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Oya / Yansan

Filha de Nanã. Ela é a deusa dos ventos, das tempestades, dos tufões, dos
elementos aéreos ligados ao relâmpago (ar + movimento = ao fogo). É a deusa
do rio Níger da África que em iorubá, chama-se Odò Oya. Comanda os eguns
(os mortos). Extrovertida e sensual como poucas. Foi a primeira esposa de
Xangô. Tinha um temperamento ardente e impetuoso. Destemida, justiceira e
guerreira, não teme a nada.

Registram-se, em literatura, 17 qualidades sendo as mais conhecidas: Oya,


Onyra, Bagam, Egunita, Benek, Cenou, Bomini e Muriai, a Iansã-do-Bale que
preside a festa dos Egun).

Lendas

... ventos e eguns

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de SÀNGÓ, teria ido, a
seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obalúayé.
Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de
volta a SÀNGÓ. Iansã foi e lá Obalúayè recomendou mais uma vez que não
deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não
olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não aguentava mais
segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça,
desrespeitando a vontade de Obalúayé. Saíram de dentro da cabaça os ventos
que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou
a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e
gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça SÀNGÓ chegou e pegou para si, que
era a cabaça do fogo, dos raios.
Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres
de SÀNGÓ que , no fim do seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá.
Quando ele recolheu-se para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em
Yiá.

... a ira da mulher búfalo

Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo
veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no
animal, ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro,
baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era
yansan, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Yansan fez
da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro,
partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo.
Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu
celeiro.

Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e
começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte.
Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a
trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar com ele o que
procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma
mulher e sim animal ), yansan foi obrigada a se casar com ele; apesar disso,
conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de
comentar o assunto com qualquer pessoa.

Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansan iria morar
com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem;
enquanto ogum saía para trabalhar, yansan passava o dia procurando sua
trouxa.

Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras
esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar
ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia yansan. Logo que o
marido se ausentou, elas começaram a cantar: "Você pode beber, comer e
exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal." Iansã
compreendeu a alusão. Depois que yansan encontrou então sua pele e seus
chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando
apenas seus filhos.
Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a
acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres
e orientou-os para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o
outros; com esse
sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão
presentes nos assentamentos de yansan/oya.

... orisá do fogo

Embora tenha sido esposa de Sangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu
com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu
Osossi, Logun-Edé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este
assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua
inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente
tudo. Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com
ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la. Depois partiu e
foi para Oxogbo, terra de Osogiyan .Com ele aprendeu o uso do Escudo para
se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.Depois partiu e
nas estradas deparou-se com Esú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e
da magia. No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a
tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia
aprendida com Esú. Seduziu Logun-Odé e com ele aprendeu a pescar. Foi
para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu
rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o
que Oya queria e ela respondeu:
-"queria ser sua amiga".

Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo,
sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo,
Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao
homem da palha:
-"Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo."
- "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos".

Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como
conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô,
pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver
ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do
que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois
Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das
paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

... o sopro

Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas
eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente.
Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, mas o ferreiro já fazia o possível.
O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava
como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu
ajudar Ògún a apressar a fabricação.
Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente
o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo
Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra.
Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de
Oyá. Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja
fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas
muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de
Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro
atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún. E
seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo
caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com
o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a
guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá
a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando
casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.
O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso
tempestade.

... respeito

Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oiá foi consultar um babalaô e
ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um
agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove
filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.E lá ia ela toda orgulhosa ao
mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove,
depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido
atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.

... corajosa e atrevida

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-
Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer
sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-
se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oiá na sua dança que
provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de
Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua
beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa,
dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.
Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os
mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com
que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

Logun Edé

"Erinlè teria tido, com Oxum Ipondá, um filho chamado Lógunède (Logunedé), cujo
culto se faz ainda, mas raramente, em Ilexá, onde parece estar em vias de extinção."

Do livro "Orixás - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio"

"No Brasil, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro, Logunedé tem,


entretanto, numerosos adeptos. Esse deus tem por particularidade
viver seis meses do ano sobre a terra, comendo caça, e os outros seis
meses, sob as águas de um rio, comendo peixe. Esse deus, segundo
se conta na África, tem aversão por roupas vermelhas ou marrons.
Nenhum dos seus adeptos ousaria utilizar essas cores no seu
vestuário. O azul-turquesa entretanto parece ter sua aprovação. É
sincretizado na Bahia com São Expedito."

"PAI CIDO DE ÒSUN EYIN(CANDOMBLÉ -A PANELA DO SEGREDO)"

Hoje, na Nigéria, a mais rica cidade chama-se Ilesa, e é a cidade de Logun Ede, que
para muitos é metade homem e metade mulher, o que não é verdade. Logun Ede é um
santo único, um Orixá rico que herdou tanto a beleza e agilidade do pai quanto a beleza
e riqueza da mãe. Em Ilesa, uma das cidades mais prósperas da África, encontra-se o
palácio de Logun Ede.

Lendas

... a mãe criadora

Conta a lenda que Osun teve uma grande paixão na sua vida: Osossi,
mais na época era casada com Ògún e não podia ter nada com
Osossi. Numa das saídas de Ògun para guerrear, Osun encontrou
Osossi e dele ela engravidou. Nove meses depois, quando a criança
estava para nascer, Ògún mandou recado que estava regressando.
Osun não podia mostrar a ela a criança. Ela deu a luz a um menino e
o pôs em cima de um lírio e ali o deixou e foi embora. Iansã
passando viu aquela criança e sabia que era de Osun, pegou e criou
Logun Ede. Iansã o ensinou a caçar e pescar. Logun Ede viveu com
Iansã durante muito tempo.

... o reencontro

Certo dia Logun Ede saiu para caçar. Quando estava no topo de uma cachoeira, olhou
para baixo e viu uma linda mulher sentada nas pedras, tomando banho e se penteando.
Ele ficou fascinado pela beleza desta mulher. Aí ele desceu e ficou olhando-a
escondido. Osun com seu abebe (espelhinho) viu que havia um homem a observando.
Virou o abebe para ele. Neste momento Logun Ede se encantou e caiu nas águas em
forma de cavalo marinho. Iansã quando soube, correu atrás de Osun e disse a ela que
aquele menino que ela havia encantado era seu filho: Logun Ede, que um dia ela havia
deixado em cima de um lírio. Osun desfez o encantamento e disse que apartir daquele
dia Logun Ede viveria seis meses na terra como o pai, comendo da caça e seis meses
viveria como a mãe, comendo do peixe.

... fascínio

Logun Ede, o menino caçador, andava pelos matos quando um certo dia, passando pela
beira do rio Alaketu, ele viu no meio do rio um palácio muito bonito. Voltou para sua
cidade, relatou a beleza deste palácio e sua vontade de ir até lá. Disseram a ele que era o
palácio de Osun, Lugar em que nenhum homem punha os pés. Passou-se o tempo e
Logun Ede não encontrava um meio de ir até lá. Um certo dia, encontrou sua mãe de
criação, Iansã, que lhe confirmou que no palácio de Osun nenhum homem punha os pés
e ele só conseguiria entrar se se vestisse como mulher. Logun Ede fascinado e obcecado
pelo palácio pediu a Iansã que lhe arrumasse os trajes adequados. Depois de arrumado,
pegou sua jangada e se pôs no rio a caminho de palácio.
Chegando em terra cantou:
Alaketo-ê
Ala Ni Mala
Ala Ni Mala
okê
Este oro foi cantando em saudação às águas e pedia permissão à dona do palácio para
sua entrada. Abriram-se os portões e Logun Ede entrou e no meio das mulheres Osun
reconheceu seu filho. Disse que apartir daquele dia Logun Ede usaria saia, que lhe daria
o direito de reinar ao seu lado.

... o belo

Logun-Edé era filho de Osun e Osóssi. Sem poder viver no palácio de Osun, foi criado
por Oiá na beira do rio. Osóssi seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver
com o filho, sumindo por longo tempo em suas caçadas. Logun, afeiçoado pela mãe, vez
por outra ia ao palácio de Sango, onde Osun vivia. Logun vestia-se de mulher pois
Sango era ciumento e não permitia a entrada de homens em sua morada. Assim, Logun
passava dias e dias vestido de mulher mas na companhia de sua mãe e das outras
rainhas.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orisás compareceram com seus
melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes
belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Osun lhe dera para disfarçar-se e com
elas foi à grande recepção. Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logun-
Edé, e perguntavam: "Quem é esta formosura tão parecida com Osun?". Ifá, muito
curioso, chegou perto do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto. Logun-Edé ficou
desesperado e saiu da festa correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa.
Entrou na floresta correndo e foi avistado por Osóssi que o seguiu, sem reconhecê-lo,
encantado com sua beleza. Logun-Edé, de tanto correr fugindo à perseguição do
caçador, caiu cansado. Osóssi então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.

... amado por Osóssi e Ósum

Estava Òsóssì o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua
amada esposa Òsún, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da
maternidade. Quando de seu passeio, foi avistado por Òsún um lindo menino que estava
a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido, Òsún de pronto agrado, acolheu e
amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre
ele, Òsún e Òsóssì.
Durante muitos anos Òsún e Òsóssì, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Òsún
procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu te-lo
como próprio filho. O tempo foi passando e Òsóssì, vestiu o menino com roupas de caça
e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da
caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da
confraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser
audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um
verdadeiro caçador. Òsún por sua vez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da
elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e
sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios.
Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Lógún Edé, o príncipe das matas e o caçador
sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só,
aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Òsún e a fartura de
Òsóssì, adquirindo princípios de um e princípios de outro, tornando-se herdeiro até nos
dias de hoje de tudo que seu pai Òsóssì carrega e sua mãe Òsún leva.

...oxum ipondá e erinlé

Um dia Oxum Ipondá conheceu o caçador Erinlé e por ele se apaixonou perdidamente.
Mas Erinlé não quis saber de Oxum. Oxum não desistiu e procurou um babalaô. Ele
disse que Erinlé só se sintia atraído pelas mulheres da floresta, nunca pelas do rio.
Oxum pagou o babalaô e arquitetou um plano: Embebeu seu corpo em mel e rolou pelo
chão da mata.
Agora sim, disfarçada de mulher da mata, procurou de novo seu amor.

Erinlé se apaixonou por ela no momento em que a viu. Esquecendo-se das palavras do
adivinho, Ipondá convidou Erinlé para um banho no rio. Mas as águas lavaram o mel de
seu corpo e as folhas do disfarce se desprenderam. Erinlé percebeu imediatamente como
tinha sido enganado e abandonou Oxum para sempre.
Foi-se embora sem olhar para trás. Oxum estava grávida; deu à luz a Logun Edé.

Logun Edé é a metade Oxum, a metade rio, E é metade Erinlé, a metade mato. Suas
metades nunca podem se encontrar.
Ele habita num tempo o rio e noutro o mato. Com o Ofá, arco e flecha que herdou do
pai, ele caça. No abebé, espelho que recebeu da mãe, ele se admira.

Nanã

"Esta é uma figura muito controvertida do panteão


africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente
desprovida de seus maiores poderes, relegada a um
segundo plano amargo e sofrido, principalmente
ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos
Orixás, mas sim um Orixá dentro do outro, um conceito
que foi sendo gradativamente substituído por outro,
dando margem a muita confusão e contestação no jeito de
se defini-la.
Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi
incorporado há séculos pela mitologia ioruba, quando o
povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual República
do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns
Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.

Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e
quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e
Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a
paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação
das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos
daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se
mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a
colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de
Oxalá e Iemanjá."

Do livro Os Orixás, publicado pela Editora Três

Registram-se 31 qualidades desta Yami Nla (Grande Mãe), sendo as mais conhecidas:
Nene Adjaosi, Sussure e Buruku.

Lendas

...Disputa entre NANÃ BURUKU e OGUM

Nanã Buruku é uma velhíssima divindade das águas, vinda de muito longe e há muito
tempo. Ogum é um poderoso chefe guerreiro que anda, sempre, à frente dos outros
Imalés. Eles vão, um dia, a uma reunião. É a reunião dos duzentos Imalés da direita e
dos quatrocentos Imalés da esquerda. Eles discutem sobre seus poderes. Eles falam
muito sobre obatalá, aquele que criou os seres humanos. Eles falam sobre Orunmilá, o
senhor do destino dos homens. Eles falam sobre Exú: "Ah! É um importante
mensageiro!" Eles falam muita coisa a respeito de Ogum. Eles dizem: "É graças a seus
instrumentos que nós podemos viver. Declaramos que é o mais importante entre nós!"

Nanã Buruku contesta então: "Não digam isto. Que importância tem, então, os trabalhos
que ele realiza?" Os demais orixás respondem: "É graças a seus instrumentos que
trabalhamos pelo nosso alimento. É graças a seus instrumentos que cultivamos os
campos. São eles que utilizamos para esquartejar." Nanã conclui que não renderá
homenagem a Ogum. "Por que não haverá um outro Imalé mais importante?" Ogum diz:
"Ah! Ah! Considerando que todos os outros Imalés me rendem homenagem, me parece
justo, Nanã, que você também o faça."

Nanã responde que não reconhece sua superioridade. Ambos discutem assim por muito
tempo. Ogum perguntando: "Voce pretende que eu não seja indispensável?" Nanã
garatindo que isto ela podia afirmar dez vezes. Ogum diz então: "Muito bem! Voce vai
saber que eu sou indispensável para todas as coisas." Nanã, por sua vez, declara que, a
partir daquele dia, ela não utilizará absolutamente nada fabricado por Ogum e poderá,
ainda assim, tudo realizar. Ogum questiona: "Como voce fará? Voce não sabe que sou o
proprietário de todos os metais? Estanho, chumbo, ferro, cobre. Eu os possuo todos." Os
filhos de Nanã eram caçadores. Para matar um animal, eles passaram a se servir de um
pedaço de pau, afiado em forma de faca, para o esquartejar. Os animais oferecidos a
Nanã são mortos e decepados com instrumentos de madeira. Não pode ser utilizada a
faca de metal para cortar sua carne, por causa da disputa que, desde aquele dia, opôs
Ogum a Nanã.

Templo de Nanã Buruku em Dassa Zumê.

... praga ao velho rei

Nanã era considerada como a grande justiceira. Qualquer problema que ocorria em seu
reino, os habitantes a procuravam para ser a juíza das causas. No entanto, Nanã era
conhecida como aquela que sempre castigava mais os homens, perdoando as mulheres.
Nanã possuía um jardim em seu palácio onde havia um quarto para o eguns, que eram
comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, Nanã mandava prendê-lo
chamando os eguns para assustá-lo, libertando o faltoso em seguida.
Osalufã sabedor das atitudes da velha Nanã resolveu visitá-la. Chegou a seu palácio
faminto e pediu a Nanã que lhe preparasse um suco com igbins. Oxalufã muito sabido
fez Nanã beber dele, acalmando-a e a cada dia que passava ela gostava mais do velho
rei.
Pouco a pouco Nanã foi cedendo aos pedidos do velho, até que um dia levou-o a seu
jardim secreto, mostrando-lhe como controlava os eguns. Na ausência de Nanã, Oxalufã
vestiu-se de mulher e foi ter com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia,
ordenando-lhes que deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia na
casa da rainha. Em seu retorno Nanã tomou conhecimento do fato ficando zangada com
o velho rei. Foi então que rogou uma praga no velho rei que partir dali nunca mais
usaria vestes masculinas. Por isso até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida e cobre
o rosto como as deusas rainhas.

... nanã quer de volta

Dizem que quando Olorum encarregou Osalá de fazer o mundo e modelar o ser
humano, o Òrìsà tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não
deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou
dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu.
Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu
socorro e deu a Osalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as
águas, que é Nanã. Osalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum
ele caminhou. Com a ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem
tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu
a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é.

Osaguian

É o filho de Osàlufan, considerado o Osalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo e é
muito confundido com Ògún e não perde uma oportunidade de lutar contra OMOLÚ ou
SÀNGÓ. Por ser um Orixá Fun Fun (branco), ele é muito guerreiro. É o único que tem
autorização de enfeitar seus colares brancos com as pedras azuis , chamadas de SEGUY , e
suas roupas brancas podem , às vezes , levar uma franja vermelha . Está ligado ao culto de
ÌRÓKÒ e dos espíritos , assim como a fertilidade e o culto dos inhames . É pai de ÒSÓÒSÌ
INLÉ, come com ÒGÚN JÀ, ÒSÓÒSÌ INLÉ, AIRÀ, ÈSÙ, OYA e ONÌRA . Tem muito fundamento
com OYA , pois é o dono do ATORI, fundamento que lhe foi dado por ela , motivo pelo qual
as pessoas de GUIAN devem agradar muito a OYA. Vem pelos caminhos de ONIRA . Tem
ligação com ÈSÙ . Seus filhos devem evitar brigas, confusões e mentiras, principalmente,
não devem enganar ÒGÚN ou aos seus filhos, pois será castigado sem dó. Não devem comer
ôvo frito para não esquentar o Òrìsá, cachaça, sal e dendê . É um Òrìsá muito perigoso.

É também um Orixá enganador, porque sempre mostra as duas faces: a guerra e a paz.
Oságuian é considerado um Orixá de alimentos branco (inhame- insu), mas ele também
esconde o lado vermelho da espiritualidade. É muito arteiro, muito teimoso, engana até a
morte. Traz no seu bojo um grande carrego espiritual e os babalorixás têm que ter bastante
cuidado para cultivá-lo, justamente pelas duas faces que tem.
É considerado o Santo das derrotas, das lutas, das batalhas, das guerras, mas também
considerado um Orixá que trás muita vitória quando resolve vencer sua demanda.

Qualidades: ORANDIAN, OXANDIAN, OXANDIN, OXANIN e OXAMIN.

Lendas
... comedor-de-inhame-pilado
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se
Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os
iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao
meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio
seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe
servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!

Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que
significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu
companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não
fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio;
dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande;
duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos.
Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno
vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e
povoada de muitos habitantes.Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares.
Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas
com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e
saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe,
compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas
mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se
usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua
Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele
desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na
entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado".
Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira
de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe
pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.

Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante
sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos
do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta
triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos
meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi
solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei
tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o
perdoasse. "Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã,
mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie
muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos
em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas
ou quebrem-se". Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros
de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal
de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume
conservou-se através dos tempos e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das
cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de
vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem
dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do
Orixá "Comedor-de-inhame-pilado." Exê ê! Baba Exê ê!

... Oxaguian encontra Iemanjá e lhe dá uma Filho

Houve um tempo em que os orixás viviam do outro lado do oceano. Mas depois tiveram que
vir para o lado de cá, para acompanhar seus filhos que foram trazidos como escravos. Assim
vieram todos e assim veio Oxaguian. Oxaguian veio boiando na superfície do mar,
navegando no tronco flutuante de uma árvore. A travessia durou muito tempo, mas de um
ano. Foi nessa viagem que Oxaguian conheceu Iemanjá, que era dona do próprio mar em
que viajava Oxaguian. Logo se conheceram e logo se gostaram. Oxaguian era moço, forte,
corajoso; Iemanjá era mulher bonita destemida e sedutora. Iemanjá engravidou de
Oxaguian e nove meses depois deu a luz à um menino, que já nasceu valente e forte,
querendo guerrear. Mais tarde chamaram o menino de Ogunjá, porque o guerreiro gostava
de comer cachorro. Sempre que ia à guerra, a mãe o acompanhava e então todos a
chamavam Iemanjá Ogunté.
Oxaguian, Ogunté e Ogunjá formam uma família de guerreiros. E eles são muitos festejados
no Brasil.

... Orisa sem cabeça

Um dos mitos diz que Oxaguiã nasceu apenas de Obatalá. Não teve mãe. Nasceu dentro de
uma concha de caramujo. E quando nasceu, não tinha cabeça, por isso perambulava pelo
mundo, sem sentido.

Um dia encontrou Ori numa estrada e este lhe deu uma cabeça feita de inhame pilado,
branca. Apesar de feliz com sua cabeça ela esquentava muito e quando esquentava Oxaguiã
criava mais conflitos e sofria muito. Foi quando um dia encontrou a morte (iku), que lhe
ofereceu uma cabeça fria. Apesar do medo que sentia, o calor era insuportável, e ele acabou
aceitando a cabeça preta que a morte lhe deu. Mas essa cabeça era dolorida e fria demais.
Oxaguiã ficou triste, porque a morte com sua frieza estava o tempo todo acompanhando o
Orixá. Foi então que Ogum apareceu e deu sua espada para Oxaguiã, que espantou Iku.
Ogum também tentou arrancar a cabeça preta de cima da cabeça de inhame, mas tanto
apertou que as duas se fundiram e Oxaguiã ficou com a cabeça azul, agora equilibrada e sem
problemas.

A partir deste dia ele e Ogum andam juntos transformando o mundo. Oxaguiã depositando o
conflito de idéias e valores que mudam o mundo e Ogum fornecendo os meios para a
transformação, seja a tecnologia ou a guerra.

Oxaguian - O guerreiro que não conhece a derrota! (Por Gil Bello)

Eis o Senhor do Dia, o Orixà do progresso e da cultura, o Orixà da vida e também da


efervescência da vida, da discussao, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do
branco, do claro, do positivo e do masculino!!
Orixà moço, Oxalá criança, às vezes adolescente, não passando do jovem adulto Ajagunan!!
Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o
Dia, traz o tempo, traz a evoluçao e o ritmo!
Este controvertido Orixà, apenas superado em controvérsia por Exù, já traz os paradoxos em
sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalà com Yemanjá, mas na grande maioria da
cultura este Orixà é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missao era outra
que apenas a administraçao da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la
possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixà é tao distinta e paradoxalmente
semelhante, que ao mesmo tempo que o separa em dois Orixàs distintos, os une no mesmo
Orixà ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixanlà (Supremo
Orixà)!

Este Orixà é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele
véio o dia primordial e consigo a vida! À ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criaçao! Que não
pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù
Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a
noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9
mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador
desta relação o terceiro Orixà mais velho: Exù (esfera), aquele que faz girar o Axé destes
dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.

Conta uma lenda que, após espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras,
desceram os Orixàs para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogun.
Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se
rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalà frágil para lidar
com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogun que havia presenciado o
ocorrido, e ofereceu à Oxalà sua própria espada para q Oxalà continuasse a trabalhar.
Enquanto Ogun continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogun goza de eterno
prestígio com Oxanguian, que sempre o abençoa em todo os seus empreendimentos e
trabalhos!
Há uma relaçao muito íntima, sem dúvida entre Ogun e Ogyan, tanto que muitos devotos e
até mesmo sacerdotes o confundem com uma “qualidade branca” de Ogun... somente o
desconhecimento para levar a esta proposiçao, haja visto que o grande Ogun é um ébora,
enquanto Ogyan é um Irunmonlè!...

Ogyan divide com Ogun algumas regências, como a guerra, o espírito de luta e o progresso
cultural e tecnológico. No entanto são dois Orixàs absolutamente distintos, ainda q
companheiros.

Ogyan é em si o Orixà da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto


Ogun, primordialmente, era o Orixà da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxóssi,
enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de Ifà descobriu o FERRO e como
manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento
mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo
sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmao Xangô, o
fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixàs invejaram a descoberta de Ogun. No
entanto, nem o próprio Ogun sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria
com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta
descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogun para confeccionar todos os
instrumentos que inventava! E assim Ogun e Oxalá produziram todos os instrumentos de
labor, de cultivo, construçao e tb de guerra!! Sendo assim Ogun, o Orixà do Ferro, se tornou
tb um dos patronos da construçao, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra!
Ainda se pode ver, em suas danças míticas, Ogun fazendo uso dos instrumentos que
confeccionou, ao mesmo tempo que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando
cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilao!...

Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogun,
para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para
que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacoes são tidos como
prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyà para acelerar uma
enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!

Assim sendo, Ogyan é o Orixà da Guerra, enquanto Ogun é um de seus patronos e um


grande general de batalha! A distinção dos dois giraria na mesma distinção entre o Ares e a
Atenas gregos, ambos deuses da guerra, tendo distinção na forma de guerrearem e da
natureza do combate. Ogun e Ares (grego) são viscerais, sao furiosos, lutam corpo a corpo,
brandindo sua espada com poderosa e inumana força, destroçando tudo o que estiver em
seu caminho de guerreiro, sem muita distinção e discernimento, é o calor da batalha, a
cegueira da fúria, o gosto pela violência e pela força, junto consigo está a companhia das
forças mais obscuras do Universo, assim como Ares vem junto phobbos (medo), entre outras
divindades obscuras e até mesmo demoníacas, Ogun vem acompanhado de Ikù (a morte)
entre outras divindades terríveis!... Ogun furioso é uma força indomável e absolutamente
terrível, contrastando com seu caráter humilde, reto e justo de trabalhador honesto e
incansável quando está trabalhando diligentemente. Tanto que é um Orixà de justiça, muito
severo, mas reto e verdadeiro. É um grande Orixà!!

Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixà do gosto pela batalha como depuradora de
verdades e otimizadora de progressos!! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias
e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a
antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim
incessantemente até chegar à perfeiçao que este Orixà almeja! É isto, ou NADA!! Assim
configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do
confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que
assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em
si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixà da
cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija
da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a
vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensao! A confusão e a guerra, é
um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta,
que a justiça e o progresso se façam!! Um Orixà q busca trazer o valor à tona, utilizando de
momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que
com seu esplendor força os contrastres ao extremos clareando e definindo tudo! É a visão e
a verdade! Nenhuma dissimulaçao ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define
as naturezas e traz à tona as verdades.

É um Orixà de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogun, que se
compraze com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogun seu
direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna
aos Oxalàs: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyi!” digno dos Reis!!

Ogyan é o inventor e Ogun seu artesão! Ambos espírito e técnica são invencíveis!! Sua
parceria é algo tao íntimo que encontramos em diversas lendas a união dos dois! Em outra
lenda mostra a natureza extrema de Ogyan e como foi importante a parceria com Ogun para
encontrar um ponto de equilíbrio:

Ogyan sentia fortes dores de cabeça, pois seu Orì era demasiado branco! Era um excesso de
vida e atividade, pediu auxílio e encontrou Ikù, que lhe disse que poderia resolver este seu
problema, desta demasiada claridade, assim Ikù atirou sobre o Orì de inhame branco de
Ogyan uma grande quantidade de Ossum, o que tornou a cabeça agora azul-marinha quase
negra! Ogyan que sofria de imensas dores de cabeça devido à extrema claridade, agora era
assombrado pelas trevas de Ikù (a morte). Uma extrema depressão e fobia tomou conta
dele! Perambulando perdido pelas ruas, encontrou Ogun, que com seu Obè (espada)
misturou os dois ingredientes (yan- inhame pilado e ossum) tornando a cabeça de Ogyan
uma mistura das duas – branca e azul! Assim Ogyan pôde viver e prosperar, tendo sempre
ao seu lado o seu fiel companheiro Ogun!

Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixà, às vezes muito branco, às
vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogun) um Odù de
extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalà, devido
justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais à uma
cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também sabe-se
que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até
quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão... Vão ao
céu e ao inferno praticamente no mesmo dia. Mais uma vez os extremos da lenda. E os
fantasmas, as situaçoes obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação
para seu filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação.
Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes
deprime e atemoriza! Assim, como é comum à todos os Oxalàs, não pode se ver manchado.
Quando digo manchado me refiro ao “manchar o alà branco com dendê...”! Ou seja,
manchar a reputaçao!!
E outro ponto muito interessante ainda a ser explorado nesta lenda é a questao do trabalho
ser o ponto de equilíbrio para o Orì de Ogyan, assim como o afiado discernimento!

Quando aparece Ogun e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na
verdade Ogun e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha.
Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em
comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formaça
da cabeça de Ogyan é pq os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questoes a elucidar
nao se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado!
É a uniao da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se
moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, o discernimento afiado, que os filhos de Ogyan
possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado,
saudável e proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o
valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como
meta última, a perfeiçao! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas
natos, e não perdoam a sua obra até atingirem a perfeiçao... nunca estará bom para eles,
até que lhes pareça perfeito... Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a
próxima será melhor, e talvez, a definitiva... Para um Orixà do progresso nunca existe a obra
definitiva... e assim caminharão até à perfeição!

São, como todos os Oxalàs, altivos ao mesmo tempo que humildes. Existem muitas
“qualidades” ou muitos Orixàs sob esta classificação... não pretendo aqui discorrer sobre
todas que seriam um grande número... com todas as suas multifaces e idiossincrasias. Basta
tentar classificar as maiores tendências.

Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyans que portam pilão, e os
Ogyans que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e
sociàveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os
“encrenqueiros”, de humor instável e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que
em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do
Orixà... e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixà.
Alguns Ogyans no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados
à batalhas, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente. Em comum todos
possuem uma alegria inesgotável, um vigor invejável, uma mente brilhante e afiada, um
discurso ainda mais reluzente e afiado! Uma mente criativa e por demais inventiva! Uma
coragem de propósitos inigualável e uma rebeldia nata. A inconformidade é seu traço mais
comum, para todos o bom pode ainda ficar melhor, e lutarão por isso!! Quado saciarem esta
fome de perfeiçao, encontrarão a maturidade e a paz que no fundo é o que mais desejam...

Seu nome Oxanguian vem de uma lenda, em que o senhor de Ejigbô, este mesmo Orixà,
gostava muito de comer inhame pilado, de tal modo que inventou o pilao, para que ficasse
mais fácil de produzir sua comida predileta. Assim o chamaram, seus amigos de Oxanguian,
que significa, Orixà comedor de inhame pilado!

Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinaçao após lhe dar sábios conselhos
sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. E realmente Ejigbó tornou-se a grande
cidade que Awoledjé previra: Com grandes muralhas, grandes construções, luxo, exércitos,
etc, etc, todo o luxo que um grande reino exigia. Awoledjé quando retornou mal reconheceu
a cidade. E chegando aos porteiros da cidade pediu para ver o “comedor de inhames”,
bastou para que os soldados ficassem absolutamente indignados com o tratamento
desrespeitoso do forasteiro em relaçao ao seu querido Rei. E então, após surrá-lo bastante, o
prenderam na masmorra mais fétida que havia. Muito triste com o tratamento recebido pela
cidade que havia ajudado a fundar, Awoledjé invocou um encanto que trouxe a esterilidade e
a seca para Ejigbó. Passado uns anos reinar estava impraticável... entao ogyan pediu para os
adivinhos descobrirem o q se passava com seu reino. E Ifà lhes diz que um amigo foi preso
injustamente em seu reino! Imediatamente Elejigbó pede para repassarem todos os
veredictos do reino e é quando reencontra seu amigo Awoledjé, transfigurado pelos maus
tratos recebidos. Oxanguian estava desconsolado... como ele podia ter feito isto ao amigo??
Imediatamente manda lavarem Awoledjé, o alimentarem com as melhores comidas, vesti-lo
de branco (traje de honra) e após todo o tratamento convence a Awoledjé que retire o
encantamento que secava o seu povo. Awoledjé aceita, mas impôs uma única condiçao:
Todos os anos, no fim da seca, deverão todos os habitantes de Ejigbó dividirem-se em duas
tribos que deveram golpear-se com varetas de madeira até estas se quebrarem! E é assim
que até os dias atuais Ejigbó nesta época se dividem os bairros de Ixalê Oxolô e Okê Makpo
para golpearem-se até quebrarem-se todas as varetas! Esperando que a chuva caia e a
fertilidade retorne.

Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima
referidas, também porta o Irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E
também a vareta de amoreira... demonstrando que possui também uma forte ligaçao e
regència sobre os mortos... Ogyan, o Orixà da vida por excelência, também é o Orixà da vida
após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva...

Na natureza encontramos Ogyan no camaleão, nos primeiros raios do Dia, assim como no
dia todo. Também encontramos seu axé em tudo o que é branco e puro, assim como
também nas águas, sobretudo nos gêisers, fontes de águas termais e quentes! Pois ele é a
água e o fogo do início dos tempos, a água vulcânica que presenciou a criação do mundo e
criou a atmosfera, o ar, que gerou a vida neste planeta!!

Ogyan é tanto o Orixà da vida que é muito comum ser um Orixà favorito dos sacerdotes
anciãos, pois ele é sempre o prenúncio de mais vida! Onde entra um omorixá de Ogyan, a
vida se renova, o tempo de vida se prolonga, as atividades retomam força, os objetivos se
redefinem ou se discernem melhor os ideais. Há um reavivamento em tudo!! E também o
famoso lorogùm... aquele que limpa e define as coisas... o brilho afiado de Ogyan que define
tudo, que exalta os ânimos, os vícios e as virtudes, que traz à tona à verdade, e os
contrastes, colocando tudo em seu devido lugar. Nada mais se paira à sombra, o dia
chegou!!
Tanto que em algumas casas, antes de se fazer um Ogyan busca-se acalmar sua cabeça de
Lorogum. Existe um preceito muito simples e eficiente para isso.

Seu elemento: Ar e Água


Seu temperamento: Quente
Sua regência: Vida, criatividade, estratégia, a guerra, as invenções, a inteligência, o
debate, o brilho, o dia!
Sua cor: o Branco, matizado de azul, cor que leva em honra à Ogun seu companheiro.
Seus instrumentos: a mão-de-pilao, a espada, a lança, o escudo, o irukeré (rabo de
cavalo), o iruexan (vareta de amoreira).
Comida preferida: inhame pilado.
Animais consagrados: pombos brancos, cavalos brancos, camaleão, igbin.

Saudemos entao o grande senhor da vida!


Salve o grande guerreiro branco que desconhece à derrota!
Saudemos ao amanhecer do dia, quando surgirem os primeiros raios de vida e de luz!!

“Exeu ê! Epa Babà!! Kabiesy Oxanguian!!”

Ogum
Ogum como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de
Odùduà, o fundador de Ifé. Era um temível guerreiro que brigava
sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele
trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou
contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos
outros Estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí
instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando
ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". Por razões que
ignoramos, Ogum nunca teve o direito a usar uma coroa (adé),
feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de
missangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza para os
iorubás. Foi autorizado a usar apenas um simples diadema,
chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os
nome de Ògún Oníìré e Ògún Aláàkòró inclusive no Novo Mundo, tanto no Brasil como em
Cuba, pelos descendentes dos iorubás trazidos para esses lugares. Ogum teria sido o mais
enérgico dos filhos de Odùduà e foi ele que se tornou o regente do reino de Ifé quando
Odùduà ficou temporariamente cego (informação pessoal do Óòni(rei) de Ifé em 1949).

Como Orixá, Ogum é o deus do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse
metal.Foi um temível guerreiro, que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas
guerras trazia sempre um rico espólio.

Os lugares consagrados a Ògún ficam ao ar livre na entrada dos palácios dos reis e nos
mercados. Estes lugares são geralmente pedras em forma de bigorna, colocadas perto de
uma grande árvore: Àràbà. São protegidos por uma cerca de plantas nativas, chamadas
peregun ou akoko. Nestes locais periodicamente os sacerdotes realizam suas oferendas.

É costume dizer-se que existem 7 (sete) clãs de Ogum, sendo as formas mais conhecidas:
Lebede ou Ogum-de-Le (o jovem), Meje (o sétimo e o velho), Obefaram, Mika, Ogunfa (mora
com Ososi e Esu), Xoroque (vive nos portões e nas estradas com Esu).

Lendas

... divididos

Outra lenda nos fala sobre de um dos combates contra sua ex-esposa oyá no qual entre dois
golpes deferidos por ambos ao mesmo tempo , ogun se transformou em sete (mejê) e oyá
em nove (mesan).
Conta a lenda que Oyá era companheira de Ogún antes de se tornar a mulher de Sàngó. Ela
ajudava Ogún, Rei dos Ferreiros, no seu trabalho. Carregava docilmente seus instrumentos
da casa à oficina. E aí ela manejava o fole para ativar o fogo da forja. Um dia Ogún ofereceu
a Oyá uma vara de ferro, semelhante a uma de sua propriedade, que tinha o dom de dividir
em sete partes os homens e em nove as mulheres, que por ela fossem tocadas no decorrer
de uma briga. Sàngó gostava de vir sentar-se a forja apreciar Ogún bater e modelar o ferro
e, freqüentemente, lançava olhares a Oyá. Esta, por seu lado, também o olhava
furtivamente. Segundo um contador de histórias, Sàngo era muito elegante. Seus cabelos
eram trançados como os de uma mulher. Sua imponência e seu poder impressionaram Oya.
Aconteceu então, o que era de se esperar: ela fugiu com ele. Ògún lançou-se à sua
perseguição. Ao encontrar os fugitivos, bradou sua vara mágica e Oya fez o mesmo, eles se
tocaram ao mesmo tempo. E assim Ògún foi dividido em sete partes e Oya em nove. Ele
recebeu o nome de Ògún-Mége-Iré e ela Ìyá Mésàn.
... a sua ira

Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho
(informação pessoal do Oníìré em 1952). Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no
dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum
pretexto. Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que
estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era
reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. Ogum, cuja paciência é
pequena, enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a
quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar
as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas
comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de
vinho de palma. Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam
louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase ògún je ajá (Ogum come
cachorro), o que lhe valeu o nome de ògúnjá. Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus
atos de violência e declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção
ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de
desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas palavras, ditas durante
uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou.

... disputando com Sango

Ogum e Sango nunca se reconciliaram e, vez por outra, se degladiavam nas mais absurdas
disputas. Certa vez Ogum propôs a Sango que dessem uma trégua em suas lutas, pelo
menos até a próxima lua que chegaria. Sango fez alguns gracejos ao quais Ogum revidou,
mas decidiram por uma aposta, continuando assim a disputa.
Ogum propôs que ambos fossem à praia e recolhessem o maior número de búzios que
conseguissem e quem vencesse daria ao perdedor o fruto da coleta.
Deixando Sango, Ogum seguiu para a casa de Oiá e solicitou-lhe que pedisse à Ikú (a morte)
que fosse à praia no horário em que ele havia combinado com Sango. Oiá exigiu uma
quantia em ouro, o que prontamente recebeu de Ogum. Na manhã seguinte, Ogum e Sango
se apresentaram na praia, iniciando a disputa.
Vez por outra se entreolhavam e Sango cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. O que
Sango não percebeu é que Ikú havia se aproximado dele. Sango levantou os olhos e se
deparou com Ikú que riu de seu espanto. Sango largou sua sacola com os búzios colhidos e
desesperado se escondeu de Ikú. À noite Ogum procurou Sango mostrando seu espólio.
Sango, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta".

Odùduwà
Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades
que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só
retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún
com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai
então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de
Odùduwà para o Àiyé.
Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro
Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a
cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.
Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade
feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e
uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa, e Odùduwà, que era uma divindade negra,
porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter
uma rebelião.

Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo
consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùduwà, o Óòni de
lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não
resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de
volta. Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai
Odùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se
apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e
logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.

Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ògún e metade
branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, a traição de Ògún para com a
confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Odùduwà e Ògún, mas a
principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e
cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha
palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado
e conhecido.

Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odùduwà, ou com outras, teve ou já tinha mais
seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maior ainda, enfim, alguns dos filhos
destas esposas, geraram as linhagens dos Obas Yorubanos, uns foram os precursores de
sete das principais tribos, ou mais, que deram origem à civilização dos yorubas, e
religiosamente falando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà,
os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin
Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dos Yorubas".
Obàtálá (Òrìsànlá), que também já estava no Àiyé com sua comitiva, mas devido a grande
rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda a cidade de Ìgbò e se torna o
primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade
polígama, Òrìsànlá é um caso raro de monogamia, pois a divindade Yemowo foi sua única
esposa e não tiveram filhos.

ARTIGOS - IIê-Ifé : O Berço Religioso dos Yorubas, de Odùduwà a Sàngó

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