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EMÉRITOS JULGADORES
“Não cabe ao juiz estabelecer exceção não criada pela lei, de forma
que estão excluídos todos os delitos violentos ou com grave
ameaça, ainda que comportem penas de pouca duração. No caso
da lesão corporal dolosa – leve, grave ou gravíssima (pouco
importando se de ‘menor potencial ofensivo’ ou não) – para efeito
de aplicação da substituição da pena, não mais tem cabimento a
restritiva de direitos. O juiz, em caso de condenação, poderá
conceder o sursis ou fixar o regime aberto para cumprimento.” 1
1
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 342.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 395.
Ademais, importa observar que após a edição da Lei
9.714/1998, que alterou o caput do artigo 46 do Código Penal, não é mais possível
a substituição por prestação de serviços à comunidade em condenações inferiores
a 6 (seis) meses de privação de liberdade.
Explica NUCCI:
3
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007, p. 351.
A jurisprudência sobre a matéria não se encontra
consolidada, entretanto, o Parquet filia-se ao entendimento de que a substituição
por restritiva de direitos não é admissível, podendo ser concedida a suspensão
condicional da pena.
TJMS -
- N. - . J. 13/12/2010
Relator - Exmo. Sr. .
E M E N T A – APELAÇÃO CRIMINAL – RECURSO
MINISTERIAL – LEI MARIA DA PENHA – DESCONSTITUIÇÃO
DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
POR RESTRITIVA DE DIREITOS – VEDAÇÃO EXPRESSA NO
ART. 44, I, DO CP, E ART. 41, DA LEI 11.343/06 – SUSPENSÃO
CONDICIONAL DA PENA – ART. 77 DO CP – CONCESSÃO –
RECURSOS PROVIDOS.
É incabível a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos quando o crime é praticado com
violência ou grave ameaça à pessoa, por expressa disposição
do art. 44, I, do Código Penal, bem como do art. 41, da Lei
11.343/06, que veda a incidência da Lei 9.099/95, nos crimes
cometidos no âmbito doméstico e familiar contra a mulher.
O sentenciado que preenche os requisitos do artigo 77, I a III,
do Código Penal, sendo primário, com circunstâncias
judiciais favoráveis e condenação inferior a 02 (dois) anos,
faz jus à suspensão condicional da pena.
TJMS -
- N. - . J. 10/02/2011
Relator - Exmo. Sr.
EM E N T A – APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME DE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – PRELIMINAR OBJETIVANDO A
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – REJEITADA –
VEDAÇÃO DO ART. 41 DA LEI MARIA DA PENHA –
ABSOLVIÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – PROVAS ROBUSTAS –
CULPABILIDADE COMPROVADA – RECURSO IMPROVIDO.
A preliminar objetivando a suspensão condicional do processo
deve ser rejeitada, vez que a Lei Maria da Penha proíbe
expressamente os benefícios da Lei n. 9.099/95, os quais são
destinados para os crimes de menor potencial ofensivo.
Quanto ao mérito, mesmo com a negativa de autoria, pode o
agente ser condenado por crime de violência doméstica, quando as
provas em contrário demonstram que ele agrediu sua
companheira de habitação, cuja violência vem demonstrada pelo
elenco probatório.
APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA – INSURGIMENTO CONTRA A APLICAÇÃO
DE PENA RESTRITIVA – PROCEDÊNCIA – CRIME
COMETIDO COM VIOLÊNCIA – VEDAÇÃO DO ART. 44, I,
DO CP – PRETENDIDA APLICAÇÃO DO SURSIS –
POSSIBILIDADE – RECURSO PROVIDO.
I - Nos crimes de violência doméstica, por sua própria natureza,
não cabe a aplicação de penas restritivas de direito face o óbice
contido no inc. I do artigo 44 do Código Penal.
II - Preenchidos os requisitos legais, deve ser aplicado o sursis aos
condenados por crimes decorrentes de violência doméstica, nos
termos do artigo 77 do Código Penal.
PREQUESTIONAMENTO
PEDIDO