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Catolicismo
O catolicismo tem sido a principal religião do Brasil desde o século XVI. Ela foi introduzida por
missionários que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses nas terras do
país recém-descoberto. O Brasil é considerado o maior país do mundo em número de católicos
nominais, sua hegemonia deve ser relativizada devido ao grande sincretismo religioso existente
no país. Entre as tradições populares do catolicismo no Brasil, está à peregrinação à Igreja de
Nossa Senhora Aparecida. Nossa Senhora Aparecida acabou por tornar-se a Padroeira do Brasil.
Outras festas católicas importantes são o Círio de Nazaré, Festa do Divino e a Festa do Divino Pai
Eterno, mais conhecida como Romaria de Trindade, em Goiás. No transcorrer do século XX, foi
diminuindo o interesse pelas formas tradicionais de religiosidade no país. Um reflexo disso é o
grande número de pessoas que se intitulam católicos não-praticantes.
Kardecismo
No Brasil, as idéias que darão origem ao espiritismo remontam às primeiras experiências com o
chamado "fluido vital" (magnetismo animal, mesmerismo) por parte dos praticantes
da homeopatia, nomeadamente os médicos Benoît Jules Mure, natural de França, e João
Vicente Martins, de Portugal, que chegaram ao país em 1840 e o aplicavam em seus
clientes. Entre as personalidades que se interessaram pelo estudo do "fluido vital" destacam-
se José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência, também cultor da
homeopatia, e Mariano José Pereira da Fonseca (Marquês de Maricá), que, em 1844, publicou
uma obra com ensinamentos de fundo espírita. O grupo mais antigo desses estudiosos e
praticantes constituiu-se no Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, em torno da
figura do médico e historiador Alexandre José de Mello Moraes, sendo integrado por Pedro de
Araújo Lima (Marquês de Olinda), Bernardo José da Gama (Visconde de Goiana), José Cesário de
Miranda Ribeiro (Visconde de Uberaba) e outros vultos do Segundo Reinado.
Cultos Afro-Brasileiros
Em quatros séculos de tráfico negreiro, cerca de 3,5 milhões de africanos aportaram no Brasil na
condição de escravos, o equivalente a 37% do total do continente americano. Eles eram de
diversas etnias: iorubás, fons, mahis, hauçás, éwés, ashantis, congos, quimbundos, umbundos,
macuas, lundas e diversos outros povos, cada qual com sua própria religião e cosmogonia.
As religiões afro-brasileiras formaram-se em diferentes regiões e estados do Brasil e em
diferentes momentos da nossa história. Por isso, elas adotam não só diferentes formas rituais e
diferentes versões mitológicas derivadas de tradições africanas diversificadas, como também
adotam nome próprio diferente.
Além disso, as religiões tradicionais africanas, bem como o islamismo dos chamados malês
[como os mahis (Jordânia), hauçás (Norte da Nigéria) e os Mandingas (Guiné)] entraram em
contato e absorveram maiores ou menores quantidades de elementos de religiões indígenas,
do Catolicismo e, mais recentemente, da Doutrina Espírita.
Entretanto, podem ser estabelecidas duas linhas principais de religiões africanas que tiveram
maior influência no Brasil:
Outra vertente forte e muito conhecida é a Barquinha. Foi instituída em 1945 pelo negro
maranhense, Daniel Pereira de Matos, o qual nasceu em 1888 e foi grumete da Marinha. Ao
deixar a corporação como sargento, permaneceu em Rio Branco como barbeiro. Na metade da
década de 1930, Daniel esteve doente do fígado e foi amparado por seu amigo e também
maranhense Raimundo Irineu Serra, fundador do Santo Daime.
Daniel passou a seguir os trabalhos espirituais de Irineu. Após algum tempo teve uma visão
revelatória de anjos que baixavam do céu trazendo-lhe um livro. Tal visão é usada por Irineu
para impulsionar Daniel a iniciar o próprio trabalho espiritual. Em 1945 este último ganhou um
terreno dentro de um antigo seringal, no que hoje é o bairro da Vila Ivonete, e Irineu lhe
abasteceu com o Daime, que é o nome dado à ayahuasca nestas tradições.
Em 1957, Francisca Campos do Nascimento, pouco depois do parto de sua terceira filha, buscou
o auxílio de Daniel para tentar resolver um problema de saúde. Ela possuía o corpo coberto de
feridas, e os médicos não logravam diagnosticar e nem tratar o problema. Daniel começou a
cuidar de dona Francisca, que anunciou que, se ficasse curada, consagraria sua vida à doutrina
de Daniel.
Em 1958 Daniel morreu, porém, Francisca, cumprindo sua promessa, segue até os dias de hoje
dentro da Barquinha. Em 1991 ela deixou o centro original da Barquinha e abriu sua própria
igreja, o “Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte”. Esse príncipe é o espírito de um
encanto, um ser espiritual que tem mais de uma forma: no mar ele é um peixe-espada, o
“Príncipe Espadarte”; na terra, o “Soldado Guerreiro Dom Simeão”. Os encantos ou encantados
são temas de cultos em todo o Norte e Nordeste do Brasil, em muitas religiões que têm
influência afro e indígena.
Catimbó de Jurema
O termo "Catimbó" , nas línguas Tupi e Guarani, significa respectivamente "fumaça de mato" e
"vapor de erva".
A expressão faz referência a antigas práticas mágico-medicinais e marciais em que, com fumaça
de Tabaco e/ou outras ervas, pajés Tupi-guarani realizavam rituais de cura - assim como
buscavam preencher os guerreiros de determinadas tribos com o que chamavam "Espírito da
Força" (lembremos que, além dos Tupis e Guarani, diversos grupos ameríndios consideram o
Tabaco uma planta sagrada, intimamente ligada à espiritualidade e a medicina).
A ligação com o espiritual é feita através de incorporação, onde –se cantam “linhos” (ponto
cantado) e tem-se o uso ritualístico do cachimbo e do maracá.
Atualmente, a expressão "Catimbó" é um dos nomes que identificam um conjunto específico de
atividades cultuais e mágico-religiosas, além de aspectos míticos, cosmológicos e teológicos
originários dos nativos da Região Nordeste do Brasil - elementos que compõem o que alguns
pesquisadores consideram ser uma das mais antigas religiões brasileiras: o também chamado
"Catimbó-Jurema", "Jurema", "Jurema Sagrada" e "Culto aos Senhores Mestres".
Cabula
Cabula é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita afro-brasileira surgida no final
do século XIX, de caráter secreto, sincretizadora de leque malês, bantos e espíritas.
Cabula é também o nome de um bairro de Salvador que teve origem no quilombo do Cabula,
[1]
onde negros de origem bakongos e angola praticavam uma dança de caráter ritual, ao ritmo
de um toque de percussão religioso, denominada kabula, que deu origem ao nome do bairro.
A cabula é classificada como candomblé de caboclo, uma modalidade derivada da nação angola
que incorporou o culto dos antepassados indígenas e é considerada como precursora
da Umbanda. Essa vertente desenvolveu-se principalmente nos estados da Bahia, Espírito
Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Tambor de Mina
Tambor de Mina é a denominação mais difundida das religiões Afro-Brasileiras no Maranhão,
Piauí, Pará e na Amazônia. A palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais
de culto. Mina deriva de negro-mina, de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos
procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger, 1987: 12) , no
atual República do Gana, trazidos da região das hoje Repúblicas do Togo, Benin e da Nigéria, que
eram conhecidos principalmente como negros mina-jejes e mina-nagôs.
O Maranhão foi importante núcleo atração de mão de obra africana, sobretudo durante o
último século do tráfico de escravos para o Brasil (1750-1850), e que se concentrou na Capital,
no Vale do Itapecuru e na Baixada Maranhense, regiões onde havia grandes plantações de
algodão e cana-de-açúcar, que contribuíram para tornar São Luís e Alcântara cidades famosas
entre outros aspectos, pela grandiosidade dos sobradões coloniais, construídos com mão de
obra escrava e pela harmonia, beleza e coreografia das músicas de origem africana.
Como as demais religiões de origem africana no Brasil (Candomblé, Xangô, Xambá, Batuque,
Toré, Jarê e outras), o tambor de mina se caracteriza por ser religião iniciática e de transe ou
possessão. No tambor de mina mais tradicional a iniciação é demorada, não havendo cerimônias
públicas de saída, sendo realizada com grande discrição no recinto dos terreiros e poucas
pessoas recebem os graus mais elevados ou a iniciação completa.
A discrição no transe e no comportamento em geral é uma característica marcante do tambor
de mina, considerado por muitos como uma maçonaria de negros, pois apresenta
características de sociedades secretas. Nos recintos mais sagrados do culto (peji em nagô,
ou côme em jeje), penetram apenas os iniciados mais graduados.
O transe no tambor de mina é muito discreto e às vezes percebível apenas por pequenos
detalhes da vestimenta. Em muitas casas, no início do transe, a entidade dá muitas voltas ao
redor de si mesmo, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, talvez para firmar o transe,
numa dança de bonito efeito visual. Normalmente a pessoa quando entra em transe recebe um
símbolo, como uma toalha branca amarrada na cintura ou um lenço, denominado pana,
enrolado na mão ou no braço.
No Tambor de Mina, cerca de noventa por cento dos participantes do culto são do sexo
feminino e por isso, alguns falam num matriarcado nesta religião. Os homens desempenham
principalmente a função de tocadores de tambores, isto é, abatás, daí a definição abatazeiros,
também se encarregam de certas atividades do culto, como matança de animais de 4 patas e do
transporte de certas obrigações para o local em que devem ser depositados. Algumas casas são
dirigidas por homens e possuem maior presença de homens, que podem ser encontrados
inclusive entrando em transe e sendo possuído por uma entidade.
Existem dois modelos principais de tambor de mina no Maranhão: o jeje e o nagô. O primeiro
parece ser o mais antigo e se estabeleceu em torno da Casa Grande das Minas Jeje, mais
conhecida como Casa das Minas (Querebentã de Tói Zomadônu), o terreiro mais antigo, que
deve ter sido fundado em São Luís na década de 1840. O outro, que lhe é quase contemporâneo
e que também se continua até hoje se estabeleceu em torno da Casa de Nagô. A Casa das Minas
e a Casa de Nagô localizam-se no mesmo bairro (São Pantaleão) a uma quadra de distância.
A Casa das Minas é única, não possui casas que lhe sejam filiadas, daí porque nenhuma outra
siga completamente seu estilo. Nesta casa os cânticos são em língua jeje (Ewê-Fon) e só se
recebem divindades denominadas de voduns, mas apesar dela não ter casas filiadas, o modelo
do culto do Tambor de Mina é grandemente influenciado pela Casa das Minas.
Nos terreiros de Tambor de Mina é comum a realização de festas e folguedos da cultura popular
maranhense que às vezes são solicitadas por entidades espirituais que gostam delas, como a
do Festa do Divino Espírito Santo, o Bumba-meu-boi, o Tambor de Crioula e outras. É comum
também outros grupos que organizam tais atividades irem dançar nos terreiros de mina para
homenagear o dono da casa, as vodúnsis e para pedir proteção às entidades espirituais para
suas brincadeiras. Sérgio Ferretti: "No Tambor de mina do Maranhão pouco se fala
em Oxum, Oiá e Obá, conhecidas nos terreiros influenciados pelo candomblé. Os orixás e
voduns se agrupam em famílias ou panteões."
Na Mina há festas especiais para voduns, gentis e caboclos, sendo que de acordo com o
desenvolver do culto mudam-se os toques e os cânticos também, dependendo da família ou
linha de entidades que se queira homenagear. Os voduns são as entidades superiores no culto e
tudo começa e termina com eles, entretanto, convivem e podem ser celebrados juntamente
com gentis ou caboclos (encantados), porém as festas em homenagens aos encantados
geralmente ocorrem em separado.
A riqueza do culto e sua peculiaridade pode ser observada na liturgia, nos instrumentos, nos
trajes, no comportamento das entidades e nos cânticos em língua jeje ou nagô, isto é, num jeje
(fon) intraduzível, deturpado naturalmente no decorrer de séculos. Além dos cânticos
tradicionais entoados aos voduns, cantam-se várias 'doutrinas' em português e ladainhas em
latim, isto se deve ao fato de que o tambor-de-mina, com exceção da Casa das Minas, ser um
mixto de elementos nagôs (yorubás), jeje (ewe-fon), fanti-ashanti, ketu, agrono
ou cambinda (angola-congo), indígenas e europeus (catolicismo romano). Por essa riqueza
cultural e pelo próprio sincretismo presente no culto, estes elementos convivem de forma
harmônica, sendo quase impossível separar do Tambor-de-Mina, o catolicismo popular, o
folclore local e a Encantaria, já que, nesta acepção em especial, a maioria das casas de culto
dedica-se também à Cura ou Pajelança.
Entretanto, o que de fato vem descaracterizando o Tambor de Mina, é a influência direta ou
indireta de denominações não originárias do Maranhão, como a Umbanda e o Candomblé
exercida sobre muitos líderes de terreiros maranhenses, notória no usos de alguns vocábulos,
práticas, rituais e paramentos próprios do candomblé ou da umbanda, porém totalmente
alheios à Mina e que leva a que o culto seja, de maneira errônea e apressada, considerado como
uma nação do Candomblé ou uma variedade da Umbanda
Terecô
Terecô é a denominação de uma das religiões afro-brasileiras das cidades de Codó no
Maranhão e Teresina no Piauí, derivada do Tambor-de-mina semelhante ao Candomblé.
Os sacerdotes desempenham funções de rezadores e curandeiros, tipificados de origem
indígena, cultuam cablocos,e integram elementos de tradição religiosas africanas.
O terreiro é o espaço (privado) aberto em frente ou ao lado da casa, destinado a realização de
danças ao ar livre, em oposição a rua e salão. Algumas das entidades são a Seu Légua Boji Pedro
Angassu, Tói Averequête, Jagorobossú, Rei Cacamador, Nochê Sobô Babadi, Tói Zomadônu, Seu
João da Mata, e Colimaneiro de Amaceda.
Umbanda
Em 1908, uma família tradicional de Neves, bairro de São Gonçalo – RJ, foi surpreendida por um
fato que para eles era sobrenatural. O menino Zélio Fernandino de Moraes, então com 17 anos,
havia concluído o que conhecemos hoje como Ensino Médio e preparava-se para ingressar na
Escola Naval quando fatos estranhos modificaram o cotidiano daquela família.
Zélio era acometido por surtos, alguns momentos ele assumia a postura de um velho, com fala
mansa e um sotaque bem diferente da sua região. Às vezes sua forma física lembrava um felino
lépido e desembaraçado que parecia conhecer todos os segredos da natureza, os animais e as
plantas. Este fato deixou seus pais com uma preocupação absurda, a família recorreu então a
um psiquiatra Epaminondas de Moraes, que era tio do Zélio e o atendeu na “Colônia dos
Alienados” (hospício).
Após vários dias de observação chega-se a conclusão que os sintomas de Zélio não se
encontram em nenhuma literatura médica da época. Então foram comunicado a seus pais que o
quadro de “loucura” era desconhecido e sugere-se que encaminhem Zélio a um Padre pois ele
aparentava estar possuído por algo demoníaco. Por vias do destino Zélio também possuía um tio
que era Padre ordenado, que tenta realizar um exorcismo para resolver essa situação incômoda.
No entanto, nem esse, nem outros dois exorcismos com a presença de outros padres
conseguiram tranqüilidade a família de Zélio.
Passadas algumas semanas, Zélio foi acometido por uma paralisia parcial que os médicos não
entendiam nem conseguiram diagnosticar. Passado um tempo, certo dia Zélio se levanta e diz
“amanhã estarei completamente curado”. No dia seguinte voltou a andar como se nada tivesse
acontecido. A mãe de Zélio Dona Leonor de Moraes, o levou a uma famosa rezadeira negra que
se chamava Eva e incorporava um preto velho chamado de Tio Antonio, essa entidade
conversou com Zélio e lhe disse que o espírito que o acompanhava era muito forte. Após
algumas rezas Tio Antonio disse que era irmão de Pai Antonio, que viria a trabalhar
mediunicamente com ele na prática da caridade. Tudo isso aconteceu em 14/11/1908, por isso
para Zélio essa data é o dia da fundação da Umbanda.
O pai de Zélio Senhor Joaquim Fernandino Costa, não freqüentava centros espíritas, porém era
um leitor assíduo de obras literárias espíritas e no dia 15/11/1908, por sugestão de um amigo,
levou Zélio até a Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, fundada em 30/05/1907 e
presidida por José de Souza que era chefe de Departamento na Marinha Brasileira.
Zélio então foi conduzido a uma mesa e sentiu uma força estranha, alheia a sua vontade e
contrariando as ordens e normas que impediam o afastamento dos componentes da mesa,
levantou-se e disse “Aqui esta faltando uma flor”. Saiu da sala, foi ao quintal e retornando com
uma rosa branca, pegou o copo de água que haviam deixado em sua frente, colocou a rosa
dentro e posicionou-a ao centro da mesa. Foi criticado pelos participantes da mesa causando
um grande tumulto entre eles, pois sua atitude causou diversas e surpreendentes manifestações
de caboclos e pretos velhos. O diretor que comandava a mesa advertiu essas entidades com
veemência dizendo que elas eram entidades atrasadas espiritualmente e deveriam se retirar.
Novamente uma estranha forca dominou Zélio e ele perguntou sem saber o que dizia, ouvindo
apenas sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não
aceitarem a presença daqueles espíritos e porque os considerava atrasados apenas pela
diferença de cor, instrução ou classe social que revelavam. Após caloroso diálogo, os dirigentes
tentaram “doutrinar” e afastar aquele espírito desconhecido que desenvolvia uma
fundamentada argumentação.
José de Souza era um médium dotado de uma clarividência exímia, e por isso questionava a
entidade que estava incorporada em Zélio, pois estava claro para ele que era um Padre Jesuíta
que vos falava e perguntou seu nome. Após citar que via claramente um Padre Jesuíta dá-se
inicio ao seguinte debate:
Espírito: “Se julgam atrasados os espíritos dos pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na
casa deste aparelho, para dar inicio a um culto onde esses negros e índios poderão dar sua
mensagem e, assim cumprir a sua missão que o plano espiritual os confiou. Será uma religião
que falará os humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos
encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das 7
Encruzilhadas, porque para mim não existirão caminhos fechados. Venho trazer a ALABANDA,
uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos tempos.”
Sr. José: “Você se identifica como caboclo, mas eu vejo em você restos de vestes clericais.”
Espírito: “O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre Jesuita. Mas,
em minha ultima existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo
brasileiro”
A conversa continuou, o caboclo fez diversas revelações sobre o destino da humanidade e com o
desenrolar do tempo e da historia ficaram comprovadas: as duas guerras mundiais, as bombas
em Hiroshima e Nagasaki e o desrespeito total com a vida humana devido ao poder do dinheiro.
E ainda disse mais:
Espírito: “Amanha, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer
entidade que quiser se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, e todos serão
ouvidos e Nós aprenderemos com aqueles espíritos que sabem mais e ensinaremos aqueles
espíritos que sabem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a
vontade do Pai.”
Espírito: “Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma em que Maria
amparou nos braços o filho querido, também serão amparados aos que se socorrem a Alabanda.
A denominação de “Tenda” foi justificada pelo caboclo: Igreja, Loja, Templo dão um aspecto de
superioridade enquanto Tenda demonstra a humildade. E o nome Espírita deduzimos que tenha
sido colocado com o intuito de não perseguição já que o nome Umbanda ou Alabanda não
poderia ser registrado devido a não ser conhecido. O termo espírita era respeitado, apesar da
perseguição ferrenha dos católicos.
(>>>>NOTA: ressalto que o caboclo anuncia a religião como ALABANDA, mas considerando que
não soava bem a sua vibração, substitui-o em 1909 para UMBANDA.>>>)
O Sr. José ainda perguntou se o caboclo pensava se alguém iria assistir ou participar de seu
culto. Ele respondeu: “cada colina das Neves atuará como porta-voz anunciando o culto que
amanhã iniciarei.” LER ENTREVISTA DO ESCRITOR J. ALVES
Nos dias seguintes multidões se formavam as portas da casa da família Moraes, enfermos,
cegos, deficientes físicos vinham em busca de cura e ali encontravam. Vários médiuns que
haviam sido considerados como doentes mentais receberam alta e deixaram os hospícios,
revelando suas excepcionais faculdades mediúnicas. Testemunhas dizem que médicos
mandavam a relação dos doentes dos hospícios e o Caboclo quem dizia os que eram doentes
mentais e os que precisavam de tratamento mediúnico.
Por determinação do caboclo Zélio, já depois de casado com Dona Izabel, recolhia os doentes
mais graves em sua residência, às vezes as filhas Zélia e Zilméia dormiam em esteiras e cediam
seus aposentos aos doentes para melhor acomodá-los.
Indagado de como havia desencarnado ele disse que já não trabalhava mais por ser um ancião e
que um dia foi buscar lenha para ascender o fogão, sentiu um profundo cansaço, deitou-se no
tronco, e não se lembra de mais nada. O pessoal ficou sensibilizado e perguntaram se ele tinha
saudades de alguma coisa, ele disse que a única coisa que era só sua era seu cachimbo. “...
minha cachimba, nego qué pito que dexo no toco....Manda murequi buscá” e assim se fez a
primeira solicitação de material ritualístico feito na Umbanda, o Cachimbo do preto velho.
Depois se descobriu que os índios também fumavam, porém era uma quantidade de erva
enrolada, formando um enorme charuto onde eles fumavam ritualisticamente. O uso do fumo
pelas entidades incorporadas tem o efeito purificador quando usado nos consulentes, a fumaça
age como desagregador de maus fluídos atingindo o corpo astral e limpando as energias ruins e
más vibrações. Pai Antonio também foi a primeira entidade a solicitar uma “guia” de trabalho
(feita com lágrimas de nossa senhora) e também introduziu os pontos cantados, hoje
conhecidos como pontos Raiz. Pai Antônio Foi a ultima entidade a parar de trabalhar com o
Zélio, acompanhou Zélio até seu desencarne em 03/12/1975.
Com a liberdade de incorporação dada pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas em seu culto, os
médiuns expulsos dos rituais Kardecistas passaram a freqüentar uma nova religião e através dos
ensinamentos do Caboclo e do Preto-Velho começaram a entender e desenvolver o trabalho
incorporado. Uma boa parcela dessas pessoas eram Negras, pois se sentiam muito a vontade
pela ausência de preconceitos. Estes médiuns começaram a enriquecer o ritual Umbandista com
as Práticas dos Cultos Africanos conhecidas por eles.
As Macumbas
Para entendermos a origem do nome Macumba como “ritual” religioso precisamos entender a
origem do nome. Eu conheço duas origens do nome Macumba, porém as duas remetem à uma
mesma referência, um instrumento musical. Uma delas seria um tipo de reco-reco (foto 1) feito
de madeira e tocado com uma espécie de baqueta de madeira, a outra seria um tambor de
corpo fino e “cabeça” alongada (foto 2).
Foto 1 Foto 2
Carecemos muito de informações sobre a real e verdadeira origem do nome e sua referencia,
não temos nenhuma pesquisa acadêmica conhecida sobre essa origem. Eu prefiro acreditar na
foto 2, pois é embasada por Ronaldo Linares, além de estar em exposição no Museu da Cultura
Afro-Brasileira.
Bantos
Provenientes do Sul da África foram levados para o Rio de Janeiro e Pernambuco, e a partir de
migrações menores, se estenderam para Alagoas, Pará, Minas Gerais e São Paulo. Suas etnias
eram:
Congos e Cambindas – Rio de Janeiro, Pará, Ceará, São Paulo e Pernambuco
Angolas ou Aumbundas – Rio de Janeiro
Benguelas, Cassandes, Moçambiques, Fernando-Pó – Rio de Janeiro
Estes grupos chegavam naquela época falando diversas línguas, porem duas delas se
generalizaram e predominaram no Brasil: Uma delas é a Nagô/Yorubá, que foi adotada de um
modo geral na Bahia, derivada do grupo Sudanês. A outra era o Kibundo ou Kikongo, do grupo
Banto, que foi a que praticamente se estabeleceu de Norte a Sul no Brasil.
No que se diz respeito aos cultos, os Nagôs/Yorubanos dominaram os outros, devido a uma
organização e hierarquia trazida da áfrica através da Sociedade Secreta Ogboni, onde eles
assumiam o culto e realizavam o mesmo em Lojas ou Confrarias. Possuíam sinais, passes e
senhas próprias além de exercer forte influencia na direção ou governo do Nagôs.
Em relação aos Nagôs, os Bantos possuíam uma cultura e mitologia muito pobre e com o passar
dos tempos foram assimilando a cultura Nagô. Hoje em dia é muito comum ver um terreiro de
Angola cultuando Orixá ao invés de Inkices.
Após a abolição da escravatura, os cultos do povo Banto tomam sua forma um pouco mais
voltada para suas raízes como uma reconstrução da cultura no Brasil, a base do culto Banto é a
devoção aos ancestrais e com isso podemos explicar a fundo as “Macumbas Cariocas”.
Imaginem um salão grande, mas grande mesmo, pouca luz (às vezes sem luz nenhuma, apenas
as luzes das velas) e o tambor tocando sem parar. Comecem a desenhar como se fosse uma gira
de umbanda, porem, você verá dando atendimento: um caboclo, ao lado de um baiano, ao lado
de um PV, ao lado de um Exú, ao lado de um Marinheiro, ao lado de uma PG, ao lado de um erê,
ao lado de um malandro, ao lado de um boiadeiro, etc...isso era conhecido com Macumba
(acredito eu, por causa do toque dos tambores e a referência de alguém que estivesse fora
ouvindo “vamos la na macumba”) e assim fica registrado as Macumbas Cariocas.
A macumba primitiva foi uma reconstrução urbana dos mitos primordiais dos cultos afro-
brasileiros de origem Banto, principalmente a Cabula, e também uma fusão de elementos do
Candomblé Jeje-Nagô, do Catimbó de Jurema, das tradições indígenas, do catolicismo popular,
do Kardecismo e práticas mágicas. Não tinha a sustentação de uma doutrina que pudesse
articular os diversos fragmentos que lhe davam forma, a Macumba (rito) nasce dessa fusão.
Não vou aprofundar mais ainda esse assunto devido a detalhes que não nos interessam. Como
estruturas do terreiro de macumba, Orixás na Macumba, descrição do Embanda como
comandante de culto, etc...
As 7 Tendas Mestres
Primeira tenda fundada, pela Senhora Gabriela Dionyzio Soares e o caboclo Sapoeba, assumindo
alguns anos depois o co-fundador Antonio Eliezer Leal de Souza e o Caboclo Corta Vento.
(fechada)
Segunda tenda fundada, por José Meirelles Alves Moreira e o guias: Pai Francisco, Pai Jobá e o
Caboclo Jaguaríbe. (fechada)
08/09/1927 – Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia
Terceira tenda fundada, José Meirelles Alves Moreira, após a morte de José Meirelles, foi
presidida muitos anos por Durval Vaz e o caboclo Acahyba e esta em funcionamento até os dias
de hoje sob o comando de Dona Iva e o Caboclo Pena Branca de Yorubá e o Caboclo
Quelendendê com preceitos e assentamentos de Angola ou Omolokô.
Quarta tenda fundada, por João Aguiar Salgado, com Pai Fabrício e o Caboclo Corta Vento,
funcionou até os anos 90 onde provavelmente foi extinta. (sem comprovação)
Quinta tenda fundada, por João Severino Ramos e o Caboclo Cobra Coral. João foi médium da
Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, onde recebeu orientação espiritual para fundar a tenda.
João Trabalhava também com: Ogum Timbiri, Caboclo Teimoso de Aruanda, Seu Baiano, Pai
Felipe e Exú Tiriri. Esta foi a primeira das Tendas de Zélio a utilizar os atabaques e promover
trabalhos de Exú.
Sexta tenda fundada, pelo Capitão Jose Álvares Pessoa, Caboclo da Lua e Pai Jacó.. Funcionou
até os anos 90 e fechou.
Sétima e ultima tenda fundada, pelo Dr. Paulo Lavois, Pai Serafim e Caboclo Acahyba. Funciona
até hoje com fundamentos e assentamentos Angola, Traçada ou Omolokô.
Fundada em 1957, período onde se Zélio se afasta da Tenda Nsa. Da Piedade, passando pra suas
filhas o comando da casa e se muda para Cachoeiras de Macacu e continua seu trabalho na
Cabana de Pai Antônio.
Em 1920, já com a Umbanda de Zélio em ascensão, Benjamin Figueiredo que era neto de uma
das pessoa responsáveis por trazerem o Kardecismo da França para o Brasil era responsável por
trabalhos de mesa branca (Kardecismo), que eram meio que uma herança de sua família.
Em 12/03/1920, Benjamin incorporou pela primeira vez o Caboclo Mirim, grande meste que veio
ensinar a escola da Vida, que poucos conheciam na época. Após sua chegada o Caboclo disse
que aquela seria a última sessão de Kardec naquela casa e que as próximas sessões seriam de
Umbanda. Não era possível para Benjamin continuar o trabalho como Kardecista devido a
relutância de seus freqüentadores que recusavam a presença desse tipo de espírito, pelas novas
orientações Benjamin, praticaria a caridade de forma mais brasileira, aos mais humildes.
O Ritual dentro da tenda Mirim era diferenciado da Umbanda de Zélio, ele trazia influencia do
Ocultismos e da Teosofia. O Caboclo Mirim aboliu algumas práticas que mantinham relação com
as Macumbas Cariocas, o Catolicismo e a cultura africana. Na tenda Mirim e em suas filiais não
possuem um altar com imagens católicas, possuem apenas uma imagem de Jesus Cristo que fica
acima da cabeça de todos com a inscrição “Médium Supremo”. Em 1944 a tenda Mirim possuía
cerca de 1600 médiuns e uma freqüência mensal superior a 40000 pessoas.
Benjamin participou ativamente do Primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda, em 1941. E
em 5/11/1952 fundou o Primado de Umbanda, a primeira escola iniciática de Umbanda. Uma
organização federativa com o intuito de estimular o aprendizado e entendimento da Umbanda
difundindo seus ensinamentos com o intuito de uma formação Sacerdotal e Iniciática aos
dirigentes de terreiros filiados. Utilizando terminologias da língua Nheêngatú para resgatar e
ensinar os fundamentos exotéricos da grande lei de Umbanda.
No inicio da expansão da umbanda, entre 1920 a 1940, foi marcado pelo momento histórico
brasileiro da Ditadura Militar. Onde coincidiu com a subida ao poder de Getúlio Vargas em 1930
e a consolidação do pleno poder em 1937 com a criação do estado novo.
Os primeiros líderes da Umbanda eram direta ou indiretamente defensores desse regime, alguns
terreiros da época possuíam até fotos de Getulio na parede. Apesar de apoio ao Governo os
umbandistas sofreram com a perseguição que durou até 1945, uma lei de 1934 enquadrava a
Umbanda, Kardecismo, religiões afro, macumbas, Maçonaria, etc, na seção especial do
Departamento de Tóxicos e Mistificações do RJ. Todos esses cultos sofriam com a extorsão
policial para proteção e “permissão” de trabalho.
Para a policia Ogum, sincretizado com São Jorge que usava uma capa vermelha, era chamado de
o Cavaleiro Vermelho e assim era comparado como símbolo comunista, isso na época de 1930.
Uma coisa importante nasceu dessa repressão, ela foi importante para os adeptos da umbanda,
pois se uniram sob a mesma bandeira e criaram organizações para a proteção desses terreiros e
cultos. As tendas de Zélio, sob orientação do Caboclo das 7 Encruzilhadas, fundou a FEU
Federação Espírita de Umbanda, com isso, elaboraram um estatuto onde o artigo 2 citava que a
Federação iria atuar junto aos poderes públicos para proteção, reconhecimento e direito de
culto das tendas afiliadas. Leal de Souza elaborou um livro com titulo de “O Culto da Umbanda
em Face da Lei” onde havia relatos e conhecimentos de vários praticantes de Umbanda.
Em 1945 marca-se o fim da ditadura Vargas, permitindo a Umbanda uma rápida expansão em
nível nacional a partir daí passou a ser praticada livremente.
Vale lembrar que, apesar do fim da ditadura Vargas, o período de não liberdade de expressão
existiu até os anos 70. Durante esse período, os terreiros podiam trabalhar livremente, porem
sofriam direto com denuncias malvadas e caluniosas, que provocavam o deslocamento de
policiais até as tendas e terreiros para averiguação.
Isso causava um enorme desconforto e abriam-se precedentes para extorquir dinheiro dos
terreiros sob ameaça de fechamento e prisão dos responsáveis. Isso acaba com a publicação e
aprovação da Constituição Brasileira de 1988, ai temos o marco inicial para a liberdade de culto
dentro das leis vigentes e a elaboração de documentos e reconhecimento da Umbanda como
religião brasileira.
Pai Jaú
Euclides Barbosa, figura simpática e folclórica, o famoso Pai Jaú, ficou famoso por causa da
Umbanda e do futebol. Nascido em 15/12/1906, foi jogador do Santos, , Corinthians e Vasco da
Gama e participou da Copa do Mundo de 1938 na França.
Conta-se uma história que em um jogo do campeonato paulista ele sofreu uma grave concussão
e uma hemorragia gravíssima, o juiz informou que ele não poderia retornar ao jogo devido a
gravidade da concussão, quando se deparam com Euclides ajoelhado, com os olhos vidrados
olhando para o alem, passou a mão no gramado, arrancou um punhado de grama, colocou
sobre o ferimento e enfaixou a cabeça, depois encostou a testa na terra, levantou-se
rapidamente retornando ao jogo como se nada tivesse acontecido, deixando o médico e o
técnico perplexos com aquela situação.
Um dos pioneiros da Umbanda foi muito perseguido no regime Vargas, e era muito amigo e
respeitado pelo presidente. Fora preso diversas vezes, ficou encarcerado por noites, foi
torturado, foi proibido de jogar uma final de campeonato paulista, até que m um determinado
dia recebeu uma carta assinada pelo Presidente Vargas e nunca mais lhe incomodaram.
Estes dois personagens, durante anos, fizeram um trabalho incansável para a disseminação da
Umbanda no Estado de São Paulo. Jamil foi iniciado na Umbanda por Euclides Barbosa, o Pai Jaú,
em 1948. Dois anos depois fundou o Templo Espiritualista e Confraternização de Umbanda São
Benedito que funciona até hoje na Rua Teodoro Sampaio, 774 no bairro de Pinheiros em São
Paulo. Em 1955 participou da fundação da União de Tendas Espíritas de Umbanda do estado de
São Paulo.
Em 1960 foi iniciado nos cultos afros pelo Doté Fomotinho no Rio de Janeiro. Em 1967 assumiu a
presidência da União de Tendas Espíritas de Umbanda do estado de São Paulo. Em 1970 assumiu
a presidência da (SOUESP) Superior Órgão de Umbanda do estado de São Paulo.
Ao assumir a presidência da SOUESP, pai Jamil prometeu realizar uma importante festa para
Ogum do Brasil, na cidade de São Paulo, e cumpriu a promessa. Durante 50 anos de festas de
Ogum, 37 deles foram realizadas no Ginásio do Ibirapuera, atualmente elas são realizadas no
Vale dos Orixás em Juquitiba. Em 2009 recebeu o título de cidadão Paulistano e continua em
plena atividade sempre lutando pela umbanda.
Nascido na década de 1930 em São Paulo, sofreu um sério acidente que lhe comprometeu a
coluna vertebral, conheceu e freqüentou seu primeiro centro espírita no bairro do Cambuci, o
Centro de Seu Fabrício, freqüentava todas as sessões mas não deixava de freqüentar a missa
todos os domingos.
Certo dia resolver ir para o Rio de janeiro, foi uma época difícil, pois não conhecia ninguém na
cidade. Devido ao acidente utilizava muletas e tinha dificuldade de locomoção, sonhava em
fazer carreira no radio. Não conseguiu arrumar emprego e passou a dormir na gare da estação
Central do Brasil. Um dia uma mulher, Maria, o acordou e disse que ali não era um lugar bom
para dormir, o levou a um barraco no Morro do Pinto onde fizeram uma refeição e ele pode
dormir em um local decente.
Maria, preocupada com a saúde de Ronaldo, o levou a um medico conhecido dela, após algum
tempo de tratamento, o medico informou que havia feito de tudo que era possível dentro da
medicina conhecida da época. Perguntou então se Ronaldo não queria conhecer um Pai de
Santo que realizava alguns milagres. Foi apresentado então ao famoso Joãozinho da Goméia, Rei
do Candomblé, figura polemica que era muito procurado por políticos, artistas e outras
celebridades. Passou a morar na Roça de Candomblé, onde foi raspado, cortado, catulado, feito
no santo e consagrado Babalaô.
No convivo com Joãozinho da Goméia, conheceu o mentor do mesmo, era conhecido como “o
velho”, Ronaldo se aproximou cada vez mais do velho e aprendeu a arte do oráculo de búzios
que exerce até hoje com maestria.
No âmbito geral Umbandista, Pai Ronaldo se destaca como Presidente da FUGABC, Radialista
conhecido por divulgar a umbanda no radio, tem o titulo de porta-voz da SOUESP que é membro
desde 1970, um dos poucos umbandistas vivos que tiveram contato direto com Zélio Fernandino
de Moraes e responsável direto pela primeira menção a Zélio nos jornais de grande circulação
de SP, foi produtor e apresentador de programas umbandistas na TV brasileira (Bandeirantes e
Gazeta), tem o titulo de Cavaleiro de Ogum dado pelo Círculo Umbandista do Brasil, responsável
pela transformação de uma cratera de uma pedreira em um santuário para culto aos Orixás,
onde promoveu a recuperação ambiental de mais de 645.000m2. Porem considera sua maior
honraria ter conhecido e virado amigo de Zélio.
Em 1982, no Terceiro Congresso Paulista de Umbanda, apresentou uma tese sobre a proibição
da matança de animais nos cultos umbandistas, a tese foi aprovada, porém diversos terreiros
ainda fazem tal prática. Em 25/01/2015, nos festejos do aniversário de São Paulo, foi convidado
de honra do cônego da Arquidiocese de São Paulo em uma missa onde o Arcebispo Dom Odilo
Scherer o recebeu no centro da nave da Catedral da Sé.
Pai Ronaldo ainda hoje esta a frente: da Casa de Pai Benedito de Aruanda, da organização da
FUGABC, da supervisão do Santuário Nacional da Umbanda e é considerado um dos Baluartes da
Religião.
Élcio Xavier nasceu em Varginha, sul de Minas Gerais no ano de 1937.Influenciado pela criação
religiosa, encontrou na religião a essência cristã através da prática da caridade e do amor
fraterno. Aos 20 anos de idade recebeu o cargo de sacerdote dentro do culto da Umbanda e
passou a ser chamado de Pai Élcio de Oxalá, mas foi através da música que sua missão religiosa
foi designada.
Pai Élcio canta e compõe músicas que são entoadas nos terreiros de Umbanda do Brasil e
Portugal, e que resultaram em dezoito álbuns dedicados a mensagem dos orixás, além de ter
fundado em 1975, a Escola de Curimba Pai Élcio de Oxalá, da qual é mestre de canto e toque.
Por conta da popularidade adquirida com seus trabalhos artísticos, Pai Élcio tornou-se uma
personalidade importante na representação do movimento umbandista.
Médium e escritor brasileiro. Fundador do Colégio Tradição de Magia Divina, colégio este que se
destina a dar amparo aos magos iniciados nas magias abertas ao plano material e espiritual.
Fundou a AUEESP - Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São Paulo, cujo objetivo
é reunir os templos que atuam com a Umbanda Sagrada. Comandou o Colégio de Umbanda
Sagrada Pai Benedito de Aruanda, que oferece formação mediúnica e sacerdotal de Umbanda,
bem como, sustentação, Religiosa e Magística aos que buscam o Conhecimento Sagrado sobre O
Divino Criador Olorum (Deus), suas Divindades e seus Mistérios Geradores.
Exerceu sua mediunidade e fez seus estudos no campo da espiritualidade por mais de 30 anos.
Seus inúmeros livros já publicados sendo mais de 1.000.000 de exemplares vendidos, foram
psicografados, ditados e orientados pelos Mestres. Sua jornada foi iniciada no Espiritismo de
“mesa branca”, passando posteriormente para a Umbanda, onde se tornou Sacerdote de
Umbanda Sagrada (vertente da Umbanda criada sob a orientação do Pai Benedito de Aruanda e
Caboclo 7 Espada - 1996)
Ministrou o curso de Teologia de Umbanda Sagrada visando a uma melhor formação do médium
umbandista em relação aos Fundamentos da Umbanda.
Há muitos anos o médium e escritor Rubens Saraceni recebeu um pedido dos Mestres da Luz,
Guias de Lei e de Umbanda, no qual solicitavam que as informações por eles transmitidas, não
fossem apenas para "seu bel prazer", e sim para que, por meio dele, o conhecimento se
multiplicasse. Com isso, Rubens começou a ministrar o curso de Teologia de Umbanda Sagrada,
um curso simples e teórico, visando à formação do médium umbandista pautado nos
Fundamentos da Umbanda Sagrada
Desse convívio, Rubens se deu conta do valor do que havia recebido, pois há muitos anos
praticava a Magia Divina ensinada por seus Mentores que se mostrou fundamental na proteção
daqueles que o procuravam.
Mestre Seiman Hamiser Yê, um Ogum Sete Espadas da Lei e da Vida, assumiu a abertura da
Magia do Fogo no plano material, por meio de Rubens Saraceni, na qual são ensinados os
fundamentos da Magia Riscada dos Orixás, a Grafia Sagrada, bem como a correta utilização
magística das velas, suas cores e o elemento fogo na arte da Magia. O primeiro curso do gênero
aberto ao plano material por Mestre Seiman, e que deve ser o primeiro na formação do Mago,
intitulada "Magia das Sete Chamas Sagradas".
Ao longo de sua trajetória como escritor, lançou mais de 50 obras, tendo outras 30 ainda
inéditas.
Fumante desde os 20 anos de idade largou o vício após o diagnóstico de câncer. Morreu no dia
09 de março de 2015, aos 63 anos devido a um enfisema pulmonar.
Hino da Umbanda
José Manuel Alves nasceu a 5 de agosto de 1907 em Monção, Portugal. Em 1929,
chegou ao Brasil para residir em São Paulo. Na capital paulista, José Manuel entrou
para a banda da Força Pública, na qual se aposentou como capitão. Era compositor
de músicas populares e compôs hinos para vários templos, inclusive o Primado de
Umbanda de São Paulo.
Não conseguindo por ser sua cegueira kármica, fez o hino da Umbanda para mostrar
que poderia ver o mundo e nossa religião de outra maneira. Embora não tenha
conseguido sua cura, ficou apaixonado pela religião. Apresentou o Hino ao caboclo
das Sete Encruzilhadas que gostou tanto que resolveu apresentá-lo como Hino da
Umbanda. Em 1961, no 2º Congresso de Umbanda, presidido pelo Sr. Henrique
Landi, o hino foi oficialmente adotado como oficial da nossa amada Umbanda.
Para a Umbanda e para vários terreiros, compôs diversos pontos gravados por vários
intérpretes, como por exemplo, Saravá Banda, gravado em 1961 por Otávio de
Barros, Prece a Mamãe Oxum, registrado em 1962 pela cantora Maria do
Carmo, Pombinha branca, com Reinaldo Santos, Ponto de Abertura, com Terezinha
de Souza e Vera Dias, Ponto dos Caboclos, Prata da Casa, Prece a Mamãe
Oxum, Xangô Rolou a Pedra, Xangô, Rei da Pedreira, São Jorge Guerreiro, Saravá
Oxóssi, Homenagem à Mãe Menininha, com Ariovaldo Pires, Saudação aos Orixás, e
o Hino da Umbanda.
Hino da Umbanda
Refletiu a luz divina
Em todo seu esplendor
É do Reino de Oxalá
Onde há paz e amor.
Avante filhos de fé
Como a nossa lei não há
Levando ao mundo inteiro
A bandeira de Oxalá.