Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sumário estevao.bastos@ipea.gov.br
1 PIB
1. Banco Central do Brasil (BCB), Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME), Secretaria do Tesouro Nacional
e Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
1
de setembro. O crescimento esperado para 2021 tem ficado estável em 3,5% (grá-
fico 1). A dispersão em torno da média dessas previsões vem caindo desde maio. O
desvio-padrão das projeções para 2020 era, antes da pandemia, de 0,3 p.p; chegou
a 1,9 p.p. e, agora, está em 0,8 p.p. Para 2021, era de 0,4 p.p; subiu até 1,2 p.p e
caiu, na aferição mais recente, para 0,7 p.p. (gráfico 2).
GRÁFICO 2
GRÁFICO 1 Desvio-padrão da expectativa para o crescimento do
Expectativa para o crescimento do PIB (2020 e 2021) PIB (2020 e 2021)
(Em %) (Em %)
5,0 2,5
4,0 3,5 3,5 3,5
3,0 2,5 2,5
2 1,9
2,0 2,3 1,7
1,0 0,8
0,0 1,5
-1,0 -0,9
1,2
-2,0
-3,0 1
0,8
-4,0
-5,0 -5,1
0,5 0,4 0,7
-6,0 -6,5 -6,5
-5,8
-7,0
Carta de Conjuntura
-8,0 0,3
0
02/01/2020
13/01/2020
22/01/2020
31/01/2020
11/02/2020
20/02/2020
04/03/2020
13/03/2020
24/03/2020
02/04/2020
14/04/2020
24/04/2020
06/05/2020
15/05/2020
26/05/2020
04/06/2020
16/06/2020
25/06/2020
06/07/2020
15/07/2020
24/07/2020
04/08/2020
13/08/2020
24/08/2020
02/09/2020
14/09/2020
02/01/2020
14/01/2020
24/01/2020
05/02/2020
17/02/2020
02/03/2020
12/03/2020
24/03/2020
03/04/2020
16/04/2020
29/04/2020
12/05/2020
22/05/2020
03/06/2020
16/06/2020
26/06/2020
08/07/2020
20/07/2020
30/07/2020
11/08/2020
21/08/2020
02/09/2020
15/09/2020
2020 2021 2020 2021
Essas taxas esperadas para 2020 e 2021 serão compostas de taxas trimestrais, em
relação ao mesmo trimestre do ano anterior, bem heterogêneas, o que está ilustrado
nos gráficos 3 e 4. Os dados dos dois primeiros trimestres deste ano já foram divul-
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
gados. No primeiro trimestre, houve queda de 0,3% em relação ao mesmo período
2019, menor do que a esperada pelas últimas projeções, de 0,6%. No segundo, a
queda foi de 11,0%, próxima da esperada às vésperas da divulgação, mas significa-
tivamente menor do que os 14% de queda que chegaram a ser previstos em junho.
Para o terceiro trimestre, a taxa interanual prevista já chegou a -7,5%, na passagem
de junho para julho, e agora é de -5,4%. Para o quarto, chegou a -4,6%, mas, em
agosto, começou um processo de revisão e, em 18 de setembro, estava -3,6%.
GRÁFICO 3 GRÁFICO 4
Expectativa para o crescimento do PIB por trimestre Expectativa para o crescimento do PIB por trimestre
(2020) (2021)
(Em %, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior) (Em %, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior)
4 2º trimestre
2,5 9 8,61
2 8,12
7 6,68
0
5 4,35 3º trimestre
-2 4º trimestre 3,78
3,78
-4 -3,6 3 2,71
4º trimestre
-4,6 -5,4
-6 1
3º trimestre -0,34
-8 -7,5 -1
1º trimestre
-10 -3
-1,62
02/01/2020
15/01/2020
28/01/2020
10/02/2020
21/02/2020
09/03/2020
20/03/2020
02/04/2020
16/04/2020
30/04/2020
14/05/2020
27/05/2020
09/06/2020
25/06/2020
08/07/2020
21/07/2020
03/08/2020
14/08/2020
27/08/2020
10/09/2020
02/01/2020
14/01/2020
24/01/2020
05/02/2020
17/02/2020
02/03/2020
12/03/2020
24/03/2020
03/04/2020
16/04/2020
29/04/2020
12/05/2020
22/05/2020
03/06/2020
16/06/2020
26/06/2020
08/07/2020
20/07/2020
30/07/2020
11/08/2020
21/08/2020
02/09/2020
15/09/2020
2
O gráfico 5 compara as taxas de crescimento do PIB, previstas para 2020 a 2023
pelo Focus/BCB, antes dos efeitos da pandemia, com as previsões recentes, in-
cluindo a da Grade de Parâmetros Macroeconômicos da SPE/ME, e também as
do início de julho do Focus, representando, essas últimas, o auge do pessimismo,
quando a queda esperada para 2020 chegou a 6,6%. Agora, está em 5,2%, com a
grade prevendo 4,7%, número que mantém desde suas primeiras projeções após a
crise da Covid-19.
Carta de Conjuntura
de 2019 (R$ 34.500) em 2023, como ilustrado no gráfico 6. A queda no PIB per
capita em 2020 deverá ser de 5,9%. A queda entre 2014 e 2016 foi de 8,3%. De
2016 a 2019, o crescimento acumulado do PIB per capita foi de apenas 0,
GRÁFICO 6
GRÁFICO 5 Evolução do PIB per capita de acordo com o cresci-
Crescimento do PIB anual: projeção pré-pandemia e mento projetado pré-pandemia e com a projeção mais
projeções recentes recente
(Em %) (R$ constantes de 2019)
3,5 38.000
4 3,2
2,6 2,6 37.467 37.334
2,2 2,6
2
2,5 37.000 36.683
37.043
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
1,3 1,3 1,1
0,5 36.304 36.367
0 36.000
35.700 35.697
-2 35.000 35.036 35.173
-8
-6,6 33.000
32.500
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
32.000
Observado 31.000
14/02/2020
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
02/07/2020
18/09/2020
Observado 14/02/2020 18/09/2020
Grade de parâmetros SPE/ME (Set./2020)
2 Fiscal
2. “A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) abrange o total dos débitos de responsabilidade do Governo Federal, dos governos estaduais
e dos governos municipais, junto ao setor privado, ao setor público financeiro e ao resto do mundo. São incluídas também as operações com-
promissadas realizadas pelo Banco Central com títulos públicos. [...]. Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três esferas de
governo não são abrangidos pelo conceito.” (Fonte: metadados do sistema gerenciador de séries do BCB).
3. O setor público consolidado inclui “o governo federal (Tesouro Nacional e Sistema de Previdência Social), os governos estaduais e muni-
,
cipais as empresas estatais das três esferas de governo (exceto Petrobras e Eletrobras) e o Banco Central do Brasil.” (Fonte: metadados do
Sistema gerenciador de séries do BCB).
3
mente: a receita passa a ser cerca de 11% inferior, em termos nominais, ao que seria
sem a pandemia. Já para a despesa do governo central, os analistas consultados pelo
Prisma esperam, em média, que ela retorne, a partir de 2021, à trajetória prevista
anteriormente, sendo a elevação de gastos por causa da pandemia vista, portanto,
como temporária (gráfico 8). A combinação dessas expectativas para receita e des-
pesa gera a trajetória para o resultado primário cerca de R$ 150 bilhões abaixo da
anteriormente prevista (gráfico 9). O gráfico 10 mostra que a Dívida Bruta do
Governo Geral, após saltar 19 p.p. em 2020, passa a crescer entre 0,8 e 1,0 p.p. por
ano, chegando a 2023 a 97% do PIB.
GRÁFICO 7 GRÁFICO 8
Receita líquida do governo central projetada pré- Despesa do governo central projetada pré-pandemia e
pandemia e projeção mais recente projeção mais recente
(Em R$ bilhões) (Em R$ bilhões)
1.800 2.200
Carta de Conjuntura
1.700 1.681
1.600 1.581
2.000 1.975
800 1.000
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
Observado Última Previsão Previsão Fevereiro Observado Última Previsão Previsão Fevereiro
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
GRÁFICO 9 GRÁFICO 10
Resultado primário do governo central projetado pré- Dívida Bruta do Governo Geral projetada pré-pandemia
pandemia e projeção mais recente e projeção mais recente
(Em R$ bilhões) (Em % do PIB)
100
97,4
96,4
0 -14
26 95 94,8 95,6
-47
-121 -124
-95 -85
-123 90
-161 -163
-200 -226 85
80
-400 76,5 76,8 77,0 76,8
75 73,7
75,8 76,0
-600 70 69,8
65 65,5
-800
-848
60
-1.000 55
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
Observado Última Previsão Previsão Fevereiro Observado Última Previsão Previsão Fevereiro
O BCB não publica projeções para as despesas com juros, mas é possível obtê-las
pela diferença entre o nominal e o primário. Apesar do forte aumento da dívida
pública, por causa das medidas de combate à pandemia e à recessão, são previstos
gastos menores com juros neste ano e nos seguintes: os juros desembolsados são
4
resultado do valor da dívida e da taxa GRÁFICO 11
Despesa com juros do setor público consolidado
de juros que incide sobre ela; assim, a comparada com a projeção pré-Covid-19
expectativa de taxa de juros menor mais (Em % do PIB)
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
passar de 55,7% do PIB em 2019 para Média da amostra completa - (14/02/2020)
Média da amostra completa - (18/09/2020)
Carta de Conjuntura
demia.
A taxa de câmbio R$/US$ já havia subido 22%, de 3,31 para 4,03 entre dezem-
bro de 2017 e dezembro de 2019. Logo antes da pandemia gerar efeitos sobre as
expectativas, esperava-se que a taxa flutuasse entre 4,09 e 4,24, entre 2020 e 2024.
Agora, após subir para 5,21 em 2020, cai para 4,82 em 2022 e aí permanece até
2024 (gráfico 12).
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
O deficit em transações correntes no ba- GRÁFICO 12
lanço de pagamentos, que foi de 2,7% Expectativas
ano
para a taxa de câmbio real/dólar: fim do
5,21
5,35
5,26 5,29 5,36
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
4. A previsão para o deficit em conta corrente como porcentagem do PIB é elaboração própria a partir de expectativas para conta corrente em
dólares, crescimento do PIB, taxa de câmbio e IPCA do Focus/BCB.
5
GRÁFICO 13 GRÁFICO 14
Expectativas para a conta corrente do balanço de Balanço de pagamentos: expectativas para o
pagamentos investimento direto no país
(Em % do PIB) (Em US$ bilhões)
0,0%
-0,4% 102
-0,5% -0,4%
93
97
-0,8% 88
83 85 85
82 82
-1,0% 75 74
78 79 81
76 76
-1,2%
-1,3% 69 68
65
-1,5%
-1,7% 54
-2,0%
-2,2%
-2,5% -2,4%
-2,7%
-3,0% -3,0%
-3,5%
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Carta de Conjuntura
4 Juros e inflação
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
mostrada em quatro momentos no gráfico 16. Em 31 de maio de 2019, represen-
tando o “antes da Reforma da Previdência”, a curva ia de 6,2% no primeiro vértice,
de um ano, a 8,7% no último, de dez anos. Em 14 de fevereiro de 2020, com a
reforma aprovada e logo antes da eclosão da pandemia, a curva havia se deslocado
paralelamente para baixo, em 2 p.p. Com a incerteza trazida pela crise sanitária e
a deterioração fiscal decorrente da queda de receita (por causa da recessão) e do
aumento significativo de despesas (para mitigar os efeitos da recessão sobre renda,
consumo, produção e emprego), a ETTJ inclinou-se e, em 20 de março de 2020,
por exemplo, o vértice de um ano continuava em 4,3%, mas o de dez havia pas-
sado de 6,7% para 9,9%. Desde então, a curva passou por nova redução paralela,
novamente de cerca de 2 p.p., com o vértice de um ano caindo para 2,6% (em 22
de setembro de 2020) e o de dez, para 7,9%. Os vértices mais curtos estão, certa-
mente, influenciados pela Selic baixa. Os mais longos estão cerca de 1 p.p. abaixo
do nível pré-Reforma da Previdência e 1 p.p. acima do nível pré-pandemia.
O gráfico 17 traz a evolução das taxas dos leilões de títulos do Tesouro desde janei-
ro deste ano, expressas como spread sobre a taxa Selic corrente, para três títulos pre-
fixados: Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em janeiro de 2024; e
Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) de janeiro de 2027 e janeiro de 2031.
Nessa medida, de diferença em relação à Selic, essas taxas se estabeleceram em
6
níveis consideravelmente mais altos do GRÁFICO 15
Expectativa para a Selic, de acordo com o Sistema de
que antes da pandemia. A LTN de janei- Expectativas de Mercado do BCB (Focus) e a grade de
ro de 2024, que pagava 1,3 p.p., agora parâmetros macroeconômicos da SPE/ME
(Em %)
paga 3,5 p.p.; a NTN-F de janeiro de
16
2027 passou de 2,1 p.p. para 4,8 p.p.; e
14 14,15
12
10
A inflação no atacado, medida pelo 8
7,00 6,00
2,50
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Também no caso do IPCA, a elevação Observado Focus Grade
Carta de Conjuntura
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
taminou as expectativas para 2021 (grá-
ficos 18 e 19).
GRÁFICO 17
GRÁFICO 16 Títulos prefixados em leilões do Tesouro Nacional:
Estrutura a termo da taxa de juros nominal em quatro spread sobre a Selic vigente da taxa média por título,
momentos por data do leilão e data do vencimento.
(Em %) (Em % ao ano)
11
9,76 9,90
10 9,37
9,59 3 Imediato Pós- Covid 5,61 5,47 5,42
9,08 5,01
1 Antes da Reforma
9 8,13
8,69
8,72 da Previdência
4,82
4,46
4,80 4,77
8,45 8,58 4,30
8,28 7,75 7,87 4,06
8 7,28 7,74
8,05
7,15
7,41 7,60 4 Recentemente
3,57
3,78
3,39 3,36 3,48 3,51
7,31 6,77
7 2 Logo antes da
% ao ano
3,13
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
3,04 3,03
6,75 6,22 6,54 6,64 6,72 Covid 2,66
6,42 2,66 2,62
6,23 6,27
6 5,99 5,38 5,78
6,06
2,11 2,13
5,38 1,67
5 4,30 4,85 1,33
4,28
4 4,15 Data do leilão
3
02/01/2020
23/01/2020
13/02/2020
05/03/2020
26/03/2020
16/04/2020
07/05/2020
28/05/2020
18/06/2020
09/07/2020
30/07/2020
20/08/2020
10/09/2020
2,62
2
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10
Anos
GRÁFICO 18 GRÁFICO 19
IPA-DI 2020 e 2021: projeções do sistema de IPCA 2020 e 2021: projeções do sistema de expectativas
expectativas do Banco Central do Banco Central
(Em %) (Em %)
25 2,20 3,40
2,10 3,35
20 19,31 3,30
2,00 1,94
1,98
3,25
15 1,90 1,87
3,20
1,79
1,80 1,73 3,15
10 3,10
1,70 1,65
3,03
3,02 3,02 3,05
5 4,07 1,60
3,02 3,02 3,01 3,00
1,50 2,99
2,95
0 1,40 2,90
18/09/2019
18/10/2019
18/11/2019
18/12/2019
18/01/2020
18/02/2020
18/03/2020
18/04/2020
18/05/2020
18/06/2020
18/07/2020
18/08/2020
18/09/2020
27/04/2020
12/05/2020
26/05/2020
09/06/2020
24/06/2020
08/07/2020
22/07/2020
05/08/2020
19/08/2020
02/09/2020
17/09/2020
7
Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):
Carta de Conjuntura
Equipe de Assistentes:
| 48 | 3˚ trimestre de 2020
Pedro Mendes Garcia
Tarsylla da silva de Godoy Oliveira
As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não
exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou
do Ministério da Economia.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reprodu-
ções para fins comerciais são proibidas.