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ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL

NO ESTADO DO PARÁ 2016

CAPA
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

Simão Robinson Oliveira Jatene


Governador do Estado do Pará

José da Cruz Marinho


Vice-Governador do Estado do Pará

Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas - Fapespa

Eduardo José Monteiro da Costa


Diretor-Presidente

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Diretor Científico

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Diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

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Diretor Administrativo

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Diretor de Planejamento, Orçamento e Finanças

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Diretora Interina de Operações Técnicas
Simão Robinson Oliveira Jatene
Governador do Estado do Pará

José da Cruz Marinho


Vice-Governador do Estado do Pará

Heitor Márcio Pinheiro Santos


Secretário de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda

Luzineide Nascimento Farias


Secretária Adjunta da Assistência Social

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Secretário Adjunto do Trabalho

Francinete Pontes Cruz

Rubens Luiz Proença Cordeiro

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Diretor de Assistência Social

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Diretora de Renda, Cidadania e Combate à Pobreza

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Diretora de Qualificação Profissional e Empreendedorismo

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Diretor de Trabalho e Emprego

Honorato Cosenza
Diretor de Segurança Alimentar e Nutricional

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Simão Robinson Oliveira Jatene
Governador do Estado do Pará

José da Cruz Marinho


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Ângela Cristina Nascimento Silva
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação
F981a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA)
Anuário de Assistência Social do Estado do Pará, 2016. -
Belém, 2016. 91 f.: il

1. Assistência Social - Pará. 2. Assistência Básica.


3. Assistência especial. 4. Vulnerabilidade Social. I. FAPESPA.
II. Título.

CDD. 361
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de CRAS, por Região de Integração, 2008/2015................................ 23


Gráfico 2 - Média das famílias acompanhadas pelo PAIF, por Região de Integração, no
estado do Pará, 2014 .............................................................................................. 27
Gráfico 3 - Média das famílias acompanhadas pelo PAIF, por Região de Integração, do
estado do Pará, 2015 .............................................................................................. 27
Gráfico 4 - Participação dos municípios do estado do Pará no BPC na Escola, 2015 ............. 35
Gráfico 5 - Quantitativo de beneficiários com hanseníase, por Região de Integração, no
estado do Pará, 2015 .............................................................................................. 37
Gráfico 6 - Participação de beneficiários com hanseníase, por Região de Integração, no
estado do Pará, 2015 .............................................................................................. 37
Gráfico 7 - Concessão de Cheque Moradia Especial no Pará - Acumulado de 2013 a 2015 ... 38
Gráfico 8 - Perfil dos beneficiários do Cheque Moradia Especial no Pará, 2015 .................... 39
Gráfico 9 - Total de famílias cadastradas no CadÚnico no estado do Pará, 2010/2015 ......... 40
Gráfico 10 - Total de famílias cadastradas no CadÚnico, por Região de Integração, no estado
do Pará, 2010/2015 ................................................................................................ 41
Gráfico 11 - Total de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família no estado do Pará,
2010/2015 .............................................................................................................. 43
Gráfico 12 - Total de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, por Região de
Integração, no estado do Pará, 2010/2015 ............................................................. 44
Gráfico 13 - Total de Declaração de Nascido Vivo (DNV) e Registro Civil do Nascimento
(RCN) no Pará, 2010/2015 .................................................................................... 48
Gráfico 14 - Total de famílias quilombolas e indígenas cadastradas no CadÚnico, por
Região de Integração, no estado do Pará, 2010/2015 ............................................ 49
Gráfico 15 - Total de famílias quilombolas cadastradas no CadÚnico, por Região de
Integração no estado do Pará, 2010/2015 .............................................................. 50
Gráfico 16 - Total de famílias indígenas cadastradas no CadÚnico por Região de Integração
no estado do Pará, 2010/2015 ................................................................................ 51
Gráfico 17 - Evolução do número de CREAS no estado do Pará, 2011-2015 ......................... 54
Gráfico 18 - Quantidade do número de CREAS no estado do Pará, por Região de
Integração, 2011/2015 ........................................................................................... 55
Gráfico 19 - Crianças ou adolescentes vítimas de violência intrafamiliar (física ou
psicológica) atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média
Complexidade, por sexo no Pará, por Região de Integração, 2014-2015.............. 63
Gráfico 20 - Crianças ou adolescentes vítimas de abuso sexual atendidas pelo Sistema de
Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo no Pará, por Região
de Integração, 2014-2015 ...................................................................................... 64
Gráfico 21 - Crianças ou adolescentes vítimas de negligência ou abandono atendidas pelo
Sistema de Proteção Social especial de Média Complexidade, por sexo no Pará,
por Região de Integração 2014-2015 ..................................................................... 66
Gráfico 22 - Crianças ou adolescentes em situação de trabalho infantil (até 15 anos)
atendidos pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade,
por sexo no Pará, por Região de Integração, 2014-2015 ....................................... 67
Gráfico 23 - Adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto
(LA ou PSC) atendidos pelo Sistema de Proteção Social Especial, por sexo no
Pará, por Região de Integração, 2014-2015 ........................................................ 68
Gráfico 24 - Mulheres adultas (18 a 59 anos) vítimas de violência intrafamiliar (física,
psicológica ou sexual) atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará, por Região de Integração, 2014-
2015 ..................................................................................................................... 72
Gráfico 25 - Pessoas idosas vítimas de violência intrafamiliar (física, psicológica ou sexual)
atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade,
por sexo no Pará, 2014-2015 ............................................................................... 75
Gráfico 26 - Pessoas idosas vítimas de negligência ou abandono atendidas pelo Sistema de
Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo, no Pará, 2014-
2015 .................................................................................................................... 76
Gráfico 27 - Pessoas com deficiência vítimas de violência intrafamiliar atendidas pelo
Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo, no
Pará, 2014-2015 .................................................................................................. 78
Gráfico 28 - Pessoas com deficiência vítimas de negligência ou abandono atendidas pelo
Sistema de Proteção Social Especial, por sexo, no Pará, 2014-2015 .................. 79
Gráfico 29 - Migrantes em situação de risco social atendidos pelo Sistema de Proteção
Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, por Região de
Integração, 2014-2015 ......................................................................................... 83
Gráfico 30 - Pessoas vítimas de tráficos de seres humanos atendidas pelo Sistema de
Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, por
Região de Integração, 2014-2015........................................................................ 84
Gráfico 31 - Pessoas vítimas de discriminação por orientação sexual atendidas pelo Sistema
de Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, por
Região de Integração, 2014-2015........................................................................ 85
Gráfico 32 - Pessoas em situação de rua atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial
no estado do Pará, por Região de Integração, 2014-2015 ................................... 86
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Total de CRAS, por Região, 2015 ........................................................................... 22
Tabela 2 - Total de CRAS, por estado da Região Norte, 2015................................................. 22
Tabela 3 - Quantidade de CRAS, por munícipio no estado do Pará, 2015 .............................. 24
Tabela 4 - Quantidade de CRAS, por porte do município no estado do Pará, 2015 ................ 24
Tabela 5 - Equipamentos Socioassistenciais da Proteção Social Básica, por RI, 2015 ........... 25
Tabela 6 - Total de CREAS, por Região, 2014 ........................................................................ 54
Tabela 7 - Total de CREAS, por estado da Região Norte, 2014 .............................................. 54
Tabela 8 - Total de Centros POP, por Região, 2014 ................................................................ 55
Tabela 9 - Total de Centros POP, por estado da Região Norte, 2014 ...................................... 55
Tabela 10 - Total de Unidades de Acolhimento, por Região, 2014 ......................................... 58
Tabela 11 - Total de Unidades de Acolhimento, por estado da Região Norte, 2014 ............... 58
Tabela 12 - Distribuição de crianças com idade entre 0 e 13 anos, por cor (brancos e negros)
e sexo no Pará, 2009/2014 ..................................................................................... 61
Tabela 13 - Distribuição de adolescentes (14 a 17 anos), por escolaridade, cor e sexo no
Pará, 2009/2014 ..................................................................................................... 61
Tabela 14 - Percentual de mulheres com 18 anos ou mais de idade, por escolaridade e cor
no estado do Pará, 2009/2011-2014....................................................................... 71
Tabela 15 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família, por faixa etária e sexo no
Pará, 2014 .............................................................................................................. 73
Tabela 16 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família com idades entre 60 e 69 anos,
por escolaridade e sexo no Pará, 2014 ................................................................... 74
Tabela 17 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família com idades entre 60 e 69 anos,
por escolaridade e cor no Pará, 2014 ..................................................................... 74
Tabela 18 - Pessoas com deficiência, por cor no Pará, 2010.................................................... 77
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Organização do SCFV ............................................................................................. 29
Figura 2 - Faixa etária dos usuários ativos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos - SCFV por Região de Integração no Pará, 2015 ..................................... 31
Figura 3 - Total de benificiários do BPC e recursos financeiros no estado do Pará, no ano
de 2011/2015 ............................................................................................................ 34
Figura 4 - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade .............................. 53
Figura 5 - Categorias de Serviços Socioassintenciais da Proteção Social Especial de Alta
Complexidade .......................................................................................................... 56
Figura 6 - Tipos de Acolhimento Institucional ......................................................................... 57
Figura 7 - Quantitativo de Unidades de Acolhimento Institucional, por público alvo no
estado do Pará, 2014 ................................................................................................ 59
Figura 8 - Quantitativo de Unidades de Acolhimento Institucional por modalidade no
estado do Pará, 2014 ................................................................................................ 59
Figura 9 - Público Alvo do Sistema de Proteção Social Especial ............................................ 60
Figura 10 - Estatísticas de atendimento dos usuários do CIIC no estado do Pará, 2015 .......... 81

LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Alguns programas e benefícios no Pará que utilizam o CadÚnico ........................ 42
Quadro 2 - Número de Agenda de Capacitações e Eventos realizados, pela SEASTER em
parceria com o MDS, nos municípios paraenses 2015 .......................................... 45
Quadro 3 - Número de assessoramentos técnicos realizados pela SEASTER nos municípios
paraenses, 2015 ...................................................................................................... 45
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 A PROTEÇÃO SOCIAL NO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL -
SUAS ................................................................................................................................... 17
3 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA ........................................................................................ 18
3.1 CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS) ........................................... 19
3.1.1 Equipamentos Socioassistenciais da Proteção Social Básica no Pará ....................... 21
3.2 SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA ................................ 25
3.2.1 Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) ............................. 26
3.2.2 Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) ................................. 28
3.2.3 Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e
Idosas ........................................................................................................................... 32
3.3 BENEFÍCIOS, PROGRAMAS E AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS NO PARÁ ......................... 33
3.3.1 Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC).............................. 33
3.3.2 Benefícios eventuais ....................................................................................................... 36
3.3.3 Benefício para pessoas com hanseníase ....................................................................... 36
3.3.4 Programa Cheque Moradia Especial ........................................................................... 38
3.3.5 Cadastro Único (CadÚnico).......................................................................................... 39
3.3.6 Programa Bolsa Família .............................................................................................. 42
3.3.7 A Busca Ativa ................................................................................................................ 46
4 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL ................................................................................... 52
4.1 MÉDIA COMPLEXIDADE ........................................................................................................... 52
4.1.1 Equipamentos Públicos do Sistema de Proteção Social Especial de Média
Complexidade .............................................................................................................. 53
4.2 ALTA COMPLEXIDADE .............................................................................................................. 56
4.2.1 Equipamentos Públicos do Sistema de Proteção Social Especial de Alta
Complexidade .............................................................................................................. 58
4.3 CENÁRIO DO PÚBLICO ALVO DA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA
COMPLEXIDADE NO ESTADO DO PARÁ .............................................................................. 60
4.3.1 A Criança e o Adolescente ............................................................................................ 60
4.3.1.1 Estatísticas de Atendimento à Criança e ao Adolescente, pelo Sistema de Proteção
Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015 ............. 62
4.3.2 A mulher ......................................................................................................................... 71
4.3.2.1 Estatística de Atendimento às Mulheres vítimas de violência, pelo Sistema de
Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015
...................................................................................................................................... 72
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3.3 O Idoso ............................................................................................................................ 73


4.3.3.1 Estatísticas de Atendimento à Pessoa Idosa, pelo Sistema de Proteção Social
Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015 ........................ 74
4.3.4 A pessoa com Deficiência .............................................................................................. 76
4.3.4.1 Estatísticas de Atendimento à Pessoa com Deficiência, pelo Sistema de Proteção
Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015 ............. 77
4.3.5 Adultos e Famílias em situação de risco (migração, situação de rua, tráfico de
pessoas, vítimas de discriminação racial e de gênero) ............................................. 82
4.3.5.1 Estatísticas de Atendimento aos adultos e famílias em situação de risco social,
pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do
Pará, 2014 e 2015 ........................................................................................................ 82
REFERÊNCIAS......................................................................................................................88
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

APRESENTAÇÃO

A Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) tem como uma de


suas missões, a produção de trabalhos analíticos com informações acerca de temas das áreas
social, econômica e ambiental no estado do Pará. O intuito destes produtos é subsidiar
gestores públicos na formulação e avaliação de políticas públicas, bem como disponibilizar
tais informações para a sociedade em geral.
Com esta prerrogativa, a Fapespa apresenta o Anuário da Assistência Social do
Estado do Pará 2016, desenvolvido em parceria com os órgãos estaduais relacionados ao
setor: Secretaria de Estado de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda
(SEASTER) e a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa).
O estudo apresenta uma análise das políticas públicas da Assistência Social no estado
do Pará, no âmbito do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), desagregado em três
tópicos – Proteção Social Básica, Proteção Social Especial e Vigilância Socioassistencial –,
com o objetivo de monitorar os principais indicadores referentes aos equipamentos públicos,
bem como o atendimento do público alvo nos serviços ofertados; além de apresentar algumas
breves reflexões sobre as principais categorias focalizadas.
Para isto, utilizou dados oriundos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS), além de alguns registros administrativos da Seaster e Fasepa. Os dados
apresentados, quase sempre, são referentes ao ano de 2015 e, quando abordado a série
histórica, trabalhou-se com o período de 2009 a 2015.
Desta forma, esta publicação pretende contribuir para o fortalecimento da política de
Assistência Social no estado do Pará, fornecendo um texto analítico e informativo para
gestores públicos, agentes sociais, comunidade acadêmica e demais interessados na área.

Eduardo José Monteiro da Costa


Diretor-Presidente
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

1 INTRODUÇÃO

A história da Assistencial Social no Brasil é marcada, em seus primórdios, por ações


beneméritas efetivadas a partir de atividades voluntárias e isoladas na forma de auxílio aos
pobres e desvalidos. O acolhimento desse público nos hospitais das Santas Casas de
Misericórdia, por exemplo, é expressão desse período.
Vale destacar que, naquele contexto, a pobreza não era apreendida “enquanto
expressão da questão social”, mas “tratada como disfunção pessoal dos indivíduos” (Cadernos
Cedec, 1998, p. 08). A incorporação da agenda social ao Estado brasileiro foi moldada pelo
caráter assistencialista, paternalista e clientelista que se expressava na forma de benesses,
onde o indivíduo era assistido pela “bondade” do poder público.
O processo de regulação da Assistência Social no Brasil inaugura-se com a criação do
Conselho Nacional de Serviço Social, no ano 1938. Em 1942, foi criada a Legião Brasileira
de Assistência (LBA) que, ao se assegurar estatutariamente a presidência do órgão às
primeiras-damas, deu origem ao chamado Primeiro Damismo na Assistência Social.
Em maio de 1974, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS)
que continha na sua estrutura uma Secretaria de Assistência Social, a qual, em caráter
consultivo, seria o órgão-chave na formulação de política de ataque à pobreza.
A partir da Constituição Federal de 1988, a Política de Assistência Social ganha status
de política pública compondo o tripé da seguridade social: saúde, previdência e assistência
social, de responsabilidade do Estado e direito do cidadão, de caráter democrático, com gestão
descentralizada e participativa.
Esse marco regulatório rompeu com a prática das ações pontuais de caráter meramente
assistencialistas para a garantia de serviços continuados garantidos em lei e passíveis de serem
reclamados e exigidos pelo cidadão.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS), instituída em 2004, bem como a
Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS),
regulamentada em 2005, se constituem como dois importantes marcos regulatórios por
preverem a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). No âmbito da
valorização e qualificação dos trabalhadores e no aprimoramento dos processos e da gestão do
trabalho, foi criada, em 2006, a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS
(NOB-RH/SUAS), sendo mais um passo importante na consolidação da PNAS.

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ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

No ano de 2009, houve a aprovação da Tipificação Nacional dos Serviços


Socioassistenciais, que padronizou em nível nacional os objetivos, as provisões e as formas
como devem ser ofertados os serviços socioassistenciais.
O Sistema Único da Assistência Social (SUAS), por sua vez, foi aprovado em 06 de
julho de 2011, pela Lei Federal Nº 12.435, que altera alguns dispositivos da LOAS e dispõe
sobre a organização da Assistência Social em todo o território nacional.
Dentre os principais objetivos do SUAS, caracterizado como um sistema não
contributivo, descentralizado e participativo, estão: a Proteção Social, que visa a garantia da
vida, a redução de danos e a prevenção da incidência de riscos; a Vigilância
Socioassistencial, voltada para a análise territorial da capacidade protetiva das famílias e a
ocorrência de vulnerabilidades, ameaças, vitimizações e danos; e a Defesa de Direitos, que
atua na busca de garantia do pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões
socioassistenciais.
O SUAS organiza a Política de Assistência Social a partir de dois tipos de proteção: a
Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial (esta nos níveis de média e alta
complexidade), assim como a oferta de Benefícios Assistenciais direcionados a públicos
específicos, articulando-os aos serviços prestados.
No estado do Pará, a efetivação das diretrizes da Política de Assistência Social
relativas ao comando único das ações se operacionaliza por meio da Secretária de Estado de
Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (SEASTER), na garantia do funcionamento
da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), na realização do monitoramento e assessoramento
nos 144 municípios e no fortalecimento da gestão municipal.
No âmbito da participação popular e do Controle Social, a SEASTER tem cinco
conselhos vinculados: Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS), Conselho Estadual
de Direitos da Criança e Adolescente (CEDCA), Conselho Estadual de Direitos da Pessoa
Idosa (CEDPI), Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência (CEPD) e Conselho Estadual
de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEANS), visando garantir o funcionamento
desses e a realização das respectivas Conferências Estaduais, efetivando, conforme determina
a legislação vigente, a primazia da responsabilidade do Estado na condução da política.
Considerando o cenário exposto e a importância da Assistência Social para a garantia
de direitos sociais e combate às diversas fragilidades sociais, o Anuário da Assistência Social
do Pará apresenta uma breve análise da política de Assistência Social no Estado. Desse modo,

15
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

organiza-se em três principais itens, quais sejam: a Proteção Social no âmbito do SUAS, a
Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial.
O primeiro item introduz a organização da política de Assistência Social a partir da
legislação vigente. O segundo apresenta a Proteção Social Básica, seus serviços, benefícios e
o equipamento de efetivação de suas ações, o Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), e como estão distribuídos no território paraense. O terceiro discorre sobre a Proteção
Social Especial nos dois diferentes níveis (média e alta complexidade); apresenta os serviços
tipificados nacionalmente, quais estão em execução no estado e o qual o público alcançado
por eles.

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ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

2 A PROTEÇÃO SOCIAL NO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

A Assistência Social é definida como um direito social na Constituição Federal de


1988 (art. 6º) e concebida como campo da Seguridade Social pela Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS)1 de 1993, juntamente com a Saúde e a Previdência Social.
De acordo com a LOAS, art. 1º:

A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade


social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o
atendimento às necessidades básicas (LOAS, 1993).

Em 2004, a Política Nacional de Assistência Social (PNAS)2 foi instituída com vistas a
nortear a concretização das diretrizes estabelecidas na LOAS, bem como a implementação do
Sistema Único da Assistência Social (SUAS)3, integrando as esferas governamentais no
objetivo comum de cumprir o compromisso do Estado com a Assistência Social.
Assim, a Assistência Social alcança o patamar de política de Proteção Social
articulada a outras políticas do campo social, voltadas, sobretudo, à garantia de direitos e de
condições dignas de vida da população.
O público usuário dessa política é caracterizado na PNAS como cidadãos e grupos em
situação de vulnerabilidade e riscos, que, por sua vez, são definidos como:

(...) famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade,


pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos
étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiências; exclusão
pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas públicas; uso de substâncias
psicoativas; diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e
indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal
informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem
representar risco pessoal e social (PNAS, 2004).

Considerando a classificação estabelecida pela PNAS, a Assistência Social se organiza


a partir de duas formas de Proteção Social, a Proteção Social Básica e a Proteção Social
Especial, conforme já mencionado, ambas com diferentes níveis de complexidade, que serão
foco de análise dos próximos capítulos.

1
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
2
Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004.
3
Previsto e regulamentado pela Resolução nº 130, de 15 de julho de 2005, que aprova a Norma Operacional
Básica da Assistência Social (NOB SUAS).
17
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

A Proteção Social Básica, de acordo com a LOAS, tem caráter preventivo e objetiva
proporcionar o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, por meio de serviços,
programas, projetos e benefícios da Assistência Social. Também visa prevenir situações de
vulnerabilidade e risco social através do desenvolvimento de potencialidades e aquisições,
além de ampliar o acesso aos demais direitos sociais.
Conforme a PNAS/2004, o público alvo consiste na população que está em situação de
vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação4 e/ou fragilização de vínculos afetivos
– relacionais e de pertencimento social, discriminações de gênero, étnicas, por idade, por
deficiências, etc.
Os programas e projetos socioassistenciais podem ser executados pelas três instâncias
de governo (federal, estadual e municipal) e devem ser articulados dentro do SUAS. Cabe aos
governos municipais atuarem como executores públicos das ações socioassistenciais, sendo
responsáveis diretos pela oferta dos Serviços de Proteção Básica.
A efetivação dessas ações deve se concretizar nos Centros de Referência de
Assistência Social (CRAS) ou em outras unidades referenciadas a eles, inclusive por meio de
parcerias com organizações da sociedade civil.

4
Ausência de renda; precário ou nulo acesso aos serviços públicos; dentre outros.
18
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.1 CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

O CRAS é uma Unidade Básica de Assistência Social, ou seja, um equipamento


público responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica no
âmbito do SUAS. A principal premissa do CRAS é a oferta de serviços que possam fortalecer
os vínculos das famílias e auxiliá-las a desenvolverem sua autonomia, apoiando-as para que
superem eventuais dificuldades e acessem mais facilmente os direitos sociais.
Conforme as Orientações Técnicas5 do Ministério do Desenvolvimento Social e
Agrário (MDS)6, órgão responsável pela Assistência Social em âmbito federal, é de suma
importância implantar o CRAS em territórios em que haja maior vulnerabilidade, justamente
para facilitar o acesso da população desses territórios aos serviços ofertados. Em municípios
com população inferior a 50 mil habitantes, admite-se que a unidade esteja situada nas áreas
centrais, pois facilita o acesso de todos os usuários referenciados.
As categorias profissionais que prestam atendimento às famílias e compõem a equipe
de referência7 incluem psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e educadores sociais, apoio
administrativo e operacional. Além disso, o CRAS pode contar com uma equipe adicional
chamada de equipe volante8, que se integra a uma unidade em funcionamento e tem por
objetivo prestar serviços em territórios extensos, isolados, áreas rurais e de difícil acesso9.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo CRAS, destacam-se a acolhida, o
atendimento/acompanhamento, o encaminhamento para a rede de proteção social, as oficinas
com as famílias atendidas e o apoio na garantia de direitos de cidadania, de convivência

5
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações técnicas: Centro de
Referência de Assistência Social – CRAS. Brasília: MDS, 2009.
6
Antes denominado Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cuja alteração se deu através da
Medida Provisória nº 726, de 12 de maio de 2016.
7
A composição dos profissionais de referência é regulamentada pela Norma Operacional Básica de Recursos
Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS/2006) e Resolução nº 17/2011, do Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS).
8
A equipe volante deve ser composta de dois técnicos de nível superior, sendo um assistente social e outro
preferencialmente psicólogo, e dois técnicos de nível médio. A Resolução CIT nº 6, de 31 de agosto de 2011,
pactua os critérios e procedimentos das expansões 2011 do cofinanciamento federal do Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família-PAIF das Equipes Volantes, no âmbito do Distrito Federal e Municípios,
conforme descrito nesta Resolução. A Portaria nº 303, de 8 de Novembro de 2011, estabelece o cofinanciamento
dos serviços de proteção social básica e ações executados pela equipe volante do Centro de Referência de
Assistência Social – CRAS, por meio do Piso Básico Variável. Cofinanciamento Federal das Equipes Volantes:
Resoluções das expansões qualificadas, Resoluções: CNAS 26/2011 e 07/2012.
9
A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, aprovada pela Resolução CNAS nº 109, de 11 de
novembro de 2009, prevê o atendimento às famílias residentes em territórios de baixa densidade demográfica,
com espalhamento ou dispersão populacional (áreas rurais, comunidades indígenas, quilombolas, calhas de rios,
assentamentos, dentre outros), que pode ser realizado por meio do estabelecimento de equipes volantes ou
mediante a implantação de unidades de CRAS itinerantes.
19
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

familiar e comunitária. Tais ações materializam o Serviço de Proteção e Atendimento Integral


às Famílias (PAIF)10, que é o serviço central da Proteção Básica.
Além disso, as ações realizadas no CRAS objetivam o fortalecimento da comunidade,
incentivando sua mobilização e ofertando benefícios; buscam disponibilizar serviços
próximos ao local em que as famílias residem; estão em parceria com outras políticas públicas
e encaminham os cidadãos a outros órgãos, quando as situações enfrentadas não podem ser
resolvidas somente pela Assistência Social11.

10
Sobre esse serviço, ver Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, que aprova a Tipificação Nacional de
Serviços Socioassistenciais.
11
Como, por exemplo, os casos que envolvem desemprego, violência, doenças, acesso à educação, saneamento
básico, moradia e outros.
20
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.1.1 Equipamentos Socioassistenciais da Proteção Social Básica no Pará

De acordo com os dados do Censo SUAS/201512, no ano de 2015, o número de CRAS


em todo o Brasil chegava em 8.155, dos quais 34,4% estavam concentrados na Região
Sudeste; 32,1%, na Região Nordeste; e 18,4%, na Região Sul. As regiões que apresentaram
menor concentração de CRAS foram Centro-Oeste e Norte, ambas com 7,6%, conforme se
observa na Tabela 01. Cabe destacar ainda que, em termos comparativos, esse percentual da
Região Norte está abaixo da concentração populacional na região, que equivale a 8,5% da
população brasileira, e, se comparar com a população abaixo da linha da pobreza, esta
participação aumenta para 14,7% (MAPA DA EXCLUSÃO, 2016).
Dentre os sete estados pertencentes à Região Norte, o Pará apresentou no mesmo
período a maior concentração de CRAS, totalizando 40,52% dos equipamentos existentes
nessa região (Tabela 02). Observando a população do Pará, essa corresponde a 46,8% da
concentração populacional da Região Norte e, ao fazermos o recorte a partir da população
abaixo da linha da pobreza, esse percentual é de 53,6%, o que em certa medida justifica uma
maior concentração dos CRAS da Região Norte no estado do Pará (MAPA DA EXCLUSÃO,
2016).

12
O Censo SUAS é uma ação integrada entre a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e a Secretaria
de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) do MDS. Trata-se de um processo de coleta de dados realizado
anualmente, que tem por finalidade elaborar informações sobre a oferta de serviços e benefícios da assistência
social, bem como a respeito de sua estrutura física, de gestão e de recursos humanos.
21
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Tabela 1 - Total de CRAS, por Tabela 2 - Total de CRAS, por estado da


Região, 2015 Região Norte, 2015

Qtd. de Part. Estados da Região Qtd. de Part.


Região CRAS (%) Norte CRAS (%)
Norte 617 7,6 Acre 28 4,54
Nordeste 2.615 32,1 Amazonas 88 14,26
Sudeste 2.805 34,4 Amapá 18 2,92
Sul 1.500 18,4 Pará 250 40,52
Rondônia 61 9,89
Centro-Oeste 618 7,6
Roraima 23 3,73
Total 8.155 100
Tocantins 149 24,15
Total 617 100
Fonte: MDS/Censo SUAS, 2016. Fonte: MDS/ Censo SUAS, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016. Elaboração: Fapespa, 2016.

Ainda segundo informações disponíveis no Censo SUAS/2015, a distribuição dos


CRAS no território paraense é de 91,6% em áreas urbanas, sendo que 59,2% destes situam-se
em áreas urbanas periféricas, 32,4% nas áreas urbanas centrais e apenas 8,4% encontram-se
em áreas rurais, totalizando 250 CRAS em todo o estado.
O Gráfico 01 ilustra a distribuição dos CRAS nos 144 municípios do Pará, agregados
nas 12 Regiões de Integração (RIs), nos anos de 2008 e 2015. O estado, ao longo dos sete
anos, alcançou um crescimento de 59,24% na implantação dos CRAS, passando de 157
equipamentos em 2008 para 250 em 2015, atingindo todos os municípios paraenses e
possibilitando uma ampliação no acesso aos serviços da Assistência Social.

22
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 1 - Quantidade de CRAS, por Região de Integração, 2008/2015

Fonte: Seaster, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

Observa-se que nesse período todas as RIs obtiveram crescimento no quantitativo de


CRAs instalados, sendo que as maiores variações ocorreram nas RIs Carajás, Baixo
Amazonas e Tapajós.
Dentre as 12 RIs nos anos referenciados, a RI Guajará, composta por cinco municípios,
incluindo a capital do estado, apresentou a maior concentração de equipamentos de Proteção
Social Básica – fator influenciado pela concentração populacional nessa RI. Observa-se que a
RI Tapajós, apesar de ter apresentado crescimento no período de referência, continuou com
menor número de CRAS em comparação as RIs do estado.
Em 2015, do total de 31 CRAS da RI Guajará, 12 situavam-se em Belém e 10, em
Ananindeua. A Região do Tapajós, que concentra o menor número de CRAS, passou de três
CRAS em 2008 para sete CRAS em 2015, distribuídos em seis municípios.
Vale destacar que a RI Marajó, que historicamente tem apresentado os piores
resultados nos indicadores sociais, na maioria das vezes, manteve-se com uma variação
positiva mediana (43%) em relação às demais RIs. Em 2008, esta Região de Integração tinha
apenas 14 CRAS, mas em 2015 esse quantitativo passou para 20.
Atualmente, o Pará apresenta um total de 250 CRAS distribuídos nos seus 144
municípios. Verifica-se que estão em maior quantidade em municípios de pequeno porte II,
conforme demonstra a Tabela 04. Nota-se que 97 municípios (67,36%) têm 1 (um) CRAS
cada e apenas 1 (um) município possui 12 CRAS, sendo este o maior quantitativo desse
equipamento por município (Tabela 03).

23
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Tabela 3 - Quantidade de CRAS, por Tabela 4 - Quantidade de CRAS, por


munícipio no estado do porte do município no
Pará, 2015 estado do Pará, 2015
Qtd. de CRAS Nº de municípios Percentual Qtd. de
Porte Qtd. de municípios
1 97 67,36% CRAS
2 27 18,75% Pequeno Porte I 43 48
3 8 5,55% Pequeno Porte II 62 73
4 5 3,47% Médio 29 63
5 2 1,39% Grande 9 54
7 1 0,69% Metrópole 1 12
8 2 1,39%
10 1 0,69% Fonte: MDS/CensoSUAS, 2016.
12 1 0,69% Elaboração: Fapespa, 2016.

Fonte: MDS/CensoSUAS, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

Essa correlação não demonstra fator negativo se levado em consideração o contingente


e a abrangência populacional determinada aos CRAS de acordo com o porte dos municípios.
Para este caso, a distribuição dos CRAS por município nos revela que, para aqueles de porte
pequeno, há em média 1 (um) CRAS para cada município e para os de médio porte, grande
porte e metrópole, a proporção aumenta, ficando dois, seis e 12 CRAS por município, na
mesma ordem (Tabela 04).
Em relação à situação desses espaços no Pará no ano de 2015, a maioria funcionava
em imóveis próprios, no total de 128 (51%) estando de acordo com as Orientações Técnicas
(2009) do MDS, que ainda recomenda que o imóvel seja preferencialmente estatal e
administrado pela gestão municipal. As unidades de referência situadas em prédios alugados
totalizaram 109 (44%) e os situados em imóveis cedidos chegou a 13 unidades (5%).
Devido às peculiaridades geográficas do estado, a Assistência Social no Pará utiliza
lanchas repassadas pelo governo federal por intermédio do MDS e dispõe mensalmente de R$
7 mil para manutenção, compra de combustível e contratação de pessoal. As lanchas são
usadas para o transporte hidroviário de equipe multidisciplinar, em especial as equipes
volantes do CRAS, visando ampliar a atuação junto às comunidades com espalhamento ou
dispersão populacional devido às características naturais, como calhas de rios, regiões
ribeirinhas e pantaneiras, e outras áreas cujo acesso se dá por meio da malha hidroviária.
Quanto à distribuição de CRAS por Região de Integração em 2015, a RI Guajará
concentrou o maior número de CRAS (31), seguida da RI Tocantins (30). Por outro lado, as
24
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

RIs Tapajós (7) e Xingu (13) apresentaram o menor quantitativo. O estado possui 82 equipes
volantes distribuídas em 69 municípios, estando em sua maioria nas RIs Araguaia (13), Baixo
Amazonas (13) e Marajó (11). Há ainda, 36 municípios com uma Lancha Social cada, estando
a maioria destas na RI Baixo Amazonas (8) e no Marajó (7), principalmente pela sua
peculiaridade geográfica, e a minoria nas RIs Guamá (1) e Lago de Tucuruí (1), conforme se
observa na Tabela 05.

Tabela 5 - Equipamentos Socioassistenciais da Proteção Social Básica, por RI, 2015

Estado/RI Equipamentos Socioassistenciais


CRAS Equipe Volante Lancha Social Tipo 01
Pará 250 82 36
Araguaia 16 13 2
Baixo Amazonas 26 13 8
Rio Caeté 22 3 -
Carajás 21 9 3
Guamá 26 4 1
Lago de Tucuruí 16 4 1
Marajó 20 11 7
Guajará 31 - 2
Rio Capim 22 7 2
Tapajós 7 3 3
Tocantins 30 10 5
Xingu 13 5 2
Fonte: MDS/Censo SUAS, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

3.2 SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

A Proteção Social deve contar com um conjunto de programas, ações e serviços, que
conjuntamente possam garantir seus objetivos primordiais. Para isso, a organização da
Proteção Social foi dividida em básica e especial, que trabalham de maneira concorrente e
integrada. A Proteção Social Básica conta com três tipos de serviços principais,
regulamentados pela resolução nº 109/2009, são eles: o Serviço de Proteção e Atendimento
Integral às Famílias (PAIF), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e
Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas.

25
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.2.1 Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF)

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias (PAIF) consiste num


trabalho social de caráter continuado, que tem a finalidade de fortalecer a função protetiva das
famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover o seu acesso e usufruto de direitos e
contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê, ainda, o desenvolvimento de
potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e
comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo.
O atendimento familiar se refere a uma ação imediata de prestação ou oferta de
atenção, com vistas a uma resposta qualificada da demanda da família ou do território.
Significa a inserção de um ou mais membros da família em alguma das ações do PAIF,
definido no Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda
no âmbito do SUAS, como:

Conjunto de intervenções desenvolvidas em serviços continuados, com objetivos


estabelecidos, que possibilitam à família acesso a um espaço onde possa refletir
sobre sua realidade, construir novos projetos de vida e transformar suas relações –
sejam elas familiares ou comunitárias.13

O Sistema de Registro Mensal de Atendimentos (RMA), previsto na Resolução CIT nº


4/2011, implantado em janeiro de 2012, representa uma das ferramentas voltadas para a área
da gestão no âmbito da Assistência Social, fornecendo mensalmente uma série de informações
sobre a oferta dos serviços em cada município. Uma das informações centrais do RMA diz
respeito ao total de acompanhamentos realizados nos CRAS.
Os resultados de 2014 do RMA do Estado foram referentes aos 143 municípios (os
dados não contabilizaram Mojuí dos Campos). A Tabela 03 ilustra a Média das Famílias
acompanhadas pelo PAIF nas 12 regiões de Integração, que apresentou variações dependendo
da RI. As RIs Guajará, Lago de Tucuruí, Marajó, Tocantins e Guamá possuem média elevada
de acompanhamentos realizados.

13
Resolução CIT nº 07, de 10 de setembro de 2009.
26
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 2 - Média das famílias acompanhadas pelo PAIF, por Região de Integração, no
estado do Pará, 2014

Guajará 36.997
Lago de Tucuruí 14.002
Marajó 10.942
Tocantins 9.027
Guamá 8.115
Tapajós 6.782
Rio Capim 6.471
Araguaia 5.026
Carajás 4.543
Rio Caeté 4.476
Xingu 3.723
Baixo Amazonas 3.681

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000

Fonte: Seaster, 2016.


Elaboração: Fapespa / Seaster, 2016.

Para o ano de 2015, os resultados do RMA no estado do Pará estavam disponíveis


apenas para 75 municípios, o que impossibilita a comparação com o ano de 2014 quando se
agregam os dados nas 12 Regiões de Integração, conforme ilustrado no Gráfico 03. Dessa
forma, em 2015, dentre as 12 RIs, as que apresentaram as maiores médias de
acompanhamentos realizados foram Guajará, Lago de Tucuruí e Guamá.

Gráfico 3 - Média das famílias acompanhadas pelo PAIF, por Região de Integração, do
estado do Pará, 2015
Guajará 23.224
Lago de Tucuruí 16.744
Guamá 7.539
Tocantins 4.968
Marajó 4.708
Rio Capim 4.575
Xingu 4.497
Carajás 4.298
Tapajós 3.759
Araguaia 3.560
Baixo Amazonas 3.215
Rio Caeté 2.575

0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000


Fonte: Seaster, 2016.
Elaboração: Fapespa / Seaster, 2016.

27
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.2.2 Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)14 é ofertado de forma


complementar ao trabalho realizado pelo PAIF e pelo Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado às Famílias e Indivíduos (PAEFI). O SCFV tem como objetivo fortalecer as
relações familiares e comunitárias, além de promover a integração e a troca de experiências
entre os participantes, valorizando o sentido de vida coletiva. Esse serviço possui caráter
preventivo, pautado na defesa e afirmação de direitos e no desenvolvimento de capacidades
dos usuários.
O atendimento deve ser feito a grupos organizados por faixas etárias ou grupos
intergeracionais15. Entretanto, dentre todos os usuários que podem ser atendidos, há os
usuários prioritários que vivenciam as situações de risco social de forma efetiva. A oferta
desse serviço pode ser realizada no CRAS ou nos Centros de Convivência, conforme
apresenta a Figura 01 a seguir.

14
A Resolução CIT nº 01/2013 favoreceu a unificação da oferta do SCFV para crianças, adolescentes e idosos,
além de dar maior autonomia aos municípios para utilizarem os recursos; equalizarem a oferta do SCFV;
unificarem a lógica do cofinanciamento, independente da faixa etária; planejarem a oferta de acordo com a
demanda local; garantirem serviços continuados; potencializarem a inclusão dos usuários identificados nas
situações prioritárias; e facilitarem a execução do serviço, otimizando recursos humanos, materiais e financeiros.
15
Crianças de até 6 anos, crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, adolescentes de 15 a 17 anos, jovens de 18 a 29
anos, adultos de 30 a 59 anos e idosos.

28
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Figura 1 - Organização do SCFV

Fonte: Seaster, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

Em termos de atendimentos por faixa etária no estado do Pará, três faixas


concentraram os maiores números de usuários. A faixa de 6 a 15 anos, por exemplo,
concentrou 50.497 usuários, seguida da faixa 15 a 17 anos, com 18.831 usuários, e de 60 a 99
anos (12.466 usuários). Significa dizer que o público preferencial do SCFV é de crianças e
adolescentes de 6 a 17 anos e idosos a partir de 60 anos, sobretudo aqueles fragilizados em
suas relações familiares. No entanto, as faixas que vão dos 18 a 29 anos (4.799 usuários), 30 a
59 anos (1.728 usuários) e 0 a 6 anos (5.339 usuários) também apresentaram atendimentos.
A Figura 02 apresenta as faixas etárias dos usuários do SCFV no ano de 2015, por
Região de Integração. Considerando a especificidade de cada, foi observado que a faixa de 0 a
6 anos apresentou uma maior concentração nas RIs Tocantins (1.049 usuários), Marajó (857
usuários) e Guajará (746 usuários), com 19,65%, 16,05%, 13,97%, sequencialmente. A RI
que apresentou o menor número de usuários nesta faixa etária foi a Tapajós, com 1,07% dos
usuários (57 crianças).
Essa mesma concentração de percentual nas três RIs é observada em outras duas
faixas etárias: 6 a 15 anos e 15 a 17anos. Isto pode indicar que a necessidade de atendimento a
crianças e adolescentes seja mais significativa nestas três RIs. Dessa forma, dos 50.497
usuários da faixa de 6 a 15 anos, 6.815 (13,5%) estavam na RI Tocantins, seguidos de 5.172

29
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

(10,24%) na RI Guajará e 5.078 (10,06%) na RI Marajó. Nesta faixa, também houve especial
destaque para a RI Baixo Amazonas, com 5.077 usuários, 10,05% do total de usuários do
estado.
Para a faixa de 15 a 17 anos, além do destaque observado nas RIs Tocantins, Guajará e
Marajó, houve também uma participação significativa da RI Rio Caeté, com 11,01% do total
de usuários do estado. As três RIs citadas apresentaram percentuais próximos das faixas
etárias anteriores. A RI Tocantins, por exemplo, continuou agregando o maior percentual de
usuários entre todas as demais, 16,83%, o que corresponde a 3.170 dos 18.831 atendidos no
Estado. As RIs Guajará e Marajó concentraram 1.954 usuários (10,38%) e 1.902 usuários
(10,10%), respectivamente, ao passo que a RI Tapajós reuniu apenas 2,34%.
Em relação às demais faixas etárias, ocorreu uma leve mudança no cenário de
concentração dessas RIs. Para a faixa de 18 a 29 anos, por exemplo, a RI Tocantins lidera o
atendimento com 21,36% do total de usuários, ao passo que a RI Marajó concentra 11,75%
deles. Em termos absolutos, dos 4.799 jovens atendidos, 1.025 estão na RI Tocantins e 564 na
RI Marajó, sendo que a RI Tapajós continuou apresentando o menor número de usuários
(136), o que corresponde a 2,83% do total do Estado.

30
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Figura 2 - Faixa etária dos usuários ativos do Serviço de Convivência e Fortalecimento


de Vínculos - SCFV por Região de Integração no Pará, 2015

Fonte: Seaster, 2016


Elaboração: Fapespa, 2016

Para a faixa de 30 a 59 anos, o registro de usuários do SCFV no Estado foi de apenas


1.728 usuários, com especial destaque para as RIs Guamá (17,53%), Rio Caetés (14,12%),
Lago Tucuruí (11,46%) e Carajás (10,36%), e menor concentração na RI Xingu (1,10%). Foi
possível observar a partir destes dados, que esta faixa etária concentra o menor número de
usuários no Estado, o que pode indicar que é bem menor a incidência de pessoas com vínculos
fragilizados nessa faixa de idade.
Cenário oposto é apresentado pela faixa etária de 60 a 99 anos, que compreende a
classificação de idosos. Nesta faixa, em 2015, eram 12.466 usuários no total do estado, sendo
a maior concentração deles nas RIs Guajará (13,27%), Guamá (12,54%), Rio Capim
(12,33%), Baixo Amazonas (10,73%) e Araguaia (10,56%).

31
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Em termos absolutos, é possível afirmar, a partir da Figura 02, que nas cinco RIs
citadas o número de usuários ultrapassa 1.300, enquanto que nas demais regiões esse número
varia de 440 a 879 usuários. De todo modo, ainda se constituiu como valores altos,
considerando as condições de fragilidade em que, quase sempre, esses usuários se encontram.

3.2.3 Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e
Idosas

Outro serviço da Proteção Social Básica complementar ao PAIF é o Serviço de


Proteção Social Básica no Domicílio para Idosos e Pessoas com Deficiência, que pode ser
executado de forma direta a partir do conhecimento prévio do território, da busca ativa
realizada pela equipe de referência, demanda espontânea ou de encaminhamentos, mas,
também, de forma indireta, por meio de entidades de Assistência Social privadas e sem fins
lucrativos.
Em conformidade com a definição do serviço, o público prioritário é composto por
pessoas com deficiência e/ou pessoas idosas que vivenciam situação de vulnerabilidade
social, ocasionada pela fragilização de vínculos familiares e sociais e/ou pela ausência de
acesso a possibilidades de inserção, habilitação social e comunitária, em especial beneficiários
do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e membros de famílias beneficiárias de
programas de transferência de renda16.
A principal finalidade desse serviço é a prevenção de agravos que possam provocar o
rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários. Visa também a garantia de direitos,
o desenvolvimento de mecanismos para a inclusão social, a equiparação de oportunidades,
bem como a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiência e
pessoas idosas17, a partir de suas necessidades e potencialidades individuais e sociais,
prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento18.
A garantia de atendimento qualificado, tanto para os idosos como para as pessoas com
deficiência, contribui para prevenir e reduzir o isolamento destes usuários e de suas famílias.
O serviço deve ser realizado a partir de ações e atividades de apoio, informações, orientações

16
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009.
17
Ressaltamos a importância deste serviço para o atendimento à pessoa idosa e com deficiência, que vive em
situação de vulnerabilidade social e tem dificuldade e/ou impossibilidade para sair de sua residência, em razão de
sua condição de locomoção.
18
Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009.
32
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

e encaminhamentos executados por uma equipe interdisciplinar de referência dos CRAS,


articulada com os serviços socioassistenciais ou de outras políticas públicas.
Vale destacar que o MDS ainda não disponibiliza nenhuma ferramenta específica para
alimentação de dados deste serviço, no entanto, em 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) lançou, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, os resultados de uma pesquisa realizada em nível nacional sobre as entidades que
prestam serviços socioassistenciais19.
Alguns dados apontam que o Serviço de Proteção Básica no Domicilio é realizado por
meio de Entidades Executoras, que em todo o país são 1.968. No estado do Pará, 40 entidades
executam este serviço, o que equivale a 0,20% do país.

3.3 BENEFÍCIOS, PROGRAMAS E AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS NO PARÁ

Os benefícios socioassistenciais fazem parte da Política de Assistência Social e se


constituem como um direito do cidadão e dever do Estado. Esses benefícios podem ser
divididos em duas modalidades, quais sejam: Benefício de Prestação Continuada da
Assistência Social (BPC) e Benefícios Eventuais.

3.3.1 Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC)

O BPC garante a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo à pessoa idosa, com
65 anos ou mais, e à pessoa com deficiência de qualquer idade. Nos dois casos, o cidadão que
pleiteia o benefício deve comprovar não possuir meios de se sustentar ou de ser sustentado
pela família.
Em 2015, foi identificado um total de 198.874 beneficiários no Pará, um aumento de
33.512 com relação ao ano de 2011, conforme observado na Figura 03. No mesmo período, a
RI com maior número de beneficiários foi a Guajará, com 62.513 pessoas beneficiárias
(37,8%) em 2011, e 70.725 (35, 56%) em 2015; em seguida esteve a RI Guamá, com 13.244
(8,1%) e 16.412 (8,25%), na mesma ordem dos anos. A RI Tapajós novamente demarcou o
menor quantitativo, obtendo 4.190 (2,53%) e 5.476 (2,75%) em 2011 e 2015,
sequencialmente.

19
As Entidades de Assistência Social privadas sem fins lucrativos no Brasil: 2014-2015: Unidades de Prestação
de Serviços Socioassistenciais/IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Rio de janeiro: IBGE,
2015. 60 p.
33
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Do total de beneficiários pelo BPC no estado em 2015, 109.443 foram destinados às


pessoas com deficiência, quantitativo maior que o demarcado em 2011, que era de 87.163.
Para idosos, esse número foi de 79.199 em 2011 e 89.431, em 2015.
A RI Guajará obteve o maior número de beneficiários em 2015, com 32.897 pessoas
com deficiência (30%), um aumento de 3.777 com relação a 2011; e 37.828 idosos (42,3%),
com um aumento de 4.435 no mesmo período. A RI com menor número de beneficiários com
deficiência foi Tapajós, com 2.622 (3,01%), em 2011 e 3.395 (3,10%) em 2015. Essa RI
também foi a que obteve o menor quantitativo de idosos que recebem esse benefício,
passando de 1.568 (2%) para 2.081 (2,3%) beneficiários, no mesmo intervalo de tempo
(Figura 03).

Figura 3 - Total de benificiários do BPC e recursos financeiros no estado do Pará, no


ano de 2011/2015

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

34
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Destaca-se ainda o Programa BPC na Escola20, que visa o acompanhamento e


monitoramento do acesso e permanência na escola de pessoas com deficiência que são
beneficiárias do BPC. São atendidas crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 18 anos em
ações de políticas de educação, saúde, assistência social e direitos humanos.
Esse Programa atua de maneira a identificar quem são os beneficiários do BPC com
até 18 anos que estão, ou não, na escola e quais os seus principais impedimentos de acesso e
permanência no ambiente escolar. Propõe-se ainda a realizar estudos e a desenvolver
estratégias conjuntas para a superação desses impedimentos, bem como acompanhar de forma
sistemática as ações e programas dos entes federados que aderirem ao Programa.
Em 2015, dos 144 municípios paraenses, 74 (51%) renovaram a participação nesse
Programa, 69 (48%) aderiram e apenas 1 (um) (1%) continuou sem adesão, conforme o
Gráfico 04.

Gráfico 4 - Participação dos municípios do estado do Pará no BPC na Escola, 2015

48% 1%

Com Renovação
Com Adesão
51% Sem adesão

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

20
Instituído pela Portaria Interministerial nº 18, de 24 de abril de 2007. É um programa de responsabilidade dos
Ministérios da Educação (MEC), do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), da Saúde (MS) e da
então Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR).
35
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.3.2 Benefícios eventuais

Os Benefícios Eventuais21 são caracterizados por serem suplementares e temporários,


prestados aos cidadãos e às famílias em casos de nascimento, morte, situações de
vulnerabilidade provisória e de calamidade pública. O valor do auxílio é de 1 (um) salário
mínimo por um período não superior a três meses e os critérios para utilização dependem
inicialmente de decreto municipal reconhecendo a situação de emergência, do cadastramento
das famílias a partir de avaliação social realizada pelo município, bem como do
monitoramento e acompanhamento de forma articulada com a gestão municipal.
A classificação desse benefício está dividida em nascimento, vulnerabilidade
temporária, calamidade pública e morte. A modalidade nascimento diz respeito ao
atendimento das necessidades do bebê que vai nascer; à mãe, quando o bebê nasce morto ou
morre logo após o nascimento; e à família, em caso de morte da mãe. Na vulnerabilidade
temporária, o benefício é para o enfrentamento de situações de riscos, perdas e danos à
integridade da pessoa e/ou de sua família e de outras situações que comprometam a
sobrevivência.
Em situações de calamidade pública, pretende facilitar os meios necessários à
sobrevivência da família e do indivíduo, de maneira a contribuir para a dignidade e a
reconstrução da autonomia das pessoas e famílias atingidas. O benefício concedido em caso
de morte visa atender as necessidades urgentes da família após a morte de um de seus
provedores ou membros, cobrir despesas de urna funerária, velório e sepultamento (desde que
não haja outro benefício para essa finalidade no município).

3.3.3 Benefício para pessoas com hanseníase

O Governo do estado do Pará instituiu um benefício22 que é destinado para pessoas


acometidas pela hanseníase e que sejam reconhecidamente de baixa renda, incapacitadas para
o trabalho, residam no estado há pelo menos um ano e não recebam outro tipo de benefício.
Consiste num auxílio financeiro no valor de 90% de 1 (um) salário mínimo, pago
mensalmente às pessoas habilitadas.

21
Lei Estadual nº 7.789/2014, que institui a concessão de Benefícios Eventuais.
22
Este benefício foi estabelecido pela Lei Complementar Estadual 05/90, de 24 de janeiro de 1991.
36
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Os beneficiários no estado do Pará, em 2015, chegaram a um total de 2.135, estando


em maior concentração nas RI Guajará, onde somaram 1.066 pessoas (49,93%), e Guamá,
com 352 (16,49%), sequencialmente. Em menor número, estão os residentes nas RIs Tapajós
(5) e Xingu (16), com participação de 0,23% e 0,75%, na mesma ordem (Gráficos 05 e 06).

Gráfico 5 - Quantitativo de beneficiários Gráfico 6 - Participação de beneficiários com


com hanseníase, por Região de hanseníase, por Região de
Integração, no estado do Pará, Integração, no estado do Pará,
2015 2015

Guajará 1.066 Guajará 49,93

Guamá 352 Guamá 16,49

Tocantins 186 Tocantins 8,71

Rio Capim 172 Rio Capim 8,06

Lago de Tucurui 131 Lago de… 6,14

Carajás 76 Carajás 3,56

Rio Caeté 43 Rio Caeté 2,01

Baixo Amazonas 36 Baixo… 1,69

Marajó 31 Marajó 1,45

Araguaia 21 Araguaia 0,98

Xingu 16 Xingu 0,75

Tapajós 5 Tapajós 0,23

0 200 400 600 800 1.000 1.200 0 20 40 60

Fonte: MDS/CensoSUAS, 2016. Fonte: MDS/CensoSUAS, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016. Elaboração: Fapespa, 2016.

37
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.3.4 Programa Cheque Moradia Especial

O Programa Cheque Moradia Especial23 é um subsídio oferecido pela Secretaria de


Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), em parceria com a
Companhia de Habitação do Estado do Pará (Cohab).
Destinado às famílias de pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade
social da Região Metropolitana de Belém (RMB), o benefício visa à execução de obras e
serviços de reformas e/ou adaptações nas residências, com o objetivo de atender as
necessidades dessas pessoas24.
Para que acessem o benefício, as famílias precisam ter renda de até 3 (três) salários
mínimos, laudo médico emitido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), atestando a deficiência
de um dos membros da família, e documentação da propriedade localizada na RMB.
O Gráfico 07 apresenta o número total de benefícios Cheque Moradia Especial
ofertados no estado entre os anos de 2013 e 2015. Observou-se nesse período um crescimento
na oferta do benefício, passando de 575 em 2013 para 1.380 em 2015.

Gráfico 7 - Concessão de Cheque Moradia Especial no Pará - Acumulado de 2013 a 2015

1600
1380
1400

1200
1032
1000

800
575
600

400

200

0
2013 2014 2015

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

23
Instituído pela Lei nº 7.776, de 23 de dezembro de 2013.
24
A contrapartida do beneficiário consiste na contratação e pagamento de mão de obra utilizada.
38
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Em relação ao perfil dos beneficiários no ano de 2015, observou-se que 34% são
portadores de alguma deficiência física, seguidos de 32% com algum tipo de transtorno
mental. Essas duas categorias de beneficiários concentraram juntas 66% do total de
beneficiários, conforme aponta o Gráfico 08.

Gráfico 8 - Perfil dos beneficiários do Cheque Moradia Especial no Pará, 2015

Deficiência Física 34%

Transtorno Mental 32%

Deficiência Visual 13%

Deficiência Múltipla 6%

Renal Crônico 6%

Outras Patologias 5%

Deficiência Auditiva 4%

Deficiência Intelectual 1%

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

3.3.5 Cadastro Único (CadÚnico)

O Cadastro Único (CadÚnico)25 é um instrumento de identificação e caracterização


socioeconômica das famílias de baixa renda, entendidas como aquelas com renda mensal
igual ou inferior a ½ (meio) salário mínimo por pessoa ou renda familiar mensal de até 3
(três) salários mínimos. Nele são registradas informações como: características da residência,
identificação de cada pessoa, escolaridade, situação de trabalho e renda, entre outras,
conforme o Decreto nº 6.135/2007.
Esse instrumento é gerido pelo governo federal, em âmbito nacional, por meio do
MDS, cabendo a este órgão expedir normas de gestão; coordenar, acompanhar e supervisionar
sua implantação; bem como fomentar seu uso. Aos Estados26, cabe apoiar a gestão do

25
Sobre CadÚnico, ver a sua Regulamentação no Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007, da Presidência da
República, e na Portaria nº 177, de 16 de junho de 2011, do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário
(MDS), que trata de sua gestão e operacionalização.
26
No Pará, o Governo do Estado tem prestado apoio técnico aos municípios na gestão do CadÚnico, por meio de
estratégias de acesso à documentação civil; coordenação, gerenciamento, execução e
39
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Cadastro Único e promover ações em parceria com os municípios. Também fica sob a
responsabilidade dos municípios o cadastramento das famílias especificadas.
A utilização do CadÚnico prioriza selecionar beneficiários de programas sociais do
governo federal voltados para esse público de baixa renda, mas também pode ser usado pelos
estados e municípios para acesso a benefícios específicos, bem como ser fonte de dados para
subsidiar políticas públicas.
No Brasil, em 2015, de acordo com dados do MDS, foram cadastradas 27.235.069
famílias e, na Região Norte, esse número chegou a 2.809.619. O Pará demarcou 1.360.445
famílias inscritas e 4.649.121 pessoas cadastradas. De acordo com o Gráfico 09, nota-se que
entre 2010 e 2015 houve incremento de 403.222 famílias no CadÚnico, correspondente a uma
variação de 40, 92%.

Gráfico 9 - Total de famílias cadastradas no CadÚnico no estado do Pará, 2010/2015

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

Distribuídos esses quantitativos conforme as RIs, observou-se que a Guajará foi a RI


com o maior número de famílias nesse cadastro (264.820). Em comparativo ao ano de 2010,
obteve aumento de 88.997; seguidamente esteve a RI Tocantins, com 164.781 em 2015,

cofinanciamento de programas de capacitação; auxiliando na condução de ações de cadastramento de populações


tradicionais e grupos específicos, bem como de população extremamente pobre, no âmbito da estratégia da busca
ativa.

40
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

demarcando elevação de 53.657 famílias cadastradas. Por outro lado, as RIs Tapajós (39.069)
e Xingu (63.510) alcançaram os menores quantitativos nesse mesmo ano, porém, com
incremento de 9.208 e 19.218, sequencialmente.

Gráfico 10 - Total de famílias cadastradas no CadÚnico, por Região de Integração, no


estado do Pará, 2010/2015

175.823
Guajará
264.820
111.024
Tocantins
164.781
98.109
Baixo Amazonas
141.392
97.080
Guamá
138.836
97.405
Rio capim
125.241 2010
70.103
Carajás
102.706 2015
79.300
Rio caeté
100.670
68.818
Marajó
100.078
56.597
Araguaia
77.724
56.808
Lago de Tucuruí
69.715
44.392
Xingu
63.510
29.861
Tapajós
39.069

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

41
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Quadro 1 - Alguns programas e benefícios no Pará que utilizam o CadÚnico


PROGRAMAS E BENEFÍCIOS NO PARÁ QUE UTILIZAM O CADÚNICO
1. Água Para Todos; 12. Pro Jovem Adolescente;
2. Aposentadoria para donas de casa de baixa renda; 13. Programa Bolsa Família;
3. Aposentadoria para pessoa de baixa renda; 14. Programa Brasil Carinhoso;
4. Bolsa Verde – Programa de Apoio à Conservação 15. Programa de Aquisição de Alimentos;
Ambiental; 16. Programa de Cisternas;
5. Brasil Alfabetizado; 17. Programa de Erradicação do Trabalho Infantil –
6. Carta Social; PETI;
7. Carteira do Idoso; 18. Programa Minha Casa, Minha Vida e outros
8. Fomento – Programa de Fomento às Atividades Programas Habitacionais;
Produtivas Rurais; 19. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico
9. Isenção de Taxas em Concursos Públicos; e Emprego (Pronatec);
10. Mais Educação; 20. Programa Passe Livre;
11. Passe Livre para pessoas com deficiência; 21. Tarifa Social de Energia Elétrica;
22. Telefone Popular.

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

3.3.6 Programa Bolsa Família

O Programa Bolsa Família foi criado no ano de 2003 no âmbito do governo federal e é
destinado a atender famílias de baixa renda, por meio de benefício em dinheiro, ofertado
mediante o cumprimento de condicionalidades relacionadas à saúde e à educação27. É pautado
numa gestão descentralizada, na qual estados e municípios têm atribuições específicas.
O Governo do Estado, por exemplo, é responsável pela homologação da Comissão
Estadual Intersetorial, composta pelas áreas da Assistência Social, Saúde e Educação, com
coordenação vinculada à Seaster. Esta secretaria tem a missão de coordenar, formular,
promover, articular, fortalecer, prestar apoio técnico, capacitar, acompanhar as estratégias de
apoio técnico e implementação das ações intersetoriais do Programa Bolsa Família.
No Brasil, o total de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza atendidas
pelo Programa em 2015 era de 13.840.988, sendo 1.683.026 na Região Norte. As ações do
programa vêm contribuindo com a quebra do ciclo da pobreza, articulado a várias políticas
sociais direcionadas a essas famílias, contribuindo para, na maioria das vezes, que elas
superem a condição de vulnerabilidade social na qual se encontram.
O Gráfico 11 apresenta o total de famílias beneficiárias no estado do Pará, entre os anos
de 2010 e 2015. Observou-se que houve um aumento de 30,75% de 2010 para 2015, passando
de 680.804 famílias em 2010 para 890.127 famílias em 2015.

27
Criado pela Lei Federal nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004.
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 11 - Total de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família no estado do


Pará, 2010/2015

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

Observando o total de beneficiários por RIs também se verificou a variação positiva


em todas elas, conforme ilustrado no Gráfico 12. A RI Guajará concentrou em 2015 um total
de 172.701 famílias beneficiárias, apresentando uma variação de 30,87% em relação ao ano
de 2010. A RI Tocantins, por sua vez, apresentou a segunda maior quantidade de famílias
beneficiárias, 107.338 no ano de 2015, com variação de 37,67% em relação a 2010.

43
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 12 - Total de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, por Região de


Integração, no estado do Pará, 2010/2015

131.966
Guajará
172.701
77.970
Tocantins
107.338

Baixo Amazonas 63.381


90.340
66.452
Guamá
86.804
63.729
Rio capim
78.777
50.728
Marajó
73.883

Rio caeté 56.313


70.790 2010
44.961
Carajás 2015
53.552
37.090
Araguaia
45.282
31.802
Xingu
44.321
34.735
Lago de Tucuruí
42.712
21.677
Tapajós
23.627

0 20.000 40.000 60.000 80.000100.000120.000140.000160.000180.000200.000

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

Entre as RIs com menor número de famílias beneficiadas, observou-se as RIs Tapajós,
Xingu, Lago de Tucuruí, Carajás e Araguaia, na sequência. Entretanto, no período de 2010 a
2015, apresentaram variações positivas de 39,37%, 9,00%, 22,97%, 19,11% e 22,09%,
respectivamente.

44
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

AÇÕES, RESULTADOS E IMPACTOS NO PARÁ


Anualmente, o Governo do Pará elabora e pactua, conjuntamente com o MDS, o Plano Estadual
de Formação, que visa subsidiar e fortalecer as gestões municipais na execução e operacionalização de
programas sociais, a exemplo do Bolsa Família. Em 2015, foram capacitadas 663 pessoas entre
gestores, técnicos e operadores, distribuídos conforme o Quadro I a seguir:
Quadro 2 - Número de Agenda de Capacitações e Eventos realizados, pela SEASTER em
parceria com o MDS, nos municípios paraenses 2015

Agenda de Capacitações e Eventos Quant.


Capacitação Continuada dos Entrevistadores do Cadastro 135
Único
Formação de Gestão do Cadastro Único e Programa Bolsa 167
Família
Capacitação Operacional do Sistema do Cadastro Único - V7 78
Capacitação Operacional do Sistema de Gestão de Benefícios 68
– SIBEC
Seminário de Acompanhamento Familiar do PBF 215
Total Geral 663
Fonte: Seaster/DRCCP/2015.
O assessoramento técnico, por sua vez, objetiva fortalecer a gestão municipal, contribuindo na
operacionalização das ações voltadas às famílias em situação de vulnerabilidade e risco. No ano de
2015, a Seaster realizou os seguintes assessoramentos técnicos:
Quadro 3 - Número de assessoramentos técnicos realizados pela SEASTER nos municípios
paraenses, 2015

Assessoramento Técnico
In loco 67 municípios
Assessoramento técnico continuado
na Seaster 72 municípios
Assessoramento técnico aos municípios com Municípios Prioritários 2015 – 11 municípios
fragilidade de gestão MUPs28
Assessoramento técnico integrado – PROATEI 19 municípios
Fonte: Seaster/DRCCP/2015.

O Projeto de Apoio Técnico Integrado (PROATEI), criado em 2011 em parceria com as


Secretarias Estaduais de Saúde (SESPA) e Educação (SEDUC), objetiva prestar apoio integrado
visando o fortalecimento da intersetorialidade, criando estratégias de superação das fragilidades no
processo de execução do Programa Bolsa Família. Com a implementação do PROATEI, foi observado
melhoras nos indicadores das gestões, tanto do Cadastro Único quanto do Programa Bolsa Família.

28
Municípios Prioritários (MUPs) são relacionados pela SENARC/MDS a partir de alguns parâmetros críticos
de gestão, sendo os que apresentam fragilidade: atualização cadastral, acompanhamento da agenda da saúde,
acompanhamento da frequência escolar e a baixa execução financeira dos recursos do Índice de Gestão
Descentralizada do Programa Bolsa Família e Cadastro Único (IGDM-BF).
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

3.3.7 A Busca Ativa

A Busca Ativa é uma estratégia integrante do Plano Brasil sem Miséria (BSM), do
governo federal, através do MDS, executado em parceria com as esferas estadual e municipal.
Consiste na inclusão de famílias no CadÚnico para Programas Sociais do governo federal e o
seu principal objetivo é mapear e incluir, bem como atualizar dados de famílias classificadas
como baixa renda e, prioritariamente, aquelas em situação de extrema pobreza. Além disso,
cabe à Busca Ativa identificar famílias pertencentes aos povos tradicionais (quilombolas e
ribeirinhos, por exemplo) e grupos específicos, como é o caso dos povos indígenas.
De forma mais ampla, a Busca Ativa contribui para encaminhar essas famílias aos
serviços da Rede de Proteção Social, além de facilitar que os seus membros adquiram os
documentos civis básicos, em especial o Registro Civil de Nascimento (RCN). Para alcançar
tal intento, a Busca Ativa prevê uma articulação cooperativa entre a administração pública
municipal, estadual e federal, movimento social organizado e outras instituições partícipes na
efetivação da assistência social.
A Busca Ativa, para a inserção no CadÚnico no estado do Pará, é realizada em áreas
geograficamente isoladas e com a presença das populações tradicionais e específicas, e nas
comunidades rurais e urbanas, através de ação intersetorial e estratégica de cidadania,
inclusão e equidade no acesso aos serviços, benefícios e programas socioassistenciais e os
eventuais.
Visa, ainda, levar os serviços públicos ao cidadão, por intermédio de ações conjuntas
com os municípios, para identificar locais com famílias em situação de vulnerabilidade e risco
social e que possuam membros sem documentos civis; organizar meios de informar a
população sobre os serviços socioassistenciais e, em especial, sobre a gratuidade do RCN29 e
sua importância.
A falta do RCN tem diversas implicações negativas no desenvolvimento da cidadania.
Sem ele, o cidadão não tem acesso ao Registro de Identidade (RG), não pode se cadastrar
como eleitor, não pode receber benefícios previdenciários ou da Assistência Social, é
impedido de receber carteira de trabalho, além da dificuldade de acesso a outras garantias
básicas de seus direitos.
Por isso, o Governo do Pará tem procurado realizar ações estratégicas, no sentido de
identificar as famílias em situação de vulnerabilidade e pertencentes a estes grupos

29
Instituída pela Lei Federal nº 9.534/97.
46
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

específicos, com o intuito de incluí-las nos programas e benefícios socioassistenciais do


Estado e no combate ao sub-registro 30 de nascimento, garantindo a 1ª e 2ª via às pessoas em
situação de pobreza ou em casos de extravio dessa documentação nas ocorrências de
incêndios de residências, emergências e calamidades.
Para isso foi criado o Fundo de Apoio ao Registro Civil do Estado do Pará (FRC 31),
com o objetivo de prover a gratuidade dos atos praticados pelos registradores civis de pessoas
naturais e captar recursos financeiros para a consecução de suas finalidades. Os recursos do
FRC provêm de doações, legados e contribuições de entidades privadas, repasses financeiros,
convênios, acordos ou contratos firmados com entidades públicas e privadas, além da
arrecadação mensal de 2,5%, relativa à taxa de custeio do FRC sobre os atos lançados pelos
notários e registradores32.
O último Censo realizado pelo IBGE em 2010 identificou a existência de 39.745
crianças de 0 a 10 anos sem certidão de nascimento. Entre os aspectos que somam as
condicionantes e contribuem para o agravamento do problema, está o Fator Amazônico, a
distância física dos cartórios, pais sem documentação, não reconhecimento da paternidade e
desconhecimento da gratuidade da certidão de nascimento pelos pais.
O Gráfico 13 aponta alguns resultados do combate ao sub-registro, através de dados
da Declaração de Nascidos Vivos (DNV) da Secretaria de Estado de Saúde Pública (SESPA)
e do próprio RCN, nos anos de 2010 e 2015. Os dados apontam variação positiva nos dois
casos, mas com especial destaque para o RCN, que, em 2010, totalizavam 137.291 registros,
passando para 183.232 em 2015, com variação de 33,46%. Esse aumento também foi
observado na DNV, que passou de 139.917 em 2010 para 168.642 em 2015, com variação
positiva de 20,53%.

30
O sub-registro é o conjunto de nascimentos não registrados no próprio ano de nascimento ou no 1º trimestre
do ano subsequente. Contudo, tal definição não abrange todos os casos de pessoas ainda não registradas ou as
que não têm em seu poder sua certidão.
31
Criado pela Lei Estadual nº 6.831, de 13 de fevereiro de 2006.
32
As receitas provenientes da taxa de custeio do FRC são projetadas pela Secretaria de Planejamento,
Coordenação e Finanças do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

47
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 13 - Total de Declaração de Nascido Vivo (DNV) e Registro Civil do Nascimento


(RCN) no Pará, 2010/2015

200.000
183.232
180.000 168.642

160.000
139.917 137.291
140.000

120.000

100.000 2010

2015
80.000
Variação
60.000 Variação
20,53%
33,46%
40.000

20.000

0
DNV RCN

Fonte: Sespa/Declaração de Nascido Vivo/Seaster, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

AÇÕES, RESULTADOS E IMPACTOS NO PARÁ

ALGUNS RESULTADOS DAS AÇÕES DE BUSCA ATIVA E CIDADANIA E DO


FUNDO DE APOIO AO REGISTRO CIVIL (2010-2015)

 168.051 pessoas em condição de pobreza e de emergência receberam a 2ª Via da


Certidão de Nascimento.

 Informatização de 144 cartórios de RCN no Estado.

 213 cartórios recebendo mensalmente o ressarcimento dos atos praticados na


emissão da 1ª e 2ª Via da Certidão de Nascimento.

Fonte: Seaster/DRCCP.

Nesse sentido, pode-se afirmar que, em alguma medida, tais ações podem ter reduzido
o índice de sub-registro de nascimento, ofertando a certidão de nascimento a crianças e
adultos que antes não tinham o documento; intensificando a inclusão de pessoas/famílias nos
programas de transferência de renda e benefícios socioassistenciais; possibilitando o
reconhecimento e o registro da paternidade de crianças e adolescentes no estado; favorecendo
o acesso à qualificação profissional e ao mercado de trabalho, por meio dos documentos civis;
48
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

e ampliando ao atendimento às comunidades tradicionais e grupos específicos do nosso


estado.
As comunidades tradicionais e grupos específicos também fazem parte do público
prioritário da Busca Ativa no estado, tanto pelas múltiplas peculiaridades que os compõe,
como pela localização de suas comunidades, requerendo ações específicas para as suas
demandas; e o cadastramento das mesmas repercute tanto para a garantia de direitos quanto
para a sua caracterização; e a construção de base de dados, para a formulação posterior de
ações políticas direcionadas a elas.
O Gráfico 14 mostra que houve aumento no número de famílias cadastradas entre os
anos de 2010 e 2015, no Pará. As famílias quilombolas demarcaram o quantitativo de 7.858
em 2010 e 12.332 em 2015, com incremento de 4.474, e as indígenas tiveram crescimento de
641 cadastros de famílias no mesmo período, saindo de 4.405 em 2010 para 5.046 em 2015.

Gráfico 14 - Total de famílias quilombolas e indígenas cadastradas no CadÚnico, por


Região de Integração, no estado do Pará, 2010/2015

14000
12332
12000

10000
7858
8000
2010
6000 5046 2015
4405
4000

2000

0
Famílias Quilombolas Famílias Indigenas
Fonte: Seaster/DRCCP, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

A análise por RIs mostrou que as famílias quilombolas cadastradas no CadÚnico, em


2015, estão em maior concentração na RI Rio Capim (3.540), que foi a região com maior
crescimento no número de famílias cadastradas (2.832), no decorrer dos cinco anos de
referência. Em seguida, esteve a RI Marajó, passando de 1.276 para 2.560 famílias
cadastradas, apresentando acréscimo de 1.284 (Gráfico 15).

49
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 15 - Total de famílias quilombolas cadastradas no CadÚnico por Região de


Integração no estado do Pará, 2010/2015

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

As famílias indígenas estiveram cadastradas em maior número na RI Tapajós,


passando de 1.501 para 1.997, no decorrer dos anos de 2010 a 2015. A segunda maior
concentração de cadastro dessas famílias, em 2015, foi na RI Guamá, com 695 cadastros,
maior número com relação a 2010, que totalizava apenas 110. Também foi a RI que obteve
mais novos cadastros no período (585) (Gráfico 16).

50
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 16 - Total de famílias indígenas cadastradas no CadÚnico por Região de


Integração no estado do Pará, 2010/2015

1997
Tapajós
1501

695
Guamá
110

446
Marajó
103

431
Araguaia
423

426
Baixo Amazonas
634

394
Carajás
420
2015
263
Rio capim 2010
248

157
Lago de Tucuruí
216

67
Guajará
267

65
Tocantins
228

53
Xingu
131

52
Rio caeté
124

0 500 1000 1500 2000 2500

Fonte: Seaster/DRCCP.
Elaboração: Fapespa, 2016.

51
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

A Proteção Social Especial é a modalidade voltada para indivíduos e famílias “que se


encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos
físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas
socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras” (PNAS, p.38).
Devido a tais peculiaridades, os serviços de proteção social especial possuem estreita
ligação com o sistema de garantia de direitos, e, por conseguinte, com uma gestão mais
complexa e organizada em Média Complexidade e Alta Complexidade.

4.1 MÉDIA COMPLEXIDADE

A Proteção Social Especial de Média Complexidade (PSEMC) surge como a


modalidade de atendimento destinada às famílias e indivíduos com seus direitos violados,
cujos vínculos familiares estão fragilizados, porém, não foram rompidos. Requer maior
estruturação técnico-operacional, atenção especializada e individualizada, com um
acompanhamento sistemático e monitorado devido à natureza das violações.
Os Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade (CPSEMC) são
ofertados em unidades públicas estatais municipais chamadas de Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS), Centro de Referência Especializado para
Pessoas em Situação de Rua (Centro POP) e Centro de Referência Especializado para Pessoas
com deficiência em Situação de Dependência (Centro DIA), conforme se observa na Figura
04.

52
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Figura 4 - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade

Centro POP

Serviços de Proteção Social Especial de


média Complexidade

Centro DIA CREAS

Fonte: MDS/Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

4.1.1 Equipamentos Públicos do Sistema de Proteção Social Especial de Média


Complexidade

O Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) é, de acordo


com Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), uma “unidade pública que oferta serviços
especializados e continuados a famílias e indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos,
idosos, mulheres), em situação de ameaça ou violação de direitos”.
O Brasil possui 2.372 CREAS, sendo que a Região Norte possui a menor participação,
com apenas 8,81% dos referidos equipamentos33. Entretanto, dentre os estados da Região
Norte, o Pará é o que possui o maior deste quantitativo, contando com mais da metade dos
CREAS localizados na referida região, conforme Tabelas 06 e 07.

33
Ver considerações no item 3.1.1, referentes à concentração populacional e de pessoas abaixo da linha da
pobreza.
53
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Tabela 6 - Total de CREAS, por Tabela 7 - Total de CREAS, por estado


Região, 2014 da Região Norte, 2014
REGIÃO Qtd. de CREAS Part. (%) Part.
Norte 209 8,81 Estados da Região Norte Qtd. de CREAS (%)
Nordeste 914 38,53 Acre 13 6,22
Amazonas 34 16,27
Sudeste 666 28,08
Amapá 8 3,83
Sul 359 15,13
Pará 106 50,72
Centro-Oeste 224 9,44
Rondônia 20 9,57
Total 2372 100 Roraima 6 2,87
Tocantins 22 10,53
Total 209 100
Fonte: MDS/CensoSuas, 2016. Fonte: MDS/CensoSuas, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016. Elaboração: Fapespa, 2016.

Como se observa no Gráfico 17, o estado do Pará obteve um aumento de 19,1% no


número de CREAS entre os anos de 2011 e 2015, sendo que, de acordo com o Gráfico 18, as
Regiões de Integração (RI) Rio Capim e Tapajós possuíam, em 2015, o maior e o menor
número desses equipamentos, respectivamente. Ressalta-se que a RI Marajó alcançou maior
incremento no referido período.

Gráfico 17 - Evolução do número de CREAS no estado do Pará, 2011-2015

106
104

93
90
89

2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: MDS/CensoSuas, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

54
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 18 - Quantidade do número de CREAS no estado do Pará, por Região de


Integração, 2011/2015

2011 2015
14
13
12 12
11 11
10
9
8 8 8 8
7 7 7
6 6 6 6 6 6
5
4
3

Fonte: MDS/CensoSuas, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

Os atendimentos realizados nos CREAS alimentam o RMA (Registro Mensal de


Atendimento), no qual se pode obter os resultados dos atendimentos das demandas que
chegaram ao sistema de proteção social especial de média complexidade.
No que tange aos Centros de Referência Especializados para População em Situação
de Rua, os Centros POP, definidos pelo MDS como “Unidade pública da Assistência Social
para atendimento especializado à população adulta em situação de rua”, de acordo com as
Tabelas 08 e 09, contam no Brasil com 215 unidades, sendo apenas 5,12% delas na Região
Norte, dentre a qual, o Pará possui o maior número, representando 54,55% dos referidos
equipamentos, sendo 1 (um) na RI Araguaia, 1 (um) na RI Carajás, 1 (um) na RI Tocantins e
três na RI Guajará.

Tabela 8 - Total de Centros POP, por Tabela 9 - Total de Centros POP, por
Região, 2014 estado da Região Norte,
2014
Qtd. de Centros Estados da Região Qtd. de Centros Part.
Região Part. (%) Norte POP (%)
POP
Norte 11 5,12 Acre 1 9,09
Nordeste 51 23,72 Amazonas 2 18,18
Sudeste 98 45,58 Amapá 1 9,09
Sul 42 19,53 Pará 6 54,55
Rondônia 1 9,09
Centro-Oeste 13 6,05
Roraima 0 0,00
Total 215 100
Tocantins 0 0,00
Total 209 100
Fonte: MDS/CensoSuas, 2016. Fonte: MDS/ CensoSuas, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016 Elaboração: Fapespa, 2016

55
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

No que se refere aos “Centro Dia”, o estado do Pará conta com apenas uma unidade na
capital, Belém. Este serviço visa “prestar atendimento especializado nas situações de
vulnerabilidades, risco pessoal e social por violação de direitos às pessoas com deficiência em
situação de dependência e suas famílias, por meio da oferta de um conjunto de ações 20 que
contribuam para ampliar as aquisições dos usuários, na perspectiva da garantia das seguranças
previstas na Política Nacional de Assistência Social – PNAS” (MDS, 2003, p.19).

4.2 ALTA COMPLEXIDADE

Consiste na oferta de serviços que assegurem proteção integral (moradia, alimentação,


higienização e trabalho protegido) para famílias e/ou indivíduos que se encontram com
vínculos familiares fragilizados ou rompidos (BRASIL, 2006), bem como que não disponham
de condições de autossustentabilidade ou de retaguarda familiar e/ou que estejam em processo
de desinstitucionalização de instituições de longa permanência.
Conforme a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), que padroniza a
oferta dos serviços socioassistenciais, a Proteção Social Especial de Alta Complexidade
organiza-se nas seguintes categorias, ilustradas na Figura 05:

Figura 5 - Categorias de Serviços Socioassistenciais da Proteção Social Especial de Alta


Complexidade

Acolhimento
Institucional

Serviços
Acolhimento
Socioassistenciai Acolhimento
em Família
s de Alta em República
Acolhedora
Complexidade

Serviços de Proteção
em situação de
calamidade públicas
e de emergencia

Fonte: MDS/Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

56
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

a. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL:

Dentre os Serviços ofertados pela Proteção Social Especial de Alta Complexidade, é


possível descrever quatro tipos de acolhimento institucional, conforme ilustrado na Figura 06.

Figura 6 - Tipos de Acolhimento Institucional


•Crianças e Adolescentes sob medida protetiva, inclusive aquelas com deficiência.
Estruturalmente, a unidade deve assemelhar-se a uma residência, com capacidade de até
20 crianças/adolescentes.
•Adultos e famílias em situação de risco social (situação de migração. situação de rua,
Abrigo trabalho escravo e tráfico de pessoas). Unidade para acolhimento provisório, com
características residenciais, com capacidade de até 50 indivíduos.
Institucional •Mulheres em situação de violência doméstica e familiar, ameaçadas de morte. Unidade
deve, obrigatoriamente, funcionar em local sigiloso, com capacidade de até 20 usuários.
•Idosos sem retaguarda familiar e condições de autosustento. Unidade, com
características residenciais, deve funcionar em conformidade com as normas da Vigilância
Sanitária, com capacidade de até 50 idosos.

•Crianças e Adolescentes, sob medida protetiva, inclusive aquelas com deficiência. Unidade
residencial onde uma pessoa ou casal trabalha como educador/cuidador residente,
Casa Lar responsáveis pelo cuidado de até 10 crianças/adolescentes.
•Idosos sem retaguarda familiar e condições de autosustento. Unidade residencial, com
capacidade para até 10 idosos.

•Adultos e famílias, em situação de risco social (situação de migração.


Casa de Passagem situação de rua, trabalho escravo e tráfico de pessoas): Unidade para
acolhimento provisório, cujo período de permanência não deverá
ultrapassar o período de três meses, similar a uma residência, com
capacidade de até 50 indivíduos.

Jovens e adultos com deficiência, em situação de dependência, que não


possuem condições de autossustento ou retaguarda familiar . Unidade similar a
Residência inclusiva uma residência adaptada para oferecer acessibilidade a um grupo de até 10
pessoas.

Fonte: MDS/Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

b. ACOLHIMENTO EM REPÚBLICA

Serviço destinado a grupo de até oito pessoas, em situação de vulnerabilidade e risco


pessoal e social, organizado em regime de gestão coletiva, com vistas a propiciar autonomia
aos moradores. É necessária uma equipe técnica para supervisão. Nesta modalidade, podem
ser atendidos jovens e adultos em processo de saída das ruas, bem como idosos autônomos,
ou seja, aqueles que realizam de forma independente as atividades da vida diária.

57
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

c. ACOLHIMENTO EM FAMÍLIA ACOLHEDORA

Modalidade de acolhimento familiar para crianças e adolescentes, inclusive crianças e


adolescentes com deficiência, em situação de risco pessoal e social, afastados do convívio
familiar, sob medida protetiva (Art. 98, ECA). O serviço deve destinar-se, preferencialmente,
a crianças e adolescentes que apresentem possibilidade de reintegração a família de origem,
nuclear ou extensa.

d. SERVIÇO DE PROTEÇÃO EM SITUAÇÕES DE CALAMIDADES


PÚBLICAS E DE EMERGÊNCIAS

Oferta de alojamentos provisórios, atenções e provisões materiais à população atingida


por situações de emergência e calamidade pública.

4.2.1 Equipamentos Públicos do Sistema de Proteção Social Especial de Alta


Complexidade

No Brasil existiam, em 2014, 5.184 Unidades de Acolhimento, dentre as quais apenas


3,92% estavam na Região Norte, sendo o Pará o estado que possui o maior número desses
equipamentos públicos, representando 42,36% em relação aos estados da Região Norte,
conforme se observa nas Tabelas 10 e 11 e figuras 07 e 08.

Tabela 10 - Total de Unidades de Tabela 11 - Total de Unidades de


Acolhimento, por Acolhimento, por estado
Região, 2014 da Região Norte, 2014

Qtd. de Unidades Qtd. de Unidades Part.


REGIÃO Part. (%) Estados da Região Norte
de Acolhimento de Acolhimento (%)
Norte 203 3,92 Acre 13 6,40
Nordeste 611 11,79 Amazonas 24 11,82
Sudeste 2.739 52,84 Amapá 8 3,94
Sul 1145 22,09 Pará 86 42,36
Rondônia 40 19,70
Centro-Oeste 486 9,38
Roraima 8 3,94
Total 5.184 100
Tocantins 24 11,82
Total 209 100
Fonte: MDS/CensoSuas, 2016. Fonte: MDS/CensoSuas, 2016.
Elaboração: Fapespa e Seaster, 2016. Elaboração: Fapespa e Seaster, 2016.

58
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Figura 7 - Quantitativo de Unidades de Acolhimento Institucional, por público alvo no


estado do Pará, 2014

Fonte: MDS/CensoSUAS, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

Figura 8 - Quantitativo de Unidades de Acolhimento Institucional por modalidade no


estado do Pará, 2014

Fonte: MDS/Censo SUAS, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

59
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3 CENÁRIO DO PÚBLICO ALVO DA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA


COMPLEXIDADE NO ESTADO DO PARÁ

A complexidade das situações de violação de direitos impõe o detalhamento da


natureza dos atendimentos de acordo com o público alvo, conforme se observa na Figura 09.

Figura 9 - Público Alvo do Sistema de Proteção Social Especial

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Submetidos à violação de direitos, em decorrência de abuso ou exploração sexual,


exploração do trabalho infantil, abandono, negligência, violência física, psicológica e fetal
(ECA) e adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.

MULHERES

Em situação de violação de direitos em decorrência de violência sexual, física ou


psicológica.

IDOSOS

Em situação de violação de direitos em decorrência de negligência, abandono, violência


física, psicológica e financeira.

ADULTOS

Que vivenciam situações de violação de direitos, tais como discriminação em decorrência do


“grupo racial/étnico” a que pertencem ou pela sua orientação sexual, tráfico de pessoas,
trabalho escravo, situação de rua, migração, dentre outros.

PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

4.3.1 A Criança e o Adolescente

Um dos princípios básicos que fundamentam o Estatuto da Criança e do Adolescente é


a compreensão da “criança e adolescente como pessoas em condição peculiar de
desenvolvimento; a garantia da condição de sujeitos de direitos fundamentais e individuais; e
direitos assegurados pelo Estado e conjunto da sociedade como absoluta prioridade”
(BAZÍLIO, 2008, p.23).
No estado do Pará, observou-se, entre os anos de 2009 e 2014, uma redução de 8,6%
no número de crianças (0 a 13 anos), das quais, em 2014, 80% eram negras34, 18,4% brancas

34
Considerando-se a soma de pessoas que se declararam pretas e pardas.
60
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

e 1,6% amarelas e indígenas, assim como o número de crianças do sexo masculino


permaneceu maior que o das crianças do sexo feminino, conforme Tabela 12.

Tabela 12 - Distribuição de crianças com idade entre 0 e 13 anos, por cor (brancos e
negros) e sexo no Pará, 2009/2014
2009 2014
Raça
Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total
Branca 247.848 245.181 493.029 193.312 183.111 376.423
Pretos ou pardos 842.450 902.158 1.744.608 760.304 869.146 1.629.450
Total 1.090.298 1.147.339 2.237.637 970.004 1.074.429 2.044.433
Fonte: IBGE/ PNAD, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

No que tange ao quantitativo de adolescentes no estado do Pará, verificou-se um


crescimento de 8,25% entre os anos de 2009 e 2014, observando-se que o número de
adolescentes declarados negros tem sido em média cinco vezes maior que o número de
adolescentes que se declararam brancos.
De acordo com a Tabela 13, é possível identificar que a maioria dos adolescentes
paraenses possui apenas o ensino fundamental incompleto, apontando para um cenário de alto
índice de distorção idade-série dentre as pessoas da referida faixa etária, principalmente entre
os declarados negros.

Tabela 13 - Distribuição de adolescentes (14 a 17 anos), por escolaridade, cor e sexo no Pará, 2009/2014
2009 2014
Escolaridade Branca Negro Branca Negro

Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino


Sem instrução - - 5.592 5.491 - - - -
Fundamental incompleto ou equivalente 36.323 39.416 149.318 200.600 22.460 37.446 132.635 204.404
Fundamental completo ou equivalente 11.059 6.160 33.044 27.043 12.758 7.863 56.950 46.833
Médio incompleto ou equivalente 9.499 5.028 37.208 24.167 18.013 11.963 46.875 35.067
Médio completo ou equivalente - - - - - 5.377 -
Total 56.881 50.604 225.162 257.301 53.231 57.272 241.837 286.304
Fonte: IBGE/ PNAD, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

61
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3.1.1 Estatísticas de Atendimento à Criança e ao Adolescente, pelo Sistema de Proteção


Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015

a. VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

É imprescindível que a violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes seja


percebida e tratada como uma questão pública, pois necessita não apenas do aparato jurídico-
policial, como também dos serviços de assistência social e de saúde, para que, dessa forma,
seja possível retirar esta situação problema do âmbito exclusivamente privado para torná-la
uma questão pública, potencializando assim as ações de enfrentamento da mesma.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 19, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 3.178 casos de crianças e adolescentes
vítimas de violência intrafamiliar, sendo 63,6% de vítimas do sexo masculino contra 36,4%
do sexo feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 24,3% ocorreram na RI
Tocantins, merecendo destaque o município de Abaetetuba, que registrou o atendimento de
40% dessas ocorrências em relação aos demais municípios da referida RI.
Também conforme o Gráfico 19, em 2015, foram atendidos 3.133 casos, tendo a RI
Tocantins novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará
(21,9%) e o município de Abaetetuba com 41,5% dos casos em relação aos municípios desta
RI. Constatou-se a recorrência em relação ao ano de 2014 da disparidade entre o número de
crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar do sexo masculino (62,4%) em
relação às do sexo feminino (37,6%).

62
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 19 - Crianças ou adolescentes vítimas de violência intrafamiliar (física ou


psicológica) atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média
Complexidade, por sexo no Pará, por Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

b. VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL

A violência sexual contra a criança e o adolescente ocorre quando os mesmos são


utilizados como objetos de satisfação dos desejos sexuais de um adulto, causando-lhes assim
danos físicos, psicológicos, emocionais e sociais, ao considerar que a criança e o adolescente
não possuem maturidade plena nem independência emocional para consentirem o ato sexual,
permitindo inferir assim que tal ato ocorrera por conta de algum tipo de coerção psicológica
ou física.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 20, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 2.186 casos de crianças e adolescentes
vítimas de abuso sexual, sendo 61,6% de vítimas do sexo masculino contra 38,4% do sexo
feminino. Outro aspecto que chama atenção é que dos atendimentos realizados nesse tipo de
violação de direito, 82% foram de vítimas adolescentes de 13 a 17 anos contra 18% de
crianças de 0 a 12 anos, vítimas desse mesmo tipo de violência. Ressalta-se que, dentre os
casos atendidos, 16,2% ocorreram na RI Rio Capim onde as vítimas eram principalmente
adolescentes do sexo masculino, merecendo destaque o município de Tomé Açu, que

63
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

registrou o atendimento de 37,5% dessas ocorrências em relação aos demais municípios da


referida RI.
Também conforme o Gráfico 17, em 2015, foram atendidos 2.055 casos, desta vez
tendo a RI Guamá registrado o maior número desses atendimentos em relação às demais RIs
do estado do Pará (14,8%) e o município de Castanhal, 44,4% dos casos em relação aos
municípios da referida RI. Constatou-se, também, a recorrência em relação ao ano de 2014 da
disparidade entre o número de crianças e adolescentes vítimas de violência intrafamiliar,
sendo 83,4% de vítimas adolescentes de 13 a 17 anos contra 16,6% de crianças de 0 a 12
anos, bem como o maior número de vítimas do sexo masculino (63%) em relação às do sexo
feminino (37%).

Gráfico 20 - Crianças ou adolescentes vítimas de abuso sexual atendidas pelo Sistema de


Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo no Pará, por
Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

c. VÍTIMAS DE NEGLIGÊNCIA OU ABANDONO

A negligência se configura quando os pais não respondem adequadamente às


necessidades de seus filhos ou mesmo não buscam ajuda junto a quem pode fazê-lo, porque
não têm disposição ou capacidade psicológica para cuidar da criança.

64
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Portanto, negligenciar uma criança ou um adolescente pode ser compreendido, em


parâmetros operacionais, nos termos de Lacharité (2005), como

Uma carência significativa ou mesmo uma ausência de respostas às necessidades de


uma criança, reconhecidas como fundamentais sobre a base de conhecimentos
científicos atuais, ou, na ausência destes, de consenso, pautado em valores sociais
adotados pela coletividade da qual faz parte (2005, p. 20).

Em 2014, de acordo com o Gráfico 21, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 2.608 casos de crianças e adolescentes
vítimas de negligência ou abandono, sendo 68% de vítimas do sexo masculino contra 32% do
sexo feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 26,4% ocorreram na RI Rio Capim,
onde as vítimas eram principalmente do sexo masculino, merecendo destaque o município de
Tomé Açu, que registrou o atendimento de 38,3% dessas ocorrências em relação aos demais
municípios da referida RI.
Também conforme o Gráfico 21, em 2015, foram atendidos 2.682 casos, tendo
novamente a RI Rio Capim registrado o maior número desses atendimentos em relação às
demais RI do estado do Pará (26%) e o município de Tomé Açu, 50,1% dos casos em relação
aos municípios da referida RI.

65
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 21 - Crianças ou adolescentes vítimas de negligência ou abandono atendidas


pelo Sistema de Proteção Social especial de Média Complexidade, por sexo
no Pará, por Região de Integração 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

d. SITUAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL

O artigo 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente determina que “é proibido


qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz”,
permitindo ao adolescente a partir dos 14 anos de idade o trabalho na condição de aprendiz,
dispostas nos artigos 424 a 423 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), onde se define
requisitos como a matrícula e a frequência à escola, duração determinada, dentre outros.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 22, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 1.210 casos de crianças e adolescentes em
situação de trabalho infantil, sendo 52,9% de vítimas do sexo masculino contra 47,1% do
sexo feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 29,3% ocorreram na RI Rio Capim,
destacando-se o município de Garrafão do Norte, que registrou o atendimento de 54,4%
dessas ocorrências em relação aos demais municípios da referida RI.
Também conforme o Gráfico 22, em 2015, foram atendidos 1.206 casos, tendo a RI
Rio Capim novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará
(46,9%) e o município de Garrafão do Norte, 85,5% dos casos em relação aos municípios
desta RI. O município de Garrafão do Norte apresentou, entre os anos de 2014 e 2015, um
66
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

aumento de 59,5% no número de atendimento às crianças e adolescentes em situação de


trabalho infantil, passando a registrar 40% desses atendimentos no estado do Pará em 2015.

Gráfico 22 - Crianças ou adolescentes em situação de trabalho infantil (até 15 anos)


atendidos pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média
Complexidade, por sexo no Pará, por Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

e. ADOLESCENTES EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM


MEIO ABERTO

O Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade inclui também o


atendimento de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto
(Liberdade Assistida – LA e Prestação de Serviços à Comunidade – PSC), que visa o
acompanhamento de adolescentes e jovens que estejam cumprindo tais medidas, contribuindo
para o desenvolvimento pessoal e social destes indivíduos.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 23, foram registrados 7.845 atendimentos de
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto de Liberdade
Assistida (LA) e 4.311 atendimentos em medida socioeducativa de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC). Dentre os casos atendidos de adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa de Liberdade Assistida, 54,8% ocorreram na RI Guajará, merecendo destaque
os municípios de Belém e Ananindeua, que registraram o atendimento de 49,1% e 47,1%
67
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

dessas ocorrências em relação aos demais municípios da referida RI, respectivamente. Este
resultado se reflete também nos casos de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa
de Prestação de Serviços à Comunidade, em que a RI Guajará concentrou 46,6% dos
atendimentos desses casos em relação às demais RIs do estado do Pará e os municípios de Belém
e Ananindeua, 27,8% e 69,5%, respectivamente, em relação aos demais municípios da RI
Guajará.
Também conforme o Gráfico 23, em 2015, foram registrados 8.469 atendimentos de
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto de Liberdade Assistida
(LA) e 5.649 atendimentos em medida socioeducativa de Prestação de Serviços à Comunidade
(PSC). Dentre os casos atendidos de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de
Liberdade Assistida, 45% ocorreram na RI Guajará, merecendo destaque os municípios de Belém
e Ananindeua, que registraram o atendimento de 67,1% e 28,7% dessas ocorrências em relação
aos demais municípios da referida RI, respectivamente. Este resultado se reflete, também, nos
casos de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Prestação de Serviços à
Comunidade, onde a RI Guajará concentrou 37,2% dos atendimentos desses casos em relação às
demais RI do estado do Pará e os municípios de Belém e Ananindeua, 64,4% e 30,2%,
respectivamente, em relação aos demais municípios da RI Guajará.
As medidas socioeducativas em meio aberto são de responsabilidade dos municípios,
enquanto que as medidas socioeducativas em meio fechado (Semiliberdade e Internação) são de
responsabilidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (FASEPA).
Gráfico 23 - Adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto
(LA ou PSC) atendidos pelo Sistema de Proteção Social Especial, por sexo
no Pará, por Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.
68
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

69
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

RESULTADO DAS AÇÕES DA FASEPA EM 2015

70
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3.2 A mulher

A mulher historicamente é vítima de violência causada principalmente pela concepção


do senso comum que a percebe como fator natural de estar em desvantagem em relação ao
homem. A violência de gênero vivenciada pela mulher caracteriza-se como qualquer tipo de
violação de direitos que se configure desvantagem e que a deixe vulnerável dentro de um
determinado contexto social.
No sentido de enfrentar a violência contra a mulher, em 2006, fora promulgada a Lei
Federal nº 11.340, mais conhecida como “Lei Maria da Penha”, estabelecendo mecanismos
que previnam e coíbam a violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como as
medidas de assistência e proteção às mulheres vítimas desse tipo de violência.
No ano de 2015, outro dispositivo legal surgiu para contribuir na prevenção da
violência contra a mulher: a Lei Federal nº 13.104/15, que altera o artigo 121 do Código
Penal, prevendo o Feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio,
assim como a inclusão do mesmo enquanto crime hediondo (alteração do art. 1º da Lei nº
8.072/90).
De acordo com a Tabela 14, no estado do Pará, apesar de a maioria da população ser
composta de pessoas da cor negra (pretos e pardos), a minoria populacional branca ainda
alcança níveis de instrução mais altos. Isso se confirma claramente entre as mulheres
paraenses, que apesar de possuírem níveis de escolaridade mais altos que os homens, ainda
espelham a injustiça racial, ao se identificar que o número de mulheres negras com nível
superior no Pará é em média 50% menor que o número de mulheres brancas.

Tabela 14 - Percentual de mulheres com 18 anos ou mais de idade, por escolaridade e


cor no estado do Pará, 2009/2011-2014
2009 2011 2012 2013 2014
Escolaridade
Branca Negra Branca Negra Branca Negra Branca Negra Branca Negra
Sem instrução 8,28 12,07 13,33 16,12 7,84 11,83 8,44 11,49 9,37 10,42
Fundamental incompleto ou
equivalente 33,56 39,58 25,05 32,35 28,24 36,55 26,18 34,36 26,30 34,96
Fundamental completo ou
equivalente 7,98 8,86 7,86 9,90 8,94 8,58 8,01 8,86 7,71 9,48
Médio incompleto ou
equivalente 7,76 9,06 7,31 7,92 6,87 8,35 8,02 8,30 7,70 8,88
Médio completo ou equivalente 27,42 23,26 30,24 25,08 30,09 24,90 30,76 27,17 31,21 27,13
Superior completo ou
equivalente 9,90 4,04 9,86 4,94 11,85 5,66 12,81 5,73 11,99 5,40
Superior incompleto ou
equivalente 5,10 2,69 6,34 3,43 6,16 3,80 5,78 3,58 5,72 3,48
Não determinado 0,00 0,45 0,00 0,25 0,00 0,33 0,00 0,51 0,00 0,26
Fonte: IBGE/PNAD, 2016.
71
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Elaboração: Fapespa, 2016.

4.3.2.1 Estatística de Atendimento às Mulheres vítimas de violência, pelo Sistema de


Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e
2015

Em 2014, de acordo com o Gráfico 24, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 1.277 casos de mulheres vítimas de violência
intrafamiliar (psicológica, física e/ou sexual). Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 30%
ocorreram na RI Tocantins, merecendo destaque o município de Abaetetuba, que registrou o
atendimento de 44,5% dessas ocorrências em relação aos demais municípios da referida RI.
Também conforme o Gráfico 24, em 2015, foram atendidos 1.134 casos, tendo a RI
Tocantins novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará
(31,8%) e o município de Abaetetuba, 50,4% dos casos em relação aos municípios desta RI.

Gráfico 24 - Mulheres adultas (18 a 59 anos) vítimas de violência intrafamiliar (física,


psicológica ou sexual) atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial
de Média Complexidade no estado do Pará, por Região de Integração,
2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

72
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3.3 O Idoso

A responsabilidade do cuidado do idoso pertence à família, sendo o papel do Estado


subsidiar a família quando a mesma não tem condições de fazê-lo. Objetivando garantir os
direitos dos idosos, em 1994, fora promulgada a Lei nº 8.842, que trouxe a Política Nacional
do Idoso, sendo esta regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96, tentando, assim, proporcionar
ao idoso a integração, a autonomia e a participação na família e na sociedade.

No art.3º desse Estatuto assegura prioridade aos idosos, desde o atendimento e


prioritariamente das condições de vida até a inviolabilidade física, psíquica e moral,
atendimento domiciliar dos cadastrados, fornecimento gratuito de medicamentos,
próteses e outros recursos da saúde. Criou oportunidades de acesso especial a
educação de terceira idade, aos avanços tecnológicos, universidade aberta e
profissionalização especial. Proíbe sua vitimização, em consequência a qualquer
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, maldade ou opressão
(SIMÕES, 2008, p. 352).

De acordo com as Tabelas 15, 16 e 17, no estado do Pará, observa-se que a população
idosa chefe de família é distribuída equanimemente quando desagregada por sexo, bem como
possui uma população de pessoas idosas chefes de famílias declaradas negras de quase quatro
vezes maior que as declaradas brancas, assim também como a maioria destas possui apenas o
ensino fundamental incompleto (49,6%).

Tabela 15 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família, por faixa etária e sexo no
Pará, 2014
Feminino Masculino Total
Faixa etária
Qtd. % Qtd. % Qtd. %
De 60 a 64 anos 40.859 30,3 64.214 34,3 105.073 32,6
De 65 a 69 anos 34.002 25,2 49.709 26,5 83.711 26
70anos ou mais 59.867 44,4 73.337 39,2 133.204 41,4

Total geral 134.728 100 187.260 100 321.988 100


Fonte: IBGE/PNAD, 2016.
Elaboração: FAPESPA, 2016.

73
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Tabela 16 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família com idades entre 60 e 69


anos, por escolaridade e sexo no Pará, 2014
Feminino Masculino Total
Escolaridade
Qtd. % Qtd. % Qtd. %
Sem instrução 61.047 27,7 68.531 31,1 129.578 29,4
Fundamental completo ou equivalente 11.078 5,0 7.507 3,4 18.585 4,2
Fundamental incompleto ou equivalente 101.978 46,3 116.362 52,8 218.340 49,6
Médio incompleto ou equivalente 3.572 1,6 - 0,0 3.572 0,8
Médio completo ou equivalente 30.505 13,9 19.787 9,0 50.292 11,4
Superior incompleto ou equivalente - 0,0 - 0,0 - 0,0
Superior completo ou equivalente 12.019 5,5 8.230 3,7 20.249 4,6
Total geral 220.199 100 220.417 100 440.616 100
Fonte: IBGE/PNAD, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

Tabela 17 - Distribuição de pessoas idosas chefes de família com idades entre 60 e 69


anos, por escolaridade e cor no Pará, 2014
Branco Negro Total
Escolaridade
Qtd. % Qtd. % Qtd. %
Sem instrução 22.106 24,1 107.472 30,8 129.578 29,4
Fundamental incompleto ou
equivalente 39.656 43,2 178.684 51,2 218.340 49,6
Fundamental completo ou equivalente 3.572 3,9 15.013 4,3 18.585 4,2
Médio incompleto ou equivalente - 0,0 3.572 1,0 3.572 0,8
Médio completo ou equivalente 16.098 17,6 34.194 9,8 50.292 11,4
Superior incompleto ou equivalente - 0,0 - 0,0 - 0,0
Superior completo ou equivalente 10.280 11,2 9.969 2,9 20.249 4,6
Total 91.712 100 348.904 100 440.616 100
Fonte: IBGE/PNAD, 2016.
Elaboração: Fapespa, 2016.

4.3.3.1 Estatísticas de Atendimento à Pessoa Idosa, pelo Sistema de Proteção Social


Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015

a. VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR (Física, Psicológica e/ou sexual).

O Ministério da Saúde (2001) define a violência intrafamiliar como toda ação ou


omissão que interfira no bem-estar, na integridade física, psicológica ou na liberdade e no
direito ao desenvolvimento de outro membro da família. Nesse sentido, tal violência é
contraditória visto que a família deveria ser o grupo social responsável pelo resguardo e
proteção da pessoa idosa nos termos da lei.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 25, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 584 casos de pessoas idosas vítimas de
violência intrafamiliar, sendo 47,3% de vítimas do sexo masculino contra 52,7% do sexo

74
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 20,7% ocorreram na RI Rio Capim.
Também merece destaque o município de Ponta de Pedras, da RI Marajó, que registrou o
atendimento de 9% dessas ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso
realizados nos municípios desta RI.
Ainda conforme o Gráfico 25, em 2015, foram atendidos 532 casos, tendo a RI Rio
Capim novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará (19%).
O município de Itaituba da RI Tapajós registrou o maior número de atendimentos desse tipo
de violência contra idosos do sexo masculino e o município de Cametá da RI Tocantins, o
maior número contra idosos do sexo feminino.

Gráfico 25 - Pessoas idosas vítimas de violência intrafamiliar (física, psicológica ou


sexual) atendidas pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média
Complexidade, por sexo no Pará, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

b. VÍTIMAS DE NEGLIGÊNCIA OU ABANDONO

Nos termos da Organização Mundial de Saúde (OMS), maus tratos e negligência são
uma ação única ou repetida, ou a ausência de uma ação devida, que causa angústia ou
sofrimento, e que ocorre em uma relação em que haja expectativa de confiança.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 26, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 884 casos de pessoas idosas vítimas de
75
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

negligência ou abandono, sendo 57% de vítimas do sexo masculino contra 43% do sexo
feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 16,5% ocorreram na RI Rio Capim.
Também merece destaque o município de Itaituba, da RI Tapajós, que registrou o atendimento
de 9% dessas ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados
nos municípios desta RI.
Ainda conforme o Gráfico 26, em 2015, foram atendidos 1.071 casos, tendo a RI
Tapajós registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará (18,9%). O
município de Itaituba registrou o maior número de atendimentos desse tipo de violência
contra idosos do sexo masculino e o município de Cametá, da RI Tocantins, o maior número
contra idosos do sexo feminino.

Gráfico 26 - Pessoas idosas vítimas de negligência ou abandono atendidas pelo Sistema


de Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo, no Pará,
2014 -2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

4.3.4 A pessoa com Deficiência

O artigo 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência define que
“pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as
demais pessoas”.

76
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

De acordo com a Tabela 18, no estado do Pará, em 2010, 1.790.289 pessoas


declararam possuir pelo menos uma das deficiências investigadas pelo Censo.

Tabela 18 - Pessoas com deficiência, por cor no Pará, 2010

Cor ou raça
Tipo de deficiência permanente Sem
Total Branca Preta Amarela Parda Indígena
declaração
Total População Residente 7.581.051 1.637.544 533.848 69.412 5.300.812 38.134 1.302
Pelo menos uma das deficiências 1.790.289 400.329 148.633 17.874 1.216.927 6.518 8
investigadas
Deficiência visual - não consegue de modo 15.459 4.025 1.289 68 10.010 67 -
algum
Deficiência visual - grande dificuldade 270.953 59.578 25.980 2.799 181.474 1.113 8
Deficiência visual - alguma dificuldade 1.169.644 259.334 95.565 11.603 799.480 3.663 -
Deficiência auditiva - não consegue de 11.284 2.403 927 73 7.861 20 -
modo algum
Deficiência auditiva - grande dificuldade 60.066 14.798 5.907 663 38.432 266 -

Deficiência auditiva - alguma dificuldade 297.723 66.535 26.575 2.978 200.150 1.485 -

Deficiência motora - não consegue de modo 21.239 5.872 1.486 97 13.762 22 -


algum
Deficiência motora - grande dificuldade 125.571 28.734 11.647 1.086 83.512 592 -

Deficiência motora - alguma dificuldade 344.442 74.701 30.185 3.211 234.442 1.903 -

Mental/intelectual 84.194 19.657 6.214 885 57.128 310 -

Nenhuma dessas deficiências 5.789.103 1.237.129 385.166 51.528 4.083.655 31.616 8

Sem declaração 1.659 86 49 10 229 - 1.285

Fonte: IBGE/ Censo, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

4.3.4.1 Estatísticas de Atendimento à Pessoa com Deficiência, pelo Sistema de Proteção


Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, 2014 e 2015

a. VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

Em 2014, de acordo com o Gráfico 27, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 330 casos de pessoas com deficiência vítimas
de violência intrafamiliar, sendo 61,2% de vítimas do sexo masculino contra 38,8% do sexo
feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 42,2% ocorreram na RI Rio Capim,
merecendo destaque o município de Concórdia do Pará, que registrou o atendimento de 36,7%
dessas ocorrências em relação aos demais municípios da referida RI.
Também conforme o Gráfico 27, em 2015, foram atendidos 261 casos, sendo 68,7%
de vítimas do sexo masculino contra 38,3% do sexo feminino, tendo a RI Rio Capim

77
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará (28%) e o


município de Cametá, da RI Tocantins, 42,4% dos casos em relação aos municípios de sua RI.

Gráfico 27 - Pessoas com deficiência vítimas de violência intrafamiliar atendidas pelo


Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade, por sexo, no
Pará, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

b. VÍTIMAS DE NEGLIGÊNCIA E ABANDONO

Em 2014, de acordo com o Gráfico 28, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 525 casos de pessoas com deficiência vítimas
de violência intrafamiliar, sendo 53,5% de vítimas do sexo masculino contra 46,5% do sexo
feminino. Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 25,5% ocorreram na RI Rio Capim.
Também mereceu destaque o município de Itaituba, da RI Tapajós, que registrou o
atendimento de 19,6% dessas ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de
caso realizados no estado do Pará.

78
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Ainda conforme o Gráfico 28, em 2015, foram atendidos 585 casos, sendo 55,7% de
vítimas do sexo masculino contra 43,2% do sexo feminino, tendo a RI Tapajós registrado o
maior número desses atendimentos no estado do Pará (37,3%). O município de Itaituba, da RI
Tapajós, registrou novamente o maior número de atendimentos desse tipo de violência contra
pessoas com deficiência, 35,9% em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso
realizados no estado do Pará.

Gráfico 28 - Pessoas com deficiência vítimas de negligência ou abandono atendidas pelo


Sistema de Proteção Social Especial, por sexo, no Pará, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

79
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

REDE DE ASSISTÊNCIA À PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO CENTRO INTEGRADO DE


INCLUSÃO E CIDADANIA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (CIIC/SEASTER)
O CIIC é um centro integrado, uma unidade especializada da Seaster, o qual conta os serviços das políticas
de Assistência Social (trabalho, emprego e renda; saúde e educação) voltadas à PCD, promovendo uma melhor
qualidade de vida, bem estar social e cidadania.
São atendidas pessoas com deficiência de todas as faixas etárias, por meio de demanda espontânea ou
encaminhamentos de outras.

Fonte: CIIC, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

 ACOLHIMENTO - Acolhe o usuário ao chegar ao centro, realizando a escuta para identificação das demandas.
Prestam as informações necessárias, orientações e encaminhamentos pertinentes ao caso;
 INFOCENTRO - Possibilita à PCD o acesso às tecnologias de informação, utilizando a infraestrutura do
programa “Navegapará”, com acesso à internet e equipamentos adaptados e acessíveis à pessoa com deficiência.
 QUADRA DE ESPORTE: Desenvolve atividades esportivas direcionadas à PCD, em parceria com instituições.
 SINE - Realiza a intermediação da mão de obra da pessoa com deficiência para o mercado de trabalho e atua na
sensibilização dos atores envolvidos, possibilitando a empregabilidade;
● CHEQUE MORADIA ESPECIAL - Visa proporcionar a melhoria habitacional à PCD garantindo reforma,
ampliação, construção e adaptação para melhor acessibilidade no ambiente da moradia;
● CILPA (Central de Interpretação de LIBRAS do Pará) - Oferece serviços especializados em tradução e
interpretação de LIBRAS, com intérpretes para acompanhamento de pessoas surdas ou com deficiência auditiva
em serviços públicos previamente agendados;
● CONSELHOS DE DIREITOS: Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CEDPD) e
Conselho Estadual dos direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA);
 SESPA: Presta serviço odontológico especializado à PCD e possui equipe multiprofissional, composta por
médico geral, psicólogo, fonoaudiólogo, enfermeiro, farmacêutico, psiquiatra e assistente social;
 SEDUC/COEES (Coordenadoria de Educação Especial) - promove ações para o acesso e permanência da PCD
no sistema regular de ensino público, por meio do Núcleo de Avaliação Educacional Especializada (NAEE), que
identifica os fatores que interferem no processo ensino-aprendizagem, com a avaliação educacional e pelo
Programa Educacional de Inclusão Profissional (PROEINP), que promove a inclusão dos alunos com deficiência,
Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), Transtorno do Espectro Autismo (TEA) e Altas
Habilidades/Superdotação (AH/S) no mercado de trabalho.

80
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Figura 10 - Estatísticas de atendimento dos usuários do CIIC no estado do Pará, 2015

TIPOLOGIA DE DEFICIÊNCIAS DOS USUÁRIOS DO CIIC


Múltiplas
Auditiva
CADASTRO DE USUÁRIOS POR ANO
2%
Intelectual 17%
24%
Visual 471 490 439
10% 275
Física
47%
2016 2015 2014 2013

FAIXA ETÁRIA DOS USUÁRIOS DO CIIC


60 anos em
diante 0 a 12 anos
PARTICIPAÇÃO DO CIIC EM BENEFÍCIO DO INSS 2% 18%
13 a 18 anos
9%
Pensão
Outros
Aposentadoria 1%
6%
por tempo de
contribuição 19 a 59 anos
7% 71%

RENDA FAMILIAR DE USUÁRIOS DO CIIC


BPC
86% Acima de Inferior a
3(três) Sem
3(três) Não tem 1(um) salário
salários renda Informações
Ens. 1% mínimo
GRAU DE ESCOLARIDADE DO USUÁRIO DO CIIC mínimos 1% 3%
Superior 2% 7%
/completo Não
1% Ens. Superior alfabetizado
/incompleto 18% 2(dois)
Ens. Médio 3% salários
/incompleto Ed Infantil
mínimos
11% 3%
Ens. 13%
Fundamental
/completo 1(um) salário
6% mínimo
Ens. Médio
/completo 73%
28%
Ens.
Fundamental
/incompleto USUÁRIOS DO CIIC POR SEXO:
30% Feminino
39%
Masculino
61%

Fonte: CIIC, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

81
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

4.3.5 Adultos e Famílias em situação de risco (migração, situação de rua, tráfico de


pessoas, vítimas de discriminação racial e de gênero)

4.3.5.1 Estatísticas de Atendimento aos adultos e famílias em situação de risco social,


pelo Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do
Pará, 2014 e 2015

MIGRANTES EM SITUAÇÃO DE RISCO SOCIAL


Os serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidades destinados
aos migrantes poderão ser executados pelos municípios, devendo possuir estrutura física
adequada, incluindo acessibilidade para os deficientes, favorecer a reinserção social e familiar
ao migrante e disponibilizar o acolhimento, a concessão de passe nos transportes rodoviário e
ferroviário e a oferta de albergues, alimentação, higienização e vestuário.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 29, o Sistema de Proteção Social Especial no
estado do Pará atendeu 242 casos de migrantes em situação de risco social, sendo que 36,4%
ocorreram na RI Rio Capim. Também mereceu destaque o município de Castanhal, da RI
Guamá, que registrou o atendimento de 23,5% dessas ocorrências em relação a todos os
atendimentos desse tipo de caso realizados no estado do Pará.
Conforme também o Gráfico 29, em 2015, foram atendidos 484 casos, tendo a RI Rio
Capim registrado novamente o maior número desses atendimentos no estado do Pará (47%).
O município de Castanhal, da RI Guamá, desta vez registrou o segundo maior número de
atendimentos desse tipo de situação de risco social, 22% em relação a todos os atendimentos
desse tipo de caso realizados no estado do Pará, perdendo apenas para o município de
Paragominas, da RI Rio Capim, que registrou 23% desses atendimentos.

82
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Gráfico 29 - Migrantes em situação de risco social atendidos pelo Sistema de Proteção


Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, por Região de
Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

a. PESSOAS VÍTIMAS DE TRÁFICOS DE SERES HUMANOS


Tráfico de Pessoas é o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de
exploração, que incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou
outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou
práticas similares à escravatura, à servidão ou à remoção de órgãos (PROTOCOLO
DE PALERMO, 2000).

Em 2014, de acordo com o Gráfico 30, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 44 casos de pessoas vítimas de tráfico de
seres humanos, sendo 59,1% de vítimas do sexo masculino contra 40,9% do sexo feminino.
Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 38,6% ocorreram na RI Rio Capim, merecendo
destaque o município de Concórdia do Pará desta RI, que registrou o atendimento de 22,7%
dessas ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados no estado
do Pará.
Também conforme o Gráfico 30, em 2015, foram atendidos 47 casos, sendo 74,5% de
vítimas do sexo masculino contra 25,5% do sexo feminino, tendo a RI Tapajós registrado o

83
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

maior número desses atendimentos no estado do Pará (63,8%). O município de Itaituba, da RI


Tapajós, registrou o maior número de atendimentos desse tipo de violação de direitos, 61,7%
em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados no estado do Pará.

Gráfico 30 - Pessoas vítimas de tráficos de seres humanos atendidas pelo Sistema de


Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do Pará, por
Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

b. PESSOAS VÍTIMAS DE DISCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL

A violência baseada em gênero [...] é especialmente grave quando combinada com a


discriminação baseada na orientação sexual ou na mudança da identidade de gênero.
A violência contra minorias sexuais está aumentando, e é importante assumir o
desafio do que pode ser considerada a última fronteira dos direitos humanos
(Apresentação do relatório do relator especial da ONU sobre a violência contra as
mulheres, 10/04/2002).

Em 2014, de acordo com o Gráfico 31, o Sistema de Proteção Social Especial de


Média Complexidade no estado do Pará atendeu 107 casos de pessoas vítimas de
discriminação por orientação sexual, sendo que 38,3% ocorreram na RI Rio Capim,
merecendo destaque o município de Concórdia do Pará desta RI, que registrou o atendimento

84
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

de 24,3% dessas ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados
no estado do Pará.
Também conforme o Gráfico 31, em 2015, foram atendidos 54 casos, tendo a RI Rio
Capim novamente registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará (27,8%).
O município de Concórdia do Pará registrou o maior número de atendimentos desse tipo de
violação de direitos, 13% em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados no
estado do Pará.

Gráfico 31 - Pessoas vítimas de discriminação por orientação sexual atendidas pelo


Sistema de Proteção Social Especial de Média Complexidade no estado do
Pará, por Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

c. PESSOAS ADULTAS EM SITUAÇÃO DE RUA

O conceito jurídico de população em situação de rua no Brasil fora estabelecido pelo


Decreto Federal nº 7.053/2009:
Art. 1.º Fica instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua, a
ser implementada de acordo com os princípios, diretrizes e objetivos previstos neste
Decreto. Parágrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se população em
situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza
extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de
moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas
degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou
permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou
como moradia provisória.
85
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Portanto, o Estado tem a responsabilidade de realizar políticas públicas que incluam as


pessoas que estão em situação de rua, no sentido de promover o “mínimo existencial”,
provendo saúde, educação, habitação, proteção à família e assistência social.
Em 2014, de acordo com o Gráfico 32, o Sistema de Proteção Social Especial de
Média Complexidade no estado do Pará atendeu 157 casos de pessoas adultas em situação de
rua, sendo 72,6% de pessoas adultas do sexo masculino contra 27,4% do sexo feminino.
Ressalta-se que, dentre os casos atendidos, 24,8% ocorreram na RI Guamá, merecendo
destaque o município de Castanhal desta RI, que registrou o atendimento de 24,8% dessas
ocorrências em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados no estado do
Pará.
Também conforme o Gráfico 32, em 2015, foram atendidos 103 casos, sendo 79,6%
de pessoas adultas do sexo masculino contra 20,4% do sexo feminino, tendo a RI Guajará
registrado o maior número desses atendimentos no estado do Pará (20,4%). O município de
Belém, pertencente a esta RI, registrou o maior número de atendimentos desse tipo de
violação de direitos, 13,6% em relação a todos os atendimentos desse tipo de caso realizados
no estado do Pará.

Gráfico 32 - Pessoas em situação de rua atendidas pelo Sistema de Proteção Social


Especial no estado do Pará, por Região de Integração, 2014-2015

Fonte: Seaster/RMA, 2016.


Elaboração: Fapespa, 2016.

86
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

Vigilância Socioassistencial - Processos de Planejamento, Monitoramento e Avaliação


A Vigilância Socioassistencial é apresentada tanto na Política Nacional de Assistência
Social - PNAS/2004, quanto na Norma Operacional Básica de Assistência Social – NOB/2005,
como uma das funções da Assistência Social ao lado da Proteção Social hierarquizada em
Proteção Social Básica e Proteção Social Especial e Defesa dos Direitos Socioassistenciais,
caracterizando-se por sua relevância na elaboração, planejamento e monitoramento da política de
Assistência Social.

Segundo a Norma Operacional Básica - 2012, regulada pela resolução nº 33 do Conselho


Nacional de Assistência Social - CNAS, a Vigilância Socioassistencial deve ser realizada por
intermédio da produção, sistematização, análise e disseminação de informações territorializadas, e
trata das situações de vulnerabilidade e risco que incidem sobre famílias e indivíduos e dos
eventos de violação de direitos em determinados territórios; do tipo, volume e padrões de
qualidade dos serviços ofertados pela rede socioassistencial, se caracterizando como uma
importante ferramenta de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS.

Assim, a Vigilância socioassistencial é assumida como função preventiva, antecipadora


da ocorrência de riscos e vulnerabilidades sociais, pela produção de estudos, pesquisas,
diagnósticos sociais, indicadores e índices para identificar situações de exclusão social e, como
decorrência, produzir sistemas de informações, mapeados e subsídios para orientar o
planejamento da ação, além de garantir a cobertura e a qualidade dos serviços, organizando a
proteção social no território.

Figura A - Principais instrumentos utilizados pela Vigilância Socioassistencial (MDS,2014).

CadSuas

CadÚnico Censo
CECAD SUAS

RMA:
Prontuário
CRAS
SUAS
Vigilância CREAS
Socioassistêncial

IDV Outras
Fontes

MI - SAGI
SUAS WEB
RI -SAGI

Fonte: MDS-2014, 2016.

87
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

REFERÊNCIAS

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Paulo: Cortez, 2008.

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Criança e do Adolescente (CONANDA). Sistema nacional de atendimento socioeducativo.
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_______. Congresso. Senado. Resolução n. 145/04. Política Nacional de Assistência Social –


PNAS. Brasília: MDS/CNAS, nov. 2005;

________. Congresso. Senado. Portaria Interministerial nº 18, de 26 de abril de 2007. Cria o


Programa de Acompanhamento e Monitoramento do Acesso e Permanência na Escola das
Pessoas com Deficiência Beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada da Assistência
Social - BPC/LOAS, com prioridade para aquelas na faixa etária de zero a dezoito anos.
Diário Oficial da União (D.O.U), Brasília, DF, 26 abril 2007.
________. Congresso. Senado. Portaria nº 303, de 8 de Novembro de 2011. Estabelece o
cofinanciamento dos serviços de proteção social básica e ações executados por equipe volante
do Centro de Referência de Assistência Social - CRAS por meio do Piso Básico Variável.
Diário Oficial da União (D.O.U), Brasília, DF, 10 nov. 2011.
_______. Congresso. Senado. Resolução CIT nº 01, de 07 de fevereiro de 2013. Dispõe sobre
o reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV, no âmbito
do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, pactua os critérios de partilha do
cofinanciamento federal, metas de atendimento do público prioritário e, dá outras
providências. Diário Oficial da União (D.O.U), Brasília, DF, 26 fev. 2013.
________. Congresso. Senado. Resolução CIT nº 07, de 10 de Setembro de 2009. Dispõe
sobre os procedimentos para a gestão integrada dos serviços, benefícios socioassistenciais e
transferências de renda para o atendimento de indivíduos e de famílias beneficiárias do PBF,
PETI, BPC e benefícios eventuais, no âmbito do SUAS.
________. Congresso. Senado. Resolução CIT nº 6, de 31 de agosto de 2011. Pactua critérios
e procedimentos das expansões 2011 do cofinanciamento federal do Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família-PAIF e de Serviços de Proteção Social Básica e Ações
executados por Equipes Volantes, no âmbito do Distrito Federal e Municípios. Diário Oficial
da União (D.O.U), Brasília, DF, 07 out. 2011.

________. Congresso. Senado. Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova


a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Diário Oficial da União (D.O.U) )
Brasília, DF, 25 nov. 2009.

________. Congresso. Senado. Resolução nº 130, de 15 de julho de 2005. Aprova a Norma


Operacional Básica da Assistência Social – NOB/SUAS. Diário Oficial da União (D.O.U)
Brasília, DF, 25 jul. 2015.

88
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

________. Congresso. Senado. Resolução nº 17, de 20 de junho de 2011. Ratifica a equipe de


referência definida pela Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único
de Assistência Social – NOB-RH/SUAS e Reconhece as categorias profissionais de nível
superior para atender as especificidades dos serviços socioassistenciais e das funções
essenciais de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Diário Oficial da
União (D.O.U), Brasília, DF, 21 jun. 2011.

________. Congresso. Senado. Resolução nº 26, de 16 de setembro de 2011. Aprova os


critérios para expansão 2011 do cofinanciamento federal, nos serviços de proteção social
básica, apresentados pela SNAS. Diário Oficial da União (D.O.U) Brasília, DF, 19 set.
2011.

_______. Consolidação das leis do trabalho e constituição federal. 36. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.

_______. Congresso. Senado. Resolução n. 109, Tipificação nacional de serviços


socioassistenciais. de 11 de novembro de 2009. Brasília: MDS/CNAS, 2009.

________. Constituição Federal (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/


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CENTRO de Estudos de Cultura Contemporânea São Paulo (CEDEC). Disponível
em: <www.cedec.org.br>. Acesso em: 06 jun. 2016

_______. Decreto 5016 de 12 de Março de 2014. Promulga o protocolo adicional a


Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado internacional relativo ao combate
ao tráfico de migrantes por via terrestre, marítima e aérea. Diário Oficial, Brasília, DF,
12/03/2004. P.08. Col.1.

_______. Decreto Presidencial n° 7.053, de 23 de Dezembro de 2009. Institui a Política


Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, Seção 1, 24 dez. 2009. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm. Acesso em:
14/06/2016.

_______. Decreto n° 6949 de 25 de agosto 2009. Promulga a Convenção Internacional


sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em
Nova York, em 30 de março de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/ d6949.htm. Acesso em: 14 jun. 2016;

_______. Estatuto da Criança e Adolescente. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília,


1990.

_______. Lei nº 10.836, de 9 de janeiro de 2004. Cria o Programa Bolsa Família e dá outras
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(LOAS). Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Diário
Oficial da União (D.O.U), Brasília, DF, 8. dez.1993.

89
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

________. Lei nº 6.831, de 13 de fevereiro de 2006. Cria o Fundo de Apoio ao Registro Civil
do Estado do Pará e dá outras providências. D.O.E Nº 30.624, de 15/02/2006. Alterada pela
Lei estadual Nº 6. 919 de 19 de outubro de 2006. Dispõe sobre a criação do Sistema Estadual
Integrado de Registro Civil do Estado do Pará e dá outras providências. Diário Oficial do
Estado do Pará (D.O.E), 24 out. 2006.

________. Lei nº 7.776 de 23 de dezembro de 2013. Institui o Programa CHEQUE


MORADIA, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Pará (D.O.E), Brasília,
DF, 26 dez. 2013.
________. Lei nº 7.789, de 9 de janeiro de 2014. Institui a concessão de benefícios eventuais
em decorrência de situação de vulnerabilidade temporária, de calamidade pública e de
situação de emergência, nos termos da Lei Federal nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Lei
Orgânica da Assistência Social, no âmbito do Estado do Pará. Diário Oficial do Estado do
Pará (D.O.E), Brasília, DF, 10 jan. 2013.
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doméstica e familiar contra a mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às
mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm . Acesso em: 14
jun. 2016.

_______. Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância
qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, para
incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm. Acesso em : 14
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_______. Lei nº. 8.842, de 5 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a


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República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 5 jan. 1994.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03leis/L8842.htm. Acesso em: 14 jun.
2016.

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90
ANUÁRIO DE ASSITÊNCIA SOCIAL
NO ESTADO DO PARÁ 2016

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). As Entidades de


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Sociais, Rio de janeiro: IBGE, 2015. 60 p.

LACHARITÉ, C., FAFARD, G., BOURASSA, L., et al. (2005). Programme d’aide
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