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Luís Filipe Pires Fernandes

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(Cova de Lua, -sabariz)
do maciço polimetamórfico
de Bragança

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EDICÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANCA
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Luís Filipe Pires Fernandes

Jliidrogeologia de dois
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(Cova de Lua, .Sabariz)
do maciço polimetamórfico
de Bragança


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1· ~ Luís Filipe Pires Fernandes

Hidrogeologia de dois
importantes aq_uíferos
(Cova de Lua, Sabariz)
do maciço polimetamórfico
de Bragança

EDIÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA


Título: Hidrogeologia de dois Impo rtantes Aquíferos (Sabari z/Cova de Lu a)
do M aciço Polimetamórfico ele Bragança
Autor: Lu ís Fili pe Pires Fernandes
Edição: Instituto Pol itécnico uc Bragança · ! 996
Apartauo 3X · 5300 Bragan ça· Portu gal
Tele fo nes: (073) 33 1 570 · 33 1 976 · 330 3200 · Tc lcfax (073) 25 405
Q uinta deSta. Apolónia · Apartado 38 · 5300 BRAGANÇA · Portugal
Exec ução: Serviços de Im agem do In stituto Po li téc ni co de Bragança
(grafismo c pag inação: Atilano Suarcz, montagem: Maria de Jesus;
im pressão: António Cruz; acabamento: Isaura Magalhães)
Tiragem : 500 exemplares
De pósito legal no 73254/93
Aos m eus Pais
À m.inha Esposa
!\ os meus Filhos

A memória
do meu Filho
Nota prévia
Neste traba lho aprese nta-se um resumo alargado ele um
1na is vasto estudo que constituiu a dissertação apresen tada à
Un iversidade de L isboa , em Setembro de 1992, para obtenção do
g rau de Mestre em Geologia Aplicada e elo Ambiente, pelo autor.
A referida dissertação é composta por dois volumes, entre
texto e anexos, que o leitor poclcrú consultar pura esclarecimento de
dúvidas suscitadas neste res umo ou para verifi cação de dados.
Agradecimentos
Representando este estudo quase três anos de intenso
trabalho, a sua conc lusão não teria sido poss ível sem a ajuda, a
franca compreensão e o e mpenhamento de algumas pessoas e
entidades a que m não poderia de ixar de exprimir bem viva e
inde lével mente os meus agradeci men tos.
Assim, para o Prof. Doutor Manue l Oli ve ira ela S il va, a
mi nha prime ira palavra ele gratidão, não só pela forma amiga como
sempre me acoPselhou no nortca mento deste trabalho, senão també m
pe lo empe nho e di sponi bi lidade sempre de monstradas quando, não
raras vezes a lguns escolhos me fo ra m saltando pelas ve redas da
investigação. De resto, à sua impo luta idoneidade científica se deve
també m a sugestão de um tema, para mim, tão grati ficante, quanto o
fo i o facto de com ele traba lhar.
Aos pres identes das Comi ssões Instaladoras , sej a do
Insti tuto Po litéc nico ele Bragança, Prof. Doutor Dionísio Go nçal ves,
seja da Escola Superior ele Educação, Dr. Arménio do Es pírito S anto,
seja ainda da Escola Superior Agrária, Prof. Doutor F rancisco
Cepeda, cabe um profundo e reconhecido agradecimento pe las
fac ilidades concedidas e pe la aberta compreensão sempre
demons tradas quando a eles ti ve de recorrer para que este trabalho
Luís Fi i ipe Pires Fe rnandes

tivesse sido possíve l e sem o empenhamento dos quais teria saído,


estou convicto, sériamente comprometido.
À Câmara Municipal de Bragança, em especial ao seu
Pres idente, Dr. Luís Mina, um g rato muito obrigado pe la forma
como desde o primeiro contacto. se in teressou e pela ampla
compreensão demonstrada para que este trabalho tivesse
sido poss ível.
Ao Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências ele
Lisboa que ri a agradecer todas as facilidades concedidas, e apoi o
pres tado que r durante o curso de Mestrado, quer durante o te mpo de
realização desta dissertação.
Ao Prof. Doutor C. A. Costa Almeida, agradeço a sua
pronta disponibilidade, com que sempre me atendeu, e m pedidos
radicados na elucidação das várias questões ligadas ~~ informát ica.
Ao Dr. Carlos Me ire les, dos Serviços Geológicos ele
Portugal, também um agradecimento pela sua fran ca c amiga ajuda
na compreensão e esclareciment o de muitos problemas relac io nados
com a geo logia ela reg ião cm estudo.
Ao Sr. Amílcar Morais, responsável técn ico do Laboratório
ele Ciências ela Natureza. da E .S.E.B., que ria vivamente agradecer a
sempre amável prontidão, muit as vezes abnegada, co m que comigo
se dedicou à reco lha de dados nos trabalhos de campo.
À Sr" Eng". Letíc ia Fernandes, bem como à sua equipa elo
laboratório de Microbi o logia, da E.S.A.B. , apraz- me manifes tar o
meu indelével agradecime nto, pela prontidão e disponibilidade
sempre manifestadas no que diz respei to à reali zação das análises
bacteriológicas das águas.
Para a O" Isa, do Laboratório de Águas do Departamento de
Geologia da Faculdade de Ciências de Li sboa, um sentido muito
o brigado pe la realiz ação elas análises químicas elas águas.
A todos os co legas da área de Ciências ela Natureza, não
poderia deixar de agradecer a amizade, camaradagem, colaboração
desinteressada e apoio sempre manifestado, durante o te mpo cm que
decorreu este estudo, não raras vezes com abnegados sacrifícios
que Jamais esquecerei
Ao INIC ag radeço a concessão ele uma bolsa de mes trado .
Ao Paulo Costa e ao Atilano Suarez agradeço todo o apoio
pres tado na dactilografia c arranjo gráfico, assim como ao José
Carlos agradeço a s ua constante disponibilidade.
A todos os anónimos amigos, cuja listage m seria fastidioso
Hidrogeologia de dois Im portantes Aquíferos (Sabariz/Cova de Lua) . . . 9

aqui menciunar que, nas mais diversas e adversas circunstâncias,


pela palavra oportuna com que sempre souberam fazer ressumar
estímulo com vista a que este trabalho viesse a lume,
o meu muito obrigado.
Os recursos de águas doces não sâo in esgotáveis.
É indispensável preservá-lo.\', administrá-los e,
se possível, aumentá-los.

Princípio 11 da Carta Europeia da Água


/

Indice

Nota prévia - -- - - - -- - -- -- - -- - -- 6
Agradecimentos - - - -- - - - - - -- -- - -- 7
Resumo 13
Resumé _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ 14
Abstract _ _ __ _ _ _ __ _ __ _ _ _ __ __ __ 15
Introdução e objectivos do trabalho _ __ __ _ __ _ _ 17
Localização das áreas em estudo _ _ _ _ _ _ _ _ __ 18
Geomorfologia I Geologia _ __ _ _ _ _ __ _ _ __ 19
As Grandes Unidades Geológicas
do Noroeste da Península Ibérica. _ _ _ __ __ _ _ 20
Geologia Geral do Maciço de Bragança _ _ _ _ _ __ 20
Descrição das áreas em estudo 23
Bacia de Sabariz - - - - - - - - - - - - - - -- 23
Bacia de Cova de Lua _ _ __ __ _ _ _ _ _ _ __ 26
Caracterização do Clima
de Trás-os-Montes Interior - -- -- -- - - - -- - 31
Classificação Climática _ _ _ __ _ _ _ _ _ __ _ 32
Balanço hídrico ao nível do solo _ __ __ _ __ __ 34
Hidrogeologia - - - - - - - - - - - - - - -- -- 35
Algumas considerações - - - - - - - -- - -- - 35
Apontamento histórico
do abastecimento de água a Bragança _ _ _ _ _ _ __ 39
Abastecimento inicial _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ __ 39
Abastecimento por fontanários 39
Abastecimento domiciliário (transporte por g1·avidade) 39
Abastecimento domiciliário (transporte por elevação) _ 39
Rochas Fissuradas 40
Hidrogeologia da Bacia de Sabariz 43
Curvas de esgotamento das nascentes 44
Modelo hidrogeológico conceptual
para a bacia de Sabariz 52
Hidrogeologia da Bacia de Cova de Lua 52
Controle hidrogeológico 54
Ensaios de bombeamento 54
Caracterização Hidrogeoquímica 57
Bacia de Sabariz 57
Bacia de Cova de Lua 59
Características Físico-químicas - - - - - -- -- - 60
Temperatura ______ _ _ __ _ _ __ __ _ 60
Co,dutividade e Resíduo Seco _ _ _ _ _ __ __ 61
Características Químicas --- - - - - - - - - - - 62
pH ______ __ _ __ _ _ _ __ ____ 62
Catiões - - - -- - - -- - - - - -- - - - 63
Aniões 64
Sílica ___ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ 67
Qualidade das águas para uso agrícola _ _ _ __ _ __ 68
Qualidade das águas para consumo humano _ __ _ _ 68
Controle bacteriológico - - - - - -- - - -- - 69
Especiação das análises - - - - -- - -- - - - 69
Recursos Hídricos Subterrâneos - - - - - -- - -- 72
Infiltração - - -- - - -- - - - -- - -- - 72
Bacia de Cova de Lua _____ _ _ __ _ __ __ 72
Bacia de Sabariz - - -- - - - - - -- - - -- 74
Cálculos dos Recursos - - -- - - - - - -- - -- - 75
Conclusões e recomendações - - - - - -- -- -- - 77
Bibliografia - - - - - - -- -- - - - -- - -- - 81
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/~[)
r___.; · , Luis Filipe Pires Fernandes

Th~idrogeologia de dois importantes


aquíferos (Cova de Lua, Sabariz)
domaciço polhnetan1órfico de Bragança

Resumo
Procedeu-se neste trabalho, ao estudo hiclrogeo lógico de dois
locai s, de onde se efectua actualme nte a maior parte do abastecimento
de água a Bragança.
Foram analisadas as situações Geomorfológicas, Geológic o/
Tectón icas e Climatológicas da região.
Na componente Hidrogeológica foi analisado o modo de
c irculação da água nos diferentes am bientes Geológ icos encontrados
nas duas bac ias em estudo. Na bac ia de Sabari z. foram mantidas sob
controle durante o ano de 199 1, as captações ali exi stentes, o que nos
permitiu obter as suas curvas de esgotamento, dura nte um longo período
sem infiltração profunda. Os ensaios de caudal realizados nos furos de
Cova de Lua, permitiram-nos obte r alguns parâmetros h idraúl icos, que
contribuíram para a caracte rização do aquífero.
Calculámos a infi ltração para as duas bacias, com a qual
estimámos os recursos hídricos subterrâneos.
No estudo hidroquímico manti vé mos sob controle durante o
ano de 1991 , e ntre 8 e IO pontos de água, com o intuito de caracte ri zar
as águas em questão e observar a evo lução elos seus componentes Fís ico/
Químicos e Bacteriológ icos ao longo do ano.
Fo i também abordada a poss ibilidade da recarga artificial do
aquífero de Co va de Lua, a partir do rio Bace iro, que resul taria numa
razoáve l me lhoria da rentabilidade do actua l sistema de abastecimento
de água a Bragança, princ ipalmente nos meses c ríticos de verão.
14 Luís Filipe Pires Fernandes

Resumé
On a procédé dans ce travai] à l'étude hidrogéologique de
deucx endrois ou de nos jours es t effectuée la plus grande partie de
l'approvisionnement d'eau à Brag ança (Sabariz et Cova da Lua) .
Les conditions Géomorphologiques, GéologiquefTécto n iques,
et Climatologiques de la région ont étéannalysées.
Dans la composante Hidrogéolog ique le forme de circulation
de 1'eau fut annalysée dans les di fferents ambiants Géologiques trouvés
elans les eleux bass ins étudiés. Au bassin ele Sabariz lcs captations
exiostantes on été maintenues sous contrôle pendant l'année de 1991, ce
qui nous a pernis d'obtenir les coubes d' écoulemenl, pendant une
longue période sans infi ltation profonc.Je. Les éssais ele torrent réal isés
dans les ouvertures de Cova de Lua nous ont permis d' obtenir quelques
pametres hyelrauliques, qui ont contribué à la caractérisation clre
l'aquifere.

Naus avons calculé l 'enfi ltration pour les deux bass ins, avec
laquelle nous avons estimé les ressources hyelriques et sousterrains.
:-Jans l'étude hydrochimique nous avons mantem! sous contrôle
pé riodique, et pendant une année, entre 8 et I O points d ' eau , ce qui nous
a permis de caractrerise les eaux en question et observer l'évolu tion de
leurs composantes Phys iques/Chimiques et Bactéreologiques au long
ele I' année.
La possibilité de recharge artificielle ele l' aquifere ele Cova de
Lua, en partant clu fl euve Bacei ro , a aussi été abordée, ce qui aurait
comme conséquence un améliorement raiso nnable de la rentabilité elu
systeme actuei d' approvi sionneme nt d' eau à Bragança, surtout dans les
mo is critiques d e I'été.
Hidrogco log ia de dois Importan tes Aquíferos (Sabariz/Cova de Lua) . . . I5

Abstract
In this work, the hydrogeological sudy oftwo locati ons, from
wich the largest part of the watcr suply to Bragança originates (Sabariz
and Cova de Luc1), has been undertaken.
The Geomorphological, Geological/Tectonical anel
Climotological caracteristics of the region have been analysed .
ln what concerns the Hydrogeological component, the form of
circulation of water in the severa! Geological e nvironements found in
the two bas ins under study, has been ana lyscd.ln the Sabariz basin, the
existent of captation were kept unde r control during the year of 1991,
which has allowed us to obtain the clrainage curbs cluring a long term
without deep infiltration. The pinping tests unclertake n at the holes in
Cova da Lua have allowed us to obtain some hydraulic parameters,
which have contributed to caratrize the aquíferous.
W e have calculated the infiltration for both basins, with which
we have estimated the underground hydric reso urces.
ln the hydrochemical stucly we have maintained under
periodical control , and during a year, from 8 to I Opoints of water, whic h
has allowed us to carateryze the waters under study and to obseve the
evolution of their Physical, Chemical anel Bacte reolog ical components
throughout the year.
The possibility of artificial recharge of the aquíferous ofCova
de Lua, from the river Baceiro, which would resul t in a reasonable
improve me nt of :he present system o f water suply to Bragança, mainl y
cluring the crytical summer months, has also been Iooked into.
Introdução e objectivos
do trabalho
Apesar de todo o inte resse que ao longo dos te mpos a Geo lo-
g ia da região de Trás-os-M ontes Oriental tem despe rtado que r pela sua
complex idade, que r pe la sua beleza, a sua compreensão é a inda hoje,
ponto de grande debate e de discórdia e ntre os vá ri os cientistas. Não
existe ainda uma cartografia ele pormenor publicada, embora os serviços
geológicos estejam a trabalhar inte nsamen te nalgumas áre as ela região.
Passando para o conhecimento hidrogeo lóg ico a situação é
ainda pior, onde por exemp lo no mac iço de Bragança, consti tui este
trabalho uma primeira abordagem do te ma.
Gostaríamos que este estudo não fosse de mane ira ne nhuma
considerado como um estudo ele âmbito regional e m sentido lato, pois
e le incide e m duas peque nas bac ias hidrogrúficas, com o comportamen-
to hidrogeológico que cons ideramos de excepção de ntro da região de
Trás-os-Montes Oriental. Assim os dados e conclu sões retirados deste
estudo só deverão ser aplicados ao restante da região media nte certos
critérios e suje itos a poste riores estudos.
Assim constitui o principal objecti vo deste trabalho obter
dados sobre o co mportamento hidrogeológico destas duas bacias que
possam ajudar a Câmara Municipal de Bragança a planear o abasteci-
mento de água domic iliária, se assim o desejarem .
Para além de aspectos meramente hidrogeológic os procurou-
se que este trabalho se debruçasse sobre fac tos geomorfo lógicos,
18 Luís Filipe Pires Fernandes

geológico/estmturais, climáticos, hidrogeoquímicos e ambientais. Pen-


samos que este último aspecto relacionado com a qualidade da água será
um facto muito importante a te r em consideração dentro de curto a
médio prazo, visto que, a verifica r-se o actual ritmo de desenvolvime n-
to, este será um dos primeiros elementos da natu reza ser a fectado,
atendendo à diversidade do ciclo hidrogeológico.
Outro aspecto que desde muito cedo nos motivou foi o facto
de tentar verificar a viabilidade da recarga artificial do aquífero de Cova
de Lua.

Localização das áreas em estudo


As duas áreas em estudo localizam-se na sinforma NE
(Parâmio-Baçal) do Maciço de Bragança, -Trás-os-Montes O riental.
Trata-se de duas pequenas bacias hidrográficas que
de nominámos por Cova de Lua e Sabariz.
A primeira (Cova de Lua) tem uma área aproximada de 8,5
Km 2 , situa-se no limite N do mac iço e engloba as aldeias de Cova de Lua
e Soutelo.
A segunda bacia (Sabari z) situa-se no fl ancoS da Sinforma e
localiza-se entre as aldeias de Oleiros e Sabariz, ocupando uma área de
aproximadamente 2,5 Km2, (Fig. I).
As duas áreas em questão são abrangidas pela folha n°24 (V ila
Verde) da carta militar de Portugal, escala I: 25 000, dos Serviços
Cartográficos do Exército.

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TRÁS-OS· MONTES
ORIENTAL

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L · List:>oa
B ·Bragança
M • Mirandela
TM · T. de Moncorvo

Fig. I -Localização das áreas em esrudo.


Geomorfologia I Geologia
O relevo do no rdeste trans mo ntano caracteriza-se po r um
extenso pl analto, com a ltitudes médias entre os 700 e 800 m, Cabral,
J .( l 985), encontrando-se bem conservado, a Leste, na zona de Miranda
do Douro. Esta s•1perfície de aplanação deverá corresponder ao prolo n-
. gam ento, e m territó rio po rtug uês, da g rande superfíc ie da M eseta Norte
ou de Caste la-a-Velha.
As fo nnas morfo lógicas são suaves, colinas arredo ndadas,
ocorre ndo, no e ntanto, grandes desnivela me ntos altimétricos, de vido ao
grande afundamento do principal sistema hi drográfi co (Rio T ue la e Ri o
Sabo r), ANTHONIOZ, P .( 1972).
A M eseta T ransmontana é do minada po r dive rsas e levações,
que fQrmam relevos residuais e que estão geralmente assoc iados a
rochas quartzíticas (c ri stas quartzíticas), ou máficas e ultramáficas
(m aciço de M orais). Sobressaem também da M eseta a lgumas serras de
fraca altitude, como: as ele Montesinho ( 1438 m), de Nogueira ( I 3 18m ),
da Coroa (II 17 m), situadas respectivamente a NW, SW e W de
Bragança e a Serra de Bornes ( I .200 m ) situada a S ele M acedo de
Cavale iros, CABR AL J .(op.c it.).
Entre estes relevos corre m ri os, quase sempre e m vales
profu ndos, por vezes d ire itos, chegando mes mo a ser rectilíneos, o que
pode rá revelar influênc ia tectónica. A rede hid rográfica to rn a-se densa,
com a princ ipal d irecção dos c ursos de água a se r NE-SW ou ENE-
20 Luís Filipe Pires Fernandes

WSW, ou sej a uma orientação alpina ou bética , TEIXEIRA, C. ( 198 1).


O rejogo rece nte de grandes ac identes com direcção aprox i-
mada NNE-SS W, deu ori gem a grandes depressões, como o Vale da
Vilariça, as bac ias de Macedo de Cavaleiros, Mirande la e Bragança.

As Grandes Unidades Geológicas


do Noroeste da Península Ibérica.
Foi Lotze e m meados da década de 40 o prime iro a reconhecer
a zonal idade existente na Cadeia Hercínica em term os ele palcogeog ra-
fia, metamorfi smo, magmatismo e estilo estrutura l. Com e fe ito, este
autor definiu no NW da Pe nínsu la 4 zo nas diferenc iadas: a Zona
Cantábrica, a Zona Oeste Astú rico-Leonesa, a Zona Galaico-Cas te lha-
na e a Zona Luso-Ocidenta l A lcudiana.
E é ass im que, a partir desta prime ira c lassificação, outras
vá rias têm s ido propostas, de e ntre as quai s se destaca, a de RIB E IRO,
A . ( 1974), que, de NE para SW , cons idera. tipi ficacla mente quatro
zonas: Z ona Cantábrica, Zona Oeste Astúrico-Leonesa, Zona da Ga liza
Oriental, Sub-zona da Ga liza Média-Trás-os-Montes, Zona Ce ntro
Ibé rica.

Geologia Geral do Maciço de Bragança


O Mac iço de Bragança é constit u ído por duas sinformas com
orie ntação NW-SE. A sinforma situada a SW (Vila Boa de Ousilhão)
está separada ela sinfonna s ituada a NE (Parâmi o-Baçal) por um
antiforma (an ticlinal de L ade iro) onde aparecem formações do grupo
centro-trans montano (fig .2).
Segundo ALTE DA VEIG A, N. ( 1991 ) c com base nos
trabalhos de PORTUGAL FERREIRA, M.( 1965), de ANTHONIOZ, P
( 1972) e de RIBEIRO, A.( 1974), na sinforma SW estão presentes, da
base para o Lopo:
A- Unidade Soe ira-Nogue ira, constituída por rochas bás icas de
fác ies dos xistos verdes (Unidade ela Nogue ira), que aflora
e m di versas manc has descontínuas;
B - Anfibo litos ela Base;
C - Anfibolitos com granada e rochas ultrabás icas associadas,
apresentando características b lastomi lon íticas;
O - Gne isses e migmati tos, e m aflorame ntos local izaclos, por
vezes com lentículas ele Eclogitos;
E - G ranulitos.

No maciço NE, aparecem de dentro para fora:


A - Uma banda descontínua de anfi bolitos ela base, constituindo
a zona ele bordadura da maior parte da sinforma;
Hidrogeologia de dois Im porta ntes Aqu íferos (Sabari zJCova de Lu a) . . . 21

~ Complexo pohmctamorhco

I:~ :~ :~ j Umdade de Soe ira

r--1 NB - Un1dad es Centro-Transmontana o 5 10Km


L__j e de Soe1ra imbricadas

Fig . 2 - N.eprescntnçüo esquemática do Geolog ia do Ma ciço de !Jmgan ç:a-


-Vi Ilhais.

B - Uma unidade ele gne tsses e mi gmatitos, loca lmente com


le ntíc ulas ele ecl ogitos.
C- Anfibo litos com granada mais serpentinitos elo topo .
Ne sta sinforma, os gnaisses afloram numa maior exte nsão
re lativamente aos anfibolitos, elo que na sinforma SW.
Recenteme nte RIBEIRO et ai. , ( 1987), in. MARQUES, F.
( 1989) propuseram uma divisão elo troço Hercínica Ibérico em 'Ter-
renos" tectono-estrat igráfi cos, elos quai s destacamos para o NW penin-
sular:
"Terreno" Ibérico - e nglobando as zonas cantábrica, Oeste-
-Astúrico-Leonesa, Ce ntro I bérico, Ossa Morena, uma zona com
seme lhanças Ce ntro-Ibé rico e outra com afinidades com a zona de Ossa-
-Morena.
"Terreno" ofiolítico setentrional - inclui as roc has o fio l ít i-
casque se encontram na base dos complexos catazonais de Galiza e de
Trás-os-Mon tes.
"Terreno" continental alóctone - corres ponde aos maciços
catazonais ele Trás-os-M ontes e da Galiza.
1
Descrição das áreas em estudo
Bacia de Sabariz
Geomorfo logicamente trata-se de uma zona aplanada, (cotas
próximas dos 860 m), no centro, limitada por duas elevações maiores,
a Nordeste o "Serro" com altitude máxima de 9 12 m, a SW o "A lto do
Lombo" com altitude máx ima de 956 m.
A rede de drenagem é do tipo misto, sendo uma parte angular
de disposição direccional adaptada à rede de fracturas e outra dendrítica
com as linhas de água da cabeceira apresentando ramificação em forma
de pinça.
A maior parte dos cursos de água são efémeros, já que só
existem durante ou imediatamente após os períodos de precipitação,
transportando só escoame nto superficial. No enta nto, as duas principai s
linhas de água desta bacia, onde estão implantadas as captações de água
para a cidade de Bragança, poderemos considerá-Ias como inte rmitentes,
visto que o seu período de vida se prolonga muito para além dos pe ríodos
de precipitação.
Quanto à litologia, te mos a considerar, a ex istência de S W
para NE:
Uma 'Janda descontín ua de anfi bolitos e blasto m ilonitos
básicos;
Gneisses;
24 Luís Fi! ipe Pires Fernandes

Serpentinitos;
Anfibolitos com granada, (ver mapa geológico ela fig. 3).
Os blastomilonitos ANTHONIOZ, (op . c it.), apresentam uma
paragénese constituída essencialmente por uma associação residual ele
horneblenda verde/castanha + granada + diópsido, numa mesostáse
composta por horneblencla verde+ plagiocla:;e + clinozoizite +quartzo.

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metros ~ fl lft :hl

Fig. 3- Mapa geológico da bacia de Saburiz


----------------------------------·
Hi drogcologia de dois Import antes Aq uífe ros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 25

E nco ntram-se, d e uma mane ira gera l, bastante di ac las ados, com di-
recçõ es princ ipais de cli vagem d e N 60 E/45 SE, N 40 E/70 NW, N 35
E/ Verti ca l. A fo leação, quando se observa, apresenta a titudes próximas
d e N 30 -40 W. Estes b lasto mi lo nitos apresentam-se geralmen te pouco
a lte rad os, exce pto nas prox imidades el o co ntacto co m os g ne isses, o que
dificulta basta nte a cartografia desse co ntacto.
O s g neisscs são constitu ídos, essencia lme nte, por uma associ-
ação estável de quartzo+al bite+rnoscov ite+ -biotite+-clo rite, com resíduos
de o ligoc lase e g ranada. Encontram-se basta nte alte rados, geralme nte
castanho s com grão médi o a fi no e onde a presença de porfiroclastos pode
também ser notada. Este mate rial encon tra-se todo partido com as princi-
pais fa mílias ele eliaclases a tomarem as segu intes atitudes:
-- N40 - 60 E/ SOSE
-- NSOE/45 NW
-- N5EI70 W
-- N30W/Vertical
A fo leação bastante evid ente e nco ntra-se orie ntada segundo a
direcção N30-40W.
As roc has ultrabás icas e nco ntra m-se ig ualme nte basta nte
fracturadas, aprese ntando sinais ev ide ntes de grande alte ração (serpc n-
tini zação ). Estas roc has são desprovid as de q ualque r cobe rtura de so lo,
já que a vegetação não se consegue rixar dev ido à g rande concentração
de determinados eleme ntos co mo o C r. c o N i, com grande va lo r d e
tox ic idade. Co ntribui também para es ta " nudez" o facto ele os minerais
co n stitui ntes destas roc has se a lte rare m muito por d isso lução, o que faz
com que sejam fac ilme nte li x iv iados. Enco ntram-se, no e ntanto, al g u-
mas espécies vegetais e ndémicas, mui to raras e com gra nd e valor elo
p o nto ele v ista b otânico, AGU fA R, C.(com .pessoal) .
Contauando po r NW com as u ltrnbás icas, e nco ntram-se a n-
fiboli tos, muito ricos e m g ranada.
Os solos desta zo na são essencialme nte elo ti po Cambi ssolos
Húm icos Cróm icos, GONÇALVES. D. (op.c il.), pois trata- se de so los
pouco esp essos com a cor amare la parda, a pard a a verme lhada c com
uma textura med iana. A espessura d es tes é, no e ntan to, m aio r nos
g naisses, (me nos res iste ntes), elo que nos blastomilo nitos.
No fundo das linhas ele ág ua, principalme n te nas mais im por-
tantes, é freque nte a ex istê nc ia de d e pósitos aluv io na res, mi sturados
com escorrê nc ias late rais de tipo colu vio nar. Frequente me nte com te rra
vegetal estes materi ais fo rma m solos inte nsame nte aproveitados na
ag ricultura, qu e r para a im p lantação d e ho rtas q ue r para a implantação
ele pastage ns pe rmane ntes (!ame i ros).
A co bertura vegeta l é inte nsa a S W, compos ta essenc ia lmen te
p or mato rasteiro. (urze, carqu ej a e es teva) e carva lhos, tornando-se
me nor para No rte, o nd e a cu ltura cerea lífe ra c do casta nhe iro são mai s
freque ntes. Nas roc has ultra básicas, (serpe ntin itos) o coberto vegeta l é
praticame nte inex istente .
26 Luís Filipe Pires Fernandes

A bac ia e ncontra-se bastante fracturada , afectada princ ipal-


mente por fracturas orientadas seg undo as direcções N4 0-50W, sendo
estas por sua vez cortadas po r frac tu ras com direcções d o quadrante E,
30-40 e 70-80 serão as princ ipai s.

Bacia de Cova de Lua


A mo rfologia desta bacia é d o minada e m grande parte pela
ribe ira das " Covas", nome pelo qual é vul g arme nte conhec ida, pe las
pessoas da região, a linha de ág ua q ue corre de SE para NW, a sul d as
povoações de Cova de Lua e Soute lo . Esta bac ia aprese nta, dec li ves
bastante acentuados no seu ce ntro, se nd o mai s ap lanada no topo N E e
a Sul, e mbora seja nes tas zo nas que nos apa recem as cotas mais
e levadas: v. g daCARBA co m 10 13 m a N, ev.g. das GUERR AS aS co m
937 m . A ribe ira das Covas junta-se i\ ri beira de O rna ! junto da capelinha
do Santo Amaro, para ire m desembocar no ri o Baceiro, ma is a W.
A red e de dre nagem é tal , como a de S aba riz, d o tipo misto.
O s cu rsos de água, são ig ua lmente, na sua maio ri a, d o tipo
efémeros . Pode re mos co ns ide rar, co ntudo, a Ribe ira das C ovas como
inte rmite nte, j á que existem diversas exsurgênc ias que a lime ntam esta
por g randes pe ríodos. Es ta s ituação e ra, no e ntanto, d ife re nte a ntes de
ex is li;·em as captações d e a bastecime nto d e ág ua a Braga nça, localiza-
das junto aos fo rnos de Vilarin h o, o nde, pe lo me nos, a partir daqui , o
curso era pere ne, o u seja, pe rman e nte .
Do po nto de vi sta Iitológico, esta bac ia e ng loba fo rmações
pe rte ncentes ao mac iço al ócto ne de B ragan ça, ü zona com a finidades de
Ossa-Morena 1, e a zona Cen tro lbé rica 2 RIBEIRO , el ai. ( 1987 ), ( vide
mapa geo lógi co da fig. (4) .0s te rre nos mai s ap lanados elo S ul e ncon-
tram-se, praticamente, to dos impl a ntad os e m g nai sses, o qu e será
de vido ~t sua me no r resistê nc ia. Isto acontecia j â na bac ia de Saba ri z,
assim como e m todo o pla na lto s ituado e ntre es tas duas e que, vul g ar-
m e nte, se den o mina po r planalto d e Es pi nhosela. Este gnaisse ap resenta,
grosso-modo, as mesmas caracte rísticas mine ra lógicas, es truturais e
tex turai s elos ante riorme nte re fe rid os na zona de Sabari z, j á q ue a
un idade será, e m princípi o, a mesma.
Contac tan do com os g nai sses, a N o rte, enco ntra-se uma
estreira faixa d e anfibo litos, com g rão bastante fin o e cores variando
entre o cinzento escuro e o esverdeado . U ma vez mais se torna difícil
de li mitar ~:om ri gor este contacto, d evido à falta de a fl o rame ntos, assim
co mo ao grande g rau ele alte ração elos mate riais nesta zona .
O s anfibolitos, que d e limitam o co mple xo po lime tamór fi co
c a valg am, p or sua vez, sobre uma un idade cons tituída essencialme n te
po r x istos verdes perte nce nte à zona co m afini dades de O ssa-M o re na
( S ub-do m íni o Centro Trans mo ntano).
No in te rior desta unidad e co nseguimos locali zar peq ue nos

I ) Corresponde;, unidade Centrostransmont:llla defin ida pn r RIB EIRO. ( 1974).


2 ) Corresponde ao Dom ínio do Douro lni"crior defi nido por RIBEIRO. ( 1974).
Hicl rogeologia de dois Importantes Aqu íferos (Sabari z!Cova de L ua) . . . 27

"c lips" de tufos básicos, calcári os e afl oramentos ele x is tos mu ito
seme lhantes aos da unidade mai s exterior (D omíni o do Douro Inferior).
Os três a fl oramentos ele rochas carbonataelas (calcári os),
encontram-se al in hados segundo a d irecção NW-SE, parale lamente ü

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Fig. 4 - Mapa geológico da bacia de Cova de Lua


28 Luís Filipe Pires Fernandes

Ribeira das Covas. Trata-se ele três pequenos a fl oramentos, onde


outrora se procedeu à extracção de rocha para o fabrico de cal , res tando
a inda hoje ruínas de algu ns fornos uti lizados nt!ssa laboração. Es tes
encontram-se situados na encostaN da Ribe ira, embora muito próximos
do fundo do Vale, pri nc ipalmente nos dois casos situados mais a jusante.
Através de um contacto cavalganre, faz-se a sobreposição ela
u nidade anterior sobre os terrenos autóctones da zona Ce ntro Ibérica.
Assim vamos encontra r, em contacto com os xistos verdes, formações
compostas, essencialmente, po r grau vaques, micax istos e xistos de
diversos tipos. Estas rochas e ncontram-se bas tante imbricadas umas nas
outras, com alternâncias muito rúp idas, o que torna a sua individua li za-
ção bastante difíci l.
Em contacto com estas sequê ncias de xistos cu lminante s,
aparece-nos uma banda de rochas essenc ialmente quatzíferas. A sua
cartografia torna-se mais fac ilitada devido aos re levos residuais que
estes materiais de ixam, jú que são mais resistentes do que os an te ri or-
mente referid os. Intercalados nestas rochas aparecem de quando e m
vez, pequenas inte rcalações de liclitos.
Por fim, e no topo NE ela bacia , afloram rochas do tipo ele
vulcanitos ácidos. São mate ri ais bastante quartzosos que apresentam
tonalidades di versas. Nota m-se os grãos de quartzo ele ma iores dimen-
sões, roclt .ldos por uma matriz amorfa.
Os solos ex istentes nesta bacia são igua lmente elo tipo Cam-
bissolos Húmicos Crómicos, com cor amare la parda nos gne isses, parda
a verme lhada nos anfibolitos e xistos verdes e com tonalidades di ve rsas
no restante da bacia. Apresentam igualme nte uma textura mediana e
espessuras m ui to significativas. principalmente nos gnaisses , onde
e ncontrúmos um local onde a p ro fu ndidade do solo, ul trapassa va os dois
metros, atende ndo a que, a vala observada, não atingiu o substracto
rochoso.
O s fundos de a lgun s vales encontram-se, igua lme nte,
preenchidos por de pósitos al uvio c coluvionares, os quais dão bons
solos para o uso agrícola. Um caso especial ocorre na ribe ira elas C ovas
cujo vale se alarga bastante, com e nchime nto ele espessas colunas de
de pósitos. Existem algu ns poços abe rtos nestes mate ria is, com profu n-
d idades entre os 2 e os 4 metros que não ating iram a rocha sã. A
topografia do fundo deste vale contrasta, em grande parte, com os
restantes vales ela região, já que, embora se trate de um vale e nca ixado,
o seu fundo se e ncontra mui to aplanado, com largura, em alguns locais,
s uperi or a duas centenas ele metros. A observação atenta da morfo logia
deste vale, princ ipalmente, quando e fectucla por fo tografia aérea revela-
-nos em dete rminadas zonas, uma grande seme lhante com a lgumas
formas típicas de zo nas cársicas. Hú vestígios e registos, por todo o vale,
de locais onde se verificaram cola psos de terrenos, com a abertura ele
grandes crateras, daí o nome ele " Ribe ira das Covas" . Será d ifíci l
expl icar o abatime nto destes terren os, a não ser que, e m profu nd idade,
ex istam calcários carsi ficaclos. Com o aumento da carsificação, poderão
ocorrer abatimentos ele tectos de determi nadas galerias que provocarão
Hidrogcologia de dois Importantes Aquíferos (Sabari z!Cova de Lua) . . . 29

o aparecimento dos buracos c das formas referidas. Para ex plicar este


e nigma, ela presença ou não ele calcários ao longo do vale , e pondo e m
contacto os afloramentos existentes, poderia representar pape l importante
a Geofís ica . Embora tívessemos previsto fazer uso dessas técn ic as,
neste trabalho, motivos im previs tos não nos pe rmitiram fazê-lo.
T odo o fundo aplanado é ocupado por pastagens, que, não fora
o facto el o re bai xamento elo níve l freático provoc ado pe la bombagem a
jusante, se manteriam frescos quase todo o ano, como outrora. conforme
informação verbal atestada pelos proprietári os.
A cobertura vegetal é intensa e m toda a bac ia, excepto nos
te rre nos mais aplanados do Norte e Sul , onde se fa z uma inte nsa c ultura
de cereais, assim como de castanheiros. No restante ela bacia, é freque nte
e ncontrarmos di versas espécies vegetais, que constituem o c hamado
mato rastejante, e es pécies de ma ior porte, como o Carvalho e o
Carrasco.
Tectonicamente, esta zona e ncontra-se també m muito frac-
turada com direcções principais na orde m dos N50-60W. Estas, por s ua
vez, são cortadas por outras fam ílias com direcções aprox imadas de
N20-30E e N70-80E.
Caracterização do Clima
de Trás-os-Montes Interior
E ntende-se, por Trás- os-Montes Interior, a extensão do
no rdeste de Portugal, que se situa a leste da linha de montan has que
desce desde os Maiores, passa pe la Pad re ia, Fa lperra, Alto ele Justes e
Serra de S. Domingos, a norte do rio Douro.
T rata-se de uma zona com marcadas caracte rísticas de interi-
oridade, já que está separada das zonas litorais pelo e ixo ele Vila Real ,
V ila Pouca de Agu iar e Vale de Chaves, GONÇALVES, O. ( 1990).
O povo nordestino caracteri za o c lima da sua região designan-
do-o por" Ter ra Quente c T erra F d a ", c através elo e xpress ivo refrão
" nove m eses de Inverno c t r ês de l nfc nw" .
Esta região encontra- se protegida da influência marítima por
do is cordões montanhosos: o primeiro, e o mais importante, que se
desenvolve desde o A lto M inho, passando pelas serras da Cabre ira e
Barroso, pelo Marão c A Ivão. a norte do rio Douro, e, pelo Montemuro,
a sul ; O segundo cordão, que é menos e levado c que já ante riorme nte
referimos, desce, desde os Maiores, pro longa-se pela Padrcla-Falperra,
Alto de Justes e serra de S. Dominguos. Pe lo lado sul. desenvolve-se o
plana lto de Leom il.
Ass im, pode mos dizer que a região se encontra prati camen te
fec hada por cordões montan hosos e planaltos . Por W , temos as serras de
Montemuro ( ! 382m), Marão ( 14 15 m), Gerês ( 1508 m), La rouco ( 1545
m) e Pe neda ( 1374 m); a norte, o s iste ma Gala ico-Durie nse e a
32 Luís Filipe Pires Fernandes

Cordilhe ira Cant;'íbrica; a su l do rio Douro. aparecem os re levos termi-


na i!; da Be ira Alta, Penedono (988 m); e a leste, o planal to Castelhan o-
-Leonês, onde se desenvolvem característi cas continentais que influen-
ciam a no<>sa região, GONÇALVES. D. ( 1990).
E is a razão por que esta parte portuguesa da peneplanície, que
se situa a norte elo Douro, se ape lida, e com toda a propriedade, de Trás-
-os-Montes, RIBEIRO, O. ct. a i. ( 1987).
No interior desta região, a sua fis iografia , é dominada, princi-
palme nte a leste, pelo planalto de Braga nça-Miranda, que se caracteri za,
tipicamente, por Terra Fria Transmontana, e abarca toda a zo na norte da
região .
Na parte central , situa-se a T erra Que nte Tran smontana, que
e ncontra boa expressão nas depressões de Mirandela c V il ariça.
A zona ela Terra Quente te m um In verno mais curto elo que a
T erra F ria, mas,em te rmos de rigor. será tanto ou mais frio. No Verão.
a Terra Quente apresenta uma grande secura esti val, associada a
te mpe raturas ex tremas muito e levadas.

Classificação Climática
Como se pode observar no d iagrama te rmop luviométrico de
Gaussen da fi g. 5, e laborado com os dados de Te P verificados e m
Bragança de 193 1/83, os meses de Verão (.J ulho/Agosto), são mu ito
limitados e m precipitação, o que é uma caracte rística dos cl imas
mediterrâni cos. Com os mesmos dados construímos o c li mograma da
fi g.25, onde se verifica que, nesta região, há duas situações bem
marcadas : uma com clima chuvoso-fri o, desde Jane iro a .Julho e desde
meados d~ Se te mbro a Jane iro, c outra com c lima seco-que nte, que
inc lui , praticame nte, os meses de Junho, Julho, Agosto e metade elo ele
Setembro. Há dois períodos, re lativamente peque nos, que fazem uma
passagem por épocas de c lima seco-frio (início de .Junh o) e pe lo
chuvoso-que nte (meados de Setem bro)
Segundo a classificação de Koppen, podemos atribuir como
sendo uma variedade Csa o c lima da Terra Quente, e Csb o correspon-
de nte ü T erra-Fria GONÇALVES, D. ( 1990).
Nestes calcu los utili zámos os dados fo rnecidos pelo posto
me teorológico local izado e m Fontes, a cerca de 4.5 Kms a oeste da
Bacia de Cova de Lua e a estação me teoro lógica ela Quinta ele St"
Apo lónia, sita em B ragança, a cerca ele 6.5 Kms a SE de Sabariz 3
No climograma da figura 6, elaborado com os valores de
te mperatura e prec ipitação verificados em Bragança no ano de 1990/91,
verifica-se que, o pe ríodo seco praticame nte começou neste ano, e m
abril e prolongou-se até finais de sete mbro.

3 ) Estes postos são coordenados pela <Írca de Agrocli matologia da Escola Superior
Agdria do Insti tuto Politécnic;o de Bragança.
Hiclrogcologia de dois 1m portantes Aquíl'cros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 33

P(rnrn)

_ 160
IJRi\Gi\N(,'i\-SA lli\R 11-
IY.ll/.~ 3 140
TC
_ 120
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30

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Fig. 5 - Diagrama rcnnopluviométrico para Bragança - 193 //83

BRAGANÇA·SABARIZ
1990/199 1
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Fig. 6 - Diagrama termopluviomérrico para /Jra f{W!Çíi-Sabariz - 1990/9 1


34 Luís Filipe Pires Fe rnandes

Balanço hídrico ao nível do solo


A equação do balanço hídrico para um inte rvalo de te mpo
especificado é:
P - (EVR + DSs0 ) = R + D Ss + G + D Ssso
onde: P - Precipitação
EVR- Evapotranspiração Real
R - Escoamento Superficial
G- Escoamento Subterrâneo
, DSs0 ,D Ss, DSsso- Variações do Armazenamento de
Agua, à superfície, no solo arável c no subsolo, respecti vamente .
Os valores do balanço hídrico para Fon tes-Cova de Lua e para
Bragança-Sabariz, ao nível do solo, encontram-se representados no
Quadro I.

Quadro 1 -Balanço f-1ídrico ao Nível do Solo ( Fontes - Cova de Lua) - 1990/91


Capacidade de campo = 50mm
TER MOS DO

BALA NÇO ÜUI. Nov Dez. Jan. Fcv. Março Abril Maio Jun. Jul. Ago. Sei. ANO

HÍDRICO
p 200.C 72.< 36.5 144.0 71.0 206.0 25.0 7.0 10 .0 <J.O 5.0 5ll.O H61 ..
ETP 46.2 2 1.0 12.6 9J '!.3 47.2 16. I 72.3 9 3.4 121.7 12'.l.7 S4.7 6X3 ..

P-ETP 153 !1 5 1.O 2\.l) 114 .7 61.7 1 5~ . 8 - 11.1 -65 J -63.4 -1 13 - 124 .7 -26 .7 255.t

L - - - - 11.1 -76.4 -1 3'J.X -252.5 -377.2 -4 03.9 -403.'!

s 50 .( 50 .( 50.0 50.0 50 .0 50.0 -10 . 1 10.8 1. 1 0.3 ().()2 0 .0 1


so
11 sso 50.( 0.0 0.0 0 .0 0 .0 0.0 -'J.'J -2<J.1 -7.7 -3. 1 0.0 0 .0 0.(

ETR 4 6.2 21.1 12.6 \l3 <JJ 47.2 311. 1 .JS .'! 30.0 'J.O 5.0 5S.O 329.

Dll - 1.2 26.4 63.4 11 2.7 124.7 26.7 356._

SH 15U 51 .o 2 3.9 114.7 61.7 15S.H - - - - 'iS3'

onde: P- Precipitação
ETP - Evapotranspiração potencial
P - ETP - Variação da reserva de água
L - Variação da reserva de água, acumulada quando negativa
S 50 - Água no solo, sendo calculada pela fórmula
S.~O = C.C. X e-lk~., C011l C.C. =capacidade de campo
DSs0 - Variação de água no solo
ETR - Ev·~potran spi ração real
DH - Dé ficit hídrico
SH- S uperávit hídrico
(ETP e ETR calculados segundo o método de T HORNTHWATTE)
Hidra geologia
Algumas considerações
A água é uma substância indispensável à vida e , desde sempre,
as populações a têm tido como recurso pri vilegiado.
São raras as actividades humanas , realizáve is numa região
sem um prévio conhecimento dos recursos hídricos da mes ma.
Desde sempre, as populações se instalaram junto a locais onde
facilmente dis punham deste recurso, ou seja, junto a emergências
naturais.
Com o aumento das populações, as comunidades viram-se
obrigadas a abastecer-se de água a partir de locais o nde os seus sentidos
mais facilmente lhos indicavam, ou seja, à superfície. Nascem então as
grandes obras de engenharia, como as barrage ns, tantas vezes localiza-
das a grandes distâncias dos locais de destino, implicando g randes
investimentos, quer para a edificação das barragens, quer para a implan-
tação das condutas.
Com frequê ncia, a água enc_o ntra-se por debai xo elo local de
consumo, ou nas proximidades dele. E certo que e la se encontra a uma
determinada profundidade e em quantidades variáve is, mas, por outro
lado, sofre uma re no vação lenta mas constante, CARVALHO, .T. ( I 981 ).
É ideia mais ou menos ueneralizada de que as águas potáveis
de superfície são mais freque nte; do que as que existem e m profundi-
36 Luís Fil ipe Pires Fernandes

dade, o que não corresponde ü ve rdade, como se pode verificar no


Quadro 2, onde esta perce ntagem é, nítidamente, e m favo r das águas
subterrâneas.

Quadro 2- Distribuiçiio da âgua doce existcntl! no Terro


( Adapt. de Rodrigues. .1. 1984)

Modo de Localização Volume de água Pe rcentagem


ocorrencta ( lll3) do total
Superfície
L agos de água 14
I ,3x lO 0 ,006
doce
14
Lagos sal gados I ,Ox i O 0,008
12
Rios 1.3x I O 0,000 1
S ubterrâ nea
ll
Retida na zona
6,7x lO 0,005
não saturada
IS
Ág uas subte rrâne as 4,2x l0 0 ,3 1
até 800m
12
Águas subterrâneas 4,2x l 0 0.31
abaixo elos 800m
Outras
Calotes de gelo 16
c g laciares 2,9x l O 2. 15
13
Atmosfe ra 1.3 x l0 0.001
J!)
Oceanos I ,3x I O 97,2

Totais I ,4x I O IS 100

CARVALHO, 1.( 198 1). apon ta as seguinte s vantagens das


águas subte rrâneas, cm re lação üs de superfície:
"Disponibilidade pe rmane nte ele caudais. mesmo cm perío-
dos de seca, graças ao pape l regulador elos aq uíferos";
"Águas de qual idade e m ge ra l boa e co nsta nte como
consequência da protecção natural contra os fe nómenos
poluidores e do poder auto-de purador dos te rre nos" ;
"T emperatura das ;íguas constante, factor de re levância para
muitos consumidores industriais":
Hidrog:colog ia de dois Importantes i\q uít'cros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 37

"A explora<,:ão dos aquíferos é possível com uma insigni fi-


cante ocup<Íção de terre no";
" Reali zação dos trabalhos ele pesq uisa e captação com um
mínin o de equi pamen to c com prazos re lativamente rápi-
d os";
"Cus to de produção com petiti vo, j á q ue o tratam ento , qmm-
d o, raramente, necessário, é mui to menos one roso que o das
águas superfic iais" .

Como d esvantagens, o mes mo au to r refere:


" É um recurso "escondido", que apenas planos de pros pecção
e pesquisa pe rmite m ev id enciar c avaliar";
" Os caudais, po r cap tação pont ual, são, cm geral, relativa-
men te modestos em re lação aos que podem ser fo rnec idos
pelas g randes tomas d e água superfic ia !" .
As vantagens referidas têm levad o a que a distribui ção de água
aos aglome rados po pulac io nais, seja feita em maio r quantidade à base
de águas subterrâneas, co nforme se pode obse rvar no Quadro 3 .
Neste Quadro, os dados referidos a P ortug al foram retirados
do Li v ro Branc o do Ambi e nte e re fe re m- se ao ano el e 1990 .
RODRIG UES, J. et al. ( 1989), refere m qu e de todos os conce lhos elo
país, apenas nove eram abastec idas a partir ele águas d e super fíc ie, no
ano de 1987 . N os restantes, os abastecimentos ou são exc lus ivame nte
obtidos a partir de captações de águas subtcrrúneas ou são mistos .
O conhec imen to que hoje há em relação ao comporta ment o
hi drogcológico das rochas cris tal i nas é mui to menor elo que cm re lação
às rochas ditas porosas.
Este facto pode to mar determinadas proporções se conside-
rarm os qu e estas ocupam prat icamente 2/3 da área total elo país, estand o
colocadas, sob re e las, grandes núcleos de desenvo lvime nto industrial e
importan tes ag lomerados po pulac io nai s .
Es ta fa lta de conhec ime nto e de informação ele cariz
hidrogeo lógico não s ig nifi ca que, nestas reg iões, não se proceda à
exploração dos rec ursos subte rrüneos aí ex istentes . Desde tempos
remotos que há registos d essa actividade, princ ipalmente através ele
poços de g rande cliümetro, galerias e dre nos . Até aproximadamente à
d écada ele 70 , era ideia ma is ou menos ge nerali zada que a obtenção d e
me lhores caudais só seria poss íve l dentro da zo na de alte ração dos
maciços de roc has c ri stalinas , CARVALHO, .1. ( 1984).
Com o aparecimento e m Po rtu gal de novos equipamentos
(martelo de fundo de furo ), que per mi tiram , nípida e eficazmente, fu rar
a rocha sã, vieram re formu lar-se completamente as tendê ncias até então
v igentes e a aposta nos furos começou a ser notó ri a. Isto veio m ostrar
qu e, afinal , em determinadas co ndições q ue será im porta nte co nhece r c
quantificar, há c irculação aquífera subte rrânea cm profundidade para
a lém da zona alterada. Esta constatação trouxe novo al ento e uma nova
38 Luís Filipe Pires Fernandes

manei ra de o lhar para as roc has cristal inas, como potenc iais fo rnecedo-
ras de determinados caudais capazes de resolver mui tas das necessidades
e xistentes nestas regiões.

Quadro 3- Captações de água potável para obostecimento público.


(Dados referidos a meados da décoda de 70 excepto para Espanlw -19ói.J e
Portuga l-1990)

Quantidade de água distri buídas segundo a origem %


Países
Água Suhtcrrfmea
(por ordem decrbcente
do consumo de águas Agua Aprove ita- Água
subterrâneas captada mcnto de TOTAL ct
no subsolo nascentes Supe rfície
( I) (2) ( 1+2)

Austria 46 53 99 I

Dinamarca 98 o l)~ 2
Itália 57 3(J 93 7
A lemanha (RFA) 75 16 91 9
Hungria - - xs 12
Suiça 42 42 84 16
Países Bai xos 83 o R3 17
Portugal - - xo 20
Alemanha (DDR) - - 80 20
Bulgc.íria - - 80 20
Bélgica 71 o 71 29
- -
UR SS 70 30
Luxemburgo 5 65 70 30
C hecoslováquia - - 5X 42
Polónia - - 50 50
França 31 17 4~ 52
S uécia 47 o 47 53
G râ Bretanha - - 31 6<>
Finlândia - - 30 70
Espanha 27 2 29 71
USA - - IX 82
Noruega - - 5 95
Hiclrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sabariz/Cova ele Lua) . . . 39

Apontamento histórico do abastecimento de água a Bragança


Abastecimento inicial
Nos te m pos primitivos, a po pulação abastecia-se de água
de ntro da pró pria C idadela, pois ex is tiam g randes c isternas de ntro da
" Domus Mwúcipolis" ela "Torre de Menagem" e no " Poço do Rei" .
M a is tarde passaram a utili zar al gumas rudimentares fontes públicas
existentes fo ra das muralhas.

Abastecimento por fontanários


Em 18.14, efectua-se o pri mei ro abastecime nto po r fo ntanári-
os, a partir da nascente de ·'Vale de Clw rido", sendo c m 18 91 re forçad o
com a explo ração da nascente da "Q uinla das /Jeatas", ambas s ituadas
nas prox im idades da c idade. Dev ido à ex pansão desta, o abastecimento
to rn a-se cada vez ma is precári o c conden á vel.

Abastecimento Domiciliário (trans porte por g1·avidade)


Só, em 1928, se inicia o abastec imento do mic iliário, com as
captações implantadas nas nascentes de Sabariz e mo ntagem de uma
cond uta de ferro fu ndido de I OOmm de di âme tro, numa extensão de
6Kms.
Es tas nascentes fo rneciam, durante a estiage m, um caudal el a
o rdem dos 240 m 3/dia.
Em 1943 procedeu-se ao aprofunda menro destas captações,
devido à insuficiênc ia de caudais, co m o aume nto da po pul ação.
Com o decorrer dos anos, a secção da tubagem de ad ução fo i-
- se reduz indo devido a incrustações criadas nas paredes interi o res da
tubagem, o que permitia somente o transporte de um caudal equivalente
a 450m 3/di a, quando as nascentes poderiam fo rnecer um caudal muito
superior.
Foi então colocada uma nova co nduta de fibroc ime nto, com
I OOmm ele diâme tro, o que dá para transpo rtar um caudal total da ordem
dos 1200m3/dia.

Abastecimento domiciliário (tnmsportc por elevação)


O caudal provenie nte de Sabari z garantia então o abastec i-
mento durante os meses ele No ve mbro a Agosto ele cada an o; restava
e ncarar o re fo rço do cauda l para os 3 o u 4 meses res tantes.
Para este e fe ito, em 1960. inic ia-se a ins ta lação de uma
estação elevatória no area l ele Oleirinhos, ins ta lando-se numa extensão
de 5.5 Kms uma conduta de 200mm de diâme tro.
Em Março de 19R3, e ntram e m func ioname nto os do is furos
de Cova de Lua, com um caudal de extracção de 23 m lfh . A partir de II
9/84 a extraç ão passa a ser de 55m3/h, e nquanto que, nos últimos anos,
esse caudal aumento u para cerca de 80 m 3/h.
40 Luís Filipe Pires Fernandes

Já durante o an o de I 99 1(Maio), entra cm funci o namento ,


uma nova captação de águas superficiais, no ri o Baceiro, locali zada a
ce rca de 4Km a NW das captações de Cova d e Lua. A bomba ali
instalada, tem uma capacidade ele bombagc m de aproximadamente
130m-1Jh.
Actualmente, o pro blema do abastecimento d e água aB ragança
continua por solucionar, principalmente nos três meses mais c ríti cos :
Julho, Agosto e Setembro, já que cortes no fornec imento se verificam
periódicamente .
Para tentar faze r face a es te problema, a Câmara Municipal ele
Bragança tem executado alguns furos que, pontualmente. abastecem
a lgumas zonas da cidade.
Encontra-se em fase de implementação um proj ecto ele abas-
tec imento d e água su perficial a partir do Alto Sabor, com a construç[ío
de duas barrage ns .
Como se pod e verificar por esta pequena rese nha, o pape l das
ág ua s subte rrân eas tem s ido im portante no abastec imen to de água a
Bragança e em especial as captações instaladas nas duas bacias cm
estudo.

Rochas Fissuradas
A prese nça c o comportamento das águas subterrâneas, em
rochas cristalinas estão ligadas a um ce rto número de factores, que
poderemos agrupar cm três g randes categorias: geologia/ pedolog ia,
m o rfolog ia e climatologia.
Em geral as roc has ígneas e me ta mórficas. não possue m ,
praticaml"lte, porosidade intcrgranular e fo ram, durante muito tempo,
consideradas como impermeáve is, cm profundidade. Só ü medida que
as gale rias c os túne is foram rompe ndo estes li pos de rochas, é que os
especiali stas se foram apercebendo das su as potenc ial idades hielroge-
o lógicas, já que, freque ntemente, depar<_tvam com grandes caudais.
brotando, a altas pressões, das fracturas. E hoje sab ido que os g randes
avanços que este conhecimento d o compo rtamento hidrogeológico elas
rochas cristalinas tem sofrido nos últimos te mp os são devidos ex acta-
mente a trabalhos de geologia ele engen haria, LARSON, I. et.al. ( 1987).
Ainda que estas rochas sejam resistentes, não porosas e praticamente
imperme áve is à escala da amostra ele mão, e las serão capazes de re te r a
água no g rande rendilhado de fi ssuras, que, ge ralme nte, as afecta a uma
escala maior. Pontos in teressa ntes têm-se revelado, também , as zo nas
d e co ntacto entre tipos de roc ha dife re ntes, principalmente, quando
aparecem diques ou filões-camada . Quando estas roc has entram em
contacto com determin adas condições c limáti cas, sofre m uma certa
alteração, que va i fac ilitar a infiltração e o armazename nto das águas
subterrâneas.
Dentro desta zona de alte ração scrú ta mbém importante focar
o pape l a desempenhar pela co bertura vegetal , qu e pod erá exercer
influência sob re a infiltração e a evapo ração elas águas subteJTâneas.
Hidrogeologia de do is Importantes Aqu íláos (Sabariz/Cova de Lua) . . . 41

Dentro dos fac tores morfológicos, papel impo rtante vai ter o
relevo, pois, confo rme o dec li ve é mais o u menos inclinado, ass im se
favorece, o u não, a fo rmação de camadas de alteração, a escorrênc ia
super ficial é ma ior ou menor, e, consequente mente, tudo isto irü
re fl ectir-se na pe rcentage m ele infiltração e fi caz.
CHAMBEL, A. ( 1989) a rg umenta que as zonas planas fa-
vorecem a evaporação. po rque , nestas zonas, há geralmente a fo rmação
de solos bastante argi losos, o que vai fazer co m que re tenham, à
super fície, a água das chuvas, po r vezes durante semanas. Portanto,
segundo este rac iocíni o, as zo nas mais acidentadas seriam as mais
propíc ias à in fi Itração, apesar ela escorrênc ia, superficial ser superior.
Este auto r apon Lt, como exemplo, a zo na de Evo ra, o nde esta s ituação
se ver ifi ca .
Pe nsamos, contudo, que n ~o pode remos ge ne ral izar esta
questão, po rqu e, po r exemplo, e m T rás-os-Montes, as áreas c o rrespon-
dentes a depressões largas. extensas e be m alimentadas e as superfícies
aplanadas, não to talmente d re nadas, são cons ideradas as q ue mai ores
potenc ialidades aquífcras apresentam, CARVALHO, J . ( 199 1). Veja-
mos, como exe mplos, as bacias de Chaves, Vilari ça e M irande la. Jsto
verifi ca-se porque, nesta região, os solos não serão tão arg ilosos como
no Ale ntejo, o que poderá estar re lac io nado com o c lima, pois, em zo nas
mais que ntes e me nos plu vio métricas, a meteorização química será mais
pronunc iada e a lix iviação m ais fraca, favorecendo-se assim a acumu-
lação de m ateriais fi nos.
As condi ções c limáticas, por sua vez, desempen hamu m pape l
extrem amarnente importan te na presença de águas subterrâneas, sendo
ele re fe rir, e m parti c ular, fa c to res como a precipit ação e a
evapo transpiração, que terão de ser considerados e m conjunto nu ma
determinada região , LARSON, 1. , et.al.(op.cit. ).
Os recursos híd ricos de uma determinada região dependem
d irectamente do volume das reservas de ág ua bem co mo das rac i Iidades
de explo ração dos aqu íferos. Estes aquíferos depende m, por sua vez, das
caracte rísticas hiclrogeo lógicas elos materiais (transmiss ividade, con-
d utibilidade hidráuli ca e coefic iente de armazenamento), dos facto res
eco nó micos e da renovação das reservas, SAMPER , A. e t.a l. ( 1976).
PIRSGN, S. ( 1953) admi te a ex istê nc ia ele três tipos de
po ros idades, em roc has cristalinas fractu radas: in te rg ranular, vesicu lar
(que resu lta da alteração da pró pria roc ha) c de fracturas. Este auto r
considera que a prime ira será uma porosidade primári a e nquanto que as
d uas últimas serão já secundárias, porque resultam de transformações
da rocha original.
C o mo a lte rnativa a esta c lassi l'icação de orde m gené tica ,
ALMEIDA, C. et.al. ( 1990), cons idera m dois tipos de po rosidade:
porosidade de po ros interg ranular c de mic rofrac turas (po ros idade de
matri z) e porosidade ele fracturas.
Da litologia dominante vai depender a importância re la! iva
dos d ife rentes tipos de porosidade, jú que, por exemplo, num mac iço
g ranít ico, não a lte rado, a porosidade de matriz é mui to peque na. sendo
42 Luís Fili pe Pi res Fernandes

predominante, neste caso, a porosidade ele frac turas . O mesmo já não


acontece se estivermos em presença de reservatórios do lomíticos onde
se pode rá observar uma proporção sensivelme nte equi valente para os
dois tipos de porosidade, ALMEIDA, C. , et.al.(op. c it).
STRELTSOVA, T.( 1976) considera essenc ia lmente quatro
tipos de me ios fracturados, com base na importânc ia re lati va dos
di ferentes ti pos de poros idade:
a ) fo rmações essencialme nte fracturadas, quando a porosidade
é só resultante das fracturas;
b) formações fracturadas, quando se verifica que as proprie-
dades hidráu I ic as dos blocos e das fracturas apresentam
valores bastante diferentes:
c) formações hete rogéneas, quando as fracturas se encontram
preenchidas por materiais com permeabi!idade menor do que
a elos blocos;
d) fo rmações com porosidade du pla, quando as ca racte rísticas
hidráulicas dos blocos e das fracturas são da mesma o rdem ele
grandeza, mas a permeabilidade tota l será, essencialmente,
de vida ü presença de fracturas.
O mode lo ela porosidade dupla implica a e xistênc ia de dois
potenc iais hidráulicos, um nos blocos c out ro no sistema de fracturas.
Qua ndo há uma determinada perturbação no meio, esta va i f azer-se
notar primeiro no sistema de fracturas, porqu e ap resentam transmissi-
vidades grandes e coefic ie ntes de armazena mento pequenos. Gera- e
então uma diferença de potenc ial hid ráulico e ntre os bl ocos (com
transmissividades pequenas e grandes coefi c ien tes de ar mazenamento)
e as fracturas com a troca do fluído em j ogo, ALMEIDA, C. e t a i,
(op.c it. ).
V e ri fi ca-se que, se a diferença ele potenc ial for provocada po r
um decréscimo de pressão nas fracturas, o fl uxo faz-se dos blocos para
as fracturas (descarga). No entanto, se a situação fo r in versa. ou seja , um
aume nto de pressão, o fl uxo sení das fracturas para os bl ocos (recarga),
OLIV EIRA, M.M. ( 1990).
LA RSON, I, c t.a l.( 1987), reconhecem que é muito d ifíc il
c onhecer, com precisão, a capacidade de a rmazenamento de uma
de te rmi nada rede de fract uras, pois isto im plicaria o te r que se e ntrar e m
linha de conta com m ui tos parümetros. Assim. estes autores, aconse-
lham a adaptação c utili zação de de te rminados modelos ele escoamento,
para que se possa te r uma determinada ideia das suas capac idades
aqu íferas.
Estes mode los foram objecto ele compi lação e estudo por
ALMEID \ , C. e t.al.( 1990) , com os qu ais e laboraram um prog rama,
para interpretação au tomática, de e nsai os ele caudal, e m rochas fractu-
radas (A QFIS).
Podemos ass im dizer que, nas situações onde a porosidade
dupla não se aplica, a capac idade de armazename nto das rochas se I imita
ao s iste ma de fracturas interco ncctaclas, diac lases e fi ssuras abe rtas na
Hidrogcologia de dois Importantes Aquíferos (Sabariz/Cova de Lua) . . . 43

rocha, que poderão resu ltar de: esforços tectónicos , de descompressão


à medida que os maciços rochosos vão sendo erodidos, de arrefecimen-
to, principalmente nas rochas vulcânicas.
O grau ele abertura destas descontinuidades vai ser um e le-
mento muito importante na circulação da úgua subterrânea e vai depen-
de r muito de determinados fenó menos posterio res ü actuação tectónica,
ou seja, dos processos de alteração.
Espessuras da ordem de 200m são apontadas por CARVA-
LHO, J. ( 1984), como sendo o lim ite médio dos maciços rochosos
portugueses, cortados por descontinuidades mais o u menos abertas. No
entanto, sabe- se que a partir dos 60 a 80 metros há uma redução muito
grande dessas e struturas, o que coloca nesta marge m uma profundidade
aceitável de pesquisa de águas subterrüneas em rochas cristalinas.
A espessura da camada de alteração, neste tipo de rochas,
varia muito e dependerá, segundo LARSON, L et ai. (op cit) e CAR-
V ALHO, J. (o p cit) in CHAMBEL, A. ( 1989) elo inte rcâmbio de
diversos factores, como sejam:
situação topográfi ca
características c Iimáticas
composição mineral ógica
textura e estruturas litológicas
distribuição e espaçamento do s istema de fracturas da rocha
mãe
mecanismos de alteração.

Hidrogeologia da Bacia de Sabariz


Esta bacia constitui uma situação típica ele implantação em
rochas fissuradas. Temos a considerar nesta região duas g randes uni-
dades litológicas; os blastomilonitos (anfibolitos) e os gnaisses, com
representação semelhante dentro ela área cm questão.
O funcionamento hiclrogcológico destas duas unidades pode
ser subdi vidido cm duas zonas: a superi o r, ou de al te ração, apresentando
porosidade dup la, c uma zona inferior, onde a porosidade dominante é,
sem duvida, a devida à fracturação.
Assim deparamo-nos com duas situações a lgo distintas, que,
aliás, se individualizam no terre no por um lado os blastomilonitos, que,
apesar ele apresentarem um g rau de fracturação muito forte , ainda
permite m observar blocos de consideráveis dimensões, perfeitamente
intactos à superfície, ou muito perto dela. Por outro lado temos os
g naisses, onde a qual idade elos afloramentos c muito má, que r porque o
material se encontra mui to partido, que r devido ü pró pria natureza desse
mesmo material, já que se torna muito friável.
Poderemos assim di ze r que, so b o ponto de vista
hiclrogeológico , a área co berta pelos g naisses apresentará uma maior
aptidão ao armazenamento de ág ua do que os blasto milonitos.
As captações de Sabar iz são compostas po r três grupos, o l , II
e lll. O gmpo I é o conjunto elas ca ptações localizadas na linha de água
44 Luís Filipe Pires Fernandes

mais a NE, (fig. 7). Neste grupo, as <iguas são captadas por meio de
galerias visitáveis, com a secção interior de I ,80m x 0 ,70m, revestidas
a c imento e dotadas ele barbacãs4 para recolha das águas que rema-
nescem lateralmente .
Os grupos II e III, situam-se na outra linha de água, só que,
aqui, as galerias não se encontram revestidas a cimento. Durante uma
campanha ele limpeza, efectuada pelo pessoal da C.M.B ., visi támos uma
galeria do g rupo III onde consegu imos observar a íntima relação entre
zonas fracturadas e locais de emergência de água. Verificámos igual-
mente qu~..: as fracturas se encontravam, geralmente, preenchidas por
material muito esmagado, bastante argiloso, o que, em determinadas
situações, poderá comprometer a c irculação da água.
As canalizações das captações que formam os grupos II e III
juntam-se na câmara de reunião A, ele onde parte uma conduta que se vai
juntar à conduta do grupo I na câmara ele reunião geral B.
Para o controle ele escoamentos subterrâneos, mantivemos
so b medição quinzenal por um período de I ano (Jane iro 91 - Janeiro
92), as seguintes captações:

todo o g rupo l, medível na câmara B


(conduta 4)
duas captações do grupo 11 medíveis na
(condutas 2 e 3) câmara A
a captação do grupo m (ve r fig. 7)
(condu ta I )

Mantivemos também, durante o mesmo período de te mpo,


com a mesma periodicidade o controle do escoamento de superfície,
correspondente à sub-bacia dos grupos II e III. Isto foi possível porque
conseguimos encontrar um local, junto à câmara A , o nde, com urna
medida de 20 litros (usada também para os subterrâneos) a medição se
efectuava com re lati va facilidade.

Curvas de esgotamento das nascentes


RUBIO et ai. ( l 979), referem MAILLET ( 1905) e BOUSSI-
NESQ como tendo sido que m, pela primeira vez e quase simultanea-
mente, deduziu que o esvaziamento ele um aquífero corresponde a uma
lei exponencial do tipo:
Qt = Qo e-c.:t, o u Qt = Qo e-O'.(t -to);
onde:
Qt =Caudal emitido pela nascente durante o período t -t0
Q 0 = Caudal no temp o t 0

4) Pequenas aberturas no cimento.


r

:I:
§:
o
U=>
Ct>
o

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r/C
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c
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3
Grupo 11 "O
o
Grupo I :::
5
õ
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~
ó
:r.
Câmara geral de reunião CiJ
~
5.
::::..
n
o
Galeria visitável <
O 50 100 150 m ~
0..
(")

~
Fig. 7 - Esquema global de localizaçiio das captações de Sabariz.

.,.
Vl
46 Luís Filipe Pires Fernandes

a= Coeficiente ele esgotamento e expressa-se em dias- I


to =Tempo no iníc io elos cá lculos.
t =Tempo no fim dos cálcul os .
e= Base do logaritmo na tura l.

RUBlO, ct ai. ( 1979) consideram que se poderá re lac ionar o


a com as características hidráulic as elos aquíferos ela seguinte forma:

Com:
T = Transmissividaele do aquífero
S = Porosidade eficaz
L= É a distância do e ixo de s imetria elo aquífero à nascente
(Se mi longitude do aquífero).

Se trabalharmos com logaritmos, te remos:


log Ot = log Q 0 - 0.4343(t- t 0 )a, pe lo que se representarmos
em pape l semilogarítmico Q em fun ção de log t, vamos obter uma recta
cujo pend,Jr é cc
Da equação anterior poderíamos ig ualmente extrair o valor de
a, o qual seria ig ual a,
loa Qo- lo•T Q t
a=- "' - - --"' -
0,4343 (t-t 0 )

O coefi ciente a representa a capac idade do terreno para


I ibertar a água. Como ser<l fác iI ele perceber este coeficiente está
intimame nte relac ionado com as características hiclrogeológ icas do
aquífero, tais como: coefic ie nte ele armazenamento (S) e trans missivi-
cladc (T).
Um valor de ex pequeno caracteriza um escoamento lento do
aquífero, indicando uma penncabil idade relativamente fraca, uma g rande
porosidade da rocha (não se trata ela dimensão dos poros mas da re lação
entre o volume de vazios onde a água c ircula e o volume total da rocha )
e um grande comprimento ela estrutura aquífera.
Pelo contrário, um valor de a g rande significa que o aq uífero
é portador ele uma grande permeabilidade (K), a porosidade ela rocha é
menor e o comprimento da estrutura aguífc ra seril mais curto, ass im
com o o seu volume, SCHOELLER, H. ( 1965 ).
Após ter terminado, o período de descarga elas nascentes,
e fectuám os com a ajuda elo programa MULREGR.llAS ALME IDA,
C. ( 1985) ) tratamento autom<ltico dos valores das diversas medições e
Hi clroge ol ng ia de do is Import an tes /\q uírcros (SabaridCova ele Lua) . . . 47

obti ve mos para c ada uma delas a respecliva curva de esgotamento,


assim co mo os coefic ientes de esgota mento (<X) e os cauda is inic ia is
teóricos (Qo). No Quadro I, a pres~ lltam -se os resultados obtidos com
o MULREGR e nas figs. 8 a l i as curvas de esgotamento das quatro
captações.

2.3 \..

u
'-....._
'o~
...,..._,
c'-....._
"'-.....
r-....
v
1'---!'--., CX=5 .05 ~---3

c~'-- ~
u
1'6 ~
c -........
'b- ~
1.2 1'--- o
12.0 193.0
t (d)

Fig. 8 - Curva de esgo tam ento do COfJtouio I

2 .9 ........
~[r,
""'<
~
"Q..,
~
~ ,..,
:--.....
~,
o= .31 E-~

"' o"

""' "c!"--
o
p"""
0.7
0.0
' o"' p._,_
181.0
t (d)
Fig. 9- Cu rva de esgotamento da cnpla(.Ú O 2.
48 Luís Filipe Pires Fernandes

2.5
LN
~ J)
.........
~
L .........

""'
o ~"'--
~'--..
~ X= 6.:: 9E 3
()

" u
~
""' ~
b"'-
~
1.4
0.0
t (d)
"""~ o
193.0

Fig. 1O- Curva de esgotamento da capwçiio 3

3.3
!'à -n
~ R. ~
"'~
6- ['.._
:2
---E "c['.._
o
..........
r--...._ lx= 9.1 1E-~
E o '-..,
~
o l'b!'-...
~)'-..,_
1.7
~ ~--..o
0.0 180.0
t (d)
Fig. li - Curva de esgotamento da nascente 4.

SCHOELLER , H. (op. c il), admite qu e valores ele a ela ordem


ele n x I 0 -3 correspondem a uma c irculação através de fendas e ele
cliaclases, enquanto que va lo res de Cl. ela ordem ele n x 10 2 são atribuídos
Hidrogcologia de dois Importantes Aq uíferos (Sabari7JCova de Lua) . . . 49

a circulações e m estruturas de maiores dimensões, com escoamentos


mais rápidos.
Pe la simples observação do Q uadro 3, ve rifi camos que as
captações I , 3 e 4 aprese ntam valores de a da o rdem de n x I 0-3, ou seja,
a água que alimenta estas nascentes circu la através de pequenas fendas
e cliaclases, o que, de certo modo, está de aco rdo com o que observámos
na galeri a da nascente I.

Quadro 3 - Valores de Q11 e a obtidos com o MULREGR.


No de captação QO(m 3/dia) CJ..

220.32 5.05E-3
2 458.16 1.3 JE-2

3 282.0 6.388E-3

4 628.56 9. 11 E-3

A captação 2 apresenta um valo r de a igual a 1.3 1 x 10-2, o que


poderá ser devido ao local de implan tação desta, já que se encontra na
lin ha de tal vegut., sofrendo, portanto, uma grande influência dos depósi-
tos aluvio/colu vio nares do fundo do vale. Estes depósitos aprese ntam
valores de escoamento maiores do que as rochas cristalinas (anfibolitos)
do substracto, o que se vem a repercutir num pe ndor (a) m ais ace ntuado,
da c urva de escoamento.
Como refo rço desta ide ia, poderemos ainda ve rificar que, se
dividirmos o período de escoamento ela captação 2 em duas partes figs .
12 c 13, vamos ter um período inic ial , de ap roximadame nte, 86 dias,
onde o valor de a é de 1.0385 x I 0-2, portanto, compatível com o que
anteriormente expusemos. Mas, no segundo período, ou seja, na parte
fina l da época de descarga , o valo r de a é já meno r, (9.8248 x I 0·3)
querendo isto dize r que o escoamento por influênc ia dos depósitos já se
processou, estando nesta altura a fazer-se à custa da a limentação por
fracturas e diac lases.
Algo de semelhante se verifica na captação I, onde, se
ig ualmente subdividirmos o período de escoame nto em dois, figs. 14 e
15, verificamos qu e os prime iros 21 di as nos apresentam um valor de a
de 2 .15 82 x I 0-2 , ou seja, equi valente a um escoamento mai s rápido, o
qual poderá corresponde r ao débito das fracturas de maiores dimensões,
num período pós recarga intensa. No restante do te mpo o val or de a
diminui e, portanto, o escoamento passa a executar-se através das
fracturas e diac lases de menores dimensões.
Nas restantes captações, não conseguimos encontrar re lações
50 Luís Filipe Pires Fernandes

deste tipo, apresentando a recta de esgotamento um aspecto muito


uniforme.

2.9
...........
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c
""' ""' li.= 1.0 E-

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0.0 86.0
t (d)
Fig. 12 - Primeira porte da curva de esgotamento da captoç:âo 2.

1.5 L

!'-..
............
!'-._
...........
() !'-._
...........
..........
...........
'-...
~= ~. 8
""' ""'
j E- j

...........
..........
0 ...........
"-....
............
~
0.7
!'---!'-...
103.0 t (d) 181.0

Fi[{. 13- Segunda porre da curva de esgotomcnro do capraçâo 2.


Hidrogeo logia de do is lm portantes /\quíl'cros (SaharidCova de Lua) . . . 51

2.6 L

.........
i'-!'-..
""' .........

:2 ""' .........

1--- ""' .........


2.1 ?E- P
""'
=
o .........
.E i'-t---..
o i'-t'-.....
i'- .........
2.2
0 .0 t (d)
""' ~'.,.
21.0

Fig. 14 - Pril/l eim parte da cti/WI de esgorwneniO da captaçüo I.

2.0
~ o

""' b-...
!"--.i"'---
i'-i"'---
o i'-~
o o~ ~ ~= 4.8 JE-3
.E o
~
' ~
)'-.,
..A

..........._~
1.2
29.0 193.0
t (d)
Fig. 15- Segunda parte da curvo de esgoW/1/CIIto da captaçiio I.
52 Luís Filipe Pires Fernandes

Modelo hidrogeológico conceptual para a bacia de Sabariz


Como modelo possível de fluxo subterrâneo para esta bacia,
poderíamos apresentar o seguinte esquema representado na fig. 16.
Grosso modo, o fluxo executar-se-ia segundo uma direcção NNE/SSW
e com os dois sentidos preferenciai s convergentes para o contacto
geológico. Este contacto desempenhará um papel importante, visto que
ele poderá actuar segundo duas situações difere ntes. Se se tratar de um
contacto tectónico,(coisa que não conseguimos observar no terreno)
teremos uma zona de mais fác il circulação, permitindo assim a ascensão
da água; caso contrário, ele poria em confronto dois tipos diferentes de
materiais, os gnaisses com uma zona de alteração mais espessa do que
nos anfib )litos, servindo assim este contacto como uma barreira à
circulação.
Este modelo será complementado com a actuação de toda a
fracturação profunda de grande extensão superficial.

~ - serpentinitos
[3 - Gneisses
k>1 -Anfibolitos
O - Depósitos
----+ - Direcção do fluxo

Fig. I 6 - Modelo hidrogeolúgico proposto para a bacia de Sabariz (in terpretaçüo


esquemática).

Hidrogeologia da Bacia de Cova de Lua


Nesta bacia a circu lção faz-se tipicamente em aquíferos do
tipo fissurado, em rochas cristalinas e cristalofílicas. Do ponto de vista
hidrogeológico vamos considerar todo este conjunto de rochas como
pertencendo a uma única unidade, devido ao facto de as suas caracterís-
ticas litológicas serem muito parecidas. Os gnaisses poderão fornecer
caudais razoáveis, principalmente onde a zona de meteorização é
espessa.
Hidrogeologia de dois Importantes Aqu íferos (Sabari dCova de Lua) . . . 53

Neste tipo de rochas cr istalinas, os filo netes de quartzo resul-


tantes do prenchimento de frac turas tracti vas, representa m um papel
importa nte na condução da água s ubterrânea.
Contrastando com este compo rtamento na q uase tota lidade da
bacia, deveremos salientar o compo rtamento das manc has calcári as
aqu i existentes.
Neste vale, consegui mos canografar três aflorame ntos de
calcários, os qu ais se e ncontram a lin hados segundo uma direcção
aprox imada NW/SE e localizam-se na margem esquerda da ribei ra das
Covas, à beira da es trada.
A caracte ri zação dos ca lcári os q ue ocorrem na bacia de Cova
de Lua to rn a-se muito d ifíci ljú q ue a área qu e aflo ra é extremamente
pequena nos três locais.
Nos d ois casos mais a SE, os afl o rame ntos fo ram pratica-
mente destruidos pela extracção intensa a q ue foram suj eitos para a
produ ção de cal, send o hoje di lki I de fazer qualque r estimativa de como
estes se prolongam cm profu nd idade.
O aflo ram ento localizad o junto aos fo rn os de Vilarinho fo i
ig ua lme nte explorado com o mesmo fim chega ndo a fo rmar-se um
ta lude de des mo nte com mais de uma dezena de metros de altura~.
Há registos1' de , pe lo menos, do is abatimentos da E.N 308,
ju nto aos fornos de Vi la rinho verificad os cm 195 1 e 1974.
Estes abatime ntos pro vave lmente verificaram-se devido à
ceclênc ia dos tectos de cavernas subterrâneas resultantes da carsi ficação
do m ac iço calcári o. Sabemos da ex istênc ia destas cavernas, porque
antes ele a Junta Au tó noma de Estradas te r implantado a nova variante
ü es trada anti ga, hav ia um a entrada para umas g rutas, com pelo menos
do is corredores, po r o nde as pessoas caminhavam alg umas dezenas de
metros. Estas g rutas nunca fora m devida mente exploradas por pessoal
especializado.
Aquando da abe rtura da re feri da variante, a entrada para as
g rutas foi totalmente soterrada sem q ue ning ué m se preocupasse com o
assunto, ne m mesm o os técnicos do Parque Natural de Montesin ho,
apesar de o local se encontrar dentro elos seus do míni os.
Para decidir da im plantação da nova estrada, a Junta A utó no-
ma efectuou u m pormeno ri zado estudo deste loca l, mas só na margem
esquerda da ribeira das Covas. Neste es tudo, foi executado um reconhe-
c imento de su perfíc ie. assim com o de profu ndidade com o rec urso a
técni cas geofísicas (sís mica) e a sondagens mecânicas com recuperação.
Estes estudos revelaram a ex istência ele calcári os, em profun-
didade, numa extensão de aproxi madamente 200m, ao longo da estrada.
Foram detectados ig ualmente ind ícios de cars ificação .
Tivemos ig ua lmente acesso ao re latóri o de execução das

5) Com bnsecm in fo rmar.;ão de pessoas da região e pela obscrv<:~çiio de fotogralin aérea.


6) Segundo relatóri os da J unta Aut<Ínoma de Estradas.
54 Luís Filipe Pires Fernandes

captações ele água para a c idade de Bragança , o nde pudemos veri ri ca r


que a capLtção JK I atravesso u calccíri os até <lprox imadamente 39, 18 m,
enquanto que a JI<2A os atravessou até ao seu limite ou seja: 46,20 m.
De realçar ig ualmente nestes logs, que os ruros atravessam frequentes
zonas preenc hidas po r rragmen tos ele material todo es m agado, o que
leva a suspeitar da ex istência de carsificação e m profundidade.
As camadas e ncontram-se enfiadas segundo uma d irecção
N50-60W pendendo 80" a s ub ve rti cais para NE. A fracturação mais
inte nsa nos calcários apresenta uma direcção aprox imada N I O - 20E
subvertical .
Mais P,Oié mica to rna-se a avaliação ela ex tensão desta ocor-
rênc ia calcária. E que, pela qu antidade de água extraída das captações,
como verem os mais adiante, se ex ige uma área aquífera bastante grande .
A hipótese dos três afl o ramentos se ligare m e m profundidade
pode pô r-se, já que aparecem a lgu ns indíc ios da possibil idade de
exi stência ele calcários ao lo ngo do vale.
O nome ela Iinha de ügua "Ribei ra das Covas", provém
exactame nte da existênc ia ao longo dos tempos ele abat ime ntos por todo
o vale, os quais ainda hoje se ve rifi cam . Existe m al gumas zonas e m que,
apesar ele não se observarem sumidouros típicos, em épocas ele alguma
pluviosidade c quando se começa a ve rifi car a esco rrência supe rficial,
a água subitamente de ixa de correr e infiltra-se totalmente. Esta vo lta a
aparece r um pouco mais abaixo, para novame nte des aparecer uma
centena ele m e tros a jusante.

Contr·ole hidrogeológico
Para efectivar este object ivo mantivemos sobre cont role os
segu intes facto res :
Controle quinzenal elos caudai s ele escorrência superfi c ial,
medidos com molinete, a cerca de I 00 111 a jusante elas
captações.
Controle d os caudai s extraídos dos furos.
Controle químico e bacterio lógico de al g uns pontos ele ág ua.
Para o controle da escorrência superfic ia l desta bacia ten tou-
-se quanto poss íve l e fectuar medições quinzenais, durante o ano ele
199 1. De salie ntar que , desde fin s ele Maio, a escorrênc ia superficial, a
montan te, deixa de exis tir, passando es ta a fazer-se às custas da descarga
subterrânea do aquífero caldri o.

Ensaios de bombeamento
Efectuamos al guns ensai os de bo mbeamento, ele lo nga du-
ração, os q uai s nos condu z iram aos seguintes valores para os parâme tros
hiclraúlicos elo aquífero:
Ensa io efectuad o no dia l i de Julho de 199 1, a caudal
constante ele 80m 3/h interpretado com o recurso ao programa
Hidrogcolog ia de do is Importantes i\quíkros (Sabariz/Cova de Lua) . . . 55

AQFIS.BAS, Olive ira; M .M.( 1990), e utizando o método de


THEIS , fi g. 17 .
T = 536 ,5 m"/dia
sr = 6,4 X I O· '(Sr- coefic iente de armazenamento das
fissuras)
Sb = 4, 24 x I O·"(Sb- coeficiente de armazenamento dos
blocos)
Ensain efec tuado no dia 8 ele Outu bro , a caudal constante de
55 m' /h com o nível hidrostática a I0,56 m de profundidade
e interpretado segundo o método de JACOB.
T = 30 I ,9 m2/dia
S = 1,66 X [Q-2
Estes valores, de algum modo poderemos correlaci oná-los
com os obtidos no primeiro ensaio, se não vejamos: os valores de S são
muito semelhantes( 4. 3 x I O 2 e I , 7 x I O·"). a tran smissiv idade calculada

C urva Rebaixamento I Tempo cm Mcius de 1'orusidadc Dupla (Modelo B)


Q= I'J20 r= 15 Sf = .tiOOií-1 Sh= .0-12-1 T= 5]6.5 Th= I hh= I SF= 7

o
. -- . - .
.····································

·.·······
.··
........// ......... .

Dai a· 11/7/') I

<"';l
o
l i IIII I I I IIII! I I

-4 -3 -2 -I
l() lU lO I() 10
t (cl)

Fig . 17- Curvas geradas pelo AQFIS re('eren/es oo ensaio de bo111beamento


reolizado no dia /I de Julh o.
no segundo ensaio é menor do que ado primeiro (536,5 e 301,9 m 2/dia),
o que poderemos considerar como admi ssível, já que o segundo ensaio
é realizado com o nível hidrostática situado a uma profundidade maior
( I 0,56 m), onde as fracturas deverão ser menos transmissi v as , poi s serão
mais apertadas, e a carsificação muito menor.
A partir da altura em que a captação do Bacei ro entrou em
funcionamento , o furo JK2A foi desactivado, tendo-lhe s ido retirada a
bomba,
Assim, aquando da realização dos ensaios de caudal, utilizá-
mos este como piezómetro, estando o JK I em bombagem e distando um
do outro 15,25 metros.
Caracterização
Hidra geoquímica
Bacia de Sabariz
Pretendeu-se com este estudo hidroquímico 7 , para a lém ela
caracteri zação química, tentar obter alguma informação sobre a variação
química da água, durante os pe ríodos de "águas altas" e "águas bai xas",
que nos ajudasse na confirmação do modelo conceptual de fu nc iona-
mento hidrogeológ ico.
As águas provenientes das duas sub-bacias de Sabariz foram
as que mantive mos sob controle, tendo-se e fectuado as med ições nas
condutas 4 e sx. Esco lheram-se estes dois locais porque nos permitiam
ter uma cobertura completa da escorrênc ia subterrânea da bacia, para
assim podermos cumpri r os objecti vos que previamente traçámos.
Trata-se de águas muito pouco mineralizadas, variando o resíduo seco
entre um valor mínimo de 47 e um valor máximo de I 18mg/J. No
e ntanto, há uma certa diferença entre a água das duas condutas, visto que
a pertencente ~tconduta 4 apresenta. em praticamente todos os parâmetros
químicos, valores inferi ores~~ corresponde nte da conduta 5.

7) As análises químicas foram realizadas no laboratório de águas do dcpannmento de


Geologia da Faculdade de Ciências de Lis boa.
S) A conduta 4 colecta a <ígua da sub-bncia da esque rda e a 5 colecta a água da sub-baci a
da direita. A cap•ação é feita através de minas.
58 Luís Filipe Pires Fe rnandes

Estas águas apresentam um pH ligeiramente ácido, com uma


média anual dos valores medidos de 6,7. Os valores ele pH ela conduta
4 são sempre inferiores aos registados na conduta 5, o que está ele acordo
com a litologia, atendendo a que a água do grupo Lde captações circula
praticamente só em gnaisses enquanto que os outros grupos se encon-
tram implantados em rochas básicas, o que poderá ju stificar igualmente
as diferenças químicas das águas.
)ão águas essencialmente bicarbonatadas cálcicas, a bicarbo-
natadas calco/magnesianas, conforme se pode comprovar no diagrama
de Piper da fig . 18 'J
Quanto à dureza, e segundo uma classificação proposta por
Custódio, E. et.al.( 1983), são águas mode radamente duras, entendendo-
-se por dureza a capacidade de uma água produ zir incrustações .

I - C onduta -l
2 - Coudut<l 5
3 - Supcrfkit.: Sabariz
4 - lnk io da Rha das Cova~
) -s ... dallcra
(> - Sup~.":rfki ~ Junto aos Poços
7 - Furos
X· Casa r-lores;;il
10- Rio Uacdro

~i
7 ():\·'~
>I
- ' lO
C/ _ __

Fig. 18- Diagrama de Piper da colheita de Abril.

9) Neste diagrama encontram-se representada' as águas de Sabariz e de Cova de Lua.


Hid rogeo logia de dois Importantes Aquífe ros (Sabari71Cova de Lua) . . . 59

Bacia de Cova de Lua


O obj ectiv o princ ipal do contro le hid roquímico efectuado na
bac ia de Cova de Lua era o de tentar obte r a lguma informação sobre a
evolução do flu xo e possíveis locais de recarga do aquífero, para além ,
c o mo é lógico, o de caracterizar o mais possível a água, da qual de pe nde
g rande parte da c idade de Bragança e a sua evolução hidroquím ica
durante um ano hi dro lógico.
Escolhe mos :-;ele locais q ue mensalme nte amostrámos c cuj as
características se ap resentam de segui da :
I - Início da linha de água - Trata-se de um local onde durante
todo o ano nos foi poss íve l e fectu ar co lhe itas, devido ao
regi me permanente da linha de <ígua. A água e ra colhida na
ribe ira, muito próxi mo dos locais de e mergê nc ia que se
situam nos xistos verdes.
2 - Sr" da Hera- Trata-se de uma e mergência nos lameiros e q ue
resultou de um dos casos de abat ime ntos de terre nos q ue
anterio rmente re fe rimos. A colhe ita era feita mesmo na
emergê nc ia .
3 - Superfície, junto aos poços- Cons istiu na co lhe ita de água
de superfíc ie junto aos poços da Câmara.
4- Poços da Câmara- Amostragem da água do furo JK I . A
colheita e ra e fectuada com as bombas trabalhando c por uma
saída lateral destas.
5 - M ina da C asa da F loresta - Trata-se de uma nascente,
localizada nos xistos verdes, numa ca ixa de falha com d i-
recção N45W e que fo i aproveitada pelos serviços flo res tais
para cavare m uma mina, com a finalidade de me lhorare m o
caudal e protegere m a nascente, co m a qual abastecem a casa
fl orestal que se encontra j unto à estrada. A colhe ita e fectua-
va-se à saída da mi na.
6 - Poço da Horta - T rata-se ele um poço ele g rande d iâmetro,
imp lan tado nos xistos verdes e desti nado à rega. A colhe ita
era efectada dentro do pró pri o poço.
7- Rio Bacciro - lnclui mos nes te g rupo o R io Baceiro po rqu e,
ate ndendo ao esquema que a Câmara Munic ipa l mo ntou para
o abastecime nto da c idade, com a j unção da captação do
Baceiro, pareceu-nos que a recarga artific ial do aquífero de
Cova de Lua a partir des te rio poderi a ser uma boa aposta. Po r
esta razão decidim os e fectuar também o seu contro le hiclro-
químico. As co lheitas fo ram efectuadas no açude da captação.
Estas águas , tal como as de Sabariz, são po uc o mineralizadas.
sempre com val ores de res íduo seco abaixo de 136 mg/1. De todas e las,
sal ie nta-se a do Rio Baceiro q ue nalgu ns parâme tros praticamente
ig ua la a ág ua da c hu va. com valo res de resíduos seco variando entre 5
e 22 mg/1, o q ue e ra de espe rar dada a circu lação r<.'íp ida e em superfíc ie
e às litologias existentes na bacia hidrog ráfica.
60 Luís Filipe Pires Fernandes

Nos outros pontos de água, aparece-nos como mais mineral-


izada a do furoJKl e a mina, aprese ntando valores de resíduo seco muito
semelhantes, entre 94 e I 36 mg/1 e sendo essenc ialmente bicarbonata-
das cálcicas.
Apresentam valores de pH muito próximo da neutralidade,
com um valor médio de todas as observações, efectuadas ao longo elo
ano, de 7.15.

Características Físico-químicas
Temperatura
A temperatura é um parâmetro que poderá desempenhar um
papel muito importante na indicação do movimento da água subter-
rânea.
Na fig. 19, poderemos ver i ficar a maior constância de valores
observados nas nascentes onde a medição foi efectuada na emergência.
Nestes casos, a variação, desde Jane iro a Setembro, localizou-se entre
2 c 3 "C.

30
(_)

...Cll
::J -o- Saba.Cond4
...
iii
Ql 20
....... Saba.Cond5
c. "* C.L.Inic.li.águ
E -o- C. L. Poços
Ql
1- -1'2- Rio Baceiro
-o- C.L.Sr~ da Hera
10 ....... Casa Florestal
-tr- Poço da Horta
C.L.Sup.Poços

15 / 1 15/2 14/3 16/4 12 / 6 18/9


Data das colheitas

Fig. 19 - Variaçüo ja temperatura nas mediç6es efeclltadas ao longo do ano.

Nos locais onde a água se e ncontra por longos períodos em


contacto com a temperatura atmosférica, estas variações são muito
maiores, acompanhando de perto a variação atmosférica conforme se
pode verificar no Poço da Horta.
Hidrogcol ogi a de dois importantes Aquíferos (Sabariz/Cova ele Lua) . . . 61

Condutividade e Resíduo Seco


A capacidade de a água conduzir a corrente eléctrica é
designada por cond utividade e léctrica , e depende, em grande parte, da
concentração e carga d os iões em solução, assim como da velocidade
com que estes se movem quando sujeitos a uma dife rença de p otencial
e léctrico.
O resíduo seco é o peso dos materiais resultantes ela evapo-
ração de I litro ele água. Este varia um pouco com a temperatura a que
se verifica a evaporação, co nvindo, para a o efeito, fixar um determinado
valo r desta no nosso caso, usou-se a tempe ratura de I I Ü"C .
Pela obse rvação da fig. 20, podemos verificar que a conduta
5 apresenta valores ele condutiv idade supe riores aos da conduta 4,
durante todo o a no.

~
QJ
"lJ
-a- Saba.Cond4
ro -+- Saba.Cond5
"lJ 200
.::: "*" C.Liníc.li.água
:; -<>- C.L.Poços
"lJ
c: -1!1- Rio Baceiro
o -a- Sr" da Hera
o 100
....... Casa florestal
-&- Poço da Horta

1 5/ 1 15 / 2 14 /3 16 / 4 12/6 1 8/9
Data das medições

Fig. 20 ~ Variaçâo da condurividode nas Jllediç:i5es e(ectuadas ao lo11.go do ano.

As condutividades respeitantes ao rio Bace iro destacam-se


das restantes p e lo seu baixo valor, assim co mo as dos poços ela Câmara
e ela Mina da Casa Florestal, po r aprese ntarem va lores mais altos.
Em traços gerais, a condutividade ap resenta uma certa tendên-
cia para aumentar gradualmente, à meclicla que a quantidade de recarga
vai diminuindo, provave lme nte devido à mai o r co nce ntração ele iões na
água, sendo portanto menor o efeito ele diluição.
Este aume nto gradual d e condutividade é acompanhado por
um também gradual aumento elo res íduo seco. A li ás verifica-se uma boa
correlação entre os valores destes dois parâmetros, fig. 21, tendo-se
obtido o valor ele O. 905 para o coeficiente de co rre lação elos dados
disponíveis nas 46 análises efectuadas. A re lação entre dois parâmetros
é dado por:
RS = 0.63 x CE.
62 Luís Filipe Pires Fe rnand es

25 0
(/)
:::L
w
"C 200
Cll
"C
.:::....
::J 150
"C
c
o
()
10 0

50
r= 0 . 90

o
o 50 100 1 50 200
RESIDUO SECO

Fig. 2 1 - Variaçüo da cond utividade, em Júru,iio do resíduo seco das águas


anaLisadas.

Características Químicas
pH
Este parâmetro é muito importante do po nto de vista hidroge-
oquímico, vis to q ue inte rvé m d irecta ou indirectamente nos vári os
e qui líbrios qu ímicos influenc iado ass im g randemente a estabilidade ou
instabilid<..de das espécies m inerais e m disso lução.
Pel o que podemos o bservar na fi g. 22, não se nota q ualquer

8 ,-----~~----------~~~~

=& 7
-a- Saba.cond .4
6 -+- Saba.cond.S
C.L.iníc.li. águ
5 '*
~ C.L.Poços
4 ...... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
3 ........ C.L.S" da Hera
2 -A- Casa Florestal
...... Poço d a Ho rta

15 / 1 1 5 /2 14 / 3 16/4 1 2/ 6 18/9
Data das medições

Fig . 22- Variaçii.o do pH nas m ediçr1es efecruadas ao longo do ano.


Hidrogeo logia de dois Importantes Aquíf'cros (Sabari z/Cova de Lua) . . . 63

tendência conjunta dos diferentes valo res de pH, ao longo do tempo.


Verifica-se que temos situações e m que este parâmetro sobe e desce
al ternadame nte, e outras em que sobe ou desce g radualmente.
Sabe-se que o pH influencia directamente o teor de CO" o u
seja a capacidade de dissolução da água, verificando-se entre eles uma
correlação negativa, isto é, a um aumento de pH corresponde, c quase
sempre, uma diminuição de CO".

Catiões
Em praticamente toda s as análises efectuadas o catião mais
abundante é o Ca 2+, com valores que osci lam e ntre 2.4 m g/1 (Rio
Bace iro) e 36 m g/1 (poços da Câmara), com uma média de 15.87 m g/L
A variação deste elemenro, nas seis col he itas efectuadas,
encontra-se representada na fi g . 23, onde se pode observar o des taque
nítido dos poços da Câmara com o sendo o local que se nos apresenta
com um te01· mais elevado de cülcio. Este valor se ria de esperar visto que
os furos se encontram implantados cm calcúrios, onde os fenómenos de
dissolução do CaC0 3 deverão ocorrer. Este ião poderá te r também
origem no ataque ele feldspatos c outros si licatos cálcicos.
A tendência geral parece ser a de um ligeiro aumento elas
concen trações deste elemento, ao longo elo tempo.

40
"§,
E
o -e- Saba.cond4
·u 30
-+- Saba.cond5
ro
o -M- C.L. inic.li.águ

-<>- C.L.Poços
20 .... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
...... Sr' da Hera
10 -ir Casa florestal
Poço da Horta

15/1 15/2 14 / 3 16/4 12 /6 18/9


Data das medições

Fig. 23- Variaçâo do Cálcio nas mediçôes e(ectundas ao longo do ano.

O Mg 2+ aparece-nos como o segundo catião mais rep resenta-


tivo, variando ertre valores ele 1.2 e 11.7 mg/1, com uma média ele 5.06
mg/1.
A variação deste parâmetro, ao longo do tempo, fi g 24, não
apresenta nenhuma tendência geral, mas sim grandes variações, aparen-
temente sem g rande significado. Ressalta no entanto como a nascente
64 Luís Filipe Pires Fernandes

'§,
E 10
o -0-
'üi Saba.Cond4
•Ql
c 8 -+- Saba.CondS
Ol
Sup.Poços
ro
:2 '*'
~ C.L. Poços
6
-o- Sr~ da Hera
4
.....
Casa Florestal
.....
Poço da Horta

1 5/ 1 15 /2 14 /3 16 / 4 12 /6 18 / 9

Data das medições

Fig. 24- Variaçiio do Mat:llésio nas mediçàes efectuadas ao longo do w w.


mais rica em Mg 2+ a mina da Casa Florestal , o qua l se poderá dever ü
contribuição dada pela clorile ex iste nte nos xistos verdes.
Embora os calcários que afloram junto aos fornos de Vilarin-
ho, onde se localizam os furos ela Câmara. se nos apresentem pontual-
me nte dolomitizados, isto não se reflecte no aumento de Mg 1+ na água,
visto que o seu valor é relativame nte bai xo.
O sódio aparece- nos com valores muito baixos e variando
e ntre 1.4 mg/1 e 6.45 mg/1. A fo nte princ ipal deste ião em rochas
cristalinas é a disso lução de fe lcl spatos, feld spató ides e outros si licatos,
pode ndo ter origem també m e m conta minações urbanas e industriais ,
assim como na concentração da água da chu va. A sua variação anual é
extremamente pequena em quase todos os pontos ele água.
Quanto ao potássio, os valores que apresenta são quase
sempre inferiores a I mg/1 , poi s tende a ser adsorvido de forma pouco
reversíve l pe los minerais de arg ila, que constitue m os produtos de
alte ração destes tipos de roc has.

Aniões
O bicarbonato é nítidame nte o a111ao mais representati vo
de ntro de todas as análises disponíve is, com valores variando entre 3.66
mg/1 (Rio Baceiro) e 135.42 mg/1 (Poços de Câmara) c como valor
médio 65.78 mg/1.
Este ião, nos locais onde ex istem carbonatos, prové m essen-
cialmente da dissolução dos calcários, ajudado pel o CO, ou por ácidos
naturai s. Nas rochas restantes provém da hidrólise de sílicatos, com a
ajuda de C02•
No diagrama de evolução temporal, Fig. 25, veri fica-se o
de.staque nítido entre o rio Bace iro, c om valores mínimos, e os poços e
mma da Casa Florestal, com valores máximos.
Hidrogeologia de dois Im portantes Aquíferos (S abari z/Cova de Lua) . . . 65

200
::::: 180
O)

E 160
-0- Saba.cond4
o ...... Saba.Cond5
roc
..
140 -M- C.L.Iníc.li.águ
o 120 ~ C.L.Sup.Poços
-ero Poços
u 100
i:D -o- Rio Baceiro
80 ...... Sr'1 da Hera
60 -6- Casa Florestal

40 Poço da Horta
20
o
15 / 1 1 5 /2 14 / 3 1 6 / 4 1 2/6 18/9
Data das medições

Fig. 25- Variaçclo do BicarbonaTo nas medições efectuadas ao longo do ano.

A tendênc ia ge ral parece ser a de uma certa estabilidade deste


mo ao longo dG tempo, com um ligeiro aumento nas duas últimas
co lhe itas. Isto poderá dever-se ao aumento de concentração deste ião na
água numa época de "águas baixas".
No que di z respe ito ao ião c loreto, este apresenta valores
relati vamente bai xos, va riando entre 3.5 5 mg/1 (no Ri o Baceiro), valor
praticamente igua l ao encontrado na água da chu va, e 9.94 mg/1, como
máx imo.
As variações desse e lemento devem-se praticame nte a con-
tribuições externas, (água ela c huva) porque a sua quantidade na crosta
te rrestre é muito bai xa, sendo assi m um bom ind icador de épocas ele
recarga ou de não recarga, conforme a sua concentração é bai xa ou alta
nas águas subterrâneas.
O diagra ma de evo lução des te ião, fig. 26, mostra-nos estas
re lações, onde se pode ver que durante a época de águas a ltas, a
concentração do ct· diminui , au mentando de Abril para Junho. De
Junho para Sete mbro, regista-se uma situação curiosa: a desc ida do teor
e m c loreto nas águas subterrâne as, e o aumento nas ela supe rfíc ie. Isto
pode rá s ignificar que a precipitação que caiu cm Setembro provocou
algu ma infiltração, a qual foi diluir a concentração do ião C l·, fazendo
com que e la diminuísse. Por out ro lado, nas águas que corre m à
supe rfície há um aume nto da concenrração deste ião, à custa da escor-
rênc ia provocada pela água da chuva. A data desta última co lhe ita
coinc ide com a altura em que se começa a notar, na conduta 2 ele Sabari z,
um pequeno aumento do caudal.
O ião NO,· apresenta valores compreendidos entre 1.1 2 mg/1
e 43.4 mgll, com a médi a situada em 19.0 I mg/1.
Este ião provém, essencialme nte, de processos de nitrifi cação
natural (bactérias nitri ficantes), da decomposição ela matéria orgânica e
66 Luís Filipe Pires Fernandes

10
<::::
O>
E 8 -e- Saba.cond4
o -+- Saba.cond5
ãí
o "*- C.Liníc.li.água
o 6 -<>- C.L.Poços
....... Rio Baceiro
4 -o- C.L.Sup.Poços
...... Sr~ da Hera
-l!lr- Casa Florestal
Poço da Horta

15 / 1 15/2 14 / 3 16 / 4 1 2 /6 18 / 9
Data das medições

Fig. 26- Variaçüo do Cloreto nas medições efectuadas ao longo do ano.

das contaminações agrícolas, pecuárias, urbanas c industriais.


Os valores algo elevados que algumas nascentes apresentam,
deverão resultar, principalme nte, do uso frequente de adubos químicos
e orgânicos na agricultura. As pastagens permanentes (lameiros) de
Cova de Lua, é prática corrente serem adubadas com adubos orgânicos
(estrume), o qual poder<í. ser uma fonte importante de nitratos. Isto
poderá explicar os valores re lati vamente altos deste ião nas águas sob
control e.
0 comportamento deste ião ao longo do te mpo, fi g. 27,
apresenta um andamento semelhante ao Cl·, com uma descida gradual
até Abri l, aumento até Junho, c no va descida para a colheita de

'ãJ
E -e- Saba.cond4
(/)
o -+- Saba.cond5
.~
z
"*- C.L.iníc.li.águ
-<>- C .L. Poços
.... Rio Baceiro
-o- C.L.Sup.Poços
...... SrJ da Era
-l!lr- Casa Florestal
Poço da Horta

1 5/1 15 / 2 14 /3 16 / 4 1 2/6 1 8/9


Data das medições

Fig. 27 - Variação dos Nitratos IWS mediçr)es efectuadas ao longo do ano.


Hidrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sabariz/Cova de Lua) . . . 67

Setembro, podendo estas d imi nuições significarem diluições ou mistu-


ra de águas subterrâneas .
O ião sulfato apresenta valores relativamente mais baixos
com o mínimo de 0.17 mg/1 e o máximo ele 9. 1 mg/1 com o valor médio
de 3.94 mg/l. Este ião poderá resu ltar, em zonas ele rochas cristalinas ou
cristalofílicas, da oxidação ele sulfuretos disseminados nas rochas, da
concentração no solo, da água da chuva, ou então de actividades
antrópicas.
Nas zonas em estudo, é frequente encontrarem-se sulfuretos
(pirite e calcopirite), principalmente nos xistos e nos anfibolitos que
poderão justific nr a lguma concentração deste ião , a qual poderá ser
também devida às activ idades agrícolas.

Sílica
Este parâmetro aprese nta-nos um valor médio de 8.35mg/l,
apresentando como mínimo 1.46 mg/1 e como máx imo 29.8 m g/l. O teor
em sílica das águas existentes em rochas cristalinas provém essencial-
mente elo ataque ele si licatos e outras rochas que contêm sílica solúvel.
A sílica pode ser um indicador do tipo do terreno atravessado pela água
subterrânea, assim como da temperatura do aquífero, visto que a
solubil idade deste e lemento aumenta com a temperatura.
No diag rama de evolução, fig. 28, este elemento apresen ta-
nos um comportamento bastante uniforme nos diferentes pontos de
amostragem. Verifica-se uma descida acentuada na colheita de Março,
uma estabilização dos valores até Ju lho, e um aumento nítido para o mês
de Setembro. Não conseguimos encontrar uma explicação p lausível
para este tipo de comportamento.

<:::: 30
Ol
E
ro
~ -e- Saba.cond4
ifJ ...... C.L.iníc.l.água
20 -M- C.L.Poços
-o- Rio Baceiro
-1!1- C.L.Sup.Poços
-o- Sr' da Hera
...... Casa Florestal
-Ir Poço da Horta
Saba.cond5

15/1 15/2 14/3 16 / 4 1 2/ 6 18 / 9


Data das medições

Fig. 28 ~ Variaçüo da Sílica nas medições efectuadas l/0 longo do ano.


68 Luís Filipe Pires Fernandes

Qualidade das águas para uso agrícola


Para avaliar esta qua lidade é comum utilizarem-se as normas
RIVERSIDE, definidas pelo Un ited States Salinity Laboratory Staff
(SSLS), CATALAN, J . ( 198 1), que correlacionam a condu ti v idade e a
taxa de adsorção do sódio (TAS), dada pela seguinte e xpressão:

TAS = Na+
-0Mg2+; Ca2+

com os iões Na+, Mg2 + e Ca2+ e m miliequi vale ntes/litro.


Os valores de TAS são-nos fornec idos pelo HIDSPEC, o nde
podem os verificar que se trata ele val o res extremamente baixos, sempre
inferio res a I . Como os valores ela condu tividade são sempre abaixo de
250 micros ie mens/cm, as nossas águas caem todas no campo de:
- baixo perigo de alcalinidade,
bai xo perigo de salinização, ver fi g. 29
o que que r dizer que a sua utili zação se pode fazer na agricultura sem
qualquer restrição.

Qualidade das águas para consumo humano


O DL no 74/90, de 7 de Março de 1990, aprova as normas de
qualidade da ág ua que actualmente vigo ra e m Portugal . Verifica-se que
estas normas são por vezes mais exigentes do que as até então vigentes
emanadas da OMS ( 1964 ), encontrando-se nessa si tuação, por exemplo
as concentrações do ião magnésio e dos nitratos.
Efectuámos a projecção das águas analisadas num diagrama
de qualidade de água para consumo humano, fig. 30, elaborado segundo
o D.L. anteriormente referido e as normas da C.E.E. de 1990.
Neste diag rama, onde foi projec tado o valormáxirnoe mínimo
de cada parâmetro nele constante e re ferentes às 46 análises, verifica-se
que a qualidade da água se encontra e m boas condições para o abaste-
cimento domiciliário.
Há, no entanto, um pequeno problema com os nitratos já que
nove análises se encontram dentro elo campo dos valores toleráveis. Os
pontos m ais em risco são, sem sombra de dú vidas, as condutas de
Sabariz, já que apresentam quase sempre os valores mais e levados,
c hegando a atingir 43.4 mg/1 na cond uta 5, e m Junho. Trata-se portanto
de um valvrjá muito próximo do valo r máximo admi tido. Estes valores
re lativamente altos deverão estar re lac io nados com fe rtili zantes quími-
cos e orgânicos usad os na ag ricultura. Esta peque na bacia é intensa-
mente cultivada, quer com cereai s, quer com pequenas ho rtas ele o nde
as pessoas das a lde ias retiram g rande parte do seu sustento.
Hid rogeologia de dois [mportantcs Aqu íferos (Sabari71Cova ele Lua) . . . 69

Controle bacteriológico
As colhe itas para este controle foram e fectuadas qu inzenal-
mente e nos loca is de o nde se extrai água para o abastecimento da cidade
de Bragança, ou seja, nascondutas 4 e5 deSabariz, do furo JK I ceio Rio
Baceiro. Estas colhe itas foram reali zadas com todo o rigo r poss ível e
reco m endável para este tipo de aná li ses, atendendo ü sensibi lidade dos
microo rgani sm os in terve nientes, CUSTODIO, E. ( 1983).
Pe la o bservação dos resul tados obtidos ao longo do an o 10 ,
conc luímos tratar-se de águas onde a carga microb iana é razm'ível, mas
praticamente sempre dentro dos padrões f ixados legalme nte para a água
potáve l.
Nas co.1dutas de Sabariz, a situação me lho ro u a partir da al tura
e m que a Câmara Mu nic ipa l procedeu ü limpeza e desobstmção destas 11 ,
v isto que se e ncontravam num estado de tota l abandono.
No ri o Baceiro, verifica-se um aumento brusco da carga
microbiana no mês de Setembro, chega ndo mesmo a u ltrapassar o valor
máximo pe rmitido para o número total de Germens e para os Colifo rmes
Fecais, mas neste mês a C.M. Bragança não reti ro u água desta captação.
Este aume nto deverá estar rel ac io nado com alguns factos por nós
constatados:
red ução do cauda l do R io, o que o bri ga a que a água pratica-
mente fiqu e estagnada no açude;
localização do açude, atendendo a que fi c a por de baixo de
uma ponte, e que in fe li zmente as pessoas utili zam para se
livrarem dos seus lixos dom ésticos, e não só !;
a uti li zação deste loca l durante os meses de ve rão com o
piscin a, já que não ex iste qualque r indicação ele util ização
desta <'íg ua para consumo humano.

Espcciação das análises


Da especiação efectuada com a ajuda do programa HIDSPEC,
Carvalho, M . ( 1989) somos levados a conc lui r tratar-se de águas muito
pouco agressivas e com tempos de circulação muito rápidos, o que não
pe nn iteque a lcancem o estado deequi librio com o.s diferentes minerais,
visto q ue os índ it:es de saturação em relação aos m ine rais sere m sempre
inferiores a I.

I O) Estas an;íli scs foram crcctuaclas nus meses de Fevereiro, Abril, Junho e Setembro
c foram realizadas no laboratório de microbiologia da Escola Superior Agníria do
Instituto Politécnico de Bragança.
l i ) Esta operação teve lugar durante os meses ele Junho c Julho de 199 1.
70 Luís Filipe Pires Fernandes

Fig. 29- Diagrama de qualidade da água, para uso agrícola.


Hid rogcologia de dois Importantes Aquíferos (Sabari7JCova de Lua) . . . 71

Diagrama de Qualidade da Água


(Adaptado do Diário da Rcpúbli<a, n• 55, I série, 7 de Mar~o de 1990, decreto de lei n• 74/90
c normas da C. E.E., 1990)

Cal<- Mg2<- Na
+ K+ C!- so 2- NU~ Dureza Temp.
4
(mglll (mglll (mg/1) (mg/1) (mglll (mg/1) (mg/1) (o c )

000
~ 000 - 100

000
·E>
-~
-~ ..o •• I DO
- >O
.s 70

lO O >O

·B> I >O
-~
•o

~ ll

IO

Substincins indcscjávci5

Fc Cu Al Cd l'u llg Ct· Se N0 2 C11


(rn&Jl ) (rngfl), (mg/1) (mg/1) (mg/1) (mg/1) (mg/ l} (mg/1) (mg/1) (mg/1)
,----

V.M.R.
. 0.05 O.! 0.05 - - - - - - -

V.M .A .
.. 0.2 - 0.2 0.005 0.05 U.OOI 0 .05 0 .01 O. I 0.05

• V.M.n. ~ Vator m.lximo recomendável


.. V.M .A . - Valor mã.xirno .1drnissivcl.

Fig. 30- Diagrama de qualidade da água, para abasTecimento domiciliário.


72 Luís Filipe Pires Fernandes

Recursos Hídricos Subterrâneos


Infiltração
O fenómeno ela in filtração, é importante, não só para o
desenvolvimento das plantas, como para a recarga dos aquífe ros. Esta
recarga pode não ser imediata de pendendo muito das condições hidráu-
licas do svlo, assim como da quantidade de água disponível. Ac ontece
frequentemente que o atraso no te mpo ele recarga dos aquíferos pode ser
grande , tornando-se este facto importante na gestão dos recursos hídri-
cos, não só em quantidade mas também e m termos de qualidade.
Como são raras as medições directas deste parâmetro (infil-
trómetros), obriga a que se recorra a métodos indirectos para o seu
cálculo. Neste trabalho recorremos ao balanço de cloretos, que cons iste
e m comparar a variação da conce ntração do ião C I· na água da chu va e
nas águas s ubte rrâneas, estimando-se assim o vo lume ele água infiltrada
que alimentou os aquífe ros. O uso des te ião baseia-se na sua g rande
estabilidade, o que le va a que seja considerado um bom traçador,
CUSTODIO, E . ( 1983) .
O balanço hidroquímico de cl oretos é dado por:

In t.·-
_ Ie f. _ ( I - Es ) Cp
P - P Ci

Onde:
P- precipitação
Inf - índice de in filtração
Ief - Infiltração Efi caz
Ss - Escorrê ncia superficia l
Cp -conteúdo médio ele c loretos da água da chu va
Ci - conteúdo médio ele cl oretos da água subte rrân ea

Bacia de Cova de Lua


No Quadro 5, encontram-se representados os valores da
escon·ência superficial por nós medi dos.
Com o intuito de e ncontrar a me lhor forma de calcular o valor
médi o destes valores adoptámos a f órmul a de LAGRANGE, que
e fectua a interp olação e ntre múl tiplos e lementos, N UNES, R .( 1987) .
O valor médi o e ncontrado para a escorrênc ia s upe rficial de
Cova de Lua foi de 2.2xl 0' m1o que corresponde a 30% da prec ipitação
tota l caída na bacia.
Estes 30% corres pondem a 258.3 111111 de prec ipitação que
escorre m supe rficialmente em Cova de Lua por ano. Os valores de Cp
Hidrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sabari71Cova de Lua) . . . 73

Quadro 5 - Escorrência s upe1jici{fl111edidana bacia de Cova de Luo.

Data Caudal (m3/h)


3 Janeiro 20.2
23 Janeiro 899.0
15 Janeiro 666.0
I Fevereiro 569.0
25 Fevereiro 313.0
13 Março 2.30H
28 Março 634.0
8 Abril 277 .0
24 Abril 230.0
7 Maio 57.6
5 Jul ho 66.3
26 Julho 38.2
2 Dezembro 26.0
16 Dezembro 235.0
29 Dezembro 220.0

foram obtidos através de 6 análises de cloretos da água de precipitação


colhida ao longo do ano na Casa Florestal ele Cova ele Lua. Os valores
ele Ci foram retirados elas análises químicas elo furo JKl, conforme se
pode observar de segu ida:

Cp Ci
Chuva: Jan - 3.55 Profund idade: Jan - 8. 52
Fev -2.84 JK I Fev - 7.8 1
Mar -3.55 Mar - 6.39
Abr -3.70 Abr - 6.39
Jun -2.84 Jun - 7.8 1
Sel. -2.95 Set - 7. 10
X: =3.23 x= 7.33

A precipitação adoptada foi a do posto metereo lógico de


Fontes, e é igual a 861 mm/ano.
Com os dados apresentados obtivemos para a:
=
l nf 0.30 P,
o que corresponde a uma taxa de infiltração de 30%, ou seja
a 258.3mm/ano que se infiltram.
74 Luís Filipe Pires Fernandes

Bacia de Sabariz
No Quadro 6, encontram-se igualmente representados os
valores da escorrência superficial na sub-bacia su l de Sabariz, ou seja,
a bacia respeitante aos grupos II e III de captações.

Quadro 6- Escorrência Supe1jicial Medida na Sub-Hacia de Sabariz

Data Caudal (m3/h)


3 Janeiro 20.2
23 Janeiro I!U
I Fevereiro 14.4
21 Fevereiro I 0.4
6 Marc;o 72.0
13 Março 65.0
21 Março 46.4
2 Abril 22.0
11 Abril 14.4
18 Abril 10.5
24 Abril S.35
2Maio X.25
8 Maio 4.53
23 Maio 0.25

O valor médio calculado fo i de 75.825m'/ano, o que corres-


ponde a I 0.7 % da precipitação caída nesta pequena bacia, ou seja,
68.5mm/ano será água que escorre superficialmente.
Considerámos os valores de Cp iguais ao de Cova de Lua,
porque a distância entre estas duas bacias é re lat ivamente pequena para
que os teores ele Cl· da água da chuva sejam difere ntes ao longo do ano.
Quanto aos valores de Ci , foram retirados das análises efectuadas na
conduta 5 e encontram-se representados de seguida:

Ci
Profundidade: Jan- 8.52
JKI Fev- 7.8 1
Mar - 6.39
Abr - 6.39
Jun- 7.81
Set-7. 10
x = 7.89
H idrogeologia de dois Importantes Aquíferos (Sahariz/Cova ele Lua) . . . 75

Para este C<l lculo utilizou-se a precipitação recolhida na Esco-


la Superior Agrária, com 636mm/ano.
Obte ve-se assim para es ta bac ia a seguinte relação :
Tnf.ef. x 0.37P, =
corres po ndendo a uma taxa de infi ltração de 37% ou sej a a
uma infiltração ue 235.3mm/a no.

Cálculos dos Recursos


Considerando a área total da bacia ele Cova de Lua igual a 8.5
Km 2 os recursos hídricos subterrâneos re nováveis, podem ser es timados
em:

A sub-bacia sul ele Sabariz apresenta uma área de 1. 1 Km 2 , o


que pode rá corresponde r a um rec urso subte rrâneo renovável de :

1.1 x I 011 x 253 x I 0- 3 =2.8 x I 0 m /ano


5 3

A tax a ele infiltração e ncontrada para es ta bacia (38%), pode rá


parecer excessiva, mas se compararmos e ste val o r estimado para os
recursos hídricos subterrâneos renováve is(2.8 x I 05 m1/ano), com os
caudais que nós m edimos nas condutas I , 2 c 3 da Câmara de Re uni ão
A (2 .0 x 10 5 m 3/ano). verifi ca-se q ue eles são bastante seme lhantes . O
facto de o valor no r nós medido ser inferi o r poderá ser devido ao fac to
de as captações não apanhare m todo o flu xo s ubte rrâneo.
Se admi tirmos infiltração de 242mm/ano para toda a bac ia de
Sabari z (2,5 Km 2), os recursos hídricos subte rrâneos pode rão ser de:

2,5 X I or, X 253 X I o-\= 6,3 X I 0 5m3/an o


Conclusões e recomendações
Geomorfologia
As zonas em estudo encontram-se situadas num e xtenso
planalto, que deverá corresponder ao prolongamento, e m Portugal, da
grande superfície da Meseta Norte ou de Castela-a-Ve lha, apresentan-
do, nesta região, altitudes médias entre os 700 e os 800 metros .
Geralmente as formas morfo lóg icas são suaves, com colinas
arredondadas, mas ocorre ndo freq uentemente grandes desníveis al-
timétricos, devido ao afundamento dos principais s istemas hidrográfi-
cos.
E sta região encontra-se rodeada, por todos os lados, por
diversas elevações, que vão condicionar fortemente o seu clima.
Na região de Cova de Lua é de salientar a geomorfo logia do
fundo do vale da Ribeira das Covas bastante diferente dos restantes
vales da região, visto que esta se apresenta bastante plana e recti I ínea.

Geologia
Geologicamente, trata-se de du as zonas situadas na sinfonna NE
do maciço poli metamórfico de Bragança. Os últimos dados apontam para
uma origem alóctone deste maciço, com ori gem na zona de suptura entre
as zonas de Ossa- Morena e Centro Ibérica, tendo-se deslocado de W para
E, com amplitudes de movimento superi ores a 200 Km.
--------------------------------------------------------·
78 Luís Filipe Pires Ferna ndes

Para este sinfo rma NE são apo ntadas 5 fases de deformação


assim como 3 de metamorfi smo , o que vai complicar grande mente a
Geologia da reg ião.
A fracturação prin c ipa l apresenta d irecções NSOW ± 10",
secundada po r direcções do quadrante Leste N 70 E ± I Ü"
Na bacia de Sabariz, é de salie ntar, c m maiores quantidades,
a existência de anfibolitos c gnc isses, com rochas ultrab<lsicas afl o rando
no sector NE. Em C ova de Lua, apresentam-se bas icame nte e de S para
N, g neisses, anfibolitos, xistos verdes e todo o conjunto de rochas que
constituem o encaixante do mac iço ele Bragança.
No fundo do vale da ribeira das Covas, aflo ra m calcári os em
locais separados, os quais levantam g rande polé mica re lativame nte ~~
s ua ligação em profundidade.

Climatologia
O c! ima desta região apresenta características marcaclame nte
mediterrânicas, ate ndendo ú pouca plu viosidade caída nos do is princ i-
pais meses de Ve rão (Julho/Agos to). Carac te rísticas continentais são
igualmente apontadas, dev ido ao isolame nto pro vocad o pelas cadeias
mo ntanhosas que a envolvem. Bragança apresenta valo res médios de
869. 4 mm de prec ipitaçã o e I 1.8 "C de te mperatura para a séri e de an os
de 1960- 1983. Valores de 329.7 e 285.4 mm fo ram por nós estimados
para EVK segund o o métod o de THORNTHW AITE, nas bacias de
Cova ele Lua c Sabariz, respecti vamente.

Hidrodinâmica
E m ambas as bac ias, a c irc ulação faz-se tipicame nte e m
aquífero elo tipo fissurad o, em rochas cri sralinas e cristalofílic as.
As curvas de esgotamento das co ndutas I , 2 e 4 de Sabariz
forneceram-nos valores de coefic iente de esgo tamento a compreendi-
dos entre 5 .05 e 9.11 x lO \ signifi cand o que a água destas circula
essenc ialmente por peque nas fendas e diac lases. Jáa conduta 2 apresenta
um valor de a de I .31 x I o-~ , o que pode rá estar re lacio nado co m a maior
capacidade de escoamento dos dep ósitos ele fundo de vale que cobre m
grande parte desta captação .
Em Cova de Lua, a existência dos calcários, no fundo do vale
da ribe ira das Covas, desempe nha um pape l importante no aquífe ro ali
exis tente, atendendo a que e les deverão armazenar g randes quantidades
de água .
Os ensai os de bombeame nto realizados nos poços da Câmara
apresentam valores ele Te S co nfo rme a locali zação do nível dinâmico.
Assim, o ensaio realizado co m o níve l praticamente à supe rfíc ie fo r-
nece u-nos os seguintes parâmetros.
T = 536.5m2/d
Sf =6.4 x I 0·4 - (Coefic ie nte de armazename nto das fissuras)
Sb =4 .24 x I 0-2 - (Coe fi c iente de armazename nto dos blocos)
Hidrogcologia de do is Im portantes 1\quíl"cros (Sabari71Cova de Lua) . . . 79

O segundo ensaio, reali zad o com o nível dinâmico a I 0.56


me tros de profundidade, forneceu-nos os seguintes valores para T e S:
30 1.9 m2/clia e 1.66 x I O2
Hidroquímica
As águas de Sabariz apresentam mine ra lizações muito baixas,
com um máxime de resíduo seco de 118mg/l. Trata-se de águas de fácies
bicarbonataclas cálcicas a calco I magnes ianas, moderadamente duras e
ligeiramente ácidas com urna média de pH ig ual a 6.7.
As águas de Cova de Lua, nalgu ns pon tos, são sens ivelme nte
mais mineralizadas do que as de Sabari z, mas com valores de resíduo
seco sempre infe riores a 136mg/litro. A fácies hidroquímica mais
representativa destas ág uas é a bicarbo natada cá lcica , sendo moderad-
amen te duras e com o pH mu ito próxi mo da neutralidade, apresentando
um valor médio de 7 . 15.
Estas águas não apresentam ne nhum c q ui Iíbrio em re lação aos
mine rais das rochas po r onde c irculam, ate ndendo a que se e ncontram
sempre subsaturadas e m relação a eles. Estes valores ele IS muito bai xos
pode rão signifi car. po r um lado, a bai xa agressividade destas ág uas c,
por o utro, um rápid o te mpo de c irc ulação , ou seja, circu itos po uco
profund os.
Trata-se de águas de boa qualidade quer para uso agríco la,
q uer para o abastecime nto domici liári o. O único senão começa a ser o
teor e m nitralos que , c m alguns pontos, se vai aproximando dos
máxi m os admissíveis pe las normas de qua lidade vige ntes. Estes teores
de NO,-de verão estar re lac io nados com o uso excessivo de adubos na
ag ri cultura.

Recursos subterrâneos
Estimam-se e m cerca de 2.2 X 1 o r· m 3/ano
na bac ia de Cova de
Lua e e m 6.3 x 105 m ;/ano cm Sabari z. Em termos perce ntuais, estes
valores correspo ndem a cerca ele 30 c 37 % da precipitação média anua l
caída nas respecti vas bac ias que é de 86 1 e 636mm/ano.

Em je ito de recomendações fina is gos taríamos de salie ntar


alg uns aspectos que nos parece m merecedo res de um superior realce.
Na bacia de Sabari z, o caudal das captações poderá ser
aumentado, visto que e m alguns locais há água escorrendo ~t supe rfíc ie
que poderia ser canalizada para e las. Não deveria ser descorada a
desobstrução e limpeza peri ódica das gale rias, câmaras e condutas,
ate ndendo a qu e isto contribui s ig nificati vamente para a melh oria ela
qualidade da água.
Em Cova de Lua, com a implantação de mais algun s furos, e m
locais a estudar conveniente mente, poder-se- ia aumentar conside rave l-
mente o caudal a extrair deste aquífero.
Querendo manter a s ituação ac tua l, com um só furo em
ex tracção e com a ca ptação do Baceiro, o esq ue ma poderia ser mai s
l
80 Luís Filipe Pires Fernand es

rentabilizado com a recarga artific ial do aquífe ro. Para este efeito a
recarga seria fei ta a partir do Ri o Baceiro com um caudal muito infe ri or
ao retirado actua lmente. A ág ua poderi a ser lançada a lgures, a montante
dos furos 12, e m secções prev iamente estudadas e munidas de fil tros
adequados, onde se deverá proceder regu larmente ao controle químico
e bacteri ológico da água a util izar na rec arga.
Esta so lução traria tarnhém como vantagens. a estabi Iização
das condições químicas c bacteri ológicas da água a fornecer ao domicílio.
Com a situacão actual verificam-se alternâncias muito bruscas em
termos de tipos de água, quando se passa de um si ste ma para o ou tro,
tornando-se desagradável, para os consumidores assim como para todos
os circuitos por onde e la irá passar.
Esta técnica de recarga arti fic ial de aquíferos, começa a ser
muito utilizada noutros países, c cm locais onde já existam redes de
distribuiç .. o, o que vai reduzir s ubstanc ialmente os investi me ntos a
realizar.

12) A escolha d este local teria de ser submetida a um estudo prévio para se determi nar
onde a inliltração se processa mais rapidamente.
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m·o. C;;'flztt(}:S
INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA

Títulos publicados:

I- A agricultura nos distritos de Bragança c Vila Real


Francisw José Terroso Ccpcda - 19X5

2- Política económica francesa


Franc isco .José Terroso Ccpcda - 19X5

3- A educação c o ensino no I" quartel do sécul o XX


José Rodri g ues Mon te iro c Maria He lena Lopl.!s Fernandes -
1985

4- T rás-os-Montes nos finais do século XV III: al guns


aspectos económico-sociais
José Ma nuel Amado Mendes- 1985

5- O p.!nsamcnto económico de Lord Keynes


Franc isco José Te rroso Cepcda - 1986

6- O conceito de educação na obra do Abade de Baç:tl


José Rodrigues Mon teiro - 19X6

7- Temas diversos - economia c d esenvolvimento regional


Joaqu im Lima Pere ira- IWO

S- Estudo de melhoramento do prado de aveia


Tjan.la de Koc- 1988

9- Flora c vegetação da bacia superior do rio Sabor no


Parque Natural de Montesinho
Tjarda de Koe - 1988

10- Estudo do apuramento c enriquecimento de um pré-


concentrado de estanho tungsténio
Arnaldo Manuel da Silva Lopes dos Santos- 19XX

11 - Sondas de neutrões e de raios Gama


Tom<Ís d' Aquino Freitas Rosa de Fig ueiredo - 19XX

12- A descontinuidade en tre a cscdta c a omlidadc n:t


aprendizagem
R aul [turra - 1989

13 - Absorção química em borbulhadorcs gás-líquido


João A lberto Sobrinho Teixei ra- 1990
14 - Financiamento do ensino superior no Brasil- reflexões
sobre fontes alterna tivas de recursos
Vic to r Meyer Jr. - 199 1

15 - Liberalidade régia cm Portugal nos finais da idade média


Ví tor Fernando Sil va Simões A lves - 199 1

16- Educação e loucura


José Manue l Rodrigues Alves- 199 1

17- Emigrantes r egr essados e desenvolvimento no Nordeste


Interior Português
Francisco José Te rroso Cepcda - 199 1

IS- Dispersão em escoamento gás-lí<]Uido


João Alberto Sobrinho Te ixeira - 199 1

19- O regime ténnico de um luvissolo na Quinta de Santa


Apolónia
Tomás d' Aquin o F. R. de F igue iredo - 1993

20 - Conferências em nutrição animal


Carlos A lberto Seq ue ira- 1993

21 - Bref apcrçu de l'histoire de Fmnee - dcs origines à la fin


du 11" empire
João Sérgio de Pina Carvalho Sousa - 1994

22- Preparação, realização c análise I avaliação do ensino cm


Educação Física no Primci.-o Ciclo do Ensino Básico
João do Nasc imento Quin a - 1994

23 - A pragmática narrativa e o confronto de estéticas


cm Contos de Eça de Queirós
He nriqueta M aria de A lme ida Gonça lves - 1994

24- " Jesus" de Miguel Torga: análise e proposta didáctica


Maria da Assun ção foernandes M ora is Montei ro- 1994

25 - Caracterização e classificação etnológica dos ovinos


churros portugueses
A lrredo Jorge Cos ta Te ixei ra - I!J94

26- Hidrogeologia de dois importantes aquíferos (Cova de


Lua, Sabariz) do maciço polimetmnórfico de Bragança
Luís Fil ipe Pires Fernandes- 1996
A publicar brevemente:
Micorrização in vitro de plantas micropropagadas de castanheiro
(Castanea sati11a Mill)
Anabela Mart ins
Lameiros de Trás-os-Montes: perspectivas de futuro
para estas pastagens de montanha
Jaime Malclonado Pires; Pedro Aguiar Pinto; Nuno T<jvares Moreira
A satisfação I insatisfação docente
Franc isco Cordeiro Al ves
O subsistema pecuário de bovinicultura na área
do Parque Natural de Montesinho
Jaime Malclonado Pires; Nuno Tavares Moreira
A terra e a mudança - reprodução social e
património fundiário na Terra Fria Transmontana
Orlando Afonso Rodrigues
Desenvolvimento motor: indicadores biocultm·ais e somáticos
do rendimento motor de crianças de 5/6 anos
Vítor Pires Lopes
Estudo da influência do conhecimento prévio de alunos
portugueses na compreensão de um texto em língua inglesa
Francisco Mári o da Rocha
The use of role play in foreign language teaching
Francisco Mári o ela Rocha
A formação de professores para o ensino primário
no distrito de Bragança
Francisco Mário da Rocha
La crise de Mai 68 en France
João Sérgio ele Pina Carvalho Sousa
Linguagem, psicanálise e educação: uma perspectiva
à luz da teoria lacaniana
José Manuel Rodrigues Alves
Enclaves de clima Cfs no Alto Portugal - a difusa transição
entre a Ibéria Húmida e a Ibéria Seca
Ário Lobo Azevedo; Dionísio Afonso Gonçalves;
Rui Manuel Almeida Machado
Contributos para um estudo das funções da tecnologia vídeo no ensino
Francisco Cordeiro Alves
Sistemas agrários e melhoramento dos bovinos de raça Mirandesa
Fernando de Sousa

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