santo armavam-se as barraquinhas, e
faziam-se leilões de frutos e de aves.“(ALENCAR, “Ao correr da pena”)

"Alguns dizem que o padre está debaixo do chão: os incréus, os materialistas. Porque a
gente que tem fé conta que Meu Padrinho, vendo a choradeira do povo, ressuscitou ali
mesmo, sentou-se no caixão, sorriu, deu bênção, depois deitou-se outra vez e seguiu viagem
dormindo, até à igreja do Perpétuo Socorro." (RACHEL, "O Padre Cícero Romão Batista")

"Então entraram, cada uma de seu lado, duas quadrilhas adereçadas com roupas muito
lindas, uma de verde e amarelo, que era a dos pernambucanos, e outra de encarnado e
branco, que era a dos lusitanos. Correram primeiro as lanças; depois jogaram as canas e
alcanzias, fazendo várias sortres como costumam." (ALENCAR, “O sertanejo”)

“Dançam o congo e suas pantomimas guerreiras, dançam-se as sortes em redor das


fogueiras de São João.”(RACHEL, "O Senhor São João")

“A donzela vinha radiante de formosura e graça. Debuxava-lhe o talhe airoso um vestido de


lhama de ouro, justo e de estreita roda.” (ALENCAR, “O Sertanejo”)

“Lá pela minha zona, que já é sertão autêntico, o único festejo popular que apaixona e
consome dinheiro e energias é o boi. Essa sim, tem ainda muita força no coração do povo.
Tem burrinhas com saia de rendas, tem bois com chifre dourado, babaus enfeitados com
fitas de gorgorão, e os trajos dos velhos são quase tão caprichados quanto os cordões de
carnaval dos cariocas." (QUEIROZ, "O Senhor São João")

"Aproveitemos a estiada da manhã, e vamos, como os outros, acompanhando a devota


romaria, assistir à festividade de São Pedro” (ALENCAR, “O Sertanejo”)

180
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Setor 4 – “Ser tão arretado de bom”

São tantas horas de sertão rachado, tantos mares desbravados, tantos caminhos
trilhados para conhecer novos mundos. A beleza encanta nas trilhas onde tudo leva
para qualquer lugar. Florestas enfeitiçadas pela lua, águas doces cristalinas pelos raios
do sol ardente, mares verdes como joias de pedras raras. Natureza generosa que nos
convida a dar a volta ao mundo girando o globo na própria mão. Viajar de barco, de
avião, de ônibus, de trem para desvendar os mistérios durante o percurso.

- Rachel que orgulho tenho, dos fósseis de Cariri ao pé da Ibiapaba. Bichos, flores e
frutos, tantas belezas raras. Grande Açude do Cedro, queda d'água abençoada.

- Gosto também, Alencar, de balonismo nos céus, com cores agigantadas. Famosa do
litoral, a bela Canoa Quebrada. Parque de Água doce, praias de água salgada.

“Esta imensa campina, que se dilata por horizontes infindos, é o sertão de minha terra
natal. Aí campeia o destemido vaqueiro cearense, que à unha de cavalo acossa o touro
indômito no cerrado mais espesso, e o derriba pela cauda com admirável destreza...”
(ALENCAR, “O sertanejo”)

“Eu também me fazia contar coisas do meu Cariri natal, que era ali tão exótico e distante
quanto as agulhas de Cárpatos.”(RACHEL, "As Três Marias")

“Veio pelas matas até o princípio da Ibiapaba, onde fez aliança com Irapuã, para combater
a nação pitiguara. Eles vão descer da serra às margens do rio em que bebem as garças.”
(ALENCAR, “Iracema”)

“E o Cedro grandioso grita, a se remirar no seu paredão alto, nos seus mosaicos, nos
correntões que pendem em marcos de granito.”(RACHEL, "Mandacaru")

“A praia ficara deserta; e nas águas tranquilas da baía, apenas as nereidas murmuravam,
conversando baixinho sobre o acontecimento extraordinário que viera perturbar os seus
calmos domínios.” (ALENCAR, “Ao correr da pena”)

"Essa ligação de amor que o nordestino tem com a sua terra... Pensando bem, será mesmo
de amor? Ou antes: será só amor? Talvez maior e mais fundo, espécie de mágica entre o
homem e o seu chão, simbiose da terra com a gente. Vem na composição do sangue. Aquela
terra salgada que já foi fundo do mar tem mesmo o gosto do nosso sangue.” (RACHEL, "As
terras ásperas")

Setor 5 – “A beleza arrochada no aprumo”


Um pouco de cera para o couro, um pouco de linha para costurar a vida. Um pouco de
mistério nos desenhos que se movem ao caminhar. Milhares de finos fios movimentam-
se como tramas de nossos sonhos. O giro do bilro sustenta o equilíbrio e o desejo de
novas formas.
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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

- Raquel aqui te digo, o Mestre mais conhecido é Espedito Seleiro. Gibão e mais
aparatos que ornamentam o vaqueiro. Moda característica do couro brasileiro.
- O aprumo, amigo Alencar, é moda feita com amor. Moda de dormir, moda de praiar.
No salão nobre ou na pista, o artista a desfilar, com riquíssimos atrativos, conquista o
além-mar.
"Vestia o moço um trajo completo de couro de veado, curtido à feição de camurça.
Compunha-se de véstia e gibão com lavores de estampa e botões de prata; calções estreitos,
bolas compridas e chapéu à espanhola com uma aba revirada à banda e também pregada
por um botão de prata.“(ALENCAR, “O sertanejo”)
“Olhei para mim mesmo, ali, sentado no chão, a roupa de brim pardo, as grossas botas
reiúnas, o lenço no pescoço. Tudo surrado e encardido...”(RACHEL, "Memorial de Maria
Moura")
“Ao lado pendia-lhe do talim bordado a espada com bainha também de ouro e copos
cravejados de diamantes, como o argolão que prendia-lhe ao pescoço a volta de fina
cambraias, cujas pontas caíam sobre os folhos estofados da camisa.” (ALENCAR, “O
sertanejo”)
“Na grande mesa de jantar onde se esticava, engomada, uma toalha de xadrez, duas xícaras
e um bule, sob o abafador bordado.” (RACHEL, "O Quinze")
“Preso por um airão de ouro, o longo véu de alva e finíssima renda, todo semeado de
raminhos de alecrim e flor de laranja, com lizes de ouro, descia-lhe até os pés, e arfando às
auras matutinas.” (ALENCAR, “O Sertanejo”)
"Agora, o quarto onde ela mora é o quarto mais alegre da fazenda, tão claro que, ao meio
dia, aparece uma renda de arabesco de sol nos ladrilhos vermelhos.” (RACHEL, "Telha de
vidro")
“Ao ombro esquerdo traziam eles alvas toalhas do mais fino esguião lavradas de labirinto
com guarnições de renda, trabalhos estes em que as filhas do Aracatí já primavam naquele
tempo, e que lhes valeu a reputação das mais mimosas rendeiras de todo o norte”.
(RACHEL, “O Sertanejo”)
- Nossa gente tece o mundo, e o mundo se enredou. Com rendas de fino trato, que a
rendeira criou. Borda o pano e a vida, que tanto a Ilha cantou.
E assim desfilam peões com couros coloridos pelos salões, damas de rendas
formosamente belas pelas areias. Avançam e seguem em frente traduzindo um novo
sentido para as histórias desse povo que luta pelo sorriso e pela felicidade. Gente forte,
gente guerreira, um sem fim de personagens e suas andanças pelo reino da folia.
“Acabaram com a Praça Onze, mas viva o carnaval da Ilha. Acima de tudo, viva a
Ilha.”(QUEIROZ, "Saudades do Carnaval")

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

Em 2019, o G.R.E.S União da Ilha do Governador faz partir seu canto forte das águas da
Baía de Guanabara rumo aos verdes mares de esmeralda do Ceará. A bordo de sua jangada, o
insulano pincela no mais azul do firmamento o matiz perfeito para um encontro
aparentemente improvável pelo tempo, mas que somente a magia do
carnaval pode tornar possível. Um encontro entre dois grandes expoentes da literatura
brasileira e também legítimos representantes da cultura cearense: os escritores Rachel de
Queiroz e José de Alencar – pela primeira vez juntos e cujas obras servem de inspiração para
o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”.

Intimamente ligada à sua terra, seus costumes e sua gente, a escritora cearense e imortal
Rachel de Queiroz dedicou boa parte de sua vasta obra literária para enaltecer sua terra natal.
O Ceará era sua gênese e também força motriz para observar o mundo ao redor. E, nesse
solo ora rachado, ora verdejante, perpassado pelas muitas páginas a nós legadas, bifurca a
árvore genealógica de Rachel, frondando-se para outro expoente da literatura brasileira: o
também cearense José de Alencar, com quem curiosamente tinha parentesco distante, por
parte de mãe. O Ceará está intimamente fincado no chão de Rachel e Alencar, lugar por onde
andaram enquanto viveram e de onde extraíram os elementos essenciais para a construção de
seus escritos.

A escolha da União da Ilha do Governador em cantar e exaltar o Ceará sob a perspectiva


pelo legado literário deixado por Alencar e Rachel não é em vão. Estamos diante de um
estado com excelência nos índices de educação e modelo de educação no país; um
estado que protege sua diversidade cultural preservando as tradições e seus valores sociais; e
que faz uso sustentável de seus recursos naturais de forma a ativar a economia
e se introduzir na rota do futuro com criatividade e inovação. Exaltar a obra de Alencar e
Rachel é, portanto, mais do que cantar forte o estado do Ceará. É entender a literatura como
arte que reflete as representações culturais de um povo e ajuda na compreensão do mundo.
Dentro dessa perspectiva, as páginas desses dois ilustres escritores ajudam a universalizar o
acesso à cultura do Ceará, suas histórias e costumes.

Escola de samba é, antes de tudo, ESCOLA. Instituição cultural que tem a missão e o dever
de propagar CULTURA do povo e para o povo. Cultura é educação e
também LIBERTAÇÃO de sua gente. E justamente este o papel que o G.R.E.S UNIÃO DA
ILHA DO GOVERNADOR assume para o carnaval de 2019, escolhendo o CEARÁ como
pano de fundo para exaltar, acima de tudo, a ARTE.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Desenvolvimento do Enredo
Dividido em cinco setores, o enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado
do céu" descortina um painel visual que faz de figurinos e elementos cenográficos o material
plástico para apresentar o Ceará em sua versão mais pluralizada, sempre sob a ótica das
obras desses dois imortais escritores. A seguir, a divisão setorizada do enredo e sua
respectiva abordagem:

PRIMEIRO SETOR - "O BAÚ DO IMAGINÁRIO MATUTO"


As Lendas do Ceará estão intimamente fincadas no chão de Rachel de Queiroz e José de
Alencar, lugares por onde andaram enquanto viveram e de onde extraíram os elementos
essenciais para a construção de seus escritos. Pisaduras de prosa, crônicas e lirismo – o
amálgama que gerou o povo cearense revela lendas e histórias incríveis que se mantêm vivas
por meio de narrativas passadas de geração em geração. É a mesma oralidade que faz
eternizar, através do tempo, lendas e quimeras de lugares que serviram de cenário nas mais
diversas obras de nossos dois escritores. A União da Ilha do Governador abre o baú desse
imaginário matuto do cearense e faz pulular um universo múltiplo de personagens vivos
numa folia colorida.

SEGUNDO SETOR -- "AS CRÔNICAS DE FOGO E GELO"


As origens do povo cearense revelam um recorte da formação do povo brasileiro – índios,
brancos e negros. Gênese de um povo contado em "Iracema", de José de Alencar. Um
emaranhado de conhecimentos e sabores promovidos pela diáspora humana quando do
povoamento do Ceará, do litoral ao sertão. A culinária cearense, tão cara a Rachel de
Queiroz ("Sou muito melhor cozinheira do que escritora", disse ela) é um verdadeiro
caleidoscópio de sabores. A hibridação das culinárias portuguesa, africana e indígena deu
início a uma cozinha com cara e gosto do Ceará, repleta de misturas e intimamente
relacionada com o que a costa e a terra dispõem. Do fogo quente o melado passa para o gelo,
e assim surgem sabores diferenciados como o alfenim. Assim também ocorre com o
artesanato cearense, fruto de uma inegável herança das três raças que formam esse povo tão
colorido e criativo. A peleja poética entre Rachel e Alencar segue no segundo setor do
desfile da União da Ilha, com um mergulho profundo nos sabores e nas artes produzidas no
Ceará.

TERCEIRO SETOR – "FICA ENTÃO UM BOM DESEJO, QUE SEJA LINDO SEU
FESTEJO"
As histórias de Alencar e Rachel se aninham na alegria e devoção de um povo. Ser cearense
é, antes de tudo, acreditar e ter muita fé, com festejos e romarias que reúnem milhares de
pessoas. Tantos foram os personagens de Rachel e Alencar que tinham em comum a fé.
Crença que resiste a muito mais do que pequenas provações diárias – fome, sede ou a
tristeza de ver o rebanho morto. Tantos suplicando por chuva! Existe uma alegria grande
entranhada no cearense, algo pungente e que emociona. Para apresentar este painel, as alas
que abrem o setor celebram os festejos do estado, enquanto as que encerram se debruçam
sobre a religiosidade inquestionável de sua gente, que tem na figura de Padre Cícero Romão,
o Padim Ciço, seu maior expoente. Trata-se, enfim, de um olhar para a alegria e a fé do
Ceará, sob a perspectiva de nossos dois escritores.
184
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

QUARTO SETOR -- "SER TÃO ARRETADO DE BOM"


A geografia do Ceará se moldou no superlativo desses dois expoentes da literatura brasileira.
Ceará ornado pela galharia da caatinga ou nas imensas campinas que se dilatam por
horizontes infindos, banhados pelos verdes mares bravios. Paisagens do "pátrio Ceará"
alencarino, que se desenham pinceladas com as cores da palheta cearense. Lugares com
laços de afetividade onde Rachel e Alencar fincaram sua âncora de existência no mundo.
Terra que tem o gosto do sangue que corre nas veias do cearense. A peleja poética segue no
quarto setor do desfile, quando a União da Ilha do Governador promove um passeio pelos
mais diferentes e exóticos lugares de cada canto do Ceará citados nas telas de reminiscências
eternizadas nos livros dos nossos escritores. "O Ceará está muito ligado a mim para que eu
possa me imaginar fora dele. Ou pior, sem ele", escreveu Rachel.

QUINTO SETOR – "A BELEZA ARROCHADA NO APRUMO"


Maria Moura vestida de chapéu e trajo de couro curtido em suas andanças pelo sertão; as
rendas bordadas pelas três Marias; o gibão do sertanejo ou o trançado de Iracema – ler os
livros de Alencar e Rachel é contar a história da moda cearense e, ao mesmo tempo, contar a
formação de seu povo. É também se emaranhar nas mais diferentes tramas e personagens
descritos, tal qual um bordado, em suas dezenas de obras a nós legadas. Encerrando seu
desfile, a União da Ilha do Governador promove um verdadeiro desfile a céu aberto com o
que de mais expoente há na produção têxtil do estado. O Ceará está na moda – roupas, vestes
e figurinos saem das páginas de Alencar e Rachel e ganham vida na Passarela do Samba. Do
bilro, as tramas do fio tecem a rota do Ceará em direção ao futuro. É o cearense bordando
sua história no mundo. Renda-se, pois, ao belo Ceará e seus alvos fios de algodão tramados
pelas mãos das mulheres rendeiras. Preserva-se a tradição, mas com tecnologias sustentáveis
para um futuro melhor.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE
1º SETOR
“O BAÚ DO IMAGINÁRIO MATUTO”

Comissão de Frente
“O MILAGRE DA FÉ”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Phelipe Lemos e Dandara Ventapane
A PRINCESA ENCANTADA DE
JERICOACOARA

Ala 01 – Ala Melodia (Comunidade)


A ESFINGE DE QUIXADÁ

Ala 02 – Ala de Performance (Comunidade)


O VELHO GUAJARÁ

Destaque de Chão
Vivian Cister
LENDAS GUARANIS

Ala 03 – Ala Loucos pela Ilha (Comunidade)


O PASSARO URUTAÚ

Alegoria 01
O DRAGÃO DE IPU E O TESOURO HOLANDÊS

2º SETOR
“AS CRÔNICAS DE FOGO E GELO”

Ala 04 – Ala Sacode Quem Pode


SABORES DO SERTÃO

Ala 05 – Ala Sou mais minha Ilha


(Comunidade)
ALFENIM: O PERFUME DOS MEUS
DOCES

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Ala 06 – Ala Beleza Pura (Comunidade)


CAMARÃO CEARENSE

Destaque de Chão
Ewa Doromoniec
ARTISTAS DO SERTÃO

Tripé
FEIRAS E MERCADOS

Destaque de Chão
Débora Ribeiro
ADORNOS NATIVOS

Ala 07 – Ala Batuke Baton (Comunidade)


ARTESANATO DE PALHA

Ala 08 – Ala Show da Ilha (Comunidade)


ARTESANATO CERÂMICO

Ala 09 – Ala Guerreiros da Ilha


(Comunidade)
ARTE EM CORDEL

Destaque de Chão Destaque de Chão


Juliana Souza Lucia Tina
TRIBUTO A DIM BRINQUEDIM TRIBUTO A ZÉ TARCISIO

Alegoria 02
A “ARTE” QUE FAZ HISTÓRIA

3º SETOR
“FICA ENTÃO UM BOM DESEJO, QUE SEJA LINDO SEU FESTEJO”

Ala 10 – Ala Solidariedade


FESTA DO CHITÃO

Ala 11 – Ala Empolgação da Ilha


(Comunidade)
REISADO

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Rodrigo França e Winnie Lopes
FOLGUEDOS CEARENSES

Ala 12 – Ala das Baianas


MARACATU

Ala 13 – Ala Bira Dance Performance


(Comunidade)
ROMEIROS DA FÉ

Rainha de Bateria
Gracyane Barbosa
ANJO SAGRADO DO SERTÃO

Ala 14 – Ala Bateria


PADIM CIÇO

Destaque de Chão
Dani Sperle
FLORISTA DA QUADRILHA

Ala 15 – Ala de Passistas


QUADRILHAS JUNINAS

Ala 16 – Ala Passo Marcado (Comunidade)


CIRANDAS

Ala 17 – Ala Os Incas (Comunidade)


BOI BUMBÁ

Destaque de Chão Destaque de Chão


Chris Tavares Graciele Bracco Chaveirinho
PROCISSÕES DE ARTE E DE FÉ PRECE PARA SÃO PEDRO

Alegoria 03
A PROCISSÃO MARÍTIMA DE SÃO PEDRO

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4º SETOR
“SER TÃO ARRETADO DE BOM”

Ala 18 – Ala Tropical


FÓSSEIS DE CARIRI

Ala 19 – Ala dos Compositores


GUARDAS FLORESTAIS DA SERRA DA
IBIAPABA

Ala 20 – Raízes (Comunidade)


AÇUDE DE CEDRO

Ala 21 – Ala Águias da Ilha (Comunidade)


A BICA DO IPU

Ala 22 – Ala Sorriso e Alegria


(Comunidade)
JERICOACARA

Ala 23 – Ala Sambatuque (Comunidade)


CANOA QUEBRADA

Destaque de Chão Destaque de Chão


Priscila Mathias Geovana Vinhaes
RELÍQUIAS DO CARIRI RELÍQUIAS DO TEMPO

Alegoria 04
CARIRI

5º SETOR
“A BELEZA ARROCHADA NO APRUMO”

Ala 24 – Ala Alegrilha


A MODA DE ESPEDITO SELEIRO

Ala 25 – Ala Falcão da Ilha (Comunidade)


RENDAS DE FINO TRATO

Ala 26 – Ala Fênix da Ilha (Comunidade)


BORDANDO SONHO
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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

Destaque de Chão
Rebeca Rolszt
MODA DE NAYANE RODRIGUES

Ala 27 – Ala Angels da Ilha (Comunidade)


MODA DE DORMIR

Ala 28 – Ala Velha Guarda


MODA DE IVANILDO NUNES

Destaque de Chão
Sanne Belucci
BELEZA CEARENSE

Alegoria 05
FIOS DA VIDA TECENDO O MUNDO

Ala 29 – Ala Prata da Casa


MODA DE LINDEBERGUE FERNANDES

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 O DRAGÃO DE IPU E O Na linguagem tupi, Ipu significa “certa qualidade de


TESOURO HOLANDÊS terra muito fértil, que forma grandes coroas ou ilhas
no meio dos tabuleiros e sertões”. Mas é uma terra que
também guarda mistérios e segredos. Por lá corre a
lenda de que um holandês, de nome desconhecido,
venceu o dragão que habitava os verdes e bravios
mares do Ceará. O holandês correu pelos campos de
Ipu e enterrou o tesouro então guardado pelo dragão
aos pés de São Sebastião, no local onde séculos depois
foi construída a igreja matriz da cidade, dedicada ao
santo flechado. A ideia era colocar o tesouro sob a
proteção do santo mártir de Cristo. O tesouro é parte
*Essa imagem é de um croqui da riqueza guardada numa gruta guardada por seres
original e serve apenas como mitológicos, além do dragão – dizem que lá habita
referência, pois foram realizadas uma serpente com olhos de fogo. Há quem assegure
modificações de estética na que o tesouro ainda existe e que o verdadeiro dono
execução da alegoria. dessa riqueza é São Sebastião, onde até hoje fazem
procissão e mobiliza fiéis.

É neste contexto que chega o abre-alas da União da


Ilha, uma alegoria acoplada que representa uma versão
estilizada da Catedral de São Sebastião. Para
representar a lenda, a posição frontal do abre-alas
revela o tesouro protegido pelo dragão e outras
criaturas fantásticas. Ao centro, a imagem de São
Sebastião e seu peito crivado, sob cujos pés toda a
riqueza um dia fora enterrada. A escultura do santo foi
concebida por um renomado artista cearense: Assis
Filho. A estética geral da alegoria dialoga com o
universo rústico da figura do sertanejo – por isso, a
predominância da arte em madeira e do artesanato na
palha de carnaúba. As franjas e demais tingimentos
dessa palha foram elaborados pelo Memorial da
Carnaúba do Ceará.

191
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 O DRAGÃO DE IPU E O COMPOSIÇÕES:


TESOURO HOLANDÊS Composições femininas: "Auras celestiais" –
(Continuação) Representa o brilho reluzente da fé na Catedral de São
Sebastião

Composições masculinas: "Invasores holandeses" –


As invasões da Coroa holandesa marcam a
história do estado do Ceará. Tudo para buscar as
riquezas do tesouro escondido.

DESTAQUES:
*Essa imagem é de um croqui Semi Destaques: Carmen Tot e Stefani Tot -
original e serve apenas como "Guardiã do tesouro" – A guardiã zela pela riqueza
referência, pois foram realizadas escondida em Ipu: o ouro puro e as pedras preciosas
modificações de estética na protegidas pelo temido dragão de Ipu.
execução da alegoria.
Destaque central frontal: Cristiano Moratto - "O
fascínio do dragão encantado" – As labaredas do
dragão, que protegem o tesouro, provocam o fascínio
que inspira a fantasia do nosso destaque central.

Destaque central superior: Leandro Fonseca - "O


dragão do tesouro de Ipu" – O feroz dragão que,
segundo reza a lenda, guardava o tesouro aos pés da
Igreja de São Sebastião é representado pelo destaque
central superior.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
* TRIPÉ 01 “Simbora, fio, que hoje é dia de feira! Só compra quem tiver
dinheiro. Quem não tiver não sente nem o cheiro”. A União da
FEIRAS E MERCADOS Ilha se inspira nas feiras livres do Ceará, um dos cenários
retratados por Rachel de Queiroz em “Memorial de Maria
Moura”, para homenagear os mercados populares que unem o
melhor da culinária e do artesanato produzidos no estado. Tem
de tudo nessa banca cearense montada na Sapucaí: cestas,
chapéu, arte em palha, vasos, louças, camarões e temperos.
Além disso, este elemento cenográfico é adornado com seis
estandartes, que representam importantes mercados da capital
Fortaleza: Mercado São Sebastião; Mercado Central; Mercado
da Farinha; Mercado dos Pinhões; a Feirinha Beira-Mar; e o
Centro de Artesanato do Ceará (Ceart).

DESTAQUES:
Destaque de chão frente tripé: Ewa Doromoniec -
"Artistas do sertão" - Toda pujança da arte produzida no
sertão do Ceará, verdadeira herança cultural brasileira, nos faz
encher os olhos e é representada pela musa que desfila à frente
do tripé "Feiras e mercados".
Destaque de chão atrás tripé: Débora Ribeiro – “Adornos
nativos” - Em “Iracema”, José de Alencar nos mostra que os
índios selvagens confeccionavam seus próprios colares,
símbolos de vitória e consagração. Eram adornos feitos de
sementes – e, muitas vezes, dos dentes de inimigos vencidos
em batalhas. Uma espécie de troféu de valentia que ornava,
com três voltas no peito, “cingindo o colo” dos vencedores.
Esta fantasia inaugura a sequência de alas que valorizam o
artesanato cearense, também com grande influência indígena.
Destaque central frontal: Renata Soares – "Riqueza do
artesanato" - Do litoral ao sertão, o artesanato do Ceará vai
se transformando com os costumes e histórias de cada canto
do estado. Não há quem não se encante com a riqueza e a
multiplicidade da cultura cearense, que se revela manifestada
nas mais diversas formas e cores.
Destaque superior de tripé: Ricardo Ferrador – "Crônicas
de fogo e gelo": Através da fusão das tradições indígena,
africana e europeia, que coexistiram na época da colonização,
o artesão cearense manuseia com destreza o couro, argila,
fibras vegetais, madeira e areia colorida, entre outros, para
produzir o artesanato com a criatividade, o calor e a essência
do Ceará. Como canta nosso samba: "É doce, é fogo, sabor e
prazer"!

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
02 A "ARTE" QUE FAZ Uma das maiores tradições da cultura cearense, o
HISTÓRIA artesanato encanta turistas e viajantes de todo o mundo
pela singularidade de sua riqueza. O artesão cearense
desenvolveu um amplo know-how que lhe permite
manusear materiais como couro, palha, argila,
madeira, entre outros. Em tom lúdico e carnavalesco, o
conjunto cenográfico da segunda alegoria da União da
Ilha faz um grande apanhado do que é produzido no
artesanato cearense, uma das maiores tradições
culturais do estado. Na parte frontal, o grande boi em
*Essa imagem é de um croqui referência aos bois de cerâmica, muito comuns nas
original e serve apenas como feiras cearenses, com clara inspiração no boi-bumbá.
referência, pois foram realizadas A arte de modelar o barro e transformá-lo em cerâmica
modificações de estética na é uma das principais atividades do artesão cearense.
execução da alegoria. A estética artística desenvolvida no Ceará direciona a
decoração cenográfica desta alegoria, que reverencia o
artesanato local. Mantas e redes especialmente
produzidas na cidade de Jaguaruana, interior do
Ceará, adornam as laterais do carro alegórico, além
das famosas garrafas de areias coloridas, símbolo do
artesanato cearense que traz “paisagens sob irradiação
do sol e da lua”, como definiu Rachel; ou “o morro
das areias que dá alegrias”, como descreveu Alencar.
Na parte traseira da alegoria, exalta-se a figura do
cangaceiro, muito presente nas inúmeras histórias em
cordel, a partir da imagem de um grande chapéu de
couro.
Merecem destaque duas referências artísticas do Ceará
que contemplam a cenografia desta alegoria. A
primeira está na parte frontal: a referência à obra “O
regador, ou regando pedras”, do artista plástico
cearense Zé Tarcísio, considerada um marco na
transição da arte moderna para a arte contemporânea.
No topo da alegoria, um painel exclusivo do também
artista cearense Dim Brinquedim, que exalta a alegria
multicolorida do povo cearense retratada em arte.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
02 A "ARTE" QUE FAZ COMPOSIÇÕES:
HISTÓRIA “Arte em xilogravura" – Muito comum nas feiras de
(Continuação) artesanato do Ceará, a literatura de cordel é um gênero
literário popular no Brasil, tradicionalmente ilustrado
com xilogravuras e apresentado em papéis rústicos. Os
cordelistas contam histórias que reúnem informações
importantes sobre a história da cultura cearense e a
típica seca nordestina, salvaguardando a identidade e a
memória cultural, herança de preservação das
tradições através da palavra igualmente zelada pelos
indígenas, praticantes da oralidade.
*Essa imagem é de um croqui
original e serve apenas como Convidados: Na escada frontal da Alegoria, teremos
referência, pois foram realizadas artistas de diversas artes, consagrados no Ceará e no
modificações de estética na mundo.
execução da alegoria.
DESTAQUES:
Destaque de chão: Juliana Souza - "Tributo a Dim
Brinquedim"- A peleja poética da União da Ilha
estende sua homenagem a artistas populares do Ceará,
como Dim Brinquedim, que constrói brinquedos,
esculturas e telas cheias de cores e gosto de infância.
Tudo parece se tornar arte e brincadeira em suas mãos!

Destaque de chão: Lucia Tina – "Tributo a Zé


Tarcísio": Outra importante referência das artes
plásticas do Ceará é Zé Tarcísio. Pintor, gravador,
escultor, cenógrafo, figurinista e colecionador, Zé
Tarcísio é um renomado artista contemporâneo que já
expôs em mostras internacionais na Europa, Estados
Unidos e outros países da América do Sul, além de
várias capitais brasileiras.

Destaque frontal: Elinor Vilhena – "Poema a


Patativa do Assaré" - Poeta popular cearense,
Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré,
escreveu oito livros e mais de mil poemas sobre a vida
e os sentimentos do homem sertanejo.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 A "ARTE" QUE FAZ Destaque lateral direito: Luciana Melani – "Teia


HISTÓRIA de cordéis" - Indiscutível a riqueza que a literatura de
(Continuação) cordel representa para a cultura cearense e nordestina
– e isso envolve uma teia de manifestações artísticas,
como a escrita o uso do grafismo e a simbologia que
envolve essa prática tão comum nas feiras e mercados
populares.

Destaque lateral esquerdo: Markety – "Cores


mágicas de histórias de cordel" - Cangaceiros,
padres e demônios ganham cores e vida a cada recorte
*Essa imagem é de um croqui das historietas gravadas na literatura escrita em versos
original e serve apenas como chamada popularmente de cordel, o que faz reforçar
referência, pois foram realizadas sua importância no imaginário popular do cearense.
modificações de estética na
execução da alegoria. Destaque central: Hermínia Paiva – "Poesia em
cordel" - Desfolhando as leituras de cordel,
adormecemos inebriados com a poesia popular que
conta histórias de castelos, príncipes, princesas,
florestas, feitiços, dragões e heróis. O cordelista segue
a vida poetizando os momentos em versos de pura
magia e encantamento.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
03 A PROCISSÃO MARÍTIMA As páginas de José de Alencar e da obra imortal de Rachel de
DE SÃO PEDRO Queiroz nos conduzem para um Ceará de muita fé e devoção.
Diversas passagens desses dois escritores fazem emergir de
seus livros a religiosidade de um povo sofrido, mas que crê em
milagres. Em tom lúdico e carnavalesco, a terceira alegoria da
União da Ilha retrata crença do cearense destacando a
principal procissão marítima do estado: a Festa de São Pedro
dos Pescadores em Fortaleza, homenagem ao padroeiro dos
pescadores.
A procissão de barcos e jangadas reúne todo ano milhares de
fiéis que agradecem pelas bênçãos na pesca. Uma grande
embarcação conduz outras jangadas numa barqueata em
louvor ao Apóstolo santo. No topo, uma representação da
Capela de São Pedro dos Pescadores, localizada na Avenida
*Essa imagem é de um croqui Beira-Mar, em Fortaleza. Completam o quadro cenográfico
original e serve apenas como desta alegoria seres do mar, botos e, claro, muitos pescadores.
referência, pois foram realizadas O contexto da alegoria, foi inspirado em uma escultura da obra
modificações de estética na do artista plástico Willi de Carvalho, que interpreta com
maestria as provas de fé do povo brasileiro.
execução da alegoria.
COMPOSIÇÕES:
Composições Casais: “Romeiros”
Romeiros se reúnem, numa só oração, para pedir ao santo
padroeiro dos pescadores que os ajude a navegar nos verdes
mares de José de Alencar. Sob o sol da fé, rezam o terço e
rogam a São Pedro para livrá-los das intempéries e dos
perigos. E que a fartura do mar se estenda por toda nossa vida!
Composição masculina: "Pescadores e devotos de São
Pedro" - A Festa de São Pedro dos Pescadores se repete desde
a década de 1930 em Fortaleza. Todo mês de junho, a Igreja
de São Pedro dos Pescadores e o calçadão da Avenida Beira-
Mar recebem quermesses, apresentações de quadrilhas e
musicais em louvor ao santo que pescou peixes, antes de ser
"pescador de homens" quando se tornou um dos doze
apóstolos de Cristo. Como a fé é maior que a igreja, vários
devotos escapolem pela calçada e assistem a celebração do
lado de fora, numa missa ao ar livre.
Composição feminina: "Poema a São Pedro" - Tamanha é a
devoção dos pescadores cearenses a São Pedro que seus fiéis
homenageiam o santo padroeiro com cânticos e até poemas.
Em festa, louvam assim os devotos: "No São Pedro é
celebrado / Nossos festejos divinos / Que trazem muita alegria
/ Pro nosso Ceará querido!”

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Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 A PROCISSÃO MARÍTIMA DESTAQUES:


DE SÃO PEDRO Destaque de chão: Chris Tavares – "Procissões de arte e
(Continuação) de fé"- Fé e arte se fundem, como sinônimo de beleza, na
procissão marítima de São Pedro, em Fortaleza.

Destaque de chão: Graciele Bracco Chaveirinho – "Prece


para São Pedro" - A força de São Pedro guia devotos
cearenses a clamar por dias melhores não só na pesca, como
também na lida diária. Rezam em prece: "Glorioso São Pedro,
Tu que sabes de todos os segredos do céu e da terra, ouve a
minha oração e atende a prece que vos dirijo".

Destaque central frontal: Kamila Reis – "Testemunhos da


fé": Na procissão de São Pedro, todos clamam em uníssono,
num ato de fé pela paz, prosperidade e a união do homem
*Essa imagem é de um croqui pescador. Tem cantorias, danças, barqueata e muita festa, num
original e serve apenas como verdadeiro testemunho de fé representado pelo nosso
referência, pois foram realizadas destaque.
modificações de estética na
Semi Destaque lateral esquerdo: Rodrigo – "Os
execução da alegoria. significados carregados de magia": A pesca garante o
sustento de muitas famílias que vivem ao longo do litoral de
José de Alencar. E o bom pescador sabe a hora das cheias,
entende os segredos e os lamentos do mar. São os significados
carregados de magia, representados nesta fantasia.

Semi Destaque lateral direito: Beth Ribeiro – "A fé de


Pedro": "Rede na praia, barco no mar, e a tua igreja a
navegar" – assim cantam os devotos de São Pedro dos
Pescadores. A admiração pelo santo ganha forma na
religiosidade do povo cearense.

Destaque central superior: Augusto Melo – "São Pedro:


quando o imaginário ascende à palavra": Um dos apóstolos
e seguidores de Jesus, Pedro era pescador e tinha um barco
que usava para navegar pelo mar da Galileia. Certo dia,
recebeu a missão de Cristo: "Tu serás o pescador de homens".
E, desde então, foi alçado ao posto de padroeiro dos
pescadores, como os de Fortaleza e demais municípios do
litoral cearense. São Pedro é considerado ainda o fundador da
Igreja Cristã em Roma e foi o primeiro Papa a se ter registro
na história do Catolicismo.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
04 CARIRI Das páginas dos livros de José de Alencar e da obra
imortal de Rachel de Queiroz, emergem frases que falam
sobre a beleza e do Ceará. Num dos ensaios mais raros de
Rachel ("Caderno de Geographia", de 1922), a escritora
descreveu as belezas da geografia do seu estado, sobretudo
o sertão do Cariri, que sempre lhe foi muito familiar. Em
seus escritos, a autora fala sobre a formação da Terra e o
surgimento dos primeiros animais: os dinossauros. Pouco é
sabido, mas a Chapada do Araripe, localizada no Cariri,
preserva uma riqueza geológica, arqueológica e
*Essa imagem é de um croqui paleontológica, com um precioso patrimônio fossilífero
original e serve apenas como referente ao período cretáceo no Brasil. Pesquisadores
referência, pois foram realizadas escavam incalculáveis registos de uma biodiversidade
pretérita dos primeiros habitantes do planeta em solo
modificações de estética na
cearense. Não à toa Rachel, em outro livro ("As três
execução da alegoria. Marias"), assim definiu essa região: "Eu também me fazia
contar coisas do meu Cariri natal, que era ali tão exótico e
distante quanto as agulhas de Cárpatos".
Dentro desse contexto de exotismo que o Cariri evoca, a
quarta alegoria da União da Ilha traz referências – já
apontadas por Rachel de Queiroz – sobre uma das
maravilhas da geografia cearense: o Geoparque Araripe,
um dos mais completos e ricos depósitos de fósseis do
planeta e o mais raro patrimônio paleontológico do país.
Na frente da alegoria, está a representação
do Santanaraptor placidus, fóssil raro de um dinossauro
hoje exposto no Museu de Paleontologia da Universidade
Regional do Cariri. Ossadas e folhas de carnaúba
completam, numa leitura carnavalizada, o conjunto
cenográfico dessa alegoria.
Na segunda parte do carro, outras duas referências
merecem destaque. A primeira é o pássaro
mesozoico Enantiornithes, considerada a ave mais antiga
do Brasil, cujo fóssil foi encontrado em estado raro de
conservação entre as pedreiras calcárias da Bacia do
Araripe. Com asas proeminentes, plumagem espessa e sua
longa cauda, a espécie era menor do que um beija-flor.
Outra referência é o verde da rica vegetação da Floresta
Nacional do Araripe, considerado um oásis no meio do
sertão. São, na visão de Alencar descrita no livro "Como e
por que sou romancista", "as matas seculares que vestiam
as serras (...) e através destas também esfumavam-se outros
painéis, que me representavam o sertão".

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Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 CARIRI COMPOSIÇÕES
(Continuação) "Pássaros em passeio" – Na crônica "Os Passarinhos",
do seu livro "O Homem e o tempo", Rachel de Queiroz
escreve a respeito dos cantos dos vários pássaros que
"passeiam" por sua fazenda Não Me Deixes, no Cariri,
coração do sertão cearense. A fazenda, inclusive, serviu
como modelo para o primeiro censo de fauna e flora do
bioma caatinga. Por isso, a União da Ilha convoca os
pássaros de Rachel para passear, numa revoada
multicolorida, pela Marquês de Sapucaí. Como canta
nosso samba: "A natureza cantada em meus versos /
*Essa imagem é de um croqui Traduz a beleza desse meu lugar".
original e serve apenas como
referência, pois foram realizadas
modificações de estética na DESTAQUES:
execução da alegoria. Destaque de chão: Priscila Mathias "Relíquias do
Cariri" - As cidades do sertão cearense "se aninham",
como descreveu Rachel de Queiroz, no meio de suas
belezas naturais. São as relíquias do Cariri, como as
ossadas fossilizadas e eternizadas pelo tempo.

Destaque de chão: Geovana Vinhaes "Relíquias do


Tempo" - Em “Como e por que sou romancista”,
Alencar afirmou que “Os estudos de história preenchiam
o melhor de meu tempo, e de todo me atraíam”. É o que
estudam os pesquisadores da Universidade Regional do
Cariri (Urca), sempre em busca de verdadeiras relíquias
naturais deixadas pelo tempo.

Destaque lateral esquerdo: Michelle Lao – "Arara


azul" - Essa ave de "bico adunco" (recurvado), como as
descritas por Alencar em "Iracema", inspira a fantasia do
destaque lateral esquerdo da quarta alegoria. Supõe-se
que tais aves teriam evoluído a partir de aves do período
Cretáceo.

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Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 CARIRI Destaque lateral direito: Naldo Ilha – "Pássaro da


(Continuação) Serra" - Rachel conta, em seus escritos, que sempre foi
uma preocupação dela soltar pássaros. Um deles é a
saíra, de tom azul exuberante, que não se adapta à
gaiola, muito comum na Serra de Baturité. No nosso
desfile, a ave desfila solta, lépida e faceira pela Marquês
de Sapucaí.

Destaque central: Victória Castelhano – "Soldadinho


do Araripe": O soldadinho-do-araripe (Antiolphia
bokermanni) é uma das aves mais características da
*Essa imagem é de um croqui Chapada do Araripe – e também uma das ameaçadas do
original e serve apenas como planeta. Essa espécie se destaca pelo contraste de
referência, pois foram realizadas plumagem: dorso e peito esbranquiçados; as pontas das
modificações de estética na asas pretas; e o topete na cabeça vermelho. Ele sobrevoa
execução da alegoria. o horizonte do Araripe, "azul e constante como a linha
do mar", conforme descrito por Rachel de Queiroz em
"As três Marias".

05 FIOS DA VIDA TECENDO O A mulher rendeira faz parte do imaginário popular


MUNDO cearense e é, desde muito, transmissora de um
conhecimento geracional – passa sua arte de tramar os
fios em bilros de geração em geração. Este
conhecimento permeia não só a história de muitas
famílias de mulheres cearenses, bem como
personagens importantes da literatura de Rachel de
Queiroz e José de Alencar - como Guta, Maria José e
Glória, as protagonistas do romance “As três Marias”
(QUEIROZ) ou a Dona Flor de “O sertanejo”
(ALENCAR).
*Essa imagem é de um croqui
original e serve apenas como
referência, pois foram realizadas
modificações de estética na
execução da alegoria.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
05 FIOS DA VIDA TECENDO O Suas mãos criam, dão forma, transformam, impõem
MUNDO relevos e acrescentam cores. Tecem, bordam, moldam,
(Continuação) costuram e impressionam. A última alegoria da União da
Ilha do Governador presta, portanto, uma grande e
merecida homenagem à figura da mulher rendeira e
bordadeira, que sintetiza toda a moda cearense retratada
no último setor do nosso desfile. Ponto a ponto, a trama
da renda e o traçado dos fios alinham o Ceará como a
terra que veste não só sua gente, mas também o mundo.
O estado é reconhecido internacionalmente pela
modernização do cultivo do algodão, uma das fontes de
exportação e também matéria-prima do bordado.
O conjunto escultórico desta alegoria é composto por: à
*Essa imagem é de um croqui frente, uma mulher rendeira e sua filha bordando em uma
original e serve apenas como máquina de bilro a fim de demonstrar que o ofício de
referência, pois foram realizadas tecer e emaranhar os fios passa de geração em geração.
modificações de estética na No centro, um grande globo terrestre giratório que
execução da alegoria. representa o mundo tecido pelos fios das rendeiras e
bordados cearenses. Nas laterais, figuras femininas
emergem entre tramas e linhas rendadas e simbolizam,
de forma lúdica, a projeção mundial da moda do Ceará.
Contemplam a alegoria pás de moinho ou cataventos que
produzem energia limpa e renovável – o estado se
destaca por ser o maior produtor nacional de energia
eólica, segundo o IBGE. São os bons ventos que sopram
e reposicionam o Ceará rumo ao progresso. Passado (a
tradição dos bilros); presente (o perpassar do
conhecimento entre as bordadeiras); e futuro (a energia
limpa e renovável) sintetizam o conceito desta alegoria
que encerra nosso desfile.
COMPOSIÇÕES:
"Poesias rendadas em alvos fios" – A arte de tramar
rendas tem relevante influência indígena. A virgem
Iracema, por exemplo, já utilizava os alvos fios do crautá
e as agulhas da juçara para sua tecelagem descrita no
clássico romance de José de Alencar. Hoje a habilidade
da tessitura cearense é dotada de beleza e qualidade
inigualáveis, que vestem os filhos de sua terra e elevam o
Ceará ao cenário mundial da moda.

202
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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Severo Luzardo Filho
Nº Nome da Alegoria O que Representa
05 FIOS DA VIDA TECENDO O COMPOSIÇÕES:
MUNDO Convidados: Na parte frontal da Alegoria, teremos
(Continuação) personagens da Moda, consagrados no Ceará.
Baluartes da Escola – "Memórias do
Ceará": Membros mais antigos e eternos guardiões de
uma escola de samba, os ilustres componentes da velha-
guarda e do Departamento Feminino protegem suas
raízes, preservam a memória e mantêm vivas as
tradições. Na peleja poética da União da Ilha, ambas as
alas zelam pelo saber imemorial das rendeiras cearenses,
donas do conhecimento adquirido com o passar dos anos
– verdadeira memória viva cultural.
*Essa imagem é de um croqui DESTAQUES:
original e serve apenas como Destaque de chão: Sanne Belucci – “Beleza cearense”
referência, pois foram realizadas – José de Alencar definiu, em “Ao correr da pena”,
modificações de estética na beleza como uma “poesia sublime”. Chega, portanto, na
execução da alegoria. Avenida um poema da União da Ilha do Governador,
beleza devidamente arrochado no aprumo da moda
cearense.
Destaque central: Marilda Lafitte – "Artesã dos fios
do amor": Em suas páginas, Rachel se diz
extremamente orgulhosa de suas origens cearenses. Cita
a "simbiose da terra com sua gente" como, por exemplo,
a relação das artesãs pelo ofício da renda: "No afã de
alinhar mais o trocado do ponto de filó, e sai tão fina, tão
delicada, tão perfeita". São fios de amor que se
entrelaçam e fazem tramar o dia a dia das mulheres
rendeiras com fios finos. "Menina rendeira me ensina a
bordar / No céu emoção, no chão simpatia".
Destaque central superior: Nacho Mohammed –
"Nossa gente tece o futuro": O cearense relatado nas
páginas dos nossos dois nobres escritores hoje tece o
mundo, enredando o estado do Ceará na trama de um
futuro promissor. Ponto a ponto, o cearense se aninha em
rendas de fino trato, num trabalho de extrema delicadeza
e sabedoria. Assim as rendeiras bordam o pano e também
bordam a vida, que tanto a União da Ilha exaltou com o
enredo "A peleja poética entre Rachel e Alencar no
avarandado do céu".

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01:
Destaque central frontal: Cristiano Moratto Designer de Moda
Fantasia: “O fascínio do dragão encantado”
Destaque central superior: Leandro Fonseca Empresário
Fantasia: “O dragão do tesouro de Ipu”
Semi Destaques: Carmen Tot Estilista
Semi Destaques: Stefani Tot Arquiteta
Fantasia: “Guardiã do tesouro”
Elemento Alegórico (Tripé) 01:
Destaque central frontal: Renata Soares Enfermeira
Fantasia: “Riqueza do artesanato”
Destaque superior de tripé: Ricardo Ferrador Bancário
Fantasia: “Crônicas de fogo e gelo”
Alegoria 02:
Destaque frontal: Elionor Vilhena Educadora Física
Fantasia: “Poema a Patativa do Assaré”
Destaque lateral direito: Luciana Melani Modelo
Fantasia: “Teia de cordéis”
Destaque lateral esquerdo: Markety Estilista
Fantasia: “Cores mágicas de histórias de cordel”
Destaque central: Hermínia Paiva Estilista
Fantasia: “Poesia em cordel”
Alegoria 03:
Destaque central frontal: Kamila Reis Empresária de Dubai
Fantasia: “Testemunhos da fé”
Semi Destaque lateral esquerdo: Rodrigo Cabelereiro
Fantasia: “Os significados carregados de magia”
Semi Destaque lateral direito: Beth Ribeiro Empresária
Fantasia: “A fé de Pedro”
Destaque central superior: “Augusto Melo” Empresário
Fantasia: “São Pedro: quando o imaginário
ascende à palavra
Alegoria 04:
Destaque lateral esquerdo: Michelle Lao Jornalista
Fantasia: “Arara azul”

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões


Destaque lateral direito: Naldo Ilha Modelo
Fantasia: “Pássaro da Serra”
Destaque central: Victória Castelhano Pedagoga Bilíngue
Fantasia: “Soldadinho do Araripe”
Alegoria 05:
Destaque central: Marilda Lafitte Produtora
Fantasia: “Artesã dos fios do amor”
Destaque central superior: Nacho Mohammed Empresário
Fantasia: “Nossa gente tece o futuro
Local do Barracão
Rua Rivadavia Corrêa, nº. 60 – Galpão nº. 02 – Gamboa – Rio de Janeiro
Diretor Responsável pelo Barracão
Luiz Carlos Riente
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Jhow Washington Castelinho
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Max Muller Cassio Murilo
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Fuka Fábio
Outros Profissionais e Respectivas Funções
Adriano - Aderecista de Alegorias (01, 03 e 05)
Anderson Douraro - Aderecista de Alegorias (02, 04 e Tripé 01)
Claudinho Guerreiro - Comprador / Ateliê de composições
Edu Chagas - Diretor de Atelier e Almoxarifado
Vitor - Vime e palhas
Claudinho Sousa - Laminação e reprodução de fibra de vidro
Batista - Hidráulicos
Sergio Lopes - Trabalhos em espuma
Andre Fuentes - Efeitos especiais
Moisés - Almoxarifado
Magrão - Empastelação e emasse
Guilherme - Assistente de Carnaval / Projeto / Arte finalização
Cristiano Morato - Coordenação de destaques
Cezinha - Movimentos motorizados
Adson (Mega) - Movimentos Manuais / Esculturas com Movimentos
Chibata - Portaria
Silvio / Dudu e Terrinha - Serviços Gerais
Guilherme - Brigadista
Renata - Cozinha

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Severo Luzardo Filho
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Esfinge de Quixadá, terra afetiva de Rachel de Ala Melodia Anna Paula e


Quixadá Queiroz e cenário do livro “O (Comunidade) Eduardo
Quinze”, é conhecida por sua 2004
paisagem de formações rochosas, Estandarte de
tendo como símbolo principal a Ouro
Esfinge de Pedra. Acreditam os
moradores que a montanha de pedra,
em formato de grande esfinge, é
uma fantástica obra moldada em
tempos imemoriais. Quem a moldou
foi uma antiquíssima civilização,
dotada de uma espantosa tecnologia
capaz de esculpir montanhas inteiras
sob as mais variadas formas.

02 O Velho Guajará Os mangues descritos por José de Ala de Rita e João


Alencar em “Iracema” guardam um Performance
segredo inviolável. É lá onde mora o (Comunidade)
Velho Guajará, lenda viva da região 2014
de Itarema (CE), inicialmente
habitada pelos antigos índios
tremembés. Contam que o Velho
Guarajá, também conhecido como
“Pai do Mangue”, faz rápidas
aparições em forma de um grande
pássaro e seu assobio característico.
A fantasia da ala traz na cabeça a
representação da ave, uma das
aparições do Guarajá, com
elementos da indumentária indígena.
No centro desta ala, surge o grande
tuxaua, divindade mentora do
espírito do Guajará, com seu
espectro coberto de palha.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

03 O Pássaro O Urutaú, citado no romance “O Ala Loucos Luiz Carlos e


Urutaú Guarani”, de José de Alencar, é um Pela Ilha Cíntia
pássaro emblemático e misterioso. (Comunidade)
Dono de olhos esbugalhados, 1996
semelhantes aos de uma coruja, a Estandarte de
ave é uma espécie de mensageira Ouro
dos altos céus, enviada pelos índios
ancestrais guaranis para pressagiar,
com seus cantos de “notas graves e
sonoras”, desejos de boa sorte aos
que aqui estão.

04 Sabores do Para Alencar e Rachel, o sabor do Ala Sacode Jorge


Sertão Ceará tem lugar: é o sertão, terra Quem Pode
onde a comida reúne visitantes e 1984
amigos em torno da mesa forrada de
chitão. É uma cozinha rústica e com
sotaque próprio. Rachel, inclusive,
se declarava melhor cozinheira do
que escritora. Por essa razão, o
figurino desta ala traz algumas
representações da culinária típica do
Ceará descritas no livro “O Não Me
Deixes: suas histórias e sua
cozinha”, de Rachel de Queiroz,
como a galinha cabidela, queijo
coalho, milho e o bolo de fubá, com
elementos da vestimenta do sertão
descrita na obra “O sertanejo”, de
Alencar.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
05 Alfenim: O A mesa do nordestino, já apontou Sou Mais Rosa e
perfume dos Rachel de Queiroz, é pródiga em Minha Ilha Carlinhos
meus doces doces, com uma dieta rica em (Comunidade) Fuzileiro
açúcar. Além da clássica rapadura, 2006
uma das variantes do açúcar no
Ceará são os alfenins, um doce
delicado e frágil de cor branca, que
se apresenta em formas esculpidas
de bonecas, anjos, aves e flores.
“Tudo muito doce, ao gosto do
nordestino”, definiu nossa escritora
ao descrever o perfume dos doces
que embalou seus escritos sobre o
amor à culinária.

06 Camarão A gastronomia da região litorânea Ala Beleza Maria Lúcia


Cearense cearense em nada se compara com a Pura
rústica comida do sertão. Nela há (Comunidade)
uma grande variedade de pratos com 2014
frutos do mar, devido à sua extensa
costa marítima. Entre pratos típicos
do litoral, destacam-se os
preparados com camarão, cuja
produção o Ceará é líder nacional. O
figurino desta ala faz alusão ao
costume atual da pesca desta delícia
marítima, uma herança das tribos
dos primeiros habitantes dessa terra
como os índios potiguaras, descritos
por Alencar em “Iracema” como
“comedores de camarão”. O nome
da ala remete a uma receita
imortalizada na culinária desse
estado: "camarão cearense".

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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
07 Artesanato de Em “Iracema”, a personagem-título Ala Batuke de Catia
Palha carregava sua colheita dentro de Batom
urus, cestos de palha de carnaúba (Comunidade)
com alça, hoje muito comuns da 2013
região do Cariri. A arte de trançar
fibras é uma herança deixada pelos
índios. A criatividade com uso da
palha tem sido, há décadas, o
principal meio de sobrevivência de
artesãos cearenses. Verdadeiros
artistas que dão vida a peças úteis,
como bandejas, chapéus e esteiras,
entre uma infinidade de artigos. O
figurino desta ala traz elementos
produzidos por uma rede de artesãs
cearenses, como descansos de prato
e rosas trançadas na palha.

08 Artesanato A cerâmica é uma arte originária dos Ala Show da Juçan e Fátima
Cerâmico índios e desenvolvida Ilha
posteriormente pelos negros. A (Comunidade)
Fazenda Não Me Deixes, na cidade 2012
de Quixadá, onde Rachel viveu boa
parte de sua vida, guarda uma
coleção de panelas, jarros e potes de
cerâmica, objetos que revelam uma
das formas de arte popular mais
desenvolvidas no estado do Ceará. A
arte de modelar o barro é uma das
principais atividades do artesão
cearense. O artesanato cerâmico é
presente também em uma das obras
mais emblemáticas de Rachel,
“Memorial de Maria Moura”:
“Encomendei à nossa velha louceira
toda louça de barro, as panelas, os
potes e alguidares”.

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Fantasias

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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

09 Arte em Cordel Muitas histórias de cordel são Ala Guerreiros Dudu


talhadas na madeira, nas palavras de da Ilha
Rachel, pelo “santeiro anônimo que (Comunidade)
lhe esculpe religiosamente o vulto 2014
num palmo de raiz de cajazeira”.
Um dos expoentes dessa arte no
Ceará é Inocêncio Medeiros da
Costa, mais conhecido como Mestre
Noza. Ele é autor de inúmeras
xilogravuras talhadas na madeira de
imburana que ilustram histórias da
cultura cearense, especialmente
sobre Padre Cícero Romão, o Padim
Ciço. A ala presta também uma
homenagem a Gonçalo Ferreira da
Silva, presidente da Academia
Brasileira de Cordel, esse artista fiel,
que fez a literatura cumprir seu
social papel, inter-relacionando
xilogravura e cordel.

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Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

10 Festa do Chitão “Havia festas nos ares”, anuncia o Ala Mauricio


protagonista de “O sertanejo”, de Solidariedade
José de Alencar. Uma das mais (1974)
populares no Ceará é a Festa do
Chitão, muito predominante na
cidade de Cedro. A festa surgiu nos
idos de 1940, quando um
comerciante local organizou um
evento para acelerar as vendas do
chitão estocado em suas lojas. Para
retratar a alegria desse importante
festejo cearense, o figurino da ala
mescla elementos nordestinos
característicos como a chita e fitas
coloridas.

11 Reisado Uma das festas mais populares do Ala Leila e Michele


Ceará, o Reisado é muito presente Empolgação da
na cultura do sertão do Cariri. O Ilha
folguedo é uma tradição secular que (Comunidade)
representa o cortejo dos Reis Magos. 2015
Na leitura cearense, o Reisado ganha
contornos sertanejos em função da Estandarte de
cultura do gado – são “os Reis do Ouro 2016
Couro”. A festa encantou Alencar
em um dos seus livros
autobiográficos, “Ao correr da
pena”. Disse ele: “Logo depois
vinham os Reis com as suas
cantigas, as suas romarias noturnas,
as suas coletas para o jantar do dia
seguinte”.

211
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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Severo Luzardo Filho
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

12 Maracatu Fortaleza, capital do Ceará e cidade- Ala das Tia Bené


natal de José de Alencar, abriga um Baianas
dos mais celebrados festejos do (1953)
estado: o Maracatu de Fortaleza, que
acontece todo 25 de março. O ritmo
contagiante da percussão e o rico
colorido dos trajes reais anunciam a
cerimônia de coroação da antiga
nobreza africana. Reis e rainhas se
encontram para brincar ao som do
batuque em homenagem aos seus
ancestrais negros. O Maracatu
surgiu no século 18 para encenar a
glória real da corte africana,
reconstituindo a coroação dos reis
do Congo. Após a abolição da
escravatura, o ritual ganhou as ruas,
tornando-se um folguedo. No
cortejo de nossa peleja poética entre
Rachel e Alencar, as rainhas do
Maracatu são representadas pelas
grandes damas do samba, as nossas
baianas matriarcas. As tradicionais
senhoras da União da Ilha trazem
toda a realeza africana em sua nobre
indumentária, magnificamente
trajadas em ouro e vermelho,
promovendo com seu rodopiar um
verdadeiro cortejo na Avenida.

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Severo Luzardo Filho
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

13 Romeiros da Fé Rachel de Queiroz relatou que a Ala Bira Dance Bira Dance
cidade de Juazeiro do Norte foi Performance
comparada a Meca ou a Jerusalém, (Comunidade)
por ser “a capital de um culto, a 1988
residência permanente de um santo e
em torno desse santo girava toda a
vida daqueles milhares de homens”.
O santo em questão é Padre Cícero
Romão Dias, o Padim Ciço,
sacerdote católico cearense que não
foi canonizado pela Igreja e, ainda
assim, é tido como um mito, um
verdadeiro salvador por sua imensa
legião de fiéis espalhados pelo
Brasil. Esses romeiros da fé fazem
sua peregrinação religiosa na
Avenida em uma ala coreografada,
com quatro figurinos, para pedir
bênçãos no carnaval da peleja
poética entre Rachel e Alencar no
avarandado do céu.

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Fantasia Representa Ala pela Ala
14 Padim Ciço "Vou pedir a Padim Ciço / Abençoe Ala Bateria Mestre Keko e
nosso povo / Essa fé vai nos guiar"! 1953 Marcelo Santos
Os ritmistas da nossa escola Estandarte de
homenageiam Padre Cícero Romão Ouro 1978,
Batista, popularmente conhecido 1981, 1985,
como Padim Ciço, um dos símbolos 1989 e 2017
da religiosidade nordestina. Nascido
em Crato, Cícero tornou-se conhecido
no sertão do Cariri pelos seus feitos
milagrosos (mesmo não reconhecidos
pela Igreja Católica). Sua figura
mítica até hoje reúne milhares de fiéis
e peregrinos em torno da estátua
erguida em sua homenagem na cidade
de Juazeiro do Norte. Padim Ciço
virou lenda e personagem de
inúmeros cordéis, que estampam os
três figurinos da bateria da Ilha: Padre
Cícero, o sacerdote do povo
(ritmistas); os beatos – roupa de
celebração (diretores principais); e
coroinhas (diretores auxiliares). Em
um de seus momentos como poeta,
Rachel de Queiroz dedicou versos a
Padre Cícero. No poema “Meu
Padrinho”, disse ela: “Meu padrinho –
só ele! – soube entender o caso do
Nordeste / Meu padrinho conhece a
alma do cangaceiro”. Em outra
crônica, Rachel escreveu: “Por mim,
quero crer que o Padre Cícero, ‘Meu
Padrinho’ como o chamávamos todos,
foi um santo. Como santo obrava
milagres, dava luz aos cegos, matava
as pragas das roças, achava coisas
perdidas, valia os navegantes no mar”.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

15 Quadrilhas Pegue seu par e venha dançar Ala de Andrea


Juninas quadrilha com os passistas da União Passistas
da Ilha! O Ceará é um dos estados 1953
com maior número de grupos de
quadrilhas juninas, com destaque para
o São João de Maracanaú, que reúne
todo ano milhares de espectadores. A
dança dos nossos brincantes
transforma o chão da Avenida num
céu pintado de balões. Então, não se
avexe não! Venha pular fogueira e se
encantar tal qual Alencar descreveu
em “O sertanejo”: “Então entraram,
cada uma de seu lado, duas quadrilhas
adereçadas com roupas muito lindas”.

16 Cirandas Entre a variedade de festas populares Ala Passo Sandra e


do Ceará, estão as cirandas, dança Marcado Ricardo
tipicamente nordestina e muito (Comunidade)
comum nas comunidades pesqueiras 1998
do litoral do estado. Caracteriza-se
pela formação de uma grande roda,
geralmente nas praias ou praças, onde
os integrantes dançam ao som de um
ritmo lento e repetido. A indumentária
desta ala é inspirada nas grandes
rodas de festas e traz a inspiração da
alegria originária deste universo das
cirandas de roda, como citou Rachel
em uma de suas crônicas, “A Rosa e o
fuzileiro”: “E bem no meio do campo
de jogo, um grupo de garotas
teimosamente anacrônicas gira numa
ciranda, cantando que à mão direita
tem uma roseira que dá rosa em mês
de maio”.

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17 Boi Bumbá A infância de Rachel de Queiroz, na Ala Os Incas Amanda e
fazenda Junco, em Quixadá, é repleta (Comunidade) Fernando
de experiências culturais que marcaram 2002
a imaginação da escritora. Uma delas,
descrita em seu livro de memórias
“Tantos anos”, é o bumba meu boi, que
leva para as ruas suas brincadeiras de
improviso e encanto. As apresentações
estão inseridas no ciclo natalino. A
brincadeira da morte e ressurreição do
boi já se tornou um costume bastante
cultivado em várias cidades do estado.
Assim descreveu Rachel sobre o
folguedo: “Lá para minha zona, no
município de Quixadá, que já é sertão
autêntico, o único festejo popular que
apaixona e consome dinheiro e energias
é o boi. (...)Essa sim, tem ainda muita
força no coração do povo”.

18 Fósseis de Cariri Rachel e Alencar demonstravam, em Ala Tropical Ricardo


seus livros, verdadeiro fascínio pela (2003) Ribeiro
geografia e biodiversidade do Ceará. O
estado guarda muitas belezas naturais,
como o Geoparque Araripe, no Cariri,
um dos mais completos e ricos
depósitos de fósseis do planeta. São
plantas, anfíbios, insetos, répteis e até
dinossauros fossilizados há milhões de
anos. É o mais raro patrimônio
paleontológico do Brasil. “[O Cariri é]
região fresca, alimentada pelas fontes
que descem da Chapada do Araripe,
espécie de barreira natural, de
belíssima visão, ergue-se como uma
segunda linha do horizonte, azul e
constante”.

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19 Guardas A tradicional ala de compositores da Ala dos Joelson


Florestais da União da Ilha do Governador Compositores
Serra da homenageia os guardiões da Serra (1953)
Ibiapaba da Ibiapaba, um verdadeiro “oásis
de clima temperado no meio do
agreste clima do sertão”, como
definiu Rachel de Queiroz no livro
“O Nosso Ceará”. Lá são
preservadas algumas espécies da
fauna e flora das tradicionais
florestas de Mata Atlântica,
reservando belas paisagens ao
visitante.

20 Açude do Cedro “Ouvindo poesias de Rachel”, como Ala Raízes Cidália


canta nosso samba-enredo, (Comunidade)
encontramos os versos de “Cedro”, 1972
poema sobre o primeiro açude a ser
construído no Brasil, ainda nos
tempos do Império, a mando de
Dom Pedro II. Construído em 1877
para combater a seca na região de
Quixadá, o Açude do Cedro é
considerado a primeira grande obra
hídrica brasileira. Escreveu Rachel:
“E o Cedro grandioso grita, a se
remirar no seu paredão alto, nos
seus mosaicos, nos correntões que
pendem em marcos de granito (...)
Pesca meus peixes! Bebe e venera
em mim a memória gloriosa de S.
M. o Imperador!”

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21 A Bica de Ipu As belezas cearenses também saltam Ala Águia da Carla e Bianca
das páginas dos livros de José de Ilha
Alencar. No município de Ipu está (Comunidade)
localizada a cachoeira imortalizada 2013
pelo escritor no seu clássico
“Iracema”. A Bica de Ipu é uma
queda d’água localizada aos pés da
Mata de Ibiapaba. A cachoeira foi
muito utilizada por Iracema e outros
índios tabajaras como local de
banho e descanso em meio ao
escaldante calor da região. Disse
Alencar sobre a famosa Bica: “Mais
rápida que a ema selvagem, a
morena virgem corria o sertão e as
matas do Ipu onde campeava sua
guerreira tribo da grande nação
tabajara, o pé grácil e nu, mal
roçando alisava apenas a verde
pelúcia que vestia a terra com as
primeiras águas”.

22 Jericoacoara José de Alencar definiu o litoral do Ala Sorriso e Marinete e


Ceará como “verdes mares que Alegria Heloísa
brilhais como líquida esmeralda aos (Comunidade)
raios do Sol nascente, perlongando 2013
as alvas praias ensombradas de
coqueiros”. Assim é Jericoacoara, Estandarte de
um dos destinos mais procurados Ouro 2016
pelos turistas e amantes de esporte,
como surf e windsurf. As redes
sobre a água são outra marca
registrada deste cenário fascinante,
verdadeira dádiva da natureza.

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23 Canoa quebrada No desafio da peleja poética do nosso Ala Ruth


desfile, Rachel de Queiroz destaca Sambatuque
outra beleza litorânea do Ceará: (Comunidade)
Canoa Quebrada, “visão do clássico 2009
paraíso tropical – areias alvas, dunas,
coqueiros, vegetação de beira-mar”.
Antigo esconderijo hippie, Canoa
Quebrada hoje recebe milhares de
turistas. O local é de uma beleza
indiscutível: as praias com falésias
avermelhadas são fascinantes. Para a
escritora, o litoral de Canoa Quebrada
é a mais perfeita tradução do que é ser
cearense: “Aquela terra salgada que já
foi fundo do mar tem mesmo o gosto
do nosso sangue”.

24 A Moda de Além de livros e poemas, Rachel de Ala Alegrilha Eliana


Espedito Seleiro Queiroz foi autora de peças de teatro, 1979
como “Lampião” (2005), um libelo à
vida de Virgulino Ferreira da Silva,
um dos mais valentes e destemidos
cangaceiros das quebradas do sertão.
Essa figura lendária também inspira a
arte em couro de um dos maiores
expoentes da moda cearense: o mestre
Espedito Seleiro. Seu estilo único
reinventa o universo dos vaqueiros e
cangaceiros através do resgate das
cores e formas que se destacam em
meio à paisagem do semiárido
cearense. O figurino dessa ala,
aprovado pelo próprio Espedito, conta
com couro vegetal produzido por uma
rede de artesãs cearenses.

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25 Rendas de fino Iracema, conta Alencar, costumava Ala Falcão da Ellen
trato tecer rendas de algodão com Ilha
agulhas extraídas da juçara. A arte (Comunidade)
de trançar fios naturais teve 2001
influência indígena e hoje é uma das
principais fontes de faturamento do
artesanato cearense. O algodão,
inclusive, foi o primeiro produto de
exportação do estado, considerado o
“ouro branco” das lavouras. Hoje
ele é eternizado nas mãos de
artistas, as queridas rendeiras do
litoral, que entrelaçam nos fios uma
das identidades culturais do Ceará.
O figurino desta ala conta com um
trançado de algodão feito
exclusivamente para o carnaval da
União da Ilha.

26 Bordando sonhos No poema “Renda da terra”, Rachel Ala Fênix da Junior


de Queiroz se mostra encantada Ilha
com a arte do bordado, também (Comunidade)
muito característica no Ceará, 2013
sobretudo na região de Icó. Disse a
autora: “No afã de alinhar mais o
trocado / do ponto de filé / e sai tão
fina, tão delicada, tão perfeita / que
vocês, meus irmãos do Sul /
mandam buscá-la aqui, na
barraquinha anônima das várzeas”.
O bordado de filé da cidade de
Jaguaribe é famoso no mundo todo.
O figurino desta ala contém mantas
de filé bordadas exclusivamente
para o desfile por uma cooperativa
de artesãs de Jaguaribe.

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27 Moda de Dormir “O sono é uma voluptuosidade do Ala Angels da Rebeca Rolszt


paraíso”, definiu José de Alencar em Ilha
“Ao correr da pena”. Pois chega à (Comunidade)
Sapucaí a mais perfeita 2018
voluptuosidade do paraíso, assim
definida pelo nosso escritor: cem
mulheres vestindo lingeries
cearenses, muito caracterizadas pelo
trabalho de renda costurada com
tules e tecidos tecnológicos, tudo em
modelagens sensuais. Passado e
presente se emaranham nos fios
alvos para exaltar a beleza feminina
do Ceará, segundo maior polo de
fabricação de lingeries do Brasil. Os
desenhos exclusivos de Nayane
Rodrigues para este desfile exaltam
a beleza da mulher brasileira.
Afinal, como continua Alencar:
“Que melhor se pode fazer neste
tempo de repouso e descanso do que
sonhar?”.

28 Moda de A velha guarda da União da Ilha Ala Velha Jurema


Ivanildo Nunes desfila na Marquês de Sapucaí com Guarda
roupas desenhadas pelo estilista (1953)
Ivanildo Nunes, um dos expoentes
da moda cearense atual. Ivanildo
alia design e arte a técnicas
avançadas de richelieu, bordados e
as valiosas rendas de bilro, muito
característico do artesanato local. O
traje desta elegante ala foi criada e
produzida pelo próprio artista
exclusivamente para nosso desfile.

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29 Moda de Finalizando o desfile, esta ala que Ala Prata da Direção de


Lindebergue não se configura fantasiada e Casa Carnaval
Fernandes avaliada no regulamento do quesito, (2018)
congrega os foliões colaboradores e
amigos da Escola.
Lindebergue Fernandes um dos
nomes mais importantes da moda
autoral cearense, usa o artesanato
local para retratar a pluralidade
deste Estado tão rico culturalmente.
O figurino é assinado pelo próprio
Lindebergue e traz seu trabalho
característico de moda
contemporânea, casual e urbana com
a releitura moderna de estampas
bem tradicionais. Trata-se de um
figurino leve e alegre, duas marcas
da União da Ilha do Governador,
que transparece simpatia no chão da
Marquês de Sapucaí ao olhar para o
céu e testemunhar a emoção desse
encontro divinal entre Rachel e
Alencar, como canta nosso samba-
enredo: "No céu emoção, no chão
simpatia".
Neste fim de desfile também
teremos pessoas pedindo Paz para o
Estado do Ceará, representadas aqui,
pelos dois clubes de futebol do
Ceará com maior expressão no
cenário Nacional: Ceará Sporting
Club e Fortaleza Esporte Clube.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadavia Corrêa, nº 60 – Barracão nº. 02 – Gamboa – Rio de Janeiro
Diretor Responsável pelo Atelier
Sonia Santos, Dudé, Tâni Garcia, Rita de Cássia, Felipe, Ana Oliveira, Claudinho Guerreiro e Edu
Chagas
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Ana Oliveira Sonia Santos, Dudé, Tâni Garcia, Rita de
Cássia, Felipe, Ana Oliveira, Sergio Lopes e
Claudinho Guerreiro
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Sonia Santos Edna
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Claudinho Guerreiro - Chefe do Atelier de Composições


Edmilson - Chefe do Atelier de Fantasia Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira
Marquinhos - Penas Artificiais
Anderson - Corte em Máquina
Cassio e Savio - Pintura de Arte em Fantasias
Janice - Bordados de “Barra Mansa”

Outras informações julgadas necessárias

Nossos profissionais tiveram premiações da crítica especializada, conforme abaixo:

Sonia Santos – Premiações de Melhor:


Fantasia: Plumas e Paetês - 2008
Estandarte de Ouro - 2008 / 2013
Samba-Net - 2003 / 2004 / 2008

Rita de Cássia - Premiações de Melhor Fantasia:


SRZD - 2009
Estandarte de Ouro - 2012
Plumas e Paetês - 2013
Samba-Net – 2001

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Myngal, Marcelão da Ilha, Roger Linhares, Marinho, Cap.


Enredo Barreto, Eli Doutor, Fernando Nicola e Marco Moreno
Presidente da Ala dos Compositores
Joelson de Souza
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
100 Celso Jorge – Jau Luiz Carlos – Luizinho das
(cem) 68 anos Camisas - 20 anos
Outras informações julgadas necessárias
O sol
Onde aquece a inspiração é luz
Meu sonho
É vida, vento, brisa à beira-mar
Ouvindo poesias de Rachel
Suspiro nas histórias de Alencar
E hoje desfolhando meu cordel
Das lendas que ouvi no Ceará
É doce é fogo, sabor e prazer
Aroma no ar, plantar e colher
Eu moldei no barro
As recordações que vivi com você
Violeiro toca moda à luz do luar
Sanfoneiro puxa o fole e convida a dançar
Vou pedir a Padim Ciço
Abençoe nosso povo
Essa fé vai nos guiar
Chão rachado, meu sertão
Peço a Deus pra alumiar
Terra seca que não seca a esperança
Arretada vocação de te amar
O sal da terra segue o meu destino
Sangue nordestino sempre a me orgulhar
A natureza cantada em meus versos
Traduz a beleza desse meu lugar
Linda morena vestiu-se de amor
Teceu a vida com fios dourados
Eu, de chapéu de couro de gibão
Enfeitei o meu coração
E na moda desfilo ao seu lado
Vixe Maria! A Ilha a cantar
Trançando em meus versos a minha alegria
Menina rendeira, me ensina a bordar
No céu emoção, no chão simpatia

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

O G.R.E.S União da Ilha do Governador traça um painel multicolorido do estado do Ceará sob a
perspectiva das mais de dezenas de obras escritas por dois ilustres filhos desse chão: os imortais
José de Alencar e Rachel de Queiroz. A escola promove um encontro imaginário de ambos no
avarandado do céu para que tracem, entre si, uma peleja poética repleta das mais belas passagens
por eles descritas em suas páginas.
Nossos compositores desfolham os livros de Rachel e Alencar para contemplar, no samba-enredo,
o essencial da literatura de ambos numa linguagem alegre, comunicativa e popular, alinhada com
o histórico de sambas da União da Ilha do Governador. O samba da Ilha de 2019 propõe esse
recorte do Ceará contado pelas palavras dos nossos ilustres escritores, num encontro inédito que
se dá nesse mais alto avarandado celeste. As palavras de Rachel de Queiroz e José de Alencar
hoje inspiram nossos menestréis.
O objetivo da letra do nosso samba é extrair a alma e a essência do enredo – o Ceará, suas lendas,
histórias e a força de quem não perde a fé e a esperança. Alencar e Rachel são nomes em cujas
veias corre o sangue quente dessa terra, berço da saga de um povo valente. Nessa justificativa,
expusemos a defesa de cada trecho do samba-enredo da União da Ilha para 2019, de forma a
construir uma narrativa baseada na letra do samba, contextualizando o enredo, bem como seus
setores e o desfile propriamente dito.
Eis, pois, a defesa do nosso samba-enredo para o carnaval 2019:

O SOL
ONDE AQUECE A INSPIRAÇÃO É LUZ
MEU SONHO
É VIDA, VENTO, BRISA À BEIRA-MAR
Iniciamos o samba da União da Ilha contextualizando as belezas do Ceará, tal qual José de
Alencar descreveu como "telas de reminiscências" (em "Como e porque sou romancista")
desenhadas nos sonhos de sua infância; ou Rachel de Queiroz e sua definição do que é um
"paraíso tropical": "areias alvas, dunas, coqueiros, vegetação de beira-mar" (em "O meu Ceará").

OUVINDO POESIAS DE RACHEL


SUSPIRO NAS HISTÓRIAS DE ALENCAR
E HOJE DESFOLHANDO MEU CORDEL
DAS LENDAS QUE OUVI NO CEARÁ
Seguindo fidedignamente a sinopse, os compositores introduzem neste trecho do samba-enredo o
primeiro setor do desfile da União da Ilha do Governador, sobre lendas e estórias mantidas na
oralidade do cearense (muitas delas em forma de cordel) que perpassam diversas passagens das
obras de Rachel e Alencar. Neste trecho, um dado curioso: nossos compositores lembram que
Rachel de Queiroz, além de exímia escritora, também era poetisa em suas horas vagas ("Ouvindo
poesias de Rachel").

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

É DOCE É FOGO, SABOR E PRAZER


AROMA NO AR, PLANTAR E COLHER
EU MOLDEI NO BARRO
AS RECORDAÇÕES QUE VIVI COM VOCÊ
O fim da primeira parte do nosso hino faz referência ao segundo setor do desfile, um painel
multifacetado da culinária e da arte produzida no Ceará e que foram citadas nas páginas de Rachel e
Alencar, em mais de dezenas de livros publicados. O verso "É doce, é fogo, sabor e prazer" sugere o
prazer, em especial, de Rachel de Queiroz pela cozinha cearense. Declarou ela: "Sou muito melhor
cozinheira do que escritora". Já o "plantar e colher" faz referência à herança indígena da colheita,
presente na obra imortal de Alencar, "Iracema". "Eu moldei no barro / As recordações que vivi com
você" são versos referentes à arte da cerâmica, muito comum no sertão descritos em obras como
"Memorial de Maria Mora" (Rachel); "O quinze" (Rachel) e "O sertanejo" (Alencar). Também diz
respeito ao apreço de Rachel de Queiroz pela louçaria de cerâmica, uma de suas coleções mais raras e
especiais deixadas na fazenda O Não Me Deixes, em Quixadá, espécie de refúgio afetivo de nossa
escritora.

VIOLEIRO TOCA MODA À LUZ DO LUAR


SANFONEIRO PUXA O FOLE E CONVIDA A DANÇAR
VOU PEDIR A PADIM CIÇO
ABENÇOE NOSSO POVO
ESSA FÉ VAI NOS GUIAR
O refrão do meio do nosso samba introduz, de maneira poética, o terceiro setor do nosso desfile, sobre
os festejos religiosos ("Violeiro toca moda à luz do luar / Sanfoneiro puxa o fole e convida a dançar")
e as várias manifestações de fé do povo cearense, com destaque para a figura de Padre Cícero Romão,
o Padim Ciço, figura icônica do imaginário religioso do Ceará que até hoje mobiliza multidões em
procissão anual na cidade de Juazeiro do Norte. Não à toa Rachel de Queiroz dedicou
ao Padim poemas e crônicas, a quem carinhosamente chamava de "Meu padrinho". Disse ela, em um
dos seus escritos: "Por mim, quero crer que o Padre Cícero, 'Meu Padrinho' como o chamávamos
todos, foi um santo. Como santo obrava milagres, dava luz aos cegos, matava as pragas das roças,
achava coisas perdidas, valia os navegantes no mar".

CHÃO RACHADO, MEU SERTÃO


PEÇO A DEUS PRA ALUMIAR
TERRA SECA QUE NÃO SECA A ESPERANÇA
ARRETADA VOCAÇÃO DE TE AMAR
Com o samba ainda contextualizado no terceiro setor, entra em cena o árido sertão cearense, descrito
em obras como "O sertanejo" (Alencar) e "O quinze" (Rachel). A seca é motivo que, há anos, assola o
sertanejo e é motivo tantos pedidos e súplicas de um povo que só quer um pouco de água vinda do céu
para fazer verdejar as campinas. Uma gente que não perde a esperança em dias melhores e que sempre
tem vocação para amar sua terra natal, o glorioso Ceará.

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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

O SAL DA TERRA SEGUE O MEU DESTINO


SANGUE NORDESTINO SEMPRE A ME ORGULHAR
A NATUREZA CANTADA EM MEUS VERSOS
TRADUZ A BELEZA DESSE MEU LUGAR
Aqui chegamos ao quarto setor da escola, sobre a geografia cearense que se moldou na literatura de
Rachel e de Alencar. Uma curiosidade: a menção ao "sal da terra" e ao "sangue nordestino" nos dois
primeiros versos deste trecho é referência a uma declaração muito emotiva de Rachel de Queiroz
sobre seu amor pelas belezas de sua terra: "Aquela terra salgada que já foi fundo do mar tem mesmo o
gosto do nosso sangue", disse ela no livro "O nosso Ceará". Paisagens do "pátrio Ceará", como definiu
Alencar, estão dentro da "natureza cantada em meus versos" que "traduz a beleza desse meu lugar".

LINDA MORENA VESTIU-SE DE AMOR


TECEU A VIDA COM FIOS DOURADOS
EU, DE CHAPÉU DE COURO E GIBÃO,
ENFEITEI O MEU CORAÇÃO
E NA MODA DESFILO AO SEU LADO
Aqui chegamos ao último setor do nosso desfile, sobre o modo de se vestir do cearense, que borda nos
fios do tempo a história do seu povo. Moda essa também muito retratada nos personagens de Rachel
de Queiroz e José de Alencar. A mulher rendeira, que borda sua vida com os conhecimentos passados
de geração em geração (arte introduzida pelos indígenas como atestado em “Iracema” e também muito
presente em diversas passagens do livro “As três Marias”, de Rachel de Queiroz); o chapéu de couro e
gibão que tanto o sertanejo de Alencar como Maria Moura de Rachel utilizaram em suas andanças
pelo sertão cearense; as linhas alvas de puro algodão que fazem bordar a renda – tudo faz com que a
moda desfile ao lado da literatura de nossos dois escritores como nos dias de hoje, quando o Ceará se
posiciona no mercado com um dos grandes expoentes do mercado têxtil mundial, dada sua vocação
nata para a arte do bordado, trançado e do manejo de diferentes matérias-primas desse segmento
(algodão, fibras naturais, couro etc.)

VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR


TRANÇANDO EM MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA
MENINA RENDEIRA ME ENSINA A BORDAR
NO CÉU EMOÇÃO, NO CHÃO SIMPATIA
O refrão principal do nosso samba-enredo arremata o espírito de ser do cearense, evocando uma de
suas expressões mais populares: "Vixe Maria"! Esse trecho conclui as referências ao último setor do
desfile, sobre a moda produzida no estado, na metáfora "Trançando em meus versos a minha alegria /
Menina rendeira me ensina a bordar". O último verso faz o link entre o avarandado do céu, ponto de
partida do nosso enredo – um encontro emocionante entre dois grandes escritores brasileiros –; e no
chão, simpatia: a simpatia característica do insulano que todo ano desfila graça e alegria no chão da
Marques de Sapucaí.

227
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Mestre Keko Araújo e Mestre Marcelo Santos
Outros Diretores de Bateria
Augusto Cesar, Mauricio, Wallace Martins, Marco Russo, Jorge, Marcelão, Santana, Chiclete,
Cidicley, Yan, Mumu e Daniella
Total de Componentes da Bateria
280 (duzentos e oitenta) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
14 14 15 - -
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
90 - 36 - 36
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
- 20 22 - 20
Outras informações julgadas necessárias

Triângulos – 13 Triângulos tocando solo em uma das “bossas” da Bateria.

Mestre Marcelo Santos:


A infância do Mestre de bateria Marcelo Santos foi toda na Ilha do Governador. O amor pelo
carnaval foi passado de geração para geração. Primeiro seu avô fez parte da agremiação, em
seguida, o seu pai, Antônio Tinico, tornou-se diretor de bateria por muitos anos.

Desde pequeno Marcelo frequentava os ensaios de bateria, e aos 15 anos participou do seu
primeiro desfile na Marquês de Sapucaí.

Cria da casa, Marcelo completa em 2019, 16 anos na bateria da Agremiação Insulana, onde
recebeu ao longo desse tempo os ensinamentos dos Mestres Riquinho (que o colocou pela
primeira vez como diretor de bateria) e do consagrado mestre Ciça, que foi para ele um divisor de
águas em sua carreira. Após a saída de Mestre Ciça, Marcelo foi efetivado como no Mestre de
Bateria da União da Ilha, ao lado de Keko Araújo.

Mestre Keko Araújo por Keko Araújo:


"Keko Araújo, Minha história com o samba... "

Tudo começou aproximadamente aos 08 anos de idade, quando por influência do meu pai, um
chamado Gérson Araújo, pude fazer os meus primeiros "batuques" nas festinhas de aniversário e
encontros onde toda a família se reunia. Desde criança até a idade adulta, a música sempre se fez
presente em minha vida!

228
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Aos 12 anos, após saber da existência de uma "Escolinha de ritmistas" na quadra do G.R.E.S.
União da Ilha do Governador, fui sozinho até lá e pedi para fazer um teste. Para a minha surpresa,
fui aprovado e passei a integrar o grupo seleto de ritmistas da agremiação comandada pelo famoso
Mestre Paulão, o qual devo toda a minha carreira. Lá, através da minha habilidade, tive a
oportunidade de ser o primeiro repique da Escola, gravar diversos CDs de sambas de enredo e
fazer muitos shows de samba em todo o Brasil.

Em um determinado momento, inconformado com o fim da "Escolinha de ritmistas", insisti junto


à agremiação para continuar com o projeto. Afinal, eu era a prova viva das oportunidades que ali
surgiam. Assim, além de ser ritmista da União da Ilha também assumi o papel de instrutor da
Escolinha com a missão de descobrir novos talentos em nossa comunidade, assim como aconteceu
comigo. Um desses talentos se tornou o 1° repique da agremiação e hoje faz parte da comissão de
diretores da minha bateria, o Wallace Martins (Bigode), motivo do meu orgulho!

A carreira profissional de músico percussionista foi crescendo a cada dia... Durante um momento
de descontração com uns amigos, na sede do Bloco Carnavalesco "O cordão da Bola Preta", fui
convidado para dar aquela famosa "canja" no pandeiro. O que para mim naquele momento, não
passava de uma grande brincadeira, teve como consequência um convite, feito pelo sambista
"Ném", para fazer parte do grupo de músicos do famoso "Pagode da Tia Doca", em Madureira. Lá
fiquei por 01 ano e meio, aproximadamente, e tive o privilégio de tocar com a verdadeira "nata"
do samba: Almir Guineto, Arlindo Cruz, Sombrinha, Reinaldo, Dudu Nobre, entre outros.

O "Pagode da Tia Doca" era e ainda é um lugar de referência para escutar o verdadeiro samba de
raiz e encontrar os "bambas"! E por essa razão, o meu trabalho ganhou mais visibilidade e sem
qualquer pretensão, após uma das apresentações do Dudu Nobre, recebi pessoalmente o convite
do cantor para fazer uma participação, apenas na parte de samba enredo do seu show, durante a
gravação que ele e sua banda fariam no programa "Domingão do Faustão" da rede Globo.
Logicamente, aceitei de imediato e o que era para ser apenas uma participação já dura mais de 12
anos... Ser músico profissional da banda do sambista Dudu Nobre foi literalmente um presente em
minha vida, pois além de crescimento profissional, também percebi que cresci muito
pessoalmente! Na banda, tive e tenho oportunidade de fazer shows em diversos lugares do Brasil
e do mundo e, consequentemente, conhecer e aprender sobre diversos tipos de cultura. Isso
realmente não tem preço!

Pouco tempo após ingressar como músico na banda do Dudu Nobre, também passei a fazer parte
do grupo de samba de raiz que fundei com amigos próximos: o “Samba do Amigo Meu” (cujo
nome é de minha autoria).

229
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Paralelamente aos trabalhos acima mencionados, criei e fui instrutor do projeto "Tocando Ideias"
(Escolinha de percussão, cordas, artes e idiomas) na colônia de pescadores z-10, na Ilha do
Governador, direcionado para crianças e adolescentes, no qual um dos objetivos principais do
projeto é dar a esses jovens a mesma oportunidade que um dia eu tive. O projeto foi além do q eu
esperava e o nosso ponto alto foi fazer a abertura do show da renomada cantora de axé e técnica
do programa The Voice, da Rede Globo: Claudia Leitte.

Em 2013, vale destacar, que fui convidado pelo Mestre Odilon para ser um dos diretores da
bateria do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, que o mesmo comandou juntamente com o
Mestre Riquinho. Foi uma grande honra ser diretor de bateria de um dos mestres mais respeitados
no mundo do samba.

Agarrei a oportunidade que Mestre Odilon me deu com “unhas e dentes” e me dediquei ao
máximo, pois queria arrancar dele todo o conhecimento que fosse possível a nível de samba de
enredo.

No ano seguinte, Mestre Odilon saiu do cargo e Mestre Thiago Diogo assumiu o comando da
bateria do G.R.E.S. União da Ilha do Governador. Durante o seu comando permaneci Diretor de
bateria e pude agregar mais conhecimento à minha carreira.

A cada carnaval que passava eu me entregava de corpo e alma e me comprometia com total
responsabilidade a desenvolver a função de Diretor com excelência.

Eis que em 2014, sai o Mestre Thiago Diogo e mais uma vez, lá estava eu... Diretor de bateria de
um dos maiores ícones do Carnaval do Rio de Janeiro: Mestre Ciça, o novo comandante da
“Baterilha”.

Durante os 04 anos que Mestre Ciça permaneceu no comando, tive a oportunidade de me


especializar nas afinações dos instrumentos e ser o grande responsável, durante todo esse tempo,
por essa parte crucial da bateria de uma Escola de Samba: afinar os instrumentos da Bateria.

O meu aprendizado, aperfeiçoamento e realização, como Diretor de Bateria, seguia evoluindo


positivamente a cada ano que passava, até que em 2017, após uma apresentação impecável da
“Baterilha” na Marquês de Sapucaí, conseguimos as notas máximas dos jurados; e, além disso, o
tão sonhado ESTANDARTE DE OURO.

Por fim, após o carnaval de 2018, com a ida do Mestre Ciça para o G.R.E.S Viradouro, a União da
Ilha do Governador buscou uma solução caseira para o comando da “Baterilha”, denominado pelo
ex-Presidente Ney Filardi e o atual presidente Djalma Falcão, os ‘Pratas da casa”. Assim,
juntamente com Marcelo Santos, lá estava eu, escolhido para ser MESTRE DE BATERIA da
minha escola de coração.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Posso afirmar que hoje vivo um momento ímpar, especial, difícil de descrever... É como se
estivesse sonhando... Afinal, quem diria que aquele menino pobre sem oportunidades, que aos 12
anos de idade foi para a "Escolinha de ritmistas" na quadra do G.R.E.S. União da Ilha do
Governador, seria hoje um dos Mestres de Bateria de uma Escola de Samba do Grupo Especial?
Certamente, o dia 23/04/2018, dia da minha apresentação no comando da “Baterilha”, ficará
marcado para sempre em minha vida. O dia em que comemoramos o dia de “São Jorge” no Rio de
Janeiro, será, a partir de então, um dia pra lembrar que vale a pena ter fé em Deus, acreditar, lutar,
trabalhar e se dedicar quando se tem um sonho. Com a bênção de Deus e a força de São Jorge
Guerreiro eu realizei o meu! Portanto, você também pode realizar o seu...Acredite...Vá e vença!

Keko Araújo.
#BaterILHA #UmPeloOutro

RAINHA DE BATERIA – GRACYANNE BARBOSA – FANTASIA: “Anjo sagrado do


sertão” – À frente da bateria, que evoca a figura icônica de Padre Cícero Romão, o Padim Ciço,
chega a rainha de bateria da União da Ilha do Governador. Esbanjando graça e beleza, Gracyanne
Barbosa veste a estilização carnavalesca de um anjo sagrado do sertão, dentro do contexto
religioso a que se dedica o terceiro setor do nosso desfile. Os anjos fazem parte das profecias
atribuídas a Padre Cícero – são mensageiros que levam os pedidos dos romeiros para o altar do
Santíssimo. Apesar de não ter sido canonizado pela Igreja Católica, Padim Ciço, carinhosamente
chamado de “Meu padrinho” por Rachel, é tido como santo por sua extensa legião de devotos
espalhada pelo Brasil.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Dudu Azevedo
Outros Diretores de Harmonia
Nem, Edu, Leo, Luis, Rosa, Maria Lucia, Catia, Juçan, Dudu, Leila, Jota, Nancy, Paulinho,
Amaury, Simone, Sandra, Fernando, Cidália, Carla, Mainete, Ruth, Ellen, Cris, Roberto, Vinicius,
Anna Paula, Carlos Eduardo, Zé Carlos, Mario, Cintia, Augusto, Rosivaldo, Fernando, Ricardo,
Antonia, Nivea, Fatima, Vagner, Geraldo, Michele, Sirlei, Claudemir, Paulinho Dada, Ricardo,
Gracimar, Alenio, Amanda, Renato, Aridelson, Carlos Henrique, Leo, Bianca, Heloisa, Henrique,
Renata, Garrincha, Domenica, Leandro, Junior, Edemilson, Bruno, Vaguinho, Lima, Felipe,
Marcelo, Mazinho, Para, Russo e Washington
Total de Componentes da Direção de Harmonia
70 (setenta) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
Intérprete: Ito Melodia
Auxiliares: Marquinhus do Banjo, Nando Pessoa, Flávio Martins, Roger Linhares e Doum
Guerreiro
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Violão de Sete Cordas – Rodrigo
Cavaco – Neno Martins e Cesinha (Pique Novo)
Outras informações julgadas necessárias
Literalmente quando citamos o substantivo feminino HARMONIA, estamos nos referindo a equilíbrio,
simetria, cadência, conformidade, coesão, entre outras palavras que nos levam a combinações que
ocasionam sensação agradável, aprazível.
Ao citar a frase contida em nosso samba "VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR, TRANÇANDO EM
MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA", estamos definindo com propriedade como se desenvolverá o
quesito HARMONIA no desfile da União da Ilha do Governador. A consonância perfeita no canto entre os
componentes da Escola e o carro de som, a alegria de cantar e dançar, transmitindo uma sensação
agradável e aprazível, estiveram intrinsecamente ligadas a atuação conjunta de 70 pessoas, Diretores do
Departamento de Harmonia e Evolução, que desde o mês de Agosto, antes mesmo da escolha do samba
enredo de 2019, já se reuniam com os diversos segmentos da Escola, preocupados em demonstrar a
importância da dedicação e empenho ao canto do Samba.
A partir de Outubro, o samba enredo foi incessantemente ensaiado, seja na quadra ou nos ensaios técnicos
de rua, onde os mesmos dirigentes e líderes se esmeraram visando a perfeita integração entre todos os
componentes e os intérpretes, visando a realização de um desfile vibrante, com muita garra e alegria.
Visto a impossibilidade de qualquer Escola de samba reunir num só dia de ensaio a totalidade de seus
componentes que desfilarão na Marquês de Sapucaí, o Departamento de Harmonia e Carnaval da União da
Ilha buscou em dias distintos e alternados integrar os componentes, fazendo com que todos entendessem o
grau de complexidade que o quesito exige.
O perfeito entrosamento de todos os segmentos da Escola foi atingido e proporcionará um desfile seguro e
coeso, que contagiará a todos os que assistirem ao desfile da Tricolor Insulana.

"VIXE MARIA! A ILHA A CANTAR


TRANÇANDO EM MEUS VERSOS A MINHA ALEGRIA"

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Outras informações julgadas necessárias

Ito Melodia:
Acraílton Forde, mais conhecido como Ito Melodia é um dos intérpretes mais queridos pelo público da
Marquês de Sapucaí. Não há quem não reconheça o carisma e o talento desse grande intérprete.
Filho de Aroldo Melodia, intérprete da Ilha por 36 anos e de quem herdou o grito de guerra “Segura a
Marimba!”. Ito é conhecido pelo público pela performance cantando, dizem que ele ‘‘incorpora’’ quando
está atuando nos palcos, não tem quem fique parado com a garra e a energia desse grande talento, quando
solta a voz..."Caramba"!

Começou a frequentar a quadra e as rodas de samba na União da Ilha ainda criança, acompanhando o pai.

Em 1992, Ito começou a ser preparado para substituir o pai.

Em 1996, foi alçado à condição de intérprete principal da União da Ilha, dividindo o cargo com Aroldo
Melodia para cantar o samba enredo “A Viagem da Pintada Encantada”. No ano seguinte, já com Aroldo
aposentado, Ito foi o protagonista, conduzindo a escola com o Samba “Cidade Maravilhosa – O Sonho de
Pereira Passos”.

Ito Melodia consolida sua carreira e sua identidade ano a ano, na sua Escola do coração e se consagra
como a identidade, da União da Ilha do Governador.

Vencedor de cinco estandartes de ouro: 2002, 2010, 2011, 2016 e 2017.


Tamborim de Ouro: 2011 e 2015
Samba-Net: 2014
Estrela do Carnaval: 2013

Diretor Musical: Mário Jorge Bruno


Técnico de Gravação e Mixagem e Produtor Musical.

Já trabalhou com os maiores nomes do Samba e da MPB tais como: Martinho da Vila; Zeca
Pagodinho, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Bezerra da Silva, Beth Carvalho, Alcione, Marisa
Monte, Chico Buarque, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Nana Caymmi, Roupa Nova, e muitos
outros.

Mario Jorge participa da Gravação dos discos das Escolas de Samba desde 1982 e compõe a
Produção do CD desde 2003. Foi julgador de Bateria de 1996 a 2002.

É Sócio Gerente do Estúdio Companhia dos Técnicos onde gravam os maiores artistas do
país.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Dudu Azevedo – Diretor Geral de Carnaval
Outros Diretores de Evolução
Russo, Pará, Mazinho, Marcelo, Felipe, Paulinho, Lima, Marco Antonio, Roberto Afonso,
Edinho, Claudio, Ana, Raphael, Trindade, Marinho, Beto Mascarenhas, Euclides, Alan, Caio,
Toko, Tania, Vicente, Rafael Costa, Marcus Guedes, Acacio, Gil, Careca, Carlito, Mario
Alexandre, Rogerio Lourenço, Thayse Lourenço, Bruno, Gabriela Cony e Maria Jacira
Total de Componentes da Direção de Evolução
34 (trinta e quatro) componentes
Principais Passistas Femininos
Dara Oliveira, Juliany Dantas, Ana Lívia e Soraya Santos
Principais Passistas Masculinos
William Costa, Victor Igor, Giliard Pinheiro e Alao Ribeiro
Outras informações julgadas necessárias

A definição literal da palavra EVOLUÇÃO, nos remete a: "Ação ou efeito de evoluir,


aperfeiçoamento, crescimento, desenvolvimento".

Com muita alegria os componentes da União da Ilha pisarão a Marquês de Sapucaí com
movimentos contínuos e evolução espontânea, num processo crescente, extraindo da frase de
nosso samba enredo “VIOLEIRO, TOCA MODA À LUZ DO LUAR, SANFONEIRO PUXA
O FOLE E CONVIDA A DANÇAR...” o que o quesito EVOLUÇÃO sugere: a dança.

As reuniões, os ensaios sejam os de quadra ou os técnicos (na rua), ensejaram a oportunidade da


realização de um trabalho de conscientização junto a todos os componentes, desde os casais de
Mestres Salas e Porta Bandeiras, Baianas, Alas, Passistas, enfim, todos os segmentos da Escola,
demonstrando a importância da criatividade na dança, em movimentos contínuos, da cadência, da
regularidade e progressão, elementos básicos necessários e fundamentais para a realização de um
grande desfile e o cumprimento do que exige o quesito EVOLUÇÃO. Este trabalho desenvolvido
em conjunto com os Diretores de Harmonia e Evolução, contempla ainda na Harmonia, todos os
líderes das Alas de Comunidade e os Presidentes das Alas Comerciais, totalizando um grupo de
84 pessoas, imbuídas do propósito de executar no desfile da União da Ilha do Governador os
mesmos procedimentos bem sucedidos nos ensaios realizados.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Djalma Falcão (Presidente)
Diretor Geral de Carnaval
Dudu Azevedo
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Tia Bené
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Wilma (Dona Tereza) Rosinei
(oitenta) 80 anos 55 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Jurema de Castro
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
60 Elsa Castro João Carlos
(sessenta) 76 anos 52 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Cacau Potrassio.
Notáveis pela Cidade do Ceará: Assis Filho, Zé Tarcisio, José Luis Lira, Dim Brinquedim,
Suyane Moreira, Gonçalo, Michelsen Diogenes, Pinheiro Junior, Dinalva, Willi de Carvalho,
Espedito Seleiro, Ivanildo Nunes, Lindebergue Fernandes, Morgana Camila, Rebeca Sampaio e
Elano.
Outras informações julgadas necessárias

A Diretoria da União da Ilha do Governador por várias razões, tem o compromisso de preservar e
difundir a nossa cultura, oportunizando aos moradores do bairro e os componentes da Escola
diversas ações e eventos educativos e culturais. A prova cabal dessa assertiva é o nosso enredo "A
peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu".

Através do trabalho de pesquisa desenvolvido por nosso carnavalesco, foram estabelecidos


contatos com entidades de serviços, cooperativas, designers e artesãos do Estado do Ceará que
permitiram o intercâmbio, visando a utilização e promoção dos produtos artesanais da
região, contribuindo para a geração de emprego e renda.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Outras informações julgadas necessárias

As alegorias e fantasias da União da Ilha serão vitrine especial para cerca de 12 mil peças artesanais,
confeccionadas com exclusividade pelos artistas Cearenses para o desfile da Escola. Assim sendo, a
União da Ilha do Governador fortalece a importância do samba/carnaval como ferramenta
fundamental na cadeia produtiva e no desenvolvimento sócio, econômico e cultural, através dos
desfiles das Escolas de Samba.

Diretor de Carnaval: Dudu Azevedo


Carioca e integrado ao Samba pelas mãos de pai e mãe, adquiri conhecimentos em eventos
internacionais, inicialmente como ritmista e após como Coordenador do Grupo Rio Samba Show com
participações em vários países, mais principalmente nas cidades de Kobe, Shiga, Osaka e Tokyo, no
Japão. Em nível nacional os conhecimentos vieram de eventos no Terreirão do Samba, nos Concursos
de Rei Momo e Rainha do Carnaval, assim como os trabalhos desenvolvidos em Escolas de Samba
como Unidos do Viradouro/Diretor de Harmonia, Acadêmicos do Salgueiro/Diretor de Carnaval e
Acadêmicos do Grande Rio/Diretor de Harmonia e após Diretor de Carnaval.
Estes trabalhos me fizeram entender a importância do que é trabalhar em grupo, agregar pessoas e
dividir responsabilidades.
Desde a minha juventude ouço que "a cada dia se aprende uma lição" e o que agora citarei, confirma o
dito popular. Tudo que aprendi, os diversos eventos que participei, as viagens internacionais, a direção
de carnaval nas agremiações coirmãs, acrescentaram e agregaram valores ao meu conhecimento,
porém nada comparável ao momento que vivo com Diretor de Carnaval e Harmonia da União da Ilha
do Governador.
Do Presidente ao Carnavalesco, da equipe de Barracão "as Tias" da Ala de Baianas, da Velha Guarda
a Ala de Compositores, Passistas, Presidentes de Alas, Departamento de Harmonia e Evolução, enfim,
todos segmentos desta grande agremiação Insulana, me ratificam mais ainda o que é trabalho em
grupo/família.
As tarefas, que cabem ao Diretor de Carnaval: O elo entre a técnica de desfile e a emoção, a
capacidade de antecipar possíveis erros, o relacionamento da parte administrativa da Escola e os seus
segmentos, foram devidamente executadas, sempre atendendo a uma dinâmica e assiduidade de todos
os envolvidos.
Remeto-me a um trecho do samba enredo para definir o momento vivido e assegurar sucesso no
trabalho realizado, que certamente contribuirá para atingir o propósito maior, pró União da Ilha.
"O Sol
Onde aquece a inspiração é luz,
Meu sonho
É vida, vento, brisa a beira mar
A ILHA é uma Escola referência em alegria e simpatia, onde mesmo realizando um desfile
competitivo, nossos componentes com seriedade "brincam Carnaval".
O SOL... INSPIRAÇÃO... SONHO...
UNIÃO - CAMPEÃO!

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Severo Luzardo Filho e Leandro Azevedo
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Leandro Azevedo
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
14 07 07
(quatorze) (sete) (sete)
Outras informações julgadas necessárias

Comissão de Frente – “O MILAGRE DA FÉ”


“Por mim, quero crer que o Padre Cícero, ‘Meu Padrinho’ como todos o chamavam, foi um santo.
Como santo obrava milagres, dava luz aos cegos, matava as pragas das roças, achava coisas
perdidas, valia os navegantes no mar”
(QUEIROZ, in “O Padre Cícero Romão Batista” livro de crônicas).

Ceará vem de “cemo”, que, nos ensinou José de Alencar, significa “cantar forte, clamar”. Terra onde
“o rio onde crescia o coqueiro, e os campos onde serpeja o rio”. A União da Ilha do Governador abre
seu desfile para o carnaval de 2019 transformando a Marquês de Sapucaí nesse rio cearense onde vai
desaguar o verdadeiro “milagre da fé”.

Canta nosso samba-enredo: “Vou pedir a Padim Ciço / Abençoe nosso povo / Essa fé vai nos guiar”.
Romeiros, pescadores e sertanejos – personagens retratados tanto por José de Alencar como por
Rachel de Queiroz em sua vasta obra literária – fazem um cortejo na Avenida em procissão. Todos
clamam por uma salvação dos céus. São fiéis que carregam consigo a esperança mais pueril e que
anseiam por dias melhores em sua lida diária. “Pedem a Deus para alumiar”, como continua nosso
hino.

Para esse povo, só existe um único salvador: Padre Cícero Romão, o Padim Ciço, que até hoje vive no
verso dos cantadores, na oração dos necessitados, na memória de cada cearense. Padre Cícero não foi
canonizado pela Igreja e ainda assim é tido como “santo” por sua imensa legião de fiéis. Ciço é o
messias, que virá à Terra esta noite para uma missão divina: devolver a seu povo a esperança e a
alegria de viver.

Ao ver a tristeza de sua gente sofrida e guerreira, nosso milagreiro Padim Ciço chega à Marquês de
Sapucaí, concede sua bênção e promove verdadeiros milagres. A água volta a banhar o solo rachado
do sertão. Surgem flores, borboletas e pássaros que colorem com matiz a aridez do sertão. O milagre
faz renovar a fé.

É neste espírito que a União da Ilha do Governador vai desembocar na Marquês de Sapucaí
apresentando o Ceará de José de Alencar e Rachel de Queiroz em seu desfile para o carnaval
2019, saudando o público e pedindo passagem. Vixe Maria!

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

“Dentão”, o tripé

Um dos peixes típicos do Ceará abre o desfile da União da Ilha do Governador no carnaval 2019.
O dentão, também conhecido como vermelho, corta a correnteza do rio que se forma na Marquês
de Sapucaí carregando mistérios e muita devoção.

A estrutura do peixe, de 15 metros de comprimento, apresenta uma versão lúdica e carnavalizada


que mistura o tom vermelho, característico do dentão, com elementos do arquétipo rústico
retratado em muitos dos personagens de Alencar e Rachel. Os tons dourados nos remetem à fé do
povo cearense, movidos pela crença inabalável em Padim Ciço. O conjunto cenográfico do tripé
reproduz, em tom carnavalesco, aspectos da geografia que se molda no Ceará.

No topo do tripé, temos a jangada, embarcação emblemática do Ceará, conduzida por duas
crianças, símbolos da renovação da fé e esperança. A “afouta jangada”, como descrita por Alencar,
com sua grande vela aberta, vai conduzir a União da Ilha rumo à tão sonhada vitória.

Leandro Azevedo

A União da Ilha do Governador irá contar com Leandro Azevedo, como coreógrafo da comissão
de frente para o desfile de 2019.

Nascido e criado no bairro, Leandro é graduado em Educação Física pela Universidade Estácio de
Sá; ator, bailarino, coreógrafo e professor de dança de diversos ritmos: Samba, Bolero, Fox, Salsa,
Zouk e Tango, entre outros. Além disso, esteve em Pequim, nas Olimpíadas de 2008, integrando a
equipe de dança que representou o Brasil.

Participou do quadro "Dança dos Famosos" da TV Globo. Além de dançar com as atrizes Mara
Manzan e Stephany Brito em duas edições, sagrou-se campeão pela primeira vez em 2006 com a
atriz Juliana Didone e bicampeão em 2013 com a atriz Carol Castro.

Há mais de seis anos esteve à frente de alas coreografadas da agremiação insulana e direção
artística no ano passado. Em 2018, foi também o coreógrafo da comissão de frente da Alegria da
Zona Sul, sendo julgado com excelentes notas.

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Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Phelipe Lemos 29 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Dandara Ventapane 27 anos
2º Mestre-Sala Idade
Rodrigo França 30 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Winnie Lopes 28 anos
Outras informações julgadas necessárias

PRIMEIRO CASAL DE MS E PB – A PRINCESA ENCANTADA DE JERICOACOARA

A União da Ilha do Governador começa a desfolhar seu cordel das lendas do Ceará com o
primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Dandara Ventapane. A fantasia do
casal remete a uma das histórias mais emblemáticas de Jericoacoara, paraíso litorâneo cearense e
uma das paisagens desenhadas nas “telas de reminiscências” de José de Alencar descritas no livro
“O nosso cancioneiro”.

O imaginário medieval, de castelos e reinos encantados, acompanha a formação mítica de


Jericoacoara. Conta o lendário local que, por debaixo do cenário de branco infinito das areias,
existe uma cidade subterrânea repleta de tesouros banhados a ouro e torres de castelo. Nesta
cidade, mora uma princesa de nome desconhecido, cujo corpo é metade mulher, metade serpente
de escamas ricas e douradas. Contam que a princesa vivia presa no local onde hoje se avista o
Farol de Jericoacoara. Para quebrar o encanto – e a princesa voltar a ter um corpo de mulher – era
necessário um guerreiro de alma corajosa se submeter à corajosa missão de adentrar o palácio.
Reza a lenda que até hoje a princesa aguarda esse homem.

239
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

A vestimenta do casal reproduz a lenda da Princesa Encantada de Jericoacoara. Ela veste o


figurino que aproxima sua imagem à iconografia da donzela metade mulher, metade serpente. Ele,
um príncipe medieval que nos remete à própria história de Jericoacoara. Explica-se: antes de
Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, uma comitiva de desbravadores espanhóis já havia
desbravado a costa brasileira. A expedição de Vicente Pinzón, codescobridor da América junto
com Cristóvão Colombo, desembocou no Rio Curu (que banha o estado do Ceará) e decidiram
partir dali rumo ao Noroeste e Norte do país. No caminho, avistaram um vale de montanhas
brancas, de pontas arenosas, tão formosas e bem feitas que, segundo eles, se assemelhavam a “um
bico de cisne branco mergulhando o Oceano”. Decidiram chamar aquela terra de
"RuestroHermoso" – ou Face Linda – hoje conhecida como Jericoacoara. Ali Vicente Pinzón
mandou fincar uma cruz com os brasões da coroa espanhola do reino de Castela. Por essa razão, o
figurino do mestre-sala faz alusão ao Reino da Espanha, inclusive com a predominância das cores
vermelho e dourado, trazendo em sua capa o brasão do reino de Castela.

Phelipe Lemos:
Phelipe Lemos é um dos talentosos mestres-salas da nova geração. Com passagens pela Vila
Isabel e Imperatriz Leopoldinense, Phelipe desfilará pela União da Ilha pelo terceiro ano
consecutivo, sendo o quarto ano ao lado de Dandara Ventapane. O tempo de dança juntos, ratifica
a palavra da Escola de Samba: UNIÃO. É com esta União que o Casal se apresentará na Marquês
de Sapucaí.

Premiações:
Estandarte de Ouro: 2013 / 2014 / 2016
SRZD: 2014 / 2016
Samba-Net: 2014
Carnavalesco: 2011
Gato de Prata: 2013 / 2014 / 2016

Dandara Ventapane:
Dandara Ventapane, bailarina por formação, graduada em Dança pela UFRJ.
Iniciou no bailado de Porta-bandeira em 2013, na Escola campeã do ano, GRES Unidos de Vila
Isabel, como terceira porta-bandeira. Em 2015 se torna primeira porta bandeira ao lado de Diego
Machado na Vila Isabel e no ano seguinte começou a dançar com Phelipe Lemos, seu atual
mestre-sala.
Juntos, chegam a União da Ilha em 2017, conquistando 39,9 em sua estreia. Ao lado de Phelipe
ganhou prêmio de melhor Casal do Carnaval, pelo site SRZD em 2016 e 2017 e Tamborim de
Ouro em 2017. Dandara Ventapane vem de uma família musical onde o Samba é o que
impulsiona a todos da família. Além de ser porta-bandeira, a neta do consagrado sambista
Martinho da Vila também canta com sua tia Mart'nália e seu irmão Raoni, por esse imenso Brasil.

240
Abre-Alas – G.R.E.S. União da Ilha do Governador – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

SEGUNDO CASAL DE MS E PB – FOLGUEDOS CEARENSES

Os folguedos da infância de José de Alencar no Ceará, citados em seu livro “Como e porque sou
romancista”, inspiram o figurino do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da União da
Ilha do Governador, Rodrigo França e Winnie Lopes. Os folguedos populares são brincadeiras que
se desenvolvem com a presença brincantes, cujos saberes são herdados e repassados de geração a
geração por meio da oralidade. O casal rodopia as páginas de memórias do nosso escritor ao
sabor do vento!

Rodrigo França
Começou a dançar pela Unidos do Porto da Pedra, através do projeto infantil de Casais de Mestre-
Sala e Porta Bandeira. Rodrigo até hoje faz parte da Unidos do Porto da Pedra, hoje como
primeiro mestre-sala da agremiação.
Desde 2014, é o segundo Mestre-Sala da União da Ilha. A partir de 2015, iniciou a parceria com a
porta bandeira Winnie.

Winnie Lopes
Começou aos 6 anos na Miúda da Cabuçu, passou por algumas Escolas e em 2014, assumiu o
cargo de segunda porta-bandeira da Inocentes de Belford Roxo.
Em 2015 iniciou na União da Ilha, ao lado de Rodrigo França. Em 2018 desfilou grávida de seu
primeiro filho.

241
G.R.E.S.
PARAÍSO DO TUIUTI

PRESIDENTE
RENATO RIBEIRO MARINS
243
“O Salvador da Pátria”

Carnavalesco
JACK VASCONCELOS
245
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“O Salvador da Pátria”
Carnavalesco
Jack Vasconcelos
Autor(es) do Enredo
Jack Vasconcelos
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Jack Vasconcelos
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Jack Vasconcelos, André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
01 Fortaleza: Uma BRUNO, Artur; Fortaleza: 2015 Todas
Breve História FARIAS, Airton de Edições
Demócrito Rocha

02 Geografia estética GIRÃO, Raimundo Fortaleza: 1979 Todas


de Fortaleza Edições BNB

03 Fortaleza Belle PONTE, Sebastião Fortaleza: 2014 Todas


Époque: reforma Rogério Edições
urbana e controle Demócrito Rocha
social (1860-1930)

04 Humor, vergonha e SILVA, Marco Fortaleza: Museu 2009 Todas


decoro na cidade de Aurélio da do Ceará,
Fortaleza (1850- SECULT
1890)

05 Sociabilidade e VIEIRA, Carla M. Fortaleza: INESP 2015 Todas


lazer: Fortaleza no
início do século XX

06 O Theatro José de VIEIRA, Carla M. Fortaleza: 2011 Todas


Alencar no início SECULT
do Século XX:
modernidade e
sociabilidade
(1908-1912)
Outras informações julgadas necessárias

247
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

“O SALVADOR DA PÁTRIA”

Vocês que fazem parte dessa massa irão conhecer um mito de verdade: nordestino,
barbudo, baixinho, de origem pobre, amado pelos humildes e por intelectuais, incomodou
a elite e foi condenado a virar símbolo da identidade de um povo. Um herói da
resistência!

Não posso provar, mas tenho total convicção da autenticidade de tudo o que a ele
atribuíram…

Não se sabe muito bem de qual paragem veio aquele cabra, ou melhor, bode. Dizem que
era retirante da grande seca no sertão cearense imortalizada pela escritora Rachel de
Queiróz, em O Quinze. Naqueles tempos de República quase balzaquiana, o Governo
interceptava as procissões de fugitivos da miséria. Com medo de uma invasão furiosa,
devido à fome que consumia aqueles esquecidos teimosos em se fazerem lembrar,
pastorava o povaréu num campo de concentração antes que chegassem até a cidade.
Porém, como o sertanejo é, acima de tudo, um forte, quando viu a terra ardendo e sentiu
a baforada do Zé Maria no cangote o bode bumbou até Fortaleza com a coragem e a cara.

Penou, mas chegou.

Sentiu a brisa fresca do litoral acariciar aquela carcaça sofrida, castigada. Deixou para
trás o passado capiongo, quando foi comprado por José de Magalhães Porto,
representante do industrial Delmiro Gouveia, correspondente da empresa britânica que
comercializava couros, peles, sementes de algodão e borracha, a Rossbach Brazil
Company, localizada na Rua Dragão do Mar, Praia do Peixe. Dali virou mascote com
direito à liberdade de ir e vir que, aliás, era bem praticada. Apreciava o movimento de
barcos e jangadas enquanto perambulava entre os pescadores e seguia o aroma dos
tabuleiros das merendeiras, tanto que os populares da região logo se afeiçoaram ao
bichim. Dizem até ter remoçado em sua nova vida à beira-mar.

Ao cair da tarde, arribava pra Praça do Ferreira sassaricar com os artistas e intelectuais,
herdeiros da Padaria Espiritual, no Café Java. Os boêmios acreditavam ser o poeta Paulo
Laranjeira, reencarnado depois que o cabrão reagiu ao ouvir uma composição feita pelo
desencarnado em homenagem a sua decepção amorosa. Desde então, o bode caiu nos
braços da boemia. Bebericava, pitava, serestava pelas ruas, vielas e mafuás, botando
boneco noite a fora.

De tanto vai e vem passou a ser chamado de Ioiô.


248
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

E lá se ia o bode Ioiô bater seus cascos Belle Époque alencarina adentro, sem a menor
cerimônia, entre as modas copiadas do estrangeiro pelas “pessoas de bem” da sociedade.
Passeou de bonde elétrico, frequentou o Theatro José de Alencar, participou de saraus
literários e até comeu a fita inaugural do Cine Moderno.

Sentiu as Mademoiselles ispilicutes exalando um perfume de civilidade europeia quando


saíam da Maison Art-Nouveau em direção ao Passeio Público. Doce aroma que era
constantemente interrompido pelo peculiar cheirinho de certo bode que dava rabissaca
pro Código de Conduta imposto que, dentre muitas medidas disciplinadoras,
proibia animais soltos nas ruas. Um Dândi sertanejo tão incômodo como as camadas
pobres e marginalizadas as quais o poder desejava esconder por debaixo dos tapetes
chiques para não atrapalharem o savoir-vivre nas avenidas, confeitarias, jardins, clubes e
salões. Assim, velhos hábitos considerados de gente subdesenvolvida deveriam ser
substituídos por novos costumes, os bons modos. Tanto cidade quanto
população careciam ser modificadas, remodeladas num choque de
aformoseamento. Afinal, para a elite, as maravilhas do mundo moderno não
harmonizavam com a matutice do povo.

Povo, aliás, que já era mamulengo nas mãos dos poderosos, há muito tempo. A política
republicana havia herdado antigos sistemas coloniais que se consolidaram em influentes
famílias tradicionais e no domínio dos coronéis latifundiários, pois a prática do “manda
quem pode e obedece quem tem juízo” era um tiro certeiro. Cabia à população
ser tratada como gado trazido em cabresto curto, quais as aves de rapina direcionavam
para onde quisessem, e cativos em currais eleitorais para que ela mesma sustentasse o
sistema que a prejudicava.

Com um cenário governamental mais parecido com um covil repleto de animais nocivos
ao interesse público e a feérica intervenção de aculturamento, a insatisfação popular só
crescia. Até que a resposta do povaréu veio em forma de protesto no mais inesperado
momento: nas eleições. Ao abrir a urna eleitoral se ouviu o berro do povo escrito
nos votos que elegeram o bode Ioiô para vereador na Câmara Municipal de Fortaleza.

Um deboche com os poderosos. Molecagem porreta! Sem ter feito campanha um animal
ruminante era eleito pelo povo como seu representante! E, de fato, há muito já era um
símbolo da identificação sertaneja que a elite (ameaçada pelas cédulas de papel) queria
suprimir.

Contam que o fuá já estava instalado quando os poderosos articularam um golpe para que
o bode Ioiô sofresse um impedimento e não assumisse o cargo ao qual foi eleito
legitimamente, em processo democrático. Porém, a justificativa jurídica de
incompatibilidade de espécie não livrou os políticos daquele vexame retumbante e só
alimentou o monstro: Ioiô saiu da vida pública para entrar na história.

249
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

O bode mitou. Até hoje seus admiradores o defendem como ícone de empoderamento
popular, representatividade dos marginalizados. Segue comandando a revolução do
inconformismo seja nas lembranças dos memorialistas, nos cordéis, nos livros, na sala de
um museu ou pelos blocos carnavalescos. Ioiô é a imagem da resiliência de um povo que
faz graça até da própria desgraça e, com esse jeitinho inigualável, nos revela o genuíno
salvador da nossa pátria: o bom humor.

[Isso aqui, Ioiô, foi um pouquinho de Brasil].

Jack Vasconcelos
Carnavalesco

250
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO

“O SALVADOR DA PÁTRIA”

O Brasil tem histórias que a própria História desconhece. A saga de um bode que fugiu da
seca e foi eleito vereador de uma das mais importantes capitais nordestinas na primeira
metade do Século XX parece um fato creditado na conta do improvável. Coisa de contador
de lorota, diria um desavisado. Mas a verdade é que Ioiô não só existiu como se tornou
símbolo da gaiatice e da pilhéria, marcas importantes na formação do povo cearense.

É essa história de luta e resistência que o Paraíso do Tuiuti irá levar para a Avenida no
Carnaval de 2019. Para isso, a escola resolveu direcionar o olhar não apenas para a paisagem
e para os tipos sociais que compõem toda a história que envolve Ioiô. Mas aproxima a lupa
sobre o pano de fundo político que levou o danado do caprino a se tornar tão amado a ponto
de ser escolhido como legítimo representante do povo. Trata-se de uma metáfora sobre
democracia, representatividade e o direito de erguer símbolos aderentes ao imaginário
popular.

E o brasileiro segue sempre em busca de dias melhores. Muitas vezes, tal esperança é
depositada em uma única figura, capaz de devolver a dignidade ao povo. Um “messias” –
verdadeiro! – que um dia irá acabar com todos os males desta terra tão desigual. Um
salvador que traz consigo todas as virtudes de um predestinado. Mas... e se esse “semideus”
for, na verdade, um simples caprino? O franzino bode concentrou em si toda a ânsia de
protesto do povo fortalezense contra a política coronelista reinante na República Velha. E é a
partir desse fato aparentemente banal que o Paraíso do Tuiuti vem orgulhosamente
apresentar: “O SALVADOR DA PÁTRIA”.

Contado em forma semelhante às fábulas clássicas, o enredo foi baseado nas narrativas
construídas por historiadores como Raimundo Girão e memorialistas, como Miguel Ângelo
de Azevedo, o Nirez. São letras e vozes bordados de certo rigor histórico, mas também
tramados de afeto, riso e encantamento. Assim, a capital cearense se abriu de forma
espirituosa para ser palco desse grande acontecimento ao receber em seu seio banhado pelas
águas atlânticas um dos seus mais diletos filhos: o Bode Ioiô.

No primeiro setor do enredo, apresenta-se o berrante personagem “picando mula” do sertão.


Visualmente, as fantasias apresentam o recurso de retalhos que exprimem a vida
fragmentada dos que deixam seus lugares de origem para tentar a sorte em outra localidade.
A precariedade da existência recebe o colorido dos restos de memórias que ficam pelo
caminho. Neste quadro inicial do enredo, o sentimento a ser expressado é do calor abrasador
e da secura do sertão, aliados aos mosaicos de vida dos que seguem para compor uma nova
história na capital Fortaleza.

251
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

A chegada à cidade é apresentada por meio do choque cromático no qual se destacam os


“verdes mares bravios” do litoral que banha a costa fortalezense, salpicados de cores de
frutas, iguarias, peixes, mariscos e crustáceos vendidos nos mercados. Atmosfera bem
diferente da qual Ioiô encontrava no árido sertão. Desta vez, a estiagem e a solidão da
travessia davam lugar à fartura e o vai e vem dos transeuntes, que se misturavam às
construções da época e ao deslizar das jangadas que cruzavam a antiga praia do Peixe, hoje
Praia de Iracema.
Em seguida, a vida noturna é apresentada em azul turquesa e detalhes em preto e prata.
Alguns tons cítricos destacam objetos presentes na narrativa das fantasias, mas as cores
referentes à noite são predominantes. A atmosfera da vida boêmia entre os cafés e os bares
da cidade fazem de Ioiô um “dândi sertanejo”, isto é, um cavalheiro errante que bate seus
“cascos” madrugada a dentro. E assim, o bode se torna uma espécie de rei da noite cearense,
sempre em companhia de intelectuais e belas “cabritas” apaixonadas pelos seus
inconfundíveis aroma e charme.
O cenário dessa grande epopeia acontece em uma Fortaleza metida a Paris. O modelo de
civilização francês legou à cidade uma série de construções opulentas, como o Passeio
Público (Praça dos Mártires), o Theatro José de Alencar, além de modas e costumes meio
que adaptados para caberem no clima e no estilo de vida de uma cidade um tanto quanto
“quente” demais para os padrões citadinos chiques impostos pela chamada Belle Époque. A
mistura de cores mais “sóbrias”, como o branco e o prata, aos tons mais cítricos, faz com
que este setor conjugue o frescor do ar parisiense com a “frescura” da brisa alencarina.
Projeto de cidade que tentou jogar para debaixo do tapete, sem sucesso, a diversidade e o
colorido das manifestações populares, que resistiram bravamente nas periferias.
É nesta Fortaleza que falava um francês com sotaque mais pra Quixeramobim do que para
Montmartre que se deu a eleição de 1922. A escolha dos representantes se deu aos moldes da
Velha República, época dos chamados “votos de cabresto” e “currais eleitorais”. Apenas
homens alfabetizados votavam, o que reduzia muito a participação política do povo. Mas
como em todo sistema há uma brecha, o bode Ioiô já havia se tornado uma espécie de
consenso como opção de voto de protesto. Tamanha foi a surpresa ao se abrirem as urnas!
“Tava o bode ali sentado, aclamado vencedor”! Nesta fase da trama, a boa e velha chita e os
estampados entram para compor o clima de teatro de mamulengos, no qual os poderosos
estão sempre no comando das cordas, e o povo lá, dançando conforme o xote. No final das
contas, Ioiô nem berrar, berrou... Sequer assumiu a vaga conquistada pela vontade popular.
Acontece nas melhores democracias... (#SóQueNão).
A moral dessa história é que... a luta continua! Ioiô morreu em 1931, mas sua carcaça e seu
legado estão preservados no Museu do Ceará e no coração do cearense. O bom humor
sempre há de ser uma das armas contra a intolerância, a imposição pelo medo e a ignorância.
Neste desfile, Ioiô é uma espécie de Davi na luta contra o gigante Golias. Um legítimo
Salvador da Pátria capaz de nos reconectar com a alegria e com a esperança. Louvado no
Carnaval, no cordel e na memória popular, Ioiô é o símbolo de um país que, apesar de
insistir em velhas práticas políticas, sempre saberá rir de si mesmo.
Ioiô é resistência! Viva Ioiô!
252
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE
1º SETOR – ABERTURA – A FUGA DA SECA

Comissão de Frente
“VENDEU-SE O BRASIL NO PALANQUE
DA PRAÇA”

1º Casal de Mestre-Sala e
Guardiões Guardiões
Porta-Bandeira
“PAISAGENS “PAISAGENS
Marlon Flores e Daniele Nascimento
DA SECA” DA SECA”
“SOB O SOL ESCALDANTE”

Pede-Passagem
“EXALTAÇÃO AO SALVADOR DA PÁTRIA”

Ala 01 – Comunidade
“O BODE PICANDO A MULA DO
SERTÃO”

Ala 02 – Velha-Guarda
“A FORÇA DO SERTANEJO”

Alegoria 01 – Abre-Alas
“A TRAVESSIA DO SERTÃO”

Ala 03 – Comunidade
“MARVADA FOME”
(mesmo figurino com cabeça em 04 tons)

Ala 04 – Carla Meirelles


“RETIRANTES DA SECA DO 15”
(figurino masculino e feminino com 01
componente trazendo estandarte com a
figura do Bode)

Ala 05 – Baianas
“MÃES DO ALAGADIÇO”

253
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

2º SETOR – A VIDA DE IOIÔ À BEIRA-MAR

Ala 06 – Comunidade
“O MASCOTE”

Ala 07 – Comunidade
“VENDEDORES DA PRAIA DO PEIXE”

Ala 08 – Comunidade
“VENDEDORES DO MERCADO”

Musa
Lívia Andrade
“O PASSEIO DO BODE À BEIRA-MAR”

Alegoria 02
“FORTALEZA: O OÁSIS CAPITAL”

3º SETOR – BAFO DE BODE PERFUMANDO A BOEMIA

Ala 09 – Comunidade
“ALMA DE POETA”

Ala 10 – Comunidade
“CAFÉ JAVA”

Destaque de Chão
Alex Coutinho
(com 02 crianças: Vitor Hugo e Poliana)
“NOITE BODEJANTE”

Ala 11 – Passistas
“BODE NOTURNO”

Rainha de Bateria Madrinha de Bateria


Carol Marins Denise Dias
“SEDUÇÃO NOTURNA” “ESTRELA DA MADRUGADA”

Ala 12 – Bateria
“DÂNDI SERTANEJO”

254
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

Ala 13 – Comunidade
“BOÊMIO BONEQUEIRO”

Ala 14 – Comunidade
“SERESTANDO AO LUAR”

Musa Musa
Renata Vargas Tininha
“PAIXÃO BOÊMIA” “NOITE ESTRELADA”

Tripé
“O BODE NOTURNO”

4º SETOR – A FORMOSA CAPITAL

Ala 15 – Mauro Júnior e Ricardo Testa


(Coreografada)
“BUMBA-MEU-AUTOMÓVEL”

Ala 16 – Comunidade
“O TEATRO”

Ala 17 – Comunidade
“LULUS ISPILICUTES”

Ala 18 – Comunidade
“AFORMOSEAMENTO ALENCARINO”

Ala 19 – Comunidade
“CINE MUDERNO”

Musa
Musa
Mayara Nascimento
Mayla Jéssika
“BORBOLETA DO PASSEIO
“MARIPOSA ARRETADA”
PÚBLICO”

Alegoria 03
“AFORMOSEAMENTO ALENCARINO: NASCE
A “MUDERNA” FORTALEZA”

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

5º SETOR – VELHA REPÚBLICA, UM NOVO SALVADOR

Ala 20 – Thiago Borgue (Coreografada)


“A FARRA”

Ala 21 – Rodrigo Avellar (Coreografada)


“RELANDO O POVO”

Ala 22 – Comunidade
“MAMULENGO DO CORONEL”

Ala 23 – Comunidade
“POVO NO CABRESTO”

Ala 24 – Comunidade
“VIDA DE GADO”

Musa
Mylla Ribeiro
“O CRAMUNHÃO DO DINHEIRO”

Alegoria 04
“A FAUNA ELEITORAL”

6º SETOR – O BODE DA RESISTÊNCIA

Ala 25 – Comunidade
“FOLIA NO MUSEU”

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Wesley Cherry e Rebeca Tito
“UM CORDEL PARA IOIÔ”

Ala 26 – Comunidade
“IOIÔ ME REPRESENTA”

Ala 27 – Comunidade
“BODE FOLIÃO”

256
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

Ala 28 – Comunidade
“INTERVENÇÃO PELO BOM HUMOR”

Ala 29 – Tio Fábio (Coreografada)


“A PELEJA ENTRE O BODE DA
RESISTÊNCIA E A COXINHA
ULTRACONSERVADORA”

Musa
Mariana Ribeiro
“A FLOR DA RESISTÊNCIA”

Alegoria 05
“O AUTO DE IOIÔ: A RESISTÊNCIA”

257
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Pede Passagem: Abrindo o cortejo desta fabulosa epopeia caprina,


EXALTAÇÃO AO desfila imponente o busto do homenageado adornado
SALVADOR DA PÁTRIA com o símbolo maior do Paraíso do Tuiuti, a coroa
imperial. Em meio a imagens alusivas ao sertão, o
elemento cenográfico faz uma louvação ao totem
cearense, representando o ponto inicial da saga de
Ioiô.

Destaque: Renata Marins – Um Sol pra Cada Um

01 Abre-Alas: A alegoria traz esculturas quimeras do sertão, bichos


A TRAVESSIA DO SERTÃO livremente inspirados na obra do pintor cearense
Chico da Silva. Em estilo de xilogravura, as imagens
representam em preto e branco o delírio provocado
pela fome em uma paisagem árida, mas que não se
furta de produzir vida. Em contraste, elementos da
flora sertaneja são apresentados em cores quentes.
Uma profusão de mandacarus humanos desfila sobre a
alegoria, que traz no alto do último módulo uma
imagem inspirada no quadro “Retirantes”, de Vitalino,
com uma devida licença poética: a presença de Ioiô
em meio aos flagelados da seca.

Destaque Central: Klayton Eler – Sol da “Muléstia”

Composições femininas (sobre os tripés e parte


frontal do primeiro acoplamento do abre-alas):
Terra Ardente

Composições (coreografados): Mandacarus

258
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 FORTALEZA: O OÁSIS Representa a paisagem litorânea e refrescante da


CAPITAL capital cearense, diferente da aridez do sertão. Uma
cabeça estilizada de dragão está na frente da alegoria,
lembrando o célebre “Dragão do Mar”, como ficou
conhecido o jangadeiro Chico da Matilde, bravo
pescador que entrou para a história ao se tornar um
líder abolicionista e símbolo de resistência popular
cearense. A alegoria apresenta as fachadas do casario
antigo típico da virada do Século XIX para o Século
XX, presente até hoje no entorno do complexo cultural
denominado “Dragão do Mar”, no bairro Praia de
Iracema. Nas laterais estão presentes as típicas
jangadas que se impõem diante do vai e vem das
ondas dos verdes mares bravios fortalezenses. São
elementos típicos da região da antiga praia do Peixe,
primeiro ponto de pouso do nobre Ioiô, que começava
a bater os cascos em direção à glória.

Composições em volta do casario: Pregoeiros da


Praia do Peixe (diversos figurinos)

Composições masculinas na parte lateral inferior:


Jangadeiros

Destaque Central: Marcinho – Verdes Mares

Destaques laterais: Fábio Lima e Luíz Vigneron -


Pérolas de Iracema

Composições femininas sobre o casario: A


Freguesia de Iracema

259
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Tripé Como uma entidade da noite e da boemia, o bode Ioiô


O BODE NOTURNO se apresenta em meio aos bares, cafés e rodas de viola.
Entre pingas e serenatas à luz das estrelas, a figura
carismática caprina transitava com desenvoltura pela
agitada Praça do Ferreira, coração da capital cearense,
sendo adotado como mascote pelos intelectuais da
época.

Destaque central baixo: Marcelo de Almeida –


Dama da Noite

Destaque central alto: Dida – Meia-noite em


Fortaleza

260
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 AFORMOSEAMENTO O modelo civilizatório francês foi adotado por diversas


ALENCARINO: NASCE A cidades ao redor do mundo, e com Fortaleza não seria
“MUDERNA” FORTALEZA diferente. A capital brejeira do Século XIX dava lugar às
novidades arquitetônicas, artísticas e sociais do Novo
Século. Foi nessa capital inserida na chamada Belle Époque
que Ioiô batia os cascos e se engalfinhava pelos espaços
públicos, como no famoso Passeio Público, no centro de
Fortaleza, onde a elite exibia as últimas modas importadas
da capital francesa. Enquanto isso, a grande massa de
habitantes da cidade, muitos fugitivos da seca, era cada vez
mais escondida para os bairros e regiões periféricas da
cidade. Se o Centro apresentava os ornamentos orgânicos
típicos da art nouveau, a periferia se vestia de chita e se
equilibrava nos casebres improvisados. A parte traseira da
alegoria traz o povaréu com suas manifestações populares,
reprimidas nos logradouros remodelados, com muito
colorido e diversidade cultural.
Destaque Central Alto: Cláudio Hillary – Lalique
Cearense
Destaque Central Médio: Carla Close – O Esplendor da
Art Nouveau Fortalezense
Semi-destaques laterais baixo: Marcelo Rubens e
Ricardo de La Rosa – Florais do Agreste
Semi-destaques (frontal) – Casal: Gleici Damasceno e
Wagner Santiago – À Moda de Paris
Composições: Formosuras da Paris Alencarina
Destaque Lateral Alto Esquerdo Traseiro: Ferrula
Muniz – Dama da Periferia
Destaque Lateral Alto Direito Traseiro: Anderson
Souza – Dama da Periferia
Personagens da parte traseira (coreografados):
Operários, Lavradores, Aguadeiras, Cangaceiros, Loucos,
Rei e Rainha do Maracatu, Caboclinhos, Caboclo de Lança
e Pajens e Bode
Composições Laterais Traseiras: Querendo ser Chique

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa
04 A FAUNA ELEITORAL Nas eleições de 1922, veio a grande surpresa: o
presepeiro e popular Bode Ioiô esteve entre os nomes
escolhidos para a Casa Legislativa da cidade. O caprino
conquistaria uma cadeira no parlamento municipal, não
fosse a regra que determinava que animais não poderiam
ocupar tais vagas. Bode não podia, mas outros bichos...
vá lá! Na mesa diretora, aves de rapina, bichos
peçonhentos e outras espécies da fauna política brasileira
da Velha República tinham lugar cativo. Até membros
de outros poderes queriam aparecer mais que os
integrantes da casa legislativa. Enquanto isso, Ioiô, nem
berrar, berrou! À frente desse zoológico político, o povo
feito gado carregava os privilégios e as artimanhas para
que seus representantes mantivessem os privilégios do
sistema coronelista. Na parte traseira da alegoria, a vida
da população cercada como bovinos prontos para o abate
se mostrava como de fato era: um grande curral eleitoral
cujo destino é determinado pelos mais poderosos na
injusta e cruel cadeia alimentar brasileira.
Performance central alto: Maninha Linhares – Ioiô, a
Esperança Caprina
Destaque central médio: Roberta Zimmermann
Scheer – Meritíssimo Pavão
Destaque central baixo: Jorge Amarelloh – Ardilosa
Rapina
Semi-destaques (em torno da urna): Rodrigo Brabo,
Léo Jesus, Gustavo Fernandes e Pedro Machado –
Carcarás
Semi-destaques laterais frente: Elvira Couchy e Rosa
Thomas – A República que Nasceu Velha
Composições Laterais (coreografadas): Mamulengos
do Coronel
Composições traseiras do fundo: Mimosas

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Jack Vasconcelos
Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 O AUTO DE IOIÔ: A A última alegoria do desfile ressalta o bom humor,


RESISTÊNCIA marca tão presente na alma do povo cearense, como
meio de vencer o autoritarismo e chegar ao coração do
povo. A alegoria traz como esculturas centrais o bode
Ioiô dando um coice no quadrúpede repressor, uma
espécie de “Jumento de Tróia”, bicho belicoso que o
povo costuma receber de “presente” a cada eleição.
Nas varandas, personagens do humor e das artes
cearenses se misturam a intelectuais e artistas
contemporâneos, cujas mensagens e reflexões chegam
aos corações e mentes de milhões de brasileiros. Nas
laterais, bonecas satirizam os discursos prontos de
parte dos que querem manter tudo como “nos tempos
da Velha República dos coronéis”. Até que um dia,
quem sabe, haverá de surgir um novo Salvador da
Pátria para que a esperança novamente reacenda na
alma dos que acreditam num país mais justo e
respeitoso com a diversidade e a arte do nosso povo.
“Ninguém Solta a Mão de Ninguém”.

Destaque central: Samile Cunha – A Fascistinha do


Brasil

Destaque Central Baixo: Yakira Queiroz –


Bodejante

Composições laterais: Bonecas Viralizadas

Convidados (varandas): Arte e Resistência

Personagens: Povo e Diversidade

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Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Renata Marins Psicóloga e Primeira Dama da Escola


Klayton Eler Professor e Empresário
Dida Cabelereiro
Marcelo de Almeida Figurinista
Cláudio Hilary Maquiador
Carla Close Empresária
Gleici Damasceno Estudante de Psicologia
Wagner Santiago Tatuador e Grafiteiro
Maninha Linhares Historiadora
Roberta Zimmermann Scheer Arquiteta
Jorge Amarelloh Bailarino e Coreógrafo
Samile Cunha Professor e Figurinista
Yakira Queiroz Instrutora de Maquiagem

Local do Barracão
Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 03 – Cidade do Samba – Gamboa, RJ
Diretor Responsável pelo Barracão
Júlio César e Renan
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Gilberto Robinho
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Wendell Azevedo Fábio Carvalho “Filé”
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Natanael Ferreira Antônio
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Paulinho da Luz - Iluminador artístico


- Tripé Comissão de Frente
- Pede Passagem
Fernando Kieer - Aderecista chefe da alegoria 01
Jefferson Siqueira - Aderecista chefe da alegoria 02 e Tripé
Rogério Azevedo - Aderecista chefe da alegoria 03 e 04
Luizinho - Aderecista chefe das alegorias 05
Chiquinho - Esculturas em espuma
Marlon Cardoso - Chefe da equipe de movimentos e esculturas
Marquinho Neon - Iluminação em neon
Rogério de Souza - Assistente de pintura de arte

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

* Paisagens da A seca castiga e forma no sertão Guardiões do Fábio Costa


Seca uma paisagem árida e causticante. 1º Casal de
No caminho, Ioiô e os migrantes Mestre-Sala e
foram “do sertão até o mangue” se Porta Bandeira
deparando com imagens de carcaças (2019)
de bois que se fundem com a
vegetação castigada pelo Sol e pela
estiagem.

01 O Bode Picando ... e lá se foi o bodinho franzino Comunidade Direção de


a Mula do Sertão picando mula do sertão, deixando de (2018) Carnaval
lado a secura da terra e a aridez da
vida severina em uma marcha pela
sobrevivência. A seca de 1915, foi
tão rigorosa, que acabou inspirando
o famoso romance intitulado O
Quinze, escrito por Rachel de
Queiroz. A falta de água castigou
impiedosamente o interior cearense,
forçando a migração de muitos
retirantes para a capital Fortaleza. A
fantasia traz Ioiô “bumbando” em
tons terrosos e foscos, lembrando a
quentura que assolou o estado
naqueles tempos de estiagem.

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Fantasias

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DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

02 A Força do “O sertanejo é, antes de tudo, um Velha-Guarda Dona Vitorinha


Sertanejo forte!” Assim escreveu Euclides da (1952)
Cunha, na obra clássica Os Sertões.
E é com a força desse povo sofrido e
esperançoso que desfila a Velha-
Guarda na parte inicial do desfile,
dando destaque à raiz da escola. É
homenageado também todo o povo
que veio do sertão para tentar uma
vida melhor nos centros urbanos.
Afinal, o bairro de São Cristóvão,
berço do Tuiuti, abriga um grande
número de migrantes vindos do
Nordeste e que hoje faz parte da
base comunitária da escola.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

03 Marvada Fome “Companheira” inseparável dos Comunidade Direção de


fugitivos da seca, a “marvada” fome (2018) Carnaval
atravessou o caminho do bode Ioiô
rumo ao oásis, a capital Fortaleza.
Em busca de uma vida melhor, Ioiô
“vazou” da fome, defrontando-se
com um cenário em cores
incendiárias, com a morte à espreita.
Em tons que variam entre o
vermelho, o laranja e o amarelo, os
chapéus das fantasias buscam
proporcionar a sensação visual de
calor abrasador que assola a terra.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

04 Retirantes da A ala traz um dos componentes com Carla Meirelles Carla Meirelles
Seca do 15 um estandarte com a figura do bode, (2018) – Coreógrafa
lembrando de forma carnavalesca e
jocosa a presença do caprino em meio
ao cortejo de retirantes.

(Figurino masculino e feminino, com


01 componente trazendo estandarte
com a figura do bode)

05 Mães do Representam as mulheres de fibra e Baianas Tia Sandra


Alagadiço coragem que foram retidas em (1952) Maria
campos de concentração, como na
região do Alagadiço, na periferia de
Fortaleza. Com uma trouxinha de
roupa na cabeça, uma criança no
braço e esperança no coração, as mães
do Alagadiço se impuseram diante da
realidade árida na tentativa derradeira
de vencer a fome e a miséria.
Também utilizando a técnica de
confecção de tapetes de retalho, as
baianas simbolizam a bravura e a
resistência feminina diante das
condições adversas da seca.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

06 O Mascote Ao chegar à Fortaleza dos “verdes Comunidade Direção de


mares bravios”, como escreveu José (2018) Carnaval
de Alencar, Ioiô foi vendido à
companhia inglesa Rossbach
Company, que negociava diversos
produtos, entre eles couro de
animais. Mas com carisma - e um
bocadinho de sorte - Ioiô escapou da
panela e livrou-se do destino cruel
de virar pele de gibão. Ao contrário,
o “bodim” tornou-se uma espécie de
mascote da firma de importação e
exportação, podendo desfrutar da
brisa à beira-mar da capital. A
fantasia inaugura uma série de alas
nas quais as cores passam a afirmar
a mudança de paisagem do sertão
causticante e árido para os
refrescantes verdes mares
fortalezenses.

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Fantasias

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Fantasia Representa Ala pela Ala

07 Vendedores da A antiga Praia do Peixe (ao lado da Comunidade Direção de


Praia do Peixe atual Praia de Iracema) era um dos (2018) Carnaval
pontos do litoral da cidade onde
desembarcavam as jangadas com os
pescados que abasteciam as cercanias
dos bairros da Aldeota e do Centro,
além da venda para outras localidades.
Esse foi um dos cenários e alguns dos
personagens com os quais o bode se
deparou na sua chegada a Fortaleza.
Em três figurinos, a ala traz
vendedores de lagosta, de camarão e
de peixes representando a fartura que
brotava do mar e intensificava o
contato entre Ioiô, que batia os cascos
nos mafuás da cidade, e os citadinos
fortalezenses.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

08 Vendedores do Frutas, doces e mariscos estavam Comunidade Direção de


Mercado entre os produtos oferecidos nas (2018) Carnaval
vendas próximas à Praia de Iracema.
Um desses mercados, o dos Pinhões,
que inicialmente era um voltado
apenas ao comércio de carne, atraía
uma diversidade de vendedores de
outros produtos para a região da
Praia de Iracema, que já era um
importante entreposto e local de
grande circulação. Nessas andanças
no meio do povo, o enxerido Ioiô foi
se ambientando com os costumes da
vida cotidiana de Fortaleza.

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Fantasia Representa Ala pela Ala
* O Passeio do Musa #1 Lívia Andrade
Bode à Beira- (2018)
Mar

09 Alma de Poeta E já estamos na região boêmia de Comunidade Direção de


Fortaleza, onde cafés e bares (2018) Carnaval
frequentados pela elite dominavam a
cena. Segundo o escritor Juarez
Leitão, o bode seria a reencarnação de
Paulo Laranjeira, poeta e seresteiro
muito querido na cidade no final do
Século XIX. O músico compôs uma
valsa intitulada “Teu Desprezo”, em
meio a uma profunda desilusão
amorosa que o levou ao suicídio.
Dezoito anos depois da tragédia, eis
que, em uma noite regada a muita
cachaça na Praça do Ferreira, chega o
bode Ioiô, que ao ouvir a valsa “Teu
Desprezo” cantada pelos intelectuais
da época, teve um ataque apoplético e
danou-se a se bater no chão. Daí
surgiu o mito de que o bode Ioiô era a
reencarnação de Paulo Laranjeira,
dada a reação imprevisível e passional
diante da música entoada pelos
boêmios locais.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

10 Café Java As cafeterias eram ponto de Comunidade Direção de


encontro de intelectuais e poetas, (2018) Carnaval
que debatiam sobre política, artes e
a vida em geral. Lá, trocavam prosas
e versos entre um gole e outro de
café ou pinga. Na antiga Fortaleza,
um desses locais de concentração de
notáveis foi o Café Java. Localizado
na Praça do Ferreira, coração
econômico e afetivo da capital
cearense, o estabelecimento foi
berço de um dos maiores
movimentos literários e artísticos do
Ceará, chamado de “Padaria
Espiritual”, ocorrido no final do
Século XIX e início do Século XX.
O lugar era um dos preferidos dos
escritores e também do bode
boêmio, que passou a circular por lá.
A fantasia relembra no chapéu a
decoração em estilo oriental javanês,
que dava um ar exótico ao local,
bem ao gosto dos poetas românticos.

* Noite Bodejante Destaque de Alex Coutinho


Chão
(2018)

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Fantasia Representa Ala pela Ala

11 Bode Noturno Se durante o dia Ioiô pastava nas Passistas Alex Coutinho
dependências da firma que lhe (1952) e Jorge
proporcionou o chão de capim Amarelloh
necessário para o descanso, à noite
era a hora de “farra medonha”,
como se diz no Ceará. Subindo da
Praia de Iracema até a Praça do
Ferreira, o berrante bode ia trocar
prosas com seus colegas e ruminar
poesias, cantigas e modinhas. Batia
os cascos de felicidade ao encontrar
o ruidoso grupo, admirando a
inteligência dos “cabras” e a
formosura das “cabritas” que
circulavam nas cercanias do Café
Java.

* Sedução Noturna Rainha de Carol Martins


Bateria
(2018)

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* Estrela da Madrinha da Denise Dias


Madrugada Bateria

12 Dândi Sertanejo Admirador da beleza e do Bateria Mestre


pensamento elevado, o dândi é um (1952) Ricardinho
cavalheiro em essência. Modelo de
homem civilizado entre fins do
Século XIX e início do Século XX,
incorpora a figura de um pensador,
um “flaneur” que ocupa o tempo
com prazeres que elevam o espírito.
Elegante e ao mesmo tempo
brejeiro, Ioiô, na visão gaiata
cearense, incorporava o típico dândi
sertanejo que transitava no círculo
de intelectuais pela cidade de
Fortaleza. A fantasia da bateria é
inspirada na gaiatice cearense do
cantor Falcão, em tons e elementos
um tanto quanto “berrantes”, que
ironizam a figura do dândi
tradicional e incorporam o universo
gaiato da construção mítica do bode
Ioiô, o totem cearense.

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13 Boêmio Fortaleza era uma festa! Nos cafés e Comunidade Direção de


Bonequeiro botequins no entorno da Praça do (2018) Carnaval
Ferreira, a Montmartre fortalezense,
os grupos boêmios se jogavam em
noites intermináveis de prosas,
músicas e paixões. E se não havia
absinto, como em Paris, uma boa
pinga resolvia o problema! Na cena
noturna, surge a figura do boêmio
“bonequeiro”, que na linguagem
cearense significa fazer algazarra,
arrumar confusão, ou ainda se
esbaldar em alguma ocasião de festa
ou de encontro.

14 Serestando ao Em noites enluaradas e estreladas, a Comunidade Direção de


Luar cena urbana noturna de Fortaleza era (2018) Carnaval
cantada com serestas, violões,
cantigas e... muita dor de cotovelo.
E Ioiô estava lá, no meio dos
músicos, perfumando de bafo de
bode as tertúlias, que nada mais são
do que uma reunião de amigos com
música e discussões literárias. E a
serenatas brasileiras eram a trilha
ideal para embalar os sonhos e
dissabores amorosos regados a um
bom papo e intermináveis doses de
cachaça.

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* Paixão Boêmia Musa #2 Renata Vargas


(2018)

* Noite Estrelada Musa #3 Tininha


(2018)

15 Bumba-Meu- A “muderna” Fortaleza de Ioiô Mauro Júnior e Mauro Júnior e


Automóvel crescia com ares de metrópole Ricardo Testa Ricardo Testa
(Coreografada) aderente às novidades civilizatórias (2018)
do Século XX. Rapidamente, as
estreitas ruas da capital seriam
cruzadas por calhambeques e outros
veículos motorizados que passaram
a cortar as vias da cidade, abrindo
caminhos para a expansão
fortalezense. Na fantasia, os
componentes “bumbam” seus
automóveis misturando os típicos
chapéus dos chauffeurs da época aos
elementos visuais de inspiração
nordestina.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

16 O Teatro Inaugurado em 1910, o Theatro José de Comunidade Direção de


Alencar logo se tornou um dos símbolos (2018) Carnaval
do aformoseamento cearense. Em meio à
fachada em ferro inglês e vitrais, o
Theatro foi batizado em homenagem ao
escritor cearense, autor de romances
indigenistas de grande sucesso, como
“Iracema” e “O Guarani”. Além da Praça
do Ferreira, o Theatro José de Alencar
tornou-se também ponto de encontro de
artistas, escritores, poetas, boêmios,
enfim, de toda a elite intelectual da época
que adotou o Bode Ioiô como mascote e
que não se furtava de contar com a
presença do carismático caprino em
diversas ocasiões e festividades.

17 Lulus Ispilicutes Na Fortaleza metida a Paris, não Comunidade Direção de


poderiam faltar as Lulus, cadelinhas que (2018) Carnaval
chamavam a atenção de Ioiô em suas
peregrinações pela cidade, que passava a
se olhar formosa e bela. O adjetivo
“ispilicute” é ligado à figura feminina, e
até hoje é bastante usado no Ceará para
qualificar meninas mais “pra frente”, ou
ainda “bonitinhas”, “vaidosas”. O termo
só foi popularizado, de fato, durante a
presença de militares norte-americanos no
Ceará. As garotas mais avançadas para a
época se arrumavam e se perfumavam
para passar em vista pelos oficiais, que
diziam uns aos outros: “she is pretty
cute” (cuja tradução é “ela é muito
bonita”). O povo da terra de Alencar logo
tratou de adaptar a expressão e adotou
“ispilicute” como palavra para qualificar
as meninas mais afoitas na arte de receber
galanteios, que aconteciam nos espaços
públicos da cidade.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

18 Aformoseamento Na Fortaleza da primeira metade do Comunidade Direção de


Alencarino Século XX, o bode Ioiô desfrutou das (2018) Carnaval
novidades urbanas que foram se
instalando na cidade graças a uma
política de aformoseamento urbano
bem ao estilo belle époque, com suas
formas e elementos decorativos.
Foram idealizados e construídos
espaços arejados, com projetos
paisagísticos e iluminação especial
para o período noturno. Um desses
locais de circulação e sociabilidade
foi o Passeio Público (ou Praça dos
Mártires), inaugurado no final do
Século XIX, e que chamava a atenção
pelos formosos jardins, luminárias e
gradis em ferro.

19 Cine “Muderno” A “muderna” Fortaleza se apresentava Comunidade Direção de


não apenas nos espaços públicos, mas (2018) Carnaval
também nas maravilhas do Século
XX, entre elas o cinema. Na abertura
de uma das salas de exibição, o Cine
“Muderno”, ocorrida no ano de 1921,
Ioiô roubou a cena: convidado para a
cerimônia, o bode comeu a fita de
inauguração do espaço de arquitetura
art déco enquanto o então governador
Justiniano de Serpa proferia um
discurso mais extenso do que deveria.
Mais conhecido a cada dia, Ioiô
pavimentava, mesmo que
involuntariamente, certa popularidade
que iria se refletir nas urnas, no ano
seguinte, 1922.

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* Borboleta do Musa #4 Mayara


Passeio Público (2018) Nascimento

* Mariposa Musa #5 Mayla Jéssika


Arretada (2018)

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Fantasia Representa Ala pela Ala
20 A Farra Era no tempo da República Velha... O Thiago Borgue Thiago Borgue
(coreografada) período eleitoral no Brasil do início (2018) (coreógrafo)
do Século XX era marcado por
diversas formas de manipulação do
voto. Por disporem de mais recursos,
os senhores de posses faziam a farra
com seus dotes financeiros, ajudando
a eleger os que estavam alinhados
com a manutenção dos privilégios e
das fortunas dos coronéis, interferindo
diretamente no processo eleitoral.
Adversários das famílias tradicionais
eram difamados, correntes de
informações falsas se espalhavam
pelos espaços públicos de encontro
dos citadinos fortalezenses, enfim, a
farra eleitoral corria solta e agitava a
cidade nos períodos de escolha dos
seus representantes.

21 Relando o Povo Na estrutura de poder dominante, a Rodrigo Rodrigo


(coreografada) grande massa tinha que dançar Avellar Avellar
conforme a música. Ou melhor, (2018) (Coreógrafo)
conforme o forrobodó em um ritmo
descompassado dos senhores de
posses que davam as cartas na política
local. Era a velha prática do “manda
quem pode, obedece quem tem juízo”.
No lugar de defenderem os interesses
do povo, os representantes “relavam”
o couro dos que mais precisavam da
mão do poder público. E assim, mais
uma vez, o sertanejo continuava
condenado à miséria e à fome que o
Estado insistia em não combater.

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22 Mamulengos do Enquanto o povo passava fome, o Comunidade Direção de


Coronel coronel enchia o “bucho”. Na (2018) Carnaval
realidade social dos tempos de
Ioiô, as lideranças políticas e
econômicas manipulavam a
população como mamulengos em
um teatro mambembe. Por meio de
coerção ou troca de favores, o
coronel garantia votos para si,
familiares ou correligionários,
sempre tirando proveito das
benesses do sistema político. A
barriga proeminente da fantasia
representa a fartura restrita aos
donos de terra, enquanto a grande
massa passava fome.

23 Povo no Cabresto O chamado “voto de cabresto” era Comunidade Direção de


uma prática comum no jogo (2018) Carnaval
político coronelista da Velha
República. Mecanismo de acesso
aos cargos eletivos por meio de
compra de votos e pelo abuso do
poder econômico, o cabresto
representa o domínio da elite sobre
o povo. Com o controle das rédeas
do poder, coronéis e políticos
subjugavam o cidadão, que era
guiado de acordo com os
conchavos e as alianças de ocasião.

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24 Vida de Gado Donos de “latifúndios” políticos Comunidade Direção de


tinham seu rebanho certo. Massa (2018) Carnaval
conquistada no pasto eleitoral que
possibilitava dominar regiões
inteiras. Gente que para o sistema
político vigente tinha valor de
bicho no mercado pecuário
sufragista. Marcado como gado
pronto pro abate social, o povo
seguia o caminho do descaso como
vaca de presépio, sem direito nem
de ruminar as próprias angústias,
esperando eternamente por um
Salvador da Pátria.

* O Cramunhão do Musa #6 Mylla Ribeiro


Dinheiro (2018)

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Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jack Vasconcelos
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

25 Folia no Museu Para quem duvidou da existência e Comunidade Direção de


das peripécias de Ioiô, o Salvador da (2018) Carnaval
Pátria, o “bichim” tá lá exposto no
Museu do Ceará. Morto em 1931, o
caprino foi empalhado e hoje faz a
festa dos que vão ao antigo casarão
que abriga o museu para ver de
perto o totem cearense. A fantasia
reproduz a fachada e o frontão
triangular do prédio neoclássico,
misturado ao colorido de fitas e
franjas presentes em diversos
folguedos do Ceará, como o
maracatu e o bumba-meu-boi.

26 Ioiô me Ioiô é a cara do brasileiro. Comunidade Direção de


Representa Sobreviveu à seca, driblou os (2018) Carnaval
campos de concentração, conquistou
prestígio, “botou boneco” com os
boêmios, enfim, caiu nas graças do
povo. População que se vê
representada na gaiatice e na
resistência do cultuado caprino.
Hoje, a memória do mimoso bode é
reverenciada em plena Avenida,
com a irreverência e a alegria
própria do povo cearense.
#SomosTodosIoiô.

284
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jack Vasconcelos
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

27 Bode Folião Atualmente, o legado de Ioiô se Comunidade Direção de


manifesta no Carnaval de rua de (2018) Carnaval
Fortaleza, que apresenta dois blocos
bastante populares: o Bloco dos
Bodes e o Iracema Bode Beat. O
espírito moleque cearense
transborda no Carnaval com muita
cor e animação. Assim o povo
chama para si a verdadeira salvação
da pátria: a alegria, a mais
revolucionária das manifestações.

28 Intervenção pelo Ioiô deixou um legado de pilhéria e Comunidade Direção de


Bom Humor molecagem, marcas da chamada (2018) Carnaval
“cearensidade”. E por que não uma
intervenção pelo bom humor?
Abaixo à repressão! Viva a gaiatice!
Palhaços se tornam os “generais” da
banda, promovendo um reencontro
com o espírito alegre, folião e
debochado brasileiro. A ordem é
marchar armados de riso e sonho,
acreditando “nas flores vencendo o
canhão”.

285
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Jack Vasconcelos
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

29 A Peleja entre o Ioiô é hoje uma ideia! Saiu da vida Tio Fábio Tio Fábio
Bode da para entrar para a história e seu (2018) (coreógrafo)
Resistência e a legado revive na disputa de poder
Coxinha que vem marcando a recente
Ultraconservadora história política brasileira. Mais do
(Coreografada) que nunca, o caprino se faz
presente como herói da resistência
popular contra a coxinha
ultraconservadora, que mira a
própria arma contra “tudo que está
aí”. Seguindo na eterna busca pelo
Salvador da Pátria, percebe-se que
muita coisa continua como há cerca
de um século. Mas a luta continua!
E há de surgir sempre um novo
Ioiô, irreverente e popular, como
forma de “bodejar” contra o
sistema. Viva o Salvador da Pátria!

* A Flor da Musa #7 Mariana


Resistência (2018) Ribeiro

286
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadávia Corrêa, nº. 60 – Barracão 03 – Cidade do Samba – Gamboa, RJ
Diretor Responsável pelo Atelier
Léo Morais
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Flávia Jacob -
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Léo Morais e Fernando Kieer Gomes Sapateiro
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Fernando Kieer - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 05, 07,08 e 13.

Flávia Jacob - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 20, 21, 22 e 28.

Jefferson Siqueira - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 04, 06,09 e 23.

Lúcia Morais - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 01, 10, 12,15 e 24.

Ana Cláudia - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 03, 16,17,25,26 e
29.

Felipe Rocha - Chefe do atelier responsável pela reprodução das alas 11, 14,18,19 e 27.

Chiquinho - Chefe do atelier responsável pela reprodução das peças de espuma das
fantasias das alas da escola 01, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 11, 12, 13, 14, 20,
21, 22, 23, 24, 27 e 29.

Marquinhos - Reprodução de penas artificiais

Fábio Carvalho - Pintura de arte das fantasias


(Filé)

Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Cláudio Russo, Moacyr Luz, Jurandir, Dona Zezé e Aníbal
Enredo
Presidente da Ala dos Compositores
Aníbal
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Jurandir Gabriel Russo
(oitenta) 78 anos 24 anos
Outras informações julgadas necessárias

Vendeu-se o Brasil num palanque da praça


E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça
Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue
E o homem servil verteu lágrimas de sangue
Do nada um bode vindo lá do interior
Destino pobre, nordestino sonhador
Vazou da fome, retirante ao Deus dará
Soprou as chamas do Dragão do Mar
Passava o dia ruminando poesia
Batendo cascos no calor dos mafuás
Bafo de bode perfumando a boemia
Levou no colo Iracema até o cais
Com luxo não! Chão de capim!
Nasceu “muderna” Fortaleza pro “Bichim”

Pega na viola, diz um verso pra Ioiô


O salvador! O salvador! (da pátria)

Ora, meu patrão!


Vida de gado desse poro tão marcado
Não precisa de “dotô”
Quando clareou o resultado
Tava o bode ali sentado aclamado vencedor

Nem berrar, berrou! sequer assumiu!


Isso aqui Ioiô, é um pouquinho de Brasil!

O meu bode tem cabelo na venta


O Tuiuti me representa
Meu paraíso escolheu o Ceará
Vou bodejar, la iá la iá

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Defesa do Samba

A história do Bode Ioiô é um retrato fidedigno da realidade do povo brasileiro, história de luta e
resistência com pitadas generosas de humor, e este ponto é extremamente importante, o brasileiro
faz chacota de sua própria tragédia particular. A composição, que dará voz aos nossos
componentes, demonstra muito bem os aspectos supracitados: O drama da vida difícil no sertão
nordestino, a resistência na capital que vislumbrava ser “muderna” e a desesperança ao fazer
graça e levar à eleição um candidato intrinsecamente afeito ao que há de mais popular. Melodia e
letra dialogam com empatia e, depois do começo que leva a reflexão de todos, permeiam
sinuosamente numa crescente até o desfecho apoteótico que convida, ao canto forte e vibrante,
aquele que mais nos representa: O povo brasileiro!

Vendeu-se o Brasil no palanque da praça


E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça...
Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue
E o homem servil verteu lágrimas de sangue...
Vocês que fazem parte desta massa, sabem como poucos que a história se repete e a saga de
nosso heroico personagem não é um caso isolado, é mais um movimento desesperado da
população desafortunada em busca da redenção, O derradeiro berro ante a lágrima de sangue
que escorre indignada à servidão dos mais humildes com o espólio do Brasil: Dos sertões do
Deus me livre ao lodo do canal do Mangue.

Do nada um bode vindo lá do interior


Destino pobre, nordestino sonhador
Vazou da fome retirante ao Deus dará
Soprou as chamas do Dragão do Mar
O pequeno, franzino e sofrido Ioiô, pobre retirante sertanejo, do nada e antes de tudo, pica a
mula do interior nordestino e com sol a pino vaza da fome e da seca do XV, imortalizada por
Rachel de Queiroz em “O Quinze”, para beber da fonte do grande símbolo da resistência
cearense ao chegar à capital do estado na Rua Dragão do Mar.

Passava o dia ruminando poesia


Batendo cascos no calor dos mafuás
Bafo de bode perfumando a boemia
Levou no colo Iracema até o cais
E o Cabra, ou melhor, o Bode, poeta encarnado, aprende rapidinho a bater os cascos nas vielas e
nos mafuás da noite “alencarina”. Inaugura o Cine, fecha os cafés, perfuma a boemia com seu
bafo e sobra até pra Iracema, aquela dos lábios de mel, à beira do cais.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias


Com luxo não! Chão de capim!
Nasceu “muderna” Fortaleza pro “Bichim”
O fausto e o luxo da civilidade não intimidavam o bodinho, que combatia o perfume francês das
ispilicutes espevitadas com aquele cheirinho peculiar. O incômodo que causava nos defensores
da reforma urbana era o mesmo que as camadas pobres e marginalizadas sofriam. Ergue-se em
volta de nosso Dândi Sertanejo um marco, um bastião, uma Fortaleza “Muderna...”.

Pega na viola diz um verso pra Ioiô


O salvador! O salvador da Pátria!
Sassaricando, o Bode seresteiro, com a liberdade de ir e vir, num vai e vem frenético passa a ser
chamado de Ioiô e inúmeros artistas, violeiros e repentistas rendem homenagem ao “Bichim”...
Salvador da Pátria!

Ora meu patrão


Vida de gado desse povo tão marcado
Não precisa de “dotô”
Quando clareou o resultado
Tava o bode ali sentado,
Aclamado vencedor
O povo, em sua marcada vida de gado, se sente cansado de ser mamulengo nas mãos dos
doutores do poder. Os patrões, latifundiários do voto de cabresto, jamais poderiam imaginar
naquele Bode, alguém nocivo as suas aspirações política de controle da população, mas quando
clareou o resultado, Ioiô foi aclamado vencedor, vereador de Fortaleza! Um deboche com os
poderosos!

Nem berrar, berrou! Sequer assumiu!


Isso aqui Ioiô é um pouquinho de Brasil!
Mas como diz o ditado: Um bom cabrito não berra e o nosso ruminante porreta aprende de vez
que isso aqui é um pouquinho de Brasil. Antes de assumir, sofre um golpe, logo ele que foi eleito
democraticamente é impedido juridicamente pela alegação de incompatibilidade de espécie. Vê
se pode! Vê seu Bode?

O meu Bode tem cabelo na venta


O Tuiuti me representa
Meu Paraíso escolheu o Ceará
Vou bodejar lá iá lá iá
O Bode mitou! Hoje é uma ideia, símbolo do empoderamento popular, vive no meu paraíso, na
memória cearense, perambula batendo cascos nos cordéis, livros e museus... Habita todo aquele
que tem cabelo na venta e se sente inconformado ao fazer graça da própria desgraça. Do Ceará,
ele bodeja alto na Avenida Marquês de Sapucaí! Lá iá! Lá iá!

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

Sobre os compositores:

A parceria permanece a mesma do antológico samba de 2018, que conduziu a escola ao


emblemático desfile e alcançou diversas premiações no carnaval carioca.

Claudio Russo: Compositor consagrado da nova geração do samba carioca e ganhador de


diversos prêmios, como o Estandarte de Ouro em 2007, 2015 e 2017, Tamborim de Ouro de 2007
e 2018. É integrante da ala de compositores do Paraíso do Tuiuti desde 2015, e em 2016 foi um
dos compositores que emprestaram o talento ao samba campeão que levou a escola a elite do
carnaval e ao inesquecível samba de 2018.

Moacyr Luz: Convidado especial desta parceria profundamente ligada ao Paraíso do Tuiuti. Este
mestre do samba carioca, possui treze CDs gravados, inclusive o recém-lançado: Natureza e Fé!

Trazendo em cada trabalho importantes referências à Música Brasileira. Na sua carreira de


compositor, mais de 100 músicas gravadas por diferentes intérpretes da MPB, como, Zeca
Pagodinho, Martinho da Vila, Maria Bethânia, Nana Caymmi, Beth Carvalho, Leny Andrade,
Gilberto Gil e Leila Pinheiro. Moacyr também é ganhador de diversos prêmios no carnaval,
inclusive o Estandarte de Ouro de 2015 em parceria com Cláudio Russo e Teresa Cristina.

Jurandir: Compositor das antigas, como ele mesmo se define, Jurandir se filiou a Ala de
Compositores em meados da década de 90 e de lá pra cá foi coroado com seis expressivos
sambas. Jurandir também foi por diversas vezes premiado, inclusive com o estandarte de ouro em
1989 e 1996.

Dona Zezé: Moradora do Morro do Tuiuti, Dona Zezé é a matriarca de uma família de
componentes e torcedores da escola, sempre esteve muito ligada à rotina da agremiação e no ano
2000 passou a integrar a Ala de Compositores do Paraíso do Tuiuti. A compositora é vencedora
dos sambas de 2004, 2011, 2018 e agora em 2019.

Aníbal: O médico apaixonado por samba tornou-se o Dr. Aníbal. Compositor por diversas vezes
campeão na escola (2008, 2009, 2010, 2012 e 2018) também teve grandes vitórias em outras
agremiações, mas manteve seu amor e sua fidelidade à escola de São Cristóvão, e este ano coroa,
novamente, esta grande parceria.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Mestre Ricardinho
Outros Diretores de Bateria
Denílson, Rodrigo Siqueira, Tadeu Ferreira, Yuri Martins, Luis Cláudio, Luygui, Fabiano Serafin,
Leonardo Jorge, Carlos Antônio, Denílson Gonçalves, Waldney, Luciano da Silva, Rodrigo Fidalgo,
Jeferson Oliveira e Rita (Secretária)
Total de Componentes da Bateria
250 (duzentos e cinquenta) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
10 10 12 0 0
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
96 0 42 0 18
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
0 14 24 0 24
Outras informações julgadas necessárias

A Bateria do Paraíso do Tuiuti – Batizada pelo nome de “SuperSom da Tuiuti” a tradicional


bateria do Paraíso do Tuiuti, comandada pelo Mestre Ricardinho, um dos mais antigos na função
dentre os Mestres de Bateria do Carnaval Carioca, é considerada de ritmo forte sem esquecer a
perfeita harmonia entre o samba, a cadência e a manutenção rítmica de todos os instrumentos. No
carnaval de 2018 a bateria da Azul e Amarelo do bairro de São Cristóvão, embalou os componentes
e foi de fundamental importância no desempenho do samba-enredo na Marquês, conquistando assim
notas máximas no quesito. Ensaiando desde o mês de agosto, as convenções e bossas foram
cuidadosamente preparadas e exaustivamente treinadas para que o ritmo pudesse servir de perfeita
sustentação ao componente do Tuiuti evoluir de maneira plena e confortável na Avenida,
aproveitando a leveza e alegria espontânea do samba-enredo, bem como as variações melódicas que
esta obra de 2019 possui. Cada integrante da “SuperSom” tem a plena consciência de que a bateria
de uma escola de samba exerce fundamental importância no desfile em acalentar o sonho de uma
comunidade inteira rumo ao seu objetivo!

Fantasia da Bateria - No Carnaval de 2019 a “SuperSom” estará fantasiada de Dândi Sertanejo

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

Mestre Ricardinho – Apaixonado por Carnaval desde a adolescência, Mestre Ricardinho, iniciou sua
trajetória na folia aos 15 anos e imediatamente se identificou com a batida do surdo, a leveza das caixas, o
desenho feito pelos tamborins e o molho oriundo dos chocalhos. Não teve dúvidas de que ali havia
encontrado seu espaço! Professor por formação, Ricardinho não se contentou em apenas deter a arte da
percussão e, no ano de 1998, decidiu dividir seus conhecimentos a quem, assim como ele um dia, sonhava
em aprender a tocar um instrumento e sentir a emoção de entrar na Marquês de Sapucaí integrando uma
bateria. Já se passaram 20 anos e, neste tempo, centenas de pessoas têm o orgulho de dizer que são
chamadas de ritmistas porque alguém como o Mestre Ricardinho esteve em seu caminho.
Como Mestre, Ricardinho iniciou sua trajetória no próprio Paraíso do Tuiuti no ano de 2002,
permanecendo até 2006. Nos Carnavais de 2007 e 2008 comandou as baterias do Arranco do Engenho de
Dentro e Acadêmicos do Cubango, respectivamente. Retorna ao Paraíso do Tuiuti para os Carnavais de
2009 e 2010. Após dois anos de dedicação a projetos pessoais, volta ao Carnaval em 2013 na Unidos do
Jacarezinho. Mas como “o bom filho à casa retorna” em 2014 a Direção do Paraíso do Tuiuti novamente
contrata o Mestre para, juntos, conquistarem, em 2016, o Título de Campeão da Série A e a sonhada
ascensão ao Grupo Especial. Em 2018, Ricardinho completou seu décimo segundo desfile no comando da
“SuperSom”, nesse período conquistou todos os prêmios que sua bateria poderia receber, além de sempre
ser pontuado com as notas máximas dos julgadores. Para o carnaval de 2019, o tarimbado Mestre da
“SuperSom” promete mais uma bela atuação de seus comandados, vislumbrando o sonhado 40 pontos no
quesito.

Rainha de Bateria (Carol Marins) – Toda Rainha deve conhecer e vivenciar o cotidiano dos seus
súditos! Isso certamente se aplica a bela Carol Marins, de 23 anos. Oriunda do seio da comunidade esteve
presente desde pequena acompanhando sua escola e participou ativamente do processo de transformação e
amadurecimento que o Paraíso do Tuiuti passou nos últimos anos. Carol pisou na Sapucaí pela primeira
vez ainda criança e desde então nunca deixou seu coração azul e amarelo de lado. No ano de 2012, foi o
primeiro destaque da escola. Em 2013 pela primeira vez em cima de uma alegoria como composição. Nos
Carnavais de 2014 e 2015 desfilou como Destaque Central do Abre-Alas. Mas nada se compara à emoção
do sonho realizado em 2016: Reinar à frente da “SuperSom da Tuiuti” com a altivez e elegância que uma
Rainha precisa. E a beldade provou além de tudo ser “pé quente” já que naquele ano o Tuiuti sagrou-se
Campeã da Série A! No Carnaval de 2018, Carol Marins completou seu quarto desfile reinando à frente
dos ritmistas comandados pelo Mestre Ricardinho. Para 2019, ela não tem dúvidas em arriscar: “Vai dar
Bode na cabeça...” (Carol Marins).

Fantasia da Rainha de Bateria – Sedução Noturna

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

“Madrinha de Bateria (Denise Dias) – Até então musa do Paraíso do Tuiuti para o carnaval de
2019, Denise Dias recebeu o convite e, prontamente, aceitou ser promovida de musa à debutante
ao cargo de madrinha de bateria da escola. Estreante no cargo, a atriz e modelo aguarda
ansiosamente sua primeira aparição à frente da Bateria SuperSom na segunda-feira, dia 04
(quatro) de fevereiro, na Marquês de Sapucaí. “Recebi o convite e o coração bateu mais forte do
que nunca”, afirmou Denise que irá desfila ao lado da rainha Carol Marins.”
Fantasia da Madrinha de Bateria – Estrela da Madrugada

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares
Outros Diretores de Harmonia
Aline Santos, Sequinho, Manoel, Alessandra Mutuá, Cláudia Girafa, Igor Modesto, Shirley
Muriel, Alexandre “Brutus”, Gabriela Silva, Carlinhos, Lilia Patrícia, Arthur Diego, Jurema, Léo
Castro, Luci Reis, André Jalles, Michel Casemiro, Vânia, Rafael Marques, Chico Azevedo,
Márvio, Guilherme Lúcio, Luiz Augusto, Léo Neto, Régis, Renato Freitas, Isadora Barros,
Juciara, PC Pagode, Andréia Laurindo, Magno, Carlos Gomes, Vanderlei Chagas, Thiago Niterói,
Fernando Costa, Carla, Jackeline Klüiver, Marcelo Mutuá, Nélson Luiz, Fernando Azevedo,
Solange Nunes, Paulo Roberto, Rudnei Santos, Ronny Fernando e Victor Cavalcante
Total de Componentes da Direção de Harmonia
50 (cinquenta) Diretores de Harmonia
Puxador(es) do Samba-Enredo
Intérpretes Oficiais: Celsinho Mody e Grazzi Brasil
Auxiliares: Igor Vianna, Hudson Luiz, Douglas Ananias, Diogão Pereira e Léo Reis
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Cavaco Base e Solo: Tico do Cavaco e Vinícius “Chocolate”
Violão 7 Cordas e Direção Musical: Rafael Prates
Outras informações julgadas necessárias

Direção de Harmonia
Cantar a história do Bode Ioiô, retrato fiel da luta e resistência do povo brasileiro, é uma linda e
emocionante viagem ao drama da vida difícil do nordestino até a eleição de um candidato
intrinsecamente afeito ao que há de mais popular – o voto. Com a alegria, característica mais do
que marcante desse povo tão sonhador, e a leveza do samba-enredo de 2019 do Paraíso do Tuiuti,
a Direção de Harmonia pretende realizar de maneira harmônica, integrando a tríade: ritmo, canto e
dança, ao desfile de seus componentes na Sapucaí. No intuito de alcançar tal feito, o
Departamento de Harmonia da escola foi levemente reformulado para o Carnaval de 2019. Após o
aclamado e apoteótico desfile de 2018, a Direção da Escola aposta mais uma vez na fórmula que
deu certo. Rodrigo Soares e André Gonçalves, remanescentes da Comissão de Carnaval passada,
contam com a juventude do Diretor Júnior Cabeça para 2019.
Rodrigo Soares: Carioca, de 41 anos, e amante do carnaval, é formado em uma das escolas mais
tradicionais do Rio de Janeiro, a Unidos da Tijuca, onde iniciou sua trajetória no carnaval de
1992, como componente, permanecendo até o desfile de 2013 exercendo a função de diretor de
harmonia. Trazendo em sua bagagem os títulos de 2010 e 2012 pela escola do Borel e a passagem
vitoriosa no acesso à elite do carnaval carioca pelo Império da Tijuca (2013), participou também
da recente e reconhecida mudança ocorrida na forma de desfilar da tricolor de Caxias, entre os
anos de 2014 a 2016. Em 2017 e 2018, passou a integrar a equipe da Direção de Carnaval da
LIERJ (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro). Para 2019, acumulará os cargos de Diretor
de Carnaval da entidade, responsável pela organização e realização do Carnaval da Série A e do
Paraíso do Tuiuti.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Outras informações julgadas necessárias


André Gonçalves: Experiente no quesito harmonia, André Gonçalves iniciou sua trajetória em 2000 como
intérprete da Tradição, tradicional escola do carnaval carioca, permanecendo no carro de som da mesma
até 2003. Em 2011, foi convidado pelo então eleito Presidente do Império Serrano para assumir a função
de Diretor Financeiro. Em meados de 2014, recebe o convite para ingressar na Direção do Paraíso do
Tuiuti e, em 2016, já como Diretor da agremiação, participa da conquista do título de campeão da Série A.
Em 2018, passa a integrar a equipe da Comissão de Carnaval, conquistando o vice-campeonato com
histórico desfile aclamado pela crítica como a “Campeã do Povo”. Para 2019, André é um dos dois
remanescentes da Comissão de Carnaval do Paraíso do Tuiuti, quando tentará repetir a façanha de 2018 ou,
quem sabe, alcançar voo mais alto.
Júnior Cabeça: Com experiência no quesito Harmonia, Júnior teve seu início na Unidos do Viradouro,
aonde transitou nos cargos de Diretor de Tamborins (por 03 anos), passando posteriormente a compor o
carro de som por 02 (dois) anos, e finalmente, alcançando o de Diretor de Carnaval e Harmonia. Entre
2001 a 2010, passou por diversas agremiações sempre trabalhando no quesito Harmonia, como: Imperatriz
Leopoldinense (5 anos); União da Ilha do Governador (3 anos) e Unidos de Vila Isabel (2 anos). Desde
2011, exerce jornada dupla como de Diretor de Carnaval e Harmonia, distribuídos entre Unidos do
Viradouro e Unidos do Porto da Pedra, aonde por essa última gabaritou notas máximas nos últimos quatro
carnavais. Sua trajetória rendeu títulos por algumas escolas tanto na Séria A quanto no Grupo Especial.

Intérpretes:
O grande trunfo do Paraíso do Tuiuti para 2019 é seu time de intérpretes oficiais. Presentes no histórico
carnaval de 2018, dois nomes remanescentes conduzirão os microfones oficiais, cantando com emoção,
força, simpatia e alegria na dosagem certa, o samba-enredo da escola Azul e Amarelo de São Cristóvão.

Celsinho Mody – “Pegada de Africano!”


Com seu grito de guerra, que já está na boca do povo de todo o Brasil, promete levar na melodia de sua
voz, toda a irreverência e alegria em sua segunda passagem no templo do carnaval carioca, a Marques de
Sapucaí!
Nascido e talhado em berço sambistas criado entre rodas de samba e barracões na cidade de São Paulo, é
considerado a maior revelação do Carnaval da Pauliceia nos últimos anos. Sua história como cantor iniciou
precocemente, e, com apenas 11 anos de idade, já era a voz da escola de samba Prova de Fogo. Em uma
ascensão meteórica, despertou a atenção da tradicional Unidos do Peruche cantando ao lado da consagrada
cantora Eliana de Lima. É o mais jovem compositor a assinar um samba-enredo na multi-campeã e
centenária Mocidade Camisa Verde e Branco, onde se tornou o mais jovem intérprete oficial.
Atualmente, carrega com orgulho o posto de intérprete oficial da atual bicampeã do Grupo Especial
Paulistano, o Acadêmicos do Tatuapé. Na azul e branco da zona leste vive um grande momento na sua
premiada carreira conquistando em 2017, além do título de Campeão do Carnaval, todos os prêmios
disponíveis de melhor intérprete conferido aos profissionais e artistas do Carnaval Paulistano.
Tamanha aclamação rendeu o convite de ser uma das vozes oficiais do Paraíso do Tuiuti no histórico
carnaval de 2018. Para 2019 dar bode na avenida, não tem medo de errar e repete como um mantra o
jargão: “eu acredito!”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Outras informações julgadas necessárias

Grazzi Brasil - “Simbora Tuiuti”


“Bate outra vez com esperanças o meu coração, pois já vai terminando o verão, enfim...”. A
plateia ainda se reacomodava às poltronas do Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, no início
do segundo ato do musical, produzido em homenagem ao maior poeta do nosso samba, Cartola,
quando Grazzi Brasil deu início a uma verdadeira catarse ao interpretar a obra imortal do gênio.
Este foi um dos vários momentos marcantes da carreira da mulher que tem no seu DNA a música.
Neta de violinista, cresceu em meio a discos de ícones da MPB. No início de sua trajetória
musical, a então menina paulistana de 10 anos de idade, percebeu que o samba a acompanharia
por sua vida. Após muita luta, em 2012, Grazzi grava seu primeiro disco, “Nas cordas de um
cavaquinho”. Na sequência atuou como backing vocal do grupo Pixote, cantou no Japão,
participou como protagonista, arrancando aplausos e levando às lágrimas o público em tributos a
sambistas como Clara Nunes, Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra e
Candeia. Nos últimos anos, a cantora ganhou reconhecimento nacional ao participar e avançar às
fases finais dos programas televisivos “Astros”, do SBT, “Ídolos”, da Rede Record e “The
Voice”, Rede Globo, elogiada pelos maiores nomes do cenário musical.

O Carnaval não poderia prescindir de tamanho talento vocal. E, em 2017, Grazzi Brasil é
convidada a integrar o time de cantores da tradicional escola de samba paulistana Vai Vai. Bastou
para moça receber o cobiçado Prêmio de Revelação do Carnaval com uma interpretação
memorável à Mãe Menininha do Gantois. Em 2018, além de intérprete oficial da “escola do povo”
Paulistana, atuou brilhantemente na interpretação do consagrado e elogiadíssimo samba do
Paraíso do Tuiuti, arrebatando corações e levando o povo da Marquês de Sapucaí às lágrimas ao
entoar “Meu Deus, meu Deus...” solo e a capela no desfile das campeãs. Em 2019, Grazzi promete
escrever mais uma vez sua passagem marcante na história do Carnaval Carioca e, quem sabe...
bem, deixamos para contar o capítulo final dessa história na avenida.

297
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares
Outros Diretores de Evolução
Décio Bastos, Bira Reis, Léo Augusto, Alexandre Maximus, Mazinha, William Klüiver, Alexandre
Dias, Luiz Roberto AVC, Carla Meirelles, Ribamar, Thiago Borgue, Rodrigo Avellar, Ricardo
Testa, Mauro Júnior, Sandra Maria, Tio Fábio, Handerson Big e Dedeco
Total de Componentes da Direção de Evolução
20 (vinte) Diretores de Evolução
Principais Passistas Femininos
Mari Ribeiro e Débora Bonam
Principais Passistas Masculinos
Vitor Hugo e Edmar Andrade
Outras informações julgadas necessárias

Fazer o componente se divertir na Sapucaí, sem esquecer que o mesmo desempenhe seu papel na
consecução de um desfile competitivo, é o principal objetivo da Direção de Harmonia e Evolução do
Paraíso do Tuiuti. A apresentação da escola precisa acontecer de forma fluída e solta. A escola foi
preparada para que cada componente simplesmente se “solte” no desfile, de forma alegre e
descontraída. Isso não significa que as alas performáticas ou coreografadas, existentes no corpo da
escola, estejam alheias a esta metodologia, pelo contrário, a liberdade e leveza estarão latentes no
desfile, sempre em sintonia com ritmo do samba e o andamento da bateria, já que o tema passeia na
crítica, mas também com espontaneidade.

O Paraíso do Tuiuti em 2019, pretende realizar mais um autêntico desfile de “Escola de Samba”
incentivando a evolução começando pelos segmentos tradicionais, como sua elegante velha guarda
que, praticamente, abre o desfile, o rodopiar marcante de suas mães baianas, a arte do samba no pé
em sua essência através do requebrado da ala de passistas, posicionadas na privilegiadíssima posição
à frente da bateria, seguido pelos componentes de alas e carros alegóricos.

Ala de Passistas
No Paraíso do Tuiuti, escola que guarda de forma clara a tradição do samba na sua maior essência, a
ala de passistas requer atenção especial. Com ensaios iniciados em agosto, a exigência principal para
que um homem ou mulher se torne membro do seleto grupo de passistas do Tuiuti é deter a arte do
samba no pé com garbo e elegância. Para a escola, a pessoa para ser passista precisa “dizer no pé”
como as cabrochas de outrora. A ala é comandada por dois experientes diretores: Alex Coutinho e
Jorge Amarelloh.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Outras informações julgadas necessárias

Alex Coutinho – Desfila na escola desde 2002, sendo convidado para ser o responsável da Ala de
Passistas no Carnaval de 2008. É o responsável pelo desenvolvimento do elenco feminino da ala.
Fundou o projeto “Samba no pé aos passos do paraíso” que consiste em formar futuros passistas a
desenvolver o dom de sambar e defender essa nobre arte. O Diretor é atualmente uma referência
em matéria de samba, sendo convidado a ministrar WorkShop em diversas cidades do país e do
exterior, tais como: São Paulo, Manaus, Buenos Aires, Moscou e Londres.

Jorge Amarelloh – Responsável em recrutar e formar o elenco masculino da ala, Jorge chegou ao
Paraíso do Tuiuti em 2010. Desde então, acumulou prêmios. Para o diretor, o passista não pode
perder a essência do “malandro sambista”, tão cultivada no imaginário popular.

Fantasia da Ala de Passistas - Em 2019, a ala de passistas está representando Bode Noturno.

299
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Renato Marins “Renatinho”
Diretor Geral de Carnaval
André Gonçalves, Júnior Cabeça e Rodrigo Soares
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Tia Sandra Maria
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Maria das Dores Tatiane Dias
(oitenta) 81 anos 34 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Jorge Honorato
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Maria das Dores Nascimento Dona Regina
(oitenta) 80 anos 54 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Ciro Alencar (Estilista), Thereza Nardelli (Tatuadora e Criadora da arte “Ninguém Solta a Mão de
Ninguém”), Gerson Linhares (Historiador), Mônica Iozzi (Atriz e Apresentadora), Rafael Losso
(Ator), Conceição Evaristo (Escritora), Silvero Pereira (Ator e Ativista), Carlos Tufvesson
(Estilista e Ativista LGBT), Marcelo Dias (Coordenador Nacional do Movimento Negro
Unificado Rio de Janeiro, membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do
Brasil – OAB/RJ), Sônia Guajajara (Líder e Ativista de causas indígenas), Almir França (Estilista
e Ativista LGBT), Jurema Werneck (Médica, Ativista em temas relacionados a raça, gênero,
orientação sexual e direitos humanos, Diretora da Anistia Internacional), Mauro Nunes D’Oxóssi
(Babalorixá do Ilê Axé Ofá, Ba’Wosan de Apapa e Imorè (Lagos Nigéria), Enfermeiro
Sanitarista, Funcionário concursado do Ministério da Saúde e, tendo também, trabalhado por mais
de 25 anos em várias partes do mundo pela Organização Humanitária Internacional dos Médicos
Sem Fronteiras. Mauro é mais um grande aliado na luta pela libertação dos objetivos sagrados),
Lívia Andrade (Atriz e Apresentadora), Gleici Damasceno (Campeã do “Big Brother Brasil –
2018”) e Wagner Santiago (Participante do “Big Brother Brasil – 2018”)

300
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Outras informações julgadas necessárias

Comissão de Carnaval – Atenta às necessidades que os preparativos de um desfile de excelência


exigem, o Paraíso do Tuiuti adotou a filosofia de que várias cabeças pensam melhor que uma.
Então, para o Carnaval de 2019, a escola optou por reformular os processos de construção do
desfile, fortalecendo a disciplina e organização, dividindo “para somar” o trabalho da Direção de
Carnaval em seis mãos, mantendo a figura da Comissão de Carnaval. Formada pelos experientes
Rodrigo Soares, André Gonçalves e Júnior Cabeça, a Comissão ficou responsável por todo
trabalho de produção no barracão, ensaios de segmentos e comunidade. Desde agosto, o desfile do
Paraíso do Tuiuti vem sendo pensado, planejado e estruturado em conjunto com o carnavalesco
Jack Vasconcelos nas suas diversas esferas, artísticas e técnicas, para que o público reconheça que
diante dele está passando uma Escola de Samba, na acepção da palavra com todos os seus
elementos tradicionais.

301
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Filipe Moreira e Élida Brum
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Filipe Moreira e Élida Brum
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 05 10
(quinze) (cinco) (dez)
Outras informações julgadas necessárias

Título da apresentação da Comissão de Frente: “Vendeu-se o Brasil num Palanque da Praça”.

Defesa da Comissão de Frente:


No parlatório das praças deste gigante Brasil, personagens típicos do poder político brasileiro
tentam deslegitimar a eleição do Bode Ioiô, o verdadeiro representante do povo. Num jogo de
cena em que o palanque, neste caso exemplificado pelo coreto das antigas praças, é o palco de
articulações não lá muito éticas, o protagonista do enredo sofre diversos tipos de pressão para não
assumir a cadeira que lhe é de direito. Mas os personagens populares lutam ao seu lado.
A rua, o espaço público, ainda é o lugar mais importante das discussões e é onde o jogo de poder
fica mais evidenciado. Na disputa pelos nichos eleitorais, salve-se quem puder! No vale-tudo pela
ocupação das cadeiras em disputa, o povo muitas vezes fica alijado do processo de decisão. Ao
final da peleja, o Bode é eleito, aclamado e sai nos braços do povo. Mas o poder está nas mãos
dos mesmos atores que legislam em causa própria e dos seus compadrios. E, a população mais
uma vez, fica ao Deus-dará, esperando eternamente a chegada do Salvador da Pátria.

Coreógrafo – Filipe Moreira


Primeiro bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Paulistano, nascido em 1981, iniciou
seu currículo artístico em 2000 obtendo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro o cargo de
primeiro bailarino, tendo assim oportunidade dançar todo o repertório clássico do Theatro.
Convidado para representar o Brasil em vários países do mundo, tais como Estados Unidos da
América, México, Colômbia, Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai, Equador. Trabalhou também
como coreógrafo e coordenador de algumas muitas obras de ballet. Sua iniciação no carnaval
carioca foi no corpo de bailarino de algumas comissões de frente das coirmãs Acadêmicos do
Salgueiro, Unidos da Tijuca e Mocidade Independente de Padre Miguel. Atuou também nas
funções de assistente e coordenador. Com esse invejoso currículo, experiente bailarino recebeu do
Paraíso do Tuiuti o convite para, em 2019, ser o responsável do quesito mais aguardado do desfile
da escola. Reconhecido pela crítica especializada por sua versatilidade, excelência técnica, física e
interpretativa, o Paraíso do Tuiuti confia no talento e expertise do bailarino a missão de
novamente arrebatar o público que acompanhará o desfile na Marquês de Sapucaí.

302
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Coreógrafa – Élida Brum


Segunda solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Carioca, iniciou seus estudos de dança
na Escola de Dança Maria Olenewa, onde se formou no ano de 1999. Em 2000, ingressou no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro onde atuou como bailarina solista em grandes ballets de
repertório da companhia, como “O Lago dos Cisnes”, “Giselle”, “O Quebra-Nozes”, “A Bela
Adormecida”, “La Bayadère”, “Onegin”, “Floresta Amazônica”, “Raymonda”, entre outros. Na
TV, foi contratada pela Rede Globo onde trabalhou como dublê de dança da cantora Sandy
durante o seriado “Sandy e Júnior”. No carnaval carioca, atuou como bailarina em várias
comissões de frente, com atuação destacada e premiada com o título do carnaval carioca, em
2017, com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Em 2019, junto a seu partner e marido da
vida real, Élida terá a missão de mais uma vez emocionar o público e garantir as notas máximas
no quesito Comissão de Frente do Paraíso do Tuiuti.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Marlon Flores 24 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Danielle Nascimento 42 anos
2º Mestre-Sala Idade
Wesley Cherry 23 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Rebeca Tito 17 anos
Outras informações julgadas necessárias
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Fantasia do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira – Sob o Sol Escaldante
Em tons vivos e solares, desfilam os protetores do pavilhão azul e amarelo, exibindo com todo o garbo a
bandeira da agremiação. Com um figurino que representa a inclemência do Sol, o primeiro casal baila
desfraldando a bandeira com as cores e os matizes do astro-rei, que lá “de riba” derrama seus raios sobre a
terra árida do sertão cearense.

Marlon Flores - Com o samba correndo em suas veias, Marlon traz em seu DNA a nobre arte do bailado
do Mestre-Sala. Filho de grande Mestre-Sala Marcelinho, que teve sua carreira sedimentada na São
Clemente, o então menino Marlon nunca teve dúvidas de que seus passos no Carnaval seriam semelhantes
aos de seu pai. Ainda com 07 (sete) anos ingressou no Projeto Manoel Dionísio. Já no Carnaval de 2002
foi convidado a defender as cores da escola mirim Mangueira do Amanhã, permanecendo até 2007. Sua
estreia defendendo as cores de uma escola de samba “adulta” foi curiosamente em 2006 na São Clemente,
a mesma que seu pai defendeu no passado. Em 2012 foi convidado a ser o 2° mestre-sala da Unidos do
Viradouro na Série A. Seu desempenho foi reconhecido pela diretoria da agremiação o alçando no ano
seguinte à condição de 1° mestre-sala, posto ocupado até 2015 trazendo excelentes notas para a escola. Nos
Carnavais de 2016 e 2017 honrou o segundo pavilhão da Portela. Sua forma elegante e leve de evoluir,
assim como a maneira de cortejar sua porta-bandeira fez com que o Paraíso do Tuiuti o convidasse no
Carnaval de 2018, junto com Danielle Nascimento, a ser o responsável para defender o quesito. Com
excelente resultado na recém-parceria alcançou notas máximas de todos os julgadores. Para 2019, Marlon
promete mais empenho e dedicação para manter as notas auferidas no carnaval passado.

304
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

Danielle Nascimento – Nascida e criada por quem entende de Samba, por quem fez história no
Carnaval. Daniele é filha de Vilma Nascimento, o “Cisne da Passarela” e neta de Natal da Portela.
Descobriu seu amor pela arte de ser porta-bandeira aos 13 (treze) anos de idade, através da ala mirim
da escola de samba Tradição. Em 1993 já começava da desfilar como 1° porta-bandeira, sagrando-se
campeã do Grupo de Acesso. Defendeu o pavilhão do “Condor” até 2007. Em 2008 recebeu o convite
do Império Serrano, sendo novamente campeã da divisão de acesso do Carnaval. Nos anos seguintes,
defende os pavilhões da Portela e do Império Serrano novamente. Entre 2011 e 2013 decide se afastar
da Passarela do Samba para se dedicar ao seu maior projeto de vida, a maternidade. Recebe
novamente o convite da Portela para retornar sua vitoriosa carreira e com orgulho defende o pavilhão
da Azul e Branco de Madureira, permanecendo entre 2014 e 2017. No último Carnaval desempenhou
papel fundamental na conquista do título de Campeã para a Águia após longo jejum com seus 40
(quarenta) pontos conferidos pelos jurados. Diante de tamanha história o Paraíso do Tuiuti a contratou
para junto com Marlon Flores defenderem o pavilhão da Azul e Amarelo de São Cristóvão no
Carnaval de 2018. Resultado: mais uma vez notas máximas e muita comemoração pelo desfile
histórico da escola. Com tamanho currículo e responsabilidade, Daniele sabe que repetir o
desempenho requer muito suor e lágrimas, porém o destino final são os 40 (quarenta) pontos.

Guardiões do 1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Paisagens da Seca


A seca castiga e forma no sertão uma paisagem árida e causticante. No caminho, Ioiô e os migrantes
foram “do sertão até o mangue” se deparando com imagens de carcaças de bois que se fundem com a
vegetação castigada pelo Sol e pela estiagem.

305
Abre-Alas – G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

“2.º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Fantasia do 2.º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira – Um Cordel para Ioiô


As fantasias utilizam o grafismo característico das xilogravuras usadas nos tradicionais livrinhos
de Cordel para fazer homenagem às publicações sobre a história do Bode Ioiô, que foram também
responsáveis pela propagação das peripécias do nosso personagem.

Wesley Cherry – Iniciou sua carreira no projeto de mestre-sala e porta-bandeira do G.R.E.S.


União do Parque Curicica. Apesar de sempre se identificar com o bailado do mestre-sala, Wesley
passeou por outros segmentos no Carnaval: foi ritmista, diretor de harmonia e até intérprete, mas
nenhum deles o fez tão completo como no papel de cortejar a porta-bandeira defendendo o
pavilhão de uma agremiação. Desde então passou por escolas como o próprio Paraíso do Tuiuti,
Acadêmicos do Engenho da Rainha e Unidos de Bangu. Em 2018 retornou ao Paraíso do Tuiuti
defendendo o segundo Pavilhão ao lado de Rebeca Tito, com quem repetirá a dobradinha em
2019.

Rebeca Tito – Já aos 4 (quatro) anos de idade iniciou sua jornada no samba como passista da
escola mirim Tijuquinha do Borel. Conheceu o projeto “Madureira toca, canta e dança”, que é
vinculado à Portela, se apaixonando ainda aos 5 (cinco) anos pela arte do “Padedê com Bandeira”.
Deu então ponta pé inicial no segmento. Com passagem pelas escolas mirins Inocentes da
Caprichosos e Filhos da Águia, sua estreia em uma escola “adulta” foi na Unidos de Vila
Kennedy, permanecendo por 3 (três) anos. A primeira vez que Rebeca teve a responsabilidade de
empunhar o primeiro pavilhão foi na Unidos de Maricá com, apenas, 13 (treze) anos de idade. No
Carnaval de 2015 foi convidada a participar do concurso de terceira porta-bandeira do Paraíso do
Tuiuti. Sua performance segura a fez conquistar a vaga. Em 2016 foi promovida ao posto de
segunda porta-bandeira da escola, cargo ocupado com segurança e elogios até os dias atuais.”

306
G.R.E.S.
ESTAÇÃO PRIMEIRA
DE MANGUEIRA

PRESIDENTE
ARAMIS SANTOS
307
“História pra ninar gente
grande”

Carnavalesco
LEANDRO VIEIRA
309
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“História pra ninar gente grande”
Carnavalesco
Leandro Vieira
Autor(es) do Enredo
Leandro Vieira
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Leandro Vieira
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Leandro Vieira
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

01 "Memórias org. Felipe Edições Sesc São 2015 Todas


sertanistas: cem Milanez Paulo
anos de
indigenismo no
Brasil

02 Povos Indígenas no Beto Ricardo e Instituto 2006 Todas


Brasil 2001-2005 Fany Ricardo Socioambiental

03 História dos índios org. Manuela Companhia das 1992 Todas


no Brasil Carneiro da Cunha Letras/
Secretaria
Municipal de
Cultura/ Fapesp

04 Caminhos e Sérgio Buarque de Companhia das 1994 Todas


fronteiras Holanda Letras

05 1808 - Como uma Laurentino Gomes Planeta 2008 Todas


rainha louca, um
príncipe medroso e
uma corte corrupta
enganaram
Napoleão e
mudaram a
História de
Portugal e do
Brasil

311
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

06 A Elite do Atraso, Jessé Souza Leya 2017 Todas


da Escravidão à
Lava Jato

07 Os bestializados: o José Murilo de Companha das 1997 Todas


Rio de Janeiro e a Carvalho Letras
República que não
foi

08 Rebelião escrava João José Reis Companhia das 2003 Todas


no Brasil – A Letras
história do levante
dos males em 1835

Outras informações julgadas necessárias

312
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

O enredo do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira é um olhar possível para a história do


Brasil. Uma narrativa baseada nas páginas ausentes. Se a história oficial é uma sucessão de
versões dos fatos, o enredo que proponho é uma outra versão. Com um povo chegado a
novelas, romances, mocinhos, bandidos, reis, descobridores e princesas, a história do Brasil
foi transformada em uma espécie de partida de futebol na qual preferimos torcer para quem
ganhou. Esquecemos, porém, que na torcida pelo vitorioso, os vencidos fomos nós.

Ao dizer que o Brasil foi descoberto e não dominado e saqueado; ao dar contorno heroico
aos feitos que, na realidade, roubaram o protagonismo do povo brasileiro; ao selecionar
heróis dignos de serem eternizados em forma de estátuas; ao propagar o mito do povo
pacífico, ensinando que as conquistas são fruto da concessão de uma princesa e não do
resultado de muitas lutas, conta-se uma história na qual as páginas escolhidas o ninam na
infância para que, quando gente grande, você continue em sono profundo.

De forma geral, a predominância das versões históricas mais bem-sucedidas está associada à
consagração de versões elitizadas, no geral, escrita pelos detentores do prestígio econômico,
político, militar e educacional – valendo lembrar que o domínio da escrita durante período
considerável foi quase que uma exclusividade das elites – e, por consequência natural, é esta
a versão que determina no imaginário nacional a memória coletiva dos fatos.

Não à toa o termo “DESCOBRIMENTO” ainda é recorrente quando, na verdade, a chegada


de Cabral às terras brasileiras representou o início de uma “CONQUISTA”. E, ao ser
ensinado que foi “descoberto” e não conquistado, o senso coletivo da nação jamais foi capaz
de se interessar ou dar o devido valor à cultura indígena, associando-a “a programas de gosto
duvidoso” ou comportamentos inadequados vistos como “vergonhosos”.

Comemoramos 500 anos de Brasil sem refazermos as contas que apontam para os mais de
11.000 anos de ocupação amazônica, para os mais de 8.000 anos da cerâmica mais antiga do
continente, ou ainda, sem olhar para a civilização marajoara datada do início da era Cristã.
Somos brasileiros há cerca de 12.000 anos, mas insistimos em ter pouco mais de 500, crendo
que o índio, derrotado em suas guerras, é o sinônimo de um país atrasado, refletindo o
descaso com que é tratada a história e as questões indígenas do Brasil. Não fizeram de
CUNHAMBEMBE – a liderança tupinambá responsável pela organização da resistência dos
Tamoios – um monumento de bronze. Os índios CARIRIS que se organizaram em uma
CONFEDERAÇÃO foram chamados de BÁRBAROS. Os nomes dos CABOCLOS que
lutaram no DOIS DE JULHO foram esquecidos. Os Índios, no Brasil da narrativa histórica
que é transmitida ainda hoje, deixaram como “legado” cinco ou seis lendas, a mandioca, o
balanço da rede, o tal do “caju”, do “tatu” e a “peteca”.

313
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Levando em conta apenas pouco mais de 500 anos, a narrativa tradicional escolheu
seus heróis, selecionou os feitos bravios, ergueu monumentos, batizou ruas e
avenidas, e assim, entre o “quem ganhou e quem perdeu”, ficamos com quem
“ganhou.” Índios, negros, mulatos e pobres não viraram estátua. Seus nomes não
estão nas provas escolares. Não são opções para marcar “x” nas questões de
múltiplas escolhas.

Deram vez a outros. Outros que, por certo, já caíram nas suas provas. Você aprendeu que os
“BANDEIRANTES” – assassinos e saqueadores – eram os “bravos desbravadores que
expandiram as fronteiras do território nacional”. DOM PEDRO, o primeiro, você decorou
que era o “herói” da Independência, sem que as páginas dos livros contassem a
camaradagem de um “negócio de família” tão bem traduzido pela frase do PAI do
Imperador, que a ele orientou: “ponha a coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o
faça”. Convém esclarecer aqui que os “aventureiros” citados por DOM JOÃO éramos nós,
brasileiros, e que a “independência” proclamada – ou programada – foi para evitar que
tivéssemos aqui “aventureiros” como Bolívar ou San Martin, patriarcas bem-sucedidos das
independências que não queriam por aqui.

Como CABRAL, o “ladrão”, que “roubou” o Brasil lá pelas bandas de mil e quinhentos, ou
PEDRO I, que através de um acordo “mudou duas ou três coisas para que tudo ficasse da
mesma forma”, tem também o Marechal, o DEODORO DA FONSECA, homem de
convicções monarquistas – amigo pessoal do Imperador PEDRO II – autor da proclamação
de uma República continuísta – sem participação popular – traduzida em golpe e que, na
ausência de líderes, mandou pintar um retrato do Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o
TIRADENTES, na tentativa de produzir um personagem pra chamar de “seu”.

Se a República foi golpe, conclui-se que golpe no Brasil não é novidade. Nem é novidade
que a natureza dos golpes ainda estejam mal contadas. A rodovia CASTELO BRANCO
corta São Paulo com nome de batismo em homenagem ao primeiro general do GOLPE DE
1964. Para cruzar a Baía da Guanabara em direção a Niterói, lá está a ponte PRESIDENTE
COSTA E SILVA, o mesmo que fechou o Congresso Nacional e aditou o AI-5 suspendendo
todas as liberdades democráticas e direitos constitucionais. Em Sergipe, em dias de jogos, a
bola rolava no estádio PRESIDENTE MÉDICI, o general dos “ANOS DE CHUMBO”, do
uso sistemático da tortura e dos violentos assassinatos. Nas ruas – por terem lido um livro
que “ninou” e não ensinou falando da suspensão dos direitos humanos, da corrupção e dos
assassinatos cometidos no período – aparecem faixas para pedir intervenção militar, décadas
depois da redemocratização.

Sem saber quem somos, vamos a toque de gado esperando alguém pra fazer a história no
nosso lugar, quiçá uma “princesa”, como a ISABEL, a redentora, que levou a “glória” de
colocar fim ao mais tardio término de escravidão das Américas. Nunca esperaremos ser
salvos pelos tipos populares que não foram para os livros. Se “heróis são símbolos
poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referências, fulcros de
identificação” a construção de uma narrativa histórica elitista e eurocêntrica jamais

314
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

concederia a líderes populares negros uma participação definitiva na abolição oficial. Bem
mais “exemplar” a princesa conceder a liberdade do que incluir nos livros escolares o nome
de uma “realeza” na qual ZUMBI, DANDARA e LUIZA MAHIN assumissem seu real
papel na história da liberdade no Brasil.

O fato é que a atuação de gente comum, ou mesmo a incansável luta negra organizada em
quilombos, em fugas, no esforço pessoal ou coletivo na compra de alforrias e em revoltas ou
conspirações, já enfraqueciam o sistema escravocrata àquela altura. Entretanto, ensinar na
escola o nome de “CHICO DA MATILDE”, jangadeiro, mulato pobre do Ceará (líder da
greve que colocou fim ao embarque de escravos no estado nordestino, levando-o à abolição
da escravatura quatro anos antes da princesa ganhar sua “fama” abolicionista) não serviria à
manutenção da premissa de que as conquistas sociais resultam de concessões vindas “do
alto” e não das lutas. A história de CHICO DA MATILDE era inspiradora demais para o
povo. Não à toa, seu nome não está nos livros.

Esses nomes não serviram para eles. Para nós, eles servem. Para nós, sentinelas dos “ais” do
Brasil, heróis de lutas sem glórias ainda deixados “de tanga” ou preso aos “grilhões”, eles
são as ideias que usaremos para “gestar” o que virá. “Engravidados” de novas ideias, jorrará
leite novo para “amamentar” os guris que virão. Sabendo outra versão de quem é o Brasil, –
não a que nos “ninou” para quando fôssemos adultos – sabendo que CABRAL “invadiu” e
que, ao invés de quinhentos e dezenove anos, somos brasileiros há quase doze mil anos.
Conhecendo CUNHAMBEBE, a CONFEDERAÇÃO DOS CARIRIS, cientes da
participação dos CABOCLOS na luta do 02 DE JULHO NA BAHIA, e sabendo que os
índios lutaram e resistiram por mais de meio século de dominação, talvez se orgulhem da
porção de sangue que faz de TODOS NÓS, sem exceção, índios. Sabendo que a “bondosa”
princesa Isabel deu vez a “Chico da Matilde”, “Luiza Mahin” e “Maria Felipa”, é possível
que reconheçam em si a bravura que vive à espreita da hora de despertar e aí, talvez, o
“gigante desperte sem ser para se distrair com a TV”.

Cientes de que nossa história é de luta, teremos orgulho do Brasil. Alimentados de leite novo
e bom, varreremos de nossos “porões” o complexo de “vira-latas” que fomenta nossa crença
de inferioridade. Veremos tanta beleza na escultura de ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA
quanto no quadro que eterniza o sorriso da Monalisa. Nos orgulharemos do “tupi” que
falamos – mesmo sem saber. Daremos mais cartaz ao SACI do que à “bruxa”. Brincaremos
mais de BUMBA MEU BOI, CIRANDA E REISADO. Nossas crianças enxergarão tanta
coragem no CANGACEIRO quanto no “cowboy”. Vibraremos quando SUASSUNA estrear
em “ROLIÚDE” sem tradução para o SOTAQUE de João Grilo e Chicó. Não estranharemos
caso o Mickey suba a ESTAÇÃO PRIMEIRA, troque “my love” por “minha nêga” e mande
pintar o “parquinho” da Disney com o VERDE E O ROSA DA MANGUEIRA.

Leandro Vieira.

315
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO
De forma setorizada, segue a justificativa conceitual que direciona e apresenta de forma
completa a abordagem geral distribuída ao longo da organização do desfile.

PRIMEIRO SETOR: “MAIS INVASÃO QUE DESCOBRIMENTO”

A Estação Primeira de Mangueira entra na avenida celebrando os índios, os povos


originários do Brasil, que recuperam na verde e rosa seu protagonismo como os primeiros
habitantes do país, detentores de uma vasta cultura, fundamental para a construção da
identidade nacional. É nesse contexto que a escola advoga de forma contrária a ideia do
amplamente divulgado termo “descobrimento”, símbolo de uma versão histórica impregnada
de eurocentrismo.

A utilização do termo ‘descobrimento´ está ligada ao etnocentrismo dos portugueses e


também dos europeus. Por entenderem o mundo tendo por centro sua própria etnia, seu
próprio povo, os portugueses desconsideraram que os indígenas já conheciam o território.
Eles foram os primeiros europeus a conhecerem a localidade. O descobrimento refere-se,
então, aos povos da Europa, e não aos povos que já habitavam o continente americano.

A história oficial data o “descobrimento” em 22 de abril de 1.500. Mas como “descobrir” um


território que já era ocupado há milhares de anos? A Mangueira conta então “a história que a
história não conta”. Desvenda os resquícios arqueológicos da ocupação indígena em nosso
território muito antes da chegada dos portugueses, com ênfase na cerâmica secular dos
índios tapajós e da civilização marajoara. O Abre-alas reforça a presença de ocupação
humana anterior ao “descobrimento oficial”, com indícios da existência dessas civilizações
muito antes da chegada de Cabral, como evidenciam, por exemplo, as pinturas rupestres da
Serra da Capivara, com cerca de 50 mil anos. É a exuberância e relevância histórica e
artística de um país que existia muito antes de ser batizado Brasil. São argumentos contrários
à narrativa oficial que conta, ou dá mais visibilidade e importância à história do território
nacional a partir de 1.500.

SEGUNDO SETOR: “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS”

O enredo da Mangueira não apenas busca questionar alguns mitos cristalizados pela história
“oficial”, mas também jogar luz em personagens fundamentais que não são devidamente
reconhecidos. “Heróis” que não estampam as capas dos livros e, nem mesmo, são
mencionados com frequência em suas páginas. Heróis de lutas inglórias, pois não foram
vencedores e a história, tradicionalmente, dá voz a quem “vence”. Ao contrário do que se
aprende nos anos escolares, os índios não foram pacíficos com sua exploração pelos
portugueses e europeus de forma geral. Havia formas de resistência como as fugas, as
guerras, a manutenção de sua cultura e, até mesmo, o suicídio. Alguns se organizaram de
forma surpreendente, lideranças surgiram e, apesar da quase total dizimação, suas derrotas
não anularam a importância de suas lutas.
316
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Longa distância ainda a separa do conhecimento leigo dos episódios das guerras e dos
nomes dos heróis indígenas. Este quadro acaba por refletir o descaso com que é tratada a
história indígena do Brasil que, fora dos núcleos especializados, tem pouquíssimo espaço.
Para a narrativa da abordagem proposta pelo enredo, o setor em questão lança luz em
revoltas indígenas ocorridas nos séculos XVI, XVII, XVIII – prova de luta sistemática e
resistência ao longo de pelo menos três séculos –e nos nomes de suas principais lideranças.

É nesse contexto, que a abordagem conceitual do setor apresenta personagens como


CUNHAMBEBE e SEPÉ TIARAJU, que lideraram movimentos de resistência indígena,
como a CONFEDERAÇÃO DOS ÍNDIOS TAMOIOS e a GUERRA GUARANÍTICA,
respectivamente. Apresenta também episódios marcantes da história indígena, como a
CONFEDERAÇÃO DOS INDÍOS CARIRIS e a GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DA
BAHIA, e a presença dos CABOCLOS QUE LUTARAM NO DOIS DE JULHO. A
intenção é desmistificar o mito do índio como preguiçoso e pacífico, reforçando seu papel
crucial para a formação social e política do Brasil, com participação efetiva em vários
movimentos que eclodiram no território brasileiro.

O setor encerra falando sobre o genocídio indígena no país, reforçando a ideia de que o
Brasil foi “invadido” e não, “descoberto”, em um processo de extermínio da cultura, das
crenças e mesmo a extinção completa de várias etnias. A “visão” final do setor traz o
controverso ‘Monumento às bandeiras’, de São Paulo, que exalta a figura dos bandeirantes,
apontados como “heróis” quando, na verdade, trata-se de um Monumento aos genocidas,
responsáveis pelo assassinato de milhares de índios.

TERCEIRO SETOR: “NEM DO CÉU, NEM DAS MÃOS DE ISABEL”

Da mesma maneira que a história da luta e da resistência indígena é quase nula nas páginas
da história brasileira tradicional, as questões ligadas à luta negra pela liberdade foram
diminuídas de maneira a dar a Princesa Isabel à notoriedade da abolição. O fim da
escravidão no Brasil, de um modo geral, é apresentado como uma ação do Estado brasileiro
que culminou com a assinatura da Lei Áurea em 1888, resguardando pouco, ou nenhum
espaço, para o registro do papel desempenhado pelas lutas dos negros como principal forma
de pressão pelo fim da escravidão.

De um modo geral, não são difundidos os nomes daqueles cujos feitos pressionaram para a
eliminação do trabalho escravo; para as rebeliões que amedrontaram o sistema escravagista;
para a formação de quilombos; para a compra de alforrias por irmandades negras, para a
organização intelectual do movimento abolicionista, entre outras situações.

É a partir dessas “páginas ausentes” que o terceiro setor do desfile da Estação Primeira de
Mangueira se debruça e a sequência de alas deixa de lado o contorno estético indígena
apresentado até aqui para ganhar ares africanizados. A partir disso, os nomes de JOSÉ
PIOLHO, TEREZA DE BENGUELA, ESPERANÇA GARCIA, MANOEL CONGO,
MARIANNA CRIOULA, ACOTIRENE, LUÍS GAMA, entre outros, começam a se

317
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

descortinar ao longo do desfile. A escola não apenas reforça o protagonismo negro, mas
também aponta para uma efetiva participação feminina, quase nunca contada pela história.
Muitos são os nomes de mulheres que protagonizaram lutas individuais e feitos heroicos
defendendo seu povo. A “luz” ficou na Princesa Isabel, mas é valioso reforçar que foram
personagens femininos de origem popular, legítimas representantes da raça negra que,
efetivamente, construíram a história da libertação dos escravos no país.

Em termos conceituais o setor destaca quatro biografias negras fundamentais através do uso
cênico de três construções alegóricas: “O TRONO PALMARINO’ resgata a importância
histórica de ZUMBI DOS PALMARES e destaca ainda a figura de sua esposa, DANDARA,
reforçando o papel feminino na luta pela liberdade e questionando não apenas o aspecto
eurocêntrico, mas também machista da história “oficial”. Por sua vez, a estética alegórica de
“A MALÈ DE SOBRENOME MAHIN” lança luz na figura de outra mulher de atuação
fundamental, LUISA MAHIN, referenciando também o papel dos malês – negros
islamizados - que protagonizaram uma importante rebelião em busca da libertação dos
escravos em Salvador.

O setor é encerrado com a visão africanizada de ‘O DRAGÃO DO MAR DE ARACATI´.


Leitura estética permissiva que dá contorno simbólico a FRANCISCO JOSÉ DO
NASCIMENTO, o jangadeiro cearense que conseguiu a libertação dos escravos no Estado,
quatro anos antes do feito “heroico” da Princesa Isabel.

QUARTO SETOR: “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

O setor traz um conjunto de fantasias de ala de linguagem anedótica, chargista e em tom de


caricatura. Apresenta personagens consagrados pela narrativa “oficial”, todavia, contornados
por um viés que descontrói a imagem heroica intencionalmente difundida no imaginário
coletivo através dos séculos.

Como se sabe, heróis são símbolos de identificação coletiva. Personalidades reconhecidas


através de seus feitos, por um território, ocorrendo entre eles, uma identificação. A priori,
existem dois tipos distintos de herói: os que nascem de forma espontânea, a partir do
reconhecimento popular de seus feitos emblemáticos, e aqueles de menor impacto,
desprovidos de tanto heroísmo, dependentes quase como regra de “um empurrãozinho” para
a promoção da figura. É nesse último perfil que se encaixa a seleção de personagens
históricos apresentados ao longo das alas e na alegoria que encerra o setor.

Assim, em sequência, as alas vão eliminando o contorno heroico dado a personalidades


como o “descobridor” PEDRO ÁLVARES CABRAL, o imperador PEDRO I e ao
MARECHAL DEODORO DA FONSECA, até chegar à exemplar figura do alferes
JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, o lendário TIRADENTES, símbolo máximo de
como os mitos podem ser inventados a partir de uma construção seletiva e programada.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Concluindo a abordagem, a alegoria batizada de “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO


CONTA” reforça o objetivo do enredo de desmistificar o contorno heroico de personagens
tradicionais e segue desconstruindo figuras como o missionário PADRE JOSÉ DE
ANCHIETA; o patrono do exército, DUQUE DE CAXIAS, o segundo presidente
republicano FLORIANO PEIXOTO, o Bandeirante BORBA GATO e a própria figura da
PRINCESA ISABEL, apresentando uma outra versão possível da história “oficial”,
questionando seus mitos, dialogando com acontecimentos recentes e apontando que a
história é um organismo vivo, que está sendo permanentemente atualizado.

QUINTO SETOR: “DOS BRASIS QUE SE FAZ UM PAÍS”

O encerramento do desfile da ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA exalta a


identidade popular como um valor patriótico. O conceito artístico e estético do setor aponta
que a beleza e a arte que emanam do POVO são as principais riquezas potentes do país. A
sequência de alas quer dar ênfase ao material humano brasileiro, e para tal, o setor dispensa
o tradicional contorno cênico representado pelo uso de alegorias, para fazer, única e
exclusivamente do contingente humano a expressão artística do encerramento do desfile.

As alas possuem tom de celebração e, em sequência, exaltam artistas que vieram das
camadas mais pobres, como o negro ALEIJADINHO; a cultura popular, seus mitos e lendas,
representantes máximos do sabor indígena e negro como o MATITA PERÊ; o povo
NORDESTINO, quase sempre estigmatizado e vítima de preconceito e, por fim, as
COMUNIDADES, os MORADORES DE MORROS E FAVELAS, homens e mulheres,
heróis anônimos e silenciosos, a verdadeira identidade miscigenada do povo brasileiro. O
país que é negado à representatividade. Os descendentes dos heróis que deveriam “estar no
retrato”.

O desfecho é VERDE E ROSA, cores simbólicas para exaltar as lutas vitoriosas das
multidões de “favelados” - homens e mulheres pobres, moradores de comunidades
espalhadas pelo Brasil – que encontram personificação em tipos como CAROLINA DE
JESUS – célebre escritora brasileira moradora da favela do Canindé - zona norte de São
Paulo - e detentora de uma vida marcada pelo sustento de seus três filhos como catadora de
papéis; JAMELÃO – o negro pobre que foi engraxate e vendedor de jornal, voz símbolo do
Morro da Mangueira e uma das mais bem sucedidas carreiras artísticas do país; e
MARIELLE FRANCO, mulher, negra, nascida no Complexo da Maré - conjunto de favelas
localizadas na Zona Norte carioca – e que, graças a seu empenho pessoal, venceu a miséria,
chegou à universidade e elegeu-se a combativa vereadora que defendia as causas das
mulheres, dos negros e dos moradores da periferia, função que exerceu até ser assassinada
em 2018. É o Brasil assumindo a identidade do morro. É a Mangueira refletindo o Brasil.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE

1º SETOR: “MAIS INVASÃO QUE DESCOBRIMENTO”

Comissão de Frente
“EU QUERO UM PAÍS QUE NÃO TÁ NO
RETRATO”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Matheus Olivério e Squel Jorgea
“DONOS DA TERRA”

Tripés
“EXUBERÂNCIA INDÍGENA”

Ala 01 – Nação Mangueirense


A CERÂMICA TESTEMUNHA DE UM
BRASIL MILENAR

Ala 02 – Coração Verde e Rosa


A CERÂMICA MARAJOARA

Grupo de Musas
“ESPLENDOR INDÍGENA”

Alegoria 01 – Abre-Alas
“MAIS INVASÃO DO QUE DESCOBRIMENTO”

2º SETOR: “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS”

Ala 03 – Ala dos Compositores


O VERDE DAS MATAS

Ala 04 – Ala Aliados e Ala Carcará


CUNHAMBEBE

Ala 05 – Explode Mangueira


CONFEDERAÇÃO DOS ÍNDIOS
CARIRIS
320
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Ala 06 – Ala Seresteiros e


Ala Estrela Iluminada
SEPÉ TIAJARU

Ala 07 – Sempre Mangueira


SALVE OS CABOCLOS DE JULHO

Ala 08 – Apaixonados pela Mangueira


O GENOCÍDIO INDÍGENA NO BRASIL

Alegoria 02
“O SANGUE RETINTO POR TRÁS DO HERÓI
EMOLDURADO”

3º SETOR – “NEM DO CÉU, NEM DAS MÃOS DE ISABEL”

Ala 09 – Velha-Guarda
ORGULHO NEGRO

Ala 10 – Comunidade
NEGRO QUILOMBOLA

Alegoria 03
“O TRONO PALMARINO”

Ala 11 – Passistas
TEREZA DE BENGUELA E
JOSÉ PIOLHO

Rainha da Bateria
Evelyn Bastos
“A FORÇA NEGRA DE ESPERANÇA
GARCIA”

Ala 12 – Bateria
SAPIÊNCIA NEGRA

321
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Renan Oliveira e Débora de Almeida
“MANOEL CONGO E MARIANNA
CRIOULA”

Grupo de Musas
“TANTOS NOMES PARA UMA SÓ LUTA”

Ala 13 – Baianas
IRMANDADES NEGRAS

Ala 14 – Ala Pantera / Ala Realidade e


Ala Vendaval
O LEVANTE MALÊ

Elemento Alegórico
“A MALÊ DE SOBRENOME MAHIN”

Ala 14 – Ala Pantera / Ala Realidade e


Ala Vendaval
O LEVANTE MALÊ

Ala 15 – Escola 1
“TRIBUTO AO ABOLICIONISTA
NEGRO LUÍS GAMA”

Alegoria 04
“O DRAGÃO DO MAR DE ARACATI”

4º SETOR: “A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

Ala 16 – Ala Mimosa / Ala Au Au Au


VERSÃO ANEDÓTICA PARA PEDRO
ÁLVARES CABRAL

Ala 17 – Ala Acauã e


Ala Amigos do Embalo
VERSÃO HERÓICA PARA PEDRO I

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

Ala 18 – Avante Mangueira


VERSÃO JOCOSA PARA PEDRO I

Ala 19 – Sambar com a Mangueira


O MARECHAL REPUBLICANO QUE
NÃO TIROU A MONARQUIA DA
CABEÇA

Ala 20 – Escola 02
O RETRATO DE TIRADENTES

Alegoria 05
“A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA”

5º SETOR: “DOS BRASIS QUE SE FAZ UM PAÍS”

Ala 21 – Ala Moana e Ala Gatinhas e Gatões


A ARTE DO NEGRO ANTÔNIO
FRANCISCO LISBOA (ALEIJADINHO)

Ala 22 – Eternamente Mangueira


“SALVE MATITA PERÊ!”

Ala 23 – Raiz Mangueirense


“VIVA O POVO NORDESTINO”

Destaques de Chão
Rosemary e Mônica Benício

Ala 24 – Somos Mangueira


“SÃO VERDE E ROSA AS MULTIDÕES”

Bandeira de Encerramento

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
* Tripés Ladeados, os dois elementos cenográficos apontam
“EXUBERÂNCIA uma abertura da escola mergulhada em universo de
INDÍGENA” inspiração estética e conceitual indígena. O conjunto
escultórico ergue em tom alegórico a imagem de dois
índios brasileiros tingidos de dourado a fim de dar-
lhes contorno heroico e majestoso. De um lado, a
figura feminina. Do outro, a masculina. Ambos,
anúncio de que a Estação Primeira abordará o assunto
de maneira a exaltar a contribuição dos povos
originários junto à parte inicial do enredo que começa
a se revelar.

As ilustrações aqui apresentadas


são apenas referências para facilitar
o acompanhamento de nosso desfile.

01 “MAIS INVASÃO DO QUE Ainda mergulhada na ambientação de caráter indígena,


DESCOBRIMENTO” a estética geral do Carro Abre-Alas proposta pela
Estação Primeira remete ao Brasil anterior ao dito
“descobrimento”. Selvagens. Primitivos. Crianças
grandes. Os europeus que chegaram às Américas
partiram do princípio de que os índios eram seres sem
cultura ou história, e essa presunção acabou por
legitimar a ideia de que o Brasil teria hoje “apenas” a
marca dos Quinhentos e Dezenove anos tão bem
difundida e enraizada no imaginário nacional.
Com o intuito de lançar luz em aspectos que
demostram a ocupação social do território hoje
chamado de Brasil, a alegoria é construída a partir da
escolha de elementos estéticos dotados de simbolismo.
No alto, a imagem de um rosto indígena ganha
destaque em meio à cenografia geral.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

01 “MAIS INVASÃO DO QUE Complementando o conjunto escultórico, uma onça e


DESCOBRIMENTO” seu filhote dão contorno bucólico à apreciação do
(Continuação) conjunto alegórico que remete a um ambiente tropical.
O visual geral é verde e parte da cenografia sugere a
formação de grutas rochosas onde se observam a
reprodução de pinturas rupestres. Essas pinturas
mencionam os vestígios de arte - com cerca de 50 mil
anos – encontrados na Serra da Capivara - no Sudeste
do estado do Piauí - e servem de argumento para a
oposição da ideia de que a pertinência do
conhecimento da história brasileira só deve se dar a
partir de 1.500.
COMPOSICÕES GERAIS: ÍNDIOS DO BRASIL -
Todo conjunto alegórico é ocupado por desfilantes
vestidos de índio. A base estética do figurino tem
como referência a exuberância plumária que
caracteriza a cultura que nos inspira, bem como a
predominância de uma combinação cromática que
As ilustrações aqui apresentadas resulta em um colorido de gosto tropical.
são apenas referências para facilitar
o acompanhamento de nosso desfile. BALUARTES: Localizados na parte lateral da
alegoria – no interior das “grutas” que compõem a
cenografia geral – os baluartes da Estação Primeira
vestem figurino tradicional com predominância de
verde. Simbolicamente, representam a Estação
Primeira que se embrenha na selva brasileira para
revelar um passado indígena dotado de orgulho.
DESTAQUE CENTRAL ALTO: “EXUBERÂNCIA
INDÍGENA” - Ednelson Pereira veste rico figurino de
inspiração indígena para celebrar a história, a cultura e
a vida em sociedade dos povos originais.
DESTAQUE CENTRAL BAIXO: “TRIBUTO ÀS
SOCIEDADES INDÍGENAS” – Fábio Lima veste
figurino de livre inspiração indígena para celebrar as
diversas tribos que se espalhavam do interior ao litoral
antes da chegada de Pedro Álvares Cabral.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
02 “O SANGUE RETINTO POR Batizado de “HERÓIS DE LUTAS INGLÓRIAS” –
TRÁS DO HERÓI ou seja, a luta que não resulta em êxito – o segundo
EMOLDURADO” setor do desfile da Mangueira revela os nomes - e as
lutas – de lideranças e tribos indígenas envolvidas em
um amplo e complexo processo de resistência, todavia,
levados ao ostracismo, vítimas de uma construção
histórica excludente. Para encerrar a abordagem do
contexto indígena no enredo proposto, a alegoria “O
SANGUE RETINTO POR TRÁS DO HERÓI
EMOLDURADO” lança luz em um controverso
monumento, símbolo eficaz para a exemplificação do
fato das versões históricas oficiais - e seus respectivos
“heróis” - serem construídas a partir da eleição de
“pontos de vista” no qual os vencedores são
enaltecidos em detrimento dos vencidos, independente
dos meios utilizados para a justificativa de seus fins.
Ao centro da alegoria, o conjunto escultórico
menciona um dos mais famosos monumentos
As ilustrações aqui apresentadas históricos construídos no Brasil: o Monumento às
são apenas referências para facilitar Bandeiras. As bandeiras - ou “entradas” - foram
o acompanhamento de nosso desfile. expedições empreendidas à época do Brasil Colonial,
com fins tão diversos quanto a exploração territorial, a
busca de riquezas, e a captura de indígenas ou de
africanos escravizados. Os Bandeirantes, ou seja, os
homens à frente dessas expedições, foram
responsáveis por massacres, estupros, escravização e
incêndios em um número sem fim de aldeias indígenas
brasileiras.
Compreender como esses homens alcançaram
“contorno heroico” e tornaram-se merecedores de um
monumento no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, é
entender um pouco de como a narrativa histórica - e a
construção de seus mitos - é fundamental para a
representatividade de ideais no imaginário popular.
Data dos anos 30, quando a oligarquia paulista
precisava de argumentos para unir sua população em
torno de um sentimento comum, sendo os bandeirantes
então escolhidos como símbolos de uma causa maior.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

02 “O SANGUE RETINTO POR A máxima do herói bandeirante passou a ser usada como
TRÁS DO HERÓI ideário paulista, ensinada nos livros, retratada com
EMOLDURADO” romantismo em quadros encomendados que passaram a
(Continuação) apresentá-los como os “desbravadores” dos sertões
brasileiros durante os séculos XVII e XVIII. Assim, a
história dos mais de 300.000 índios capturados e
escravizados pelas bandeiras, bem como sua vida de
miséria e doença, caíram no ostracismo.
O que a construção estética da alegoria sugere é
exatamente isso. Na parte “superior”, a menção
escultórica ao monumento tingido de dourado, símbolo
de poder. Na parte “inferior”, índios e bichos tingidos de
vermelho revelam um visual que sugere “caos”, morte,
terror e “extermínio”. É o sangue por trás, ou abaixo, do
“herói emoldurado”. O tal “país que não está no retrato”.
Destaque para as inscrições grafitadas no monumento.
Simbolicamente, é o “presente” denunciando o “passado
omitido dos heróis emoldurados”.

DESTAQUE CENTRAL BAIXO: “O BANDEIRANTE


As ilustrações aqui apresentadas ANHANGUERA” – O bandeirante Anhanguera ganha
são apenas referências para facilitar contorno permissivo e carnavalesco através da figura do
o acompanhamento de nosso desfile. destaque “Santinho”. “Diabo velho” em tupi guarani,
Anhanguera – “Anhanga”, diabo + “ûera”, velho - é o
apelido compartilhado por dois bandeirantes - pai e filho
- ambos chamados Bartolomeu Bueno da Silva. Diante
da alcunha dada pelos índios, imagina-se que pai e filho
não foram humanos dóceis no trato com os indígenas
encontrados nos caminhos que percorreram ao longo dos
séculos XVII e XVIII. Ateando fogo em aldeias e ao
custo do aprisionamento humano, as expedições por eles
lideradas deixaram sangrentas marcas na memória dos
povos indígenas do Brasil. Curiosamente, para a história
oficial, o nome “Bartolomeu Bueno da Silva” entrou
para a galeria de homens ilustres, símbolo de progresso e
valentia, sendo pai e filho merecedores de uma vasta
gama de homenagens públicas.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
02 “O SANGUE RETINTO POR De forma alheia aos assassinatos por eles cometidos, em
TRÁS DO HERÓI homenagem a seus nomes, está erguida uma estátua do
EMOLDURADO” artista italiano Luigi Brizzolara em frente ao Museu de Arte
(Continuação) de São Paulo (MASP). Pai e filho também dão nome a uma
retransmissora afiliada da rede Globo em Goiás e
Tocantins, além de batizarem ruas, praças e avenidas, entre
elas, uma das mais importantes rodovias do Estado de São
Paulo, a “Rodovia Anhanguera”.

COMPOSIÇÕES GERAIS: O GENOCÍDIO INDÍGENA –


O figurino dos homens e das mulheres que compõem a
alegoria remete à estética indígena, sendo o uso da cor
vermelha e a presença de uma caveira como adereço de
mão, menções diretas ao “sangue derramado” e à morte dos
índios, vítimas das bárbaras ações dos bandeirantes.

03 “O TRONO PALMARINO” Emoldurando o visual geral da ala que revela o contingente


negro associado à resistência quilombola, o conceito geral
da alegoria apresenta-se como um altar que se eleva em
direção ao trono do território quilombola de maior
expressividade no Brasil: O QUILOMBO DOS
PALMARES. Para tal, a estética geral é de clara influência
africana. O conjunto escultórico, associado aos artigos
rústicos que decoram a cenografia proposta, reforça o sabor
africanizado da construção alegórica que serve de espaço
para que os ilustres mangueirenses Tia Suluca, Nelson
Sargento e Alcione encarnem as figuras de AQUALTUNE,
ZUMBI e DANDARA respectivamente.
A grandeza do momento dispensa o gigantismo alegórico.
As ilustrações aqui apresentadas A ideia geral é a grandiosa representatividade simbólica.
são apenas referências para facilitar Recentemente, ZUMBI DOS PALMARES tem passado por
o acompanhamento de nosso desfile. um revisionismo nada histórico que busca desqualificar os
feitos do mais representativo herói adotado como referência
pela comunidade negra. Ser representado por um negro
octogenário, símbolo de sabedoria e realeza, é levar adiante
sua memória preservando sua dignidade junto ao
imaginário popular.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “O TRONO PALMARINO” DANDARA DOS PALMARES, personificada pela cantora


(Continuação) Alcione – que ostenta visual que reforça o empoderamento
negro – é, por si só, uma versão alegórica de imensa
grandeza. Basicamente deixado de lado pela marca do
machismo que se perpetua na sociedade brasileira, o nome de
Dandara não é reconhecido, ou sequer estudado nas escolas,
fazendo com que sua existência ganhe contorno quase mítico,
ou ainda, fictício. Lamentavelmente, nem mesmo os
movimentos negro e feminista mencionam Dandara com a
frequência e com as bases históricas que deveriam. Sabe-se
que foi esposa de Zumbi dos Palmares, o último dos líderes do
famoso Quilombo. Não se tem informação se Dandara nasceu
no Brasil ou no continente africano, mas sabe-se que, ainda
menina, chegou à Serra da Barriga. Lá, além de participar dos
embates físicos, ajudava na elaboração de estratégias para a
As ilustrações aqui apresentadas resistência coletiva. De sua história de luta, sabe-se ainda que
são apenas referências para facilitar cometeu o suicídio em 6 de fevereiro de 1694, quando foi
o acompanhamento de nosso desfile. presa. Jogou-se de uma pedreira direto para um abismo.
Preferiu a morte a voltar a ser escrava.
Já AQUALTUNE EZGONDIDU MAHAMUD DA SILVA
SANTOS é uma personagem que ainda merece ser descoberta
para que sua biografia seja popularizada. Ela é a avó de Zumbi
e sua liderança no Quilombo no mais famoso quilombo das
Américas é anterior a dele. Princesa africana, filha de um
importante Rei do Congo, viveu no século XVII e, em 1665,
liderou uma força de dez mil homens para combater a invasão
de seu reino numa sangrenta batalha entre o Reino de Congo e
Portugal. Derrotada, foi trazida para o Brasil em um navio
negreiro onde foi vendida como escrava reprodutora no porto
de Recife. Ao ficar grávida, foi vendida para o engenho de
Porto Calvo, no Sul de Pernambuco, onde tomou
conhecimento de Palmares. Nos últimos meses de gestação,
organizou uma fuga junto com outros escravos para o
quilombo, onde teve sua ascendência reconhecida, tornando-se
o governo de um dos territórios quilombolas. Começou, então,
ao lado de Ganga Zumba, seu filho, a organização de um
Estado Negro, que abrangia povoados distintos, confederados
sob a direção suprema de um chefe. Dois de seus filhos,
Ganga Zumba e Ganga Zona tornaram-se chefes dos
mocambos mais importantes do quilombo. Aqualtune, com
seus conhecimentos políticos, organizacionais e de estratégia
de guerra, foi fundamental para a consolidação do Estado
Negro, a República de Palmares.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “O TRONO PALMARINO” DESTAQUE/ PERSONALIDADE: “AQUALTUNE


(Continuação) EZGONDIDU MAHAMUD DA SILVA SANTOS” –
Encarnada pela lendária baiana da mangueira - irmã do
mestre-sala Delegado - a avó de Zumbi é personificada
pelo corpo majestoso de Tia Suluca. Ocupando o trono
que compõe a parte frontal da alegoria, sua figura lança
luz no nome da mulher que, apesar da importância
histórica para a luta negra, segue no ostracismo. Como
dito, era filha do Rei do Congo, Dom Antônio
Manimulaza I, mais conhecido como Mani-Kongo e foi
trazida para o Brasil como escrava. Aqui, participou
ativamente na luta que deu contorno permanente ao
Quilombo que mais tarde seria comandado por seu neto
As ilustrações aqui apresentadas
de maior notoriedade. Sobre sua morte, as versões são
são apenas referências para facilitar controversas: Uns dizem que morreu idosa durante uma
o acompanhamento de nosso desfile. invasão das expedições paulistas a sua aldeia, queimada
pelos representantes do Estado Brasileiro como parte do
projeto de destruição de Palmares. Outros dizem que
fugiu e morreu de velhice. Independente do ocorrido,
certo mesmo é que a luta iniciada por Aqualtune em
Palmares permaneceu até novembro de 1695, quando a
Bandeira Paulista liderada por Domingos Jorge Velho
pôs fim no mais famoso território quilombola nacional.
DESTAQUE/ PERSONALIDADE: “ZUMBI E
DANDARA DOS PALMARES” - Encarnados
respectivamente por NELSON SARGENTO E
ALCIONE, ZUMBI E DANDARA são apresentados ao
público de forma poética e emblemática: Ele, por um
negro octogenário símbolo de sabedoria e realeza. Ela,
por uma mulher negra bem-sucedida, uma das maiores
vozes do Brasil, símbolo do poder e da realeza da mulher
negra no Brasil. Ambos estão localizados na parte
traseira e superior da alegoria, ocupando seus lugares nos
tronos que dão contorno épico às lideranças de Palmares.
COMPOSIÇÕES GERAIS: Os demais desfilastes que
compõem a alegoria vestem figurinos múltiplos que
remetem à diversidade de tradições negras e aos ritos
originais do continente africano.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa

* Elemento Alegórico Junto da ala que lança luz na revolta dos negros malês, a
“A MALÊ DE SOBRENOME cenografia geral do elemento alegórico apresenta-se
MAHIN” como um trono para o desfile daquela que seria coroada
a “RAINHA DA BAHIA” caso o mencionado levante
tivesse alcançado seu objetivo. De contorno
africanizado, ostentando peças decorativas de associação
imediata ao universo negro, a pequena escadaria dá
acesso ao trono de LUIZA MAHIN.

Sobre o levante dos malês convém destacar que se tratou


de uma rebelião de caráter racial, pelo fim da escravidão
e a imposição do catolicismo como religião, ocorrida em
Salvador, no mês de Janeiro do ano de 1835. Reprimido
com violência, o levante foi “sufocado” pelas tropas da
Guarda Nacional, pela polícia, e por civis que, portando
armas de fogo, se apavoraram ante o possível sucesso da
rebelião negra. Apesar de massacrada, a Revolta dos
Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o
potencial de contestação e rebelião que envolvia a
manutenção do regime escravocrata, ameaça constante
durante o Período Regencial e estendida ao governo de
As ilustrações aqui apresentadas D. Pedro II.
são apenas referências para facilitar
o acompanhamento de nosso desfile. DESTAQUE/PERSONALIDADE: ”LUIZA MAHIN” –
A cantora mangueirense Leci Brandão encarna a
personalidade combativa de uma das lideranças
femininas intimamente envolvidas com o levante malê,
LUIZA MAHIN. A história pessoal de Leci por si só já
justifica a escolha: mulher, negra, ativista da causa
LGBT e forte liderança junto aos movimentos de
resistência popular, a primeira mulher a ingressar na ala
de compositores da verde e rosa é símbolo da resistência
combativa em prol da causa negra. Ao encarnar LUIZA
MAHIN, Leci dá representatividade histórica à
personalidade negra que esteve envolvida na articulação
das principais revoltas e levantes de escravos que
sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras
décadas do século XIX, entre elas a Revolta dos Malês,
em 1835, e da Sabinada, de 1837 a 1838.

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Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
04 “O DRAGÃO DO MAR DE Encerrando o setor que rompe o silêncio existente
ARACATI” sobre a efetiva participação do negro na história do
Brasil, dando nome e visibilidade aos feitos ainda
carentes de ampla divulgação, a alegoria apresenta
contorno épico e permissivo para apresentar uma
simbólica e importante personalidade negra. Todos
sabem que a abolição da escravidão no Brasil se deu
oficialmente em 1888 com a assinatura da Lei Áurea
através de um feito “heroico” de ISABEL DE
ORLEANS E BRAGANÇA, a Princesa Isabel.
Todavia, o que poucos sabem, é que, cinco anos antes,
a província do Ceará aboliu a escravatura e libertou
todos os seus escravos, sobretudo pelo processo
As ilustrações aqui apresentadas desencadeado a partir da postura de um negro, pobre,
são apenas referências para facilitar trabalhador do mar, batizado FRANCISCO JOSÉ DO
o acompanhamento de nosso desfile.
NASCIMENTO.
Conhecido como “Chico da Matilde”, natural de
Aracati, foi um jangadeiro pobre, tendo trabalhado
desde infância a bordo de embarcações a fim de
contribuir para o sustento da mãe, a Matilde que dá
sobrenome ao seu apelido. Foi nas atribuições
realizadas no mar, a bordo das rudimentares jangadas
que faziam o translado de negros para os navios que
realizavam o chamado tráfico interprovincial, que
Francisco José tomou conhecimento da realidade do
tráfico de escravos.
A partir de 1874, na maturidade, tornou-se prático da
Capitania dos Portos do Ceará e, em 30 de Agosto de
1881, fechou o porto de Fortaleza a fim de impedir o
embarque de escravos para outras províncias.
Conduzindo sua jangada em direção às embarcações
que entravam no Porto do Mucuripe, Chico
comunicava o rompimento do tráfego negreiro no
estado, bem como fazia de sua residência local de
acolhimento para escravos foragidos. Foi sua maneira
combativa e voraz diante de seu posicionamento nas
águas cearenses, fez com que Chico da Matilde
ganhasse a alcunha popular de “o Dragão do Mar.”

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Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 “O DRAGÃO DO MAR DE Suas atitudes contribuíram para o crescimento da


ARACATI” campanha abolicionista e proliferou o surgimento de
(Continuação) núcleos abolicionistas em vilas e cidades cearenses. O
número de alforrias tornou-se crescente e em 24 de
maio de 1883, Chico estava na sessão da assembleia
que libertou os escravos de Fortaleza. Em 25 de março
do ano seguinte, portanto, quatro anos antes da
Princesa Isabel, todos os escravos da província do
Ceará conquistaram, enfim, sua liberdade, sendo a
província pioneira na abolição da escravatura.

Em termos estéticos a alegoria apresenta-se como uma


lúdica, permissiva e carnavalesca releitura épica do
visual sugerido pela alcunha “O DRAGÃO DO
As ilustrações aqui apresentadas MAR”. O visual geral exalta a estética negra e a
são apenas referências para facilitar embarcação central que marca a construção
o acompanhamento de nosso desfile.
cenográfica é cercada por um dragão de estética
africanizada, ostentando cinco cabeças e visual dotado
de contorno simbólico.

DESTAQUE CENTRAL: O “DRAGÃO” NEGRO –


Eduardo Leal veste figurino de inspiração afro para
celebrar a simbólica alcunha de “dragão” dada ao
negro Francisco José do Nascimento.

COMPOSIÇÕES GERAIS: “ORGULHO NEGRO” –


Discriminados, perseguidos e “coisificados” durante o
Brasil colonial e imperial, o negro e sua luta pela
conquista de sua liberdade foram diminuídos quando
transpostos para os livros de história oficial. Presentes
no imaginário nacional como carentes ou maltrapilhos,
a estética proposta para as composições gerais da
alegoria apresenta uma versão africanizada que vai na
contramão disso. Trata-se de uma versão épica para a
estética negra caracterizada pelo luxo e pela
exuberância que traduzem o valor real do combate e
da luta de um povo na busca de sua liberdade.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


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Nº Nome da Alegoria O que Representa
05 “A HISTÓRIA QUE A A alegoria que encerra o setor que desmistifica o heroísmo de
HISTÓRIA NÃO CONTA” figuras tradicionais apresentadas nos livros de história revela-
se como uma escrivaninha de livros. Alguns, abertos em
páginas de conteúdo específico, revelam a história biográfica
de heróis contraditórios, construídos em narrativas passadas –
caso do Padre Jesuíta José de Anchieta, do segundo presidente
Republicano Floriano Peixoto, do patrono do exército Duque
de Caxias, da Princesa Isabel - ou ainda, em narrativas mais
recentes, que contestam práticas realizadas e buscam
“reescrever” histórias a partir de pontos de vista militarizados
– como a negação da existência de algo batizado como
ditadura no Brasil (de 1964 a 1985).
Aos olhos, o trabalho cenográfico recria uma variação de
livros, ora enfileirados, ora abertos, a fim de debruçar-se na
apresentação de uma versão possível de uma história do Brasil
tão urgente e necessária, história essa que vem sendo
permanentemente atualizada e reescrita, contada e recontada.
Sobre os personagens e as passagens históricas que ganham
As ilustrações aqui apresentadas contorno carnavalesco na referida alegoria, convém destacar
são apenas referências para facilitar os aspectos contraditórios das personalidades “heroicas”
o acompanhamento de nosso desfile. apresentadas de maneira lúdica através da construção estética
apresentada em desfile.
SOBRE O PADRE JOSÉ DE ANCHIETA - O padre José de
Anchieta ficou conhecido por seu papel na catequização
indígena. A catequese na língua tupi, com uso de teatro e
músicas lhe valeu reconhecimento: Padre Anchieta foi
beatificado, canonizado e é considerado co-padroeiro do
Brasil. A história, entretanto, também nos revela outro José de
Anchieta. A ação de “levar a fé” aos indígenas
desconsiderava o fato de que eles já tinham suas religiões e a
catequização passava pela demonização e combate dos
costumes tradicionais indígenas. Se José de Anchieta não era
adepto da violência para a conversão dos indígenas, por outro
lado, concordava com a pregação contra a vontade deles, e
mesmo com a declaração de guerra a quem se negasse a ouvir
a palavra do deus cristão. No poema Dos Feitos de Mem de
Sá, ele saúda a vitória sangrenta dos portugueses contra os
índios Tupinambás na Confederação dos Tamoios (1554-
1567), compara os indígenas a animais e selvagens e condena
os Tupinambás e seus costumes. Nele, deixa nítido o tipo de
indígena aceito: “manso”, passivo e cristão, sob costumes
europeus. Catequizar os índios era diferente de dar voz e
reconhecimento a eles.

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Alegorias

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Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A SOBRE O “MARECHAL DE FERRO” FLORIANO


HISTÓRIA NÃO CONTA” PEIXOTO - Foi vice-presidente do governo de Deodoro
(Continuação) da Fonseca, no início da República. Assumiu o poder
após a renúncia de Deodoro, desprezando que a
constituição previa a convocação de eleições caso o
presidente renunciasse antes da metade do mandato. Ao
mesmo tempo em que tomou uma ou outra medida de
cunho popular – como o tabelamento dos preços da carne
e dos aluguéis – decretou Estado de Sítio, em 1892. Em
seu governo, houve a prisão, o desterro, a deportação e o
fuzilamento de oposicionistas, que se rebelaram no Rio
de Janeiro, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. A
violência contra a oposição foi denunciada por Lima
Barreto no romance Triste Fim de Policarpo Quaresma.
Floriano não gostava de festa. Tentou transferir de forma
autoritária o carnaval de 1892 para o mês de junho,
alegando que ajuntamentos populares no verão eram
As ilustrações aqui apresentadas propícios à propagação de epidemias. Nada de folia! A
são apenas referências para facilitar população não se fez de rogada: brincou em fevereiro e
o acompanhamento de nosso desfile. em junho, ignorando a proibição da festa no verão e
fazendo dois carnavais.

SOBRE O PATRONO DO EXÉRCITO, O


“PACIFICADOR” DUQUE DE CAXIAS” – Luís Alves
de Lima e Silva, o Duque de Caxias, foi um general
conservador com muito poder no século XIX. Patrono do
exército brasileiro, ganhou o título de "O Pacificador",
por liderar tropas em diversas revoltas e guerras na
América Latina. Mas, para os brasileiros pobres do
Império, devia se chamar "Passa e Fica a Dor". Para
Caxias e os poderosos do Império, pacificar era calar
pobres, negros e índios, garantindo a tranquilidade da
casa-grande. Foi assim com balaios e quilombolas
mortos no Maranhão (1838-1841), com os lanceiros
negros massacrados na Farroupilha gaúcha (1835-1845)
e com negros e indígenas mortos na Guerra do Paraguai
(1864-1870). Sua estratégia era simples: para as elites,
negociação; para os trabalhadores, bala de canhão. Não
era paz que ele levava. Paz sem voz, é medo.

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Criador das Alegorias (Cenógrafo)


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Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A SOBRE A REDENTORA PRINCESA ISABEL - Governou o


HISTÓRIA NÃO CONTA” Brasil no fim da monarquia, durante um breve período do
(Continuação) século XIX, enquanto seu pai, o Imperador Pedro II viajara
para a Europa. Recebeu o país em meio a um turbilhão de
reinvindicações de todos os setores da sociedade adeptos ao
Movimento Abolicionista para dar fim à escravidão, que já
perdurara mais de 300 anos. Revoltas lideradas por negros e
negras, como Francisco José do Nascimento, o Dragão do
Mar, aconteciam em todas as partes do país, quilombos eram
formados para proteger, resistir e manter a cultura dos negros
e negras que fugiam do trabalho forçado, províncias como
Ceará já haviam decretado a abolição aumentando as
expectativas para o restante do país aderir também. Em meio
às pressões de todos os lados, Isabel assinou a Lei Áurea no
dia 13 de maio de 1888 pondo fim à escravidão no Brasil, não
por pena e redenção dos escravizados, e sim pela força e pelas
lutas da população negra.

OBS: Os textos acima foram redigidos por professores em


As ilustrações aqui apresentadas exercício a convite do carnavalesco da Estação Primeira de
são apenas referências para facilitar Mangueira e são parte do material impresso nos “livros” da
o acompanhamento de nosso desfile. alegoria. Seguindo a sequência acima, os autores(as) dos
textos respectivamente são: Danielle Jardim da Silva
(professora da Escola Municipal Maria Clara Machado); Luiz
Antonio Simas – (Historiador, professor e escritor); Tarcísio
Motta (Professor do Colégio Pedro II) e Thais Souza Bastos
(Historiadora e Professora de Educação Infantil no EDI M.O.
Sergio Dutra dos Santos).

DESTAQUE/PERSONALIDADE: HILDEGARD ANGEL –


Na parte frontal da alegoria, os livros abertos falam sobre o
golpe civil-militar que derrubou o governo constitucional de
João Goulart em 1964. Justificado pelos golpistas como
necessário para evitar o comunismo em tempos de Guerra Fria
e combater a corrupção, o golpe instaurou gradualmente um
regime ditatorial no Brasil, através de 17 Atos Institucionais e
mais de 100 atos complementares. O regime acabou com as
eleições diretas para a presidência da República e governos
estaduais, suspendeu direitos políticos e garantias civis,
dissolveu partidos políticos, impôs o bipartidarismo, decretou
recesso do Congresso mais de uma vez, extinguiu o habeas-
corpus para delitos políticos, impôs a censura prévia a jornais,
livros, filmes, músicas e peças de teatro.

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Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


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Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “A HISTÓRIA QUE A Segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade, de


HISTÓRIA NÃO CONTA” 2014, o período deixou um saldo de 434 mortes e
(Continuação) desaparecimentos, especialmente após o estabelecimento
do AI-5, em 1968. Assassinatos como o do estudante
Stuart Angel Jones e o do jornalista Wladimir Herzog
jamais foram punidos, em virtude da Lei de Anistia de
1979, que não apenas permitiu a libertação de presos
políticos e a volta de exilados, como também perdoou os
crimes cometidos por agentes da repressão durante a
longa noite do autoritarismo no Brasil.

Nesse contexto de falta de punição, a ditadura militar


brasileira acaba sendo uma das páginas mais mal
compreendidas da história recente do Brasil, ao ponto de
ainda hoje, parte da população brasileira - e alguns
representantes do governo - exaltarem o período e os
nomes de homens associados a práticas de tortura.
As ilustrações aqui apresentadas
são apenas referências para facilitar Nesse contexto, em meio a um livro aberto, está a figura
o acompanhamento de nosso desfile. de Hildegard de Angel. Ela é a memória do irmão Stuart
Angel - preso, morto e dado como desaparecido durante
o regime militar - e da mãe, Zuzu Angel, morta em um
acidente suspeito após lutar contra os desmandos
truculentos dos militares que governavam o país - para
que jamais sejam esquecidas as práticas criminosas e
autoritárias, bem como os assassinatos e as práticas
desumanas ocorridas durante o período.

DESTAQUE/PERSONALIDADE – SERGINHO DO
PANDEIRO - Na parte frontal da alegoria, o sambista
Serginho do Pandeiro exibe seu virtuosismo sobre os
livros. É a Mangueira “em pessoa" que se debruça sobre
a História do Brasil.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Leandro Vieira
Nº Nome da Alegoria O que Representa
05 “A HISTÓRIA QUE A DESTAQUE CENTRAL MÉDIO: ISABEL, A
HISTÓRIA NÃO CONTA” “HEROÍNA” – Ludmila Aquino encarna simbólica versão
(Continuação) da figura da Princesa Isabel. “O branco” de sua veste
majestosa, quase angelical, contrasta com o “sangue” que
tinge suas mãos e mancha seu vestido alvo. Trata-se de uma
desmistificação lúdica, permissiva e carnavalesca, da figura
da princesa apontada como a heroína que pôs fim ao
trabalho escravo no Brasil. O visual geral sugere a falta de
empatia e a indiferença da princesa que representa o Estado
que levou a escravidão brasileira a ser a mais tardia prática
de servidão abolida nas Américas. Não por bondade,
assinou a Lei Áurea em meio às pressões dos ingleses e
atendendo aos interesses das elites latifundiárias cafeeiras,
que viam o trabalho assalariado mais lucrativo que a força
de trabalho escravizada.

DESTAQUE CENTRAL ALTO: O “HERÓI” BORBA


GATO – Vestindo preto, Nabil Habib encarna sombria
As ilustrações aqui apresentadas versão do sertanista Borba Gato. Apresentado como herói
são apenas referências para facilitar nos quadros encomendados pela elite paulistana, “o nobre
o acompanhamento de nosso desfile. herói nacional”, “o desbravador” responsável por levar “a
civilização” aos rincões do Brasil e delimitar suas
fronteiras, foi na realidade um explorador do interior do
país à caça de indígenas para escravização, que massacrou
aldeias, estuprou mulheres e atuou na destruição de
quilombos.
DESTAQUES LATERAIS FRONTAIS: “BARONESAS”
– As destaques laterais que compõem a parte frontal da
alegoria apresentam figurinos que remetem ao gosto
estético das elites brasileiras consagradas com o título de
barão, ou baronesa. Trata-se de uma menção ao fato
recorrente do poder econômico ser determinante para a
cristalização heroica dos personagens que merecem ter seu
“retrato” resguardado para a posterioridade ou serem
transformados em estátua, ou ainda terem a memória
perpetuada, independente dos “meios”, mas justificados
pelos “fins”.
COMPOSIÇÕES GERAIS: “A VELHA HISTÓRIA” – As
composições gerais apresentam-se como releituras
carnavalizadas dos trajes das elites detentoras do poder
econômico, político e social.

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Ednelson Pereira Empresário

Fábio Lima Cabelereiro

Santinho Empresário

Eduardo Leal Empresário

Ludmila Aquino Jornalista

Nabil Habbib Empresário

Local do Barracão
Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 13 – Cidade do Samba – Gamboa
Diretor Responsável pelo Barracão
Robson Saturnino
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Devalcy Fabrício
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
José Teixeira e Flávio Polycarpo Leandro Assis
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Tom Santos
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Leandro - Movimentos Especiais


Renato - Laminação
Batista - Hidráulico
Júlio Cerqueira e Equipe - Responsáveis por adereço
Wellington e Equipe - Responsáveis por adereço
Renato José e Equipe - Responsáveis por adereço
Leandro “Parintins” e Equipe - Responsáveis por adereço
Cléia e Equipe - Responsáveis por adereço

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Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Leandro Vieira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Cerâmica O Descobrimento” do Brasil entra para Nação Robson,


Testemunha de as páginas da “história oficial” datado Mangueira Márcio
um Brasil em 22 de abril de 1500, quando a (2013) e
Milenar esquadra comandada por Pedro Álvares Henry
Cabral chega às terras do atual Sul da
Bahia. Entretanto, um questionamento
simples lança luz na questão que serve
para o direcionamento conceitual e
estético das primeiras alas do desfile
que se inicia: como pode o Brasil ter
sido “descoberto” se antes da chegada
dos portugueses - e durante milhares de
anos - o território brasileiro já era
ocupado? O fato é que a utilização do
termo “descobrimento” está ligado ao
etnocentrismo dos europeus e, por
entenderem o mundo tendo por centro
seu próprio povo, os portugueses
desconsideraram que os indígenas já
existiam no território invadido. Em
função dessa visão, pouco, ou quase
nada sabe-se a respeito das sociedades
indígenas existentes antes da chegada
de Cabral, uma vez que, a partir da
lógica de que o Brasil teria hoje
quinhentos e dezenove anos, a vida
social e artística anterior a isso seria
então um conteúdo desprezível.
Debruçada em contar “a história que a
história não conta” e interessada em
apresentar “o avesso do mesmo lugar”
como sugere o samba que cantamos, as
duas primeiras alas do desfile lançam
luz na arqueologia brasileira para
evidenciar uma das mais antigas
indicações de ocupação indígena em
nosso território: A CERÂMICA
TAPAJÔNICA.

340
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Leandro Vieira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

01 A Cerâmica O grupo indígena Tapajó localizava- Nação Robson,


Testemunha de se na foz e ao longo do afluente da Mangueira Márcio
um Brasil margem direita do Amazonas, o Rio (2013) e
Milenar Tapajós. Foi nessa região - mais Henry
(Continuação) especificamente na região de
Santarém - que surgiu, HÁ OITO
MIL ANOS, uma das mais antigas
cerâmicas do continente americano,
indicadora de uma sociedade
organizada. Marco civilizatório de
beleza e importância reconhecida
pelas artes e pela arqueologia
mundial, a cerâmica foi o que restou
para testemunhar a história de
ocupação de um dos mais antigos
grupamentos indígenas no território
nacional.
Para apresentar o tema, o figurino que
dá contorno visual à ala faz uso da
estética das estatuetas de barro
policromado produzidas pelos índios
tapajós em associação à tradição
plumária que caracteriza as tribos da
região a fim de inaugurar a
abordagem estética e revelar uma das
mais antigas e belas expressões da
arte brasileira anterior a 1.500.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Leandro Vieira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

02 A Cerâmica Vizinha do povo Tapajó, a civilização Coração Verde Selma


Marajoara marajoara adquiriu um conhecimento e Rosa e
profundo do ambiente inóspito (2013) Rogério
traduzido pela selva densa e tropical.
Foi uma sociedade de organização
complexa e dotada de habilidades
artísticas sofisticadas que habitou a
atual região norte do Pará entre os
anos 400 e 1400. Trata-se de uma
importante página da cultura brasileira
encerrada cerca de cem anos antes da
chegada dos “descobridores” que
começaram a contar nossa história a
partir de 1.500. Dos marajoaras
restou pouco, mas o avanço da ciência
contornou pistas exíguas e fez dos
utensílios de barro por eles
produzidos o testemunho de uma
sociedade milenar, considerada uma
das primeiras organizações sociais do
país.
Para abordar a existência milenar da
mencionada sociedade indígena, a
fantasia da ala faz uso da arte
plumária em associação à
universalmente consagrada estética
das urnas marajoaras com a
representação de figuras
antropomorfas. Destaque para o uso
do vermelho e do preto na coloração
da “cerâmica”, menção a policromia
marajoara que obtinha na natureza os
pigmentos para o tingimento de seus
artigos: o preto, obtinham do
jenipapo, do carvão ou da fuligem. O
tom vermelho, do urucum.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Leandro Vieira
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

* Esplendor À frente do Abre-Alas, o figurino Grupo de Direção de


Indígena das musas reforça a ambientação Musas Carnaval
indígena que caracteriza a abertura (2013)
do desfile da Estação Primeira de
Mangueira. Elas são a exuberância
da cultura indígena traduzida através
da beleza promovida pela exibição
do corpo semidesnudo, do esplendor
da arte plumária e do colorido
tropical.

03 O Verde das A tradicional ala veste seu mais Ala dos Rody
Matas característico figurino – o terno – Compositores
ostentando estampa indígena e (1939)
contorno estético com
predominância da cor verde.
Simbolicamente, é a Estação
Primeira de Mangueira que se
embrenha no verde das matas
brasileiras em busca do passado
ancestral, dos nomes e das ações de
resistência dos povos indígenas que
a história oficial não popularizou de
forma ostensiva ao preconizar a
difusão da versão “do vencedor” em
detrimento da versão “do vencido”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

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04 Cunhambebe Apesar da quase total dizimação, as Ala Aliados Nilza


derrotas indígenas frente à invasão (1958)
portuguesa não deveriam anular a e e
importância histórica do processo Ala Carcará Selma
de resistência organizado pelo índio (1992)
brasileiro. Apenas recentemente,
através de teses ainda pouco
divulgadas, a questão da resistência
indígena tem tido a abordagem
merecida, mas longa distância ainda
a separa do conhecimento leigo.
Este quadro reflete o descaso com
que é tratada a história indígena do
Brasil, não sendo tal desprezo
condizente com o papel central que
os povos autóctones exerceram na
história brasileira. Buscando
salvaguardar a memória e ampliar a
popularidade das lutas e dos nomes
indígenas ainda pouco difundidos
no imaginário coletivo brasileiro, a
ala CUNHAMBEBE apresenta a
figura do chefe indígena que
organizou e comandou a
Confederação dos índios Tamoios
ainda no século XVI. Temido pelos
inimigos ao mesmo tempo em que
era glorificado por todas as Tribos
Tupinambás, Cunhambebe foi o
organizador e primeiro grande
comandante da resistência dos
Tamoios que passaram a combater
os escravistas coloniais portugueses
que vinham ao território recém
conquistado.

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04 Cunhambebe Para construir a figura da Ala Aliados Nilza


(Continuação) personalidade mencionada, o (1958)
figurino da ala faz uso de aspectos e e
plásticos bem difundidos no Ala Carcará Selma
imaginário coletivo no que tange à (1992)
estética indígena consagrada: o uso
de cocares e a arte plumária
construída a partir do uso de penas
de pássaros tropicais.
Para o adereço de mão, destinou-se
a compreensão de um curioso dado
biográfico ligado à figura de
Cunhambebe: Praticante do
canibalismo, ao ser questionado
com espanto por um dos europeus
que mantinha como prisioneiro
sobre a prática de comer carne
humana, o índio brasileiro teria
respondido não ser humano, e sim,
um felino selvagem.

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05 Confederação A ala apresenta contorno estético Explode Aurea


dos Índios indígena de predominância verde para Mangueira e
Cariris apresentar a reunião dos índios (2013) Deise
CARIRIS em torno de um ideal
comum. Ocupantes de extensas áreas
no Nordeste, foram responsáveis por
uma intermitente disputa contra a
dominação dos colonizadores
portugueses e a presença e ocupação
dos europeus em suas terras.
Inteligentemente agrupados - para
estarem em maior número -
organizaram uma confederação que
reuniu os índios das tribos Crateús,
Cariús, Cariris e Inhamuns para
lutarem juntos contra a ação de
portugueses que escravizavam e
vendiam índios como mercadoria.
Longe da ideia do “bom selvagem”
pacífico, o conflito deflagrado pelos
indígenas durou mais de meio século
e a repressão ao quilombo dos
Palmares teria sido adiada para que
seus combatentes pudessem auxiliar
no ataque aos ditos “bárbaros” que
destruíam milhares e milhares de
cabeças de gado e aterrorizavam
centenas de colonos. A revolta
começou com ataques generalizados
contra vilas e fazendas e foi
massacrada pela convocação de um
efetivo de caráter militar deslocado de
todo o Nordeste brasileiro,
responsável pelo completo extermínio
de algumas tribos e pelo completo
desmantelamento das demais
envolvidas.

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06 Sepé Tiaraju Em tons de branco, preto e Ala Seresteiros Daise Volta


vermelho o figurino indígena dá (1973)
contorno estético à figura de SEPÉ e e
TIARAJU. Ainda pouco difundido Ala Estrela Isabel Reis
no imaginário nacional, SEPÉ foi Iluminada
um índio guerreiro guarani que se (2005)
tornou líder das milícias indígenas
na batalha contra as tropas luso-
espanholas na chamada Guerra
Guaranítica. O conflito ocorreu por
conta do Tratado de Madrid, que
exigia a retirada da população
guarani da região que ocupavam há
cerca de um século e meio. Num
ato de bravura heroica, Sepé Tiaraju
chamou para si a responsabilidade
da defesa do povo guarani diante da
cobiça das cortes europeias nas
terras indígenas. Em carta a ele
atribuída, comunicava à Coroa
Espanhola: “Esta terra tem dono e
não é nem português nem espanhol,
mas Guarani.” Assassinado em
combate, de lança em punho,
guerreando na batalha de Caiboaté -
na entrada da cidade de São Gabriel
– Sepé tentou em vão evitar a
chacina dos índios guaranis durante
a invasão às aldeias pelos dois
maiores exércitos europeus unidos
no objetivo de massacrar os
indígenas revoltosos.

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07 Salve os Caboclos Mistificado como indolente pela Sempre Barbara


de Julho narrativa oficial, ou seja, preguiçoso Mangueira e
e desprovido de força física para o (2013) David
trabalho, a figura do índio no Brasil
ainda hoje sofre com a carência do
entendimento de sua participação
efetiva e seu papel fundamental
para a formação social e política do
Brasil. Muito dessa visão se deve à
carência e a não divulgação efetiva
de passagens históricas onde a
participação indígena resultaria em
representatividade coletiva.
No contexto revelado pelo enredo
da Estação Primeira, convém então
exaltar a participação indígena
numa importante batalha popular
ainda hoje colocada à sombra da
“Independência” proclamada por
Pedro I. Na Bahia, a luta pela
emancipação veio antes da
brasileira, e só se concretizou quase
um ano depois do tão bem
difundido “sete de Setembro” de
1822. Ao contrário da pacífica
proclamação às margens do Riacho
do Ipiranga, só ao custo de vidas e
acirradas batalhas, o território
brasileiro emancipou-se de
Portugal.

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07 Salve os Foi nessa luta, especificamente em Sempre Barbara


Caboclos de dois de Julho de 1823, que a Mangueira e
Julho! participação indígena foi (2013) David
(Continuação) fundamental. Identificado
simbolicamente como o "verdadeiro
brasileiro" ou o “dono da terra” -
que somou esforços aos combatentes
formando batalhões de índios
usando armas tribais - na Bahia, a
celebração do DOIS DE JULHO, é
uma das poucas atividades de
caráter patriótico realizadas no
Brasil onde a figura do CABOCLO
INDÍGENA recebe homenagens
ostensivas. Ainda assim, a
participação do índio brasileiro é
pouco, ou nada, disseminada no
imaginário coletivo brasileiro no que
diz respeito ao entendimento do
processo de Independência.
Para revelar essa página da história
indígena no território brasileiro, a
ala, em tons de rosa, recria o modelo
dos cocares tradicionalmente usados
pelos caboclos baianos. Como
adereço de mão, um simbólico “arco
e flecha”, símbolo de arma
rudimentar, bem difundida no
imaginário coletivo como artigo
utilizado em batalhas e lutas
indígenas.

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08 O Genocídio Por tudo que foi apresentado como Apaixonados Laura,


Indígena no Brasil justificativa nas alas anteriores, o pela Tininha
que foi ensinado como Mangueira e
“descobrimento” de fato foi (2013) Nany
“invasão.” Como exemplificado, a
esta invasão seguiu-se a
implantação da barbárie e do
genocídio. Encontrar outro povo,
outro idioma, outra maneira de
gerir costumes, não significou um
obstáculo. Portando armas,
impuseram um Deus, dizimaram,
destruíram. Séculos depois, a
narrativa de formação da
identidade nacional a partir do
“encontro” de culturas acabou
dando contorno romanceado ao
que foi de fato um dos maiores
massacres da história brasileira,
potencializando a construção de
uma sociedade carente do
entendimento dos valores
indígenas.
Com a efetivação da colonização,
os portugueses abriram caminho
para o interior e nesse movimento
de “entrada” não pouparam
pólvora. Ao longo dos séculos, e
ainda hoje, o extermínio indígena é
uma página obscura da história
brasileira. Para abordar a questão,
o figurino da ala apresenta uma
lúdica visão permeada pelo
macabro simbolismo da morte.

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09 Orgulho Negro O grupo de senhores e senhoras que Velha-Guarda Dona Gilda
formam a Velha-Guarda da Estação (1953)
Primeira de Mangueira inaugura o
setor que lança luz nos nomes de
personalidades heroicas associadas à
luta negra pela liberdade. Não à toa,
o tradicional figurino utilizado pela
velha-guarda ostenta estampa de
inspiração afro onde a combinação
do verde com o rosa salta aos olhos.
É o anuncio que, a partir desse
momento do desfile, a Estação
Primeira está imersa de forma
orgulhosa em sua porção mais negra.

10 Negro Inaugurada junto ao advento da Comunidade Paulo,


Quilombola escravidão, a resistência negra à Patrícia,
condição submissa foi, desde o Ciro
princípio, uma diretriz básica da e
premissa humana de homens e Alessandra
mulheres trazidos para o Brasil na
condição escrava. Desde o início do
século XVI, já havia registros de
fugas de cativos que juntavam forças
para se esconder. Com a descoberta
do ouro nas Minas Gerais
multiplicaram-se os quilombos na
região, assim como ocorreria em
Goiás, Bahia, Pernambuco, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul. Nesse
contexto, a formação dos chamados
QUILOMBOS tornou-se uma prática
comum entre os séculos XVI e XIX,
sendo o território abrigo para o
resgate da cosmovisão africana e dos
laços de família perdidos com a
escravização.

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10 Negro Para apresentar a ideia de um Comunidade Paulo,


Quilombola território quilombola, o grande Patrícia,
(Continuação) contingente que forma a ala Ciro
apresenta figurino misto e estética e
de contorno africanizado a fim de Alessandra
prestar tributo à negritude e à luta
daqueles que resistiram ao longo de
séculos de exploração escrava.

11 Tereza de A ala de passistas da Estação Passistas Queila Mara


Benguela e José Primeira de Mangueira apresenta (1928)
Piolho figurino de estética africanizada para
celebrar a figura de duas lideranças
negras menos difundidas no
imaginário coletivo no que diz
respeito à organização de quilombos,
entretanto, não menos importantes no
que diz respeito ao entendimento de
que a formação de núcleos de
resistência negra espalharam-se por
diferentes regiões do país. Para tal,
os passistas masculinos ganham ares
majestosos com a intenção
de celebrar e dar contorno
mítico à figura de JOSÉ
PIOLHO.

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11 Tereza de “Rei”, fundador e liderança do Passistas Queila Mara


Benguela e José quilombo do Piolho – também (1928)
Piolho conhecido como QUILOMBO DO
(Continuação) QUARITERÊ, localizado entre o rio
Guaporé, atual fronteira entre Mato
Grosso e Bolívia, e onde hoje está a
cidade de Cuiabá – José liderou a
vida comunitária de negros e índios
fugidos da exploração branca no
Vale do Guaporé durante o século
XVIII. Com seu assassinato por
soldados do estado, sua esposa,
TEREZA DE BENGUELA –
representada pelas passistas
femininas da Mangueira – assume a
liderança dos quilombolas reunidos.
Sobre ela a história não sabe se
nasceu no continente Africano ou no
Brasil, muito menos a data em que
ela veio ao mundo. Sabe-se, contudo
que, proclamada rainha, sua
liderança marcou definitivamente a
resistência do maior quilombo do
Mato Grosso, resistindo às ações de
bandeirantes de 1730 a 1795,
quando o espaço foi atacado e
destruído.

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* A Força Negra Evelyn Bastos veste figurino de Rainha de Valéria


de Esperança inspiração afro para personificar o Bateria
Garcia espírito guerreiro, viril e juvenil de
um nome ainda pouco difundido no Evelyn Bastos
imaginário das heroínas brasileiras:
ESPERANÇA GARCIA. Mulher
negra, escravizada, que, aos dezenove
anos, denunciou por escrito as
violências que sofria e testemunhava
em uma fazenda localizada no Piauí, a
300 km de onde hoje está localizada
em Teresina.
Sabe-se pouco sobre Esperança
Garcia e nada sobre os desfechos
causados pela sua carta escrita em 06
de Setembro de 1770. Apesar de sua
importância histórica, sua biografia
ainda é um desafio para historiadores
contemporâneos. Há evidências que
teria nascido em Algodões – no Piauí
- quando pertencia aos jesuítas, e
aprendera a escrever ainda criança,
sob a tutela destes, que foram
expulsos do Piauí em 1760, quando a
escravizada tinha apenas nove anos de
idade. A falta de informações
consistentes sobre Esperança é
consequência principalmente de sua
condição de mulher, negra e
escravizada. O destaque de sua
biografia está na corajosa atitude de
escrever uma carta ao governador do
Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de
Castro, denunciando os
maus tratos sofridos por
ela, seus filhos e companheiras.

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* A Força Negra de Na carta, Esperança relata seus Rainha de Valéria


Esperança Garcia espancamentos – “um colchão de Bateria
(Continuação) pancadas” segundo palavras da
mesma – e em um filho – “uma Evelyn Bastos
criança que lhe fez extrair sangue
pela boca”.
Como curiosidade, 247 anos depois
de ter escrito ao governador, a
remetente da carta recebeu do
Conselho Estadual da Ordem dos
Advogados do Brasil - OAB-PI - o
título simbólico de primeira mulher
advogada do Piauí, a pedido da
Comissão da Verdade da Escravidão
Negra da OAB que entendeu que o
texto de Esperança Garcia podia ser
sim, sinônimo de petição.

12 Sapiência Negra O silêncio existente sobre a efetiva Bateria Mestre Wesley


participação do negro na história do (1959)
Brasil, seus atos de bravura, e o
merecido destaque aos nomes de
suas lideranças, retrata um dos
aspectos mais perversos do racismo
na sociedade brasileira. No ensino
oficial é negado o protagonismo
negro, e erroneamente, aprendemos
que as grandes lideranças, ou até
mesmo os grandes feitos realizados
em benefício da “causa” negra,
foram protagonizados quase que
exclusivamente por brancos
pertencentes às classes mais
abastadas da
sociedade.

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12 Sapiência Negra Como os negros sempre estiveram em Bateria Mestre Wesley


(Continuação) situação política, social e econômica (1959)
desigual em relação aos brancos,
poucas histórias a seu respeito foram
registradas com um enfoque capaz de
legitimar e difundir sua luta. Pra piorar,
a condição escrava reforçou o
estereótipo do negro incapaz de gerir
seu destino e submisso aos desmandos
de seus senhores.
O fato é que o negro no Brasil resistiu
e o que o conjunto de fantasias do setor
onde os ritmistas da Estação Primeira
de Mangueira estão inseridos revela
são os NEGROS DOTADOS DE
SABEDORIA. Os negros
organizadores de rebeliões e fugas. Os
negros que organizaram e
administraram quilombos. Os negros
que se agruparam em irmandades, que,
a partir da promulgação da Lei do
Ventre Livre (1871), passaram a abrir
pecúlio na Caixa Econômica com o
objetivo de usar os recursos na compra
de suas alforrias e foram, através do
uso de sua sabedoria individual, o
motivo pelo qual quando a abolição
aconteceu, inúmeros escravos já
experimentavam a condição de liberto.
Vestidos à moda dos sacerdotes
africanos, os ritmistas da Estação
Primeira honram a memória dos negros
que foram os gurus da sabedoria de seu
povo. Os sons de seus tambores são o
elo de união com o passado e o
combustível que incendeia o orgulho
de um morro majoritariamente ocupado
por negros.

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* “Tantos Nomes O grupo coletivo formado por mulheres da Grupo de Tania Bisteka
para Uma só comunidade veste figurino de contorno Musas
Luta” estético africanizado para celebrar a luta de (2013)
mulheres negras que ainda não tiveram seus
nomes popularizados no imaginário que
cristaliza heróis e heroínas do povo
brasileiro. As musas vestem a personificação
do espírito guerreiro que ocupou os corpos
de mulheres negras, nos diferentes períodos
que marcam os séculos de trabalho escravo
no Brasil. Elas podem ser o espírito de
ACOTIRENE - uma das primeiras mulheres
a habitar os povoados quilombolas da Serra
da Barriga, a matriarca do Quilombo dos
Palmares, onde exercia a função de mãe e
conselheira. – Podem ser ainda,
AQUALTUNE – a filha do Rei do Congo, a
princesa que foi vendida como escrava para o
Brasil onde iniciou ao lado de Ganga Zumba
a organização de um Estado negro, que
abrangia povoados distintos confederados
sob a direção suprema de um chefe.
Uma delas pode ser o espírito de
ZEFERINA, angolana sequestrada do
continente africano e trazida para o Brasil
onde organizou a resistência negra na região
de Salvador (Bahia), sendo a fundadora do
Quilombo do Urubu. ADELINA
CHARUTEIRA, escrava nascida no
Maranhão e ativa participante da campanha
abolicionista da capital maranhense. Uma
pode ser o espírito do nome ainda
desconhecido de MARIA ARANHA, a líder
do Quilombo de Mola, no Tocantins onde
venceu os ataques escravistas. São MARIAS,
FELIPAS, JOANAS, TEREZAS, e tantos
outros nomes de mulheres negras que
protagonizaram lutas individuais e feitos
heroicos em defesa dos ideais de liberdade de
seu povo.

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13 Irmandades Ainda no contexto da organização de Baianas Nelci


Negras meios para viabilizar práticas de (1958)
resistência, o surgimento das irmandades
negras no Brasil escravocrata setecentista
aparece como um grande acontecimento
que proporciona ao africano e seus
descendentes um espaço de significativa
autonomia. Para além de questões ligadas
a sincretismos e fatores religiosos – o
mais bem difundido papel das irmandades
no imaginário nacional - em muitos
casos, os negros que pertenciam a
irmandades conseguiam produzir quantias
financeiras que resultavam na compra da
alforria junto a seus senhores. Há relatos
de mulheres negras que, além de
acumularem quantias suficientes para
comprarem suas alforrias pessoais, foram
capazes também de alforriar os filhos e o
próprio marido. Nos séculos XVIII e
XIX, muitos dos negros libertos eram
membros de mais de uma irmandade, e o
trabalho pessoal desses membros foi
responsável pela compra de milhares de
alforrias Brasil à fora. O dinheiro para
tais negociações vinha basicamente das
contribuições e das taxas de seus
associados, das heranças deixadas pelos
irmãos, e pelo trabalho de ganho,
sobretudo das mulheres negras.
É com foco no trabalho feminino das
mulheres negras que as baianas da
Estação Primeira ganham contorno
tradicional e majestoso. Apresentam-se
como uma rica negra de ganho, vestida
com a indumentária tradicional das
negras de tabuleiro bem-sucedidas, que
ostentam as famosas “joias de crioula” e
personificam o poder da negritude bem-
sucedida.

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14 O Levante Malê “Malê” é o termo usado no Brasil, Ala Pantera Guanaira,


do século XIX, para designar os (1978)
negros muçulmanos- Hauçás, Tapas,
Bornus - que sabiam ler e escrever Ala Realidade Perci
em língua árabe. Muitas vezes mais (1986)
instruídos que seus senhores, e, e e
apesar da condição de escravos,
constantemente, negavam-se à Ala Vendaval Clarisse
submissão. Não à toa, organizaram (1982)
uma revolta no centro de Salvador,
iniciada pelo ataque dos malês ao
Exército, que pretendiam libertar os
escravos dos engenhos e tomar o
poder. Como o figurino da ala
menciona, durante a revolta os
escravos devotos à religião islâmica,
ocuparam as ruas com roupas
predominantemente brancas e
amuletos, os quais acreditavam que
estavam protegidos contra os
ataques dos adversários. Um dos
fatores determinantes para o
fracasso da revolta foram as armas
usadas pelos escravos, tal qual
lanças e porretes, dentre outros
objetos cortantes, enquanto a polícia
estava munida de armas de fogo.
Vale destacar que os Malês, povo
guerreiro, ousado e instruído, tinha
como principais objetivos libertar os
escravos de origem islâmica,
exterminar a religião católica e
implantar um governo negro.

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14 O Levante Malê Junto da ala, o elemento alegórico Ala Pantera Guanaira,


(Continuação) “A MALÊ DE SOBRENOME (1978)
MAHIN” traz a Mangueirense Leci
Brandão personificando a líder malê Ala Realidade Perci
LUÍSA MAHIN. Mulher negra, (1986)
pertencente à nação nagô, da tribo e e
Mahin – origem de seu sobrenome.
Mulher negra, africana - originária Ala Vendaval Clarisse
do Golfo do Benin, noroeste (1982)
africano – Luísa Mahin nasceu livre
e veio para a Bahia como escrava.
Como negra africana, livre, pagã,
sempre recusou o batismo e a
doutrina cristã. Tornou-se livre e
sobreviveu trabalhando com
quituteira pelas ruas de Salvador.
Apontada como uma das mais
célebres lideranças das revoltas
negras que abalaram a Bahia nas
primeiras décadas do século XIX,
Luísa esteve intimamente ligada à
articulação da revolta dos malês.
Não à toa, caso o levante tivesse
obtido êxito, Luísa teria sido
reconhecida como “Rainha da
Bahia”. Dentro da permissividade
poética possibilitada pelo carnaval,
Luísa Mahin desfila em seu trono de
estética africanizada junto à ala que
apresenta os negros revoltosos
envolvidos com o levante.

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15 “Tributo ao Ainda hoje, as questões ligadas à luta Escola 1 Ingrid
Abolicionista negra pela liberdade foram diminuídas de (2018)
Negro Luís maneira a dar a Princesa Isabel a
notoriedade da abolição. O fim da
Gama” escravidão no Brasil de um modo geral é
apresentado como uma ação do Estado
brasileiro culminada com a assinatura da
Lei Áurea pela princesa em 1888.
Pouco se fala sobre o papel
desempenhado pelas lutas dos negros
como principal forma de pressão pelo fim
da escravidão e, menos ainda, é
mencionada de forma ampla a
participação ativa de negros intelectuais
em meio ao movimento abolicionista pré
1888. O fato é que isso ocorreu e é por
isso que o figurino da ala exalta a estética
negra e presta homenagem ao negro Luís
Gama ao estampar sua imagem no
estandarte que serve como adereço de
mão.
Advogado e jornalista Luís Gonzaga
Pinto da Gama era filho de um fidalgo
português e da africana Luísa Mahin,
mencionada anteriormente. Nascido em
1830, Luís Gama foi vendido como
escravo, de forma ilegal, pelo seu pai, aos
10 anos. Intelectual autodidata,
sua vida foi quase que
integralmente dedicada à luta
pela emancipação do povo negro. De
imediato, sua biografia já mereceria
reconhecimento público, todavia, o que a
historiografia e a história da literatura
burguesa fizeram foi desprezar a figura
do revolucionário abolicionista. Símbolo
do movimento pela abolição em São
Paulo, o advogado autodidata se
esforçava para tratar dos casos de
escravizações legais e de abolições
individuais e coletivas do estado.

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15 “Tributo ao A respeito da profissão que abraçou, Escola I Ingrid


abolicionista Gama confessou aos leitores (2018)
Negro Luís paulistanos, em vinte de novembro de
Gama” 1869, que advogava “de graça, por
dedicação sincera à causa dos
(Continuação)
desgraçados”. Segundo consta, Gama
teria sido o responsável direto pela
liberdade de aproximadamente
quinhentos escravos.

16 Versão Anedótica A ala inicia o setor cujo a estética geral Ala Mimosas Chininha
para Pedro das fantasias inaugura o tom chargista, (1963) e
Álvares Cabral e em alguns momentos anedóticos, de e Guezinha
personagens consagrados nos livros Ala Au Au Au
oficiais de história do Brasil. Trata-se
(1986)
da desmitificação através do riso da
visão eurocêntrica e elitista que
constrói a figura heroica de
personagens controversos. É nesse
contexto brincalhão que o figurino da
ala revela a jocosa versão para a figura
de Pedro Álvares Cabral. Apresentado
pela visão eurocêntrica como um herói
que se lançou nos mares na busca da
descoberta de novas terras - ensinado
nas escolas como o “descobridor” do
Brasil - o personagem ganha contorno
caricaturado em versão dotada de
picardia carnavalesca que o associa ao
"ladrão" tão bem difundido no
imaginário popular através do uniforme
de presidiário.

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17 Versão Heroica D. Pedro I foi o primeiro herói nacional Ala Acauã Nilcemar
para Pedro I brasileiro, ou melhor, foi o primeiro de (2001) e
nossos heróis a ter uma imagem heroica
construída. Sua figura imponente em trajes
e Regina
militares, montado em um cavalo alazão e Ala Amigos do
cercado por um grande número de guardas, Embalo
eternizada no quadro "O brado do (1971)
Ipiranga", de Pedro Américo, ainda
permanece no imaginário quando pensamos
no sete de setembro. A obra, encomendada
por Dom Pedro II, apresenta uma série de
mitos em relação à cena, sobretudo, na
omissão dos fatos que envolvem o acordo
de pai para filho, manifestado no conselho
do monarca Dom João para o filho que se
auto proclamaria Imperador do Brasil: “Se
o Brasil for se separar de Portugal, antes
seja para ti, que me hás de respeitar, do que
para algum desses aventureiros”. As críticas
à narrativa vão desde as mais específicas,
como aquelas que sugerem que o próprio
Dom Pedro estaria com forte diarreia em 7
de Setembro de 1822, até às mais
estruturais, que denunciam o reducionismo
sobre a data. O que não se discute é que o
processo de independência se deu por
interesses econômicos das elites locais,
sendo a maior parte da população pouco ou
nada beneficiada.
Para apresentar essa ideia de construção
mítica, o figurino da ala constrói a imagem
de Dom Pedro a partir da combinação de
cores que sugerem nobreza em associação
com a opulência dos tons dourados. Na
mão, o adereço é a estilização do cavalo
alazão que entrou para a versão histórica
construída no lugar da mula de carga
desprovida de charme - porém forte para
subir os caminhos íngremes do percurso –
que, de fato, levava o imperador quando foi
pronunciada a célebre frase “Independência
ou Morte”.

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18 Versão Jocosa Posterior à ala que apresenta o Avante José Estevam,


para Pedro I visual heroico construído para Pedro Mangueira Marcelo
I, revelando inclusive dualidade com (2013) e
a versão anterior, o figurino que Tetê I
agora se apresenta como uma versão
chargista, anedótica, satírica e mais
condizente com a realidade dos fatos
que motivaram a proclamação da
Independência brasileira. A estética
geral da fantasia que veste a ala,
constrói a figura de Pedro I de forma
jocosa, remetendo a ideia de uma
independência bucólica e prosaica,
mais brasileira e menos épica, muito
mais próxima ao “acordo de pai para
filho” do que um feito, de fato,
heroico.
Se na ala anterior o adereço de mão
revelava o charmoso cavalo alazão,
nessa, o lugar de destaque fica para
a mula “brincalhona”, desprovida de
contorno mítico, testemunha real de
um feito desprovido da bravura que
foi divulgada e cristalizada no
imaginário nacional. A ala
apresenta-se como uma risonha
versão para o imperador,
desconstruindo através do bom
humor o heroísmo que, por tanto
tempo, nos foi ensinado através da
propagação de imagens construídas
a partir de mentirosa fabricação
dotada de patriotismo.

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19 “O Marechal Diferente do que foi aprendido nas salas Sambar com a Simone,
Republicano que de aula, a República não foi uma ideia Mangueira Jussara
Não Tirou a que agradava a população brasileira e (2013) e
Monarquia da sua proclamação não foi um brado tão Luciana
Cabeça” heroico. Os republicanos tentavam a
todo custo disseminar suas ideias pelo
país, porém o trabalho realizado era em
vão. Quando enfim perceberam que não
conseguiriam, por fins pacíficos, acabar
com o Império, tiveram a grande ideia
de um golpe militar. Para que isso
acontecesse, precisariam do apoio de
um líder de prestígio da tropa militar.
Foi aí que então resolveram se
aproximar do Marechal Deodoro da
Fonseca em busca de apoio. O que
grande parte das pessoas não sabe é que
foi tarefa difícil convencer o Marechal a
dar o golpe, tendo em vista que o
mesmo era amigo pessoal do Imperador
Pedro II, devia-lhe favores, era um dos
maiores defensores do regime
Monárquico e dizia querer acompanhar
o caixão do velho Imperador.
Convencido a aproximar-se da
proclamação em função de boatos sem
fundamentos, Deodoro era contrário ao
movimento republicano como deixa
claro em cartas trocadas com seu
sobrinho Clodoaldo da Fonseca, em
1888, afirmando que, apesar de todos os
seus problemas, a Monarquia
continuava sendo o “único
sustentáculo” do país e a República
sendo proclamada constituiria uma
“verdadeira desgraça” por não estarem,
os brasileiros, preparados para ela.

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19 “O Marechal Nascia assim uma República de Sambar com a Simone,


Republicano que forte apoio conservador, longe de Mangueira Jussara
Não Tirou a um caráter popular e revolucionário, (2013) e
Monarquia da elitista e continuísta em vários Luciana
Cabeça” sentidos. Os interesses populares
(Continuação) ficaram de fora e o povo, como
escreveu Aristides Lobo no Diário
Popular, “assistiu àquilo
bestializado, atônito, surpreso, sem
conhecer o que aquilo significava”.
Para apresentar a dualidade existente
entre o Marechal “republicano”, que
era simpático e defensor das ideias
monárquicas, o figurino da ala segue
no tom chargista e anedótico que
caracteriza a estética do setor
fazendo uso de uma construção
artística cheia de conteúdo
simbólico: Nas costas, o Marechal
leva a estilização do brasão que é
símbolo da República. Na cabeça, a
coroa, símbolo da Monarquia.

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20 O Retrato de Os principais nomes ligados à República Escola 02 Grin Werneck
Tiradentes brasileira recém-proclamada - Deodoro (2018)
da Fonseca e Floriano Peixoto - não eram
figuras conhecidas além dos círculos
militares. A pouca participação popular
tornava difícil a consagração de um mito
importante para a aceitação do novo
regime entre os populares.
Se “heróis são símbolos poderosos,
encarnações de ideias e aspirações,
pontos de referências, fulcros de
identificação”, como escreveu o
historiador José Murilo de Carvalho, era
importante, para a implementação da
narrativa do regime republicano, a figura
de um novo herói a fim de fazer frente ao
imaginário monárquico recém derrubado.
Se nenhum dos primeiros nomes ligados à
República tinha as características
necessárias para ser elevado à condição
de símbolo de uma “nova era”,
Tiradentes, morto um século antes da
proclamação - único dos inconfidentes
mineiros condenado à morte -
surpreendentemente, caiu como uma luva
para o papel de herói. Foi a partir disso
que o mito em torno de sua figura foi
criado. O alferes mineiro, que passou
quase um século na obscuridade como o
traidor da monarquia, foi ressuscitado no
imaginário popular a partir da encomenda
de retratos cuidadosamente planejados.
Como não havia registros de sua imagem
e seus pensamentos, a República teve
liberdade para criá-los: tornou-se um
idealista pela liberdade do Brasil e suas
representações passaram a se assemelhar
com as da figura de Cristo — cabelos
longos, castanhos, olhar cândido e vestes
humildes, tal qual revela a fantasia que
compõe o visual da ala batizada de “O
RETRATO DE TIRADENTES”.

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21 A Arte do Negro Após apresentar passagens Ala Moana Paulo Ramos


Antônio históricas que resultam em valores (1980)
Francisco Lisboa que exaltam os nomes e as lutas de e e
(Aleijadinho) notáveis personagens populares - Ala Gatinhas e Zélia
índios e negros em sua maioria Gatões
esmagadora - e desconstruir algumas (1974)
versões que exaltam personalidades
consagradas a partir da invenção
controversa de feitos nem sempre
heroicos, a sequência de alas que
encerra o desfile se propõe a exaltar
e promover o reconhecimento da
identidade popular como valor
patriótico.
O setor que se inaugura a partir
daqui abre alas para “os Brasis que
se faz um país” como é cantado no
samba que narra nossa apresentação.
Trata-se de uma ode ao povo e à
cultura que descende de negros e
índios com o intuito de
hipervalorizar a valorização de sua
história nem sempre exaltada. Para
começar essa exaltação aos
brasileiros de origem humilde que
deram – e dão – rica contribuição na
construção do país, abrimos o setor
exaltando a obra e a figura de
Antônio Francisco Lisboa. Filho de
um português com uma escrava
africana, é considerado
internacionalmente a
maior expressão da arte
brasileira.

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21 A Arte do Negro Assim como a figura de Machado de Ala Moana Paulo Ramos
Antônio Assis, a construção de “sua imagem (1980)
Francisco Lisboa social” difundida no imaginário e e
(Aleijadinho) nacional omitiu sua origem étnico- Ala Gatinhas e Zélia
(Continuação) racial, mudando-lhe a cor em suas Gatões
representações pictóricas, de tal (1974)
modo que muitos, mesmo lendo e
estudando sobre determinadas
personalidades negras brasileiras de
séculos passados, o imaginem como
branco.
Independente das narrativas
construídas, Aleijadinho – seu nome
consagrado no universo das artes
plásticas - é um representante da
capacidade intelectual e artística do
povo brasileiro de origem humilde e
mestiça, gênio das artes no Brasil e
indiscutivelmente, orgulho do povo
brasileiro. Para apresentar o trabalho
do negro Antônio Francisco Lisboa,
o visual geral da ala remete de
forma estilizada à estética das
estátuas dos Profetas erguidas no
adro do Santuário do Bom Jesus de
Matozinhos - em Congonhas do
Campo - obra-prima do referido
artista.

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22 “Salve Matita Após exaltar o nome de um Eternamente Robson


Perê!” brasileiro de origem humilde de Mangueira
universal notoriedade, exaltamos (2013)
agora a cultura popular através da
figura dos mitos e das lendas que
traduzem o riquíssimo universo
cultural brasileiro. O Saci-Pererê,
também conhecido como saci-
cererê, matimpererê ou matita perê,
é um personagem bastante
conhecido do folclore brasileiro.
Tem sua origem entre os indígenas
da Região das Missões, no Sul do
país, de onde se espalhou pelo
território brasileiro ganhando
contorno africanizado entre os
negros trazidos para o Brasil na
condição de escravos. Trata-se de
um personagem riquíssimo da
cultura indígena e negra brasileira,
destacado no desfile como símbolo
da cultura nacional de caráter
popular. Para remeter ao mito, em
destaque na construção estética da
ala, sua mais famosa e popular
representação: a figura negra, de
apenas uma perna, que usa gorro
vermelho e habita as verdes matas
brasileiras.

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23 “Viva o Povo Território de um povo lutador, o Raiz Sandra,


Nordestino” nordeste brasileiro é tradicionalmente Mangueirense André
um celeiro de homens e mulheres de (2013) e
fibra. Historicamente, uma área Gugu
carente em função da histórica
ocupação social do território brasileiro
e das condições climáticas associadas
à sua geografia, o nordestino é a
personificação de um povo heroico
em função de sua luta secular para
transpor barreiras impostas pela
imensa concentração de renda que
caracteriza a sociedade brasileira. Se
isso não fosse o bastante, o
preconceito contra os nordestinos
reflete um dos mais célebres desvios
de conduta radicalmente impregnado
no imaginário coletivo brasileiro. Esse
“desvio” encontra raízes no racismo,
especialmente porque mulatos, negros
e descendentes de índios, compõem
grande parcela da população dos
estados nordestinos. Na contramão da
visão pejorativa, os nordestinos
seguem sendo uma das maiores forças
de trabalho para o progresso do país e
sua contribuição no campo da arte e
da cultura nacional são bens de valor
e grandeza que não podem ser
mensurados. Para exaltar e dar vivas
ao povo nordestino, o figurino da ala
celebra em tom festivo a estética da
arte popularmente associada ao
nordeste brasileiro no imaginário
coletivo.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

* - À frente da ala "SÃO VERDE E Destaques de Direção de


ROSA AS MULTIDÕES" a notável Chão Carnaval
mangueirense Rosemary personifica
a Estação Primeira que abraça as Rosemary
lutas diárias de homens e mulheres, e
moradores de comunidades, morros Mônica
e favelas espalhados pelo território Benício
brasileiro. Ao seu lado, a presença
de Mônica Benício - viúva da
vereadora Marielle Franco - mantém
viva a memória da célebre biografia
da mulher negra, nascida e criada na
favela da Maré, camelô até os 18
anos, e que, a partir de sua pré
disposição para sobrepor as duras
barreiras sociais, chegou ao ensino
superior, formou-se em Ciências
Sociais, tornou-se mestra em
Administração Pública, até eleger-se
uma combativa vereadora defensora
das causas das minorias e dos
direitos dos oprimidos.

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24 “São Verde e Basicamente ocupada por mulatos, Somos Valéria,


Rosa as negros, e pelo imenso contingente Mangueira Catarina
Multidões” humano deslocado das regiões (2013) e
Norte/nordeste, as favelas e comunidades
espalhadas pelo Brasil concentram uma
Antonio
imensa força coletiva vista de maneira
pejorativa em função da condição social
de baixa renda. Todavia, é em meio às
adversidades que um número sem fim de
brasileiros mostra seu valor ao sobrepor
diariamente as duras barreiras traduzidas
pelas limitações impostas pelo
preconceito social. Multidões de homens
e mulheres, heróis de lutas silenciosas,
detentores de pequenos feitos individuais,
mas não menos significativos.
Descendentes das mesmas histórias de
resistência que caracterizam as lutas -
tanto indígena, quanto negra – em busca
de representatividade. Para exaltar esses
“heróis de barracões” – “barracão” é um
termo correlacionado a “barraco” e é uma
das mais populares designações das
habitações populares nos morros e favelas
do Brasil – a Mangueira toma partido de
suas simbólicas cores para vestir de verde
e rosa e fazer delas a representação
vitoriosa das multidões de “favelados”,
homens e mulheres pobres, moradores de
comunidades espalhadas pelo Brasil.
Em meio à ala tremulam as bandeiras que
estampam o rosto de personalidades
oriundas de favelas brasileiras, símbolos
de lutas individuais que resultam numa
representatividade significativa para um
país onde as oportunidades para os
“herdeiros” de índios e negros ainda
seguem sendo uma das mais evidentes
marcas de nossa desigualdade.

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24 “São Verde e Em verde e rosa, os rostos de Somos Valéria,
Rosa as CAROLINA DE JESUS - escritora Mangueira Catarina
Multidões” brasileira conhecida por seu livro (2013) e
(Continuação) “Quarto de Despejo: Diário de uma Antonio
Favelada”, moradora da favela do
Canindé, na zona norte de São
Paulo, e detentora de uma vida
marcada pelo sustento de si e de
seus três filhos como catadora de
papéis; JAMELÃO – o negro pobre
que foi engraxate e vendedor de
jornal, voz símbolo do Morro da
Mangueira e uma das mais bem
sucedidas carreiras artísticas do país;
CARTOLA – o negro pedreiro que
só fez o curso primário, passou parte
da vida lavando automóveis e é
apontado como um dos maiores
poetas da Música Popular Brasileira;
e MARIELLE FRANCO, mulher,
negra, nascida no Complexo da
Maré - conjunto de favelas
localizadas na Zona Norte carioca –
e que, graças a seu empenho
pessoal, venceu a miséria, chegou à
universidade e elegeu-se a
combativa vereadora que defendia
as causas das mulheres e dos negros,
função que exerceu até ser
assassinada em 2018. (OBS: Junto
da ala desfilam bandeiras de formato
agigantado com as mesmas
personalidades citadas acima em
destaque).
* Junto da ala desfilará bandeiras de
formato agigantado com as
personalidades mencionadas acima.

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Fantasias

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Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
* Bandeira de Uma bandeira do Brasil nas cores * Direção de
Enceramento verde e rosa encerra a apresentação Carnaval
da Escola. O símbolo máximo do
patriotismo recebe as cores de uma
das mais populares comunidades
carentes do território nacional.
Simbolicamente, é o morro que
abraça a luta em defesa da
representatividade popular e
determina que “são verde e rosa as
multidões”, tal qual sugere o samba
que cantamos. É o Brasil assumindo
a identidade do morro. É a
Mangueira assumindo a identidade
do Brasil.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadavia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 13 – Cidade do Samba – Gamboa
Diretor Responsável pelo Atelier
Leandro Vieira e Júlio Cerqueira
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Sirley, Eliana, Russa, Luís, Vanessa Equipe do Barracão
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Augusto, Rogério, Gustavo e Júlio Alberto
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Leandro Assis - Pintura de Arte

Vitor Negromonte - Vime

Élcio - Arame

Outras informações julgadas necessárias

As ilustrações aqui apresentadas são apenas imagens de referência para o mero acompanhamento
do desfile. São interpretações de livre e rudimentar contorno artístico sem a intenção de se
revelarem a exata tradução do figurino que desfila e sim fazer menção aos contornos artísticos das
linhas gerais que direcionam o figurino.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

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Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Danilo Firmino, Márcio


Enredo Bola, Silvio Moreira Filho (Mama), Ronie de Oliveira
Presidente da Ala dos Compositores
Rody
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
40 Nelson Sargento Danilo Firmino
(quarenta) 93 anos 28 anos
Outras informações julgadas necessárias

Brasil, meu nego deixa eu te contar


A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou
Com versos que o livrou apagou
Desde 1500
Tem mais invasão
Do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, Tamoios, Mulatos
Eu quero um país que não tá no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara


A tua cara é de Cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade
É um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês

Mangueira, tira a poeira dos porões


Ô, abre alas
Pros seus heróis de barracões
Dos brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões
(São verde e rosa as multidões)

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICATIVA DA LETRA DO SAMBA-ENREDO

Em tempos de pouca escuta, uma conversa afetiva – mas contundente – com o Brasil. Esse é o fio
condutor do samba-enredo da Mangueira, que apresenta personagens e passagens da nossa história
escondidos por trás da história oficial. Ou, "a história que a história não conta", como diz um verso da
letra.

Brasil, meu nego deixa eu te contar


A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo a Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Interpelando constantemente o Brasil, como se faz num diálogo, e com uma melodia que sugere os
espaços e a sinuosidade da fala, o samba começa localizando o avesso do mesmo lugar – ou seja, o
outro lado da nossa história – no tempo presente, na coletividade e nos espaços de luta: "na luta é que
a gente se encontra". O verso é uma espécie de contraponto a um certo caráter estático, individual e de
passado que comumente se atribui à história. Tanto esse chamado à atualidade do enredo quanto essa
constante interpelação ao país estão presentes em outros momentos do samba. Vocativos como "meu
nego", "meu dengo", reforçam o tom afetivo da conversa.

Desde 1500
Tem mais invasão
Do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, Tamoios, Mulatos
Eu quero um país que não tá no retrato
Além da menção às constantes inversões feitas na história ("tem mais invasão do que
descobrimento"), a estrofe elenca negros, índios e mulheres como a síntese das personagens que a
narrativa oficial não contempla. São os que nunca estão no retrato, os que jamais são laureados.
Esteticamente, vale destacar a antítese presente em "invasão"/"descobrimento", a metonímia do retrato
como aquilo a que se dá visibilidade no país e a ênfase reivindicatória que a melodia confere ao último
verso.

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Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias


Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de Cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade
É um dragão no mar de Aracati
A estrofe faz referência a uma das principais líderes quilombolas, à Confederação dos Cariris e a Chico da
Matilde, o Dragão do Mar, jangadeiro cearense de Aracati que foi expoente na luta pela abolição. A
repetição sonora do "R" brando em "Dandara", "Cara", "Cariri", "Dragão" e "Aracati" e a quase identidade
de som entre "Cara" e "Cariri" são convidativas ao canto por darem leveza e balanço à estrofe. Esse
movimento tem seu ponto alto na divisão rítmica e melódica do verso derradeiro, que remete o ouvinte ao
próprio movimento do mar.

Salve os caboclos de julho


Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins
Marielles, Malês
Depois de convidar o país a conhecer a sua verdadeira história, o samba chega num momento de
convocação: "Brasil, chegou a vez". É quando aparecem os caboclos de julho, marco da independência
popular na Bahia, os que se insurgiram contra os quase trinta anos de ditadura militar e algumas das
mulheres de origem popular, que, cada uma a seu tempo, lutaram em favor dos menos favorecidos: Maria
Felipa, capoeirista que participou da luta pela independência na Bahia, Luiza Mahin, líder da revolta dos
Malês, e Marielle Franco, defensora dos direitos de negros, pobres e mulheres. Aqui cabe destacar dois
recursos utilizados: a aliteração – com a repetição da sílaba "ma" – e o uso de plurais nos nomes das
mulheres citadas, o que expande para além da individualidade as personagens engajadas nas lutas. Essa
transição de figuras conhecidas para anônimos das batalhas também serve como ponte para o refrão que
encerra o samba.

Mangueira
Tira a poeira dos porões
Ô, abre alas
Pros seus heróis de barracões
Dos brasis que se faz um país
De Lecis, Jamelões são verde-rosa as multidões
A ideia aqui é reiterar que o passado – e o que se diz dele – precisa ser revisitado ("tira a poeira dos
porões"), e que cabe ao carnaval, seus foliões e trabalhadores fazerem isso ("ô, abre alas pros seus heróis
de barracões"). Há aqui, ainda, um espelhamento externo/interno: a escola que se propõe a jogar luz em
personagens esquecidos pela história também olha para os seus, os ditos "heróis de barracões",
entendendo-se por barracões tanto o local de confecção de alegorias como as moradias de favelas. É na
pluralidade (os "brasis") que está a essência do país, é na arte e nos artistas populares ("Lecis", "Jamelões")
onde estão muitas das nossas sínteses. Tudo isso ecoando nas múltiplas vozes que cantam junto com a
Mangueira ("são verde-rosa as multidões") – a história está mais viva do que nunca.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICATIVA DA MELODIA DO SAMBA-ENREDO


O nosso samba se inicia em tom Maior na tonalidade de Fa# (Fá sustenido)
Resgatando a estrutura de sambas antigos, com uma cadência maior do que nos dias de hoje estamos
acostumados.
O andamento será entre 144 e 146 bpms, dependendo da largada inicial com a bateria.
A melodia deste samba, traz não somente o resgate de sambas antigos, como o ingrediente da mistura
de nossa MPB E de sambas de quadras.
Um tipo de melodia espaçada, onde as palavras se encaixam em seu cantar, as nuances do grave ao
agudo se fazem de forma natural, e acompanhadas pela harmonização cuidadosa feita pelo carro de
som da Mangueira.
Ainda na primeira parte, temos elementos de explosão e se faz presente o ecoar do canto da escola em
trechos como: "Brasil...meu dengo a Mangueira chegou..."
Apesar da forma dolente que a melodia se inicia, ela traz a valentia de um canto de resistência e força,
sendo imponente em cada vez que a palavra Brasil é citada.
Algumas variações melódicas são encontradas, como a ida para o Relativo na parte do "eu quero um
país que não tá no retrato"
Um de seus diferenciais, é que não há o chamado "Refrão do meio", pois ele finaliza a primeira parte
com clareza, e dá o seu recado, dando a entender que a bateria possa fazer uma virada, e um descanso
nesta parte citada acima.
Daí em diante ele segue com a sua melodia dolente, não obstante da força que a mesma possui.
Na chamada segunda parte, ele preserva e relembra as melodias de sambas antigos e cadenciados, se
mantendo em tom Maior em toda a sua execução, passeando pelo anti relativo no momento que diz:
"Salve os caboclos de julho... quem foi de aço nos anos de chumbo"
Já partindo para o seu crepúsculo, o samba da Mangueira harmonicamente, sobe ao quarto grau, onde
está subdominante, traz um momento de emoção muito grande, sem que seja preciso gritar ou ter o
chamado Refrão de explosão. Em mais uma cadência agora com o recado da própria letra, ele finaliza
para o "Mangueira... tira a poeira dos porões..."
Neste momento temos o chamado momento de auge da obra, onde a letra junta-se a melodia e há um
completo casamento de sentidos.
Tirar poeira dos porões, seria também reviver grandes canções e grandes sambas com estruturas
diferentes de tudo que vemos hoje passar pela marquês de Sapucaí, porém sendo acompanhados por
uma bateria moderna de Mangueira e pelo carro de som, fazendo seu papel harmônico com as
influências atuais.

380
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Mestre Wesley Assumpção
Outros Diretores de Bateria
Alexandre Marrom, Jaguara Filho, Mestre Birinha, André Carta Marcada, Richardson (Mestre
Xaxo), Zé Campos e Gago
Total de Componentes da Bateria
252 (duzentos e cinquenta e dois) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação Surdo-Mor 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
20 24 0 0 20
Caixa Timbal Tamborim Tan-Tan Repinique
70 20 30 0 28
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
10 10 20 0 0
Outras informações julgadas necessárias

Uma das maiores tradições da Estação Primeira de Mangueira é que a sua Bateria é comandada por
seus meninos, que nascidos e criados em Mangueira são os legítimos herdeiros de Mestre
Waldomiro Tomé Pimenta, Homero José dos Santos (Seu Tinguinha), Lúcio Pato e China
Florípedes. Foram eles que criaram a batida do surdo sem resposta, que junto com os tamborins
fazem a tradição de nossa bateria “Tem que Respeitar meu Tamborim”. Esse ano nossa bateria tem a
sua frente mais um filho de Mangueira Mestre Wesley Assumpção.

A partir do momento que foi indicado para assumir o posto de primeiro diretor de bateria, em maio
do ano passado, Mestre Wesley estruturou sua diretoria também composta por filhos de Mangueira,
alguns inclusive que já ocuparam o cargo de Primeiro Diretor de Bateria, reunindo assim uma
equipe técnica categorizada com o objetivo de trabalhar para o sucesso do Carnaval 2019.

Buscando recuperar a batida tradicional de nossa Estação Primeira, Mestre Wesley e sua diretoria
optaram por fazer uma mudança no andamento da bateria, e, desta forma resgata a identidade da
bateria, trazendo de volta o pulsar tradicional de nossa marcação.

Ainda com a perspectiva de mudanças, algo que será visível é a formação da bateria com a volta do
naipe de tamborins para encabeçar a bateria junto com a “cozinha” e, com isso, no entendimento de
Mestre Wesley, bateria ficará mais bem equalizada e os desenhos e convenções do naipe soarão
mais limpos. Destaque-se que no naipe de tamborins todos os tocadores estarão tocando com o
mesmo tipo de baquetas e com a afinação do instrumento mais homogênea para que sejam ainda
mais perceptíveis os desenhos na melodia do samba.

Nas vezes que for feita a bossa de batida marcial, ao retornarem, todos os surdos atacam no
contratempo. Após “Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês”.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Bateria

Outras informações julgadas necessárias

QUEM É MESTRE WESLEY ASSUMPÇÃO.

Oriundo da Mangueira do Amanhã, Wesley esteve presente na primeira formação na ala da


bateria de nossa escola mirim Mestre Wesley, como é conhecido, se destacou entre os demais
ritmistas pelo seu jeito único e diferenciado de tocar repique, seu instrumento de origem. Com
toda essa qualidade não demorou muito para tornar-se um diretor e assim aconteceu. Wesley, à
frente da bateria mirim, logo passou a ser um dos coordenadores e diretor dos projetos sociais que
a escola oferecia e, em consequência disso, foi escolhido para ser o mestre dos ritmistas que
participaram do concurso PÈ NO FUTURO. Chegou até a final, um importante feito e de
destaque, tornando esta experiência uma vitrine para que muitas pessoas observassem seu trabalho
e, devido a isso surgiram vários convites de várias bandas e músicos solo convidando-o a fazer
parte de suas bandas. Wesley até aceitou alguns desses convites, mas seu destino estava traçado
mesmo como diretor de bateria e assim foi fazer parte do quadro de diretores técnicos da escola,
uma conquista pessoal e fundamental e para a carreira, que pretendia seguir. Com esta trajetória
exitosa é que Mestre Wesley Assunção comandará, em 2019, seus ritmistas da Ala da Bateria da
Mangueira.
Bom trabalho Mestre Wesley e seus ritmistas

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Edson Góes
Outros Diretores de Harmonia
Dimichel Velasco, Renato Kort, Dalton Ferreira, José Carlos, Paulo Asprila, João Carlos, Bernard
Oliveira, Moreira, Fábio Vinícius, Vladimir Rodrigues, Nilso, Marcelo Radar e Ricardo SPQP.
Total de Componentes da Direção de Harmonia
14 (quatorze) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
MARQUINHOS ART`SAMBA,
Bico Doce, Leandro Santos, PSE Diminuta, Douglas Diniz e Lequinho
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Violão de 6 e 7 cordas – Thiago Almeida
Cavaquinho – Digão
Cavaquinho afinação de Bandolim – Luiz Paulo
Outras informações julgadas necessárias

Diretor Musical – Alemão do Cavaco

Todo o trabalho que a Harmonia da Estação Primeira de Mangueira desenvolveu teve como
objetivo proporcionar o perfeito entrosamento entre o ritmo e o canto. Assim, tão logo, o Samba
Enredo foi escolhido, demos início aos ensaios de canto, aos quais logo acrescentamos a
participação da Bateria. Dessa forma, o carro de som, a bateria e a comunidade começaram a
trabalhar a interpretação do samba.

Em paralelo aos ensaios gerais, nosso carro de som trabalhou em estúdio, desenvolvendo um
arranjo capaz de contemplar a harmonia musical pertinente ao fortalecimento da interpretação do
samba, respeitando os desenhos dos tamborins e as bossas. Enfim, todo o trabalho foi feito para
alcançar uma excelência em sua apresentação com o objetivo de que somados o carro de som, a
bateria e toda a escola, o nosso chão, da Estação Primeira, possa mostrar na Sapucaí os frutos de
todos esses meses de ensaio, contribuindo para fazer ecoar no desfile a voz daqueles que durante
tantos anos foram desconsiderados pela história oficial.

Ensaios Técnicos de Rua nos permitiram avaliar que todos nossos esforços para desenvolver esse
trabalho estavam dando resultado, uma vez que, a cada dia nos sentíamos brindados pelo
empenho de cada componente em dar o seu melhor e apresentar nosso samba de forma a
emocionar a todos.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Conselho de Carnaval
Outros Diretores de Evolução
Comissão de Carnaval
Total de Componentes da Direção de Evolução
15 (quinze) componentes
Principais Passistas Femininos
Evelyn Bastos, Kamila Roberta, Luciana Pereira, Andrielli e Victória Rodrigues
Principais Passistas Masculinos
Pablo Luís, Douglas Cardoso, Luís Claudio e Alan Pereira
Outras informações julgadas necessárias

“Vai passar nessa avenida um samba popular”


(Chico Buarque)

Sim, lá vem a Estação Primeira de Mangueira, trazendo seu povo, seu chão. Vem alegre, garbosa e
feliz se apresentar no desfile da Sapucaí e vem bem, vem Mangueira contando a história que por
tanto tempo, não nos foi ensinada e na cabeça de muitos jamais deveria ser contada. Mas essa
Mangueira nascida, habitada por um povo simples e tão pobre que intrigou o poeta em como esse
povo, em meio a tantas dificuldades, podia cantar. E esse povo não apenas canta, mas vem nos
encantar contando a História que a História não conta. Vem mostrar o avesso do mesmo lugar.

Para apresentar essa História, cada componente da Estação Primeira dará vida a tantos personagens
e, como se vindos do passado, para nos acordar, veremos na Sapucaí, os índios Tupinambás,
Tamoios, Cariris, os Caboclos, as Dandaras, as Marias Felipas, as Luizas Mahins, os Chicos da
Matilde, e aqueles brasileiros anônimos, “heróis de barracões”, ou seja, aqueles brasileiros que com
seu esforço diário, fizeram e fazem esse país.

Quanto orgulho, quanta responsabilidade ao dar vida a todos esses que durante anos ficaram a
margem da historiografia oficial, tirar o sangue retinto de traz dos retratos de “heróis” e mostrar os
verdadeiros heróis de nosso povo, nossa gente.

Assim, nossos componentes sabedores do seu papel não mediram esforços para estarem prontos no
grande dia. Incontáveis ensaios foram feitos, na quadra, na rua, ensaios de segmentos específicos,
tais como: - Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Comissão de Frente, Ala de Passistas, Bateria e
Alas da Comunidade e, em cada um deles, se estimulava a apresentação das alas e dos participantes
de nosso desfile, de forma integrada, no qual a participação de cada um nos permite construir o todo
de nossa proposta de desfile: os versos que o livro apagou.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Aramis Santos
Diretor Geral de Carnaval
Conselho de Carnaval
Outros Diretores de Carnaval
Comissão de Carnaval
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Nelci Gomes
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Nadaje Jualiana Ribeiro
(oitenta) 79 anos 18 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Ermenegilda Dias (Dona Gilda)
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
70 Dona Ilka Carlinhos
(setenta) 92 anos 65 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Nelson Sargento, Alcione, Rosemary, Leci Brandão, Junior, Péricles entre outros
Outras informações julgadas necessárias

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Priscilla Mota, Rodrigo Negri e Leandro Vieira
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Priscilla Mota e Rodrigo Neri
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 06 09
(quinze) (seis) (nove)
Outras informações julgadas necessárias

“EU QUERO UM PAÍS QUE NÃO TÁ NO RETRATO”

Desde 1500, exaltamos aqueles que conhecemos na escola, nas salas de aula. Como a abordagem
do enredo sugere, heróis que não estão à “altura” daqueles que não fugiram à luta. Estes,
desprivilegiados pelas páginas que resguardam a memória da história contada.

É sabido que tem “sangue retinto pisado atrás do herói emoldurado” como canta o samba-enredo
da Estação Primeira de Mangueira. E, é assim que a imagem construída de ícones históricos como
a Princesa Isabel, o bandeirante Domingos Jorge Velho, o Marechal Deodoro da Fonseca, o
imperador D. Pedro I, o missionário José de Anchieta e o “descobridor” Pedro Álvares Cabral se
“desmoldura” para revelar o tamanho da grandeza de seus “feitos”. No “avesso deste lugar”,
registraremos a grandeza de negros e índios que ficaram à sombra destes, resguardando a
importância deles para as futuras gerações.

Não estaremos mais deitados em “berço esplêndido”, ouvindo “histórias pra ninar gente grande”
contada por gente pequena. A Mangueira carrega a esperança no futuro, e uma nova história
começa a ser contada em verde e rosa.

OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS:

Direção e Coreografia – Priscilla Mota e Rodrigo Negri


Cenografia – Penha Lima
Figurinista - Leandro Vieira
Confecção de Figurinos - Atelier Avant Premiere
Produção – KBMK Produções Culturais
Preparação Teatral - Victor Maia
Visagismo e Maquiagem – Beto Carramanhos

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias


SOBRE OS COREÓGRAFOS - Priscilla e Rodrigo se lançam em um dos maiores desafios da
carreira: defender um dos pavilhões mais tradicionais do carnaval carioca. Depois de 12 anos de
avenida, 3 títulos conquistados e os mais importantes prêmios do carnaval, eles se vestem de verde e
rosa para unir inovação com tradição, criatividade com versatilidade e acima de tudo emoção com
encantamento.
Primeiros Solistas do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, os bailarinos Priscilla
Mota e Rodrigo Negri se consagraram no Carnaval através do trabalho criativo e envolvente que
marcou suas comissões de frente. Formada em balé clássico, jazz, tap dance e dança contemporânea, a
dupla ganhou fama no cenário carnavalesco ao apresentar soluções irreverentes e ousadas no quesito
que abre o desfile das escolas de samba.
Nos últimos anos, Priscilla e Rodrigo, que já foram agraciados com a Medalha de Mérito Artístico do
Conseil International de La Danse Cid, da Unesco, pela positiva contribuição à dança, receberam
dezenas de prêmios pela atuação no Carnaval, entre eles o Estandarte de Ouro, honraria concedida
pelo Jornal O Globo, em 2010, quando emprestaram seu talento à Unidos da Tijuca, ano em que
fizeram seu elenco realizar uma eletrizante troca de roupas, que impressionou a todos. O feito ainda
rendeu o título, em eleição também promovida pelo Globo, de “melhor comissão de frente da
história”. Em 2018, ganharam na categoria inédita o Estandarte de Ouro de Inovação.
O bom desempenho no Carnaval culminou numa série de convites para os coreógrafos. que já
abrilhantaram grandes eventos no Brasil e no exterior. Entre os projetos dos quais participaram, estão
ações especialmente elaboradas para a Liga Mundial de Vôlei, o Prêmio anual da Confederação
Brasileira de Futebol, o Mundial de Judô, a Copa das Confederações, as Olimpíadas do
Conhecimento, a Festa de Peão de Barretos, Salão do Automóvel, entre outros. No extenso currículo,
Priscilla e Rodrigo ainda incluem apresentações exclusivas para o ex-presidente Lula e para a
primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama.
O talento da dupla também encanta marcas mundialmente famosas, como Coca-Cola, Bradesco,
Renault, Polishop e Omega, que já contrataram os dois para grandes eventos. Foram os responsáveis
pelo entretenimento das áreas VIPs da FIFA, durante a Copa do Mundo do Brasil. Nos Jogos
Olímpicos Rio de 2016, fizeram coreografia especial que foi apresentada ao longo dos Jogos em 30
apresentações. Criaram o show de Ivete Sangalo para o Rock in Rio e tourne “À Vontade”.
Seu grupo totaliza mais de 500 apresentações nacionais e internacionais, que se refletem nos desfiles
através do bom entrosamento de toda a equipe que compõe a comissão de frente.
VISAGISMO – Responsabilidade de Beto Carramanhos: Profissional, há 30 anos, especializado na
área de beleza, Beto é consagrado por assinar o visagismo dos maiores musicais produzidos no Brasil,
como: Cinderella, Kiss me Kate, Noviça Rebelde, O mágico de Oz, Família Adams, entre outros.
Além disso, é apresentador do quadro "Tapa no Visual", no programa Mais Você e "Acredita na
Peruca “do Multishow.
PREPARAÇÃO TEATRAL – Responsabilidade de Victor Maia: Ator e coreógrafo com vasta
experiencia em carnaval, participou desde a primeira comissão de Priscilla e Rodrigo até 2018. Atua
no Cenário do Teatro Musical como ator e preparador corporal, além de ser o coreógrafo do quadro
"Lata Velha" no Caldeirão do Hulk.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Matheus Olivério 31 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Squel Jorgea 33 anos
2º Mestre-Sala Idade
Renan Oliveira 28 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Débora de Almeida 32 anos
Outras informações julgadas necessárias

“DONOS DA TERRA”
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira de Mangueira apresenta-se
de acordo com a estética indígena que dá o tom da abertura do desfile proposto pela agremiação.
Ambos apresentam versão carnavalesca que sugere a figura indígena em releitura adequada à
tradicional indumentária dos casais que defendem os pavilhões das agremiações nos desfiles das
escolas cariocas. Estão inseridos em um contexto de valorização heroica e construção épica do
índio brasileiro na fase anterior à chegada de Cabral ao território nacional.
Como um xamã, num ritual mágico e sagrado, a Porta-Bandeira e seu pavilhão mantém um forte
laço como se fosse um só. Cortejado, festejado e protegido pelo Mestre-Sala, que defende com
maestria a altivez da ancestralidade “de sua tribo”, reluz o pavilhão da Estação Primeira em meio
a abertura do desfile.

DADOS SOBRE O CASAL:


Matheus ingressou na verde e rosa com apenas 8 anos na ala das crianças. Fez parte dos projetos
sociais de educação da Vila Olímpica da Mangueira, onde se tornou instrutor e se dedicou ao
ensino do samba no pé a crianças e adultos. Premiado com Estandarte de Ouro, entre outros
prêmios, de melhor passista, Matheus passa a defender o segundo pavilhão da Escola por 10 anos,
onde amadurece e se aprimora no aprendizado do bailado tradicional do Mestre-Sala para, em
2017, receber a maior honra da sua vida, que é defender o primeiro pavilhão da sua Escola, a
Estação Primeira de Mangueira, a quem ele chama de mãe.
Squel Jorgea ingressou no carnaval ainda criança na ala das baianinhas. Estreou ainda menina
como Porta-Bandeira. É Primeira Porta-Bandeira há 18 anos. Com vasta experiência e
profissionalismo, Squel, agraciada com o Estandarte de Ouro, defende com orgulho e grande
paixão o pavilhão da Estação Primeira de Mangueira há 6 anos.
Matheus e Squel são tio e sobrinha, filho e neta do lendário partideiro e mestre de harmonia
Xangô da Mangueira. O casal tem como marca o bailado tradicional da arte da dança de Mestre-
Sala e Porta-Bandeira, preservando e buscando honrar a Majestade do seu pavilhão.

388
Abre-Alas – G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

DADOS SOBRE A ORIENTADORA DO CASAL - Ana Paula Lessa é ex- bailarina, coreógrafa
e professora de dança na Escola de Dança Maristela Lobato. Há 6 anos na Estação Primeira de
Mangueira, ela desenvolve um trabalho de refinamento artístico, respeitando o bailado tradicional
do casal e característico do quesito.

SOBRE O SEGUNDO CASAL

“MANOEL CONGO E MARIANNA CRIOULA”

O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira da Estação Primeira está inserido no setor que
lança luz nos feitos heroicos de biografias de personalidades negras que ainda não alcançaram
merecida difusão no imaginário coletivo: Manoel Congo e sua companheira, Marianna Crioula.
Importantes símbolos da resistência dos negros contra a escravidão na região do Vale do Café –
no Rio de Janeiro - foram líderes da maior rebelião de escravos já ocorrida na região, em 1838,
motivada pela revolta contra a morte de um escravo do capitão-mor Manuel Francisco Xavier,
espancado pelo capataz de uma de suas fazendas. A fuga em massa orquestrada pela dupla teria
contado com a adesão de cerca de 300 ou 400 negros de diversas fazendas da região de Paty do
Alferes-RJ.

Manoel Congo e Marianna Crioula provavelmente viveram como casal, tanto que os dois foram
posteriormente delatados como o “rei” e “rainha” do grupo de sublevados. Ele foi descrito como
“um negro forte e habilidoso, de pouca fala e sorriso escasso.” Ferreiro por ofício - atividade que
requeria treinamento e habilidade – gozava de status superior entre os outros escravos e maior
valor econômico perante os senhores.

Marianna era costureira e mucama de Francisca Elisa Xavier, esposa do capitão-mor Manuel
Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a “preta de estimação” bem como, uma das escravas
mais dóceis e confiáveis de sua patroa.

Juntos, foram os organizadores daquela que é apontada como a maior fuga de escravos da região
Fluminense. A nível de conhecimento, após ser capturado e condenado, no dia 6 de setembro de
1839, Manuel Congo subiu ao cadafalso no Largo da Forca, em Vassouras, para cumprir sua
“pena de morte para sempre”. Foi enforcado e ficou sem sepultamento. Marianna Crioula foi
absolvida - certamente a pedido de sua proprietária - entretanto, foi obrigada a assistir à execução
pública do seu companheiro morto na forca.

389
G.R.E.S.
Mocidade
Independente de
Padre Miguel

PRESIDENTE
WANDYR TRINDADE
391
“Eu sou o Tempo.
Tempo é Vida”

Carnavalesco
ALEXANDRE LOUZADA
393
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Enredo
“Eu sou o Tempo. Tempo é Vida”
Carnavalesco
Alexandre Louzada
Autor(es) do Enredo
Alexandre Louzada
Autor(es) da Sinopse do Enredo
Alexandre Louzada
Elaborador(es) do Roteiro do Desfile
Alexandre Louzada e André Luís Junior
Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas
01 Antiga Musa: A BRANDÃO. J. Faculdades de 2005 Todas
Arqueologia da Lins. Letras da UFMG
Ficção

02 Mitologia Grega BRANDÃO, Vozes 1986 Todas


Junito.

03 Mito e Tragédia - Vozes 1996 Todas

04 Tragédia e - Vozes 1996 Todas


Comédia

05 O Som e a Fúria FAULKNER, Companhia das 2017 Todas


William; tradução Letras
Paulo Henriques
Brito

06 Os Deuses do GRAZIOSI, Cultrix 2016 Todas


Olimpo Bárbara.

07 O Livro de Ouro BULFINCH, Harper Collins 2018 Todas


da Mitologia Thomas

08 HOMO DEUS HARARI, Yuval Companhia das 2017 Todas


Noah Letras

09 21 Lições para o - Companhia das 2018 Todas


Século 21 Letras

395
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Enredo

Ano da Páginas
Livro Autor Editora
Edição Consultadas

10 HOMO SAPIENS - Companhia das 2017 Todas


Letras

11 Ser e Tempo HEIDEGGER, Editora 2006 Todas


Martin. Universitária São
Francisco

12 Teogonia: A HESÍODO; Estudo Iluminuras 2007 Todas


Origem dos Deuses e Tradução Jaa
Torrano

13 Os trabalhos e os HESÍODO; Iluminuras 2006 Todas


dias Introdução,
tradução e
comentários Mary
de Camargo Neves
Lafer

14 Ilíada HOMERO; ARX 2003 Todas


Tradução de
Haroldo de
Campos

15 Odisséia - Cultrix 1997 Todas

16 Mitologia SEARS, Kathlen Gente 2015 Todas

Outras informações julgadas necessárias

396
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

HISTÓRICO DO ENREDO

Apresentação

Mais um carnaval se apresenta. É o tempo que passa e novamente estamos aqui, carregando
no peito a estrela da Mocidade Independente de Padre Miguel, que leva em seu nome a
eterna juventude. Para a Mocidade, que será sempre jovem, o tempo é fonte de inspiração no
carnaval de 2019. Eu sou o tempo, nós somos o tempo. Já pensou nisso? Todos construímos
os nossos momentos e embalamos as nossas histórias nos braços de algo intocável,
incontrolável e, por vezes, imensurável. Passa rápido, devagar, não volta, não perdoa e
queremos sempre mais. Tempo é vida; a vida é o tempo. Por isso, relaxe e embarque nesse
sonho com a gente. Venha aproveitar esses momentos e monte o quebra-cabeças da sua
própria história. Deixe a sua mente bailar, no ar, em novos tempos. É tempo de Mocidade!

Sinopse do Enredo

Eu sou o Tempo. Tempo é Vida.

Tempo, tempo, tempo, tempo...

As batidas do meu coração marcam o compasso no tambor do samba, quando ecoa o apito
da partida do trem da vida, nos trilhos do tempo, caminho infinito, riscado no espaço pela
cauda de luz da estrela-guia, que cria um vácuo de sonho que a ciência desafia e que invade
a morada de Cronos, a antimatéria que brilha, magia, e que se comprime e se expande, se
dobra, retrocede e avança, num vai e vem que se esvai e se lança numa viagem louca, do
presente ao passado e, numa reviravolta, de volta para o futuro.

Tempo que aqui se define ou que nasce indefinido, num tempo quando o tempo sequer
existia no mundo, fruto do Caos, num dado momento, quando o Céu se encontrou com a
Terra e concebeu o titã implacável, senhor da razão e do destino, o tempo que se mede
desmedindo.

Tempo que a humanidade buscou entender acompanhando a dança dos astros, bailando entre
a luz e a treva, dia e noite se repetindo e se reinventado constantemente, luas e marés
mutantes, pois nada é igual ao que era antes, antes de tudo mudar. Tempo de florescer, de
plantar e de colher, tempo de hibernar e de buscar onde se aquecer, tempo a brotar em
épocas, ritos em profusão, oferendas, estações, declarações de fé em solstícios e equinócios,
sagrações da primavera em cada alvorecer.

Tempo de descobrir, marcar, calcular. Quanto tempo o tempo tem? Tempos remotos de se
observar o Sol a riscar de sombra a haste sobre a terra, horas que se desenham, nas gotas da
clepsidra, tempo que orna e transborda. Tempo que ocioso passeia, de cima para baixo, e que
se revira nas ampulhetas - o tempo que desliza nas areias, vira-virando o mistério.
397
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Tempos idos medidos em calendários antigos, civilizações e impérios – apogeu e queda.


Tempo que do universo é o regente e que em ciclos se divide no lado de cá do ocidente,
envolto em enigmas entre o povo Maia, tempo que se faz serpente. Tempo viril, “yang”, que
fecunda as terras do oriente, regando de chuva o seu chão. Tempo que se faz festejado, tão
aguardado, tempo mítico dragão.

Tempo que gira perverso: eis que é tempo de inventar o tempo e de se aprisionar dentro dele.
Engrenagens em movimento, tic-tac, relógios, máquinas do tempo pra lá e pra cá em um
pêndulo. Som das horas a despertar, o galo que já cantou. Tempo que urge, a pressa, é cedo,
é tarde, é hora de trabalhar, tempo que corre, dispara, tempo que é dinheiro, aposta, notícia,
tempo de vida, o tempo que de fato não para.

Tempo que jaz no tempo, repousado nas camadas de tempos passados. O tempo
redescoberto, preservado em museus e livros, frases então reveladas, arquivo do tempo.
Tempo que brilha em mentes a frente do próprio tempo e, tal qual uma equação, viaja anos-
luz na imensidão. Ciência equilibrada em teorias que em dobras do tempo, faz o longe quase
perto e se teletransporta. Ou não? Tempo virtual, memória atemporal que a tecnologia
armazena no ar, nas nuvens. O que antes era ficção científica, hoje é realidade. Tempo que
se congela estéril na ilha glacial, Aíôn, guardião da eternidade, faz da grande geladeira a
nossa herança, a esperança de preservação.

Tempo, indomável tempo, de Kairós, o fragmento, único como o sopro divino, tempo de
Deus que não é medido, tempo para ser vivido, sem pressa, sem medo, vida que segue,
tempo indesvendável, tempo que é segredo e árvore sagrada.

O toque da inspiração vem num estalo de tempo: a arte se faz imortal e se eterniza na
memória, de geração a geração, de voltas e reviravoltas, na tela do carnaval ou em uma
explosão de cor no meio desse povo, assim como a nossa escola, que atravessou os trilhos do
tempo e se imortalizou na história. Tempos de glórias, descritos por seus poetas nos seus
lindos sambas, das paradinhas inesquecíveis, dos seus gênios artistas que lançaram tantas
cores nos seus tantos carnavais. Ela, a eterna juventude, Mocidade Independente, que
carrega a estrela, que é o cosmo, como emblema, o verde da brotação que se renova e o
branco da paz de espírito. É possível parar o tempo na síncope do batuqueiro. Hoje o trem
que transporta o futuro, que recuperou o tempo perdido, na vanguarda, redemoinho, acelera
e retorna orgulhoso, na certeza de novas conquistas - e conduz a sua gente à mais infinita
alegria!

Vira-tempo no templo do samba, eis que chega o nosso momento. Uma voz ecoa na noite:
“Vamos lá! A hora é essa!” Coloque a fantasia, ouça o som da bateria.

É tempo de desfilar!

Carnavalesco Alexandre Louzada

398
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

JUSTIFICATIVA DO ENREDO
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente,
os homens presentes, a vida presente.
“Mãos dadas”, Carlos Drummond de Andrade

A humanidade governa o mundo, porque é capaz de tecer uma teia intersubjetiva de


significados: leis, forças e entidades, que existem unicamente na imaginação. O poder
infinito da mente nos permitiu criar ficções que dão significado a esse mundo. Criamos
deuses, corporações, cidades, Impérios; criamos a escrita, o dinheiro e a ideia do tempo.

O tempo, diferente de todos os outros conceitos, é uma das grandes criações humanas,
representação que permite apenas aos homens organizar o presente, o passado e o futuro.

Heidegger, em O Ser e o Tempo, lembra que habitamos no horizonte do tempo, herdamos


tradições do passado, nos projetamos no futuro, somos moldados na temporalidade. O ser é
dependente do tempo, e o fato de sermos criaturas humanas finitas nos traz imensa
responsabilidade. Conscientes do fim, devemos buscar, na arte, a autenticidade, a
responsabilidade de cada momento vivido.

Nosso desfile é um convite a vencer a temporalidade e guardar, na memória, esse tempo de


celebração da vida, precisamos fazer de cada minuto um momento mágico.

Primeiro Setor
Tempo Mítico: do Caos a Cronos

Os gregos antigos tratavam o tempo como uma divindade a partir de três conceitos:
Cronos, Aíôn e Kairos.

Cronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial, que pode ser medido, associado ao
movimento linear das coisas terrenas, com um princípio e um fim.

Conta Hesíodo, na Teogonia, que, no início, era o caos, um espaço aberto no vazio, um
abismo profundo e silencioso.

Da nulidade do caos, nasce Gaia, a terra e Urano, o céu. Juntos, terra e céu geram o tempo,
Cronos, o rei dos titãs, deus do tempo inexpugnável, regente de todos os destinos, aquele que
tudo devora.

399
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Como tinha medo de ser destronado por causa de uma maldição de um oráculo, Cronos
engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos, exceto Zeus, que Reia conseguiu salvar,
enganando Cronos ao enrolar uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a
troca.

Cronos, o senhor da razão, vai sendo desvelado, decifrado, dividido. Entender e vencê-lo
sempre foi um dos maiores desafios da humanidade.

Segundo Setor
Primeiros marcadores do tempo: tão natural como a luz do dia

Os povos primitivos sempre veneraram o Sol, anunciador da renovação de cada manhã,


responsável direto pela vida na Terra, pelos fenômenos meteorológicos, pelas estações do
ano. O Sol e a Lua, “guardiã das marés”, se tornaram os marcadores primordiais do tempo.

Além disso, a sucessão de períodos quentes e frios, intercalados por períodos mais amenos,
levou a percepção da existência de um ciclo natural e permanente.

No mundo recente, em que as coisas carecem de nomes, passamos a chamar de primavera a


estação da abundância e das flores; de verão, os dias de luz com a festa do sol; de outono, a
época das folhas amareladas; e de inverno, o tempo da natureza adormecida.

As civilizações antigas, ao perceberem a dança dos astros, o bailado entre a luz e a treva, o
dia e a noite se repetindo constantemente, os ciclos de temperatura variáveis, foram
desenvolvendo as primeiras noções de tempo válidas até hoje.

Terceiro setor:
Os calendários das civilizações: tempo de plantar e de colher

Os povos antigos, já conscientes das estações do ano, sentiram necessidade de orientar a


própria vida em termos econômicos e sociais. Precisavam se preparar para a guerra, oferecer
sacrifícios, realizar rituais. Perceberam que era importante demarcar sua história no presente
e no futuro e precisavam entender o passado e aprender com ele. Foram criando, cada um a
seu tempo e maneira, mecanismos e calendários para se situar na história.

Os dispositivos, para medir o tempo, incialmente utilizavam os recursos naturais do nosso


planeta. Provavelmente, o primeiro deles tenha sido o relógio de sol. O fato desse relógio
não funcionar à noite fez com que recursos como a clepsidra, um mecanismo movido a água
e a ampulheta que é movida a areia, fossem desenvolvidos. A clepsidra, do grego (kleptein),
ocultar e (hydôr), água, é um mecanismo movido à força hidráulica que funciona por
gravidade, capaz de medir pequenos espaços de tempo.

400
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Especialistas divergem sobre a organização dos primeiros calendários uma vez que cada
civilização se reconhece como a primeira a lançar tal feito. O fato é que, embora se fale de
tempo, é difícil afirmar qual civilização “cronologicamente” teve a inciativa de criar o
primeiro calendário, haja vista que alguns foram desenvolvidos antes de outros, mas
efetivamente só foram adotados por seus povos muito tempo depois.

O consenso é que as civilizações criaram esses projetos baseados na luz do sol ou mesmo
articulando a influência da lua a um ano solar. Esses calendários, marcados por uma precisão
relativa, e ao mesmo tempo, por um apelo mítico simbólico, eram fundamentais para
enquadrar, com rigor, a época do plantio e da colheita.

Os egípcios, por exemplo, elaboraram um calendário baseado no sol, cujo objetivo principal
era preparar a terra para a época de plantio nas imediações do Rio Nilo.

Os povos mesopotâmicos, por sua vez, desenvolveram um calendário lunissolar, estruturado


a partir da noção do mês lunar com o ano solar. Tal qual o calendário egípcio, a função
primordial dos povos da Mesopotâmia era a observação dos períodos da colheita.

Já os chineses elaboraram um calendário lunissolar baseado nas fases da lua e,


posteriormente, no ano solar de 12 meses. Pleno de simbolismos, o artefato chinês
consagrava o ano do dragão como o momento em que as forças “yin e yang” traziam
harmonia para o universo.

Os Maias, por outro lado, criaram um complexo sistema de calendários baseado na lua, no
sol e no Planeta Vênus. Extremamente simbólico, nesse calendário, cada mês recebia o
nome de um animal, e o tempo era visto de forma circular, ou seja, um evento ocorrido no
passado se repetiria ao infinito.

Quarto setor:
O Tempo não para: os mecanismos dos tempos modernos

No Renascimento, ocorreram quatro invenções revolucionárias: a bússola, a prensa, a


pólvora e o relógio mecânico.

Com as descobertas de Galileu Galilei, os relógios mecânicos, principalmente de pêndulo e


de bolso, foram sendo aperfeiçoados e se tornaram símbolo da alta aristocracia que ostentava
joias raras para registrar a passagem do tempo.

Várias lendas dão conta do surgimento de diversos tipos de relógio. Contam que, na
Alemanha, por volta do século XVII, na região da Floresta Negra, o relógio cuco surge da
observação da natureza.

401
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Um artesão, enquanto fabricava relógios entalhados em carvalho, ouvia os pássaros nativos,


sempre cantando no mesmo horário. Por conta disso, ele resolveu usar a imagem do pássaro-
cuco saindo do relógio a cada hora exata.

Uma outra lenda dá conta de que Santos Dumont, o pai da aviação, comentou com o amigo
Louis Cartier sobre a dificuldade de, em pleno voo, ver seu relógio de bolso. Cartier
apresentou uma solução para Santos Dumont, utilizando uma pulseira de couro. Nascia
assim o protótipo do relógio de pulso moderno. 1

William Faulkner, escritor americano, em O Som e a Fúria, nos lembra que o relógio,
“mausoléu de toda esperança e todo desejo”, deveria ser usado não para lembrarmos o
tempo, mas para podermos esquecê-lo de vez em quando; assim, mais tarde, não gastaríamos
todo o fôlego, tentando conquistá-lo.

O fato é que vivemos uma vida de urgência constante. Temos todo tempo do mundo, mas
não temos tempo para nada. Vivemos apressados, atrasados, aprisionados pelo tempo, nos
tornamos escravos de nós mesmos. Nos vangloriamos tanto em estar super ocupados,
produzindo muito e sempre, que esquecemos o tempo de paz e de sossego.

Em uma das primeiras cenas de Tempos Modernos, de Chaplin, um relógio gigante serve de
alerta a uma sociedade que já não mais observa o tempo de “plantar nem colher”, mas o
tempo de produzir incessantemente, tempo que faz do próprio homem nada mais do que um
mecanismo de produção.

O Cronos mitológico, que devora seus filhos, simboliza o quanto estamos subjugados a esse
senhor da razão, sem tempo para nada, deixando de viver a vida de forma tranquila. Apesar
de desenvolvermos tantos mecanismos para dominá-lo, apesar de compreendê-lo cada vez
mais, nos tornamos, progressivamente, escravos desse senhor cruel. Mas, existe uma forma
de vencê-lo?

Quinto setor:
O tempo sagrado: Aíôn -a memória e a eternidade

Com o tempo, Zeus, filho sobrevivente, volta para cumprir a profecia e destrona seu pai
Cronos. Zeus é arte e tecnologia - únicas forças capazes de ludibriarem o tempo. Entre seus
tantos filhos, Zeus é pai de Aíôn e Kairos. Os dois, netos de Cronos, vão apresentar uma
nova dimensão do tempo.

(Nota: Há quem afirme que o relógio de pulso fora criado muitos anos antes na Alemanha, porém concordam que o pai
da aviação teve um papel importante na popularização desse tipo de relógio.).

402
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Aíôn é o tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, é tempo da criatividade onde as
horas não passam cronologicamente, tempo da memória e da eternidade.

Quando Albert Einstein, com sua Teoria da Relatividade, rompe com os padrões
estabelecidos de tempo, desconstrói a ideia do tempo linear, cronológico. O tempo para
Einstein (passado, presente e futuro) é apenas uma ilusão. O presente serve apenas como
ponto de referência para um observador, dependendo de seu movimento.
Einstein, como o deus Aíôn, desconstrói, à luz da ciência, a ideia de um tempo delimitado
em números, intervalos, horas. O físico nos faz reacessar o tempo com novas perspectivas, o
tempo não é necessariamente linear, nem tudo é finito.

Quando uma biblioteca como a da Alexandria consegue, durante anos, manter 700 mil
papiros, ela de fato consegue a artimanha de vencer a temporalidade e revitalizar uma
história que poderia ter se perdido.

Os museus, tal qual as bibliotecas, ao conservarem um acervo histórico, se convertem


também em guardiões da cultura - curadores de um legado que nos aponta caminhos no
futuro. A múmia mais antiga da história da humanidade data de 7000 a 8000 mil anos atrás e
é atribuída ao povo Chinchorro, da América do Sul. Compreendê-la é ter a chance de
vislumbrar uma trajetória quase esquecida, é abrir uma janela no passado e mostrar que o
tempo nem sempre tudo destrói - esse é o triunfo de Aíôn sobre Cronos.

A Modernidade aponta novos caminhos para lutar contra a ideia da finitude.

A era digital, assim como as bibliotecas e os museus, armazena informações de uma


grandeza incalculável, acredita- se que de forma eterna.

O conceito de computação em nuvem ou nuvem de informação refere-se ao processo de


armazenamento de dados, através de serviços que poderão ser acessados de qualquer lugar
do mundo. Essa nova ferramenta tecnológica ludibria o tempo que acreditava tudo poder
devorar.
Um gigantesco armazém fortificado no interior de uma montanha de gelo na Noruega, tal
qual uma arca de Noé moderna, armazena todos os tipos de sementes que devem ser
conservadas para a preservação da biodiversidade. O Svalbard Global Seed Vault é um
bunker que espera proteger a diversidade da flora para as futuras gerações. Recentemente,
foram devolvidas as sementes recolhidas em Alleppo para serem replantadas nas regiões
afetadas pela guerra da Síria. É a tecnologia lutando contra o tempo para conservação da
vida na Terra.

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Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Sexto setor:
A hora é essa - Kairos: o tempo apoteótico

O último filho de Zeus, Kairos, assim como seu avô Cronos e seu irmão Aíôn, também
representa as facetas do tempo. Ao contrário de Cronos, personificação do tempo
mensurável e de Aíôn, a eternidade e a memória física, Kairos é o tempo subjetivo, o
momento oportuno, a centelha de felicidade.

Representado por um atlético jovem com asas nos pés que tinha como principal
característica transitar, por todo mundo, em uma velocidade vertiginosa, Kairos tinha um
único tufo de cabelo na cabeça - representação da oportunidade a ser agarrada.

Kairos é a hora do beijo, a hora do nascimento, o tempo que não se mede, é presente do
futuro e do passado, a lembrança que faz a alegria retornar na imaginação.
Sua contraparte no Candomblé, Irôko, o orixá do tempo divino, está ligado à longevidade, à
durabilidade das coisas. Sua representação remete à árvore primordial, primeira dádiva da
terra aos homens. Irôko costuma carregar igbas - cabaças responsáveis pela preservação da
memória dos fundamentos dos orixás. Para Irôko, a exemplo de Kairós, mais importante que
a hora exata é a manifestação e a eternidade do momento.

Por nos fazer esquecer do tempo linear, essas entidades têm o poder de nos transformar em
deuses. Kairos é apoteose, hora em que cada um esquece a sua condição e se transforma no
que quiser. As religiões chamam de momento kairótico - a lembrança que se cristaliza na
memória e traz imediatamente a sensação de felicidade.

Em 1979, a Mocidade Independente de Padre Miguel conquistava seu primeiro título com o
enredo “O descobrimento do Brasil”, de Arlindo Rodrigues. A ala representando os
navegantes da Escola de Sagres, se tornou um daqueles momentos inesquecíveis. Como
esquecer o mar em perfeita harmonia com as cores da Mocidade. Virou lenda, história,
momento que desafia o tempo e permanece na memória coletiva.

Muitos outros momentos como esse se cristalizaram nos corações Independentes.

Em 1985, a Mocidade desfilou seu enredo futurista, “ZIRIGUIDUM 2001, um carnaval nas
estrelas”, levou o samba para o espaço sideral e fez literalmente o “universo sambar”. O
carnavalesco Fernando Pinto trouxe alegorias representando o sistema solar, baianas com
asas, capacetes e antenas.

Ovacionada na Praça da Apoteose, a escola de Padre Miguel fechou seu desfile, deixando o
público com a certeza de ter realizado uma apresentação histórica. O samba antológico,
cantado até hoje por gerações que sequer haviam nascido na época, aponta que, mesmo que
tenha passado 34 anos, a emoção desse campeonato é sentida por muitos até hoje. Esse é o
tempo de Kairos, não são meses, nem anos, mas o momento mágico e inesquecível do que se
viveu!
404
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Em 1991, a Mocidade, com o enredo sobre as águas, desenvolvido pelos carnavalescos


Renato Lage e Lílian Rabello, lutava pelo bicampeonato. Inebriada pelo “Vira Virou”, outro
carnaval antológico do ano anterior, os corações Independentes se emocionaram com a
comissão de frente e seus mergulhadores com escafandros em uma evolução que parecia ser
feita debaixo d’água. A Alegoria “Planeta Água”, um globo terrestre com um feto boiando
no líquido uterino, também marcou a história do carnaval carioca. Foi “uma overdose de
alegria, num dilúvio de felicidade”, foi um momento sagrado.

É tempo de concluir...

O tempo cronológico indomável foi sendo decifrado, dividido, compreendido. A tecnologia


e a arte, patronas de Zeus, trouxeram novas armas para vencer a finitude. O mito de Aíôn
nos ajuda a repensar a memória física seja dos museus, das bibliotecas, das nuvens de
informação e dos bunkers com sementes que se propõem a ser guardiões de um legado
importante para a humanidade.

O amor, outra arma para vencer o tempo, através de Kairos, nos ensina que existem
momentos que se cristalizam na alma e se tornam inesquecíveis. Eles presentificam
emoções passadas e nos fazem esquecer as horas.

Cronos tem pressa - 75 minutos para desfilar. Cronos é o início, o meio e o fim. Aíôn é a
uma fantasia guardada com carinho, objeto que vence a temporalidade. Kairos é Aladim
voando na avenida, é o tempo inesquecível da felicidade, é o coração acelerado, lembranças
eternas de um momento mágico!

O desfile da Mocidade nos convida a pensar que, mais do que conquistar o tempo,
precisamos ter paz de espírito; mais do que dinheiro, tempo é vida; e um último segredo:
“não é contando o tempo, que se ganha a vida, é justamente esquecendo as horas que você se
lembra de aproveitar a vida…. e a vida, sim, é mais importante que tudo! Podem acreditar...
eu sou o Tempo: tempo é vida!”

André Luís Junior

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Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

ROTEIRO DO DESFILE
Comissão de Frente
A MÁQUINA DO TEMPO DO CARNAVAL:
“EU CONTO O TEMPO PARA TE VER
PASSAR”

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Marcinho Siqueira e Cristine Caldas
A CENTELHA DIVINA

Ala 01 – Baianas
EVOLUÇÃO: NO INÍCIO, ERA CAOS

Alegoria 01
CRONOS: SENHOR DA RAZÃO E SUA
FÁBRICA DO TEMPO

Ala 02 – Grupo Performático / Comunidade


O SOL E A LUA: O BAILADO DOS
ASTROS NO “RAIAR DE UM NOVO DIA”

Ala 03 – Ala Sensação


PRIMAVERA:
“EU COLHI A FLOR DA IDADE”

Ala 04 – Comunidade
VERÃO: “DIA DE LUZ, FESTA DO SOL”

Ala 05 – Ala do Sol


OUTONO: TEMPO DE RENOVAÇÃO

Ala 06 – Ala Mostrando Minha Identidade


INVERNO: OS ESPÍRITOS DA
NATUREZA ADORMECIDA

Destaque de Chão (Musa da Comunidade)


Andressa Marinho
ESTRELAS DO INFINITO

406
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Alegoria 02
URANO: NO RAIAR DE UM NOVO DIA,
A DANÇA DO UNIVERSO

Ala 07 – Ala Maiorais do Samba


CLEPSIDRA: FLUIDEZ DO TEMPO

Ala 08 – Comunidade
CALENDÁRIO EGÍPCIO: TEMPO DO SOL

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira


Jeferson Pereira e Bruna Santos
OS ASTROS E A MESOPOTÂMIA

Ala 09 – Comunidade
CALENDÁRIO MESOPOTÂMICO:
TEMPO DA COLHEITA

Ala 10 – Ala Estrela de Luz


CALENDÁRIO CHINÊS:
TEMPO QUE TRAZ EQUILÍBRIO

Ala 11 – Comunidade
CALENDÁRIO MAIA:
ANIMAIS E O TEMPO CÍCLICO

Alegoria 03
CALENDÁRIOS: DEIXA O TEMPO MARCAR

Ala 12 – Comercial
RELÓGIOS RENASCENTISTAS:
O TEMPO É UMA JOIA RARA

Ala 13 – Comunidade
RELÓGIO CUCO: O TEMPO COMO
INSPIRAÇÃO DA NATUREZA

Ala 14 – Comunidade
SANTOS DUMONT: NOVOS TEMPOS,
NOVAS TECNOLOGIAS...

407
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Destaque de Chão – Musa


Tássia Flores
NO CAMPASSO DO TEMPO

Ala 15 – Passistas
A PRESSA: O TEMPO VOA...

Rainha da Bateria
Camila Silva
BELA TENTAÇÃO

Ala 16 – Bateria
TEMPO É DINHEIRO: VAMOS DAR
CORDA NA ALEGRIA

Ala 17 – Comunidade
ESCRAVOS DO TEMPO: PRISIONEIROS
DE NÓS MESMOS

Ala 18 – Comunidade
TEMPOS MODERNOS: O TEMPO QUE
NOS CONSOME E NOS DESFIGURA

Alegoria 04
TEMPOS MODERNOS:
O CONTRATEMPO DA ILUSÃO

Ala 19 – Ala Impossíveis


EINSTEIN: O TEMPO É RELATIVO

Ala 20 – Comunidade
BIBLIOTECAS: GUARDIÃS DA
CULTURA

Ala 21 – Grupo Performático / Comunidade


MÚMIAS E MUSEUS:
GUARDIÕES DA ETERNIDADE

Ala 22 – Comunidade
MEMÓRIA NAS NUVES: GUARDIÕES
MODERNOS DA INFORMAÇÃO
408
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

Ala 23 – Comercial
SEMENTES: “RELICÁRIO DA
MEMÓRIA” DA BIODIVERSIDADE

Destaque de Chão – Musa


Lexa
CRISTAL GELADO DA VIDA

Alegoria 05
CONGELANDO O TEMPO: RELICÁRIO DA
MEMÓRIA CULTURAL E BIOLÓGICA

Ala 24 – Grupo Performático / Comunidade


IRÔKO: O ORIXÁ DO TEMPO DIVINO

Ala 25 – Ala Vivo Mocidade


O COSMO E A ESTRELA: A LUZ QUE
GUIA UM AMOR ATEMPORAL

Ala 26 – Comunidade
MOCIDADE 1979: DESCOBRIMENTO
DO BRASIL – “QUEM ME DERA O
PONTEIRO VOLTAR”

Ala 27 – Comunidade
MOCIDADE 1985: AVANÇANDO NO
TEMPO – “TEMPO QUE FAZ A VIDA
VIRAR SAUDADE”

Ala 28 – Comunidade
MOCIDADE 1991: AS ÁGUAS VÃO
ROLAR – “NUNCA É TARDE PARA
SONHAR”

Ala 29 – Compositores
SEMENADO A POESIA

Alegoria 06
MOCIDADE: NOS TRILHOS DA VIDA

409
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Alexandre Louzada
Nº Nome da Alegoria O que Representa
01 “CRONOS: SENHOR DA Cronos, rei dos titãs, senhor do tempo, rege os destinos e
RAZÃO E SUA FÁBRICA DO tudo transforma. Através de um túnel do tempo, Cronos,
TEMPO” em sua cosmogonia, cria as estrelas, símbolo da
Mocidade, constelação de nossas vitórias.
Pegasus, o cavalo alado da mitologia, símbolo da
imortalidade, reforça a fugacidade da vida, mostra que
tudo passa, menos o tempo!
As engrenagens da alegoria representam a fábrica do
tempo: inexpugnável, sequencial, cronológico.
Todo Independente tem uma relação com Cronos, traz no
peito a marca do tempo, a eterna juventude que se chama
Mocidade!
Destaque Central Baixo: Elza Soares
Fantasia: Estrela Maior, a Luz que Inebria
Semi-destaques sobre as asas frontais: Mensageiros do
Universo
Composições Masculinas: Fabricantes do Tempo
Composições Performáticas nos pêndulos: Fabricantes
do Tempo

02 “URANO: NO RAIAR DE UM Urano, o Deus grego do Céu, pai de Cronos,


NOVO DIA, A DANÇA DO simbolicamente traz o sol e a terra em suas mãos.
UNIVERSO” Os povos primitivos perceberam a dança dos astros e
planetas, o bailado entre o dia e a noite, notaram os
ciclos de temperatura variáveis. Por conta disso,
desenvolveram noções de tempo, válidas até hoje,
baseadas na observação da natureza e dos seus
fenômenos que se sucedem de forma permanente.
Destaque Central Baixo: Regina Marins
Fantasia: Senhora da Via Láctea
Destaque Central Alto: Rodrigo Leocádio
Fantasia: Urano, Patriarca do Infinito
Composições: Galáxias

410
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Alexandre Louzada
Nº Nome da Alegoria O que Representa

03 “CALENDÁRIOS: DEIXA O As civilizações antigas sentiram necessidade de


TEMPO MARCAR” orientar a vida em comunidade, precisavam se
preparar para a colheita, oferecer sacrifícios, realizar
rituais. Com objetivo de situar esses povos no tempo,
foram criados os primeiros calendários, com forte
apelo mítico simbólico, esses mecanismos se
baseavam, principalmente, na observação do espaço,
no olhar atento à lua e ao sol.
Estruturado a partir da conjunção do mês lunar com o
ano solar, os sumérios, povos da mesopotâmia, foram
um dos precursores na criação dos calendários. Os
Maias, por outro lado, criaram um complexo sistema
de calendários simbólicos em que cada mês recebia o
nome de um animal. Os chineses, em seu calendário,
consagravam o ano do dragão, símbolo da fertilidade,
como o momento em que as forças “yin e yang”
traziam harmonia para o universo.
Marque a data de hoje no seu calendário para você
nunca mais esquecer desse dia!

Destaque Central Baixo: Elaine Lima


Fantasia: Estrela Fugaz

Destaque Central Alto: Marcos Leroy


Fantasia: Tempo Mítico do Dragão – Calendário
Chinês

Semi-destaques laterais frontais: Calendário


Lunissolar

Composições: Sacerdotes Maias

411
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Alexandre Louzada
Nº Nome da Alegoria O que Representa

04 “TEMPOS MODERNOS: O Vivemos em uma época de contradições. Temos todo


CONTRATEMPO DA tempo do mundo, mas não temos tempo para nada.
ILUSÃO” Estamos sempre apressados, atrasados e impacientes.
Nos vangloriamos em estar super ocupados,
produzindo muito, mas nos esquecemos do tempo do
descanso e da paz interior.
Depois de inventarmos inúmeros artifícios para poupar
o tempo e facilitar nossas vidas, nos tornamos
escravos da tecnologia.
Como se fôssemos “engolidos” pelas engrenagens,
como previsto por Chaplin em Tempos Modernos,
permitimos que a automação coloque fim a vários
empregos, ao mesmo tempo que, destruímos as
relações pessoais. As gaiolas representam o tempo que
nos aprisiona e nos consome. A alegoria nos convida a
pensar sobre as ilusões e os contratempos da
Modernidade.

Destaque Central Baixo: Leandro Palma


Fantasia: Tempos Modernos

Destaque Central Médio: Daiana Soliman


Fantasia: Engrenagens do Tempo

Destaque Central Alto: Amaro


Fantasia: Desmedido Coração

Semi-destaques laterais: Homens-máquinas

Composições nas gaiolas: Prisioneiros do Tempo

Composições Performáticas: Autômatos

412
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Alexandre Louzada
Nº Nome da Alegoria O que Representa

05 “CONGELANDO O TEMPO: A Modernidade aponta novos caminhos para lutar


RELICÁRIO DA MEMÓRIA contra a ideia da finitude.
CULTURAL E BIOLÓGICA” Um gigantesco armazém fortificado no interior de uma
montanha de gelo na Noruega armazena cópias de
documentos importantes do mundo inteiro, além de
todos os tipos de sementes que devem ser conservadas
para a preservação da biodiversidade.
O Svalbard Global é um bunker que espera proteger a
memória cultural do mundo e preservar a diversidade
da flora para as futuras gerações. Os alces, símbolo
Viking da imortalidade, compõem o cenário da
Noruega.
É a tecnologia lutando contra o tempo para
conservação da vida na Terra, triunfo de Aiôn sobre
Cronos.

Destaque Central Médio: Chichita Ballore


Fantasia: Congelando para a Eternidade

Destaque Central Alto: Ingrid Marrone


Fantasia: Guardiã da Vida

Composições: Aurora Glacial

413
Abre-Alas – G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel – Carnaval/2019

FICHA TÉCNICA

Alegorias

Criador das Alegorias (Cenógrafo)


Alexandre Louzada
Nº Nome da Alegoria O que Representa

06 “MOCIDADE: Quem embarca nos trens da estação “Mocidade de


NOS TRILHOS DA VIDA” Padre Miguel” sabe que esse espaço mágico, conduz a
uma viagem no tempo, travessia que nos leva para
além da realidade e nos transforma em deuses da folia.
Todo coração Independente sabe que “a hora é essa”,
hora de vencer o tempo, resgatar as lembranças
guardadas na memória, vivenciar os momentos
apoteóticos da escola. Para eternizar esse desfile, a
Velha Guarda, representação máxima da tradição e do
amor à Mocidade, mesmo “já não caminhando tão
depressa” aponta os caminhos rumo à apoteose.
Assim, Cronos, aquele que tudo destrói, é ludibriado
por kairos, o tempo da lembrança e da felicidade.

Destaque Central Baixo: Tia Nilda


Fantasia: Guardando a nossa Identidade

Destaque Central Alto: Rafaela Louzada


Fantasia: Relicário Independente

Destaque Central Alto: Roger Linhares (Filho do


saudoso Toco)
Fantasia: Olha Aí, o Teu Guri

Composições Especiais: Velha-Guarda


Fantasia: Eterna Mocidade

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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 01
Central Baixo: Elza Soares Cantora
Fantasia: Estrela Maior, a Luz que Inebria

Alegoria 02
Central Baixo: Regina Marins Empresário
Fantasia: Senhora da Via Láctea

Central Alto: Rodrigo Leocádio Hair Stylist


Fantasia: Urano, Patriarca do Infinito

Alegoria 03
Central Baixo: Elaine Lima Empresária
Fantasia: Estrela Fulgaz

Central Alto: Marcos Leroy Maquiador


Fantasia: Tempo Místico do Dragão

Alegoria 04
Central Baixo: Leandro Palma Empresário
Fantasia: Tempos Modernos

Central Médio: Daiane Soliman Empresária


Fantasia: Engrenagens do Tempo

Central Alto: Amaro Empresário


Fantasia: Desmedido Coração

Alegoria 05
Central Baixo: Chichita Ballore Empresária
Fantasia: Congelando para a Eternidade

Central Alto: Ingrid Marrone Empresária


Fantasia: Guardiã da Vida

Alegoria 06
Central Alto: Tia Nilda Baianada da Mocidade
Fantasia: Guardando a Nossa Identidade

415
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FICHA TÉCNICA

Alegorias

Nomes dos Principais Destaques Respectivas Profissões

Alegoria 06
Central Alto: Rafaela Louzada Chef de Cozinha
Fantasia: Relicário Independente

Destaque Central Alto: Roger Linhares Cantor


Fantasia: Olha Aí, o Teu Guri

Local do Barracão
Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 10 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Barracão
José Roberto Neri Ramos
Ferreiro Chefe de Equipe Carpinteiro Chefe de Equipe
Vilson Robinho
Escultor(a) Chefe de Equipe Pintor Chefe de Equipe
Alex Salvador Alex Salvador
Eletricista Chefe de Equipe Mecânico Chefe de Equipe
Márcio de Oliveira Silva Roosevelt
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Gabriel Haddad - Projetos Artísticos, Gráficos e Técnicos das Alegorias

Luciano Furtado - Aderecista Chefe

Bolinha e equipe - Laminação e Fibra / Empastelação

Alex Salvador e equipe - Movimento

Tom (Empresa KnowHow) - Iluminação / Efeitos Especiais

Ricardo - Técnico em Segurança de Trabalho

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Alexandre Louzada
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

01 Evolução: No No início era o caos, o vazio Ala das Tia Nilda


Início, era Caos primordial anterior à criação. O Baianas
Caos cria Gaia, a mãe de Cronos, o (1958)
tempo.
As baianas da Mocidade
Independente de Padre Miguel
representam, simbolicamente, o
início de tudo, o momento em que a
ordem ainda não havia sido imposta
aos elementos do mundo. Tudo era
escuro como as trevas, mas em
EVOLUÇÃO constante até a criação
do mundo.

02 O Sol e a Lua: O Do caos, nasce a luz, o Sol, estrela Grupo Harmonia


Bailado dos central do sistema solar, responsável Performático /
Astros no “Raiar direto pela vida na terra, pelos Comunidade
de um Novo Dia” fenômenos meteorológicos, pelas (1958)
estações do ano. O Sol e a Lua,
“guardiã das marés”, se tornaram os
marcadores primordiais do tempo.
As civilizações antigas, ao
perceberem a dança dos astros, o
bailado entre a luz e a treva, o dia e
a noite se repetindo constantemente,
foram desenvolvendo as primeiras
noções de tempo válidas até hoje.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Criador(es) das Fantasias (Figurinistas)


Alexandre Louzada
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

03 Primavera: “Eu Primavera, etimologicamente, é o Ala Sensação Waldir Castro


Colhi a Flor da primeiro verão, estação da (1973)
Idade’ abundância, das flores e das cores.
Simbolicamente, é a estação da
esperança e da renovação.
Os povos antigos, ao observarem a
sucessão de períodos quentes e frios,
intercalados por períodos mais
amenos, desenvolveram a percepção
do ciclo das estações do ano. A
expressão “completar primaveras”
significa fazer aniversário, como
afirma nosso samba é “colher a flor
da idade”, celebrar a vida

04 Verão: “Dia de A estação da luz, do calor, da vida Comunidade Harmonia


Luz, Festa de pulsando. Os dias são mais longos, (1958)
Sol” as noites mais curtas. Populações
privadas do calor, durante boa parte
do ano, festejam o verão como a
estação da felicidade e da saúde.
Calendários agrícolas, na
antiguidade, demarcavam a chegada
do verão como uma das datas mais
importantes do ano.

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Alexandre Louzada
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

05 Outono: Tempo Outono, estação que sucede o verão, Ala do Sol João Luiz
de Renovação as folhas amareladas começam a (2018)
cair em sinal de que tudo precisa de
renovação, os frutos amadurecem
porque tudo está em constante
mudança. Em tempos antigos, era
época de agradecer pela colheita e se
preparar para o inverno que
chegaria.

06 Inverno: Os A estação mais fria do ano é a época Ala Mostrando Ale e


Espíritos da em que a natureza está adormecida. Minha Marquinho
Natureza Os povos antigos usavam os dias de Identidade
Adormecida inverno para programar o plantio na (2018)
primavera e o tempo de fertilizar o
solo.
Esses povos invocavam os espíritos
da natureza para pedir proteção para
os próximos anos.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

07 Clepsidra: A clepsidra ou relógio de água é um Ala Maiorais Valdir Mallet


Fluidez do antigo sistema criado pelo homem do Samba
Tempo para medir o tempo. Trata-se de um (1963)
dispositivo movido à força
hidráulica que funciona por
gravidade.
Embora existam registros de
"clepsidra" na história de diversos
povos, a origem do termo vem de
duas palavras gregas (kleptein –
ocultar; e hydôr - água). Acredita- se
que os gregos, mais do que criar o
mecanismo, foram responsáveis por
aperfeiçoar seu funcionamento
durante séculos. A fantasia traz
jarros de água em alusão a esse
relógio.

08 Calendário Muitos anos antes de Cristo, os Comunidade Harmonia


Egípcio: Tempo egípcios desenvolveram uma (1958)
do Sol sociedade que nos legou muitos
conhecimentos na astronomia e na
engenharia. Observando os astros,
eles elaboraram um calendário solar
composto de 12 meses, cada um
com 30 dias. Imagina-se que a razão
dos egípcios de criarem tal
calendário deva-se à necessidade de
se preparar para a época de plantio
nas imediações do Rio Nilo.

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Alexandre Louzada
DADOS SOBRE AS FANTASIAS DE ALAS
Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala
09 Calendário Os povos da Mesopotâmia também Comunidade Harmonia
Mesopotâmico: sentiram necessidade de organizar a (1958)
Tempo da vida, particularmente as atividades
Colheita agrícolas, em função do tempo. Por
conta disso, desenvolveram um
calendário lunissolar, articulando o
mês lunar com um ano solar. O
calendário era bastante preciso para
a época, uma vez que era
fundamental não apenas para
orientar a vida econômica e social
dos povos da Mesopotâmia como
também deveria enquadrar, com
rigor, a época do plantio e da
colheita.
O dourado da fantasia remete ao sol,
símbolo sagrado do povo. As outras
cores da fantasia fazem referência ao
anoitecer já que o calendário era
lunissolar.

10 Calendário Calendário lunissolar e astronômico, Ala Estrela de Alexandre


Chinês: Tempo baseado nas fases da lua. Luz Abreu
que Traz Cada ano recebe o nome de um dos (1988)
Equilíbrio 12 animais do horóscopo chinês
(galo, cão, porco, rato, búfalo, tigre,
gato, dragão, serpente, cavalo, cobra
e macaco). A cada 3000 anos, ocorre
o ano do Dragão - momento em que
a sabedoria chinesa acredita que as
energias yin e yang encontram
harmonia e a transferem para o
universo.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

11 Calendário A Civilização Maia criou um Comunidade Harmonia


Maia: Animais e complexo sistema de calendários (1958)
o Tempo Cíclico baseado na lua, no sol e no planeta
Vênus. O tempo para os Maias era
visto de forma circular, de modo que
um evento ocorrido no passado se
repetiria ao infinito, tal qual as
estações do ano.
Extremamente simbólico, nesse
calendário, cada mês recebia o nome
de um animal. A presença de
cabeças estilizadas de animais ajuda
a compor a fantasia.

12 Relógios O relógio mecânico foi uma das Comercial Harmonia


Renascentistas: grandes invenções renascentistas. A (1958)
O Tempo é uma partir das descobertas de Galileu
Joia Rara Galilei, relógios de pêndulo e de
bolso foram sendo aperfeiçoados e
se tornaram símbolo da alta
aristocracia, como joias raras para
registrar a passagem do tempo.
Catedrais europeias como Notre-
Dame, em Estrasburgo, na
Alemanha, ostentam relógios
renascentistas ricamente ornados de
dourado.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

13 Relógio Cuco: O O relógio cuco surgiu na Alemanha, Comunidade Harmonia


Tempo Como por volta do século XVII, na região (1958)
Inspiração da da Floresta Negra.
Natureza Um artesão, enquanto fabricava
relógios entalhados em carvalho,
ouvia os pássaros nativos sempre
cantando no mesmo horário. Por
conta disso, ele resolveu usar a
imagem do pássaro-cuco saindo, a
cada hora exata, para cantar.

14 Santos Dumont: Conta a lenda que Santos Dumont, o Comunidade Harmonia


Novos Tempos, pai da aviação, comentou com o (1958)
Novas amigo Louis Cartier sobre a
Tecnologias... dificuldade de, em pleno voo, ver
seu relógio de bolso. Cartier
apresentou uma solução para Santos
Dumont: utilizando uma pulseira de
couro, fez o protótipo do relógio de
pulso moderno.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

15 A Pressa: O Vivemos uma vida de urgência Ala de George


Tempo Voa... constante. Temos todo tempo do Passistas Louzada
mundo, mas não temos tempo para (1958)
nada. Vivemos apressados e
atrasados. Os passistas da Mocidade
Independente de Padre Miguel
representam essa loucura da vida
moderna. As engrenagens e os
relógios criados para nos ajudar,
acabam nos consumindo. As asas da
fantasia nos lembram que o tempo
voa.
Os passistas têm pressa... de ir para
o samba e pressa para ver sua escola
desfilar com todo tempo do mundo.

16 Tempo é Nos tempos modernos, fomos todos Bateria Mestre Dudu


Dinheiro: Vamos transformados em bonequinhos de (1958) Oliveira
dar Corda na cordas, robôs que buscam aumentar
Alegria a performance do trabalho em
menos tempo para gerar mais lucro.
Repetimos a máxima “Tempo é
dinheiro”, mas esquecemos que
tempo é vida. A bateria da
Mocidade Independente de Padre
Miguel nos alerta para não
perdermos o melhor do tempo que é
viver com tranquilidade.

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Nome da O que Nome da Responsável

Fantasia Representa Ala pela Ala

17 Escravos do A mitologia nos lembra que Cronos Comunidade Harmonia


Tempo: “devora” seus filhos - essa imagem (1958)
Prisioneiros de representa o quanto nos subjugamos
Nós Mesmos ao tempo.
O homem que se julga livre do jugo
da escravidão; discorre sobre a
liberdade, muito embora não
perceba o quanto é escravizado pelo
tempo. Sem tempo para nada,
deixamos de viver a vida de forma
tranquila; quando nos damos conta,
o tempo passou.
A fantasia, com correntes gaiolas,
elementos de tortura, é a
representação da prisão “criada” por
esse senhor inexorável e cruel: o
tempo.

18 Tempos Nos tempos modernos, ficamos com Comunidade Harmonia


Modernos: O a imagem criada pelo cinema, em (1958)
Tempo que Nos que um operário se despersonaliza
Consome e Nos em face de uma indústria impiedosa
Desfigura que visa apenas ao lucro e faz dele
alguém sem rosto, caveira cuja
função é trabalhar sempre e vencer o
tempo. O mesmo fogo que
transforma o aço das fábricas nos
desfigura. Ser moderno deveria ser
sinônimo de ser humano... o segredo
do tempo não está nas horas que
passam, mas no tempo que fica...

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19 Einstein: O Contrariando a ideia do tempo Ala Maria Tereza


Tempo é linear, cronológico, o físico alemão Impossíveis
Relativo Albert Einstein afirma que o (1969)
conceito de tempo (passado,
presente e futuro) é apenas uma
ilusão. Para ele, a ideia de presente
só possui significado como ponto de
referência para um observador,
dependendo de seu movimento.
Seguindo as leis da relatividade,
acontecimentos, em lugares muito
distantes entre si, podem estar no
futuro para determinada pessoa, e no
passado para outra. Por isso, não faz
sentido dividir o tempo em passado,
presente e futuro.
Einstein, em nossa perspectiva,
personificação do Deus Aíôn,
desconstrói a ideia de um tempo
contínuo, retilíneo e traz um novo
olhar à ideia do tempo. A fantasia
brinca com a imagem do físico
divertido, cheio de partículas e
teorias.

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Fantasia Representa Ala pela Ala
20 Bibliotecas: Os documentos, os papiros e os Comunidade Harmonia
Guardiãs da livros guardados em bibliotecas são (1958)
Cultura um registro atemporal que nos ajuda
a entender nosso passado e,
consequentemente, nos prepara para
o futuro. Mesmo antes do advento
dos livros, os registros feitos em
argila e compilados em bibliotecas
antigas ajudaram a compreender as
civilizações assíria, babilônica e
persa. A Biblioteca de Alexandria,
no Egito, por exemplo, chegou a ter
700 mil papiros.
Manter a história viva, seja através
de livros ou de documentos, é um
dos caminhos para se vencer o
tempo.

21 Múmias e Assim como as bibliotecas, os Grupo Harmonia


Museus: museus, através de seus acervos, Performático /
Guardiões da preservam a história das Comunidade
Eternidade civilizações. (1958)
Uma múmia, usada aqui como
representação do museu, simboliza a
eternidade. Atualmente, o mais
antigo cadáver humano mumificado
(naturalmente) tem cerca de 6000
anos. Seja de forma natural ou não,
as múmias representam mais uma
artimanha de ludibriar o tempo.
Os museus, ao conservarem um
acervo histórico, se convertem em
guardiões da história. É nesse
momento em que Aiôn, o Deus da
Eternidade, trapaceia seu avô
Cronos!

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Fantasia Representa Ala pela Ala

22 Memória nas O conceito de computação em Comunidade Harmonia


Nuvens: nuvem ou nuvem de informação (1958)
Guardiões refere-se ao processo de
Modernos da armazenamento de dados através de
Informação serviços, que poderão ser acessados
de qualquer lugar do mundo.
Essa nova ferramenta da era digital,
bem como as bibliotecas e os
museus, armazena informações de
uma grandeza incalculável -
acredita- se que de forma eterna.
Mais uma vez, a tecnologia ludibria
o tempo que pensa tudo poder
devorar.

23 Sementes: O Svalbard Global Seed Vault é um Ala Comercial Harmonia


“Relicário da gigantesco armazém fortificado no (1958)
Memória” da interior de uma montanha de gelos
Biodiversidade eternos na Noruega. Nesse bunker,
são preservados todos os tipos de
sementes, tudo aquilo que deve ser
conservado para a preservação da
biodiversidade.
Como uma “Arca de Noé”, o Global
Seed espera proteger a diversidade
da flora para as futuras gerações.
É a tecnologia lutando contra o
tempo para a conservação da vida na
Terra.

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Fantasia Representa Ala pela Ala
24 Irôko: O Orixá Irôko é um orixá cultuado no Grupo Harmonia
do Tempo Divino Candomblé do Brasil, ligado à Performático /
longevidade, à durabilidade das Comunidade
coisas. (1958)
A representação desse orixá remete
à árvore primordial - primeira
dádiva da terra aos homens. Irôko é
a própria representação da dimensão
do Tempo, tal qual sua contraparte
mitológica Kairós, ele é o tempo
divino, infinito, tempo da
oportunidade.
Irôko tem como arma o ferro que
aponta as direções do tempo. A
fantasia apresenta a palha, símbolo
da resistência e cabaças, conhecidas
como igbás, responsáveis pela
preservação da memória dos
fundamentos dos orixás.

25 O Cosmo e a Cosmo - do grego antigo Ala Vivo Marcos


Estrela: A Luz organização, harmonia - é termo que Mocidade Vinícius
que Guia um designa o universo em seu conjunto. (2008)
Amor Atemporal Pitágoras, o primeiro a utilizar o
vocábulo, entendia o cosmo como
Universo, se referindo ao
firmamento de estrelas.
Nosso universo é Independente,
guiado pela estrela de luz. Nossa
paixão eterna e atemporal é a
Mocidade, capaz de gerar um amor
que vai além do tempo. Esse é o
momento simbólico de encontro
entre o Tempo e a Mocidade
Independente de Padre Miguel.

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26 Mocidade 1979: Tem momentos que desafiam o Comunidade Harmonia


Descobrimento tempo e permanecem na memória (1958)
do Brasil- coletiva. Em 1979, a Mocidade
“Quem me Dera Independente de Padre Miguel
o Ponteiro conquistava seu primeiro título com
Voltar” o enredo “O descobrimento do
Brasil”, de Arlindo Rodrigues. A
ala estilizada representa os
navegantes da Escola de Sagres.
Esse foi um daqueles momentos
inesquecíveis - o mar e as cores da
Mocidade entraram em perfeita
sintonia. Virou lenda, história,
recordação! Vitória de Kairós, o
tempo inesquecível da felicidade
sobre Cronos, o tempo mensurado.

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Fantasia Representa Ala pela Ala

27 Mocidade 1985: Quando a Mocidade, em 1985, Comunidade Marcos


Avançando no desfilou seu enredo futurista, (1958) Vinícius
Tempo- “Tempo “Ziriguidum 2001 - um carnaval
que Faz a Vida nas estrelas”, levou o samba para o
Virar Saudade” espaço sideral e fez literalmente “o
universo sambar”. O carnavalesco
Fernando Pinto trouxe alegorias
representando o sistema solar,
baianas com asas, capacetes e
antenas.
Ovacionada na Praça da Apoteose, a
escola de Padre Miguel fechou seu
desfile, deixando o público com a
certeza de ter realizado uma
apresentação histórica. O samba
antológico é cantado até hoje por
gerações que sequer haviam nascido
na época. Trinta e quatro anos se
passaram. Não tem tempo que
apague a emoção desse campeonato.
A fantasia faz uma releitura desse
carnaval e nos lembra que Kairós
vai muito além do tempo em si, ele é
momento mágico e inesquecível do
que se viveu!

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FICHA TÉCNICA

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Fantasia Representa Ala pela Ala

28 Mocidade 1991: O enredo sobre as águas, Comunidade Harmonia


As Águas vão desenvolvido pelos carnavalescos (1958)
Rolar - “Nunca é Renato Lage e Lílian Rabello, quase
Tarde para 30 anos depois, ainda arranca
Sonhar” suspiros daqueles que se lembram
da comissão de frente com
mergulhadores e seus escafandros
cuja evolução fazia todos
acreditarem que eles estavam
debaixo d’água. Tentáculos de polvo
compõem o clima do mar. Foi “uma
overdose de alegria, num dilúvio de
felicidade”, a fantasia faz uma
releitura desse momento “sagrado”,
inesquecível.

29 Semeando a Um enredo sobre o tempo presta sua Ala dos Domenil


Poesia devida homenagem àqueles que, Compositores
“semeando a poesia”, fazem, dos (1958)
sambas, verdadeiras obras de arte.
Os compositores, através de obras
magistrais, são capazes de ludibriar
Cronos, vencer a temporalidade e
emocionar gerações. Se o tempo é o
compositor do destino, esses poetas
encantam nossas vidas e trazem na
alma a Identidade Independente. Os
grandes nomes da escola são
lembrados na fantasia dos
compositores.

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FICHA TÉCNICA

Fantasias

Local do Atelier
Rua Rivadávia Correa, nº. 60 – Barracão nº. 10 – Gamboa – Rio de Janeiro – Cidade do Samba
Diretor Responsável pelo Atelier
Anderson Alves
Costureiro(a) Chefe de Equipe Chapeleiro(a) Chefe de Equipe
Dailze de Fátima Anderson Alves, Bruno Marques, João Ramiro,
Guilherme Ferreira, Murilo Moura, Leandro de
Souza e Layone Ventura
Aderecista Chefe de Equipe Sapateiro(a) Chefe de Equipe
Anderson Alves, Bruno Marques, João Ramiro, Sr. José
Guilherme Ferreira, Murilo Moura, Leandro de
Souza, Layone Ventura.
Outros Profissionais e Respectivas Funções

Bill Oliveira - Arte Finalista dos Figurinos

Alexandre Abreu - Arame

Alex Salvador e equipe - Pintura de Arte

João Carlos - Placas de Acetato

William - Espuma

Outras informações julgadas necessárias

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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Autor(es) do Samba- Jefinho Rodrigues, Diego Nicolau, Marquinho Índio, Jonas


Enredo Marques, Richard Valença, Roni Pitstop, Orlando Ambrósio e
Cabeça do Ajax
Presidente da Ala dos Compositores
Domenil Santos
Total de Componentes da Compositor mais Idoso Compositor mais Jovem
Ala dos Compositores (Nome e Idade) (Nome e Idade)
110 Nilton da Caranga Richard Valença
(cento e dez) 75 anos 26 anos
Outras informações julgadas necessárias
Olha lá, menino tempo
Tenho tanto pra contar
Era eu guri pequeno
Pés descalços, meu lugar
Quando um “toco” de verso (ôôô)
Semeou a poesia (ê laiá)
Eu colhi a flor da idade
Vi na minha mocidade
O raiar de um novo dia
Baila no vento, deia o tempo marcar
Nas viradas dessa vida vou seguir meu caminhar
Ah! Quem me dera o ponteiro voltar
E reencontrar o mestre na Avenida
Desmedido coração
No contratempo dessa ilusão
Ora machuca, ora “cura dor”
Do meu destino, compositor
Tempo que faz a vida virar saudade
Guarda minha identidade
Independente relicário da memória
Padre Miguel, o teu guri já não caminha tão
depressa
Mas nunca é tarde pra sonhar
Vamos lá, a hora é essa!
Senhor da razão, a luz que me guia
Nos trilos da vida, escolhi amar
Estrela maior, a luz que inebria
Eu conto o tempo pra te ver passar

434
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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

JUSTIFICTIVA DO SAMBA-ENREDO

A MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL, em 2019, se debruça sobre o tempo:


seu tempo, nosso tempo.

Os gregos antigos tratavam o tempo como uma divindade a partir de três conceitos: Cronos, Aiôn
e Kairós.

Cronos refere-se ao tempo cronológico, sequencial, mensurado, associado ao movimento linear da


vida.

O narrador do samba, já tendo vivido muito tempo, olha para dentro de si, “guri pequeno, pés
descalços”, se lembra e se reencontra com sua Mocidade - sua paixão, amor que nem o tempo
poderá apagar.

Esse narrador da Velha Guarda revisita sua memória:

OLHA LÁ, MENINO TEMPO


TENHO TANTO PRA CONTAR
ERA EU, GURI PEQUENO
PÉS DESCALÇOS,
MEU LUGAR
QUANDO UM “TOCO” DE VERSO (ÔÔÔ)
SEMEOU A POESIA (Ê LAIÁ)
EU COLHI A FLOR DA IDADE
VI NA MINHA MOCIDADE
O RAIAR DE UM NOVO DIA

As palavras “toco”, “semear”, “colher a flor”, “raiar de um novo dia” remetem à natureza, ao ciclo
da vida, às estações do ano, ao tempo de plantar e colher.

No meio dessas palavras que brotam, mais do que demarcar o tempo cronológico, que passa e
tudo transforma, a expressão “toco de verso” é referência e homenagem àquele que marcou a
história da Mocidade, ANTÔNIO DO ESPÍRITO SANTO, o TOCO, artífice das palavras, exímio
compositor da escola.

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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

BAILA NO VENTO, DEIXA O TEMPO MARCAR


NAS VIRADAS DESSA VIDA, VOU SEGUIR MEU CAMINHAR
DESMEDIDO CORAÇÃO
NO CONTRATEMPO DESSA ILUSÃO
ORA MACHUCA, ORA “CURA DOR”
DO MEU DESTINO, COMPOSITOR
Como todos nós, dependentes dos relógios que MARCAM O TEMPO, dos PONTEIROS que
controlam nossas vidas e nos aprisionam NO CONTRATEMPO DA ILUSÃO, o narrador, NAS
VIRADAS DA VIDA, SEGUINDO O SEU CAMINHAR, reflete sobre esse “Deus titânico”,
tempo que, como o VENTO, leva, traz, ORA MACHUCA, ORA “CURA DOR” *.
É o tempo que compõe, traz ritmo, faz e desfaz nossas histórias... do nosso destino é o
“compositor”.
Quando chega a saudade, a mitologia nos apresenta Aiôn, neto de Cronos, tempo da eternidade,
arte que faz a vida não se perder nas páginas do tempo.

TEMPO QUE FAZ A VIDA VIRAR SAUDADE


GUARDA MINHA IDENTIDADE
INDEPENDENTE RELICÁRIO DA MEMÓRIA
Vencer o tempo cronológico através dos museus, das bibliotecas, das nuvens de informação ou
dos bunkers, que guardam as sementes para serem plantadas no futuro, como O Svalbard Global
Seed Vault da Noruega *¹, é um artifício para preservar identidades “em relicários da memória,
arte de vencer o tempo físico e buscar a eternidade através da tecnologia.
Nesse ir e vir, obviamente nosso narrador se refere, com muita frequência, à sua Mocidade, e seu
desejo de voltar no tempo, ouvir as paradinhas do Mestre André.

AH! QUEM ME DERA O PONTEIRO VOLTAR


E REENCONTRAR O MESTRE NA AVENIDA
O samba, que se inicia com o “menino tempo” e termina com o “senhor da razão”, mostra que o
tempo, mais do que companheiro da travessia, é a própria vida; e vivê-la com qualidade deveria
ser nosso maior ensinamento.
Nosso narrador “Velha Guarda” dialoga com Padre Miguel, aqui transformado em uma das
personificações do tempo, aquele que se assenhora de nossa emoção e de nossa razão. Reconhecer
que o tempo não para é perceber não apenas que o “guri já não caminha tão depressa”, mas saber
que permanecemos jovens enquanto tivermos a capacidade de sonhar.

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FICHA TÉCNICA

Samba-Enredo

Outras informações julgadas necessárias

PADRE MIGUEL, O TEU GURI JÁ NÃO CAMINHA TÃO DEPRESSA


MAS NUNCA É TARDE PRA SONHAR
VAMOS LÁ, A HORA É ESSA
Como no grito de guerra “Independente”, nos damos conta de que “a hora é essa” Mocidade, hora
de vencer o tempo, de resgatar as lembranças da “estrela maior, dessa paixão que inebria”.
Vivenciar os momentos apoteóticos da escola, eternizar cada desfile magistral é o triunfo de
Kairós, deus do tempo oportuno, sobre Cronos.
Cada um que embarca nos trens da estação “Mocidade de Padre Miguel” sabe que é conduzido,
NOS TRILHOS DA VIDA, por uma LUZ QUE GUIA - viagem real, viagem no tempo, travessia
que nos leva para além da realidade e, por algumas horas, nos transforma em deuses da folia.
A Mocidade, este ano, escolheu, mais do que horas, contar o Tempo, um enredo sobre as infinitas
facetas desse Senhor da razão, tempo de plantar e colher, tempo que aprisiona nos ponteiros do
relógio, mas, sobretudo, tempo de esquecer as horas e viver a felicidade. Contamos as histórias do
tempo para revivermos nossa história, proporcionar o encontro entre a infância e a maturidade
através do olhar da Mocidade.
Tempo é vida... Dá tempo de ser feliz! A hora é essa!

EU CONTO O TEMPO PRA TE VER PASSAR... MOCIDADE

OBSERVAÇÕES:

* O termo “cura dor” evidencia o poder do tempo em solucionar conflitos e trazer tranquilidade.
Por outro lado, “curador “se refere a tudo aquilo que tem o poder de cuidar, preservar e manter
algo. No recorte do enredo, o tempo, através dos netos de Cronos, Aiôn guardião da eternidade
física e Kairos, guardião dos momentos felizes, é capaz de preservar fatos, objetos ou lembranças
e nos fazer ver que nem tudo é finito. O tempo se comporta logo como curador.

*¹ Svalbard Global Seed Vault é um gigantesco armazém fortificado no interior de uma montanha
de gelo eterno, na Noruega. Nesse bunker, são preservados todos os tipos de sementes, tudo
aquilo que deve ser conservado para a preservação da biodiversidade.

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FICHA TÉCNICA

Bateria

Diretor Geral de Bateria


Mestre Dudu Oliveira
Outros Diretores de Bateria
Alan, Gom, Bixo, Eugênio, Hebert, Leandro, Milton e Lázaro
Total de Componentes da Bateria
265 (duzentos e sessenta e cinco) componentes
NÚMERO DE COMPONENTES POR GRUPO DE INSTRUMENTOS
1ª Marcação 2ª Marcação 3ª Marcação Reco-Reco Ganzá
13 13 14 0 0
Caixa Tarol Tamborim Tan-Tan Repinique
82 0 36 0 36
Prato Agogô Cuíca Pandeiro Chocalho
1 10 24 0 36
Outras informações julgadas necessárias

Rainha da Bateria – Camila Silva


Fantasia: Bela Tentação

Nossa rainha Camila Silva representa a tentação da humanidade em busca de riquezas. Em harmonia
com a fantasia da bateria, “Tempo é dinheiro”, demonstra a cobiça do ser humano em apreciar cada
vez mais riquezas conquistadas e/ou invejadas no dia-a-dia. “Deveríamos nos preocupar mais em
guardar as boas lembranças e não apenas em acumular dinheiro” - é o recado de nossa Rainha!

Justificativa da Fantasia da Bateria


Fantasia: Tempo é Dinheiro: Vamos dar Corda na Alegria

Nos tempos modernos, fomos todos transformados em bonequinhos de cordas, robôs que buscam
aumentar a performance do trabalho em menos tempo para gerar mais lucro. Repetimos a máxima
“Tempo é dinheiro”, mas esquecemos que tempo é vida. A bateria da Mocidade Independente de
Padre Miguel nos alerta para não perdermos o melhor do tempo que é viver com tranquilidade.

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FICHA TÉCNICA

Harmonia

Diretor Geral de Harmonia


Wallace Capoeira
Outros Diretores de Harmonia
Dino Madeira, Alemão e Sandro
Total de Componentes da Direção de Harmonia
52 (cinquenta e dois) componentes
Puxador(es) do Samba-Enredo
Wander Pires
Instrumentistas Acompanhantes do Samba-Enredo
Diretor Musical e Cavaco – André Félix
Violão – Rafael Paiva
Cavaco – Leandro Paiva e Jota Junior
Percussão – Celso do Pandeiro
Outras informações julgadas necessárias

Apoio – Carro de Som (Voz):


• Roni Caetano
• Rodrigo Santos
• Benson
• Valdir Junior
• Débora Cruz
• Viviane Santos
• Milena Wainer

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FICHA TÉCNICA

Evolução

Diretor Geral de Evolução


Marco Antonio Marino
Outros Diretores de Evolução
Wallace Capoeira e Gabriel Azevedo
Total de Componentes da Direção de Evolução
53 (cinquenta e três) componentes
Principais Passistas Femininos
Luanda Araújo e Raquel Oliveira
Principais Passistas Masculinos
Michel Rhuim e Brayan Laurind
Outras informações julgadas necessárias

Coordenador da Ala de Passistas – George Louzada

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FICHA TÉCNICA

Informações Complementares

Vice-Presidente de Carnaval
Marco Antonio Marino
Diretor Geral de Carnaval
Marco Antonio Marino
Outros Diretores de Carnaval
-
Responsável pela Ala das Crianças
-
Total de Componentes da Quantidade de Meninas Quantidade de Meninos
Ala das Crianças
- - -
Responsável pela Ala das Baianas
Tia Nilda
Total de Componentes da Baiana mais Idosa Baiana mais Jovem
Ala das Baianas (Nome e Idade) (Nome e Idade)
80 Edméia Fonseca Gleice Borges
(oitenta) 82 anos 28 anos
Responsável pela Velha-Guarda
Hermano Mulato (Seu Mulato)
Total de Componentes da Componente mais Idoso Componente mais Jovem
Velha-Guarda (Nome e Idade) (Nome e Idade)
65 Maria Emília Fábio Coelho
(sessenta e cinco) 90 anos 42 anos
Pessoas Notáveis que desfilam na Agremiação (Artistas, Esportistas, Políticos, etc.)
Camila Silva (Modelo e Atriz), Lexa (Cantora), Maria Borges (Modelo Internacional) e Elza
Soares (Cantora)
Outras informações julgadas necessárias

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FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Responsável pela Comissão de Frente


Jorge Texeira e Saulo Finelon
Coreógrafo(a) e Diretor(a)
Jorge Texeira e Saulo Finelon
Total de Componentes da Componentes Femininos Componentes Masculinos
Comissão de Frente
15 * *
(quinze)
Outras informações julgadas necessárias

* OBS.: O corpo de baile da comissão de frente é composto por 21 bailarinos (15


componentes masculinos e 06 componentes femininos).

Em todas as apresentações teremos somente 15 componentes aparentes, ou seja, os demais


estarão dentro do Elemento Cenográfico.

Representação da Comissão de Frente

A máquina do tempo do Carnaval: “eu conto o tempo para te ver passar”


Tempo, tempo, tempo. Há tempo de plantar, tempo de colher, tempo de sambar e de viver, tempo
de sonhar. Nos devaneios, o cientista, um misto de carnavalesco e sambista, sonha com uma
máquina singular que faça “avançar no tempo” e também “o ponteiro voltar”.
Que máquina é essa que traz o passado diante dos olhos? Que mecanismo é esse que traz
lembranças da Mocidade, “nos trilhos da vida”, na travessia de Padre Miguel até os palcos do
mundo? E agora avançamos no tempo, o que vemos? Homens ou carros? Máquinas para homens
ou homens máquina?
A Comissão de Frente da Mocidade Independente de Padre Miguel encena uma viagem de
reencontro com o passado até a previsão de um futuro em que, cada vez mais, o homem vai
perdendo a autonomia e se aproximando da automação.
A apresentação nos convida a revisitar o passado e repensar os contratempos do futuro. Não
queremos ser máquinas, queremos continuar estrelas, Independentes e cheios de luz. A Mocidade,
em 2019, conta a história do tempo, o embate do homem com Cronos, o deus que tudo destrói.
Nessa caminhada, a escola reencontra sua própria história, relicário da memória. Todo
Independente já traz no peito a marca da temporalidade, no nome, a eterna juventude: Mocidade!
O carnaval é nossa máquina do tempo, magia que nos faz avançar, retroceder, nos faz rever,
prever e viver a história de forma plena.

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FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Jorge Texeira é formado em Educação Artística, pela Faculdade de Formação Profissional


Integrada, e em Música, pela Escola de Música Villa-Lobos. Iniciou na dança, em 1987, na Escola
de Dança Hortência Mollo. Diretor Artístico da Cia. Brasileira de Ballet e Fundador do
Conservatório Brasileiro de Dança e da ONG Ciranda Carioca, Jorge Texeira se destaca ao
utilizar metodologia própria de ensino, o que lhe rendeu prêmios, como: “Moção de
Congratulações”, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro; “Melhor Espetáculo” e “Menção
Honrosa”, pela Prefeitura de Cabo Frio; “Moção Aplauso”, pela Prefeitura do Carmo; “Prêmio
Cultura Nota 10”, pela Secretária de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro; “Prêmio Dedicación”,
pelo XIII Certamen Internacional de Danzas, “Danzamérica 2007”, na Argentina; “Prêmio de
Melhor Maitre”, pelo V Fest Dance 3; Prêmio “Especial de Melhor Grupo”, em 2008 e 2009, no
Festival de Dança de Joinville. Atuou como professor convidado de companhias profissionais,
como: Studio de Ballet Tatiana Leskova, Cia. de Ballet da Cidade de Niterói, Deborah Colker Cia.
de Dança, Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e Ballet Nacional Dell Sódre
(Montevidéu); prestou consultoria e supervisão de cursos de ballet clássico nas escolas: Ballet da
Ilha de Vila Velha, Espírito Santo; Escola de Dança da Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte,
Minas Gerais; Escola Municipal de Bailados de Ourinhos, Ourinhos, São Paulo. Hoje atua como
Diretor Artístico e Pedagógico da Escola Municipal de Bailados de Ourinhos e é
professor/ensaiador convidado do Ballet Nacional de Sodré, em Montevidéu, Uruguai, sob a
direção de Julio Bocca. Tem sido premiado com seus alunos nos principais festivais de dança do
mundo, tais como: Youth América Grand Prix, New York, EUA; Prix de Lausanne, Suiça;
International Ballet Competition, Beijing, China; New York Ballet Competition, EUA; Mônaco
Danse Fórum, Mônaco; USA/IBC International Ballet Competition, Jackson. Orgulha-se de ter
formado bailarinos que atuam em grandes companhias, pelas Américas e Europa. Desde 2007,
assina como coreógrafo a Comissão de Frente de Escolas de Samba do Grupo Especial do
Carnaval do Rio de Janeiro, atualmente no G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel. No
ano de 2011, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor Comissão de Frente do Grupo B do
Carnaval Carioca.

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FICHA TÉCNICA

Comissão de Frente

Outras informações julgadas necessárias

Saulo Finelon iniciou seus estudos de ballet, em 1994, na Escola de Danças Maria Olenewa.
Ingressou no Grupo Thalhe, em 1995, passando a ter aulas com o professor Jorge Texeira. Em
1996, foi aprovado para a Cia de Ballet da Cidade de Niterói, onde atuou como solista do ballet
“Caminhada”, do coreógrafo Rodrigo Moreira. Em 1997, foi aprovado em audição pública para o
Corpo de Baile do TMRJ, atuando como solista em vários espetáculos, tais como “Suíte em
Blanc”, de Lifar; “Divertssments No 5”, de Ballanchine; “Les Pressages”, de Massine; “Daphinis
e Cloé” de Fokine; “Amigos de Copélia”, de Henrique Martinez. Ensaiou sob a orientação de Jean
Yves Lourmaux (etóile da Ópera de Paris), então diretor do TMRJ, o primeiro papel de Príncipe
Desirée, do ballet “A Bela Adormecida”, de Marius Petipa. Em 2001, atuou como solista em: “As
Quatro Estações”, com música de Verdi e coreografia de Gustavo Malojoli; “A Megera Domada”,
de John Cankro, no papel de Inocêncio; “O Quebra-Nozes”, de Dallal Achcar. Integra o elenco da
Cia Brasileira de Ballet como bailarino convidado, desde a sua reestreia, em 2001. Em 2002, foi
aprovado como Bailarino Estatutário do TMRJ. A partir de 2003, passou a atuar como
assistente/ensaiador do professor Jorge Texeira, nas companhias de Ballet da Escola Petite Danse
e na Cia Brasileira de Ballet. Atuou como assessor artístico do Conservatório Brasileiro de Dança,
desde a sua inauguração, em 2007, até 2011. Desde 2004, é modelo exclusivo das grifes
internacionais de artigos de dança e fitness “Só Dança”, “Kerche&Kerche” e “Trinys”, atuando
como bailarino/modelo em desfiles do evento “Fashion Rio”. No filme “A Dona da História”, de
Daniel Filho, dançou com as atrizes Débora Falabella e Fernanda Lima. Nos anos de 2008, 2009 e
2010, participou, como bailarino convidado da Cia. Brasileira de Ballet, de diversas turnês
internacionais, pelas seguintes cidades: Mônaco, Miami e Nova York (EUA), Beijing (China) e
Córdoba (Argentina). Desde 2007, é assistente do coreógrafo Jorge Texeira, nas coreografias
Comissão de Frente de Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, como Portela,
Grande Rio e, atualmente, para a Mocidade Independente de Padre Miguel. No ano de 2011,
recebeu o Prêmio Plumas e Paetês, pela Melhor Comissão de Frente do Grupo B do Carnaval
Carioca.

OBS: Jorge Teixeira e Saulo Finelon são os coreógrafos campeões do carnaval carioca de 2017
com a Mocidade Independente. Foram os criadores da coreografia que embalou o voo mágico do
Aladdin pela Sapucaí!

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

1º Mestre-Sala Idade
Marcinho Siqueira 26 anos
1ª Porta-Bandeira Idade
Cristiane Caldas 34 anos
2º Mestre-Sala Idade
Jeferson Pereira 21 anos
2ª Porta-Bandeira Idade
Bruna Santos 21 anos
Outras informações julgadas necessárias

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Nome da Fantasia: A Centelha Divina

Criação do Figurino: Alexandre Louzada

Confecção: Atelier Aquarela Carioca

Representação:
O primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel
representa a centelha divina, encontro cósmico de partículas, momento em que todas as forças
favoráveis do universo se reuniram para tornar possível a realidade. A ciência chamou esse
fenômeno de Big Bang; a religião, de Deus; a mitologia, de Cosmogonia.
Simbolizando o milagre da vida, o encontro atemporal que cria o universo, nosso casal encena a
explosão cósmica, a concepção do mundo.

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FICHA TÉCNICA

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Outras informações julgadas necessárias

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Nome da Fantasia: Os Astros e a Mesopotâmia

Criação do Figurino: Alexandre Louzada

Confecção: Murilo Moura

Representação:
O segundo casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel
representa a importância dos astros para a sociedade mesopotâmica. A astrologia, como
conhecemos hoje, é tributária dos povos que habitaram essa região. A construção do conceito de
tempo está ligada diretamente a essa paixão em observar o céu e tentar entender seus mistérios. O
sol e a Lua, serviram de inspiração para que esses povos desenvolvessem um dos primeiros
calendários do mundo, com 12 meses, 30 dias, algo bastante preciso para época. O roxo, símbolo
do poder entre os povos da Mesopotâmia, na fantasia, também representa o anoitecer. O dourado,
representação para o sol, também compõe a fantasia.

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