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Universidade Pedagógica

Delegação de Manica
Licenciatura em Ensino de Português com Habilitação
em Línguas Bantu

Tema da monografia:
Nacionalismo Profético em É Nosso o Solo Sagrado
da Terra, de Alda Espírito Santo

Nome da estudante (candidata):


Luísa Josefe

Nome do supervisor:
dr. Juma Manuel

Chimoio, 2018
ROTEIRO DA APRESENTAÇÃO
 Introdução

 Justificativa

 Questão de partida

 Objectivos

 Metodologia

 Revisão da literatura

 Análise da obra

 Conclusão
INTRODUÇÃO
A literatura tem assumido inúmeros papéis, que passam pelo resgate da
identidade cultural de um povo, pela educação e moralização da
sociedade, pelo despertar do espírito patriótico, até a exaltação dos
valores do nacionalismo ainda que proféticos, entre outros.

Alda Espírito Santo assumindo-se literalmente como escritora e


membro filiada na sociedade santomense, não foge a regra nos seus
escritos, procurando fazer transparecer os seus sentimentos e
pensamentos com relação à sociedade que lhe vira nascer, ao aflorar na
sua obra valores apreciáveis atinentes ao solo pátrio.
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JUSTIFICATIVA
O estudo deste tema torna-se relevante na medida em que nos vai
proporcionar conhecimentos acerca da realidade santomense na
época colonial, denunciando o estilo de vida que se fazia sentir no
arquipélago.

Outro aspecto motivador da escolha deste tema prende-se com o


facto da própria literatura desempenhar uma função didáctica quer
para o processo de ensino-aprendizagem, quer para a sociedade em
geral.

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QUESTÃO DE PARTIDA

Nesta pesquisa pretendemos responder a seguinte

questão: de que maneira os factos narrados em É

Nosso o Solo Sagrado da Terra, nos remetem ao


Nacionalismo profético?

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OBJECTIVOS
Geral:

 Analisar a manifestação do Nacionalismo Profético em É Nosso o Solo


Sagrado da Terra, de Alda da Graça Espírito Santo.

Específicos:

 Identificar a dimensão nacionalista presente na obra de Alda Espírito


Santo;

 Descrever como se manifesta a injustiça social e pobreza em É Nosso o


Solo Sagrado da Terra, de Alda Espírito Santo.
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METODOLOGIA
Consulta bibliográfica;

Método analítico;

 Método sócio antropológico.

Trata-se de um estudo qualitativo, visto que o foco é

descrever a obra acima citada, tendo em conta a

manifestação do nacionalismo Profético.


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LITERTATURA ESCRITA NA ÁFRICA
COLONIAL
Para Gerald Moser (1993:17), ‘‘grande parte das
produções literárias inspiravam-se em modelos
europeus, sem tirar o mérito de algumas produções
que carregavam o tradicional costume de muitos
países africanos falantes da língua Portuguesa,
sobretudo de 1854 para diante’’.

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O PANORAMA HISTÓRICO-LITERÁRIO DE
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE NA ÉPOCA
COLONIAL
Como em outras colónias, a implementação da imprensa e do
ensino no arquipélago impulsionou o desenvolvimento da literatura,
pois verifica-se que os escritores passam a estar muito activos na
busca de uma identidade cultural e da consciencialização, e muitos
destes escritores desenvolvem suas escritas frequentando o ensino
em Portugal, como é o caso de Salustino da Graça Espírito Santo,
Mário Domingues, Costa Alegre e Viana de Almeida.

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Vários pesquisadores encaram a negritude e as polémicas geradas
em torno dela como uma espécie de período preparatório para a
formação das literaturas nacionais africanas. Apoiada em várias
leituras que aprofundam o tema, procuramos demonstrar as
relações entre as propostas da negritude (tomada em seu sentido
lato, como evolução da consciência negra, e também em sentido
estrito) e a poesia santomense nos anos 50 à 70 do século XX.

Alda do Espírito Santo, no seu livro É Nosso o Solo Sagrado da Terra,


poesia de protesto e luta (1978) descreve, com traços sensíveis, a
vida dos habitantes de São Tomé.
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NACIONALISMO
Falar de nacionalismo ou da nação subentende-se em falar de uma
componente política, de uma construção social de um conjunto de
pessoas que se unem por uma causa comum, da existência de um espaço e
acima de tudo, a existência de uma convicção de pertença comum, tal
como a origem da palavra sugere “nascimento e apelo à origem comum”
(Hobsbawn, 1998: 20).

Ora, nacionalismo apresenta uma definição política sobretudo da


preservação da nação enquanto entidade, por vezes na defesa de território
delineado por fronteiras terrestres, mas, acima de tudo nos campos
linguístico, cultural, tradicional, étnico, contra processos de destruição
identitária ou transformação.
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SER PROFETA
Quanto a profecia, FIGUEIREDO (1987:1124), diz que é ‘‘ o acto ou
efeito de predizer o futuro, prever.
Profecia é visão por aquilo que acontecerá no futuro num determinado
lugar com determinado povo (o livro de Ezequiel-repleto de visões),
Roney Cozzer em profetas maiores.

Nesta pesquisa sobre a poética de Alda Espírito Santo, atribui-se ao


sujeito poético as qualidades de “profeta”, não pelo dom divino, mas sim,
pela forma como a sua poesia ultrapassa a simples acção ficcional, levando
o leitor e/ou o destinatário da mensagem, à ideia de um futuro risonho.

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A AUTORA DA OBRA EM ESTUDO E SUAS
INFLUÊNCIAS ESTÉTICO-LITERÁRIAS
Alda Neves da Graça do Espírito Santo, escritora Santomense é
uma das representantes das literaturas africanas de expressão
portuguesa. Nasceu a 30 de Abril de 1926 na Ilha de São Tomé,
Capital de Arquipélago de São Tomé e Príncipe, combatente de luta
pela independência nacional de São Tomé e Príncipe.

Até a data da sua morte no dia 09 de Março do ano 2010 em

Luanda -Angola, viveu na Chácara, arredores de São Tomé.


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A DIMENSÃO NACIONALISTA NA POESIA
DE ALDA ESPÍRITO SANTO
O sujeito poético apresenta-nos uma escrita de intenso clamor e incitação
à reconquista do solo pátrio, pois como sugere o próprio título da obra, é
de forte valorização do carácter nacional, onde o arquipélago é elevado a
categoria de terra sagrada, dando-nos ideia de que se trata de uma terra
natal com paisagens lindas, daí que num dos poemas apresenta-nos o
cântico, sacralizando as belezas das duas ilhas:
Coqueiros e palmares da Terra Natal

Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos


Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical

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O mar também aparece, em alguns poemas da autora, com o significado
de meio de vida, de trabalho, de sobrevivência, revelando, portanto, uma
conotação sócio-económica:
Rostos duros de angolares

na luta com o gandu

por sobre a procela das ondas

remando, remando

no mar dos tubarões

p’la fome de cada dia.

Lá longe, na praia,

na orla dos coqueiros,

quissandas em fila,

abrigando cubatas,

izaquente cozido

em panela de barro. 15
Este poema denuncia a fome no Arquipélago e ao mesmo tempo descreve
a paisagem insular dos coqueiros em fila, o izaquente cozido (um dos
pratos típicos da culinária santomense). Assim, vai desvelando o
imaginário cultural das Ilhas.

Ainda neste extracto, podemos perceber o vitalismo, a revalorização da


tradição negra, o culto da Natureza, levando-nos deste modo ao
movimento da Negritude, pois, conforme já vimos nos capítulos
anteriores, a negritude significa a expressão, sobretudo poética, do “ser
negro”, exaltando as tradições africanas ancestrais, valorizando o modo
negro de estar no mundo e o posicionamento anti-colonial e anti-
imperialista.
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A LUTA, O PROTESTO E A MANIFESTAÇÃO DO
SONHO EM É NOSSO O SOLO SAGRADO DA
TERRA, DE ALDA ESPÍRITO SANTO
O Sujeito Poético, que inicia sua carta às “mulheres” de São Tomé e Príncipe com os olhos
baixos e com uma voz quase inaudível (Irmãs, do meu torrão pequeno/ Há em mim uma
lacuna amarga), durante a produção começa a levantar a cabeça e a falar com mais firmeza.
Quando fala da dor que se faz sentir no continente substitui o “Eu” pelo “Nós” para
evidenciar que o sentimento deve ser vivenciado colectivamente:

Nossos pés descalços


Estão cansados de tanta labuta...
O dinheiro não chega
Para vencer a nossa fome
Dos nossos filhos
Sem trabalho
Engolindo a banana sem peixe
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De muitos dias de penúria.
O nacionalismo profético em É Nosso o Solo Sagrado da Terra manifesta-se através do
sonho, desejo pela liberdade, e ainda justificado pelo emprego de verbos no tempo
futuro, na medida em que o Sujeito Poético vai nos mostrando como será a vida das
mulheres santomenses quando a opressão ser ultrapassada, como podemos ver a
seguir:
É preciso entender o nosso falar

Juntas de mãos dadas,

Vamos fazer a nossa festa...!

A festa descerá

Ao longo de todas as vilas

Agitará as palmeiras mais gigantes

E terá uma força grande

Pois estaremos juntas irmãs

Juntas na vida

Da nossa terra
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Nesses poemas de protesto, o mar que era rubro de indignação,
tornou-se verde, cor da esperança que alimentou o sonho da nação
liberta:
Nas ilhas

batidas

pelo verde mar

da nossa Baía,

conduzindo

a bagagem do

direito à vida

na Jangada

da Esperança

da luta de libertação. 19
CONCLUSÃO
A poetisa Alda Espírito Santo canta, na sua obra literária, a colectividade,
em detrimento da singularidade, uma vez que o seu objectivo é recuperar
a voz de um continente subjugado pela mão do colonizador.

Pois a obra É Nosso o Solo Sagrado da Terra, trata-se, pois, de uma obra que
lança os seus fundamentos na crítica à atitude do colonizador diante do
povo santomense por um lado, e na consciencialização do povo para lutar
pela sua liberdade por outro.

Em É Nosso o Solo Sagrado da Terra, deparamo-nos com uma acentuada


tendência de manifestação da Liberdade, da luta pela igualdade dos
direitos políticos e sociais diante do colonizador. 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAMASCENO, Fábio. Oficina da cura interior. Editora Vinde, Rio de Janeiro, 2002.

ESPINOSA: Baruch de obras escolhidas: São Paulo: Abril cultural, 1973.

FANON, Benjamin. Literatura: história e política. São Paulo: Ática, 1961.

FIGUEIREDO, Eurídice (org.). Conceito de literatura. Niterói, RJ: EdUFF: Juiz de


fora; EdUFJF, 2010.

FONSATTI, J.C. O Profetismo. Rio de Janeiro, Vozes, 2001.

GOMES, Aldónio; CAVACAS, Fernanda. Dicionário de autores de literaturas africanas


de língua portuguesa. Lisboa: Caminho, 1997.

GUIMARÃES, E. Introdução a uma poética da diversidade. Trad. Enilce do Carmo A.


Rocha. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2008.

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Pela atenção dispensada, muito obrigada!

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