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Outra interpretação: tristeza, tristeza infinita por causa dos pecados das
criaturas do Senhor, é o que sentimos ao ler a história dessa infeliz
Margarida, essa she devil tentando se passar por santa. A monstra está
cuidando de suas ovelhas, quer dizer, as almas dos seres humanos que
os demônios mantém presas nos cárceres infernais. Seu pai o diabo a
envia para seu mestre Lúcifer, e ela concebe ódio por seu pai, porque vê
que pelo sacrifício de Cristo e pela misericórdia divina as almas dos
justos que estavam presas são libertadas. Numa suprema aposta pelo
poder e pela glória ela decide se tornar uma mártir, revoltada por causa
da grande decadência do reino de seu mestre, que já não tem o direito
de manter presas as almas dos justos que por permissão da justiça divina
ele mantia encarceradas. Margarida exibe a fúria e a loucura próprias
dos demônios. É muito triste, triste demais, mas essas criaturas em seu
louco orgulho e presunção revoltaram-se de tal maneira contra seu
criador que nunca encontrarão, por nenhuma reparação, uma maneira
de que seus pecados sejam perdoados. Sua malícia é tão profunda, tão
arraigada, que não merecem que Deus procure seus pecados em seu
zelo para que sejam curados. Margarida desafia seus mestres, repreende
demônios piores do que ela, mas companheiros de queda, consegue que
o Senhor faça milagres por ela, como quando venceu o dragão que a
havia engolido, e numa loucura final, tenta levar o infeliz Malcho para o
inferno dos anjos caídos, dizendo: assim terás parte comigo. Roguemos
para que essa infeliz não encontre um inferno tão horrível quanto o de
outros, mas que seja companheira de Lázaro, Abraão e outros “santos”.
Porque se diz que Abraão está no inferno, ou no limbo, a parte mais
amena do inferno? Existiu homem tão famoso, que fizesse tantas boas
obras? Porque ele estaria no limbo, senão porque é parte da queda dos
anjos, daqueles que conseguiram manter uma aparência de aves
brancas, como Sem o filho de Noé, também chamado Melchizedek? Esse
mundo é o palco do julgamento dessas criaturas, e é nesse nosso mundo
que eles voltam pelo mesmo caminho em que se rebelaram no céu,
transformando Lúcifer e Satanás em messias. Lá eles eram os pobres, os
injustiçados, os tiranizados pelo poder de Deus, mas nesse mundo eles
demonstram o que são realmente, quem são os verdadeiros tiranos.
Quem não vê na história dessa infeliz uma reedição da queda dos filhos
de Zebedeu, que quiseram ser como Deus e desceram vivos para o
inferno? Deus queira que não encontremos outras mártires, irmãs dessa
infeliz, culpadas dos mesmos pecados.