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NÚMERO 48 — 3 ° TRIMESTRE DE 2020

SETEMBRO DE 2020 Estêvão Kopschitz Xavier Bastos


Técnico de Planejamento e Pesquisa

Boletim de Expectativas da Diretoria de Estudos e Políticas


Macroeconômicas (Dimac) do Ipea

Sumário estevao.bastos@ipea.gov.br

Texto elaborado com informações até 23


Este Boletim apresenta uma compilação de expectativas para diversas variáveis eco- de Setembro de 2020 e divulgado dia 24 de
Setembro de 2020.
nômicas, coletadas de diferentes fontes.1 O quadro que emerge é o de uma eco-
nomia que sairá da crise da Covid-19 com as seguintes características: i) a taxa de
crescimento do produto interno bruto (PIB) volta, a partir de 2022, ao que era
anteriormente previsto, isto é, 2,5% ao ano, mas a redução no volume do PIB é du-
radoura: em 2022 e 2023, o PIB será cerca de 6,5% menor do que sem a recessão
da Covid-19; ii) a despesa do governo central volta ao que era esperado a partir de
2021: esse movimento ocorre após o forte crescimento de 2020 associado aos gas-
tos com a pandemia, indicando que o mercado acredita tratar-se de um aumento
apenas temporário das despesas; iii) mas a receita, a exemplo do PIB, fica abaixo do
que se previa antes, e a dívida pública em porcentagem do PIB tem forte elevação
em 2020, passando a crescer mais lentamente a partir do ano que vem; iv) as despe-
sas com juros da dívida ficam 1 ponto percentual (p.p.) do PIB menores do que as
previsões pré-Covid-19, por ano, de 2020 a 2022; v) após fechar 2020 em R$ 5,20/
US$, o real se valoriza nos anos seguintes, tendendo a R$ 4,80/US$; vi) no balanço
de pagamentos, o deficit em conta corrente e o investimento direto no país seguem
trajetórias compatíveis com a série histórica recente e o investimento compensa
com folga o deficit; vii) na estrutura a termo da taxa de juros, as taxas de prazos
mais curtos – até cinco anos – continuam baixas e refletindo as expectativas para
a Selic, mas as de prazos mais longos – seis a dez anos – parecem refletir incertezas
quanto ao futuro inerentes a um momento de crise local e global; e viii) a elevação
da inflação em 2020 não contaminou as expectativas para 2021, tanto na inflação
ao consumidor quanto no atacado: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) esperado para 2020 passou de 1,7% em meados de agosto para 2,0% em
18 de setembro, mas a taxa esperada para o ano que vem permaneceu em 3%; e a
expectativa para o Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna
(IPA-DI) em 2020 passou de cerca de 5% em maio para 19% em setembro, mas a
inflação no atacado esperada para 2021 permaneceu estável em cerca de 4%.

1 PIB

No sistema de expectativas do BCB, a mediana da projeção da queda do PIB espe-


rada para este ano chegou a 6,5% em maio e aí permaneceu até os primeiros dias de
julho. Depois, veio melhorando continuamente, até 5,1% na última coleta, em 18

1. Banco Central do Brasil (BCB), Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME), Secretaria do Tesouro Nacional
e Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

1
de setembro. O crescimento esperado para 2021 tem ficado estável em 3,5% (grá-
fico 1). A dispersão em torno da média dessas previsões vem caindo desde maio. O
desvio-padrão das projeções para 2020 era, antes da pandemia, de 0,3 p.p; chegou
a 1,9 p.p. e, agora, está em 0,8 p.p. Para 2021, era de 0,4 p.p; subiu até 1,2 p.p e
caiu, na aferição mais recente, para 0,7 p.p. (gráfico 2).
GRÁFICO 2
GRÁFICO 1 Desvio-padrão da expectativa para o crescimento do
Expectativa para o crescimento do PIB (2020 e 2021) PIB (2020 e 2021)
(Em %) (Em %)

5,0 2,5
4,0 3,5 3,5 3,5
3,0 2,5 2,5
2 1,9
2,0 2,3 1,7
1,0 0,8
0,0 1,5
-1,0 -0,9
1,2
-2,0
-3,0 1
0,8
-4,0
-5,0 -5,1
0,5 0,4 0,7
-6,0 -6,5 -6,5
-5,8
-7,0

Carta de Conjuntura
-8,0 0,3
0
02/01/2020
13/01/2020
22/01/2020
31/01/2020
11/02/2020
20/02/2020
04/03/2020
13/03/2020
24/03/2020
02/04/2020
14/04/2020
24/04/2020
06/05/2020
15/05/2020
26/05/2020
04/06/2020
16/06/2020
25/06/2020
06/07/2020
15/07/2020
24/07/2020
04/08/2020
13/08/2020
24/08/2020
02/09/2020
14/09/2020

02/01/2020
14/01/2020
24/01/2020
05/02/2020
17/02/2020
02/03/2020
12/03/2020
24/03/2020
03/04/2020
16/04/2020
29/04/2020
12/05/2020
22/05/2020
03/06/2020
16/06/2020
26/06/2020
08/07/2020
20/07/2020
30/07/2020
11/08/2020
21/08/2020
02/09/2020
15/09/2020
2020 2021 2020 2021

Fonte: BCB. Fonte: BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Macroeconômicas (Dimac) do Ipea. Obs.: Último dado de 18 de setembro de 2020.
Obs.: Último dado de 18 de setembro de 2020.

Essas taxas esperadas para 2020 e 2021 serão compostas de taxas trimestrais, em
relação ao mesmo trimestre do ano anterior, bem heterogêneas, o que está ilustrado
nos gráficos 3 e 4. Os dados dos dois primeiros trimestres deste ano já foram divul-

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
gados. No primeiro trimestre, houve queda de 0,3% em relação ao mesmo período
2019, menor do que a esperada pelas últimas projeções, de 0,6%. No segundo, a
queda foi de 11,0%, próxima da esperada às vésperas da divulgação, mas significa-
tivamente menor do que os 14% de queda que chegaram a ser previstos em junho.
Para o terceiro trimestre, a taxa interanual prevista já chegou a -7,5%, na passagem
de junho para julho, e agora é de -5,4%. Para o quarto, chegou a -4,6%, mas, em
agosto, começou um processo de revisão e, em 18 de setembro, estava -3,6%.
GRÁFICO 3 GRÁFICO 4
Expectativa para o crescimento do PIB por trimestre Expectativa para o crescimento do PIB por trimestre
(2020) (2021)
(Em %, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior) (Em %, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior)

4 2º trimestre
2,5 9 8,61

2 8,12

7 6,68
0
5 4,35 3º trimestre
-2 4º trimestre 3,78
3,78
-4 -3,6 3 2,71
4º trimestre
-4,6 -5,4
-6 1
3º trimestre -0,34
-8 -7,5 -1
1º trimestre
-10 -3
-1,62
02/01/2020
15/01/2020
28/01/2020
10/02/2020
21/02/2020
09/03/2020
20/03/2020
02/04/2020
16/04/2020
30/04/2020
14/05/2020
27/05/2020
09/06/2020
25/06/2020
08/07/2020
21/07/2020
03/08/2020
14/08/2020
27/08/2020
10/09/2020

02/01/2020
14/01/2020
24/01/2020
05/02/2020
17/02/2020
02/03/2020
12/03/2020
24/03/2020
03/04/2020
16/04/2020
29/04/2020
12/05/2020
22/05/2020
03/06/2020
16/06/2020
26/06/2020
08/07/2020
20/07/2020
30/07/2020
11/08/2020
21/08/2020
02/09/2020
15/09/2020

Fonte: BCB. Fonte: BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Obs.: Último dado de 18 de setembro de 2020. Obs.: Último dado de 18 de setembro de 2020.

2
O gráfico 5 compara as taxas de crescimento do PIB, previstas para 2020 a 2023
pelo Focus/BCB, antes dos efeitos da pandemia, com as previsões recentes, in-
cluindo a da Grade de Parâmetros Macroeconômicos da SPE/ME, e também as
do início de julho do Focus, representando, essas últimas, o auge do pessimismo,
quando a queda esperada para 2020 chegou a 6,6%. Agora, está em 5,2%, com a
grade prevendo 4,7%, número que mantém desde suas primeiras projeções após a
crise da Covid-19.

Depois da forte queda em 2020 e do crescimento em 2021 maior do que o ante-


riormente previsto, em 2022 e 2023 as taxas de crescimento anual voltam às que já
eram esperadas anteriormente, isto é, a cerca de 2,5%. Como a diferença para mais
em 2021 é bem inferior à diferença para menos em 2020, e as taxas, de 2022 em
diante, são aproximadamente as mesmas, a perda no volume do PIB causada pela
crise da Covid-19 é duradoura. O PIB per capita, em termos reais, só volta ao nível

Carta de Conjuntura
de 2019 (R$ 34.500) em 2023, como ilustrado no gráfico 6. A queda no PIB per
capita em 2020 deverá ser de 5,9%. A queda entre 2014 e 2016 foi de 8,3%. De
2016 a 2019, o crescimento acumulado do PIB per capita foi de apenas 0,
GRÁFICO 6
GRÁFICO 5 Evolução do PIB per capita de acordo com o cresci-
Crescimento do PIB anual: projeção pré-pandemia e mento projetado pré-pandemia e com a projeção mais
projeções recentes recente
(Em %) (R$ constantes de 2019)
3,5 38.000
4 3,2
2,6 2,6 37.467 37.334
2,2 2,6
2
2,5 37.000 36.683
37.043

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
1,3 1,3 1,1
0,5 36.304 36.367
0 36.000
35.700 35.697
-2 35.000 35.036 35.173

-3,5 -3,3 34.533 34.572


-4 34.236 34.325
34.427
-4,7
-5,2 34.000 33.981
-6 33.381

-8
-6,6 33.000
32.500
2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

32.000

Observado 31.000
14/02/2020
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024

02/07/2020
18/09/2020
Observado 14/02/2020 18/09/2020
Grade de parâmetros SPE/ME (Set./2020)

Fonte: BCB. Fonte: BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

2 Fiscal

O Prisma Fiscal da SPE/ME coleta projeções para a arrecadação federal, a receita


líquida, a despesa e o resultado primário do governo central (Tesouro Nacional,
BCB e Instituto Nacional do Seguro Social – INSS), além da Dívida Bruta do Go-
verno Geral,2 um conjunto diferente do trazido pelo Focus/BCB – resultado pri-
mário, resultado nominal e dívida líquida do setor público consolidado.3 O gráfico
7 compara a receita líquida do governo central projetada antes da pandemia atingir
as expectativas com a prevista agora. Assim como ocorre com o PIB, a recuperação
de 2021 será insuficiente para fazer a trajetória nova encostar na prevista anterior-

2. “A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal, dos governos estaduais
e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao resto do mundo. São incluídas também as operações com-
promissadas realizadas pelo Banco Central com títulos públicos. [...]. Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três esferas de
governo não são abrangidos pelo conceito.” (Fonte: metadados do sistema gerenciador de séries do BCB).
3. O setor público consolidado inclui “o governo federal (Tesouro Nacional e Sistema de Previdência Social), os governos estaduais e muni-
,
cipais as empresas estatais das três esferas de governo (exceto Petrobras e Eletrobras) e o Banco Central do Brasil.” (Fonte: metadados do
Sistema gerenciador de séries do BCB).

3
mente: a receita passa a ser cerca de 11% inferior, em termos nominais, ao que seria
sem a pandemia. Já para a despesa do governo central, os analistas consultados pelo
Prisma esperam, em média, que ela retorne, a partir de 2021, à trajetória prevista
anteriormente, sendo a elevação de gastos por causa da pandemia vista, portanto,
como temporária (gráfico 8). A combinação dessas expectativas para receita e des-
pesa gera a trajetória para o resultado primário cerca de R$ 150 bilhões abaixo da
anteriormente prevista (gráfico 9). O gráfico 10 mostra que a Dívida Bruta do
Governo Geral, após saltar 19 p.p. em 2020, passa a crescer entre 0,8 e 1,0 p.p. por
ano, chegando a 2023 a 97% do PIB.

GRÁFICO 7 GRÁFICO 8
Receita líquida do governo central projetada pré- Despesa do governo central projetada pré-pandemia e
pandemia e projeção mais recente projeção mais recente
(Em R$ bilhões) (Em R$ bilhões)

1.800 2.200

Carta de Conjuntura
1.700 1.681
1.600 1.581
2.000 1.975

1.500 1.480 1.502


1.800
1.400 1.383
1.411
1.347 1.654
1.300 1.307
1.600 1.528
1.595
1.632
1.228 1.573
1.200 1.155
1.471 1.532
1.140 1.442
1.100 1.088 1.400 1.352
1.043
1.000 1.249
1.279
1.200
900 1.164

800 1.000
2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023
Observado Última Previsão Previsão Fevereiro Observado Última Previsão Previsão Fevereiro

Fonte: Prisma Fiscal/ME. Fonte: Prisma Fiscal/ME.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
GRÁFICO 9 GRÁFICO 10
Resultado primário do governo central projetado pré- Dívida Bruta do Governo Geral projetada pré-pandemia
pandemia e projeção mais recente e projeção mais recente
(Em R$ bilhões) (Em % do PIB)
100
97,4
96,4
0 -14
26 95 94,8 95,6
-47
-121 -124
-95 -85
-123 90
-161 -163
-200 -226 85
80
-400 76,5 76,8 77,0 76,8
75 73,7
75,8 76,0

-600 70 69,8

65 65,5
-800
-848
60
-1.000 55
2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

Observado Última Previsão Previsão Fevereiro Observado Última Previsão Previsão Fevereiro

Fonte: Prisma Fiscal/ME. Fonte: Prisma Fiscal/ME.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

O BCB não publica projeções para as despesas com juros, mas é possível obtê-las
pela diferença entre o nominal e o primário. Apesar do forte aumento da dívida
pública, por causa das medidas de combate à pandemia e à recessão, são previstos
gastos menores com juros neste ano e nos seguintes: os juros desembolsados são

4
resultado do valor da dívida e da taxa GRÁFICO 11
Despesa com juros do setor público consolidado
de juros que incide sobre ela; assim, a comparada com a projeção pré-Covid-19
expectativa de taxa de juros menor mais (Em % do PIB)

do que compensa a previsão de aumen- 9


8,4
to da dívida na dinâmica dos próximos 8
7
anos, levando a despesas com juros me- 6
6,5
6,1
5,5
nores do que o previsto antes da pan- 4,9 5,0 4,9
5 5,1 4,4 4,5
4,7 4,9

demia – cerca de 1 p.p. do PIB por ano 4


3 3,5
3,9
3,3
de 2020 a 2022. A dívida líquida, que 2

é a relevante para o deficit público, deve


2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024
passar de 55,7% do PIB em 2019 para Média da amostra completa - (14/02/2020)
Média da amostra completa - (18/09/2020)

67,5% em 2020, crescendo até 73,7% Observado

em 2024, seguindo trajetória cerca de Fonte: BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
11 p.p. acima da esperada antes da pan-

Carta de Conjuntura
demia.

3 Taxa de câmbio e balanço de pagamentos

A taxa de câmbio R$/US$ já havia subido 22%, de 3,31 para 4,03 entre dezem-
bro de 2017 e dezembro de 2019. Logo antes da pandemia gerar efeitos sobre as
expectativas, esperava-se que a taxa flutuasse entre 4,09 e 4,24, entre 2020 e 2024.
Agora, após subir para 5,21 em 2020, cai para 4,82 em 2022 e aí permanece até
2024 (gráfico 12).

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
O deficit em transações correntes no ba- GRÁFICO 12
lanço de pagamentos, que foi de 2,7% Expectativas
ano
para a taxa de câmbio real/dólar: fim do

do PIB em 2019, deve se reduzir, em (Em R$)


2020, para 0,4% do PIB e volta a au- 6,0
mentar até 2024, mas para magnitudes 5,5 5,43

5,21
5,35
5,26 5,29 5,36

não preocupantes, entre 1% e 2,5% do 5,0 4,99


5,01
4,82 4,81 4,82

PIB4 (gráfico 13). O gráfico 14 traz as 4,5 4,67


4,38 4,33 4,28
4,0 4,03

projeções para o investimento direto no 3,5


3,90 3,87

país. Antes da pandemia, esperavam-se 3,0 3,26 3,31

investimentos, de 2020 a 2024, de US$ 2,5


2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

86 bilhões por ano, em média; agora,


essa média caiu para US$ 71 bilhões. Média da amostra completa
Média menos um desvio padrão
Média mais um desvio padrão
Observado

Entretanto, continua bem superior ao Fonte: Sistema de Expectativas de Mercado/BCB.


deficit em conta corrente esperado, que Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
terá média de US$ 27 bilhões, indo de US$ 6 bilhões em 2020 a US$ 45 bilhões
em 2024. Esse nível de investimento direto é também consistente com o dos últi-
mos dez anos: de 2010 a 2019, variou entre US$ 65 e US$ 102 bilhões.

4. A previsão para o deficit em conta corrente como porcentagem do PIB é elaboração própria a partir de expectativas para conta corrente em
dólares, crescimento do PIB, taxa de câmbio e IPCA do Focus/BCB.

5
GRÁFICO 13 GRÁFICO 14
Expectativas para a conta corrente do balanço de Balanço de pagamentos: expectativas para o
pagamentos investimento direto no país
(Em % do PIB) (Em US$ bilhões)

0,0%
-0,4% 102
-0,5% -0,4%
93
97

-0,8% 88
83 85 85
82 82
-1,0% 75 74
78 79 81
76 76
-1,2%
-1,3% 69 68
65
-1,5%
-1,7% 54
-2,0%
-2,2%

-2,5% -2,4%
-2,7%

-3,0% -3,0%

-3,5%

2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

Observado Previsão Observado 14/02/2020 18/09/2020

Fonte: Sistema de Expectativas de Mercado/BCB. Fonte: Sistema de Expectativas de Mercado/BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

Carta de Conjuntura
4 Juros e inflação

A projeção para a meta da taxa Selic, de acordo com o Focus/BCB, é de permanên-


cia nos atuais 2% até setembro de 2021. Depois, começa um processo de elevação,
que levaria a taxa a 6% ao fim de 2024. Essa trajetória praticamente coincide com
a da taxa over Selic constante da grade de parâmetros da SPE/ME, como ilustrado
no gráfico 15.

A estrutura a termo da taxa de juros (ETTJ) de títulos do Tesouro Nacional está

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
mostrada em quatro momentos no gráfico 16. Em 31 de maio de 2019, represen-
tando o “antes da Reforma da Previdência”, a curva ia de 6,2% no primeiro vértice,
de um ano, a 8,7% no último, de dez anos. Em 14 de fevereiro de 2020, com a
reforma aprovada e logo antes da eclosão da pandemia, a curva havia se deslocado
paralelamente para baixo, em 2 p.p. Com a incerteza trazida pela crise sanitária e
a deterioração fiscal decorrente da queda de receita (por causa da recessão) e do
aumento significativo de despesas (para mitigar os efeitos da recessão sobre renda,
consumo, produção e emprego), a ETTJ inclinou-se e, em 20 de março de 2020,
por exemplo, o vértice de um ano continuava em 4,3%, mas o de dez havia pas-
sado de 6,7% para 9,9%. Desde então, a curva passou por nova redução paralela,
novamente de cerca de 2 p.p., com o vértice de um ano caindo para 2,6% (em 22
de setembro de 2020) e o de dez, para 7,9%. Os vértices mais curtos estão, certa-
mente, influenciados pela Selic baixa. Os mais longos estão cerca de 1 p.p. abaixo
do nível pré-Reforma da Previdência e 1 p.p. acima do nível pré-pandemia.

O gráfico 17 traz a evolução das taxas dos leilões de títulos do Tesouro desde janei-
ro deste ano, expressas como spread sobre a taxa Selic corrente, para três títulos pre-
fixados: Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em janeiro de 2024; e
Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) de janeiro de 2027 e janeiro de 2031.
Nessa medida, de diferença em relação à Selic, essas taxas se estabeleceram em

6
níveis consideravelmente mais altos do GRÁFICO 15
Expectativa para a Selic, de acordo com o Sistema de
que antes da pandemia. A LTN de janei- Expectativas de Mercado do BCB (Focus) e a grade de
ro de 2024, que pagava 1,3 p.p., agora parâmetros macroeconômicos da SPE/ME
(Em %)
paga 3,5 p.p.; a NTN-F de janeiro de
16
2027 passou de 2,1 p.p. para 4,8 p.p.; e
14 14,15

a de 2031, de 2,7 p.p. para 5,4 p.p.


13,65

12
10
A inflação no atacado, medida pelo 8
7,00 6,00

IPA-DI/FGV, é esperada, na pesquisa 6,40 5,65


6
4,50 5,90
4,59 5,63
4
do BCB, chegar a 19,3% em 2020, pela 2
2,00
2,78 4,40

2,50

mediana da amostra da coleta de infor- 0


1,90

mações; mas cai para 4,1% em 2021. 2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024
Também no caso do IPCA, a elevação Observado Focus Grade

da inflação esperada para 2020 não con- Fonte: BCB.

Carta de Conjuntura
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
taminou as expectativas para 2021 (grá-
ficos 18 e 19).
GRÁFICO 17
GRÁFICO 16 Títulos prefixados em leilões do Tesouro Nacional:
Estrutura a termo da taxa de juros nominal em quatro spread sobre a Selic vigente da taxa média por título,
momentos por data do leilão e data do vencimento.
(Em %) (Em % ao ano)

11
9,76 9,90
10 9,37
9,59 3 Imediato Pós- Covid 5,61 5,47 5,42
9,08 5,01
1 Antes da Reforma
9 8,13
8,69
8,72 da Previdência
4,82
4,46
4,80 4,77
8,45 8,58 4,30
8,28 7,75 7,87 4,06
8 7,28 7,74
8,05
7,15
7,41 7,60 4 Recentemente
3,57
3,78
3,39 3,36 3,48 3,51
7,31 6,77
7 2 Logo antes da
% ao ano

3,13

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
3,04 3,03
6,75 6,22 6,54 6,64 6,72 Covid 2,66
6,42 2,66 2,62
6,23 6,27
6 5,99 5,38 5,78
6,06
2,11 2,13
5,38 1,67
5 4,30 4,85 1,33
4,28
4 4,15 Data do leilão
3
02/01/2020

23/01/2020

13/02/2020

05/03/2020

26/03/2020

16/04/2020

07/05/2020

28/05/2020

18/06/2020

09/07/2020

30/07/2020

20/08/2020

10/09/2020

2,62
2
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10

Anos

31/5/2019 14/02/2020 20/03/2020 22/09/2020 LTN_2024_01 NTN_F_2027_01 NTN_F_2031_01

Fonte: Anbima. Fonte: Tesouro Nacional


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

GRÁFICO 18 GRÁFICO 19
IPA-DI 2020 e 2021: projeções do sistema de IPCA 2020 e 2021: projeções do sistema de expectativas
expectativas do Banco Central do Banco Central
(Em %) (Em %)
25 2,20 3,40
2,10 3,35
20 19,31 3,30
2,00 1,94
1,98
3,25
15 1,90 1,87
3,20
1,79
1,80 1,73 3,15
10 3,10
1,70 1,65
3,03
3,02 3,02 3,05
5 4,07 1,60
3,02 3,02 3,01 3,00
1,50 2,99
2,95
0 1,40 2,90
18/09/2019
18/10/2019

18/11/2019
18/12/2019

18/01/2020

18/02/2020
18/03/2020

18/04/2020
18/05/2020

18/06/2020
18/07/2020

18/08/2020

18/09/2020

27/04/2020

12/05/2020

26/05/2020

09/06/2020

24/06/2020

08/07/2020

22/07/2020

05/08/2020

19/08/2020

02/09/2020

17/09/2020

2020 2021 2020 2021

Fonte: BCB. Fonte: BCB.


Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea. Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

7
Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):

José Ronaldo de Castro Souza Júnior (Diretor)


Marco Antônio Freitas de Hollanda Cavalcanti (Diretor Adjunto)

Corpo Editorial da Carta de Conjuntura:

José Ronaldo de Castro Souza Júnior (Editor)


Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
Francisco Eduardo de Luna e Almeida Santos
Leonardo Mello de Carvalho
Marcelo Nonnenberg
Maria Andréia Parente Lameiras
Mônica Mora Y Araujo de Couto e Silva Pessoa
Paulo Mansur Levy
Sandro Sacchet de Carvalho

Carta de Conjuntura
Equipe de Assistentes:

Ana Cecília Kreter


Augusto Lopes dos Santos Borges
Caio Rodrigues Gomes Leite
Felipe dos Santos Martins
Felipe Moraes Cornelio
Felipe Simplicio Ferreira
Leonardo Simão Lago Alvite
Marcelo Lima de Moraes
Mateus de Azevedo Araujo

| 48 | 3˚ trimestre de 2020
Pedro Mendes Garcia
Tarsylla da silva de Godoy Oliveira

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exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou
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