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RESUMO
O reservatório do rio Passaúna é um dos principais mananciais da cidade de
Curitiba. Como em outro reservatórios, as baixas velocidades do escoamento
favorecem a deposição de sedimentos oriundos de aportes da bacia hidrográfica.
Isto pode causar o assoreamento, com prejuízos à capacidade de armazenamento e
qualidade da água captada. Este estudo teve por objetivo avançar na quantificação e
no mapeamento do padrão de deposição de sedimentos no reservatório Passaúna,
com enfoque nas contribuições do rio Passaúna – seu principal afluente. Para isto,
foram realizadas campanhas de campo para monitoramento de variáveis
hidrossedimentológicas, extensão da análise de dados existentes e modelagem
computacional. As campanhas de campo contribuíram para o aumento da série
histórica de dados do rio Passaúna. Uma análise de consistência das séries
históricas e cálculos baseados na teoria de transporte de sedimentos permitiram a
geração de uma nova curva chave de sedimentos para o rio de principal aporte ao
reservatório. Com base nisto, foi estimado que a contribuição de sólidos do rio
Passaúna desde o início da operação do reservatório foi da ordem de 105 toneladas.
A modelagem computacional identificou a vazão líquida e a granulometria do
sedimento suspenso transportado como fatores determinantes para o mapeamento
do padrão de sedimentação. Notou-se que sólidos oriundos do rio Passaúna podem
atingir a região do barramento, em condições de cheia. A importância relativa de um
evento de cheia fluvial ocorrido em 2015 sobre o aporte sólido ao reservatório foi
uma ordem de grandeza superior ao da condição média de longo período, para um
intervalo de tempo similar. Isto revelou a importância de se considerar os eventos de
cheia em estimativas de longo prazo do assoreamento no reservatório Passaúna,
devido à não linearidade dos processos de transporte e deposição de sedimentos.
1
Aluno do 9º período do curso de Engenharia Civil e bolsista de Iniciação Científica da Universidade
Positivo. E-mail: galdinosmatheus@gmail.com. Bolsista do Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação Científica (PIBIC) do CNPq.
2
Professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental e do curso de Engenharia Civil da
Universidade Positivo. Doutor em Engenharia Ambiental. E-mail: wbr@up.edu.br.
2
1. INTRODUÇÃO
Além disto, Carvalho (2008) ressalta que o fato de sedimentos atuarem como
portadores de vírus, bactérias e outros poluentes faz com que aqueles influenciem
na qualidade da água reservada, de modo a causar problemas como a eutrofização
e a elevar custos com o tratamento, no caso de reservatórios que alimentam
sistemas de distribuição de água.
2. REVISÃO DE LITERATURA
∙ (01)
∑ ∙ (2)
(3)
√
∙
Onde,
Este método é composto por três formulações e três ábacos, que em conjunto
com as características geométricas (profundidade média e largura da seção) e
hidrossedimentológicas (descarga líquida, velocidade média de escoamento e
concentração medida em suspensão) de uma seção transversal de interesse,
estimam a descarga sólida total, conforme apresentado abaixo:
Onde,
"#$%&×
%/+
∗ ! ) (07)
'²
Onde,
d* = diâmetro adimensional;
d = diâmetro médio, em m;
s = densidade específica do sedimento;
v = viscosidade cinemática, em m²/s;
g = gravidade, em m/s²;
-∗.
, -∗/0. − 1 (08)
Onde,
5
3 ∗ 46 (09)
7 8 × 9 × : × ; (10)
Onde,
-/0∗.
<=
"#$%&×
×> (11)
d* ≤ 4 <=
0,24 × ∗$%
4 < d* ≤ 10 <=
0,14 × ∗$@,AB
10 < d* ≤ 20 <=
0,04 × ∗$@,%@
20 < d* ≤ 150 <=
0,013 × ∗@,DE
d* > 150 <=
0,055
H .,I
G 0,053 × >∗J,K × L" − 1& × 9M@,N × %,N (17)
Onde,
. UN@ %/+
7 Y ] 8 . T W (19)
N^ V
3 ∗ `9. a. ; (21)
b . (22)
Onde,
D50 = granulometria da partícula na qual 50% do material do leito, por peso, são
mais finos, em ft;
γs = peso específico da sedimento, em lb/ft³;
qsl = descarga sólida de material do leito por unidade de largura do canal, em lb/s;
q = descarga líquida por unidade de largura do canal, em ft³/s.
Figura 5 – Gráfico ilustrando as relações usadas no cálculo da descarga sólida segundo o método de
Laursen.
Fonte: Carvalho (2008, apud VANONI 1977)
Figura 6 - Software Transporte Sólido em Rios para determinação da descarga sólida total pelo
método simplificado de Colby (1957).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Figura 8 - Limite da bacia do rio Passaúna, limites municipais e divisão das sub-bacias.
Fonte: SUDERHSA (2002) apud MERGER (2007).
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Quadro 1 - Informações gerais sobre o posto hidrossedimentológico localizado no rio Passaúna, BR-
277 – Campo Largo.
Código Área de
Estação Município Responsável Operador
ANEEL Drenagem
BR-277 Campo Águas
65021800 Curitiba 92,03 km² Águas Paraná
Largo Paraná
Segundo ITCG (2014 apud ROSA, 2014), o solo da bacia do Passaúna pode
ser classificado em cinco categorias diferentes, sendo: Argissolos Vermelho-
Amarelos Distróficos, Cambissolos Háplicos Distróficos, Cambissolos Húmicos
Alumínicos, Latossolos Vermelhos Distróficos e Gleissolos Melânicos.
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Figura 9 - Curva chave de sedimentos obtida para o rio Passaúna, no ponto sob a BR-277.
Fonte: SIQUEIRA (2014).
Classificação Amostra
Argila 6.54
Silte 86.82
Areia 6.64
3.3.1.1. Molinete
Onde,
% V V×k
e × e × fgh × P×i×j fgh×P×i×j (26)
Onde,
Figura 16 - Exemplo de peneiramento (a), lavagem (b) e registro de peso (c) das amostras ensaiadas.
Figura 18 - Percentual de descarga sólida em suspensão em relação à descarga sólida total via
método simplificado de Colby.
Tabela 9 - Padrão médio de comportamento das seções transversais de medição da descarga sólida
em suspensão.
disponíveis até o ano de 1998 (51 dados), além de um dado do ano de 2017 obtido
em campanha de campo realizada com enfoque para este projeto.
Com estes dados foi possível gerar a curva chave de sedimentos para o posto
hidrossedimentológico do rio Passaúna na BR-277, considerando o método
simplificado de Colby para estimar a descarga sólida total.
Com estes dados foi possível gerar a curva chave de sedimentos para o posto
hidrossedimentológico do rio Passaúna na BR-277, considerando o método de Van
Rijn para estimar a descarga sólida total.
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Com estes dados foi possível gerar a curva chave de sedimentos para o posto
hidrossedimentológico do rio Passaúna na BR-277, considerando a série histórica de
sedimentos para estimar a descarga sólida em suspensão.
Tabela 10 - Períodos com falha na séria histórica de vazão para o posto BR-277 – Campo Largo.
Figura 20 - Hidrograma de vazões para o mês correspondente à vazão de cheia utilizada no cenário
1-A.
O cenário 2 foi projetado para avaliar a influência de cada um dos fatores que
influenciam o transporte de sedimentos: vazão, descarga sólida e granulometria do
sedimento. O cenário 2-A é formado pela vazão média de longo período e pela
descarga sólida e granulometria correspondentes. O cenário 2-B é formado pela
vazão de 1% de recorrência (RAUEN et al., 2017), descarga sólida correspondente e
granulometria do sedimento do leito.
A série histórica de vazão que deu origem aos dados de vazão de interesse foi
obtida por meio de acesso eletrônico ao banco de dados do Instituto das Águas do
Paraná (2017), conforme apresentado na Figura 19. Para o cenário 2-B
exclusivamente, foi utilizado o dado de vazão proposto por Rauen et al. (2017) como
sendo a vazão com 1% de recorrência (Q01 = 6,50 m³/s), com base na mesma série
histórica de dados. Para os alguns cenários foi utilizada a vazão média de longo
período, proposta por Rauen et al. (2017) como sendo a vazão com 38% de
recorrência (Q38 = 1,70 m³/s).
4. RESULTADOS
4.1.1. Vazão
Tabela 17 - Descarga sólida em suspensão medida na campanha de campo do dia 14/02/17 no posto
hidrossedimentológico da BR-277, no rio Passaúna.
Tabela 18 - Descarga sólida de arrasto medida na campanha de campo do dia 14/02/17 no posto
hidrossedimentológico da BR-277, no rio Passaúna.
4.1.3. Granulometria
forma gráfica (Figuras 23, 24 e 25). Além disto, é apresentada também uma
comparação gráfica (Figura 26) dos diferentes cenários adotados.
Onde,
Figura 23 – Cenário 1 - curva chave de sedimentos para descarga sólida total via método simplificado
de Colby (1957) para o rio Passaúna no posto hidrossedimentológico da BR-277.
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Figura 24 – Cenário 2 - curva chave de sedimentos para descarga sólida total via método de Van Rijn
(1984) para o rio Passaúna no posto hidrossedimentológico da BR-277.
Figura 25 – Cenário 3 - curva chave de sedimentos para descarga sólida em suspensão para o rio
Passaúna no posto hidrossedimentológico da BR-277.
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4.3.1. Cenário 1
4.3.2. Cenário 2
4.3.3. Cenário 3
Posição Cenário 3
Ponto
(m) AS (ton) ER (%)
Início Reservatório 0 103.185,5 47,9%
Ponte Ferraria 900 12.288,4 88,33%
Parque 3.800 1.813,4 98,53%
Captação 7.700 49,3 99,96%
Barragem 10.900 1,2 100,00%
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os dados de descarga sólida consistidos foi possível propor três cenários
diferentes para a estimativa da descarga sólida com base na curva chave de
sedimentos. Para a estimativa da curva chave de sedimentos da descarga sólida em
suspensão foi possível utilizar todos os dados disponíveis na série histórica,
revelando um cenário mínimo do transporte de sedimentos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER, G. HEC RAS river analysis system: user’s manual: version 4.1.
Davis: U.S. Army Corps of Engineers: Institute for Water Resources: Hydrologic
Engineering Center (HEC), 2010. Disponível em:
<http://www.hec.usace.army.mil/software/hec-ras/documentation.aspx> Acesso em:
19/03/2017.
VAN RIJN, L.C. Sediment transport, Part I: Bed load transport. Journal of
Hydraulics Engineering, ASCE, Vol. 110, n.10, Oct., pp.1431-1436. 1984.
WILLIAMS, A.; NEARING, M.; SOUTHWORTH, J.; PFEIFER, R.; DOERING, O.;
DEBOER, J.; RANDOLPH,J. & MAZZOCC, M. Global climate change:
Implications of extreme eventes for soil conservation strategies and crop
production in the Midwestern United States. In: SOTT, D. & NEARING, M., eds.
SUSTAINING THE GLOBAL FARM, ISCO MEETING, 2001. Proceedings. West
Lafayette, Purdue Univertity, 2001. P. 509-515.