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IBlidrogeologia de dois
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do maciço polimetamórfico
de Bragança
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importantes aq_~íferos
(Cova de Lua, .Sabariz)
do maciço polimetamórfico
de Bragança
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1· ~ Luís Filipe Pires Fernandes
Hidrogeologia de dois
importantes aq_uíferos
(Cova de Lua, Sabariz)
do maciço polimetamórfico
de Bragança
A memória
do meu Filho
Nota prévia
Neste traba lho aprese nta-se um resumo alargado ele um
1na is vasto estudo que constituiu a dissertação apresen tada à
Un iversidade de L isboa , em Setembro de 1992, para obtenção do
g rau de Mestre em Geologia Aplicada e elo Ambiente, pelo autor.
A referida dissertação é composta por dois volumes, entre
texto e anexos, que o leitor poclcrú consultar pura esclarecimento de
dúvidas suscitadas neste res umo ou para verifi cação de dados.
Agradecimentos
Representando este estudo quase três anos de intenso
trabalho, a sua conc lusão não teria sido poss ível sem a ajuda, a
franca compreensão e o e mpenhamento de algumas pessoas e
entidades a que m não poderia de ixar de exprimir bem viva e
inde lével mente os meus agradeci men tos.
Assim, para o Prof. Doutor Manue l Oli ve ira ela S il va, a
mi nha prime ira palavra ele gratidão, não só pela forma amiga como
sempre me acoPselhou no nortca mento deste trabalho, senão també m
pe lo empe nho e di sponi bi lidade sempre de monstradas quando, não
raras vezes a lguns escolhos me fo ra m saltando pelas ve redas da
investigação. De resto, à sua impo luta idoneidade científica se deve
també m a sugestão de um tema, para mim, tão grati ficante, quanto o
fo i o facto de com ele traba lhar.
Aos pres identes das Comi ssões Instaladoras , sej a do
Insti tuto Po litéc nico ele Bragança, Prof. Doutor Dionísio Go nçal ves,
seja da Escola Superior ele Educação, Dr. Arménio do Es pírito S anto,
seja ainda da Escola Superior Agrária, Prof. Doutor F rancisco
Cepeda, cabe um profundo e reconhecido agradecimento pe las
fac ilidades concedidas e pe la aberta compreensão sempre
demons tradas quando a eles ti ve de recorrer para que este trabalho
Luís Fi i ipe Pires Fe rnandes
Indice
Nota prévia - -- - - - -- - -- -- - -- - -- 6
Agradecimentos - - - -- - - - - - -- -- - -- 7
Resumo 13
Resumé _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ 14
Abstract _ _ __ _ _ _ __ _ __ _ _ _ __ __ __ 15
Introdução e objectivos do trabalho _ __ __ _ __ _ _ 17
Localização das áreas em estudo _ _ _ _ _ _ _ _ __ 18
Geomorfologia I Geologia _ __ _ _ _ _ __ _ _ __ 19
As Grandes Unidades Geológicas
do Noroeste da Península Ibérica. _ _ _ __ __ _ _ 20
Geologia Geral do Maciço de Bragança _ _ _ _ _ __ 20
Descrição das áreas em estudo 23
Bacia de Sabariz - - - - - - - - - - - - - - -- 23
Bacia de Cova de Lua _ _ __ __ _ _ _ _ _ _ __ 26
Caracterização do Clima
de Trás-os-Montes Interior - -- -- -- - - - -- - 31
Classificação Climática _ _ _ __ _ _ _ _ _ __ _ 32
Balanço hídrico ao nível do solo _ __ __ _ __ __ 34
Hidrogeologia - - - - - - - - - - - - - - -- -- 35
Algumas considerações - - - - - - - -- - -- - 35
Apontamento histórico
do abastecimento de água a Bragança _ _ _ _ _ _ __ 39
Abastecimento inicial _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ __ 39
Abastecimento por fontanários 39
Abastecimento domiciliário (transporte por g1·avidade) 39
Abastecimento domiciliário (transporte por elevação) _ 39
Rochas Fissuradas 40
Hidrogeologia da Bacia de Sabariz 43
Curvas de esgotamento das nascentes 44
Modelo hidrogeológico conceptual
para a bacia de Sabariz 52
Hidrogeologia da Bacia de Cova de Lua 52
Controle hidrogeológico 54
Ensaios de bombeamento 54
Caracterização Hidrogeoquímica 57
Bacia de Sabariz 57
Bacia de Cova de Lua 59
Características Físico-químicas - - - - - -- -- - 60
Temperatura ______ _ _ __ _ _ __ __ _ 60
Co,dutividade e Resíduo Seco _ _ _ _ _ __ __ 61
Características Químicas --- - - - - - - - - - - 62
pH ______ __ _ __ _ _ _ __ ____ 62
Catiões - - - -- - - -- - - - - -- - - - 63
Aniões 64
Sílica ___ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ 67
Qualidade das águas para uso agrícola _ _ _ __ _ __ 68
Qualidade das águas para consumo humano _ __ _ _ 68
Controle bacteriológico - - - - - -- - - -- - 69
Especiação das análises - - - - -- - -- - - - 69
Recursos Hídricos Subterrâneos - - - - - -- - -- 72
Infiltração - - -- - - -- - - - -- - -- - 72
Bacia de Cova de Lua _____ _ _ __ _ __ __ 72
Bacia de Sabariz - - -- - - - - - -- - - -- 74
Cálculos dos Recursos - - -- - - - - - -- - -- - 75
Conclusões e recomendações - - - - - -- -- -- - 77
Bibliografia - - - - - - -- -- - - - -- - -- - 81
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r___.; · , Luis Filipe Pires Fernandes
Resumo
Procedeu-se neste trabalho, ao estudo hiclrogeo lógico de dois
locai s, de onde se efectua actualme nte a maior parte do abastecimento
de água a Bragança.
Foram analisadas as situações Geomorfológicas, Geológic o/
Tectón icas e Climatológicas da região.
Na componente Hidrogeológica foi analisado o modo de
c irculação da água nos diferentes am bientes Geológ icos encontrados
nas duas bac ias em estudo. Na bac ia de Sabari z. foram mantidas sob
controle durante o ano de 199 1, as captações ali exi stentes, o que nos
permitiu obter as suas curvas de esgotamento, dura nte um longo período
sem infiltração profunda. Os ensaios de caudal realizados nos furos de
Cova de Lua, permitiram-nos obte r alguns parâmetros h idraúl icos, que
contribuíram para a caracte rização do aquífero.
Calculámos a infi ltração para as duas bacias, com a qual
estimámos os recursos hídricos subterrâneos.
No estudo hidroquímico manti vé mos sob controle durante o
ano de 1991 , e ntre 8 e IO pontos de água, com o intuito de caracte ri zar
as águas em questão e observar a evo lução elos seus componentes Fís ico/
Químicos e Bacteriológ icos ao longo do ano.
Fo i também abordada a poss ibilidade da recarga artificial do
aquífero de Co va de Lua, a partir do rio Bace iro, que resul taria numa
razoáve l me lhoria da rentabilidade do actua l sistema de abastecimento
de água a Bragança, princ ipalmente nos meses c ríticos de verão.
14 Luís Filipe Pires Fernandes
Resumé
On a procédé dans ce travai] à l'étude hidrogéologique de
deucx endrois ou de nos jours es t effectuée la plus grande partie de
l'approvisionnement d'eau à Brag ança (Sabariz et Cova da Lua) .
Les conditions Géomorphologiques, GéologiquefTécto n iques,
et Climatologiques de la région ont étéannalysées.
Dans la composante Hidrogéolog ique le forme de circulation
de 1'eau fut annalysée dans les di fferents ambiants Géologiques trouvés
elans les eleux bass ins étudiés. Au bassin ele Sabariz lcs captations
exiostantes on été maintenues sous contrôle pendant l'année de 1991, ce
qui nous a pernis d'obtenir les coubes d' écoulemenl, pendant une
longue période sans infi ltation profonc.Je. Les éssais ele torrent réal isés
dans les ouvertures de Cova de Lua nous ont permis d' obtenir quelques
pametres hyelrauliques, qui ont contribué à la caractérisation clre
l'aquifere.
Naus avons calculé l 'enfi ltration pour les deux bass ins, avec
laquelle nous avons estimé les ressources hyelriques et sousterrains.
:-Jans l'étude hydrochimique nous avons mantem! sous contrôle
pé riodique, et pendant une année, entre 8 et I O points d ' eau , ce qui nous
a permis de caractrerise les eaux en question et observer l'évolu tion de
leurs composantes Phys iques/Chimiques et Bactéreologiques au long
ele I' année.
La possibilité de recharge artificielle ele l' aquifere ele Cova de
Lua, en partant clu fl euve Bacei ro , a aussi été abordée, ce qui aurait
comme conséquence un améliorement raiso nnable de la rentabilité elu
systeme actuei d' approvi sionneme nt d' eau à Bragança, surtout dans les
mo is critiques d e I'été.
Hidrogco log ia de dois Importan tes Aquíferos (Sabariz/Cova de Lua) . . . I5
Abstract
In this work, the hydrogeological sudy oftwo locati ons, from
wich the largest part of the watcr suply to Bragança originates (Sabariz
and Cova de Luc1), has been undertaken.
The Geomorphological, Geological/Tectonical anel
Climotological caracteristics of the region have been analysed .
ln what concerns the Hydrogeological component, the form of
circulation of water in the severa! Geological e nvironements found in
the two bas ins under study, has been ana lyscd.ln the Sabariz basin, the
existent of captation were kept unde r control during the year of 1991,
which has allowed us to obtain the clrainage curbs cluring a long term
without deep infiltration. The pinping tests unclertake n at the holes in
Cova da Lua have allowed us to obtain some hydraulic parameters,
which have contributed to caratrize the aquíferous.
W e have calculated the infiltration for both basins, with which
we have estimated the underground hydric reso urces.
ln the hydrochemical stucly we have maintained under
periodical control , and during a year, from 8 to I Opoints of water, whic h
has allowed us to carateryze the waters under study and to obseve the
evolution of their Physical, Chemical anel Bacte reolog ical components
throughout the year.
The possibility of artificial recharge of the aquíferous ofCova
de Lua, from the river Baceiro, which would resul t in a reasonable
improve me nt of :he present system o f water suply to Bragança, mainl y
cluring the crytical summer months, has also been Iooked into.
Introdução e objectivos
do trabalho
Apesar de todo o inte resse que ao longo dos te mpos a Geo lo-
g ia da região de Trás-os-M ontes Oriental tem despe rtado que r pela sua
complex idade, que r pe la sua beleza, a sua compreensão é a inda hoje,
ponto de grande debate e de discórdia e ntre os vá ri os cientistas. Não
existe ainda uma cartografia ele pormenor publicada, embora os serviços
geológicos estejam a trabalhar inte nsamen te nalgumas áre as ela região.
Passando para o conhecimento hidrogeo lóg ico a situação é
ainda pior, onde por exemp lo no mac iço de Bragança, consti tui este
trabalho uma primeira abordagem do te ma.
Gostaríamos que este estudo não fosse de mane ira ne nhuma
considerado como um estudo ele âmbito regional e m sentido lato, pois
e le incide e m duas peque nas bac ias hidrogrúficas, com o comportamen-
to hidrogeológico que cons ideramos de excepção de ntro da região de
Trás-os-Montes Oriental. Assim os dados e conclu sões retirados deste
estudo só deverão ser aplicados ao restante da região media nte certos
critérios e suje itos a poste riores estudos.
Assim constitui o principal objecti vo deste trabalho obter
dados sobre o co mportamento hidrogeológico destas duas bacias que
possam ajudar a Câmara Municipal de Bragança a planear o abasteci-
mento de água domic iliária, se assim o desejarem .
Para além de aspectos meramente hidrogeológic os procurou-
se que este trabalho se debruçasse sobre fac tos geomorfo lógicos,
18 Luís Filipe Pires Fernandes
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TRÁS-OS· MONTES
ORIENTAL
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P · Porto
L · List:>oa
B ·Bragança
M • Mirandela
TM · T. de Moncorvo
~ Complexo pohmctamorhco
Serpentinitos;
Anfibolitos com granada, (ver mapa geológico ela fig. 3).
Os blastomilonitos ANTHONIOZ, (op . c it.), apresentam uma
paragénese constituída essencialmente por uma associação residual ele
horneblenda verde/castanha + granada + diópsido, numa mesostáse
composta por horneblencla verde+ plagiocla:;e + clinozoizite +quartzo.
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E nco ntram-se, d e uma mane ira gera l, bastante di ac las ados, com di-
recçõ es princ ipais de cli vagem d e N 60 E/45 SE, N 40 E/70 NW, N 35
E/ Verti ca l. A fo leação, quando se observa, apresenta a titudes próximas
d e N 30 -40 W. Estes b lasto mi lo nitos apresentam-se geralmen te pouco
a lte rad os, exce pto nas prox imidades el o co ntacto co m os g ne isses, o que
dificulta basta nte a cartografia desse co ntacto.
O s g neisscs são constitu ídos, essencia lme nte, por uma associ-
ação estável de quartzo+al bite+rnoscov ite+ -biotite+-clo rite, com resíduos
de o ligoc lase e g ranada. Encontram-se basta nte alte rados, geralme nte
castanho s com grão médi o a fi no e onde a presença de porfiroclastos pode
também ser notada. Este mate rial encon tra-se todo partido com as princi-
pais fa mílias ele eliaclases a tomarem as segu intes atitudes:
-- N40 - 60 E/ SOSE
-- NSOE/45 NW
-- N5EI70 W
-- N30W/Vertical
A fo leação bastante evid ente e nco ntra-se orie ntada segundo a
direcção N30-40W.
As roc has ultrabás icas e nco ntra m-se ig ualme nte basta nte
fracturadas, aprese ntando sinais ev ide ntes de grande alte ração (serpc n-
tini zação ). Estas roc has são desprovid as de q ualque r cobe rtura de so lo,
já que a vegetação não se consegue rixar dev ido à g rande concentração
de determinados eleme ntos co mo o C r. c o N i, com grande va lo r d e
tox ic idade. Co ntribui também para es ta " nudez" o facto ele os minerais
co n stitui ntes destas roc has se a lte rare m muito por d isso lução, o que faz
com que sejam fac ilme nte li x iv iados. Enco ntram-se, no e ntanto, al g u-
mas espécies vegetais e ndémicas, mui to raras e com gra nd e valor elo
p o nto ele v ista b otânico, AGU fA R, C.(com .pessoal) .
Contauando po r NW com as u ltrnbás icas, e nco ntram-se a n-
fiboli tos, muito ricos e m g ranada.
Os solos desta zo na são essencialme nte elo ti po Cambi ssolos
Húm icos Cróm icos, GONÇALVES. D. (op.c il.), pois trata- se de so los
pouco esp essos com a cor amare la parda, a pard a a verme lhada c com
uma textura med iana. A espessura d es tes é, no e ntan to, m aio r nos
g naisses, (me nos res iste ntes), elo que nos blastomilo nitos.
No fundo das linhas ele ág ua, principalme n te nas mais im por-
tantes, é freque nte a ex istê nc ia de d e pósitos aluv io na res, mi sturados
com escorrê nc ias late rais de tipo colu vio nar. Frequente me nte com te rra
vegetal estes materi ais fo rma m solos inte nsame nte aproveitados na
ag ricultura, qu e r para a im p lantação d e ho rtas q ue r para a implantação
ele pastage ns pe rmane ntes (!ame i ros).
A co bertura vegeta l é inte nsa a S W, compos ta essenc ia lmen te
p or mato rasteiro. (urze, carqu ej a e es teva) e carva lhos, tornando-se
me nor para No rte, o nd e a cu ltura cerea lífe ra c do casta nhe iro são mai s
freque ntes. Nas roc has ultra básicas, (serpe ntin itos) o coberto vegeta l é
praticame nte inex istente .
26 Luís Filipe Pires Fernandes
"c lips" de tufos básicos, calcári os e afl oramentos ele x is tos mu ito
seme lhantes aos da unidade mai s exterior (D omíni o do Douro Inferior).
Os três a fl oramentos ele rochas carbonataelas (calcári os),
encontram-se al in hados segundo a d irecção NW-SE, parale lamente ü
Anl• hlilo s
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Classificação Climática
Como se pode observar no d iagrama te rmop luviométrico de
Gaussen da fi g. 5, e laborado com os dados de Te P verificados e m
Bragança de 193 1/83, os meses de Verão (.J ulho/Agosto), são mu ito
limitados e m precipitação, o que é uma caracte rística dos cl imas
mediterrâni cos. Com os mesmos dados construímos o c li mograma da
fi g.25, onde se verifica que, nesta região, há duas situações bem
marcadas : uma com clima chuvoso-fri o, desde Jane iro a .Julho e desde
meados d~ Se te mbro a Jane iro, c outra com c lima seco-que nte, que
inc lui , praticame nte, os meses de Junho, Julho, Agosto e metade elo ele
Setembro. Há dois períodos, re lativamente peque nos, que fazem uma
passagem por épocas de c lima seco-frio (início de .Junh o) e pe lo
chuvoso-que nte (meados de Setem bro)
Segundo a classificação de Koppen, podemos atribuir como
sendo uma variedade Csa o c lima da Terra Quente, e Csb o correspon-
de nte ü T erra-Fria GONÇALVES, D. ( 1990).
Nestes calcu los utili zámos os dados fo rnecidos pelo posto
me teorológico local izado e m Fontes, a cerca de 4.5 Kms a oeste da
Bacia de Cova de Lua e a estação me teoro lógica ela Quinta ele St"
Apo lónia, sita em B ragança, a cerca ele 6.5 Kms a SE de Sabariz 3
No climograma da figura 6, elaborado com os valores de
te mperatura e prec ipitação verificados em Bragança no ano de 1990/91,
verifica-se que, o pe ríodo seco praticame nte começou neste ano, e m
abril e prolongou-se até finais de sete mbro.
3 ) Estes postos são coordenados pela <Írca de Agrocli matologia da Escola Superior
Agdria do Insti tuto Politécnic;o de Bragança.
Hiclrogcologia de dois 1m portantes Aquíl'cros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 33
P(rnrn)
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BALA NÇO ÜUI. Nov Dez. Jan. Fcv. Março Abril Maio Jun. Jul. Ago. Sei. ANO
HÍDRICO
p 200.C 72.< 36.5 144.0 71.0 206.0 25.0 7.0 10 .0 <J.O 5.0 5ll.O H61 ..
ETP 46.2 2 1.0 12.6 9J '!.3 47.2 16. I 72.3 9 3.4 121.7 12'.l.7 S4.7 6X3 ..
P-ETP 153 !1 5 1.O 2\.l) 114 .7 61.7 1 5~ . 8 - 11.1 -65 J -63.4 -1 13 - 124 .7 -26 .7 255.t
ETR 4 6.2 21.1 12.6 \l3 <JJ 47.2 311. 1 .JS .'! 30.0 'J.O 5.0 5S.O 329.
onde: P- Precipitação
ETP - Evapotranspiração potencial
P - ETP - Variação da reserva de água
L - Variação da reserva de água, acumulada quando negativa
S 50 - Água no solo, sendo calculada pela fórmula
S.~O = C.C. X e-lk~., C011l C.C. =capacidade de campo
DSs0 - Variação de água no solo
ETR - Ev·~potran spi ração real
DH - Dé ficit hídrico
SH- S uperávit hídrico
(ETP e ETR calculados segundo o método de T HORNTHWATTE)
Hidra geologia
Algumas considerações
A água é uma substância indispensável à vida e , desde sempre,
as populações a têm tido como recurso pri vilegiado.
São raras as actividades humanas , realizáve is numa região
sem um prévio conhecimento dos recursos hídricos da mes ma.
Desde sempre, as populações se instalaram junto a locais onde
facilmente dis punham deste recurso, ou seja, junto a emergências
naturais.
Com o aumento das populações, as comunidades viram-se
obrigadas a abastecer-se de água a partir de locais o nde os seus sentidos
mais facilmente lhos indicavam, ou seja, à superfície. Nascem então as
grandes obras de engenharia, como as barrage ns, tantas vezes localiza-
das a grandes distâncias dos locais de destino, implicando g randes
investimentos, quer para a edificação das barragens, quer para a implan-
tação das condutas.
Com frequê ncia, a água enc_o ntra-se por debai xo elo local de
consumo, ou nas proximidades dele. E certo que e la se encontra a uma
determinada profundidade e em quantidades variáve is, mas, por outro
lado, sofre uma re no vação lenta mas constante, CARVALHO, .T. ( I 981 ).
É ideia mais ou menos ueneralizada de que as águas potáveis
de superfície são mais freque nte; do que as que existem e m profundi-
36 Luís Fil ipe Pires Fernandes
manei ra de o lhar para as roc has cristal inas, como potenc iais fo rnecedo-
ras de determinados caudais capazes de resolver mui tas das necessidades
e xistentes nestas regiões.
Austria 46 53 99 I
Dinamarca 98 o l)~ 2
Itália 57 3(J 93 7
A lemanha (RFA) 75 16 91 9
Hungria - - xs 12
Suiça 42 42 84 16
Países Bai xos 83 o R3 17
Portugal - - xo 20
Alemanha (DDR) - - 80 20
Bulgc.íria - - 80 20
Bélgica 71 o 71 29
- -
UR SS 70 30
Luxemburgo 5 65 70 30
C hecoslováquia - - 5X 42
Polónia - - 50 50
França 31 17 4~ 52
S uécia 47 o 47 53
G râ Bretanha - - 31 6<>
Finlândia - - 30 70
Espanha 27 2 29 71
USA - - IX 82
Noruega - - 5 95
Hiclrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sabariz/Cova ele Lua) . . . 39
Rochas Fissuradas
A prese nça c o comportamento das águas subterrâneas, em
rochas cristalinas estão ligadas a um ce rto número de factores, que
poderemos agrupar cm três g randes categorias: geologia/ pedolog ia,
m o rfolog ia e climatologia.
Em geral as roc has ígneas e me ta mórficas. não possue m ,
praticaml"lte, porosidade intcrgranular e fo ram, durante muito tempo,
consideradas como impermeáve is, cm profundidade. Só ü medida que
as gale rias c os túne is foram rompe ndo estes li pos de rochas, é que os
especiali stas se foram apercebendo das su as potenc ial idades hielroge-
o lógicas, já que, freque ntemente, depar<_tvam com grandes caudais.
brotando, a altas pressões, das fracturas. E hoje sab ido que os g randes
avanços que este conhecimento d o compo rtamento hidrogeológico elas
rochas cristalinas tem sofrido nos últimos te mp os são devidos ex acta-
mente a trabalhos de geologia ele engen haria, LARSON, I. et.al. ( 1987).
Ainda que estas rochas sejam resistentes, não porosas e praticamente
imperme áve is à escala da amostra ele mão, e las serão capazes de re te r a
água no g rande rendilhado de fi ssuras, que, ge ralme nte, as afecta a uma
escala maior. Pontos in teressa ntes têm-se revelado, também , as zo nas
d e co ntacto entre tipos de roc ha dife re ntes, principalmente, quando
aparecem diques ou filões-camada . Quando estas roc has entram em
contacto com determin adas condições c limáti cas, sofre m uma certa
alteração, que va i fac ilitar a infiltração e o armazename nto das águas
subterrâneas.
Dentro desta zona de alte ração scrú ta mbém importante focar
o pape l a desempenhar pela co bertura vegetal , qu e pod erá exercer
influência sob re a infiltração e a evapo ração elas águas subteJTâneas.
Hidrogeologia de do is Importantes Aqu íláos (Sabariz/Cova de Lua) . . . 41
Dentro dos fac tores morfológicos, papel impo rtante vai ter o
relevo, pois, confo rme o dec li ve é mais o u menos inclinado, ass im se
favorece, o u não, a fo rmação de camadas de alteração, a escorrênc ia
super ficial é ma ior ou menor, e, consequente mente, tudo isto irü
re fl ectir-se na pe rcentage m ele infiltração e fi caz.
CHAMBEL, A. ( 1989) a rg umenta que as zonas planas fa-
vorecem a evaporação. po rque , nestas zonas, há geralmente a fo rmação
de solos bastante argi losos, o que vai fazer co m que re tenham, à
super fície, a água das chuvas, po r vezes durante semanas. Portanto,
segundo este rac iocíni o, as zo nas mais acidentadas seriam as mais
propíc ias à in fi Itração, apesar ela escorrênc ia, superficial ser superior.
Este auto r apon Lt, como exemplo, a zo na de Evo ra, o nde esta s ituação
se ver ifi ca .
Pe nsamos, contudo, que n ~o pode remos ge ne ral izar esta
questão, po rqu e, po r exemplo, e m T rás-os-Montes, as áreas c o rrespon-
dentes a depressões largas. extensas e be m alimentadas e as superfícies
aplanadas, não to talmente d re nadas, são cons ideradas as q ue mai ores
potenc ialidades aquífcras apresentam, CARVALHO, J . ( 199 1). Veja-
mos, como exe mplos, as bacias de Chaves, Vilari ça e M irande la. Jsto
verifi ca-se porque, nesta região, os solos não serão tão arg ilosos como
no Ale ntejo, o que poderá estar re lac io nado com o c lima, pois, em zo nas
mais que ntes e me nos plu vio métricas, a meteorização química será mais
pronunc iada e a lix iviação m ais fraca, favorecendo-se assim a acumu-
lação de m ateriais fi nos.
As condi ções c limáticas, por sua vez, desempen hamu m pape l
extrem amarnente importan te na presença de águas subterrâneas, sendo
ele re fe rir, e m parti c ular, fa c to res como a precipit ação e a
evapo transpiração, que terão de ser considerados e m conjunto nu ma
determinada região , LARSON, 1. , et.al.(op.cit. ).
Os recursos híd ricos de uma determinada região dependem
d irectamente do volume das reservas de ág ua bem co mo das rac i Iidades
de explo ração dos aqu íferos. Estes aquíferos depende m, por sua vez, das
caracte rísticas hiclrogeo lógicas elos materiais (transmiss ividade, con-
d utibilidade hidráuli ca e coefic iente de armazenamento), dos facto res
eco nó micos e da renovação das reservas, SAMPER , A. e t.a l. ( 1976).
PIRSGN, S. ( 1953) admi te a ex istê nc ia ele três tipos de
po ros idades, em roc has cristalinas fractu radas: in te rg ranular, vesicu lar
(que resu lta da alteração da pró pria roc ha) c de fracturas. Este auto r
considera que a prime ira será uma porosidade primári a e nquanto que as
d uas últimas serão já secundárias, porque resultam de transformações
da rocha original.
C o mo a lte rnativa a esta c lassi l'icação de orde m gené tica ,
ALMEIDA, C. et.al. ( 1990), cons idera m dois tipos de po rosidade:
porosidade de po ros interg ranular c de mic rofrac turas (po ros idade de
matri z) e porosidade ele fracturas.
Da litologia dominante vai depender a importância re la! iva
dos d ife rentes tipos de porosidade, jú que, por exemplo, num mac iço
g ranít ico, não a lte rado, a porosidade de matriz é mui to peque na. sendo
42 Luís Fili pe Pi res Fernandes
mais a NE, (fig. 7). Neste grupo, as <iguas são captadas por meio de
galerias visitáveis, com a secção interior de I ,80m x 0 ,70m, revestidas
a c imento e dotadas ele barbacãs4 para recolha das águas que rema-
nescem lateralmente .
Os grupos II e III, situam-se na outra linha de água, só que,
aqui, as galerias não se encontram revestidas a cimento. Durante uma
campanha ele limpeza, efectuada pelo pessoal da C.M.B ., visi támos uma
galeria do g rupo III onde consegu imos observar a íntima relação entre
zonas fracturadas e locais de emergência de água. Verificámos igual-
mente qu~..: as fracturas se encontravam, geralmente, preenchidas por
material muito esmagado, bastante argiloso, o que, em determinadas
situações, poderá comprometer a c irculação da água.
As canalizações das captações que formam os grupos II e III
juntam-se na câmara de reunião A, ele onde parte uma conduta que se vai
juntar à conduta do grupo I na câmara ele reunião geral B.
Para o controle ele escoamentos subterrâneos, mantivemos
so b medição quinzenal por um período de I ano (Jane iro 91 - Janeiro
92), as seguintes captações:
:I:
§:
o
U=>
Ct>
o
~'
r/C
0..
(")
~ ,....
c
:r.
3
Grupo 11 "O
o
Grupo I :::
5
õ
:r.
>
..:::>
c- ,
~
ó
:r.
Câmara geral de reunião CiJ
~
5.
::::..
n
o
Galeria visitável <
O 50 100 150 m ~
0..
(")
~
Fig. 7 - Esquema global de localizaçiio das captações de Sabariz.
.,.
Vl
46 Luís Filipe Pires Fernandes
Com:
T = Transmissividaele do aquífero
S = Porosidade eficaz
L= É a distância do e ixo de s imetria elo aquífero à nascente
(Se mi longitude do aquífero).
2.3 \..
u
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'o~
...,..._,
c'-....._
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r-....
v
1'---!'--., CX=5 .05 ~---3
c~'-- ~
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1'6 ~
c -........
'b- ~
1.2 1'--- o
12.0 193.0
t (d)
2 .9 ........
~[r,
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:--.....
~,
o= .31 E-~
"' o"
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o
p"""
0.7
0.0
' o"' p._,_
181.0
t (d)
Fig. 9- Cu rva de esgotamento da cnpla(.Ú O 2.
48 Luís Filipe Pires Fernandes
2.5
LN
~ J)
.........
~
L .........
""'
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~ X= 6.:: 9E 3
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t (d)
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193.0
3.3
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o
..........
r--...._ lx= 9.1 1E-~
E o '-..,
~
o l'b!'-...
~)'-..,_
1.7
~ ~--..o
0.0 180.0
t (d)
Fig. li - Curva de esgotamento da nascente 4.
220.32 5.05E-3
2 458.16 1.3 JE-2
3 282.0 6.388E-3
4 628.56 9. 11 E-3
2.9
...........
..........
""v ..........
~
""'~ ..........
c
""' ""' li.= 1.0 E-
""' ""'
()
o
""' ............
""' ""'!'--...
v
~ !'-._
2.0
0.0 86.0
t (d)
Fig. 12 - Primeira porte da curva de esgotamento da captoç:âo 2.
1.5 L
!'-..
............
!'-._
...........
() !'-._
...........
..........
...........
'-...
~= ~. 8
""' ""'
j E- j
...........
..........
0 ...........
"-....
............
~
0.7
!'---!'-...
103.0 t (d) 181.0
2.6 L
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i'-!'-..
""' .........
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2.0
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!"--.i"'---
i'-i"'---
o i'-~
o o~ ~ ~= 4.8 JE-3
.E o
~
' ~
)'-.,
..A
..........._~
1.2
29.0 193.0
t (d)
Fig. 15- Segunda parte da curvo de esgoW/1/CIIto da captaçiio I.
52 Luís Filipe Pires Fernandes
~ - serpentinitos
[3 - Gneisses
k>1 -Anfibolitos
O - Depósitos
----+ - Direcção do fluxo
Contr·ole hidrogeológico
Para efectivar este object ivo mantivemos sobre cont role os
segu intes facto res :
Controle quinzenal elos caudai s ele escorrência superfi c ial,
medidos com molinete, a cerca de I 00 111 a jusante elas
captações.
Controle d os caudai s extraídos dos furos.
Controle químico e bacterio lógico de al g uns pontos ele ág ua.
Para o controle da escorrência superfic ia l desta bacia ten tou-
-se quanto poss íve l e fectuar medições quinzenais, durante o ano ele
199 1. De salie ntar que , desde fin s ele Maio, a escorrênc ia superficial, a
montan te, deixa de exis tir, passando es ta a fazer-se às custas da descarga
subterrânea do aquífero caldri o.
Ensaios de bombeamento
Efectuamos al guns ensai os de bo mbeamento, ele lo nga du-
ração, os q uai s nos condu z iram aos seguintes valores para os parâme tros
hiclraúlicos elo aquífero:
Ensa io efectuad o no dia l i de Julho de 199 1, a caudal
constante ele 80m 3/h interpretado com o recurso ao programa
Hidrogcolog ia de do is Importantes i\quíkros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 55
o
. -- . - .
.····································
·.·······
.··
........// ......... .
Dai a· 11/7/') I
<"';l
o
l i IIII I I I IIII! I I
-4 -3 -2 -I
l() lU lO I() 10
t (cl)
I - C onduta -l
2 - Coudut<l 5
3 - Supcrfkit.: Sabariz
4 - lnk io da Rha das Cova~
) -s ... dallcra
(> - Sup~.":rfki ~ Junto aos Poços
7 - Furos
X· Casa r-lores;;il
10- Rio Uacdro
~i
7 ():\·'~
>I
- ' lO
C/ _ __
Características Físico-químicas
Temperatura
A temperatura é um parâmetro que poderá desempenhar um
papel muito importante na indicação do movimento da água subter-
rânea.
Na fig. 19, poderemos ver i ficar a maior constância de valores
observados nas nascentes onde a medição foi efectuada na emergência.
Nestes casos, a variação, desde Jane iro a Setembro, localizou-se entre
2 c 3 "C.
30
(_)
...Cll
::J -o- Saba.Cond4
...
iii
Ql 20
....... Saba.Cond5
c. "* C.L.Inic.li.águ
E -o- C. L. Poços
Ql
1- -1'2- Rio Baceiro
-o- C.L.Sr~ da Hera
10 ....... Casa Florestal
-tr- Poço da Horta
C.L.Sup.Poços
~
QJ
"lJ
-a- Saba.Cond4
ro -+- Saba.Cond5
"lJ 200
.::: "*" C.Liníc.li.água
:; -<>- C.L.Poços
"lJ
c: -1!1- Rio Baceiro
o -a- Sr" da Hera
o 100
....... Casa florestal
-&- Poço da Horta
1 5/ 1 15 / 2 14 /3 16 / 4 12/6 1 8/9
Data das medições
25 0
(/)
:::L
w
"C 200
Cll
"C
.:::....
::J 150
"C
c
o
()
10 0
50
r= 0 . 90
o
o 50 100 1 50 200
RESIDUO SECO
Características Químicas
pH
Este parâmetro é muito importante do po nto de vista hidroge-
oquímico, vis to q ue inte rvé m d irecta ou indirectamente nos vári os
e qui líbrios qu ímicos influenc iado ass im g randemente a estabilidade ou
instabilid<..de das espécies m inerais e m disso lução.
Pel o que podemos o bservar na fi g. 22, não se nota q ualquer
8 ,-----~~----------~~~~
=& 7
-a- Saba.cond .4
6 -+- Saba.cond.S
C.L.iníc.li. águ
5 '*
~ C.L.Poços
4 ...... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
3 ........ C.L.S" da Hera
2 -A- Casa Florestal
...... Poço d a Ho rta
15 / 1 1 5 /2 14 / 3 16/4 1 2/ 6 18/9
Data das medições
Catiões
Em praticamente toda s as análises efectuadas o catião mais
abundante é o Ca 2+, com valores que osci lam e ntre 2.4 m g/1 (Rio
Bace iro) e 36 m g/1 (poços da Câmara), com uma média de 15.87 m g/L
A variação deste elemenro, nas seis col he itas efectuadas,
encontra-se representada na fi g . 23, onde se pode observar o des taque
nítido dos poços da Câmara com o sendo o local que se nos apresenta
com um te01· mais elevado de cülcio. Este valor se ria de esperar visto que
os furos se encontram implantados cm calcúrios, onde os fenómenos de
dissolução do CaC0 3 deverão ocorrer. Este ião poderá te r também
origem no ataque ele feldspatos c outros si licatos cálcicos.
A tendência geral parece ser a de um ligeiro aumento elas
concen trações deste elemento, ao longo elo tempo.
40
"§,
E
o -e- Saba.cond4
·u 30
-+- Saba.cond5
ro
o -M- C.L. inic.li.águ
-<>- C.L.Poços
20 .... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
...... Sr' da Hera
10 -ir Casa florestal
Poço da Horta
'§,
E 10
o -0-
'üi Saba.Cond4
•Ql
c 8 -+- Saba.CondS
Ol
Sup.Poços
ro
:2 '*'
~ C.L. Poços
6
-o- Sr~ da Hera
4
.....
Casa Florestal
.....
Poço da Horta
1 5/ 1 15 /2 14 /3 16 / 4 12 /6 18 / 9
Aniões
O bicarbonato é nítidame nte o a111ao mais representati vo
de ntro de todas as análises disponíve is, com valores variando entre 3.66
mg/1 (Rio Baceiro) e 135.42 mg/1 (Poços de Câmara) c como valor
médio 65.78 mg/1.
Este ião, nos locais onde ex istem carbonatos, prové m essen-
cialmente da dissolução dos calcários, ajudado pel o CO, ou por ácidos
naturai s. Nas rochas restantes provém da hidrólise de sílicatos, com a
ajuda de C02•
No diagrama de evolução temporal, Fig. 25, veri fica-se o
de.staque nítido entre o rio Bace iro, c om valores mínimos, e os poços e
mma da Casa Florestal, com valores máximos.
Hidrogeologia de dois Im portantes Aquíferos (S abari z/Cova de Lua) . . . 65
200
::::: 180
O)
E 160
-0- Saba.cond4
o ...... Saba.Cond5
roc
..
140 -M- C.L.Iníc.li.águ
o 120 ~ C.L.Sup.Poços
-ero Poços
u 100
i:D -o- Rio Baceiro
80 ...... Sr'1 da Hera
60 -6- Casa Florestal
40 Poço da Horta
20
o
15 / 1 1 5 /2 14 / 3 1 6 / 4 1 2/6 18/9
Data das medições
10
<::::
O>
E 8 -e- Saba.cond4
o -+- Saba.cond5
ãí
o "*- C.Liníc.li.água
o 6 -<>- C.L.Poços
....... Rio Baceiro
4 -o- C.L.Sup.Poços
...... Sr~ da Hera
-l!lr- Casa Florestal
Poço da Horta
15 / 1 15/2 14 / 3 16 / 4 1 2 /6 18 / 9
Data das medições
'ãJ
E -e- Saba.cond4
(/)
o -+- Saba.cond5
.~
z
"*- C.L.iníc.li.águ
-<>- C .L. Poços
.... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
...... SrJ da Era
-l!lr- Casa Florestal
Poço da Horta
Sílica
Este parâmetro aprese nta-nos um valor médio de 8.35mg/l,
apresentando como mínimo 1.46 mg/1 e como máx imo 29.8 m g/l. O teor
em sílica das águas existentes em rochas cristalinas provém essencial-
mente elo ataque ele si licatos e outras rochas que contêm sílica solúvel.
A sílica pode ser um indicador do tipo do terreno atravessado pela água
subterrânea, assim como da temperatura do aquífero, visto que a
solubil idade deste e lemento aumenta com a temperatura.
No diag rama de evolução, fig. 28, este elemento apresen ta-
nos um comportamento bastante uniforme nos diferentes pontos de
amostragem. Verifica-se uma descida acentuada na colheita de Março,
uma estabilização dos valores até Ju lho, e um aumento nítido para o mês
de Setembro. Não conseguimos encontrar uma explicação p lausível
para este tipo de comportamento.
<:::: 30
Ol
E
ro
~ -e- Saba.cond4
ifJ ...... C.L.iníc.l.água
20 -M- C.L.Poços
-o- Rio Baceiro
-1!1- C.L.Sup.Poços
-o- Sr' da Hera
...... Casa Florestal
-Ir Poço da Horta
Saba.cond5
TAS = Na+
-0Mg2+; Ca2+
Controle bacteriológico
As colhe itas para este controle foram e fectuadas qu inzenal-
mente e nos loca is de o nde se extrai água para o abastecimento da cidade
de Bragança, ou seja, nascondutas 4 e5 deSabariz, do furo JK I ceio Rio
Baceiro. Estas colhe itas foram reali zadas com todo o rigo r poss ível e
reco m endável para este tipo de aná li ses, atendendo ü sensibi lidade dos
microo rgani sm os in terve nientes, CUSTODIO, E. ( 1983).
Pe la o bservação dos resul tados obtidos ao longo do an o 10 ,
conc luímos tratar-se de águas onde a carga microb iana é razm'ível, mas
praticamente sempre dentro dos padrões f ixados legalme nte para a água
potáve l.
Nas co.1dutas de Sabariz, a situação me lho ro u a partir da al tura
e m que a Câmara Mu nic ipa l procedeu ü limpeza e desobstmção destas 11 ,
v isto que se e ncontravam num estado de tota l abandono.
No ri o Baceiro, verifica-se um aumento brusco da carga
microbiana no mês de Setembro, chega ndo mesmo a u ltrapassar o valor
máximo pe rmitido para o número total de Germens e para os Colifo rmes
Fecais, mas neste mês a C.M. Bragança não reti ro u água desta captação.
Este aume nto deverá estar rel ac io nado com alguns factos por nós
constatados:
red ução do cauda l do R io, o que o bri ga a que a água pratica-
mente fiqu e estagnada no açude;
localização do açude, atendendo a que fi c a por de baixo de
uma ponte, e que in fe li zmente as pessoas utili zam para se
livrarem dos seus lixos dom ésticos, e não só !;
a uti li zação deste loca l durante os meses de ve rão com o
piscin a, já que não ex iste qualque r indicação ele util ização
desta <'íg ua para consumo humano.
I O) Estas an;íli scs foram crcctuaclas nus meses de Fevereiro, Abril, Junho e Setembro
c foram realizadas no laboratório de microbiologia da Escola Superior Agníria do
Instituto Politécnico de Bragança.
l i ) Esta operação teve lugar durante os meses ele Junho c Julho de 199 1.
70 Luís Filipe Pires Fernandes
Cal<- Mg2<- Na
+ K+ C!- so 2- NU~ Dureza Temp.
4
(mglll (mglll (mg/1) (mg/1) (mglll (mg/1) (mg/1) (o c )
000
~ 000 - 100
000
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-~ ..o •• I DO
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lO O >O
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Substincins indcscjávci5
V.M.R.
. 0.05 O.! 0.05 - - - - - - -
V.M .A .
.. 0.2 - 0.2 0.005 0.05 U.OOI 0 .05 0 .01 O. I 0.05
In t.·-
_ Ie f. _ ( I - Es ) Cp
P - P Ci
Onde:
P- precipitação
Inf - índice de in filtração
Ief - Infiltração Efi caz
Ss - Escorrê ncia superficia l
Cp -conteúdo médio ele c loretos da água da chu va
Ci - conteúdo médio ele cl oretos da água subte rrân ea
Cp Ci
Chuva: Jan - 3.55 Profund idade: Jan - 8. 52
Fev -2.84 JK I Fev - 7.8 1
Mar -3.55 Mar - 6.39
Abr -3.70 Abr - 6.39
Jun -2.84 Jun - 7.8 1
Sel. -2.95 Set - 7. 10
X: =3.23 x= 7.33
Bacia de Sabariz
No Quadro 6, encontram-se igualmente representados os
valores da escorrência superficial na sub-bacia su l de Sabariz, ou seja,
a bacia respeitante aos grupos II e III de captações.
Ci
Profundidade: Jan- 8.52
JKI Fev- 7.8 1
Mar - 6.39
Abr - 6.39
Jun- 7.81
Set-7. 10
x = 7.89
H idrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sahariz/Cova ele Lua) . . . 75
Geologia
Geologicamente, trata-se de du as zonas situadas na sinfonna NE
do maciço poli metamórfico de Bragança. Os últimos dados apontam para
uma origem alóctone deste maciço, com ori gem na zona de suptura entre
as zonas de Ossa- Morena e Centro Ibérica, tendo-se deslocado de W para
E, com amplitudes de movimento superi ores a 200 Km.
--------------------------------------------------------·
78 Luís Filipe Pires Ferna ndes
Climatologia
O c! ima desta região apresenta características marcaclame nte
mediterrânicas, ate ndendo ú pouca plu viosidade caída nos do is princ i-
pais meses de Ve rão (Julho/Agos to). Carac te rísticas continentais são
igualmente apontadas, dev ido ao isolame nto pro vocad o pelas cadeias
mo ntanhosas que a envolvem. Bragança apresenta valo res médios de
869. 4 mm de prec ipitaçã o e I 1.8 "C de te mperatura para a séri e de an os
de 1960- 1983. Valores de 329.7 e 285.4 mm fo ram por nós estimados
para EVK segund o o métod o de THORNTHW AITE, nas bacias de
Cova ele Lua c Sabariz, respecti vamente.
Hidrodinâmica
E m ambas as bac ias, a c irc ulação faz-se tipicame nte e m
aquífero elo tipo fissurad o, em rochas cri sralinas e cristalofílic as.
As curvas de esgotamento das co ndutas I , 2 e 4 de Sabariz
forneceram-nos valores de coefic iente de esgo tamento a compreendi-
dos entre 5 .05 e 9.11 x lO \ signifi cand o que a água destas circula
essenc ialmente por peque nas fendas e diac lases. Jáa conduta 2 apresenta
um valor de a de I .31 x I o-~ , o que pode rá estar re lacio nado co m a maior
capacidade de escoamento dos dep ósitos ele fundo de vale que cobre m
grande parte desta captação .
Em Cova de Lua, a existência dos calcários, no fundo do vale
da ribe ira das Covas, desempe nha um pape l importante no aquífe ro ali
exis tente, atendendo a que e les deverão armazenar g randes quantidades
de água .
Os ensai os de bombeame nto realizados nos poços da Câmara
apresentam valores ele Te S co nfo rme a locali zação do nível dinâmico.
Assim, o ensaio realizado co m o níve l praticamente à supe rfíc ie fo r-
nece u-nos os seguintes parâmetros.
T = 536.5m2/d
Sf =6.4 x I 0·4 - (Coefic ie nte de armazename nto das fissuras)
Sb =4 .24 x I 0-2 - (Coe fi c iente de armazename nto dos blocos)
Hidrogcologia de do is Im portantes 1\quíl"cros (Sabari71Cova de Lua) . . . 79
Recursos subterrâneos
Estimam-se e m cerca de 2.2 X 1 o r· m 3/ano
na bac ia de Cova de
Lua e e m 6.3 x 105 m ;/ano cm Sabari z. Em termos perce ntuais, estes
valores correspo ndem a cerca ele 30 c 37 % da precipitação média anua l
caída nas respecti vas bac ias que é de 86 1 e 636mm/ano.
rentabilizado com a recarga artific ial do aquífe ro. Para este efeito a
recarga seria fei ta a partir do Ri o Baceiro com um caudal muito infe ri or
ao retirado actua lmente. A ág ua poderi a ser lançada a lgures, a montante
dos furos 12, e m secções prev iamente estudadas e munidas de fil tros
adequados, onde se deverá proceder regu larmente ao controle químico
e bacteri ológico da água a util izar na rec arga.
Esta so lução traria tarnhém como vantagens. a estabi Iização
das condições químicas c bacteri ológicas da água a fornecer ao domicílio.
Com a situacão actual verificam-se alternâncias muito bruscas em
termos de tipos de água, quando se passa de um si ste ma para o ou tro,
tornando-se desagradável, para os consumidores assim como para todos
os circuitos por onde e la irá passar.
Esta técnica de recarga arti fic ial de aquíferos, começa a ser
muito utilizada noutros países, c cm locais onde já existam redes de
distribuiç .. o, o que vai reduzir s ubstanc ialmente os investi me ntos a
realizar.
12) A escolha d este local teria de ser submetida a um estudo prévio para se determi nar
onde a inliltração se processa mais rapidamente.
Bibliografia
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ele Aptidão Pedagógica e Capac idade Ciêntífica, do ECDU.
Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade
de Coimbra, 123 pp.
ANTHONIOZ, P.M.( 1972) - Les comp lexes polymétamorfiques
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82 Luís Fil ipe Pires Fernandes
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