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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL

CONSULTA (11551) - 0600206-84.2020.6.17.0000 - Petrolina - PERNAMBUCO


RELATOR: Desembargador CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES

CONSULENTE: MIGUEL DE SOUZA LEAO COELHO

Advogados do(a) CONSULENTE: DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO - PE23101, MARIA STEPHANY DOS SANTOS -
PE36379

EMENTA

EMENTA. CONSULTA. ELEIÇÕES 2020. CONDUTA VEDADA AOS


AGENTES PÚBLICOS. ART. 73, VII, DA LEI N.º 9.504/97. PUBLICIDADE
INSTITUCIONAL VOLTADA À INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E
ORIENTAÇÃO DA POPULAÇÃO. ART. 37, § 1º, CF/88. PANDEMIA DO
COVID-19. CALAMIDADE PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO
DO LIMITE LEGAL DE GASTOS. NÃO CABIMENTO DE
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.

1. Na forma do previsto no art. 73, inciso VII, da Lei das Eleições, é vedado aos
agentes públicos, durante o primeiro semestre do ano eleitoral, realizar despesas
com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos
no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito.

2. Diante do estado de calamidade pública, motivado pela pandemia do


COVID-19 – novo coronavírus, alega o consulente que os gastos com publicidade
institucional seriam superiores ao mesmo período dos anos anteriores, em virtude
da necessidade de intervenção do executivo municipal na orientação da população
sobre isolamento social, redução das interações sociais e horário de
funcionamento de estabelecimentos.

3. Ao contrário do previsto em outros artigos, a Lei n.º 9.504/97 não previu


qualquer exceção para o seu art. 73, inciso VII, de forma que não cabe a adoção
de interpretação extensiva e, ato contínuo, o afastamento do comando legal.
Precedentes jurisprudenciais no mesmo sentido.

Assinado eletronicamente por: CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES - 26/06/2020 17:36:47 Num. 5165661 - Pág. 1
https://pje.tre-pe.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20062616241550300000004902128
Número do documento: 20062616241550300000004902128
4. Conhecimento e resposta à consulta nos seguintes termos: Os gastos com
publicidade institucional, voltada à informação, educação e orientação da
população acerca do COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no
art. 73, inciso VII, da Lei n.º 9.504/97.

ACORDAM os membros do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, por maioria, REJEITAR A QUESTÃO PREJUDICIAL
LEVANTADA PELO DES. WASHINGTON AMORIM e, no mérito, por unanimidade, CONHECER da consulta, para responder
ao consulente que os gastos com publicidade institucional, voltada à informação, educação e orientação da população acerca do
COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no art. 73, inciso VII, da Lei n.º 9.504/97, expedindo-se Ofício-Circular
aos Juízes Eleitorais, dando-lhes ciência do inteiro teor da presente decisão, nos termos do voto do Relator.

Recife, 19/06/2020

Relator CARLOS FREDERICO GONÇALVES DE MORAES

Assinado eletronicamente por: CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES - 26/06/2020 17:36:47 Num. 5165661 - Pág. 2
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Número do documento: 20062616241550300000004902128
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE PERNAMBUCO

GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA

Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes

CONSULTA Nº 0600206-84.2020.6.17.0000

CONSULENTE: MIGUEL DE SOUZA LEÃO COELHO

Advogado do CONSULENTE: DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO, OAB/PE N.º 23.101 e MARIA
STEPHANY DOS SANTOS, OAB/PE N.º 36.379

RELATOR: DES. CARLOS FREDERICO GONÇALVES DE MORAES

RELATÓRIO

Trata-se de consulta, formulada pelo Prefeito do Município de Petrolina/PE, Miguel de Souza Leão
Coelho, consulente já qualificado nos autos, nos seguintes termos:

Os gastos com publicidade institucional voltada à informação, educação e


orientação da população (art. 37, § 1º da CF/88), diante da pandemia do
COVID-19 podem ser excluídos da regra delineada no art. 73, VII, da Lei Geral
das Eleições (Lei Federal 9.504/1997)?

Nos termos do art. 130, do RITRE/PE, os autos foram remetidos à Procuradoria Regional Eleitoral, a
qual, por intermédio do Parecer n.º 10.668/2020/PRE (ID 4790111), argumentou, em síntese, que não há
previsão legal de dispensa de observância da norma do art. 73, VII, da Lei 9.504/1997, opinando, nesse
sentido, pelo conhecimento e resposta negativa à consulta.

É o Relatório.

Recife,19 de Junho de 2020.

Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes

Vice-Presidente

Relator

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Número do documento: 20061909571877700000004548328
EMENTA. CONSULTA. ELEIÇÕES 2020. CONDUTA VEDADA AOS
AGENTES PÚBLICOS. ART. 73, VII, DA LEI N.º 9.504/97. PUBLICIDADE
INSTITUCIONAL VOLTADA À INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E
ORIENTAÇÃO DA POPULAÇÃO. ART. 37, § 1º, CF/88. PANDEMIA DO
COVID-19. CALAMIDADE PÚBLICA. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO
DO LIMITE LEGAL DE GASTOS. NÃO CABIMENTO DE
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.

1. Na forma do previsto no art. 73, inciso VII, da Lei das Eleições, é vedado aos
agentes públicos, durante o primeiro semestre do ano eleitoral, realizar despesas
com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos
no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito.

2. Diante do estado de calamidade pública, motivado pela pandemia do


COVID-19 – novo coronavírus, alega o consulente que os gastos com publicidade
institucional seriam superiores ao mesmo período dos anos anteriores, em virtude
da necessidade de intervenção do executivo municipal na orientação da população
sobre isolamento social, redução das interações sociais e horário de
funcionamento de estabelecimentos.

3. Ao contrário do previsto em outros artigos, a Lei n.º 9.504/97 não previu


qualquer exceção para o seu art. 73, inciso VII, de forma que não cabe a adoção
de interpretação extensiva e, ato contínuo, o afastamento do comando legal.
Precedentes jurisprudenciais no mesmo sentido.

4. Conhecimento e resposta à consulta nos seguintes termos: Os gastos com


publicidade institucional, voltada à informação, educação e orientação da
população acerca do COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no
art. 73, inciso VII, da Lei n.º 9.504/97.

Assinado eletronicamente por: CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES - 26/06/2020 17:36:44 Num. 4920961 - Pág. 1
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Número do documento: 20061909571879700000004661678
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE PERNAMBUCO

GABINETE DA VICE-PRESIDÊNCIA

Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes

CONSULTA Nº 0600206-84.2020.6.17.0000

CONSULENTE: MIGUEL DE SOUZA LEÃO COELHO

Advogado do CONSULENTE: DELMIRO DANTAS CAMPOS NETO, OAB/PE N.º 23.101 e MARIA
STEPHANY DOS SANTOS, OAB/PE N.º 36.379

RELATOR: DES. CARLOS FREDERICO GONÇALVES DE MORAES

VOTO

1. DO CONHECIMENTO DA PRESENTE CONSULTA

Desde já, cumpre consignar que, a teor do art. 30, inciso VIII, do Código Eleitoral, compete aos Tribunais
Regionais, privativamente, “responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, por
autoridade pública ou partido político”.

O conhecimento de consulta nos Tribunais Regionais está condicionado à presença cumulativa de três
requisitos: a) pertinência do tema (matéria eleitoral); b) questão em tese; e c) legitimidade do consulente.

Na hipótese epigrafada, observa-se que tais requisitos foram devidamente atendidos pelo interessado,
visto que se trata de uma Autoridade Pública, qual seja, Prefeito Municipal de Petrolina/PE, e de consulta
sobre matéria eleitoral em abstrato, atinente, inclusive, à questão de alta relevância pública.

Atendida à legislação supracitada, bem como ao Regimento Interno deste Tribunal, conheço a presente
consulta, pelo que passo, adiante, a analisá-la.

2. DA ANÁLISE SOBRE A POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DOS GASTOS COM PUBLICIDADE


INSTITUCIONAL, VOLTADA À INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E ORIENTAÇÃO DA POPULAÇÃO
(ART. 37, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL) DA REGRA DELINEADA NO ART. 73, INCISO
VII, DA LEI GERAL DAS ELEIÇÕES DE N.º 9.504/97, DIANTE DA PANDEMIA DO COVID-19.

A Constituição Federal inaugurou a abordagem sobre o tema no seu art. 37, § 1º, que assim dispõe:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:

(...)

Assinado eletronicamente por: CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES - 26/06/2020 17:36:43 Num. 4812261 - Pág. 1
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Número do documento: 20060110243114500000004557578
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

Como se vê, preocupou-se o legislador constituinte em eleger princípios, buscando, de um lado, conferir
unidade e coerência ao Direito Administrativo e, de outro, permear as atividades administrativas dos entes
federativos. Dentre tais princípios, elencou o da publicidade.

Acerca deste último, fixou a Carta Magna diretrizes para a sua veiculação, determinando que a
publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos seja pautada pelo
cunho educativo, informativo ou de orientação social, sendo vedada a menção a nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

A Lei n.º 9.504/97, que estabelece normas para as Eleições, traz disposições que configuram condutas
vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais. Assim o fez, visando assegurar igualdade de
oportunidades entre os candidatos e, por conseguinte, resguardar a lisura e a legitimidade dos pleitos.

Nesse diapasão, estabeleceu em seu art. 73, inciso VII, limite de gastos à veiculação de publicidade no
primeiro semestre do ano eleitoral, nos seguintes termos:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes
condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos
pleitos eleitorais:

(...)

VII – realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com


publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das
respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos
gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito.

Assim, no primeiro semestre do ano eleitoral, a citada publicidade institucional é permitida dentro do teto
imposto pelo comando legal, qual seja, a média de valores dispendidos no primeiro semestre dos três
últimos anos que antecedem o pleito.

Apresentadas as previsões legais acerca do tema, é de se verificar as informações trazidas a lume pelo
Consulente.

Pois bem.

Como destacado na exordial da presente Consulta, a Organização Mundial de Saúde declarou emergência
de saúde pública de importância internacional, em decorrência do surto do vírus Sars-Cov-2, o que foi
seguido pela recente declaração de pandemia. Ainda, medidas também restaram tomadas pelo Ministério
da Saúde no sentido de declaração de emergência em saúde pública de importância nacional e do estado
de transmissão comunitária do coronavírus (Covid-19). Tudo isso culminou na decretação do estado de
calamidade pública pelo Congresso Nacional, pela Assembléia Legislativa de Pernambuco e pelo
Município de Petrolina/PE, consoante, respectivamente, o Decreto Legislativo n.º 06/20, do Decreto
Legislativo Estadual n.º 36/20 e dos Decretos Municipais n.ºs 011, 012, 013, 017, 018, 020, 025, 030 e
034/20.

E dessa situação emergiria, segundo se relata, a imperiosa necessidade de intervenção do executivo


municipal na orientação da população – sobre isolamento social, redução das interações sociais e horário
de funcionamento de estabelecimentos - e, consequentemente, os gastos com publicidade institucional
seriam superiores ao mesmo período dos anos anteriores

Assinado eletronicamente por: CARLOS FREDERICO GONCALVES DE MORAES - 26/06/2020 17:36:43 Num. 4812261 - Pág. 2
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Número do documento: 20060110243114500000004557578
Realmente, é nesse cenário calamitoso, que adentra a relevância da publicidade institucional, já que,
conforme prescreve a Lei Maior, a sua atuação é dirigida ao caráter educativo, informativo ou de
orientação social. Eis os nortes que devem balizar a atuação do gestor público, a fim de que a informação
seja disseminada da melhor e mais eficiente maneira voltada a atender aos anseios públicos.

Não obstante, se, por um lado, é certo que o Poder Executivo há de adotar medidas – dentre as
quais se pode inserir a publicidade -, com vistas a prevenir, como também potencializar e otimizar o
combate ao coronavírus, não menos certo é que tais necessidades não são suficientes para afastar a
observância aos ditames legais.

Observe-se que, conforme registrado pela Procuradoria Regional Eleitoral, o art. 73, inciso VI, alínea “b”,
da Lei n.º 9.504/971, embora preveja a vedação nos 3 (três) meses anteriores ao pleito eleitoral, de
autorização de publicidade institucional dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou, ainda,
das respectivas entidades da administração indireta, tal regra geral é, expressa e literalmente,
excepcionada na hipótese de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça
Eleitoral.

Na mesma linha, encontra-se o art. 73, inciso X, da Lei n.º 9.504/972 que também exclui da proibição de
distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, no ano eleitoral,
os casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já
em execução orçamentária no exercício anterior.

O mesmo não ocorre com a vedação desenhada no supratranscrito inciso VII, objeto de análise nesta
Consulta. Veja-se que aqui, o texto legal não previu qualquer hipótese que excepcione o regramento
proibitivo.

O fato de o legislador eleitoral prever exceções na Lei das Eleições - à guisa das já transcritas neste
voto -, e não o fazer no seu art. 73, inciso VII, remete à conclusão de que tal omissão não adveio de
mero esquecimento, mas sim da finalidade para a qual se engendrou a norma. Ou seja, quando
entendeu por relevante a previsão de exceção, assim o fez o legislador eleitoral.

E isso é suficiente para se afastar eventual interpretação extensiva do artigo ora analisado, já que o
seu cabimento teria lugar caso o intérprete constatasse que a intenção da lei seria dizer mais. É que,
como é sabido, a extensão da interpretação é ditada pela análise em torno do sentido da norma, sob
pena de se por em xeque o seu escopo maior.

Gisele Leite no seu artigo “Apontamentos Iniciais sobre a interpretação das leis”, bem elucida o conceito
da interpretação extensiva. Veja-se:

A extensiva ou ampliativa é aquela segundo a qual a fórmula legal é menos


ampla do que a mens legislatoris deduzida. Também a interpretação extensiva
ocorre a partir da mens legislatoris dentro dos limites moderados e cientificamente
plausíveis e adapta essa intenção do autor da norma às novas exigências da
realidade social.3:

Dessarte, como o normativo ora analisado é claro e preciso, sem excepcionar a hipótese da consulta, não é
dado a esta Justiça Especializada inovar onde a lei não o fez, considerando, principalmente, que a
interpretação da norma não aponta para a plausibilidade de ampliação do espírito legal com a criação de
exceção não prevista na Lei n.º 9.504/97. Assim também se manifestou a Procuradoria Regional Eleitoral:
“fazer uso da interpretação extensiva para criar hipótese de exceção não prevista em lei extrapola os
limites decisórios do Poder Judiciário”.

De outro giro, em que pese o entendimento de que o acréscimo de exceção aos gastos publicitários não se
coadunaria com a intenção da lei, ainda que se argumentasse acerca da necessidade de adaptação da

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Número do documento: 20060110243114500000004557578
norma às novas exigências da realidade social, não vejo uma situação em que a população se encontre
hipossuficiente seja de informações, seja de orientações, seja de conscientização no que diz respeito
à pandemia que assola o mundo.

Isso porque a mídia está centrada – diria que quase inteiramente – às matérias concernentes ao
novo vírus. Desde o primeiro ao último canal aberto televisivo, de amplo acesso da sociedade, o
tema é COVID-19. A população está, portanto informada acerca desse assunto, desde o
acompanhamento de entrevistas com gestores da área de saúde, o pronunciamento de ocupantes de
cargos do Executivo sobre as providências que estão sendo tomadas, o esclarecimento de dúvidas
até as variadas estatísticas atinentes ao vírus.

Assim, não deixa o Município de ser, efetiva e indiretamente, auxiliado por esse papel que a mídia
assumiu frente à sociedade. Somado a isso, não é desprezível lembrar que se afigura possível a
realização de publicidade por baixo custo, justamente aquela promovida por intermédio das redes
sociais.

Entendo, pois, que ao Município cabe – obviamente sob o manto da discricionariedade atribuída ao
gestor público -, dentre as ferramentas que lhe são disponibilizadas, balancear as despesas
publicitárias, priorizando a publicidade informativa, orientativa, educativa das ações de saúde em
detrimento dos demais temas.

Tudo isso é corroborado, ainda, pelo fato de que a publicidade institucional influencia a disputa e
se, empregada de forma abusiva, põe-se em risco o almejado princípio igualitário da contenda
eleitoral.

Sobre essa matéria, restou formulado, muito recentemente, junto ao Tribunal Regional Eleitoral de
São Paulo/SP, o pedido de autorização de nº 0600005-41.2020.6.26.0227, oriundo do Município de
Cotia/SP, requerendo, com base no art. 73, da Lei n.º 9.504/97 “a exclusão das despesas com a
publicidade institucional voltada ao combate à pandemia do COVID-19 da média semestral (art. 73,
VII, da Lei n.º 9.504/97.” Sobre esse pedido, decidiu o juízo da 227ª Zona Eleitoral de Cotia/SP, no
dia 19/05/2020, nos seguintes termos:

Indefiro o pedido de a exclusão das despesas com a publicidade institucional


voltada ao combate à pandemia do COVID-19 (Novo Corona Vírus). Posto
que,melhor analisando o caso, ao contrário da hipótese prevista no artigo 73,
§ 10, da Lei das Eleições, o legislador não estabeleceu a calamidade pública
como causa justificante da conduta vedada prevista no artigo 73, VII, da Lei
n.º 9.504/97.

Em arremate, impende colacionar mais uma atual decisão, desta vez deste Egrégio Tribunal -
proferida no último dia 4 do mês corrente -, na qual também se analisou idêntico objeto. Refiro-me
ao Recurso Eleitoral de n.º 0600002-96.2020.6.17.0046, de Relatoria do Des. Edilson Nobre,
interposto pelo Município de Vertentes em face de sentença que indeferiu a pretensão do autor de
ver afastada as coibições normativas referentes à realização de propaganda institucional no
trimestre que antecede o pleito neste ano eleitoral e ao limite legal existente para os gastos com
publicidade dessa natureza, neste primeiro semestre.

Observa-se que o Juiz da 046ª Zona Eleitoral em sua sentença ponderou a situação ora apreciada da
seguinte forma:

Aqui, trata-se de uma segunda vedação quando da análise de veiculação de


propaganda institucional em ano eleitoral. O que traz o art. 73, VII, da Lei nº
9.504/97 é uma preocupação com o controle de gastos com publicidade. No
referido inciso, não se observa uma reserva para os Órgãos da Justiça Eleitoral
capaz de permitir qualquer extrapolação os limites legalmente impostos.
Verifica-se que o legislador optou por não permitir exceções, motivo pelo qual não

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Número do documento: 20060110243114500000004557578
cabe ao Poder Judiciário autorizar algo não previsto em lei, sob o risco de invadir
competência constitucional de outro poder e violar a Separação dos Poderes,
cláusula pétrea em nosso ordenamento.

Por sua vez, no julgamento do Recurso Eleitoral, esta Corte, à unanimidade, decidiu pelo não
provimento do Recurso manejado pelo citado Município, mantendo-se na íntegra a sentença
referida. Merece destaque as seguintes considerações, extraídas do Voto do Des. Relator Edilson
Nobre, que vão ao encontro da argumentação aqui discorrida:

De toda sorte, tem se revelado maciça e eficiente a informação dissipada, com


seriedade e responsabilidade, por diversos canais de comunicação que têm
dirigido especial atenção em tornar pública, e de largo alcance, as notícias mais
recentes sobre a Covid-19, no ensejo de melhor orientar e proteger a população da
multicitada enfermidade.

Não vejo, pois, quadro fático, nem tampouco supedâneo legal ou jurisprudencial, que permita a
flexibilização da vedação legal contida no art. 73, inciso VII, da Lei n.º 9.504/97.

Diante do exposto, em consonância com a Procuradoria Regional Eleitoral, VOTO pelo conhecimento da
consulta, para responder ao consulente que os gastos com publicidade institucional, voltada à informação,
educação e orientação da população acerca do COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no
art. 73, inciso VII, da Lei n.º 9.504/97.

Considerando a relevância da matéria e, ainda, a possibilidade de o mesmo questionamento ora formulado


ser objeto de ações propostas perante o primeiro grau de jurisdição, reputo razoável que seja determinado
o envio de Ofício-Circular aos Juízes Eleitorais, dando-lhes ciência do inteiro teor da presente decisão.

Recife, 19 de Junho de 2020.

Des. Carlos Frederico Gonçalves de Moraes

Vice-Presidente

Relator

1 Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a
igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: .

(...)

VI - nos três meses que antecedem o pleito:

(...)

b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado,


autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta,
salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral.

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Número do documento: 20060110243114500000004557578
2 Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a
igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: .

(...)

§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou
benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado
de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no
exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua
execução financeira e administrativa.

3 Disponível no site:https://jus.com.br/artigos/56417/apontamentos-iniciais-sobre-a-interpretacao-das-leis

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SESSÃO DO DIA 19/06/2020

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Senhores, na sequência, há ainda uma Consulta. É o Processo de nº 0600206-84, da


relatoria do Desembargador Carlos Moraes. Assunto principal – Covid-19. O Consulente é o senhor
MIGUEL DE SOUZA LEÃO COELHO; os advogados indicados: os doutores Maria Stephany dos
Santos e Delmiro Dantas Campos Neto. Está com a palavra o Desembargador Carlos Moraes.

O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes (Relator):

Cuida-se de uma Consulta formulada pelo Prefeito do Município de Petrolina, qualificado


nos autos, nos seguintes termos:

Os gastos com publicidade institucional voltada à informação, educação e orientação da


população (art. 37, § 1º da Constituição Federal), diante da pandemia do COVID-19, podem ser excluídos
da regra delineada no art. 73, VII, da Lei das Eleições? A consulta é nesse sentido. Esta é a pergunta.

Os autos foram remetidos à Procuradoria Regional Eleitoral, que emitiu o parecer de que
não há previsão legal de dispensa de observância da referida norma; opinando, nesse sentido, pelo
conhecimento da consulta, mas que ela deve ser respondida de forma negativa.

É o Relatório.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Pode proferir o voto, Desembargador.

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O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes (Relator):

Na hipótese, observa-se que os requisitos da Consulta foram atendidos para o seu


conhecimento e passo a analisar sobre a possibilidade de exclusão dos gastos com publicidade
institucional voltada à informação a respeito de educação e orientação da população da regra delineada no
artigo 73, VII, da Lei das Eleições.

Esse art. 37, § 1º, da Constituição Federal dispõe que a administração pública direta ou
indireta, obedecendo os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
permite a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, que deverá
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar os nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal das autoridades gestoras. Esse dispositivo é ressaltado na
pergunta feita pelo Consulente.

Então, como se vê, preocupou-se o legislador constituinte em eleger princípios, buscando,


de um lado, conferir unidade e coerência ao Direito Administrativo; e, de outro, permear as atividades
administrativas dos entes federativos. Dentre tais princípios, elencou o da publicidade.

A Lei n.º 9.504/97, que dispõe sobre as eleições, traz disposições que configuram condutas
vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais, visando, enfim, assegurar igualdade de
oportunidades entre os candidatos e, por conseguinte, resguardar a lisura e a legitimidade das eleições.

Nesse sentido, estabeleceu, no seu art. 73, inciso VII, limite de gastos à veiculação de
publicidade no primeiro semestre do ano eleitoral, nos seguintes termos:

Art. 73. “São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a
afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

(...)

VII – realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos
públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta,
que excedam [aí é onde está, na verdade, o núcleo da pergunta do consulente] a média dos gastos
no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito.”

Então, tem que obedecer essa média; não pode ser ultrapassada essa média.

Assim, continuando, no primeiro semestre do ano eleitoral, a citada publicidade


institucional é permitida dentro do teto imposto pelo citado comando legal, qual seja, a média de valores
despendidos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito. Isso aí, evidentemente, o
legislador tomou em consideração levando em conta que esses gastos não ultrapassassem essa média para
não favorecer o gestor público diante dos concorrentes, aumentando, assim, a publicidade institucional.
Essa foi, assim, vamos dizer, a mensagem legislativa.

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Pois bem, a presente Consulta, como foi destacado, inicialmente, leva em consideração
aspectos relacionados à pandemia do surto do coronavírus. Diante dessas consequências, as autoridades
brasileiras, seguindo a Organização Mundial da Saúde, declarou estado de emergência em saúde pública
de importância nacional e do estado de transmissão comunitária do coronavírus, decretando, assim,
estado de calamidade pública pelo Congresso Nacional, Assembleia Legislativa de Pernambuco... e o
município de Petrolina também o fez através de decreto municipal.

E dessa situação emergiria, segundo se relata, a imperiosa necessidade de intervenção do


executivo municipal... uma orientação da população a respeito do isolamento social, redução das
interações sociais e horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais e, consequentemente, os
gastos com publicidade institucional seriam superiores ao mesmo período dos anos anteriores.

Realmente, nesse cenário calamitoso, que adentra na relevância da publicidade


institucional, já que, conforme prescreve a Lei Maior, a sua atuação é dirigida ao caráter educativo,
informativo, de orientação à população; a gente vê que essa publicidade institucional ela deve ser feita.

Não obstante, essa publicidade institucional ser voltada ao esclarecimento e orientação da


população desse estado de pandemia, é certo que o Poder Executivo há de adotar medidas – dentre as
quais se pode inserir a publicidade -, com vistas a prevenir, como, também, potencializar e otimizar o
combate ao vírus, não menos certo é que tais necessidades não são suficientes para afastar a observância
do comando legal.

Observe-se que, conforme registrado pela Procuradoria Regional Eleitoral, a mencionada


norma, art. 73, VII, da Lei 9.504/97, embora preveja a vedação nos três meses anteriores ao pleito
eleitoral de autorização de publicidade institucional dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais,
ou, ainda, das respectivas entidades da administração indireta, tal regra geral é expressa e literalmente
excepcionada na hipótese de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça
Eleitoral.

Nessa linha, encontra-se o art. 73, inciso X, da mencionada lei que também exclui da
proibição de distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, no
ano eleitoral, os casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais
autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior.

Contudo, o mesmo não ocorre com a vedação desenhada no inciso VII, objeto da análise da
Consulta. Veja-se que aqui o texto legal não previu qualquer exceção, como as referidas anteriormente,
sobre a distribuição de bens ou autorização da Justiça Eleitoral em relação a determinadas publicidades.
Aqui o legislador não abriu essa exceção.

Então, o que a gente conclui é que, diante dessa omissão, não é possível a jurisdição
eleitoral suprir a norma nesse sentido; no caso, dar uma interpretação extensiva ao artigo ora analisado,
permitindo esse gasto acima do limite do teto que a lei já estipula. De maneira que eu trago aqui,
inclusive, uma consideração doutrinária sobre a extensividade ampliativa da interpretação, que eu
dispenso a leitura, e digo adiante o seguinte:

Como o normativo ora analisado é claro e preciso sem excepcionar a hipótese da Consulta,
não é dada a esta Justiça Especializada inovar onde a lei não o fez, considerando, principalmente, que a
interpretação da norma não aponta para a plausibilidade de ampliação do espírito legal com a criação de
exceção não prevista na lei. Assim, também, se manifestou a Procuradoria Regional Eleitoral ao dizer: “
fazer uso da interpretação extensiva para criar hipótese de exceção não prevista em lei extrapola os
limites decisórios do Poder Judiciário”.

De outro giro, em que pese o entendimento de que o acréscimo de exceção aos gastos
publicitários não se coadunaria com a intenção da lei, ainda que se argumentasse acerca da necessidade de

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adaptação da norma às novas exigências da realidade social, não vejo uma situação em que a população se
encontre hipossuficiente seja de informações, seja de orientações, seja de conscientização, no que diz
respeito à pandemia que assola o mundo, o Brasil e Pernambuco.

Isso porque a mídia em geral está centrada – diria que quase inteiramente – nessa matéria
concernente ao coronavírus. Desde o primeiro ao último canal aberto televisivo, de amplo acesso da
sociedade, o tema predominante é a COVID-19. A população está, portanto, informada acerca desse
assunto, desde o acompanhamento de entrevistas com gestores da área de saúde, o pronunciamento de
ocupantes de cargos do Executivo sobre as providências que estão sendo tomadas, o esclarecimento de
dúvidas até as variadas estatísticas atinentes ao vírus.

Assim, não deixa o município de ser, efetiva e indiretamente, auxiliado por esse papel que
a mídia assumiu frente à sociedade. Somado a isso, não é desprezível lembrar que se afigura possível a
realização de publicidade por baixo custo, justamente aquela promovida por intermédio das redes sociais.

Entendo, pois, que ao município cabe – obviamente sob o manto da discricionariedade


atribuída ao gestor público -, dentre as ferramentas que lhe são disponibilizadas, balancear as despesas
publicitárias, priorizando a publicidade informativa, orientativa, educativa das ações de saúde em
detrimento dos demais temas.

Tudo isso é corroborado, ainda, pelo fato de que a publicidade institucional influencia a
disputa e se empregada de forma abusiva põe-se em risco o almejado princípio igualitário da contenda
eleitoral.

Sobre essa matéria, restou formulado muito recentemente junto ao Tribunal Regional
Eleitoral de São Paulo/SP, um pedido de autorização lá no município de Cotia, requerendo com base
justamente no art. 73 da Lei das Eleições “a exclusão das despesas com a publicidade institucional
voltada ao combate à pandemia do COVID-19 da média semestral.” Justamente um caso idêntico a este e
a Justiça Eleitoral da zona correspondente decidiu da seguinte forma. Já é um precedente que eu trato aqui
para a nossa Corte:

“Indefiro o pedido da exclusão das despesas com a publicidade institucional voltada ao combate à
pandemia do COVID-19 (Novo Coronavírus). Posto que, melhor analisando o caso, ao contrário
da hipótese prevista no artigo 73, §10, da Lei das Eleições, o legislador não estabeleceu a
calamidade pública como causa justificante da conduta vedada prevista no artigo 73, VII, da Lei
n.º 9.504/97.”

Continuando o voto, eu digo o seguinte: Impende também colacionar uma decisão deste
Tribunal, proferida no último dia 4 do mês corrente, na qual também se analisou idêntico objeto. Foi o
Recurso Eleitoral de n.º 0600002-96, da Relatoria do Des. Edilson Nobre, interposto pelo Município de
Vertentes em face da sentença que indeferiu a pretensão do autor de verem afastadas as coibições
normativas referentes à realização de propaganda institucional no trimestre que antecede o pleito neste
ano eleitoral e o limite legal existente para os gastos com publicidade dessa natureza, neste primeiro
semestre.

Sobre esse recurso, observe-se que o Juiz da 046ª Zona Eleitoral, na sentença, ponderou a
situação da seguinte forma:

“Aqui, [diz o magistrado], trata-se de uma segunda vedação quando da análise de veiculação de
propaganda institucional em ano eleitoral. O que traz o art. 73, VII, da Lei nº 9.504/97 é uma
preocupação com o controle de gastos com publicidade. No referido inciso, não se observa uma
reserva para os Órgãos da Justiça Eleitoral capaz de permitir qualquer extrapolação dos limites

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legalmente impostos. Verifica-se que o legislador optou por não permitir exceções, motivo pelo
qual não cabe ao Poder Judiciário autorizar algo não previsto em lei, sob o risco [de violar a
separação dos poderes] de invadir competência constitucional...”

Enfim, essa foi a decisão do Juiz que foi objeto de recurso da lavra do Desembargador
Edilson Nobre e a sentença foi mantida.

Por sua vez, no voto do Desembargador Edilson, eu aspeei aqui o seguinte destaque. Disse
ele:

“De toda sorte, tem se revelado maciça e eficiente a informação dissipada, com seriedade e
responsabilidade, por diversos canais de comunicação que têm dirigido especial atenção em tornar
pública, e de largo alcance, as notícias mais recentes sobre a Covid-19, no ensejo de melhor
orientar e proteger a população da multicitada enfermidade.”

Quer dizer, aquele mesmo argumento a que eu me referi anteriormente sobre o destaque
que a mídia vem dando em orientação à população sobre o combate ao corona vírus, o que já é por demais
suficiente. Eu comungo do mesmo pensamento que o Desembargador Edilson Nobre, conforme citei.

Continuando o voto, eu digo o seguinte: não vejo, pois, quadro fático, nem tampouco
supedâneo legal ou jurisprudencial, que permita a flexibilização da vedação legal contida no art. 73,
inciso VII, da Lei n.º 9.504/97.

Diante do exposto, em consonância com o parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, eu


VOTO pelo conhecimento da Consulta, para responder ao consulente que os gastos com publicidade
institucional, voltada à informação, educação e orientação da população, acerca do COVID-19, não
podem ser excluídos da regra delineada no art. 73, VII, da Lei n.º 9.504/97.

E, ainda, acrescento o seguinte, para que a Corte, também, delibere, se for o caso:
considerando a relevância dessa matéria que vem sendo recorrente e, ainda, a possibilidade de o mesmo
questionamento ora formulado ser objeto de ações propostas perante o primeiro grau de jurisdição, reputo
razoável que seja determinado o envio de Ofício-Circular aos juízes eleitorais, dando-lhes ciência do
inteiro teor da presente decisão, se ela for confirmada pela Corte.

É como eu voto, Senhor Presidente.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Obrigado, Desembargador Carlos Moraes! O voto do Desembargador é conhecendo da


Consulta, porque ela preenche os requisitos legais, para o fim de responder no sentido de que os gastos
com publicidade institucional, voltada à informação, educação e orientação da população, diante da
pandemia do COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no art. 73, inciso VII, da Lei Geral
das Eleições, Lei Federal 9.504/1997.

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Apenas uma observação, talvez o eminente Procurador possa fazer a devida retificação, é
que a conclusão do parecer do Ministério Público que foi subscrito pelo Procurador Fernando José Araújo
Ferreira é no sentido de que podem ser excluídos da regra - e aí a conclusão está em confronto com a
fundamentação do próprio parecer. Está em discussão, Senhores, a questão.

O Desembargador Eleitoral Washington Luís Macêdo de Amorim:

Senhor Presidente.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Pois não!

O Desembargador Eleitoral Washington Luís Macêdo de Amorim:

Antes de mais, devo registrar, como já é uma ..., o voto de Sua Excelência, o
Desembargador Carlos Moraes, ... estão exuberantemente elucidativos. Ele disseca com maestria todas as
questões, de modo muito didático, porque o que eu me preocupei aqui foi que, enquanto o eminente
Desembargador lia o voto, eu pude verificar aqui que, no TSE, sobre essa matéria, existe uma Ação Direta
de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, da relatoria do Desembargador Ricardo
Lewandowski. E o TSE, tratando de uma matéria idêntica, agora no dia 26 de maio de 2020, chegou à
seguinte conclusão. Eu peço licença a Vossa Excelência... é curta, é apenas uma ementa; se Vossa
Excelência permitir, eu leio.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Claro!

O Desembargador Eleitoral Washington Luís Macêdo de Amorim:

Foi a Consulta, Senhor Presidente, a Consulta de nº 0600461-16.2020, ... Brasília – Distrito


Federal, que teve como consulente o Senhor Eugênio José Zuliane, nos seguintes termos... a ementa do
TSE:

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Consulta. Deputado Federal. COVID-19. Art. 73, inciso VII, da Lei 9.504/97. Limite de
gastos. Publicidade Institucional. Ano Eleitoral. Questionamento. Flexibilização. Regra Geral. Orientação
da população. Medidas de combate à Pandemia. Matéria afeta ao crivo do STF. Ação Direta de
Inconstitucionalidade 6373. Resposta. Impossibilidade. Precedentes. Não conhecimento. Nos termos da
jurisprudência, não se conhece de consulta cujo tema encontra-se em discussão no colendo STF.

Aí, cita o precedente aqui, 130-25, do Distrito Federal, da relatoria do Ministro Herman
Benjamim, publicado no Diário da Justiça Eleitoral, de 29 setembro de 2016.

A discussão envolvendo a flexibilização ante a Pandemia em curso, art. 73, inciso VII, da
Lei 9.504/97, ... limite de gastos com publicidade institucional em ano eleitoral, encontra-se posta perante
o STF na ADI 6374-DF, relatada pelo eminente Ministro Ricardo Lewandowski, que, por força da
relevância da matéria, aplicou o rito abreviado do art. 12 da Lei ..., com informações devidamente
prestadas. Consulta não conhecida.

De modo... baseado, Senhor Presidente, nesse recentíssimo precedente, eu ousaria arguir


preliminar de não conhecimento da Consulta, com base nesses argumentos, considerando que essa matéria
se encontra submetida ao crivo do STF.

Eu lanço aqui essa preliminar e submeto, evidentemente, a Vossa Excelência e aos demais
pares, pelo não conhecimento da Consulta.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Muito obrigado, Desembargador Washington! Interessante, o Desembargador Washington


iniciou a sua intervenção, elogiando o voto do Desembargador Carlos, que é profundo; e eu diria:
tranquilizador, também, sabe? Tranquilizador, também; porque eu fico aqui a imaginar os efeitos que uma
decisão positiva de consulta do tipo poderiam ser produzidos com relação a esse momento. Mas foi muito
oportuna a intervenção do Desembargador Washington Amorim, anunciando a existência de uma ADI -
não é Desembargador? - em tramitação no Supremo Tribunal Federal, sob a relatoria do Ministro Ricardo
Lewandowski. Mas eu perguntaria ao eminente Desembargador Washington: houve, por parte do
Supremo Tribunal Federal, a determinação no sentido da suspensão das questões postas a julgamento
envolvendo essa matéria?

O Desembargador Eleitoral Washington Luís Macêdo de Amorim:

Não se tem notícia ainda. Eu ... aqui o número da ADI, a decisão recente do TSE, e
verifiquei, também, Senhor Presidente, que o Tribunal de Santa Catarina, em tempo recente, também, não
conheceu de uma consulta idêntica, com base justamente nesses fundamentos, ou seja, na existência de
uma ADI no STF ....

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O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Eu sei, Desembargador. Eu acho muito oportuna a intervenção de Vossa Excelência. Eu


fico aqui a imaginar se o Tribunal Regional Eleitoral não poderia dar uma contribuição para o Supremo
Tribunal Federal também, já que não houve uma determinação de suspensão do conhecimento e
julgamento dessas matérias perante os Tribunais Regionais Eleitorais.

Então, nós poderíamos dar, se for o caso, dar uma contribuição para o próprio Supremo
Tribunal Federal, acolhendo a Consulta para responder no sentido positivo ou para responder no sentido
negativo.

Essa é uma grande oportunidade que nós temos para dar essa contribuição, penso eu.
Desembargador Carlos pediu a palavra.

O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes:

Veja bem: a consulta eleitoral, até onde eu posso entender, ela serve não para averiguar um
caso, vamos dizer assim, que está em litígio; não é um caso concreto. A consulta ela é formulada para que
saia dela, em tese, uma orientação, que pode ser seguida ou não. Mas, no caso aí, embora o TSE tenha
preferido não responder à Consulta ou não conhecer a Consulta, poderia também tê-lo feito. Nada impede
que a Consulta seja respondida porque ela não está vinculada, como disse, a nenhuma situação concreta.

De maneira que, se essa Ação Direta de Inconstitucionalidade ainda não foi julgada e ela
não trouxe esse efeito erga omnes, para que os tribunais possam seguir, nada impede que e que o Tribunal
Regional Eleitoral possa conhecer e responder uma orientação. Se essa Ação Direta de
Inconstitucionalidade for julgada a tempo que possa surtir seus efeitos, evidentemente que todos vão
seguir, em face do seu efeito vinculado. Mas, como não é a hipótese, trazer esse subsídio, trazer um
entendimento em tese, não é, vamos dizer assim, pelo Código Eleitoral, vamos dizer, uma proibição.

O Procurador Regional Eleitoral Wellington Cabral Saraiva:

Presidente, pela ordem.

O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes:

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... Eleitoral, quando fala que os legitimados possam fazer a consulta... e como ela tem os
requisitos, acho que o Tribunal está no exercício jurisdicional da sua competência; mais ou menos dentro
dessas considerações que Vossa Excelência está fazendo, Presidente. Eu penso que uma resposta de uma
orientação em tese nada vai implicar num julgamento, vamos dizer assim, de um caso concreto.

O Procurador Regional Eleitoral Wellington Cabral Saraiva:

Presidente, pela ordem.

O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes:

Eu penso que, desta forma, devemos conhecer, sim, e fazer a votação no sentido... ou pelo
lado positivo ou pelo lado negativo; o meu voto é pelo lado negativo. Eu acho que essa vedação ela deve
permanecer, até porque se não se responde, se não se conhece, isso pode dar ensejo a que alguém,
inadvertidamente, algum gestor, não estou nominando ninguém, pode interpretar isso de que se o Tribunal
não respondeu e tem ainda uma Ação Direta de Inconstitucionalidade é possível fazer. A matéria... a
motivação... é didática... de uma orientação... acho positiva... que a reposta à Consulta seja feita.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Essa conclusão a que chegou o Desembargador Relator me parece importantíssima, não é?


É o que eu falei anteriormente: a atividade jurisdicional... embora nós estejamos aqui a analisar uma mera
consulta, mas o que o Tribunal Regional Eleitoral aqui disser com relação a isso será importante para os
agentes públicos, como prevenção, para que eles não ultrapassem os limites preconizados no art. 73,
inciso VII, da Lei das Eleições.

Eu acho que é uma..., nada obsta, ao contrário, antes aconselha, que este Tribunal possa
firmar um entendimento, até porque, como disse o Desembargador Carlos Moraes, se o julgamento for no
sentido de declarar a inconstitucionalidade, evidentemente, que não haverá nenhum prejuízo para quem
quer que seja.

Doutor Wellington Saraiva, por favor.

O Procurador Regional Eleitoral Wellington Cabral Saraiva:

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Obrigado, Presidente! É só uma contribuição para reflexão de Vossas Excelências. Como
Vossas Excelências sabem, a Lei 9868/99 é a lei que regulamenta o trâmite das ações diretas de
inconstitucionalidade... declaratórias de inconstitucionalidade.

O art. 12–F, da Lei 9868, no § 1º, prevê a possibilidade de suspensão de processos judiciais
e processos administrativos diante do ajuizamento de uma dessas ações. No caso específico, da Ação
Direta de Inconstitucionalidade, por omissão. Mas o Supremo tem decisões que estendem o alcance dessa
norma também às ações diretas de inconstitucionalidade e declaratórias de constitucionalidade, ou seja, o
Supremo poderia, se fosse o caso, determinar essa suspensão. Como não há notícia de que o tenha feito,
nada impede que o TRE prossiga no julgamento do mérito da Consulta.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Muito obrigado, Doutor Wellington Saraiva! Foi a minha preocupação em formular a


pergunta ao Desembargador Washington, porque, até onde pude perceber, não há nenhuma determinação
de suspensão de exame, apreciação, dessa matéria. Mas ainda alguém pretende discutir ou já podemos
colher votos? Acho que já podemos colher votos, não é?

Eu tenho que colocar em votação a questão prejudicial que foi suscitada pelo
Desembargador Washington Amorim. Ele levanta uma questão de não conhecimento da Consulta. O
Desembargador Carlos Moraes, que é o relator, até onde pude perceber, já se posiciona no sentido de
rejeitar a questão prefacial, para que nós possamos incursionar no mérito da matéria, objeto da Consulta.

Então, eu vou colher votos quanto à questão prejudicial suscitada pelo Desembargador
Washington Amorim. O Relator é... Desembargador Ruy Patu, como vota com relação à questão
prejudicial?

O Desembargador Eleitoral Ruy Trezena Patu Júnior:

Presidente, eu me posiciono com... justamente a sugestão, a orientação, melhor dizendo,


quanto a essa matéria dada por Vossa Excelência. Acredito que a consulta ela é sempre feita em tese; ela
não diz respeito a caso concreto; aliás, isso é até vedado não é? Como ela é uma consulta, mera consulta,
ela tem um caráter orientador de atos junto a... perante à Justiça Eleitoral. De forma que não vejo prejuízo
algum de que a matéria seja enfrentada, já que não é efeito vinculante, pelo menos que se conheça, entre a
ADI que está em curso e a consulta ora formulada.

De forma que eu, com tranquilidade, eu voto pela rejeição dessa preliminar e voto
integralmente com o Relator.

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O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Muito obrigado, Desembargador Ruy Patu! Desembargador Carlos Gil Filho. Como vota
com relação à questão prejudicial?

O Desembargador Eleitoral Carlos Gil Rodrigues Filho:

Senhor Presidente, eu parabenizo o Desembargador Washington Amorim por trazer uma


questão tão atual para que nós possamos nos debruçar sobre esse assunto. Trouxe a questão do TSE, que
eu pude verificar aqui, que a consulta formulada no Tribunal Superior é idêntica a ora formulada aqui. Eu
receio que responder negativamente é fazer um juízo de valor negativo em desalinho ao TSE e
antecipando ao STF. Mas eu vou acompanhar o voto do Relator.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Muito obrigado, Desembargador Carlos! Desembargador Alberto Freitas.

O Desembargador Eleitoral José Alberto de Barros Freitas:

Senhor Presidente, eu voto pelo conhecimento da Consulta, afastando, então, a questão


prejudicial.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Pois não! Conhecimento da Consulta, afastando a questão prejudicial. Muito bem!


Obrigado! Desembargador Edilson Nobre Júnior.

O Desembargador Eleitoral Edilson Pereira Nobre Júnior:

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Senhor Presidente, já faz um certo tempo que eu exerci a jurisdição eleitoral, em 99, e tanta
coisa que a gente tem hoje para decidir... não retornei a esse tempo; mas, salvo engano, havia uma
jurisprudência, não sei se ainda há essa jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, de que se houvesse
uma consulta no Tribunal Superior Eleitoral não caberiam aos tribunais regionais eleitorais o
conhecimento de consulta. Isso em face da atuação... a legislação eleitoral ser uma legislação federal e a
função uniformizadora, de guardiã da integridade interpretativa, inteireza positiva, uniformidade, ... nesse
ponto. Mas eu estou com esses precedentes aqui ..., embora eu ressalto... e foi muito oportuno que o
Desembargador Washington... ter suscitado a questão, porque o próprio TSE não ..., em face da matéria
do Supremo.

Mas eu vou conhecer da Consulta, com a ressalva de que vou fazer um estudo sobre este
tema, para, nos temas, nos assuntos, posteriores, me pronunciar sobre o cabimento.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Obrigado, Desembargador Edilson! Então, Vossa Excelência conhece também. Eu também


conheço. Eu elogio também a atuação do Desembargador Washington Amorim, como sempre, também,
muito perspicaz, muito atento, mas eu acho que é uma grande oportunidade de o Tribunal Regional
Eleitoral dar um contributo. O voto do Relator é um voto percuciente e verticaliza no exame da matéria.
Eu acho que é uma contribuição que o Tribunal Regional Eleitoral pode dar para os tribunais superiores,
inclusive para o Supremo Tribunal Federal. Então, eu conheço e rejeito a questão prejudicial.

Então, por maioria de votos, proclamando o resultado, por maioria de votos, foi rejeitada a
questão prejudicial de não conhecimento da Consulta suscitada pelo eminente Desembargador
Washington Amorim.

Na questão de mérito, Senhores, como votam? O Relator foi o Desembargador Carlos, no


sentido de conhecer, porém considerar que os gastos não podem ultrapassar os limites preconizados pelo
art. 73, inciso VII, da Lei das Eleições.

Então, colho votos. Desembargador Ruy Patu parece que já até antecipou na ...

O Desembargador Eleitoral Ruy Trezena Patu Júnior:

Já; já antecipei, Presidente; já antecipei.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

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Seguindo a orientação do Relator. Desembargador Carlos Gil Filho.

O Desembargador Eleitoral Carlos Gil Rodrigues Filho:

Eu já me antecipei também, Senhor Presidente, acompanhando o Relator.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Muito obrigado! Desembargador Washington Amorim.

O Desembargador Eleitoral Washington Luís Macêdo de Amorim:

Senhor Presidente, devo registrar que a minha discordância da relatoria era exclusivamente
por uma questão formal ... com toda limitação, peço vênia a Vossa Excelência para manter a questão do
meu posicionamento com relação apenas ao conhecimento, na linha da jurisprudência do TSE; mas, no
mérito, eu acompanho integralmente o Relator, Senhor Presidente.

É como voto.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Com relação à questão prefacial, Vossa Excelência restou vencido e aí a gente tem que
colher o voto de Vossa Excelência quanto ao mérito. Vossa Excelência acompanha o Relator. Muito
obrigado, Desembargador! Desembargador Washington... Alberto Freitas, também é no mesmo sentido?

O Desembargador Eleitoral José Alberto de Barros Freitas:

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No mesmo sentido. Acompanho o Relator.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Obrigado! Acompanha o Relator. E o Desembargador Edilson Nobre, até onde pude


perceber...

O Desembargador Eleitoral Edilson Pereira Nobre Júnior:

É, eu acompanho, Senhor Presidente! Eu só queria ressaltar dois pontos: primeiro, há


vedação legal e nada impede... eu tenho ressaltado isso, porque, diante desse momento que todos nós
estamos atravessando... e aí vem a boa notícia para os pernambucanos, que estão conseguindo diminuir o
índice da COVID, enquanto que os potiguares... aqui, no solo potiguar, a situação está se tornando cada
vez mais crítica.

Eu sempre menciono um aspecto que o direito brasileiro não ... e que foi objeto de uma
elaboração jurisprudencial e hoje ele é indiscutível no direito português - o chamado estado de
necessidade. Os atos administrativos praticados em estado de necessidade, com ... das regras estabelecidas
no presente Código, são válidos desde que os seus resultados não pudessem ter sido alcançados de outro
modo.

Então, nada impede que se o gestor, na seara da improbidade, na seara do ..., praticar um
ato... mas, ele vai... - não, ele comprou, sem licitação, ventiladores... ele contratou, sem concurso,
médicos... mas ele salvou vidas! Agora... e aí eu conto o que eu quero ressaltar no voto do
Desembargador Carlos Moraes. Eu tenho dúvida se se pode falar de estado de necessidade em matéria de
publicidade institucional; primeiro, porque a publicidade institucional... Desembargador Carlos Moraes
foi muito percuciente. Eu aqui já recebi várias notícias aqui da COVID, nos jornais, rádios, televisão,
redes sociais. Eu acho muito difícil... e outra coisa: há tradição, nos últimos anos brasileiros, de
irregularidades com verbas públicas nessa área, que é muito perigoso para o Judiciário fazer uma
liberação, nesse ponto. Isso é uma carta branca. É melhor a solução que o Relator disse: de se fazer um
balanceamento da verba a ser gasta com publicidade institucional e direcioná-la unicamente para a
COVID. Mas eu acho que o estado de necessidade em matéria de publicidade institucional seria de muito
difícil reconhecimento para um órgão de controle e eu acho que o Judiciário não deveria responder
positivamente.

O voto do Relator merece os seus elogios, razão pelo qual eu o acompanho, sem prejuízo
de, no futuro, analisar a questão relativa ao conhecimento das consultas.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

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Muito obrigado, Desembargador Edilson! Vossa Excelência traz um contributo importante,
com a sua argumentação, para o julgamento desta Consulta. Então, posso proclamar, porque também
acompanho integralmente, sem colocar nem tirar vírgula, o voto do Relator. E peço a ajuda do Relator,
que me concerte na proclamação do resultado.

Unanimemente, conheceu-se da Consulta...

O Desembargador Eleitoral Edilson Pereira Nobre Júnior:

O conhecimento é por maioria.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Eu já proclamei. Foi uma questão prejudicial. Eu colhi votos e proclamei o resultado. Foi
conhecida a Consulta e com a seguinte resposta: “os gastos com publicidade institucional voltada à
informação, educação e orientação da população, art. 37, § 1º, da Constituição da República de 88, diante
da pandemia do COVID-19, não podem ser excluídos da regra delineada no art. 73, inciso VII, da Lei
Geral das Eleições, Lei Federal nº 9.504/1997, expedindo-se ofício aos juízes de todas as zonas eleitorais
do Estado de Pernambuco, nos termos precisos do voto do Relator.

Está bem assim, Desembargador?

O Desembargador Eleitoral Carlos Frederico Gonçalves de Moraes (Relator):

É exatamente isso, Senhor Presidente. Está perfeito.

O Desembargador Eleitoral Frederico Ricardo de Almeida Neves (Presidente):

Então, obrigado, Desembargador!

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