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Meio Ambiente UNEATLANTICO em que está incluído o mestrado:

ÁREA DE MEIO AMBIENTE

TÍTULO DO PROJETO FINAL / DISSERTAÇÃO


Recuperação da degradação proveniente da ocupação da faixa marginal de
proteção da APP do Igarapé São Raimundo margem Direita, utilizado o método
de Condução da regeneração natural de espécies, na cidade de Manaus,
Amazonas, Brasil.

Dissertação para obtenção do grau de:


Mestrado em Gestão e Auditorias Ambientais, Especialização em Recuperação de
Solos Contaminados, Especialização em Engenharia Ambiental: Tratamento de
Águas Residuárias Industriais e Valorização Energética

Apresentado por:
Adailton Miranda
BRMACC686660

Orientador:
[Inserir nome e sobrenomes do Orientador do PF]

Belém, Brasil
20/08/2018
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, por ser essencial em minha

vida, sendo o autor de meu destino, ter dando-me saúde е

força para superar as dificuldades. A minha família que me

apoio, e motivou nos momentos que em que pensei em

desistir. A esta universidade, seu corpo docente, direção е

administração que oportunizaram а janela que hoje

vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada

confiança no mérito е ética aqui presentes. Mas em

destaque a minha coordenadora e tutores do curso.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de alguma maneira participaram desta etapa da minha vida, peço
desculpas às pessoas não mencionadas, mas deixo a certeza de que fazem parte de meu
pensamento e gratidão.
Início os agradecimentos pela minha orientadora, professora Drª Anna Rodrigues, por
sua amizade, dedicação e empenho, motivando-me a desenvolver um projeto melhor e mais
completo e um programa com uma interface que favorece o usuário. Aos membros e amigos
da equipe de pesquisa Engº José Caputo, Engª Arlene Rosa, Engº Thiago Noeb, ao Tec. Yuri
Mendes e Engº. Flavio Jonathan Jr. por suas colaborações e participação, auxiliando a aparar
algumas arestas da pesquisa. E aos demais colegas professores e funcionários da FUNIBER
que sempre estimularam a continuação de meus estudos e aos colegas de curso pelo auxílio
ao longo das disciplinas.
A gratidão não podia deixar de ser prestada à minha família pelo apoio, compreendendo
as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho e não me deixando abater ou desistir,
sempre com palavras de encorajamento e motivação, por compreenderem a importância das
horas dedicadas à pesquisa, das noites passadas em claro, momentos nos quais mesmo
quando próximo, estive longe em pensamento e deixei de dar-lhes a devida atenção. Em
especial à minha esposa Magda e ao meu filho Melquisedeque e a minha filha Ester, aos
meus pais.
TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Adailton Amorim Miranda, declaro que:

O conteúdo do presente documento é um reflexo do meu trabalho pessoal e manifesto


que, diante de qualquer notificação de plágio, cópia ou prejuízo à fonte original, sou
responsável direto legal, financeira e administrativamente, sem afetar o Orientador do
trabalho, a Universidade e as demais instituições que colaboraram neste trabalho,
assumindo as consequências derivadas de tais práticas.

Assinatura: ___________________________

[Autorização voluntária]
Belém, Pa., 20 de agosto 2018

Att: Direção Acadêmica

Venho por este meio autorizar a publicação eletrônica da versão aprovada de meu
Projeto Final com título Processo de recuperação da degradação proveniente da
ocupação do solo urbano em Área de Preservação Permanente (Igarapé São Raimundo
margem esquerda), na cidade de Manaus, Amazonas, Brasil , no Campus Virtual e em
outras mídias de divulgação eletrônica desta Instituição.

Informo abaixo os dados para descrição do trabalho:

Recuperação da degradação proveniente da ocupação da


faixa marginal de proteção da APP do Igarapé São
Título Raimundo margem Direita, utilizado o método de
Condução da regeneração natural de espécies, na cidade
de Manaus, Amazonas, Brasil.
Autor Adailton Amorim Miranda
Resumo Máximo 60 palavras.
Programa Mestrado em Gestão e Auditorias Ambientais
Palavras-chave Recuperação, Igarapé, Meio Ambiente, Área Degradada
Contato adailtonmiranda@htomail.com

Atenciosamente,

Assinatura: ___________________________
ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE FOTOS ............................................................................................................. 8


ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................................... 9
ÍNDICE DE TABELAS ....................................................................................................... 10
RESUMO 11
ABSTRACT ....................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
MARCO TEÓRICO ............................................................................................................ 16
1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO RAIMUNDO ................ 18
1.1 Evolução de um ecossistema natural para urbano................................................ 18
1.2 Componentes ambientais e áreas afetadas pela ocupação humana em áreas
marginais a cursos d’água ................................................................................................ 19
1.3 A ocupação das margens de cursos d’água em ambientes amazônicos.......... 19
1.4 O uso e ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APP’s) ..................... 20
1.5 As funções ambientais da APP .................................................................................. 20
2.0 A BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO RAIMUNDO ...................................................... 24
3.0 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DAS SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DE MANAUS 28
4.0 CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA SOCIAL E AMBIENTAL DOS IGARAPÉS DE
MANAUS – PROSAMIM............................................................................................. 31
4.1 Objetivos do PROSAMIM. ........................................................................................... 32
4.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 33
5.0 ECOSSISTEMAS DA BACIA DO SÃO RAIMUNDO ................................................... 33
5.1 Conceitos .......................................................................................................... 33
5.2 Identificação dos ecossistemas na Área de Interesse .......................................... 34
5.3 Levantamento de dados .............................................................................................. 35
5.3.1 Levantamento de dados primários ............................................................... 35
5.3.2. Descrição dos Ecossistemas ......................................................................... 37
5.4. Ecossistema Rio Negro .............................................................................................. 42
5.4.1 Descrição do Ecossistema ............................................................................ 43
5.4.2. Bacia do Rio Negro .......................................................................................... 43
5.4.3. Principais Afluentes do Rio Negro ................................................................. 44
5.4.4. Hidrologia ........................................................................................................... 45
5.4.5. Aspectos Fluviométricos .................................................................................. 47
5.4.6. Principais bacias hidrográficas e afluentes do rio Negro nas imediações
da área de interesse .................................................................................................. 47
5.4.7. Micro Bacia do Igarapé do São Raimundo................................................ 47
5.5. Componentes do Ecossistema Rio Negro .............................................................. 48
5.5.1 Componente Físico ........................................................................................... 48
5.5.2. Componente Biótico ...................................................................................... 53
5.5.3. Componente Antrópico ................................................................................ 53
5.5.4. Componentes ambientais afetados pela ocupação humana ............ 54
5.5.5. Feições ambientais afetadas pela ocupação humana no ecossistema
rio Negro ........................................................................................................................ 57
5.5.6. Impactos gerados pela ocupação humana sobre os componentes do
Ecossistema Rio Negro ............................................................................................... 59
5.5.7. Avaliação dos impactos ................................................................................. 61
5.6 Ecossistema Igarapé São Raimundo ........................................................................ 62
5.6.1 Descrição do Ecossistema ............................................................................... 63
5.7. Influência do Rio Negro sobre os Igarapés de Manaus ....................................... 66
5.7.1 Enchente ............................................................................................................... 66
5.7.2 Vazante................................................................................................................ 66
5.7.3. Influência do Rio Negro sobre o Igarapé São Raimundo ........................ 67
5.8 Componentes do Ecossistema dos Igarapés São Raimundo .............................. 68
5.8.1 Componente Físico ........................................................................................... 68
5.8.2 Componente Biótico ........................................................................................ 69
5.8.3 Componente Antrópico .................................................................................. 70
6. MARCO EMPÍRICO .................................................................................................... 75
7. QUADRO METODOLÓGICO ........................................................................................ 77
7.1 Introdução ...................................................................................................................... 77
7.2. Metodologia .................................................................................................................. 79
7.2.1 Proposta de Plano de Recuperação de Área Degradada de APP do
Igarapé São Raimundo Margem direita. ............................................................... 80
7.2.2 Mudança do traçado do projeto executivo. ............................................. 85
7.2.3 Limpeza das áreas, remoção dos entulhos e introdução de matéria
orgânica........................................................................................................................ 86
7.2.4 Substituição do solo Contaminado com excesso de resíduo domestico.
88
7.2.5 Faixa Marginal de Proteção............................................................................ 88
7.2.6 Isolamentos da Área de Estudo. .................................................................... 90
7.2.7 Monitoramento...................................................................................................... 90
8. RESULTADOS / DISCURSÃO ...................................................................................... 94
10. CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................. 97
11. RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 98
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 99
GLOSSÁRIO ................................................................................................................... 102
ÍNDICE DE FOTOS

Foto 1. Título da Figura 1.1


Foto 2. Título da Figura 2.1
Foto 3. Título da Figura 2.1
Foto 4. Título da Figura 2.1
Foto 5. Título da Figura 2.1
Foto 6. Título da Figura 2.1
Foto 7. Título da Figura 2.1
Foto 8. Título da Figura 2.1
Foto 9. Título da Figura 2.1
Foto 10. Título da Figura 2.1
Foto 11. Título da Figura 2.1
Foto 12. Título da Figura 2.1
Foto 13. Título da Figura 2.1
Foto 14. Título da Figura 2.1
Foto 15. Título da Figura 2.1
Foto 16. Título da Figura 2.1
Foto 17. Título da Figura 2.1
Foto 18. Título da Figura 2.1
Foto 19. Título da Figura 2.1
Foto 20. Título da Figura 2.1
Foto 21. Título da Figura 2.1
Foto 22. Título da Figura 2.1
Foto 23. Título da Figura 2.1
Foto 24. Título da Figura 2.1
Foto 25. Título da Figura 2.1
Foto 26. Título da Figura 2.1
Foto 27. Título da Figura 2.1
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Título da Figura 1.1


Figura 2 Título da Figura 2.1
Figura 3 Título da Figura 1.1
Figura 4 Título da Figura 2.1
Figura 5 Título da Figura 1.1
Figura 6 Título da Figura 2.1
Figura 7 Título da Figura 1.1
Figura 8 Título da Figura 2.1
Figura 9 Título da Figura 1.1
Figura 10 Título da Figura 2.1
Figura 11 Título da Figura 1.1
Figura 12 Título da Figura 2.1
Figura 13 Título da Figura 1.1
Figura 14 Título da Figura 2.1
Figura 15 Título da Figura 1.1
Figura 16 Título da Figura 2.1
Figura 17 Título da Figura 1.1
Figura 18 Título da Figura 2.1
Figura 19 Título da Figura 1.1
Figura 20 Título da Figura 2.1
Figura 21 Título da Figura 1.1
Figura 22 Título da Figura 2.1
Figura 23 Título da Figura 1.1
Figura 24 Título da Figura 2.1
Figura 25 Título da Figura 1.1
Figura 26 Título da Figura 2.1
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Título da Tabela 1.1


Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
Tabela 1 Título da Tabela 1.1
Tabela 2 Título da Tabela 2.1
RESUMO

O espaço urbano, considerado como produto da história do homem, na


contemporaneidade vem sofrendo sensível transformação. As grandes cidades padecem de
graves problemas sociais como pobreza, lixo e poluição. A cidade de Manaus insere-se nesse
contexto. Nos últimos anos, Manaus vem sofrendo impactos em função do imenso êxodo
rural e do fluxo migratório de pessoas de outros estados, atraídos pelas expectativas de
emprego no Polo Industrial. A grande maioria, entretanto, acaba segredada em favelas na
periferia da cidade, o que agrava os problemas ambientais. Esse é o caso dos igarapés que
cortavam a cidade, mas que se encontram, atualmente, contaminados e degradados. Este
trabalho tem, como objetivo, demostrar que a condução da regeneração natural das espécies
e um método de recuperação que apresenta um acelerado crescimento vegetal na área
degrada e o surgimento de espécie nativa é grande sem que haja a necessidade de plantio
de espécies nativas e que podemos introduzir a um projeto sustentável a legislação na sua
integra que diz respeito proteção de faixa marginal. Diante dos resultados mostram que
alguns projetos de recuperação/revitalização dos igarapés de Manaus estão sendo
desenvolvidos, por meio da retificação e revestimentos dos canais, além de criar condições
mais desfavoráveis para a crescimentos da vegetação e surgimento de espações verdes e
em desacordo com o a legislação ambiental, quanto da faixa marginal de proteção das APP’s
nas micro bacias hidrográficas urbanas.
Um desses projetos é o programa de recuperação dos igarapés de Manaus promovido
pelo governo do estado. Esse programa influencia diretamente a qualidade de vida da
população. Além disso, propicia a criação de empregos e, consequentemente, o aumento de
renda para a população. O PROSAMIM visa projetar um novo cenário urbano para áreas de
igarapés.
Palavras-chave
[Recuperação, Igarapé, Meio Ambiente, Área Degradada].
ABSTRACT

[Tradução do Resumo apresentado no tópico anterior].

Keywords
[Tradução das Palavras-chave apresentadas no tópico anterior].
INTRODUÇÃO

Rios, córregos e igarapé envolvem muito mais que água são espaços vitais para
muitas espécies de flora e fauna. Nos últimos séculos muitos, rios, córregos e igarapés foram
modificados com objetivo de acelerar o transporte das águas de cheias, drenar baixadas
úmidas para incremento das culturas agrícolas e ampliar áreas para assentamento das
populações.
Na maior parte das intervenções só foram considerados os aspectos setoriais
negligenciando os aspectos socioeconômicas, de saneamento básico, meio ambiente,
infraestrutura, culturais, ecológicos, urbanísticos e paisagístico. Enfocando de maneira
objetiva o cenário atual das condições Micro bacia do Igarapé São Raimundo, em Manaus.
Este descritivo sobre a degradação do ambiente urbano, justifica a necessidade de execução
das soluções estratégicas voltadas para os componentes estruturadores da dinâmica da área
envolvidos, notadamente para os bairros Nossa Senhora Aparecida e Presidente Vargas.
Em 2003 o Governo do Estado de Manaus, concebeu o Programa Social e Ambiental dos
Igarapés de Manaus, com intuito de solucionar a problemática urbana da Capital a partir da
inclusão social de aproximadamente 40.000 pessoas ocupantes das áreas de risco em duas
grandes bacias hidrográficas: dos Educandos-Quarenta, porém ao longo de 12 anos,
observou-se que as áreas de igarapé onde houveram intervenções que o potencial de
regeneração da qualidade ambiental, e o ecossistema não atingiu o esperado ou não ocorreu.
Diante destes fatos verificou-se que as técnicas empregadas na recuperação ambiental não
apresentaram o resultado desejado. Qual o processo ou técnica deve-se empregar para a
recuperação da área degrada proveniente da ocupação da faixa de app, na Micro bacia do
Igarapé São Raimundo, em Manaus?
As atividades humanas têm alto potencial de modificar a paisagem por outro é acelerado
desenvolvimento das ciências que se que se dedicam a melhor compreender os processos
afetados pelo desenvolvimento humano e que buscam medidas para mitigar este impacto
gerado.
O reconhecimento dos desafios envolvidos na gestão de bacias hidrográficas cresce com
o aumento das cargas poluidoras geradas no meio urbano que são lançadas nos corpos
d’água e dos impactos gerados pela canalização deste. Pesquisas demostram que rios,
córregos e igarapés em áreas urbanas podem ter suas dimensões aumentadas além da
especificada em legislação vigente no código florestal Lei 12.727/2012, este aumento se dá
em resposta do escoamento superficial devido à impermeabilização do solo também ao
excesso de sedimentos trazidos pelo sistema de drenagem para o corpo d’água. É necessário
reconhecer os padrões espaciais temporais existentes em bacias localizadas em áreas
urbanas para que seja possível categorizar e caracteriza estes padrões para uma gestão mais
adequada (Chin et al, 2005).
As intervenções realizadas nos diversos rios, córregos e igarapés em áreas ocupadas
pelo homem levaram ao avanço das pesquisas voltada para melhor entendimento do
processo, e os resultados desta são hoje usados como subsidio para gestão adequada dos
corpos d’água. Com o avanço destas ciências surgem ao menos oito pontos que podem ser
destacados: 1. Maior consciência das variações existentes ao longo do corpo d’água; 2. Maior
consciência das heterogeneidades existentes na bacia; 3. Demanda por métodos para
identificação e analise de tais padrões espaciais; 4. Analise das alternativas existentes para
tratamento e gestão do corpo d’água; 5. Utilização, sempre que possível, de métodos menos
extremos, padronizando o uso de soluções que promovam o retorno do corpo d’água para
seu estágio mais natural; 6. Necessidade de compreender o que é considerado “natural”
quando buscamos recuperar um corpo d’água e a importância do envolvimento da
comunidade no processo; 7. Gestão e revitalização do canal planejadas dentro de um
contexto holístico; 8. Gestão do canal compatível e integrada com a gestão de bacias
hidrográficas (Chin et al, 2005).
Por muito tempo o uso humano foi primordialmente sobre os demais usos possíveis para
o corpo d’água, portanto um dos desafios envolvidos no manejo da água em ambiente urbano
é o de integrar a maior quantidade de uso possíveis para o corpo d’água, ou seja, deve se
estabelecer usos que levem em conta os aspectos sociais, ecológicos, que por tanto tempo
foram renegados (Cengiz, 2013).
No Brasil, na década de 80 a degradação era vista como poluição. No entendimento de
Duarte e Bueno (2006), os ecossistemas podem ser levados a um estado de perturbação
devido ás ações antrópicas, ou seja, uma área pode sofrer certo distúrbio e, ainda, manter a
possibilidade de se regenerar em condições naturais ou se estabilizar em outras condições
estáveis. O impacto sofrido, no entretanto, pode impedir ou restringir a capacidade do
ambiente de se restabelecer, retomar ao estado original, ou seja, tem sua resiliência reduzida.
Neste caso forma-se uma área degradada. Desta forma, área degradas são “aquelas que não
possuem mais a capacidade de repor as perdas de matéria orgânica do solo, nutrientes,
biomassa e estoque de propágulos” (Brown; Lugo, 1994). Ou seja, a degradação é verificada
quando elementos naturais como fauna, flora, solo e corpos d’água sofrem alterações,
justamente com as características biológicas, físicas e químicas do local explorado.
No campo urbanístico, contexto no qual se desenvolve uma ampla diversidade de
interações humanas e atividades, de degradação está associada à perda da função urbana
das formas de uso do solo nas áreas em questão, em relação ás às condições existentes ou
às previstas ou estabelecidas no planejamento (Bitar, 1997). Nas áreas urbanizadas, a
impermeabilização do solo, por exemplo, resulta em cheias e inundações que atingem os
extratos mais pobres da população (Ambiente Brasil, 2007).
Um ecossistema terrestre é degradado quando tem a cobertura vegetal e a fauna
destruídas, perda da camada fértil do solo, mudança na vazão e qualidade do sistema hídrico,
por ações como, processo de erosão, deposito de lixo, ocupação das faixas marginas dos
cursos d’água, entre outras (Duarte; Bueno, 2006), podem ser recuperados utilizando
processos adequados.
MARCO TEÓRICO

Manaus, capital do estado do Amazonas, é uma cidade-metrópole com pouco mais


de 1.800.000 habitantes (IBGE, Censo 2010), banhada ao sul pelo rio Negro, afluente da
margem esquerda do rio Solimões e entrecortada por aproximadamente 72,00 km de cursos
d’água denominados igarapés, que se estendem por toda a área urbana.
O processo de ocupação de Manaus contou dois momentos históricos de indução,
marcados pelos períodos econômicos. O primeiro relacionado ao Ciclo da Borracha, que teve
apogeu durante a I Grande Guerra, declinando pouco tempo depois em consequência da
perda da hegemonia brasileira sobre a borracha para a Malásia. O segundo e mais recente,
que continua a sustentar a economia do Estado, deve-se à instituição da Zona Franca de
Manaus (ZFM) na década de 60, inicialmente como área de livre comércio de produtos
importados (hoje não tão pungente), para consolidar-se, na década seguinte, com a
implantação do Distrito Industrial de Manaus, situado na área de influência direta da
microbacia do igarapé do Quarenta.
Não bastasse a insuficiência dos sistemas de saneamento básico e de produção de
energia, que não acompanharam o crescimento econômico e demográfico ao longo os últimos
séculos, o Poder Público pouco investiu no ordenamento do solo e a ocupação clandestina
de áreas de risco pela população de baixo poder aquisitivo foi inevitável. A construção de
moradias às margens dos igarapés iniciou com a migração de interioranos e de nordestinos
destacados para trabalhar como soldados da borracha e se intensificou com a oportunidade
de emprego na Zona Franca de Manaus (ZFM), originando uma conjuntura social urbana
insustentável, que se reflete negativamente sobre a qualidade de vida da população, tornando
o custo Manaus excessivamente elevado. Os emaranhados de palafitas erguidas nas
margens e leitos dos igarapés da cidade, além de constituírem bolsões de miséria sujeitos a
sinistros ambientais iminentes, abrigam toda sorte de ilicitudes (tráfico de entorpecentes,
contrabando, prostituição, violência familiar, etc.) e de dejetos. O cenário geral destas áreas
se assemelha ao de extensas lixeiras viciadas em meio ao centro urbano, nas quais reside
uma parcela da sociedade oprimida e controlada pela marginalidade reinante.
As intervenções estratégicas para a recuperação da área degradada do igarapés da
sub-bacia hidrográfica do São Raimundo que apresentavam situações críticas como, por
exemplo: mau dimensionamento e/ou pontos de estrangulamento em macrodrenagens
preexistentes; ocupação indevida de margens e leitos; disposição de rejeitos ao longo do
canal; assoreamento decorrente da erosão das margens; além de, a exemplo da maioria dos
demais córregos urbanos, serem utilizados como corpo receptor de efluentes sanitários
domésticos e industriais. As intervenções consistem basicamente de macro e micro
drenagens, adequação do sistema viário, implantação de passeios e equipamentos públicos
de lazer, prática esportiva respeitando as faixas marginais do corpo d’água. As ações de
saneamento básico priorizaram o sistema condominial de tratamento de esgotos e se
concentraram na captação dos efluentes provenientes de edificações marginais aos igarapés.
Estas intervenções, associadas, melhoraram a vazão natural da sub-bacia, e a busca do
melhoramento do ecossistema terrestre degradado recuperando sua cobertura vegetal e a
fauna destruídas, tornando a camada do solo fértil, e o aumento na qualidade do sistema
hídrico. Este processo exige continuidade em sua utilização, para que seja possível, desfrutar
de um método menos extremo, com o uso padronizado de soluções que promovam o retorno
do corpo d’água para seu estágio mais natural.
1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO
RAIMUNDO

1.1 Evolução de um ecossistema natural para urbano

As alterações ambientais observadas ao longo do processo evolutivo são causadas


por eventos naturais, de forma lenta e permanente, de ordem física, química e geológica. As
alterações antropogênicas ocorrem de forma rápida, com observância do desequilíbrio e
aceleração da degradação ambiental. A ocupação de um ambiente natural, no processo de
urbanização, geralmente ocorre com a remoção da cobertura vegetal, resultando em vários
impactos ambientais, tais como: modificações climáticas; danos à flora e fauna;
descobrimento do solo, causando o incremento da erosão; remoção da camada fértil do solo,
empobrecendo-o; assoreamento dos recursos hídricos; aumento do escoamento superficial
da água, redução da infiltração e inundações (MOTA, 2003).
As múltiplas transformações na natureza foram aceleradas a partir da Revolução
Industrial, e apresentaram à sociedade inúmeras formas de degradar o meio ambiente, fruto
de uma exploração antrópica inadequada, sendo a natureza impedida de realizar a sua
autorregeneração, reduzindo com isso a escassez de recursos naturais (SILVA;
FRANCISCHETT, 2012).
Esse processo de degradação não decorre de um simples desequilíbrio nas relações
da população que ali reside com os componentes ambientais, tampouco, é resultado da ação
especifica de um único agente; é, sobretudo, resultado de um conjunto de fatores, da luta de
forças contrárias e interesses diversos dos vários atores sociais que, juntos, definem a
configuração territorial de cada espaço. Essas contradições e conflitos de interesse afloram
a todo instante e se materializam na paisagem, tornando visível não só a degradação do meio
ambiente, mas também da vida humana (MOREIRA E TREVISAN, 2005).
A rápida urbanização promoveu grandes distorções no meio ambiente urbano,
concentrou populações de baixo poder aquisitivo em periferias carentes de serviços
essenciais de saneamento, devido à ausência de infraestrutura, necessária ao bem-estar
social da população como observado em diversas cidades amazônicas. No caso de Manaus
podemos citar a ocupação da orla do rio Negro, dos diversos igarapés que compõem as
bacias hidrográficas da cidade e de áreas com declividades acentuadas expondo a população
a riscos de alagamento e deslizamento de solo.
Segundo MOTA (2003), compete ao ser humano procurar adequar o processo de
urbanização às características do ambiente existente, de modo que os efeitos negativos
sejam os mínimos possíveis. Um planejamento urbano que considere os aspectos ambientais
pode minorar os impactos. Este planejamento deve visar à ordenação do espaço físico e à
provisão dos elementos relativos às necessidades humanas, de modo a garantir um meio
ambiente que proporcione qualidade de vida indispensável a seus habitantes, atuais e
futuros.

1.2 Componentes ambientais e áreas afetadas pela ocupação humana em


áreas marginais a cursos d’água

Os principais componentes ambientais afetados diretamente pela ocupação humana


nos ecossistemas são o solo, a flora e os recursos hídricos (CARPI JÚNIOR, 2001), uma vez
que neles ocorrem às transformações decorrentes da pressão antrópica em função da
necessidade de uso de espaço para urbanização, indústria, áreas de lazer, drenagem pluvial,
etc. Estes processos transformadores são apoiados por atividades que resultam em
desmatamento (supressão vegetal), alteração do relevo (terraplenagem – corte e aterro,
instalação de vias públicas e pavimentação), uso de cursos d’água para o direcionamento de
águas pluviais (instalação de drenagem, canalização, retificação, impermeabilização de
córregos, riachos, igarapés, etc.), instalação de vias públicas (pavimentação), uso de
recursos naturais diversos (construção de moradias, complexos residenciais e indústrias) etc.
Estas ações também resultam em impactos indiretos como o afugentamento de fauna
e/ou perda de seus habitats ou nichos ecológicos, perda de biodiversidade e de patrimônio
genético, dentre outras feições.

1.3 A ocupação das margens de cursos d’água em ambientes amazônicos

A história das relações do homem – e suas cidades – com os rios segue uma trajetória
complexa, marcada por variadas formas de interação ao longo do tempo e do espaço,
fundada na dinâmica e sazonalidade naturais dos corpos de água, mas, sobretudo, nas
significativamente variáveis necessidades e expectativas humanas, no decorrer de distintos
períodos, épocas e lugares. Após os momentos iniciais da história, quando os rios
viabilizaram as cidades – e, portanto, a civilização –, estes e suas margens passaram a sofrer,
inexoravelmente, e frequentemente, os impactos hidrológicos e ambientais do crescimento
urbano, ao mesmo tempo que perderam, gradativamente, seu papel como elementos da
paisagem (BAPTISTA, CARDOSO, 2013).
Os rios marcam a história e as dinâmicas espaciais das cidades na Amazônia, ou seja,
define uma relação cidade-rio enfatizando que é por intermédio deles que há a penetração
de pessoas, mercadorias e serviços. Pelo rio chegam produtos das florestas, ou dele mesmo,
como o pescado. Por ele a cidade faz-se rural e faz-se urbana, um espaço relacional que
contém e está contido em relações. O rio enquanto via possui múltiplos pontos e por isso não
podemos defini-lo isoladamente como elemento de caracterização da relação rural-urbano
nas cidades ribeirinhas da Amazônia (LOMBA et al, 2013). O rio na verdade é o meio que
permite a materialização da relação entre os distintos lugares e tempos e permitiu a
construção da rede urbana ocupada pelo povo ribeirinho nas margens dos cursos d´água.
Os principais fatores que contribuíram para a ocupação das margens de cursos
d’água no Estado do Amazonas e que promoveram um crescimento desordenado com
prejuízos aos mananciais hídricos foram os dois períodos de desenvolvimento econômico: a
era extrativista da borracha e a implantação do modelo da Zona Franca, principalmente este
último, aliados a falta de políticas públicas voltadas para o uso e ocupação do solo. Como
resultado da falta desse planejamento, ocorreu um adensamento populacional nas margens
dos igarapés ocasionando sérios problemas sociais e ambientais que, a despeito do
crescimento econômico, perduram até os dias de hoje.
Desta forma é imprescindível entender que qualquer iniciativa que vise à remoção dos
agentes de degradação no meio ambiente amazônico, promovido pelas ocupações
irregulares de margens de rios e igarapés e ainda das suas áreas alagáveis, devem ser vistos
como fatores positivos que ajudam na melhoria da qualidade ambiental do ecossistema
urbano.

1.4 O uso e ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APP’s)

Conceitualmente as APP’s são área protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa,
com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas (Lei 12.651/2012). São espaços territoriais
especialmente protegidos de acordo com o disposto no inciso III, § 1º, do art. 225 da
Constituição Federal.

1.5 As funções ambientais da APP

Segundo SCHÄFFER, et. al. 2011, as funções ambientais das APP’s são as seguintes:
Preservação dos recursos hídricos;
Preservação da paisagem;
Preservação da estabilidade geológica;
Preservação da biodiversidade;
Preservação do fluxo gênico de fauna e flora;
Proteção do solo;
Segurança do bem-estar das populações humanas.
As ocupações de APP’s na região amazônica acontecem de forma espontânea devido
a facilidade de descarte de efluentes e de resíduos domésticos pela população. Ainda,
nesses espaços existe a facilidade da instalação de moradias devido à falta de fiscalização
do poder público potencializando os processos de invasões e de ocupação irregular.
A ocupação humana das áreas de preservação permanente dos cursos d’água de
Manaus é bastante pretérita. A partir do ano de 1850, Dom Pedro II sanciona a Lei Nº. 582
que cria a Província do Amazonas e a partir deste momento verifica-se a transformação
radical do ruralismo para o urbanismo. Nesta época a cidade contava com cerca de 3.000
habitantes (BATES apud MONTEIRO, op. cit.), registrando uma taxa de crescimento médio
anual de 3,65% no período 1786-1850. Em 1856, pela Lei Nº 68 da Assembleia Provincial do
Amazonas, a Cidade da Barra do Rio Negro recebe a denominação de “Cidade de Manaus”,
a qual se desenvolve recortada por seis igarapés, sendo que destes três são logo aterrados:
Igarapé do Espírito Santo (Foto 01 e 02), onde atualmente localizam-se as Avenidas Getúlio
Vargas e Floriano Peixoto; Igarapé dos Remédios ou do Aterro, hoje ocupado pela Avenida
Eduardo Ribeiro (Foto 03 e 04) e Igarapé da Ribeira das Naus (Foto 05), onde hoje se
localizam as praças do Comércio, Oswaldo Cruz e Quinze de Novembro.

Foto 1. Igarapé do Espírito Santo cujo leito aterrado hoje é ocupado pelas Av. Getúlio Vargas e
Floriano Peixoto. Fonte: George Huebner, 1890. Brasiliana. Fotográfica.
Foto 2. Casas à margem do igarapé do Espírito Santo, assim como a galeria de esgoto sendo
construída em seu leito. Este igarapé foi aterrado e hoje é ocupado pelas Avenidas Getúlio Vargas e
Floriano Peixoto. Fonte: George Huebner, 1890. Brasiliana. Fotográfica

Foto 3. Av. Eduardo Ribeiro sendo drenada e aterrada. Notar o cano de concreto no meio do que seria
mais tarde a avenida. Fonte: Manoel Lobato, 1912
Foto 4. Registro da antiga Ponte da Imperatriz, construída para ligar os antigos bairros de Espírito
Santo e República, início da Avenida Eduardo Ribeiro. Foto: Manoel Lobato, 1912.

Foto 5. Igarapé Ribeira das Naus, hoje área ocupada pelas praças do Comércio, Osvaldo Cruz e
Quinze de novembro. Fonte: Monteiro, 1994.

No espaço urbano da cidade de Manaus na década de 70, já era evidente a presença


de moradores à margem dos igarapés. Com o agravamento desse quadro, o Poder Público
passa a disponibilizar para a população loteamentos como os bairros do São José, Zumbi do
Palmares, Armando Mendes e Cidade Nova. No entanto, tais medidas não foram suficientes
para impedir o crescimento desordenado e a ocupação de áreas restritas (NOGUEIRA,
SANSON e PESSOA, 2007), resultando na perda da biodiversidade animal, vegetal e hídrica.
As grandes modificações sofridas pela cidade de Manaus, a partir das décadas de
1970, devido à implantação da Zona Franca motivou um incremento populacional de pessoas
de todos os estados e principalmente do interior do estado do Amazonas. Este fenômeno de
“inchaço” demográfico não foi acompanhado por políticas públicas de controle ambiental
compatível com o crescimento urbano.
Ao longo das décadas o processo migratório na cidade ocasionou as invasões e as
ocupações desordenadas dos igarapés intensificando a ocupação principalmente da orla de
do rio Negro (Bairros de São Raimundo e Educandos) e posteriormente as Zonas Norte e
Leste da cidade. Como resultado, os igarapés e cursos d’água que cortam a cidade são
sistematicamente poluídos, assoreados e obstruídos tanto pela derrubada da vegetação de
grande porte quanto pela presença de grande quantidade de esgoto e resíduos sólidos
urbanos, resultante da construção de moradias nas margens e na calha desses igarapés
(MARQUES e BERBER, 2008).
Grande parte das necessidades em se reassentar os moradores oriundos de
habitações localizadas em áreas com risco de desabamento, de alagamento e/ou alagáveis
se deve ao fato de que estes foram, notoriamente, um dos principais fatores geradores da
redução da qualidade ambiental destes ecossistemas.

2.0 A BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO RAIMUNDO

Inserida na área urbana, a bacia hidrográfica do São Raimundo, a maior de Manaus,


abrange 16 bairros, estendendo-se da zona norte até a zona central da cidade, limitando-se
com o rio Negro. Tem por principais integrantes os igarapés dos Franceses situado na zona
centro-oeste, drenando os bairros Alvorada I, Alvorada II, D, Pedro I e D. Pedro II; do Bindá,
que tem origem (nascente) na zona norte, percorre os bairros Cidade Nova, Parque 10 de
Novembro e da União; do Mindu, principal tributário do igarapé São Raimundo, o maior curso
d’água em extensão tem uma de suas nascentes localizada na zona leste, proximidades do
Jardim Botânico Adolpho Ducke; cruza a cidade no sentido nordeste-sudoeste, percorrendo
e delimitando os bairros Jorge Teixeira, Tancredo Neves, Cidade Nova, Aleixo, Parque 10 de
Novembro, N. Sra. das Graças e São Geraldo, a partir do qual se denomina da Cachoeira
Grande, seguindo pelo bairro São Jorge até a confluência com o igarapé do Franco, de onde
prossegue até a foz, no rio Negro com o nome de São Raimundo. Além destes, os igarapés
da Sapolândia (Alvorada), do Bombeamento (Compensa), de Santa Tereza e Nova
Esperança (bairro de mesmo nome) também ganham destaque na constituição dessa bacia
hidrográfica.
A urbanização dessa porção da cidade ocorreu majoritariamente como resultado da
ocupação popular não planejada (invasões) a partir do Centro Histórico de Manaus, forçando
o posterior aporte de infraestrutura básica.
Impulsionada pelo crescimento demográfico, pela saturação imobiliária nas áreas ao
sul, leste e centro da Capital, pela estruturação de rede comercial sólida e diversificada nos
bairros, por melhorias significativas na mobilidade com a ampliação do anel viário Grande
Circular (interligando as zonas leste e norte) e mais recentemente pela ampliação na oferta
de empregos gerada com a instalação de indústrias de grande porte na rodovia Torquato
Tapajós1 e pelo boom imobiliário nessa zona da cidade, os bairros ao norte da área urbana
situados no perímetro de abrangência da bacia do São Raimundo, passaram a integrar
promissor polo de expansão econômica, que tem sido objeto de planejamento integrado do
Governo do Estado, sobretudo nas áreas de saúde, educação, abastecimento, moradia e
segurança.
Geomorfologicamente a bacia do São Raimundo se caracteriza por relevo ondulado,
com desníveis acentuados em toda sua extensão e áreas escarpadas nas proximidades da
orla do rio Negro. Os solos são pouco ou mal consolidados, constituindo pacotes
sedimentares de grande amplitude. O sistema de drenagem desta bacia caracteriza-se pela
predominância de padrão dendrítico - retangular, com canais principais bem definidos,
encaixados em vales pouco abertos (exceção da foz – igarapé do São Raimundo)
coincidentes com lineamentos geológicos (pequenas falhas e fraturas) de direção
predominante nordeste/ sudoeste. A capacidade de transporte desses cursos d’água é
elevada, em decorrência dos desníveis verificados entre as nascentes e as desembocaduras,
resultando em trechos encachoeirados, onde afloram arenitos da Formação Álter do Chão
(Arenito Manaus). A combinação dos atributos naturais (relevo/solo/drenagem) com a
ocupação desordenada transformou está bacia na maior detentora de áreas de risco
geotécnico de toda capital, realidade corroborada pela Defesa Civil e pelo Serviço Geológico
Nacional (CPRM).

Figura 1. Modelo 3-D SRTM da NASA. As superfícies mais altas, em torno de 100 metros, estão situadas a norte da área de
estudo, na região de cabeceira das drenagens da bacia do São Raimundo. Na área da foz desse rio domina o nível topográfico
de 50 metros. A margem dessa superfície com o rio Negro é abrupta marcada por um relevo do tipo “falésia fluvial”.
Como nas demais bacias hidrográficas de Manaus, a qualidade das águas está
bastante comprometida. O despejo de resíduos sólidos e de dejetos industriais e domésticos/
sanitários no curso dos igarapés é uma constante. Entretanto, diferente das demais bacias
urbanas de Manaus, nesta as atividades com potencial de impacto ao ambiente não
obedecem a uma especialização locacional, como ocorre no Polo Industrial de Manaus (bacia
dos Educandos-Quarenta) e na bacia do Tarumã, onde se concentram empreendimentos da
indústria/ serviços náuticos e de lazer relacionados a este segmento. Os variados
empreendimentos ocorrem ao longo de todo seu traçado, sem que ocorra uma setorização,
dificultando e onerando o tratamento dos resíduos e efluentes antes de sua destinação final.
As indústrias existentes estão dispersas, mais concentradas ao norte, representadas em
maior número por empreendimentos de pequeno a médio porte como panificadoras,
serralherias, serrarias/ movelarias, fábricas de vestuário e alguns estaleiros nas proximidades
da foz do igarapé São Raimundo.
Na área de intervenção merecem destaque empreendimentos como a AmBev,
localizado na zona Centro-Sul, margens do igarapé dos Franceses (Av. Constantino Nery) e
a Cervejaria Miranda Correa, no bairro de Aparecida, de grande relevância por seu conjunto
arquitetônico datado do início do século XX.
O setor de serviços (mecânicos; de saneamento básico; saúde; educação; desportos/
lazer; transportes; geração e distribuição de energia; etc.) e comércio (varejista e atacadista)
é o que caracteriza economicamente a bacia do São Raimundo. Dentre as atividades de
prestação de serviços, as oficinas mecânicas automotivas e postos de combustíveis,
presentes em larga escala em todos os bairros que integram a bacia do São Raimundo,
especialmente nos mais populosos, como Planalto, Alvorada, Dom Pedro e Compensa
ganham destaque pela periculosidade ao meio ambiente. Não obstante o rigor da legislação
ambiental e cobrança pelos órgãos fiscalizadores quanto à destinação de borras, óleos,
recipientes usados de derivados petroquímicos e de águas residuárias, é possível detectar a
presença de rejeitos sólidos provenientes desta atividade em encostas e leitos dos igarapés,
bem como de óleos e graxas (sobrenadantes) nas águas. Polarizadas pela localização do
Porto Fluvial de Manaus e pelo porto flutuante (atracadouro) do São Raimundo (travessia
Manaus-Iranduba), inúmeras oficinas navais e pequenos estaleiros se localizam nas
proximidades e na foz do São Raimundo, dividindo espaço com indústrias madeireiras
(serrarias), de bebidas e de geração de energia (termoelétrica de Aparecida).
Foto 6. Pluma de alcance dos despejos de efluentes (lodos residuais da Estação de Captação e Tratamento de
Água Ponta do Ismael e de esgotamento sanitário ao longo dos tributários da sub-bacia do São Raimundo).

Sete grandes unidades de saúde para atendimento de pequena a alta complexidade


localizam-se nesta bacia, dentre as quais duas situadas em área de influência direta do
igarapé dos Franceses: Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas – HEMOAM;
Fundação de Medicina Tropical do Amazonas – FMTAM; duas em relevo divisor de águas:
Fundação Centro de Oncologia do Amazonas – FCECON, nas proximidades do igarapé da
Sapolândia (Alvorada); Hospital Universitário Francisca Mendes, na vertente de recarga do
igarapé do Goiabinha, considerado uma das nascentes do igarapé do Mindu e uma na área
de influência direta deste igarapé, no limite do Corredor Ecológico do Mindu: Pronto Socorro
João Lúcio e anexo, o maior da Zona Leste. Todas possuem sistema isolado de tratamento
de esgotos sanitários e procedem à segregação dos resíduos hospitalares para posterior
coleta.
A atividade comercial nos bairros que integram a bacia é intensa e variada; três dos
quatro grandes shoppings centers de Manaus estão situados na área de influência direta do
igarapé do Mindu (Amazonas Shopping, Manaus Plaza e Millenium Festival Mall, este último
às margens deste curso d’água). O segmento habitacional também ocupa lugar de destaque
no que se refere ao uso de áreas marginais aos igarapés, multiplicando-se vertiginosamente
a implantação de unidades multifamiliares em áreas de preservação permanente na bacia do
São Raimundo, sobretudo ao longo dos igarapés dos Franceses e Mindu. Vale destacar
também a expressiva concentração de bares e restaurantes, notadamente nas praças de
alimentação que concentram estes serviços nos bairros e em alguns conjuntos habitacionais.
Os organismos responsáveis pelo licenciamento das atividades de construção civil em
Manaus (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMMAS e o Instituto
Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano – IMPLURB) exigem do empreendedor a
implantação de sistemas isolados de tratamento de esgotos sanitários previamente à
destinação final, que tanto pode ser a rede pública (via de regra, a pluvial), o curso do igarapé
ou o Aterro Sanitário de Manaus; neste último caso a coleta do chorume é realizada por
prestadores de serviços autorizados (empresas limpa-fossas).
Embora visualmente imperceptíveis, os mananciais subterrâneos da bacia do São
Raimundo devem ser objeto de nota. Em Manaus a captação de água por poços profundos é
elevada, justificada pela deficiência no sistema de distribuição e pela cultura do uso gratuito,
fortalecida pela tese da abundância natural. Esta prática se verifica tanto para o
abastecimento doméstico, como para prover atividades industriais e de serviços. Na bacia do
São Raimundo são os usos não consultivos que merecem atenção diferenciada, tanto pela
precariedade do sistema de tratamento de esgotos para o qual serão direcionadas as águas
residuais, quanto pelo potencial de contaminação dos lençóis subterrâneos com a abertura
indiscriminada de poços e cacimbas. Nesta bacia está a maior concentração de balneários e
complexos desportivos e de lazer da área urbana, que utilizam amplamente os mananciais
hídricos subterrâneos para abastecimento próprio, notadamente piscinas, cozinhas, bares e
instalações sanitárias.

3.0 DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DAS SUB-BACIAS


HIDROGRÁFICAS DE MANAUS

Manaus é uma cidade caracterizada por extensa rede hidrográfica com padrão
predominantemente dendrítico, agrupadas em 04 (quatro) microbacias: Tarumã, com
nascentes ao norte e oeste; São Raimundo, a de maior porte, que se estende pelas zonas
nordeste, centro e centro-sul da Cidade; Educandos-Quarenta, ocupando as zonas leste e
sul - estas três drenando para o rio Negro; e Puraquequara, no limite leste, situada
imediatamente à jusante do encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
Cada uma das sub-bacias apresenta características fisiografias particulares e foi alvo
de uma forma de ocupação diferenciada, resultando em problemas ambientais distintos,
embora todos associados a desmatamentos e poluição hídrica.
As primeiras a ser objeto de degradação por ocupação humana foram as microbacias
do igarapé São Raimundo e do igarapé dos Educandos - Quarenta, situadas no centro da
Manaus da Belle Époque, nas quais foram erguidos os mais importantes edifícios públicos à
época e os primeiros bairros de Manaus. A transformação destas duas áreas sempre esteve
associada à dinâmica socioeconômica que caracteriza os centros urbanos desenvolvidos.
Indicadores históricos (Tabela 01) demonstram crescimento demográfico em Manaus
superior a 100% (acima da média da maioria das cidades brasileiras) nos períodos de 1900
- 1940 e 1970 – 1980, coincidentes com os booms da Economia local.
Entretanto, não obstante os números do êxodo rural no Amazonas e de outras áreas
do País para Manaus (principalmente do Nordeste), os investimentos governamentais nas
áreas de promoção social, saneamento básico e urbanismo foram insuficientes para dotar a
capital do Estado dos instrumentos e equipamentos necessários ao controle da qualidade
ambiental urbana que os episódios exigiam.
A despeito dos atrativos da Paris dos Trópicos, no início do século XX, quase ao final
do I Ciclo da Borracha na Amazônia, alguns migrantes dão preferência à ocupação de uma
região localizada nas proximidades da confluência entre o rio Negro e Solimões (Encontro
das Águas), onde passam a residir sobrevivendo do extrativismo (pesca e produção de
carvão) e dando origem à Vila do Puraquequara. Em função das características ambientais
do lugar (várzea), a pecuária se desenvolveu em fazendas que existiam no local. Com o
colapso do comércio da borracha, muitos trabalhadores (soldados da borracha) transferiram
residência para aquele lugarejo, que atualmente integra Manaus na condição de bairro da
zona leste. Desde meados do século XX o Puraquequara vem enfrentando crises sócio-
políticas de variadas naturezas, como a insuficiência da infraestrutura aportada ao bairro para
atendimento às demandas de seus 5.856 moradores (IBGE, Censo 2010), que ainda baseiam
sua economia no extrativismo, pecuária e em segmento turístico pouco desenvolvido e o
conflito resultante da relação de convivência dos moradores com as margens dos cursos
d’água e a necessidade de preservá-los. Extinto o Ciclo da Borracha, a pressão pela
ocupação de Manaus experimentou declínio, alterado ao final dos anos 1960 com o advento
da Zona Franca e posteriormente com a implantação do Distrito Industrial a leste (hoje Pólo
Industrial de Manaus), nas margens de um dos mais emblemáticos igarapés da Cidade – o
do Quarenta. Naturalmente intensifica-se a ocupação humana nesta direção por migrantes
do Interior do Estado e de várias regiões brasileiras, que vinham em busca de emprego e/ou
para participar da implantação/gestão dos grupos industriais.
O desenvolvimento econômico forçou a demanda por investimentos na construção
civil e a pressão para obtenção de minerais in natura necessários ao atendimento das
indústrias e do setor da habitação, resultou em exploração indiscriminada de jazimentos na
área da microbacia do Tarumã. Extensos lajedos de rocha foram dinamitados para abastecer
o comércio local, descaracterizando o ecossistema e deixando inúmeros grotões como
passivo ambiental de uma exploração perniciosa e na maioria clandestina. Por sua vez, a
beleza cênica e o apelo turístico e recreativo que caracterizavam o local, com destaque para
as Cachoeiras do igarapé Tarumã (Cachoeira Alta) e do Tarumãzinho, despertaram o
interesse do setor imobiliário, que inovou ao apresentar à população a possibilidade de
desfrutar do convívio com a natureza em ambientes privativos, que consistiam em
condomínios de campo, implantados preferencialmente na área de influência direta destes
cursos d’água. A urbanização que acompanhou o processo de ocupação facilitou o acesso
aos recursos da biota local, que foi severamente depredada. O mesmo ocorreu com as
margens de mananciais hídricos superficiais, resultado da multiplicação de marinas e
estabelecimentos de lazer (bares, restaurantes, casas de espetáculos) às suas margens,
acompanhados da instalação de estaleiros especializados na construção de embarcações de
alto padrão e oficinas mecânicas náuticas.
Como relatado, a ocupação das drenagens naturais se multiplicou em Manaus sem
a devida preocupação/ intervenção pelos sucessivos governos, mesmo quando assumiu
proporções insustentáveis. Multiplicaram-se lixões a céu aberto às margens e leitos dos
córregos, potencializando a proliferação de vetores de doenças infectocontagiosas,
obstruindo os canais de escoamento das águas superficiais e aumentando a ocorrência de
alagamentos por ocasião de chuvas intensas. As matas ciliares, importantes elementos na
regulação do microclima, do ciclo hidrológico, da manutenção da qualidade dos solos e da
biota local, foram assustadoramente devastados, restando escassos fragmentos florestais
nas áreas urbanizadas de Manaus. Águas superficiais foram contaminadas por metais
pesados (particularidade verificada na bacia dos Educandos-Quarenta) e organismos
patogênicos, com consequente incremento nas taxas de DQO e DBO. Os solos tiveram sua
qualidade comprometida, tanto sob aspecto edáfico (redução do teor de umidade; lixiviação
de nutrientes; poluição por óleos, graxas e outros resíduos) quanto geotécnico
(características geomecânicas e estruturais), interferindo diretamente nos graus de
estabilidade e erodibilidade (suscetibilidade à erosão). Somada a este cenário, a dificuldade
de acesso às moradias, resultante da inobservância de parâmetros construtivos e de
ocupação causa sérios prejuízos aos cofres públicos, vez que institui um círculo vicioso de
atendimento às variadas consequências da situação (baixa qualidade da saúde, insegurança,
risco iminente de perdas materiais e humanas, insuficiência e inadequação de redes de
abastecimento público, etc.) e não à solução das suas causas, desequilibrando os
investimentos em serviços básicos essenciais à boa qualidade de vida da população.
Vale destacar que a despeito do legado socioambiental conferido ao município de
Manaus, esta nova fase econômica (industrial) é a responsável pela colocação do Amazonas
na posição de 5º. PIB do País, restando aos Poderes Públicos o enfrentamento dos graves
problemas decorrentes do modelo econômico que mantém equilibrada a balança comercial
do Estado.
Fonte: Recenseamento do Brasil 1872-1920. Rio de Janeiro; Diretoria Geral de Estatística, 1872-1930; e IBGE,
Censo Demográfico 1940/2010. Até 1991, tabela extraída de: IBGE, Estatísticas do Século XX, Rio de Janeiro: IBGE,

2007 no Anuário Estatístico do Brasil 1994. Vol. 54, 1994.

Nota: (1) Os dados relativos referem-se ao % da pop. dos municípios das capitais em
relação à pop. total da respectiva unidade da federação. Para 1872 até a970: população
presente. Para 1980 até 2010: população residente. Para 2010: Os dados são da Sinopse –
dados definitivos

4.0 CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA SOCIAL E AMBIENTAL


DOS IGARAPÉS DE MANAUS – PROSAMIM

O Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus – PROSAMIM foi concebido


para integrar o Programa de Governo do Estado a partir de 2003, com objetivo de promover
a recuperação ambiental e o ordenamento territorial de duas das principais bacias
hidrográficas interiores de Manaus – dos Educandos - Quarenta e do São Raimundo,
extremamente degradadas pela ocupação desordenada, resultante da ausência e/ou
ineficácia de investimentos públicos adequados ao gerenciamento urbanístico da Cidade.
As intervenções planejadas abrangiam aspectos sociais, ambientais, urbanísticos, de
engenharia, institucionais e demandavam à época US$ 600,000,000 (seiscentos milhões de
dólares). As negociações para obtenção de financiamento tiveram início em janeiro de 2003,
com a apresentação de proposta técnica – financeira ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID.
Dentre outros documentos exigidos para compor as análises de viabilidade, o BID
solicitou a realização do Estudo de Priorização de Bacias, com objetivo de hierarquizar
prioridades, ordenar a execução do Programa e, consequentemente, facilitar a concessão do
empréstimo. O resultado apontou a bacia dos Educandos –Quarenta como prioritária em
decorrência dos agravos ambientais e socioeconômicos acumulados desde o início da
ocupação da área (século XIX). Os igarapés Manaus, Bittencourt e Mestre Chico foram
escolhidos para compor a amostra representativa do PROSAMIM.
Anteriormente à assinatura do Contrato de Empréstimo, em 2005 o Governo do
Estado deu início às intervenções nas áreas abrangidas pelas sub-bacia dos igarapés da
Cachoeirinha e Quarenta (margem direita) com recursos do próprio Estado e da Caixa
Econômica Federal (CEF), sob coordenação da Secretaria de Estado da Infraestrutura –
SEINF. A intensa pluviosidade local, associada ao grave comprometimento geotécnico destes
cursos d’água ocasionou o deslizamento das margens em vários trechos do igarapé da
Cachoeirinha, desabrigando e submetendo a risco físico aproximadamente 600 famílias
residentes na sua área de influência direta.
No ano subsequente foi assinado o primeiro contrato de empréstimo com o BID
(Contrato 1692/OC-BR) no montante de 200 milhões de dólares destinados à área da amostra
representativa (PROSAMIM I). As obras executadas nos igarapés da Cachoeirinha e
Quarenta foram reconhecidas pelo BID como contrapartida local. A gestão desses recursos,
tanto quanto das obras e serviços, coube à Unidade de Gerenciamento do PROSAMIM –
UGPI, instituída pelo Governo do Estado conforme exigência contratual com o Banco.
Dando início ao PROSAMIM II, em 2008 foi assinado o segundo contrato de
empréstimo com o BID (Contrato 2006/OC-BR) no valor de 220 milhões de dólares, para as
intervenções previstas no igarapé do Quarenta, trecho compreendido entre a Rua Maués e
Avenida Rodrigo Otávio.
O apoio financeiro do BID para continuidade do Programa na bacia do São Raimundo
possibilitará recuperar a capacidade de drenagem do corpo receptor final (igarapé São
Raimundo), minimizando as ocorrências de alagamento à montante, especialmente na
confluência entre os igarapés Mindú/Cachoeira Grande e ao longo do trecho Franceses –
Cachoeira Grande.

4.1 Objetivos do PROSAMIM.

O objetivo do Programa é contribuir para resolver os problemas ambientais,


urbanísticos e sociais que afetam a população de Manaus, em particular os moradores das
áreas de influência direta das bacias hidrográficas interiores, impactados negativamente por
frequentes alagações resultantes da combinação de especificidades climáticas (precipitações
pluviométricas elevadíssimas) à sazonalidade hídrica do rio Negro (cheias e vazantes de
grandes amplitudes, com duração média de 06 (seis) meses cada).
4.2 Objetivos específicos

a) Melhorar as condições ambientais e de saúde nas áreas de intervenção do


Programa através da reabilitação e/ou implantação de sistemas de drenagem, abastecimento
de água potável, coleta e disposição final de lixo e águas servidas e recuperação ambiental
em áreas de cabeceiras;
b) Melhorar as condições de moradia da população que vive na área de intervenção
do Programa, mediante o ordenamento urbanístico, regularização da posse do solo, oferta
de soluções habitacionais adequadas, implantação de áreas de lazer e promoção da
mudança de atitudes da população por meio de educação sanitária e ambiental;
c) Aumentar a capacidade operacional das entidades públicas envolvidas no
Programa e a participação da comunidade no processo decisório.

5.0 Ecossistemas da Bacia do São Raimundo

5.1 Conceitos

Ecossistemas: conjunto integrado de fatores antrópicos, físicos e bióticos que


caracterizam um determinado lugar, estendendo-se por um determinado espaço de
dimensões variáveis. É uma totalidade integrada, sistêmica e aberta, que envolve fatores
abióticos e bióticos, com respeito a sua composição, estrutura e função (Lei 605/2001).
Segundo PADOAN (2014), do ponto de vista humano, a biosfera pode ser dividida em quatro
classes gerais de ecossistemas:
♦ classe 1 - Ecossistemas Naturais Maduros: aparecem, mais ou menos, em seus
estados naturais e, geralmente, não são empregados nem habitados pelo homem. Exemplo:
as áreas silvestres, as montanhas e os oceanos;
♦ classe 2 - Ecossistemas Naturais Controlados: ecossistemas que o homem controla
para uso recreativo, estudo, pesquisa ou preservação de recursos naturais. Exemplo: os
parques, reservas, as áreas de caça, as estações ecológicas, etc.
♦ classe 3 - Ecossistemas Produtivos ou Exportadores: ecossistemas que o homem
emprega para a produção de alimentos ou de outros recursos naturais. Exemplo: as granjas,
os ranchos de gado, as minas, etc. O homem cria estes ecossistemas com o objetivo de obter
a máxima produtividade da área, geralmente mediante o aumento de uma ou duas espécies
de organismos. Sob esse ponto de vista, tais ecossistemas são eficientes, mas tornam-se
ineficientes quando analisados sob o ponto de vista da quantidade de energia gasta para
irrigação, fertilização, controle de pragas e da simplificação dos mesmos que resulta na sua
instabilidade;
♦ classe 4 - Ecossistemas Urbanos ou Importadores: ecossistemas nos quais o
homem vive e trabalha, exercendo um controle mais intensivo. Requer entradas constantes
e produz saídas contínuas. Exemplo: as áreas industrializadas, as cidades, os povoados, etc.
O homem começou a criar os ecossistemas urbanos, que chamou de cidades, quando
descobriu que a agricultura lhe permitia estabelecer áreas permanentes para viver e
armazenar seus produtos, bem como era possível satisfazer suas necessidades tanto
biológicas (de ar, água, energia, alimento, abrigo e áreas para eliminar desperdícios), como
culturais (de política, economia, tecnologia, transporte, comunicação, educação, atividades
sociais e intelectuais e os sistemas de proteção e segurança) (DIAS F.G, 1992).

Falésia: A Falésia é uma forma geográfica litoral, caracterizada por um abrupto


encontro da terra com a água formada por paredões íngremes, altos e abruptos. Formam-se
escarpas na vertical que terminam ao nível da água e encontram-se permanentemente sob a
ação erosiva do rio e da chuva que a esculpem de forma lenta e constante. Ondas desgastam
constantemente a margem, o que por vezes pode provocar desmoronamentos ou
instabilidade da parede da falésia.

5.2 Identificação dos ecossistemas na Área de Interesse

A identificação dos ecossistemas existentes na área de interesse foi realizada


mediante a identificação do curso hídrico inserido dentro da área de interesse e efetivamente
contemplado pelas ações do Prosamim III. A delimitação dos Ecossistemas, para efeito deste
trabalho, foi realizada a partir da identificação dos componentes afetados pela ocupação
humana, pela área de intervenção e pelas feições intervindas pelo Prosamim III. Esta
delimitação teve a finalidade de delimitar o escopo do trabalho e não extrapolar os resultados
das avaliações para outras localizadas no entorno da área de interesse.
A partir das informações levantadas nos documentos de referência foi realizada a
delimitação dos ecossistemas levando em consideração os seguintes aspectos do
Ecossistema Igarapé São Raimundo:
 Identificação dos componentes ambientais afetados;
 Identificação das feições impactadas pela ocupação humana;
 Área de abrangência da intervenção humana;
 Comprimento longitudinal do Igarapé São Raimundo.
5.3 Levantamento de dados

5.3.1 Levantamento de dados primários

Foi realizado a partir de visitas técnicas realizadas nos dias 02, pelo período da
manhã, e 04 e 08 de julho de 2016, pela parte da tarde. No local, foram visitadas as seguintes
áreas: as instalações das quadras bairro (São Raimundo), o Parque Linear (cacimbas), o
igarapé cacimbas o complexo viário e o Parque Rio Negro localizado na orla do rio com o
mesmo nome.
Durante a visita técnica in loco foram realizados registros fotográficos da área de
interesse com e sem a intervenção do Prosamim III, foram identificados os seguintes
ecossistemas:
Ecossistema Rio Negro;
Ecossistema Igarapé São Raimundo.
De acordo com o levantamento primário foram identificados três cursos de água, para
os quais foram atribuídas as denominações de ecossistemas.
Cada ecossistema foi descrito de acordo com as feições mais relevantes do ponto de
vista de intervenção humana e foram delimitados em função da área de intervenção do
Prosamim III, em cada uma delas (Figuras 0 a 0).

Figura 2. Delimitação do Ecossistema Rio Negro.


Figura 3. Delimitação da porção do Ecossistema Rio Negro intervinda pelo Prosamim III.

Figura 4. Delimitação do Ecossistema Igarapé São Raimundo para efeito deste trabalho.
Figura 5. Delimitação da porção do Ecossistema Rio Negro intervinda pelo Prosamim III.

5.3.2. Descrição dos Ecossistemas

Os ecossistemas foram descritos a partir da seguinte metodologia:

5.3.2 Identificação dos componentes dos ecossistemas

A identificação dos ecossistemas existentes na área de interesse foi realizada


mediante a identificação do curso hídrico inserido dentro da área de interesse e efetivamente
contemplado pelas ações do Prosamim III.

5.3.2.2. Identificação dos componentes ambientais afetados pela ocupação


humana
A identificação dos componentes ambientais afetados pela ocupação humana nos
ecossistemas foi realizada a partir de levantamento de dados primários (visita do local e
registros fotográficos) e secundários (revisão da documentação de referência).

5.3.2.3. Impactos gerados sobre os componentes dos Ecossistemas


identificados
A identificação dos impactos gerados pela ocupação humana nos ecossistemas alvos
deste trabalho foi realizada a partir de levantamento de dados primários (visita do local e
registros fotográficos) e secundários (revisão da documentação de referência). A partir da
identificação os dados foram associados a partir do método de formulação de hipóteses
(Tabela 02).
Ambiental Nº do
Atividade Aspecto Impacto
Componente Feição Impacto

Uso do Solo Alteração do relevo/Impacto visual 5


Uso do Solo Alteração da paisagem 6
Assoreamento Alteração do relevo do leito do curso 7
d'água
Consumo de Combustível Fóssil Alteração de Qualidade do Ar 8
Terraplenagem
Emissões Atmosféricas: Gases e Alteração de Qualidade do Ar 9
(corte/aterro)
Fumaça
Físico Solo Emissões Atmosféricas: Material Alteração de Qualidade do Ar 10
Particulado
Outras Emissões: Ruido Incomodo e Desconforto 11
Outras Emissões: Vibração Incomodo e Desconforto 12
Pavimentação Impermeabilização do solo Redução da taxa de infiltração no 13
solo
Instalação de drenagem Condução de água pluviais Redução da taxa de infiltração no 14
solo
Tabela 2. Exemplo de matriz de impacto a partir de hipóteses (atividades geradoras de impacto).

5.3.2.4. Avaliação dos impactos decorrentes da ocupação humana

A avaliação dos possíveis impactos sobre os ecossistemas decorrentes da ocupação


humana nos ecossistemas estudados na área de interesse foi realizada mediante a técnica
de Levantamento de Aspectos de Impactos Ambientais (SÁNCHEZ, 2008).
As planilhas de atributos foram adaptadas para a realidade do Prosamim III com a
finalidade de expressar o mais próximo da realidade os fatores qualitativos e quantitativos da
avaliação.
Para efeito de avaliação foram considerados os meios físico, biótico e antrópico, sendo
estes associados as suas respectivas feições impactadas a partir das atividades geradoras
de impacto (Tabela 02).
As Tabelas 03 a 16 mostram a Lista de atributos, significados e características
individuais para a avaliação de impactos ambientais.

Tabela 3. Conceito, tipo, nível e característica do atributo natureza/classe/expressão.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Impacto positivo, que traz benefícios
ao meio afetado; quando uma ação
Positiva 1 resulta na melhoria da qualidade de
Atributo que descreve o um fator
Natureza/Classe/ caráter positivo ou ou parâmetro ambiental
Expressão negativo (benéfico ou
adverso) de cada impacto Impacto negativo, que prejudica o
meio afetado; quando a ação resulta
Negativa 2
em um dano à qualidade de um fator
ou parâmetro ambiental

Tabela 4. Conceito, tipo, nível e característica do atributo magnitude.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Impacto de baixo grau de
Pequena 1 intensidade, não repetitivo quanto a
periodicidade e

de baixa amplitude temporal


É a grandeza de um
Impacto de médio grau de
impacto em termos
intensidade, repetitiva baixa quanto
absolutos, podendo ser
Média 2 a periodicidade e de média
definida como a medida da
Magnitude amplitude temporal (não
alteração no valor de um
permanente)
fator ou parâmetro
ambiental, em termos Impacto de grande grau de
quantitativos ou qualitativos Grande intensidade, repetitivo quanto a
3
periodicidade e de alta amplitude
temporal (permanente)

Tabela 5. Conceito, tipo, nível e característica do atributo reversibilidade.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério

Impacto com possibilidade de Impacto cujo fator ambiental afetado


o fator ambiental afetado Reversível 1 retorna a sua situação original após a
retornar às suas condições intervenção.
originais. A reversão de um
Reversibilidade fator ambiental às suas
condições anteriores pode Impacto cujo fator ambiental afetado
ocorrer naturalmente ou como não possui a possibilidade de retornar
Irreversível 2
resultado de uma intervenção a sua situação original após a
do homem intervenção.

Tabela 6. Conceito, tipo, nível e característica do atributo probabilidade.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Quando é muito pouco provável
que o impacto aconteça, mas
Baixa 1
mesmo assim essa possibilidade
não pode ser desprezada
Quando é pouco provável que o
Estimativa qualitativa ou impacto se manifeste, mas sua
quantitativa de que o Média 2
ocorrência não pode ser
impacto ocorra. Refere-se descartada
Probabilidade
ao grau de incerteza
Quando, baseada em fatos
acerda da ocorrência do
similares e na observação de
impacto
Alta 3 projetos semelhantes estima-se
que é muito provável que o impacto
aconteça
Quando não existe incerteza da
Certa 4
ocorrência do impacto

Tabela 7. Conceito, tipo, nível e característica do atributo temporalidade.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Impacto de consequências
Imediata 1 imediatas, quando o efeito surge
no instante em que se dá a ação
Impacto a ser sentido após a
realização da ação e se manifesta
Escala de impacto relativa Médio Prazo 2
Temporalidade depois de decorrido um tempo curto
a manifestação do mesmo
após a ação;
Impacto a ser sentido após a
realização da ação e se manifesta
Longo Prazo 3
depois de decorrido um certo tempo
longo após a ação;

Tabela 8. Conceito, tipo, nível e característica do atributo ordem.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Caracterísitca/Critério
Impacto resultante de de uma
Atributo relacionado a
Ordem Direta 1 simples relação de causa e efeito;
manifestação do impacto
Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Caracterísitca/Critério
de acordo a atividade e/ou também chamado impacto
fato gerador primário ou de

Impacto resultante de uma reação


secundária em relação à ação, ou
quando é parte de uma cadeia de
reações; também chamado impacto
Indireta 2
secundário, ou de enésima ordem
(segunda, terceira, etc.), de acordo
com sua situação na cadeia de
reações

Tabela 9. Conceito, tipo, nível e característica do atributo espacialidade.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Quando a ação afeta apenas a
Pontual 1 área de operação e não o sitio de
intervenção nem as imediações
Quando a ação afeta apenas o
Abrangência do impacto Local 2
Espacialidade próprio sítio e suas imediações
de acordo com sua
(abrangência Quando um efeito se propaga por
manifestação em uma
espacial) Regional 3 uma área além das imediações do
determinada área
sitio onde se dá a ação
Quando é afetado um
Global 4 componente ambiental de
importância coletiva ou nacional

Tabela 10. Conceito, tipo, nível e característica do atributo imagem.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Quando a área apresenta feições
Harmônico 1
naturais e/ou feições projetadas
Imagem Quando a área não apresenta
Não harmônico 2 feições naturais e/ou feições
projetadas

Tabela 11. Conceito, tipo, nível e característica do atributo duração.

Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério


Quando o efeito permanece por um
Relaciona o impacto ao Temporária 1 tempo determinado após a
tempo de expressão ou execução da ação
Duração manifestação Quando, uma vez executada a
do mesmo por um período ação, os efeitos não cessam de se
de tempo Permanente 2
manifestar, num horizonte
temporal conhecido

Tabela 12. Conceito, tipo, nível e característica do atributo enquadramento legal.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Atividade geradora de impacto que
Sem requisitos 1
não precisa de requisitos legais
Normas e Leis que Atividade geradora de impacto que
Requisitos de Normas 2
regulamentam as é regulamentada por norma técnica
Enquadramento
atividades geradoras de Atividade geradora de impacto que
Legal Leis Municipais 3
impacto é regulamentada por Lei Municipal
ambiental
Atividade geradora de impacto que
Leis Municipais e Estaduais 4 é regulamentada por Lei Municipal
e Estadual
Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Atividade geradora de impacto
Leis Municipais, Estaduais e
5 que é regulamentada por Lei
Federais
Municipal, Estadual e Federal

Tabela 13. Conceito, tipo, nível e característica do atributo emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Impacto sem geração de gases de
Sem geração de GEE 1
efeito estufa
Impacto de baixa geração de
Baixa 2 gases de efeito estufa, não
precisa de controle de mitigação
Impactos decorrentes de Impacto de geração de gases de
atividades com potencial Média 3 efeito estufa de intensidade média,
Emissão de GEE
de emissão de gases de precisa de controle de mitigação
efeito estufa Impacto de alta geração de gases de
Alta 4 efeito estufa, precisa de controle de
mitigação
Impacto de geração de gases de
Muito alta 5 efeito estufa muito alta, precisa de
controle de mitigação

Tabela 14. Conceito, tipo, nível e característica do atributo frequência.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Muito improvável de ocorrer/Não
Muito Baixa 1
existem registros
Improvável de ocorrer/Ocorreu em
Baixa 2
ação similar
Provável de ocorrer/Ocorreu
Número de vezes que
Média 3 pelo menos uma vez no ano em
um impacto pode
Frequência atividade similar
ocorrer por unidade de
tempo Muito provável de
Alta 4 ocorrer/Ocorreu mais de uma vez
no ano em atividade similar
Esperado que ocorra/Ocorreu mais
Muito alta 5 de uma vez no semestre em
atividade similar

Tabela 15. Conceito, tipo, nível e característica do atributo severidade.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Sem efeito 0 Nenhum efeito ambiental identificável
Impacto de magnitude
desprezível/Restrito ao local de
Baixa 1 ocorrência/Reversível com ações
imediatas/Consequências financeiras
desprezíveis

Impacto de magnitude
Medida utilizada para
considerável/Contaminação/Reclamação
atribuir a gravidade do Média 2
o única/Uma violação de critério
impacto com relação a
Severidade legal/Reversível com ações mitigadoras
alguma falha nas suas
atividades ou fatores Descarga limitada de toxicidade
geradores conhecidas/Repetidas violações de
Localizada 3
padrões legais/Efeitos observados além
dos limites da ADA
Impacto de grande magnitude/Grande
extensão/Necessidade de grandes
Alta 4 ações mitigadoras para reverter a
contaminação ambiental/Violação
continuada de padrões legais
Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Impacto de grande magnitude/Grande
extensão com consequências
irreversíveis, mesmo com ações
Muito alta 5
mitigadoras/Grande perda econômica
para a empresa/Violação alta e
constante de padrões legais

Tabela 16. Conceito, tipo, nível e característica do atributo risco.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
Desprezível I Ver tabela de atributos
Probabilidade de ocorrer Baixo II Ver tabela de atributos
Risco uma quebra de segurança Moderado III Ver tabela de atributos
ambiental Severo IV Ver tabela de atributos
Crítico V Ver tabela de atributos

Tabela 17. Conceito, tipo, nível e característica do atributo significância.


Atributo Conceito Tipo do atributo Nível Característica/Critério
É a classificação do Não significativo I Ver tabela de atributos
impacto ambiental de Baixa II Ver tabela de atributos
acordo com a relação de
Significância Média III Ver tabela de atributos
atributos avaliados e do
risco ambiental de Alta IV Ver tabela de atributos
acontecer Muito alta V Ver tabela de atributos

As Tabelas 18 e 19 mostram a classificação de risco e significância dos impactos

Tabela 18. Categoria de risco dos impactos avaliados.


Categorias de Risco Range Classificação
I Risco
0-5
Desprezível
II 6 - 10 Risco Baixo
III Risco
11 - 15
Moderado
IV 16 - 20 Risco Severo
V 21 - 25 Risco Crítico

Tabela 19. Significância dos impactos avaliados.


Significância do Range Classificação
Impacto
I Não
1 - 11
significativo
II 12 - 22 Baixa
III 23 - 33 Média
IV 34 - 44 Alta
V 45 - 55 Muito alta

5.4. Ecossistema Rio Negro

É o conjunto de estruturas (bióticas e abióticas) que compõem a rede de interações


ecológicas delimitadas pela bacia hidrográfica do rio Negro. Do ponto de vista conceitual,
este ecossistema inclui as interações decorrentes de intervenções humanas com o meio
ambiente, devido a ocupação ocorrida dentro dos seus limites.

5.4.1 Descrição do Ecossistema

O sistema rio Negro apresenta diversas estruturas as quais são descritas a seguir:

5.4.2. Bacia do Rio Negro

A bacia hidrográfica do Rio Negro abrange uma superfície de 696.810 Km2, dos quais
82% pertencem ao Brasil, 10% à Colômbia, 6% à Venezuela e 2% à Guiana. Dentre os tipos
de água existentes na Amazônia, o rio Negro pertence ao grupo que apresenta coloração
escura, apresentando transparência aproximada de 1,30 a 2,30 m, valores de pH entre 3,8 e
4,9 e condutividade até 8 µS/cm (FURCH; JUNK, 1997). Apresenta estabilidade em suas
margens, com baixa erosão; uma pobre fauna e flora aquáticas; baixa concentração de sais
dissolvidos e ausência de matéria em suspensão e uma cor intensa, que varia entre castanho
escuro a preto, devido a altas concentrações de substâncias húmicas (KÜCHLER et al.,
2000).
A elevada acidez se deve a grande presença de substâncias orgânicas dissolvidas,
oriundas da drenagem de solos, em sua maioria, arenosos cobertos por vegetação conhecida
como campina, campinarana ou caatingas amazônicas.

Os valores de vazão obtidos fazem parte do Relatório Campanha Amazonas do Programa


Hibam, em cooperação com a Agência Nacional de Águas. A vazão média obtida para as
transversais estudadas foi de 43.840 m3/s e a velocidade de corrente para a margem
esquerda foi de 0,16 m/s (HIBAM, 2003).

A flutuação anual do Rio Negro, ou seja, a variação entre o nível de água mais baixo
e o mais alto durante o período de um ano, é de 9 a 12 metros. Perto da confluência com o
Solimões Amazonas, na foz do Rio Negro, a média de flutuação anual nos últimos 90 anos
tem sido de 9,8 metros; os níveis superiores são observados em geral nos meses de junho e
julho. O rio Negro, diferentemente do Amazonas, é relativamente canalizado e tem poucos
meandros no percurso. A velocidade da corrente de água na altura de Manaus é de
aproximadamente 1 metro por segundo, o que corresponde a 3,6 quilômetros por hora.
Na bacia do rio Negro, 86% da cobertura vegetal são do tipo de floresta tropical ombrófila
densa. Devido à sua regularidade, a vegetação que se estabeleceu nessas áreas adaptou-
se a este processo e ocupa as áreas conforme a duração de alagamento. As áreas mais
baixas, que passam mais tempo alagadas, são geralmente ocupadas por gramíneas e
vegetações de pequeno porte, e as áreas mais altas, que passam menos dias por ano
alagadas, são ocupadas por vegetação arbórea.

O relevo da região é, predominantemente, plano e regular, apresentando menores


taxas de erosão. Por causa dos elevados índices pluviométricos, as chuvas constantes
removem do solo as partículas mais finas (argilas) juntamente com o material orgânico e
formam solos arenosos, chamados podzóis. A este processo se dá o nome de podzolização.
Qualquer atividade humana que altere os fatores básicos que determinam o balanço hídrico
acaba por influir na disponibilidade dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica. No Brasil,
existem casos em que o antropismo aumenta a oferta hídrica através da construção de
açudes que aumentam o tempo de residência das águas.

Para entender melhor o funcionamento de uma bacia hidrográfica é necessário que se


conheça, além das variáveis descriminadas acima, o ciclo hidrológico apresentado na área
de estudo. A caracterização do ciclo servirá de embasamento para a determinação das
máximas e mínimas cotas históricas e das oscilações naturais do nível das águas do rio Negro
durante o ano.

5.4.3. Principais Afluentes do Rio Negro

Os principais afluentes do Rio Negro estão apresentados na Figura 05 e discriminados


na Tabela 20.
Tabela 20. Principais afluentes do Rio Negro
MARGEM DIREITA MARGEME ESQUERDA

Número de Número de
Nome do Rio Extensão (m) Nome do Rio Extensão (m)
Ordem Ordem
Rio Içana 2 718.735,67 Rio Demini 7 1.470.130,28
Rio Marié 6 1.198.635,42 Rio Padauari 5 652.916,51
Rio Uneiuxi 7 822.889,38 Rio Aracá 6 643.156,54
Rio Curicuriari 5 430.290,16 Rio Cauaburi 2 192.795,35
Rio Cuiuni 9 1.185.795,47 Rio Marauiá 3 153.689,15
Rio Unini 10 1.835.604,99 Rio Preto 4 375.929,98
Rio Carabinani 12 300.749,41 Rio Jauaperi 9 866.474,71
Rio Jaú 11 446.095,64 Rio Jufari 8 113.509,43
Rio Puduari 13 214.000,10 Rio Camanaú 10 446.258,38
Rio Urubaxi 8 503.461,10 Rio Apuaú 11 474.306,92
Rio Piraiauara 3 195.338,53 Rio Cuieiras 12 285.980,99
Rio Uauapés 4 477.733,13
Figura 5. Principais afluentes do rio Negro.

5.4.4. Hidrologia
O ciclo hidrológico dos rios amazônicos é influenciado diretamente pela quantidade
de chuva que atinge a a sua bacia. Em relação à precipitação pluviométrica a Amazônia é o
domínio climático mais chuvoso do continente americano, e possui a média das chuvas
ultrapassando os 2.750mm, sendo estas torrenciais e dispersas ao longo do ano,
consequentemente chove mais num determinado lugar que em outro.

A cidade de Manaus está situada na margem esquerda do rio Negro, altura da


confluência com o rio Amazonas, sendo este o principal afluente da margem esquerda, tendo
na região de Manaus o predomínio do padrão de drenagem subdendrítico com fluxo
multidirecional (FERNANDES, 2000).

Apesar da estabilidade térmica anual, os ambientes aquáticos tropicais apresentam


ciclos sazonais que interferem na hidrologia local. Os fatores determinantes dos ciclos anuais
na Amazônia são os ventos e as precipitações. A umidade relativa, componente importante
para a determinação do ciclo hidrológico, permanece alta durante todo o ano, em média 76%
em setembro, quando o nível das precipitações é baixo (inferior a 100mm) e 87% em abril,
período mais intenso de precipitações, acima de 250mm (IRION et al. 1997). A principal
consequência das precipitações e da umidade relativa é a oscilação da vazão e,
consequentemente, do nível do rio em uma escala raramente observada fora dos trópicos.
Nos períodos de maior vazão, os rios transbordam o seu leito e alagam as áreas
marginais, provocando a expansão dos ambientes aquáticos. A oscilação do nível do rio
Negro apresenta um ciclo uni modal anual, com um período regular de águas altas e outro
de águas baixas.
O acompanhamento das séries históricas indica a existência de cheias acima da
média convencional a cada dez (10) anos coincidindo com efeito La Niña no Pacífico Sul.
Entretanto nos últimos anos este fenômeno não apresentou esse padrão tendo picos de
cheias acima do esperado em 2010 e 2015. Essas variações no padrão do ciclo hidrológico
dos rios da Amazônia são atribuídas a ações de antropização de grandes áreas cujo efeito
reflete em mudanças climáticas globais.

Nos últimos trinta anos a maior enchente no Rio Negro atingiu a cota de 29,97m de
altitude (NM) no ano de 2012. A maior vazante registrada foi de 13,63 em 2010. A amplitude
de variação entre a enchente e vazante foi de 10,77±215m. A série histórica das enchentes
e vazantes e nos últimos trinta (30) anos é apresentada nas Tabelas 21 e 22.
Tabela 21. Série histórica das enchentes e vazantes do Rio Negro nos últimos trinta anos.
Fonte: Hidroweb. Estação Fluviométrica de Manaus, AM. Código: 19440000

Enchente Máxima (cm)


Data Vazante Minima (cm) Variação do ano

01/05/2012 2997 1615 1382


01/07/2009 2977 1597 1380
01/06/1989 2940 1955 985
01/06/1999 2930 1695 1235
01/06/1994 2905 1906 999
01/06/1997 2896 1434 1462
01/06/2002 2891 1719 1172
01/06/2006 2884 1689 1195
01/06/1993 2876 1947 929
01/07/2000 2869 1857 1012
01/06/2011 2862 1676 1186
01/06/2008 2862 1843 1019
01/06/1996 2854 1914 940
01/07/2003 2827 1901 926
01/06/1990 2823 1632 1191
01/06/2001 2821 1681 1140
01/06/2007 2818 1774 1044
01/07/1986 2814 2140 674
01/06/2005 2810 1475 1335
01/07/1991 2806 1607 1199
01/06/1984 2803 1958 845
01/06/2010 2796 1363 1433
01/06/1987 2791 1799 992
01/06/1988 2778 1782 996
01/07/1998 2758 1503 1255
01/07/1995 2716 1506 1210
01/06/2004 2713 1923 790
Enchente Máxima (cm)
Data Vazante Minima (cm) Variação do ano

01/06/1983 2652 1708 944


01/07/1985 2627 1974 653
01/05/1992 2542 1756 786

Tabela 22. Variação média entre a enchente e vazante do Rio Negro nos últimos trinta (30) anos.
Fonte: Hidroweb. Estação Fluviométrica de Manaus, AM. Código: 19440000

Média das enchentes Média das Variação média


Vazantes
Média 2821,27 1744,30 1076,97
Desvios 99,57 185,23 215,65

5.4.5. Aspectos Fluviométricos

Vazão - O Rio Negro apresenta variação de vazão entre 28.000m3/s a 63.610 m3/s nas
proximidades da cidade de Manaus. Estes valores podem apresentar variações de
acordo com o período do ano e da precipitação (CAVERO et al., 2013).
Velocidade - A velocidade da água do Rio Negro é variável podendo apresentar áreas
com remansos com pouca movimentação de água e outras onde as mesmas
apresentam correntezas maiores. As velocidades medidas ao longo deste estudo
oscilaram entre de 0,0 a 3,9 km/h seguindo padrão de incremento de velocidade para
grandes rios em relação proporcional à distância das margens e a profundidade
(CAVERO et al., 2013).

5.4.6. Principais bacias hidrográficas e afluentes do rio Negro nas imediações


da área de interesse

Os cursos d’água localizados na delimitação da cidade Manaus são formados por


igarapés de diversas ordens e dimensões. A seguir são apresentadas as principais Micro
Bacias hidrográficas que compõem o sistema de drenagem da área de interesse (Figura 08).

5.4.7. Micro Bacia do Igarapé do São Raimundo

É formada pelos seguintes igarapés:

Igarapé do Mindú: principal tributário do igarapé São Raimundo, tem uma de suas nascentes
localizada no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste, próximo ao Jardim Botânico da Reserva
Ducke. Cruza a cidade no sentido nordeste-sudoeste, percorrendo e delimitando inúmeros
bairros, como Jorge Teixeira, Tancredo Neves, Cidade Nova, Aleixo, Parque 10 de
Novembro, N. S. das Graças e S. Geraldo;
Igarapé dos Franceses: localizado na Zona Centro-oeste. Atravessa os seguintes bairros:
Alvorada I e II, Dom Pedro I e II;
Igarapé do Bindá: Possui sua nascente na Zona Norte e atravessa os bairros Cidade Nova,
Parque 10 e da União;
Igarapé do Franco: Localiza-se na região Centro-oeste da cidade de Manaus. Atravessa os
bairros Compensa e Santo Agostinho e São Jorge.
Os igarapés da cidade de Manaus, na sua maioria, são utilizados para fins domésticos.

Figura 6. Principais microbacias nas imediações da área de interesse com drenagem em direção ao Rio Negro

5.5. Componentes do Ecossistema Rio Negro

5.5.1 Componente Físico

Fazem parte deste componente as seguintes estruturas:

Solo: Formado pela base que dá sustentação aos recursos hídricos. Nesta feição podemos
identificar as áreas marginais ao rio as quais, devido ao pulso de inundação (subida e descida
das águas), sofrem com a formação de processos erosivos diversos, que resultam, na maioria
das vezes, em movimentos de massa.

A orla do rio Negro é caracterizada por arenitos da Formação Alter do Chão, com
geomorfologia caracterizada por rebordos erosivos e depósitos aluvionares recentes o que
favorece a formação desses processos. Aliado a isto existem no meio fatores diversificados
com processos geológicos (como zonas de falhas e rochas friáveis) que devem ser
considerados para a ocupação dessas áreas. Ainda, a maioria dos empreendimentos é
realizada com a retirada da vegetação e por cortes de taludes, o que acarreta à exposição
do material argiloso friável e intemperizado da formação geológica.

As feições correspondentes a falésias (áreas altas marginais ao rio com declividade


acentuada) são espaços geográficos com elevado potencial de risco geotécnico, o qual é
gravado, quando ocorrem as intervenções antrópicas como supressão vegetal e ocupação
irregular, tanto do topo quanto da base da escarpa.

Nas fotos 06 a 09 podemos observar a falésia no estado natural e com antropização.

A aceleração dos processos erosivos nessas áreas é acelerada devido à ação das
águas superficiais decorrentes das chuvas aliada a dinâmica fluvial que muda o nível do rio
Negro em aproximadamente 14 m ao ano.

Foto 7. Falésia do rio Negro. No detalhe erosão provocada pelo rio na base do talude (escarpa).
Presença de risco geotécnico natural. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).
Foto 8. Ocupação do topo da falésia no bairro de São Raimundo, na orla do rio Negro. Presença de risco
geotécnico natural e antrópico. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

Foto 9. Ocupação do topo da falésia na vila militar da Marinha, Colônia Oliveira Machado, na orla do
rio Negro. Presença de risco geotécnico natural e antrópico. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero
(15/09/2012).
Foto 10. Ocupação da orla do rio Negro no bairro do São Raimundo, Manaus, AM. No detalhe a ocupação
irregular das áreas alagáveis e do pé do talude (escarpa) da falésia. Risco natural de alagamento. Foto:
Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

Recursos hídricos: Formado pelas águas do rio Negro onde acontecem as diversas
interações ecológicas. Esta feição é influenciada diretamente pela precipitação pluviométrica
a qual resulta na alteração do ciclo hidrológico do rio Negro, onde é possível destacar duas
estações definidas: enchente (Fotos 11 e 12) e vazante (Fotos 13 e 14). Essa variação
promove uma série de mudanças de comportamento e de adaptações dos moradores e dos
seres vivos inseridos nessa feição.

Foto 11. Área alagável na orla do rio Negro (Igapó) em condições naturais, nas imediações
do lago do Marapatá, Distrito Industrial, Manaus, AM. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero
(13/09/2013).
Foto 11. Ocupação irregular de área alagável na orla do rio Negro nas imediações do bairro
do São Raimundo, Manaus, AM. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (30/06/2012).

Foto 12. Área alagável na orla do rio Negro (Igapó) em condições naturais, na época de vazante,
Manaus, AM.
Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (07/12/2012).
Foto 13. Ocupação irregular de área alagável na orla do rio Negro nas imediações do bairro do São
Raimundo, Manaus, AM. Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).

5.5.2. Componente Biótico

Com a finalidade de resumir os componentes deste item a classificação foi realizada


nos seguintes grupos:

Fauna: Feição natural onde estão inseridos os componentes animais.

Flora: Feição natural onde estão inseridos os componentes vegetais.

Microbiota: Feição natural onde estão inseridos os diversos microrganismos.

5.5.3. Componente Antrópico

Formado pelas populações humanas assentadas dentro da bacia do Rio Negro,


moradias, estruturas de serviços públicos, etc., principalmente as localizadas no entorno da
área de interesse.

A cidade de Manaus, que abriga um polo Industrial considerado um modelo de


experiência de desenvolvimento sustentável, é também lugar de urbanização acelerada e
desigual, lugar onde as pessoas sofrem os problemas urbanos como falta de água e esgoto,
poluição hídrica, poluição atmosférica, resíduos sólidos e industriais (SCHERER; MENDES,
2004).
Um dos aspectos que caracteriza a paisagem urbana da cidade é a densa malha de
igarapés que formam o sistema fundamental das bacias de drenagem. A precariedade das
moradias nas margens desses igarapés, despejando parte do lixo e esgotos sanitários nessas
águas, e o lançamento de despejos de origem industrial, provocam impactos ambientais,
verificados através das condições físico-químicas destas águas (ELIAS; SILVA, 2001).
TAVEIRA (2011) cita que, como as florestas e os cursos d’água são cada vez mais agredidos
na Amazônia, principalmente por meio do intenso e crescente desmatamento que destrói
habitats e altera a qualidade do solo e da água, os igarapés na cidade de Manaus estão em
constante risco.

As ocupações irregulares têm ocasionado problemas não somente de ordem


ambiental, mas também de saúde, por se tratar de um espaço com altos índices de malária;
sem infraestrutura, pois grande parte das habitações foi construída em terrenos irregulares
com riscos de alagamento e desabamento; e social, pois o que se vê na maioria destas
ocupações é aglomerado de moradias sem saneamento básico, luz elétrica, transporte,
escolas, etc. A grande concentração populacional nas zonas Leste e Norte, por exemplo, são
atualmente, responsáveis pelo agravamento de problemas relacionados à ocupação
desordenada do solo, destruições da cobertura vegetal, poluição dos corpos d'água e
deficiência do saneamento básico (NOGUEIRA et al., 2007)
No geral, o custo das doenças fortemente atribuíveis a fatores ambientais na cidade
de Manaus, considerados os valores corrigidos pelo Índice Geral de Preços do Mercado para
o ano de 2009, foi estimado em R$ 286.852.666,97, dos quais as doenças cardiovasculares,
as infecções respiratórias das vias aéreas inferiores e as doenças diarreicas foram
responsáveis por 78,6%. No caso das doenças fortemente atribuíveis a fatores ambientais, o
impacto das três enfermidades foi de 77,2% no tempo de permanência total (MEDEIROS et
al., 2014)

5.5.4. Componentes ambientais afetados pela ocupação humana

Os principais componentes ambientais afetados diretamente pela ocupação humana no


ecossistema rio Negro foram: o solo, a flora e os recursos hídricos (Figuras 12 e 13).
Figura 12. Ilustração demonstrando uma situação hipotética da orla do rio Negro antes de
ocupação humana.

Figura 13. Ilustração demonstrando uma situação hipotética da orla do rio Negro após a ocupação
humana.
Foto 14. Orla do rio Negro evidenciando a presença de uma falésia em processo de ocupação, com
atividades de supressão vegetal e intervenção na encosta.
Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (07/12/2012).

Foto 15. Orla do igarapé do Rio Negro (atual Parque Rio Negro). Evidencia de ocupação irregular.
Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (21/01/2010).
5.5.5. Feições ambientais afetadas pela ocupação humana no ecossistema rio
Negro

Flora: Supressão vegetal de áreas diversas. Esta ação deixa o solo exposto propiciando a
instalação de processos erosivos, agravados na época de chuva, e consequente
assoreamento dos recursos hídricos. Ainda, quando associado à ocupação irregular de
falésias (na margem do rio Negro) potencializa movimentos de massa (desabamentos). A
erosão fluvial da base da escarpa da falésia por ondas e fluxo da água provoca
desmoronamento das paredes da escarpa que tende a se apresentar verticalizada (Foto 16).

Foto 16. Ocupação da orla esquerda do rio Negro. No detalhe é possível observar a supressão da vegetação ripária
para a instalação de empreendimentos diversos. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

Solo: ocupação irregular de falésias e de áreas alagáveis. Esta ação cria situações de risco
à população devido às condições de erodibilidade do solo na base do talude (erosão realizada
pelo Rio Negro) e do solo exposto (erosão decorrente da ação pluvial). Ainda, sobre o solo
foram identificados de deposição de resíduos sólidos na superfície e em camadas
subsuperficiais (Fotos 17 a 20).
Foto 17. Ocupação irregular na orla do rio Negro, onde atualmente existe o Parque Rio Negro.
Ocupação de falésia.
Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).

Recursos hídricos: Rio Negro nas imediações de Manaus. Poluição das águas decorrentes
de ações antrópicas.

Foto 18. Lançamento direto de resíduos. Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).
Foto 19. Lançamento direto de resíduos. Foto:http://www.correiodeuberlandia.com.br/brasil-
e-mundo/sem-opcao-moradores-de-palafitas-de-manaus-vivem-expostos-adoencas/

Foto 20. Situação de igarapé de Manaus. Poluição por resíduos sólidos.


Foto: https://www.google.com.br/search?q=palafitas+alagadas+do+rio+negro

5.5.6. Impactos gerados pela ocupação humana sobre os componentes do


Ecossistema Rio Negro

Os impactos ambientais decorrentes das atividades da ocupação humana na orla do


rio Negro atingem principalmente o solo, os recursos hídricos e principalmente o homem,
principal agente de degradação ambiental (Fotos 21 a 24).
Foto 21. Ocupação irregular da orla do rio Negro. Em destaque a ocupação do topo de falésia.
Na face sul presença de processo erosivo da parede da falésia. Impacto sobre a flora e solo.
Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

Foto 22. Ocupação irregular de falésias na orla do rio Negro (imediações do atual Parque Rio
Negro). Impacto sobre a flora e solo. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).
Foto 23. Lançamento direto de resíduos sólidos na orla do rio Negro (atual Parque Rio negro).
Poluição do solo. Impacto sobre o solo. Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).

Foto 24. Ocupação irregular da base da escarpa de falésia na orla do rio Negro, bairro do São
Raimundo (atual Parque Rio Negro). Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (23/01/2010).

5.5.7. Avaliação dos impactos

De acordo com o levantamento o impacto a ocupação de ambientes naturais é de


natureza (classe) negativa de baixa significância, no tempo passado, com incidência direta
sobre o meio afetado e de baixo risco ambiental.
A baixa significância do impacto é resultado do baixo risco que representam as
ocupações irregulares para fins domésticos, objeto deste trabalho, não geram fatores de
degradação com severidade alta (Exemplo: derramamento de produtos tóxicos com altas de
contaminação, como é caso de ácidos concentrados, óleos pesados, defensivos agrícolas,
etc.), a qual poderia ser potencializada pela frequência do evento causador do impacto.

Os eventos causadores de impacto, nesta abordagem, são de baixa magnitude,


reversíveis, com influência localizada e imagem não harmônica com o meio ambiente. Estas
situações podem ser observadas nas ilustrações ao longo do trabalho que evidenciam o
aspecto da degradação ambiental em função da ocupação irregular de áreas da cidade.

Levando em consideração a situação em que se encontrava o ambiente antes da


intervenção antrópica é possível verificar que houve a evolução do ecossistema para se
consolidar como um ecossistema urbano, trazendo com isso a problemática rotineira das
necessidades humanas, principalmente a ocupação de áreas de risco. Se tratando do
ambiente amazônico a ocupação acontece, na maioria dos casos, em áreas próximas a
cursos d’água (rios, lagos e igarapés) gerando riscos hidrológicos (inundação) e no caso de
ocupação de áreas do tipo falésias a exposição a riscos geotécnicos (desabamentos).

Tabela 23. Significância do impacto ambiental decorrente da ocupação irregular de áreas marginais a
cursos d'água.
Significância do Range Classificação
Impacto
I ± 01 a 11 Não significativo
II ± 12 a 22 Baixa
III ± 23 a 33 Média
IV ± 34 a 44 Alta

V ± 45 - 55 Muito Alta
Significância do Impacto -20,16666667

5.6 Ecossistema Igarapé São Raimundo

É o conjunto de estruturas (bióticas e abióticas) que compõem a rede de interações


ecológicas delimitadas pela bacia hidrográfica do igarapé São Raimundo. Do ponto de vista
conceitual, este ecossistema inclui as interações decorrentes de intervenções humanas com
o meio ambiente, devido à ocupação ocorrida dentro dos seus limites. Como é possível
verificar na Figura 07, o Ecossistema no igarapé São Raimundo. Desta forma a avaliação de
ambos os ecossistemas foi abordada conjuntamente.
Figura 07. Ecossistema dos Igarapés São Raimundo.

5.6.1 Descrição do Ecossistema


5.6.1.1 Descrição da Bacia do Igarapé São Raimundo

A Bacia do São Raimundo está toda inserida na área urbana do município e o curso
d’agua atravessa as Zonas Leste, Norte, Centro-sul, Centro-oeste, Oeste e Sul. Possui uma
área de 117,95km2 e concentra aproximadamente 1.193.943 hab, segundo o IBGE-2000. Os
principais tributários que compõem a bacia do São Raimundo são:

Igarapé do Mindu: principal tributário da bacia, com 20 km de extensão, tem uma de suas
nascentes localizado no bairro Jorge Teixeira, na zona Leste, próximo ao Jardim Botânico da
Reserva Ducke. Percorre vários bairros como Tancredo Neves, Cidade Nova, Aleixo, Parque
10 de Novembro, Nossa Senhora das Graças e São Geraldo;
Igarapé dos Franceses: localizado na zona centro-oeste é um dos principais contribuintes
da bacia. Drena os bairros Alvorada e Dom Pedro;
Igarapé do Binda: tem sua nascente localizada na zona norte e percorre os Bairros Cidade
Nova, Parque Dez e União;
Igarapé do Franco: Localiza-se na região Centro-oeste da cidade de Manaus. Atravessa os
bairros Compensa e Santo Agostinho e São Jorge.
5.6.1.2 Alguns aspectos da ocupação do Igarapé São Raimundo

A ocupação das margens do igarapé do São Raimundo promoveu profundas


alterações ambientais, visíveis nos períodos sazonais, principalmente influenciadas pela
enchente e vazante dos rios e igarapés, pelos fatores sociais e ambientais de degradação e
pela grande extensão de terra ocupada desordenadamente.

Além desses aspectos, outros merecem atenção, como extensas áreas com águas
poluídas pelo lançamento de esgotos industriais e domésticos. Em um dos tributários da bacia
do São Raimundo, o igarapé do Mindú, a ocupação desordenada de áreas antes florestadas,
ocasionou grandes volumes de sedimentos, efluentes industriais e principalmente esgotos
domésticos que são transportados para os cursos d’água.

A supressão das matas ciliares, a redução da fauna local e a contaminação dos


recursos hídricos caracterizaram por longos anos, a paisagem da borda do igarapé de são
Raimundo, resultando na produção de um ambiente nocivo à saúde e o bem-estar físico das
populações, corroborando a relação intrínseca entre o homem e o ambiente. Além da
alteração dessas características, a concentração populacional modificou a topografia natural
dos igarapés ocasionando graves consequências como assoreamento, eutrofização e
alteração do escoamento natural das águas que resultaram na degradação da qualidade
ambiental.
Igarapés e cursos de água em bom estado de conservação apresentam ictiofauna
típica de ambiente natural. O processo de urbanização gera impactos negativos na estrutura
das assembleias de peixes dos igarapés alterados, ocasionando uma grave redução nas
espécies. Além disso, juntamente com processos erosivos do solo, ocasiona o assoreamento
dos canais d’água devido ao aumento do volume de areia no leito dos igarapés impactados
(ANJOS, 2007).

Nas figuras 08 e 09 é possível observar a evolução hipotética dos efeitos da ocupação


humana nas margens do igarapé São Raimundo.
Figura 08. Ilustração da margem direita do Igarapé São Raimundo antes da ocupação humana.

Figura 09. Ilustração da margem direita do Igarapé São Raimundo após a ocupação humana. No detalhe a instalação de
moradias irregulares em áreas alagáveis.
5.7. Influência do Rio Negro sobre os Igarapés de Manaus
5.7.1 Enchente

O pulso de inundação do Rio Negro no período de cheia influencia diretamente nos


igarapés de Manaus causando seu represamento e consequentemente a diminuição do
escoamento superficial e da velocidade desses cursos d’água. No período quando o rio Negro
atinge suas maiores cotas de altitude avança para dentro da cidade (principalmente pelas
calhas dos igarapés) até as cotas relacionadas com seu nível de enchente anual. No ano de
2012 foi registrado uma elevação da enchente que teve como pico de cheia a cota de 29,97m,
causando sérios transtornos a população residente das margens do rio e de igarapés
afluentes do mesmo.

O alagamento de Manaus, promovido pela elevação das águas do rio Negro, no período da
enchente influencia diretamente nas condições sanitárias da cidade devido ao represamento
dos igarapés impedindo a continuidade do fluxo. Esse fator favorece o acúmulo de resíduos
e de efluentes de origem antrópica. Esta situação ocorre devido a que a maioria dos igarapés
da cidade de Manaus são usados para fins de descarte de efluentes domésticos e de resíduos
sólidos, principais agentes de degradação dos recursos hídricos nesses ambientes.

Foto 16. Detalhe do represamento e alagamento de um igarapé de Manaus e as consequências sobre a retenção
de resíduos.
Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

5.7.2 Vazante

Durante a vazante, período de menor pluviosidade e consequentemente de menor


fluxo os igarapés percorrem livremente sobre seu leito natural. Esta situação de rebaixamento
da cota de inundação, promovida pelo rio Negro expõe as margens dos igarapés, antes
represados, causando o aparecimento dos resíduos depositados. Ainda, devido a
continuidade do fluxo dos igarapés ocorre o escoamento dos resíduos flutuantes e dos
efluentes diluídos diretamente para as águas do Rio Negro causando um efeito negativo
sobre o mesmo.

Ações de mitigação desses impactos são realizadas constantemente pelos órgãos


públicos através da dragagem, remoção e destinação de resíduos sólidos dos igarapés,
visando minimizar o impacto negativo causado pela destinação inadequada de resíduos e de
efluentes domésticos sobre rede hídrica natural neste período.

A continuidade do descarte de resíduos e efluentes nos igarapés de Manaus, dificulta


a manutenção da qualidade ambiental desses ambientes, aumentando proporcionalmente os
custos de mitigação de impactos e aumentando os riscos de insalubridade da população
residente no entorno desses cursos d’água.

Foto 17. Vista do Igarapé do São Raimundo no período de vazante. Foto: Acervo Bruno A. S. Cavero (15/09/2012).

5.7.3. Influência do Rio Negro sobre o Igarapé São Raimundo

No caso do Igarapé São Raimundo este efeito é refletido de forma imediata uma vez
que o mesmo se encontra diretamente relacionado com o Rio Negro, sendo o primeiro curso
hídrico a ser represado promovendo o aumento do nível em cota de elevação similar a do rio
Negro.

Neste caso as populações remanescentes instaladas nas margens deste igarapé


ainda sofrem com problemas de alagamento, principal risco decorrente da influência do Rio
Negro.

Os efeitos promovidos pelo fenômeno de enchente e vazante do rio Negro sobre o


igarapé São Raimundo são semelhantes aos dos outros corpos hídricos da cidade de Manaus
que possuem ligação com o rio (Foto 34).

Foto 18. Palafitas instaladas na margem do Igarapé do São Raimundo. No detalhe marca da água da enchente nas
casas. Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).

5.8 Componentes do Ecossistema dos Igarapés São Raimundo


5.8.1 Componente Físico

Fazem parte deste componente as seguintes feições:

Solo: Formado pela base que dá sustentação aos recursos hídricos. Nesta feição podemos
identificar as áreas marginais ao Igarapé São Raimundo as quais, devido ao pulso de
inundação (subida e descida das águas), sofrem com a formação de processos erosivos
diversos (Foto 35), que resultam periodicamente em alagamentos das margens (áreas
naturalmente alagáveis).
Foto 19. Aspecto de material intemperizado da Formação Alter do Chão, encontrado na base
das falésias do Igarapé do São Raimundo. Foto: Acervo Aroldo F. Aragão (19/01/2010).

Recursos hídricos: Formado pelas águas do Igarapé São Raimundo onde acontecem as
diversas interações ecológicas. Esta feição é influenciada diretamente pela precipitação
pluviométrica e pelo ciclo hidrológico do rio Negro, onde é possível destacar duas estações
definidas: vazante e enchente (Foto 36). Essa variação promove uma série de mudanças de
comportamento e de adaptações dos seres vivos inseridos nessa feição.

Foto Aspecto do nível das águas do Igarapé São Raimundo nos períodos de cheia. Foto Acervo
Aroldo F. 23/01/2010

5.8.2 Componente Biótico


Com a finalidade de resumir os componentes deste item a classificação foi realizada
nas seguintes feições:

Fauna: Feição natural onde estão inseridos os componentes animais. ‘

Flora: Feição natural onde estão inseridos os componentes vegetais.

Microbiota: Feição natural onde estão inseridos os diversos microrganismos.

5.8.3 Componente Antrópico


5.8.3.1 Ocupação no Bairro São Raimundo

O Início da ocupação da área onde hoje está localizado o bairro do São Raimundo
teve início em 1849, quando o governo do estado doou ao Seminário São José o terreno que
foi incorporado ao patrimônio da instituição religiosa. Na época, o bispo Dom Lourenço da
Costa Aguiar resolve lotear uma parte das terras para pessoas de baixa renda, que
construíram as primeiras casas nos terrenos, pagos com quantia mensal denominada de
"foros da igreja". No início as áreas próximas a margem do rio Negro, pelo fato que as famílias
para manter seu sustento praticavam a caça e a pesca como atividade de subsistência e
também para a venda nos mercados e feiras de Manaus. O nome do bairro teve forte
influência da imagem de São Raimundo Nonato, trazida pelo recém-nomeado padre
(Raimundo Amâncio de Miranda) que a deixava sempre no centro do altar em todas as
celebrações religiosas e festas da comunidade (Portal Amazônia, 2016).

Na virada do século XX, o bairro entra em processo de urbanização, com abertura de


novas ruas, onde novas casas foram sendo construídas por moradores, em sua maioria,
vindos do interior ou de outros estados brasileiros (Foto 20).

Foto 20. Bairro de São Raimundo visto da marinha. Foto: Álbum do Amazonas (1901 – 1902).
Em 1912 as mudanças no bairro começam a acontecer mais rapidamente, sendo
construído o matadouro municipal (Foto 21). A área, como ainda não era habitada, serviu
para habitação dos operários das indústrias de curtumes, que passaram a morar próximo ao
trabalho. A chegada do matadouro, também conhecido por Curre, serviu para atrair mais
pessoas para o bairro, agora capaz de oferecer emprego aos seus moradores. O local sofreu
uma expansão demográfica tão acelerada que imediatamente surgiu um novo bairro, o do
Matadouro, depois Glória (Portal Amazônia, 2016)
.

Foto 21. Imagem do antigo Matadouro Municipal da cidade, hoje bairro da Glória, lugar onde
se encontra atualmente a FUNASA. Foto: Corrêa Lima, 1983.

Durante a década de 1950, o bairro sofre sua segunda onda de expansão


populacional, com a chegada dos interioranos fugidos da grande enchente de 1953. Mais
moradores vão buscar abrigo no bairro quando se espalhou a notícia de que os padres
estavam prestando assistência aos desabrigados. No final da década de 1960 Muitos
moradores da Cidade Flutuante, que se estendia do Rodway até a foz do igarapé do São
Raimundo, se instalaram no bairro quando foram obrigados a deixar suas casas montadas
em balsas. Novamente a paróquia distribuiu terras aos desabrigados, aumentando assim
ainda mais a população do bairro (Fotos 22 e 23).
Foto 22. Rua Sagrado Coração de Jesus, Bairro de São Raimundo. Foto: Amazonas Notícias
III - Page 56 (Ano de 1953).

Foto 23. Casa do bairro de São Raimundo.


Foto: Acervo dos trabalhos de Campo/IBGE – Aranha, Wilson de Souza; Dias,
Catharina Vergolino (Ano de 1965).

Até meados de 1975 a cidade de Manaus dividia-se em vinte e nove bairros, todos sem
grandes povoamentos e ordenamento. Com a criação e permanência do fortalecimento da
Zona Franca de Manaus, a cidade começou a receber investimentos e constantes migrações
de pessoas de várias regiões do País e do interior do Estado. Nas décadas de 80 e 90 o
bairro passou por profundas transformações urbanas. Em decorrência disso a cidade que no
início da década de 1970 possuía uma população de 311.622 habitantes passa a apresentar
uma população de 1.405.835 em 2000 (Tabela 31). O crescimento industrial e comercial de
Manaus a transformou em poucas décadas em um centro polarizador, atraindo população de
todas as regiões brasileiras, em função disso na atualidade conta com uma população
estimada de 2.057.711 (Estimativa para 2015 segundo o censo demográfico do IBGE, 2010).

O bairro de São Raimundo, zona Oeste da Capital ocupa uma área de 112,45 hectares, onde
residem 15.395 habitantes (CENSO 2010, IBGE). Apesar de haver perdido área com a
redivisão da cidade em zonas e bairros (2,87ha) (Lei Municipal 1.401, de 14/01/2010) e
apresentar redução no total de habitantes medidos no Censo 2000 (15.655 hab.) e na
Contagem de 2007 (16.304 hab.), apresenta incremento aproximado de 50% na Taxa de
Crescimento Geométrico da População, que passou de 0,32 (período 1996 a 2000) para 0,61
entre 2000 a 2007.

Formado pelas populações humanas assentadas dentro da bacia do Rio Negro, moradias,
estruturas de serviços públicos, etc., principalmente as localizadas no entorno da área de
interesse.
Tabela 23. População de Manaus entre os anos de 1872 a 2009 (Fonte IBGE, 2009).
ANO POPULAÇÃO
1872 29.344
1890 38.720
1900 50.300
1920 75.704
1940 106.399
1950 139.620
1960 173.703
1970 311.622
1980 633.392
2000 1.405.835
2009 1.738.641

A população atualmente corresponde a 8.981 habitantes e a Taxa de Crescimento


Geométrico da População para o período 2000 a 2007 apresenta saldo negativo (-0,34%),
sendo inferior à medida no período de 1996 a 2000 (-0,46). Entre o Censo 2000 e a Contagem
de 2007, a ocupação demográfica apresentou discreta redução (8.427 hab./ 2000 para 8.239
hab./2007). Entretanto, a tendência da flutuação não se manteve entre 2007 e 2010,
ocorrendo incremento de 742 habitantes.
A área compreendida entre a ponte Kako Kaminha e foz do igarapé do São Raimundo,
foi observado equipamentos públicos, serviços e programas de atendimento à população. A
seguir é apresentada a síntese do levantamento por área de políticas sociais.
A área possui uma cobertura educacional, de 9 (nove) escolas e 02 (duas) creches.
Evidenciando um déficit de cobertura de creches para atendimento a crianças de zero a três
anos, existe também déficit na área de segurança. Assim, optou-se por apresentar a síntese
deste levantamento por área de políticas sociais e dentro de cada uma, apresentando
equipamentos e programas (Tabela 24).

Tabela 24. Estruturas Educacionais.


Equipamentos de Educação Quantidade
Escolas Municipais 02
Escolas Estaduais 04
Escolas Particulares 03
Creches 02

A área possui uma cobertura de assistência médica de 01 Serviço de Pronto


Atendimento (SPA) e 01 Centro Estadual de Convivência do Idoso, além de 01 Fundação
Nacional de Saúde (Tabela 25).

Tabela 25. Estruturas de Saúde.


Equipamentos de Saúde Quantidade
SPA - São Raimundo 01
Fundação Nacional de Saúde - 01
FUNASA
Centro Estadual de Convivência do 01
Idoso

A área possui uma cobertura de 15 (quinze) templos religiosos, distribuídos em


templos católicos e evangélicos, além de espirita (Tabela 26).

Tabela 26. Estruturas Religiosas.


Entidades Religiosas Quantidade
Igreja Católica 02
Igreja Evangélica 12
Centro Espirita 01
1. MARCO EMPÍRICO

De conhecimento dos cientistas e planejadores, o crescimento espacial urbano


provoca mudanças nos tipos de uso do solo e na drenagem, em especial com relação ao
encurtamento dos canais e mudanças no tipo de padrão dos mesmos. Como consequência,
associadas à redução da capacidade do canal, as inundações tornam-se frequentes.

De acordo com Tucci (1995), a canalização dos pontos críticos é um tipo de solução
que tem uma visão particular de um trecho da bacia e apenas transfere a inundação de um
lugar para outro.

Ainda, quando a área urbana de uma bacia hidrográfica for superior a 10% do valor
de sua área total, os problemas relacionados aos canais começam a tomar volume
(CHRISTOFOLETTI, 1980).

Segundo Ebisemiju (1989), nos trópicos úmidos as grandes produções de sedimentos


com rápida deposição no leito reduzem a capacidade dos canais. Isto porque em áreas
urbanas, de maneira geral, os cursos d’água têm pouca velocidade devido ao pequeno
gradiente de declividade favorecendo a formação de bancos e promovendo enchentes.

Muitas vezes, edificações são construídas sobre pequenos canais urbanos, que são
aterrados, desviados ou canalizados. No entanto, tinham importante papel no retardamento
dos efeitos das enchentes, fazendo parte de toda a complexidade hidrológica da bacia,
conforme afirmam Dunne e Leopold (1978).

Na maioria dos casos, a urbanização ocorre no sentido de jusante para montante,


devido às características do relevo. Quando o poder público não controla essa urbanização,
a combinação dos impactos dos diferentes loteamentos aumenta a ocorrência de enchentes
à jusante. As consequências dessa falta de planejamento e regulamentação são sentidas em,
praticamente, todas as cidades de médio e grande porte do país (TUCCI, 1995).

Os problemas envolvendo canalização vieram à tona nos anos de 1970, quando os


efeitos adversos no ambiente foram considerados. Desde então, as controvérsias a respeito
das consequências das práticas convencionais de engenharia foram estendidas a outros
países, criando esforços para implementar soluções alternativas (BROOKES, 1988).

A renaturalização de rios não significa o retorno a uma paisagem original, mas sim um
desenvolvimento sustentável dos rios e da paisagem. De acordo com Binder (1998), a
recuperação e renaturalização de rios são sempre realizáveis, mesmo quando apresentam
limitações, em trechos onde não há áreas marginais a disposição – fundamentalmente em
áreas urbanas. As possibilidades para que haja a evolução natural são inúmeras.

A centralidade do programa PROSAMIM na urbanização em Manaus, onde a base do


projeto e a atuação nas áreas dos igarapés de Manaus, e os métodos empregado na
execução para recuperação destas áreas são:

- Impermeabilização do canal dos igarapés com concreto e revestimento dos taludes


com concreto;
- Estreitamento do canal dos igarapés e revestimento de talude com plantio de grama;
- Canalização dos igarapés com utilização de aduelas de concreto ou Bueiros de
concreto e emprego de aterro na faixa de domínio da área permanente de proteção.
As experiências vivencias e estudas em outras cidades, estados e países, fizeram
surgir algumas questões a serem problematizadas e investigadas. Questões relacionadas a
eficiência das metodologias empregadas para a recuperação das áreas degradas na faixa de
domínio das APP’s.

A metodologia deste trabalho tem como objetivo ser aplicado na margem esquerda do
igarapé São Raimundo na cidade de Manaus, região de abrangência do programa
PROSAMIM, onde visa a recuperação da faixa de domínio do igarapé.

Para atingir o objetivo da restauração, que é o de “promover uma nova dinâmica de


sucessão ecológica, onde ocorram níveis intensos de interação entre produtores,
consumidores e de decompositores, num ciclo contínuo de mortes e nascimentos” (TRÊS,
2006), é recomendada a utilização de técnicas de nucleação.

São objetivos deste trabalho o exercício de criação de um Processo de Recuperação


de uma Área de Preservação Permanente (APP), situada dentro da malha urbana do
município de Manaus. Para tanto se propõe a:

1) Levantar e conhecer a melhor metodologia para recuperação de APP’s;

2) Eliminar os fatores de degradação ou agente degradares, ressaltando o problema


causado pela ocupação da APP;
3) Realizar uma análise do local com a finalidade de identificar e fazer as avaliações
da área;
4) Mapear a ocupação urbana na área de estudo;
5) Implantar técnica de recuperação, a partir do diagnóstico e elaborar projeto de
recuperação da área degradada.
7. QUADRO METODOLÓGICO
7.1 Introdução

O processo de recuperação compreende uma associação de medidas que engloba


desde ações geotécnicas e de revegetação até remediações, visando promover o equilíbrio
físico, químico e biológico do ambiente” (FLORENTINO SANTOS et.al, 2011), principalmente
por meio da promoção do conforto ambiental à população, amenizando a temperatura e
mantendo a umidade do ar (MMA, 2011).

Como ressalta os artigos 4º, 5º e 6º do novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº


12651/2012), as áreas de preservação permanentes são áreas protegidas, cobertas ou não
por vegetações nativas, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger
o solo e assegurar o bem estar das populações humanas (BRASIL, 2012).
A execução de um projeto de restauração se faz necessária ecossistema sofre
distúrbios de grandes proporções (em grande idade e frequência) e não consegue se
recuperar, isso é, não tado de equilíbrio dinâmico; a grande maioria desses distúrbios pelo
homem (ENGEL & PARROTA, 2003).
Segundo GANDOLFI & RODRIGUES (2007) a maior parte dos restauração eram
feitos utilizando-se dados fitos sociológicos das comunidades vegetais) e florísticos de uma
única comunidade, conjunto de comunidades remanescentes existentes em uma regional.
Com isso, tinha-se a ideia de que a comunidade restaurada surgimento de uma floresta
madura e idêntica (em estrutura e àquela pré-estabelecida (GANDOLFI & RODRIGUES,
2007).
Atualmente, os projetos de restauração tentam incorporar as particularidades de cada
unidade da paisagem, com o restaurar processos ecológicos importantes na reconstrução de
uma comunidade funcional, com elevada diversidade, sem a preocupação de comunidade
final única com características de uma comunidade estabelecida (GANDOLFI &
RODRIGUES, 2007).
É importante o conhecimento da área a ser recuperada, como por exemplo, qual era
o tipo de vegetação existente, o fator de degradação, a situação atual da área etc, pois, é
através dos conhecimentos ecológicos que é possível propor restauração de um
ecossistema sustentável, ou se sustentar a longo prazo. (ENGEL & PARROTA, 2003).

A análise bibliográfica permitiu conceber o tema em questão, e nortear o método de


desenvolvimento do trabalho. A área de estudo (Área alvo da proposta de recuperação) está
situada no perímetro urbano da cidade de Manaus-AM, no Bairro Da Gloria (precisamente na
Rua 1º de maio entre as ruas Osvaldo cruz e Presidente Dutra), conforme pode ser observado
no Mapa de Localização (Figura 24).

Figura 24, localização da área de estudo

Após análise de imagens de satélite e checagem de campo, a área encontra-se


alterada por estar destituída de vegetação natural que exerce o papel ecológico necessário à
estabilidade do local, foi identificada, ainda, a presença de espécies exóticas, principalmente
pastagens da espécie Braquiária (Figura 25).

Figura 25 - Área degrada, com pouquíssima área verde.


7.2. Metodologia

Como referido anteriormente, a decisão sobre qual é a maneira mais adequada para
a recomposição do ambiente vai depender da análise da situação local e do conhecimento
do ecossistema.

As técnicas de restauração variam desde as que não requerem nenhuma intervenção


direta às que têm alto grau de intervencionismo. As técnicas não intervencionistas estão
basicamente relacionadas à eliminação da fonte de degradação e dependem de
características da paisagem que possam favorecer a regeneração natural da área degradada,
como a proximidade de florestas remanescentes. A intervenção requer ações mais diretas,
como a semeadura direta e o plantio de mudas de espécies florestais, além da eliminação da
barreira à regeneração (geralmente, outra planta considerada invasora, como algumas
gramíneas). O nível de intervenção das técnicas adotadas tem, no entanto, uma larga faixa
de variação, como é sugerido na Tabela 26 (Rodrigues & Gandolfi, 2000).

Tabela 26
As técnicas sugeridas acima envolvem cinco aspectos básicos relacionados à
restauração:
a) Regeneração natural: deve ser adotada quando se busca a simples
eliminação do agente perturbador ou de um elemento que esteja agindo como barreira para
a regeneração (fogo, presença de espécie invasora ou de animais domésticos); Destacar que
alguns animais, sob manejo adequado, podem ser usados como aliados no controle da planta
invasora pelo pastejo;
b) Nucleação: grupo de técnicas que propõe uma mínima interferência local
(Reis etal., 2003); ações como o transplante de serapilheira e a implantação de poleiros
artificiais para animais dispersores seriam adotadas em pontos estratégicos (núcleos) do sítio
degradado, e a partir daí a restauração se irradiaria para ocupar as áreas sem vegetação. As
principais dúvidas sobre a eficácia dessas técnicas residem na dificuldade em aplicação em
larga escala e na probabilidade significativa de o agente de gradativo inibir esses pequenos
núcleos.
c) Enriquecimento: visa ao aumento da diversidade vegetal em áreas onde já
existem indícios de regeneração natural, como as capoeiras; pode ser feito com o plantio
(parcial) ou semeadura de espécies que atraiam animais, ou que tenham potencial
econômico. Dar preferência a espécies nativas locais, identificando especialmente seus
produtos madeireiros e não-madeireiros (frutos, sementes, mel).
d) Plantio total: técnica que implica o maior e mais custoso grau de intervenção.
O plantio total só deve ser adotado quando a vegetação nativa estiver bem degradada e existir
a necessidade da introdução de mudas de espécies arbóreas. Essa é a ação que passa a
receber maior atenção neste Manual.

7.2.1 Proposta de Plano de Recuperação de Área Degradada de APP do


Igarapé São Raimundo Margem direita.

Por meio de análise do projeto inicial a ser executado na margem direita do igarapé
São Raimundo, em Manaus. Percebemos que existiam lacunas existentes para a
recuperação ambiental da área do empreendimento. Onde um dos objetivos do programa
PROSAMIN é sustentabilidade ambiental.

O projeto inicial retira o agente degrador principal “os moradores das habitações
irregulares” e o substitui por um corredor viário, com isso sem qualquer melhoria ambiental.
Diante do apresentado, pontuamos como objetivo principal para assegurar a sustentabilidade
da área legalidade do empreendimento.
A preocupação com a preservação, restauração e recuperação de Áreas de
Preservação Permanente – APPs, não é nova. Ainda hoje e mais do que nunca está na ordem
do dia. Trata-se de um daqueles temas que tem por característica polarizar debates e
posições, que no mais das vezes são antagônicas e geram polêmicas insuperáveis. Sua
proteção enquanto consideradas espaços especialmente protegidos possui foro
constitucional, (Além da proteção constitucional existe um arcabouço de proteção legal
estabelecido por meio da edição de diversas normas, sejam elas federais, estaduais e até
mesmo municipais. Se destacam as Leis federais 4771/65, 6938/81, 7754/89, 9605/98, dentre
outras), nos termos do art. 225, § 1⁰, incisos III e VII da Constituição Federal, que assim
dispõem:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preserva- ló para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade. (todos grifos nossos)
O acirramento acerca do tratamento e das possibilidades de uso das APPs, espécie
de espaços especialmente protegidos (Para o texto utiliza-se a expressão espaços
especialmente protegidos como gênero do qual também fazem parte, além das APPs, as
reservas legais, unidades de conservação, zonas de amortecimento, florestas protetoras de
nascentes, etc.), decorre da diferença entre os interesses daqueles que delas fazem uso –
ou querem fazer – e dos que pretendem sua preservação, restauração e recuperação. Os
primeiros veem a proteção das APPs como intervenção direta nos direitos de propriedade e
impedimento de seu uso, enquanto os demais, enxergam na proteção referida, a necessidade
de atendimento de preceitos constitucionais relativos à sustentabilidade e em prol do bem
comum e do interesse público ambiental, considerando as necessidades das gerações atuais
e das futuras. (O conflito mencionado pode e deve ser resolvido, sempre que necessário, com
base no ordenamento jurídico pátrio, havendo vasta quantidade de valores, princípios e
regras que afetam diretamente o exercício dos direitos de propriedade. A própria Carta
Constitucional traz nos artigos 5⁰, incisos XXII e XXIII, 170, incisos I e VI, 186 e 225, normas
que devem ser consultadas e até mesmo sopesadas a fim de haja objetiva a ideal
compreensão. De igual forma, outras normas de caráter infraconstitucional tratam do tema e
devem ser observadas à luz da Constituição. Mais adiante serão tecidas considerações sobre
a correta interpretação e aplicação do ordenamento jurídico pátrio). Como dito, por trás destes
interesses – díspares – estão aspectos importantes da organização da sociedade e do Estado
brasileiro. Este último, por sua vez, está estruturado por valores e normas (princípios e
regras), (Neste trabalho, as regras abrangem as leis em sentido lato, ou seja, a Constituição
(que é uma lei) e aquelas inscritas no art. 59 da Carta Maior, bem como outras, sobremaneira
aquelas de caráter infralegal, tais como decretos, resoluções, portarias, instruções
normativas, deliberações, etc.. Importante consignar desde logo existência de uma hierarquia
própria do sistema ou ordenamento jurídico, com o que, matérias relegadas ao Poder
Legislativo, ainda que por meio de delegação a órgão do Poder Executivo, não autorizam que
este edite a norma como se lei fosse criando direitos e obrigações. Muito ao contrário: a
delegação pressupõe limites ao exercício das prerrogativas conferidas nos exatos contornos
propostos pela Lei.
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são espaços territoriais
especialmente protegidos de acordo com o disposto no inciso III, § 1º, do art. 225 da
Constituição Federal. O Código Florestal (Lei Federal no 4.771, de 1965 – e alterações
posteriores) traz um detalhamento preciso das Áreas de Preservação Permanente (aplicável
a áreas rurais e urbanas), da Reserva Legal (aplicável às áreas rurais) além de definir outros
espaços de uso limitado. As Áreas de Preservação Permanente - APPs são aquelas áreas
protegidas nos termos dos arts. 2º e 3º do Código Florestal. O conceito legal de APP relaciona
tais áreas, independente da cobertura vegetal, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Como se
vê, as APPs não têm apenas a função de preservar a vegetação ou a biodiversidade, mas
uma função ambiental muito mais abrangente, voltada, em última instância, a proteger
espaços de relevante importância para a conservação da qualidade ambiental como a
estabilidade geológica, a proteção do solo e assim assegurar o bem estar das populações
humanas. O Código Florestal prevê faixas e parâmetros diferenciados para as distintas
tipologias de APPs, de acordo com a característica de cada área a ser protegida. No caso
das faixas mínimas a serem mantidas e preservadas nas margens dos cursos d’água (rio,
nascente, vereda, lago ou lagoa), a norma considera não apenas a conservação da
vegetação, mas também a característica e a largura do curso d’água, independente da região
de localização, em área rural ou urbana. Para as nascentes (perenes ou intermitentes) a lei
estabelece um raio mínimo de 50 metros no seu entorno independentemente da localização,
seja no Estado do Amazonas ou em Santa Catarina, seja na pequena ou na grande
propriedade, em área rural ou urbana. Tal faixa é o mínimo necessário para garantir a
proteção e integridade do local onde nasce a água e para manter a sua quantidade e
qualidade. As nascentes, ainda que intermitentes, são absolutamente essenciais para a
garantia do sistema hídrico, e a manutenção de sua integridade mostra estreita relação com
a proteção conferida pela cobertura vegetal nativa adjacente. Da mesma forma há faixas
diferenciadas para os rios de acordo com a sua largura, iniciando com uma faixa mínima de
30 metros em cada margem para rios com até 10 metros de largura, ampliando essa faixa à
medida que aumenta a largura do rio. O Código Florestal (art. 2º) também estabelece
proteção permanente para as bordas de tabuleiros ou chapadas, os topos de morro, montes,
montanhas e serras e para as encostas com alta declividade, entre outras áreas de grande
relevância ambiental. Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta
Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de
qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima
será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989); 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos
d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989); 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989); 3 - de 100
(cem) metros para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros
de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989); 4 - de 200 (duzentos) metros para
os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
(Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989); 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos
d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989); b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; c)
nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a
sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação
dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989); d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e)
nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha
de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803
de 18.7.1989) h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Parágrafo único. No caso de áreas
urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei
municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território
abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo,
respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (Incluído pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989).
Com base na Resolução CONAMA nº429/2011, a recuperação de Áreas de
Preservação Permanente degradadas deve ser realizada pelos métodos de: condução da
regeneração natural de espécies nativas; plantio de espécies nativas; ou plantio de espécies
nativas conjugado com a condução de regeneração natural de espécies nativas (BRASIL,
2011). Tendo em vista a significativa pressão antrópica na área, o método de condução da
regeneração natural, aplicado de forma isolada, não se mostra viável, uma vez que se
observa um elevado grau de perturbação. Por esse motivo, a metodologia recomendada é a
da limpeza do lixo, substituição de parte do solo contaminado conjugado com a condução da
regeneração natural. De modo geral, a proposta é recuperar a área da margem direita da
APP do Igarapé São Raimundo, em 1100m de extensão, através da retirada do lixo
acumulado ao longo dos anos pelos moradores e a substituição do solo, que possibilitem
também a condução da regeneração natural. Com a finalidade de controlar alguns fatores de
perturbação, é importante iniciar a recuperação com a do projeto revisado no trecho da APP.
Para que seja realizada retirada dos moradores, fazer a remoção de todo lixo acumulado e
entulhos das demolições das habitações e substituição do solo, isso facilitará condução dos
processos seguintes. A destinação adequada final de todo os resíduos sólidos do local e a
substituição do solo contaminado por solo orgânico de outra área (de preferência com
características semelhantes à da APP). No presente PRAD, propõe-se a utilização da
metodologia de regeneração natural, e a obediência da faixa marginal de proteção, e
preservando as espécies nativas da região, que devido as condições climáticas, geotécnicas
e a retirada permanente dos agentes degradadores, apresentará uma rápida recuperação,
melhorando inicialmente as condições edáficas e microclimáticas para o desenvolvimento das
demais. Já as espécies de diversidade visam enriquecer e incrementar a biodiversidade, e
possuem características distintas.
Para recuperação de áreas de solo degradado nas faixas marginais de proteção,
tem-se adotado a revegetação, para introdução de matéria orgânica, formação da mata
secundaria e recuperação da comunidade microbiana do solo. Esta, por meio das relações
complexas que estabelece com o solo e as raízes das plantas contribuirão melhorando as
condições edáficas, comprometidas pela degradação. As comunidades microbianas são
influenciadas por variações na temperatura, umidade e atmosfera do solo, bem como pelas
reduções da cobertura vegetal, disponibilidade de nutrientes, estabilidade estrutural do solo,
entre outros fatores, que podem ser modificados pelo uso e degradação do mesmo. Este
trabalho objetivou avaliar a recuperação da faixa marginal de proteção do igarapé São, por
meio do recobrimento da superfície, do levantamento da vegetação espontânea, das
condições de fertilidade do solo e da atividade microbiológica.
7.2.2 Mudança do traçado do projeto executivo.

Diante da analise observou-se que no projeto inicial, iria suprimir 95% da área verde
e não cumpriria o código florestal que trata da faixa marginal de proteção, que nesta situação
e de 100m de afastamento do córrego , e reduziríamos alguns metros da calha natural do
Igarapé São Raimundo. Como mostra a figura 26. A quantidade de área verde seria de
apenas 4,25 hectares.

Figura 26 – Projeto Inicial – Urbanização Av. Presidente Dutra.

Com a nova proposta retiramos do projeto as habitações populares, que dariam lugar as
antigas de casas madeiras, e mudamos a localização dos espaços as quadradas e
estacionamentos, para manter a vegetação existente, e deixar a faixa marginal de proteção.
Conforme figura 27, com estas modificações o projeto passou a ter 64,34hectares de área
verde.
Figura 27 – projeto alterado preservando a Faixa de domínio da APP.

7.2.3 Limpeza das áreas, remoção dos entulhos e introdução de matéria


orgânica.

Logo após o governo do estado de Manaus através do programa PROSAMIN, indenizar


as famílias que moravam no local, iniciou-se os serviços de limpeza demolição e remoção
dos entulhos para início das próximas atividades. Na foto XX, observamos quanto de lixo
acumulado, e lançado pelos moradores instalados as margens do igarapé São Raimundo.

Foto XX – Situação do Igarapé São Rainumdo Foto xx – Lixo domestico acumulado


Foto XX – lixo acumulado Foto xx – demolição de casa

As fotos XX e XX, mostram como ficou a margem do igarapé, logo após a limpeza e retirada
do lixo doméstico.

Foto XX – Retirada dos Entulhos Foto xx – Retirada dos Entulhos

As Fotos XX e XX, mostram uma paisagem irreconhecível de como ficou a área estuda
logo após a retirada dos moradores, do lixo doméstico, e com aplicação de solo com matéria
orgânica, que foi retirado dos arredores do igarapé, para que o recobrimento vegetal seja
semelhante ao existente antes da degradação, causada pela população com construção de
moradia em área sem nenhum planejamento urbanístico.
Foto XX – introdução de matéria orgânica Foto XX – introdução de matéria orgânica

7.2.4 Substituição do solo Contaminado com excesso de resíduo doméstico.

Em diversos pontos foram encontrados grandes depósitos de lixo que se acumularam


ao longo dos anos. Observou-se que nestes locais o lixo foi recoberto como mais lixo e sua
profundidade chagaram a 4m de profundidade. Para obtermos um bom resultado
substituímos todo lixo por solo. Os resíduos desta atividade foi destinado para local adequado
e legalizado.

Foto xx – local de troca de solo Foto xx – local de troca de solo

7.2.5 Faixa Marginal de Proteção.

Como o novo código estabeleceu o critério de medida da largura do rio a partir da borda
da calha de seu leito regular e não mais a partir da máxima cheia as várzeas ou pelo menos
parte delas não são mais consideradas Áreas de Preservação Permanente.
Figura XX

Para os efeitos da aplicação da legislação pertinente, os cursos d’água são


classificados como:
Perenes: Possuem, naturalmente, escoamento superficial durante todo o ano;
Intermitentes: Naturalmente, não apresentam escoamento superficial durante todo o
ano;
Efêmeros: Possuem escoamento superficial apenas durante, ou imediatamente após
períodos de precipitação.
As faixas marginais consideradas como Áreas de Preservação Permanente variam de
acordo com a largura do curso d’água, medida a partir da borda da calha de seu leito regular,
conforme tabela abaixo:

Largura da APP RIOS (largura)

30m Com menos de 10m

50m De 10m a 50m

100m De 50m a 200

200m De 200m a 600m

500m Com mais de 600m


O Curso D’água do igarapé São Raimundo e de aproximadamente 56,60m, pela
legislação deveríamos apenas protegem 100m, porém deixamos aproximadamente uma faixa
medindo aproximadamente 210,10 m em média de extensão.

Faixa marginal de Proteção

Foto XX – Faixa de Proteção Foto XX – Faixa de Proteção

7.2.6 Isolamentos da Área de Estudo.

Inicialmente o isolamento será realizado com tapumes, e o isolamento definitivo dar-se-


a com a construção do viário da Av. Pres. Dutra, onde no projeto contempla guarda-corpo de
isolamento. Este isolamento e para evitar que novas famílias invadam as áreas limpas e
desocupadas ou retornem.

Foto xx – isolamento com tapume Foto xx – isolamento com tapume

7.2.7 Monitoramento.

O monitoramento da área delimitada pelo pela adequação do novo projeto,


quanto ao recobrimento proporcionado pela vegetação espontânea foi conduzido
durante a estação seca (julho/2016) e chuvosa (junho/2017). No processo de
recuperação de áreas degradas, observa-se ocorrência simultânea de sucessão
primaria e secundária em áreas especialmente próximas. Um levantamento
fitossociológico adaptado a estas peculiaridades e de difícil consecução. Optamos
pela escolha do “Método de Pontos”, por reunir: representatividade da vegetação a
ser operacionalmente pratico, além de causar menos perturbações a vegetação, tendo
em vista o elevado número de unidades amostrais.
O método consiste em levantar o numero de toques das espécies em uma
vara vertical graduada de 1,5 cm e 0,5 cm de diâmetro. A cada toque, registra-se a
espécie, em sua altura e observações gerais. Sendo considerados individuo toda e
qualquer parte do sistema aéreo da planta sobre o solo, ainda que subterraneamente
possa haver ligação entre si por meio de rizoma, ou constituírem ramos de um
individuo (ORMAND. 1960 apud SILVA, 1991), este método permite amostrar espécie
de porte herbáceo, trepadeiras e arbustivas dependendo da especificação e
graduação da vara (CASTELLANI & STUBBLEBINE, 1993).
Os parâmetros fitossociologicos considerados e suas respectivas formulas
são:

Média de toques MT=NT/NP


Frequência ou cobertura absoluta FA=100.NP/NTP
Frequência ou cobertura Relativa FR=100.FA/∑FA
Frequência ou Cobertura na área CR=(100-No).FA/∑FA
Densidade relativa DR=100.N/n
Vigor Absoluto VA=100.NT/NTP
Vigor Relativo VR=100.VA/∑VA
Índice de Valor de Importância IVI=FR+DR+VR
Índice de Valor de cobertura IVC=FA+VA
Onde:
NT= Número de toques da espécie considerada
NP= Número de pontos com a espécie
considerada
NTP= Número total de pontos
No= Porcentagem de pontos sem toques
n= Número de indivíduos da espécie
considerada
N= Número total de indivíduos amostrados
∑= Somatório
A amostragem do mesmo individuo mais de uma vez (trepadeira por exemplo),
será contabilizada através da média do número de toques em cada ponto. Esta informação
será processada individualmente e representará o vigor da espécie (SILVA, 1991)

Os dados deverão ser levantados (quadro x e y) com periodicidade estacional;


serão analisados de forma geral gráficos elucidativos (quadro X) das variações
fitossociologicas das comunidades vegetais parâmetros estes que avaliam a eficiência do
processo de recuperação.

Quadro XX – Dados Básicos


Quadro XX – Dados Complementares
8. RESULTADOS / DISCURSÃO

Em janeiro de 2016 foi realizada primeira avaliação da vegetação espontânea das


quatro que houveram, seguindo metodologia citada, ou seja, conduzida a partir de um censo,
com identificação dos indivíduos presentes na área. Foram amostrados todos os indivíduos
do estrato herbáceo, com inclusão de gramíneas, ervas e trepadeiras. No restante da parcela,
foram amostrados indivíduos do estrato arbustivo-arbóreo com altura superior a 30 cm, mas
não foram consideradas as mudas, introduzidas na área como parte dos moradores.

Os dados da amostragem após processamento obtivemos o seguinte resultado, foi


contabilizada através da média do número de toques em cada ponto. Esta informação foi
processada individualmente e representará o vigor da espécie (SILVA, 1991)

Gráfico 1

De acordo com os dados processados conseguimos em um observar que o processo


de recuperação natural e uma boa técnica a ser empregada para recuperação da faixa
marginais de proteção da APP’s, com características semelhantes à do igarapé São
Raimundo em Manaus.

No que dispõem o código florestal no Art. 1º A recuperação das APPS, consideradas


de interesse social, conforme a alínea “a”, inciso V, do § 2º do art. 1º do Código Florestal,
deverá observar metodologia disposta nesta Resolução.

Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:


I – Espécie exótica: qualquer espécie fora de sua área natural de distribuição geográfica;
II – Espécie exótica invasora: espécie exótica cuja introdução ou dispersão ameace
ecossistema, habitat ou espécies e cause impactos negativos ambientais, econômicos,
sociais ou culturais;
III – espécie nativa: espécie que apresenta suas populações naturais dentro dos limites
de sua distribuição geográfica, participando de ecossistemas onde apresenta seus
níveis de interação e controles demográficos;
IV – Sistemas agroflorestais – SAF: sistemas de uso e ocupação do solo em que plantas
lenhosas perenes são manejadas em associação com plantas herbáceas, arbustivas,
arbóreas, culturas agrícolas, e forrageiras, em uma mesma unidade de manejo, de
acordo com arranjo espacial e temporal, com diversidade de espécies nativas e
interações entre estes componentes.
V – Recuperação: reabilitação da função e da estrutura de um dado ecossistema
VI – Função: processos básicos de um ecossistema, tais como ciclo da agia, ciclo de
nutrientes e fluxo de energia.
VII – estrutura: se refere aos seres vivos do ecossistema (quem são, como estão
organizados, como se relacionam).

No Art. 3º A recuperação de APP poderá ser feita pelos seguintes métodos, conforme a
situação diagnosticada:
A escolha de um ou mais métodos de recuperação depende do conhecimento
anterior da área a ser trabalhada. É o diagnóstico que define a estratégia.

I - Condução da regeneração natural de espécies nativas;


II - Plantio de espécies nativas; e
III - plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural de
especies nativas.

Art. 4º A recuperação de APP mediante condução da regeneração natural de espécies


nativas, deve observar os seguintes requisitos e procedimentos:
I - Proteção quando necessário, das espécies nativas, em casos especiais e
tecnicamente justificados, mediante isolamento ou cercamento da área a ser recuperada,
preferencialmente com uso de cercas vivas nativas. em casos especiais e tecnicamente
justificados.
E como podemos ver nas fotos abaixo a Condução da regeneração natural de espécies
que justificam visualmente a recuperação:
9. CONCLUSÕES GERAIS

A Condução da regeneração natural de espécies justifica visualmente a recuperação,


porem vale destacar que este trabalho está voltado a recuperação da área da faixa marginal
de proteção da APP, outros aspectos como sociais, econômico ou o conjunto sistema sócio-
ecológico, educação ambiental, conservação da natureza, saúde, estes aspectos deve ser
estudados
Para se recuperar essas áreas foram feitas diversas consultas cientificas para se
determinar a melhor processo a ser adotado a ser executada no projeto, buscando minimizar
ou reverter os danos ambientais na faixa marginal de proteção APP do igarapé São Raimundo
em Manaus. Este trabalho concentra suas atenções nos problemas relacionados à
Recuperação da degradação na Áreas de Preservação Permanente (APP’s) em Ambientes
Urbanos. Dessa forma, este descreve a importância de uma proposta de recuperação de APP
no Bairro Gloria em Manaus-Amazonas. O método utilizado na recuperação e a conservação
dos recursos naturais, Condução da regeneração natural de espécies. Para tanto, o estudo
limitou-se a analisar a aplicação do processo de recuperação da vegetação. Os resultados
apontam para uma área degradada está se reconstituindo, de forma mais similar a sua
condição original. Foi observado pela pesquisa que a área restaurada têm demonstrado que
em menos de 3 (três) anos ocorrerá a completa cobertura do solo, o que é amplamente
almejado.
10. RECOMENDAÇÕES

Este trabalho não se finaliza somente em demonstrar a metodologia da legislação


ambiental e eficaz para recuperar uma faixa marginal de proteção, mas deve-se partir
deste ponto acompanhar como a flora, fauna, Social, Planejamento Urbanístico, entre
outras linha possível de dar continuidade, em todo o entorno como irá se comportar se
continuarmos obedecer às legislações ambientais existente no Brasil, vale destacar
uma das melhores no meu ponto de vista, que também nos orienta como devemos
realizar tal estudo e monitoramento, dentro destas áreas de estudo.
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GLOSSÁRIO

[Serão registradas as abreviaturas ou siglas empregadas no texto, que não sejam de


amplo uso na língua espanhola. Além disso, serão incluídos termos pouco conhecidos,
de difícil interpretação, ou que não sejam comumente utilizados no contexto em que
aparecem. Cada um destes termos deverá ser devidamente definido ou explicado].
ANEXOS ou APÊNDICES

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citados no corpo do trabalho. Os anexos devem ser devidamente numerados neste
tópico e corresponder com sua citação no corpo do trabalho].

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