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A lei, o magistrado e a política: a atuação dos

juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

The law, the magistrate and politics: an action of the


judges of law in Pernambuco (1835-1857)
História Unicap
ISSN 2359-2370

Alexsandro Ribeiro do Nascimento*


alexribeiro2@gmail.com

Resumo: Abstract:
O objetivo deste trabalho é examinar a atuação dos The objective of this work is to examine an action of
juízes de direito em Pernambuco entre os anos de the judge of law in Pernambuco between the years of
1835, quando foi estabelecido o decreto de serviço dos 1835, in which was established the service decree of
africanos livres e que foi mediado inicialmente pelos the free Africans and that was mediated initially by the
magistrados, até o fim do período da Conciliação, em magistrates, until the end of the period of the
1857. O mapeamento de atuação desses operadores do Conciliation, in 1857. The mapping of the
Direito, além das diversas funções exercidas entre os performance of these legal operators, in addition to
cargos de Justiça e Polícia serão analisados neste the various functions performed between the positions
artigo. Através do método prosopográfico, usamos da of Justice and Police will be analyzed in this article.
análise documental, como os códices de juízes Through the prosopographic method, we used
municipais e de direito no Arquivo Público Estadual documentary analysis, such as the municipal and
Jordão Emerenciano, APEJE, o Arquivo da Faculdade legal judges codices in the State Public Archive
de Direito do Recife, além de alguns periódicos Jordão Emerenciano, APEJE, the Recife Law School
lançados na época, como fontes para compreender em Archive, as well as some periodicals published at the
quais locais esses magistrados mais atuavam. Com time, as sources to understand in which localities,
isso pretendemos também investigar os espaços de these magistrates were the most active. With this we
maior atividade da Justiça na província. Além disso, a also intend to investigate the areas of greater Justice
identificação de personagens poucos discutidos na activity in the province. Moreover, the identification
historiografia ajudam a desvendar quem de fato estava of characters few discussed in the historiography help
à frente das operações jurídicas na província. O to discover who in fact was at the head of the legal
questionamento desses atores sociais e sua efetividade operations in the province. The questioning of these
na área do Direito e os entraves que ocorriam por social actors and their effectiveness in the area of law
conta de interesses particulares e/ou políticos estão and the obstacles that occurred due to particular
inseridos no nosso campo de análise. interests and / or politicians are inserted in our field
of analysis.
Palavras-chave:
Juízes; justiça; política; Império; Pernambuco.

Keywords:
Judges; justice; politics; Empire; Pernambuco.

* Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Bahia (UFBA)


Alexsandro Ribeiro do Nascimento

Introdução

Os magistrados foram fundamentais na construção do Estado Imperial. Esse grupo contribuiu para a manutenção
das instituições e da ordem vigente. No entanto, esses mesmos atores jurídicos também questionaram algumas decisões
vindas da Corte, dos presidentes da província e de outras autoridades locais. Os interesses privados, muitas vezes,
sobressaíam-se e podiam ocasionar algumas rixas políticas. Entre elas podemos citar uma participação considerável
dos próprios magistrados na Insurreição Praieira em Pernambuco1.
Alguns juízes tiveram relações com fatos que antecederam o episódio praieiro. Diante das documentações da
época, constatamos que esses magistrados estavam inteirados nas movimentações no interior e na capital da província.
Em alguns casos, foram protagonistas e utilizaram armas a favor ou contra os rebeldes. Além disso, participaram de
diversos julgamentos depois da insurreição2.
Por conseguinte, os rumos, a movimentação desses juízes que atuaram em importantes acontecimentos políticos
e sociais - como a questão dos processos judiciais dos africanos livres e, também, da Insurreição Praieira -, são
imprescindíveis para entender o funcionamento das instituições de justiça em Pernambuco. E ainda: identificando esses
profissionais da lei é possível ter uma visão mais ampla sobre os indivíduos que interferiam também na organização
social de algumas vilas e comarcas da província, sobretudo a comarca do Recife. Esses magistrados se ajustavam às
condições socioculturais da vida imperante na época, no qual procuravam entender os valores partilhados e as relações
que eles mesmos estabeleciam com os seus pares e subordinados.
Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar a atuação dos juízes de direito em Pernambuco. As
características semelhantes entre os bacharéis podem auxiliar na compreensão dos papéis que cada agente desempenhou
desde o decreto de 19 de novembro de 18353, no que ficaram responsáveis pelo processo de concessão dos africanos
livres a particulares4, até 1857, ano final do período da Conciliação na província, período no qual os ânimos políticos
estavam menos exaltados5.

1 Na historiografia a Praieira é tratada como “revolta”, “insurreição”, “rebelião” e “revolução”, termos explicados por Izabel Marson. No entanto, Marcus de
Carvalho aponta que a expressão “insurreição” é clássica e no Código Criminal de 1830 era considerada crime de maior gravidade em relação aos outros
termos. Por conta disso, utilizaremos essa expressão. VER MARSON, Izabel Andrade. O império do progresso: A revolução praieira. São Paulo: Brasiliense,
1987; CARVALHO, Marcus J. M. de. Os nomes da revolução: lideranças populares na Insurreição Praieira, Recife, 1848-1849. Revista Brasileira de
História, vol. 23, nº 45, p.209-238, jul. 2003.
2 Os jornais da época e os ofícios dos juízes ao presidente da província relatavam a participação de magistrados na Insurreição Praieira. Ver NASCIMENTO,

Alexsandro Ribeiro de. “Sob o Império da Lei: a atuação dos juízes municipais na comarca do Recife (1841-1850)”. Dissertação (Mestrado em História) –
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 2014.
3 Em meados do século XIX, o termo bacharel, junto com o magistrado, podia ser utilizado por pessoas que já haviam exercido em algum momento de sua

vida a função de profissional da lei. A nossa preocupação é distinguir esse cargo e focar somente nos formados em Direito. Ver conceito de bacharel em
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Campos. 1980, p. 217
4 Com o decreto o serviço dos africanos deveria ser realizado perante o juiz de órfãos e não mais em praça pública. Seus serviços deveriam ser prestados nos

municípios de cada província. Cada pessoa poderia adquirir no máximo oito africanos. De acordo com a Lei de 7 de novembro de 1831, o tráfico de escravos
era proibido e os africanos que desembarcassem no Brasil eram considerados livres a partir de então. No entanto, estes teriam que servir no prazo de 14 anos
na condição de “criados” – como se fosse um aprendizado – para depois conseguirem sua liberdade. Ver em Coleção das Leis Império do Brasil 1835. Parte
Segunda. Rio de Janeiro. Tipografia Nacional. 1864; Coleção de Leis do Império do Brasil de 1831. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1878.
5 O Gabinete da Conciliação teve início em 1853 que teve como chefe o marquês do Paraná, Honório Hermeto Carneiro Leão. As mudanças ocorreram

sucessivamente entre os anos de 1855 e 1856. Até findar no ano seguinte já com a presidência comandada pelo marquês de Caxias, período no qual o ministério
mantinha não tinha mais tanto vigor. VER em ROSAS, Suzana Cavani. Os emperrados e os ligueiros (A história da Conciliação em Pernambuco, 1849 –
1857). Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 1999.
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O trabalho está dividido em três partes: na primeira será feita uma discussão historiográfica sobre o período da
construção do Estado imperial no Brasil e em Pernambuco que contou com uma contribuição considerável dos juízes;
a segunda com a metodologia abordada para a identificação dos magistrados; e a terceira trará uma explanação sobre o
perfil dos juízes em Pernambuco, onde atuavam, suas profissões e suas relações familiares.

A narrativa historiográfica e a relevância dos juízes no século XIX


A nova história política trouxe abertura de concepções variadas a respeito de temas que antes eram poucos
discutidos na historiografia. Entre elas podemos citar os trabalhos sobre os diferentes poderes e as instituições ditas não
políticas. Esses dois exemplos reforçam a ideia levantada por Francisco Falcon em que as decisões políticas cabem a
distintos atores compreendendo assim as representações sociais ou coletivas, os imaginários sociais e as práticas
discursivas voltadas ao poder (FALCON, 1997, p. 61-90) 6.
Nos últimos anos a historiografia desconstruiu as abordagens feitas pela escrita da história tradicional que
colocava a política como única forma de poder e feita por poucos atores. E ainda: a promoção do Estado à condição do
objeto por excelência da produção histórica7.
É no recente trabalho de Manuel Nunes Cavalcanti Junior que conseguimos identificar alguns atores sociais que
ajudaram na formação do Estado Imperial, principalmente em Pernambuco, no período da formulação do Código
Criminal de 1830 e no Código de Processo Criminal, promulgado em 1832. O autor analisou o processo político
ocorrido no Período Regencial, no qual consolidou os preceitos defendidos pelo movimento regressista8. Com os dados
biográficos de diversos membros de grupos mais favorecidos economicamente (jornalistas, coronéis, policiais,
proprietários de terra, bacharéis) podemos entender as descontinuidades e permanências de alguns membros nas
instituições governamentais. Este trabalho nos auxiliou a fazer uma comparação com os bacharéis que compunham a
nova Assembleia Provincial em Pernambuco, criada pelo Ato Adicional de 1834. Inicialmente, identificamos que dos
36 deputados eleitos na primeira legislatura, ao menos quatro tinham a formação jurídica. Averiguamos que quinze
anos depois, em 1849, o número desses profissionais da lei aumentou para onze (CAVALCANTI JUNIOR, 2015, p.
158-164).
Ou seja, o cenário político posterior à época regressista, já no Segundo Império, comprova que o reinado de D.
Pedro II foi “o reinado dos Bacharéis”9. De acordo com Gilberto Freyre, além dos homens brancos, filhos de

6 Um dos maiores expoentes do estudo da nova história política é René Rémond que analisa a figura do político como um ser determinante e determinado, no
qual reúne a maioria das atividades e que pode mudar o curso da história, sendo uma das expressões mais altas da identidade coletiva. Para o autor, apesar de
ter consciência própria, o político não consegue escapar de determinações externas. VER em RÉMOND, René. "Do político". In: RÉMOND, René (org.). Por
uma história política. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003, p. 441-450.
7 Dentro da concepção da história tradicional sobre a história política podemos elencar a história metódica que teve mais evidência no final do século XIX. As

primeiras análises derivadas do Marxismo também se encaixam nesse campo, pois interpretavam a política como efeito derivado das estruturas. Além disso,
houve uma condenação da Escola dos Annales pelos estudos da história política. Eles tratavam a história política como história factual. A segunda geração
dos Annales, liderada por Ferdinand Braudel, abordava a história política como secundária por estar dentro da esfera do “tempo curto” e distante da
cientificidade da história. VER FALCON, Francisco. "História e Poder". In: CARDOSO, Ciro; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da História: ensaios
de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997
8 O Movimento Regressista tinha como principal bandeira a revisão das reformas elaboradas no período regencial tais como o Código Criminal de 1830 e o

Ato Adicional de 1834. VER em BASILE, Marcelo. O laboratório da nação: a era regencial (1831-1840). In GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo. O Brasil
Imperial – Vol. II – 1831-1870 – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2009.
9 A época regressista iniciou após o Ato Adicional de 1834 articulada por ex-moderados, como Bernardo de Vasconcellos, Carneiro Leão e Rodrigues Torres,

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proprietários de terra e descendentes de portugueses, alguns “homens de cor, mulatos e morenos” conseguiam formar-
se nos cursos de Direito e se misturavam a nova aristocracia surgida no século XIX. Para o sociólogo, a ascensão desses
profissionais da lei também ocorria por casamentos “com moças ricas de famílias poderosas” (FREYRE 1990, p. 575-
585).
A predominância dos profissionais da lei se sobressaiu até aos inúmeros Cavalcantis que chegaram a ocupar um
terço das cadeiras da Assembleia Provincial pernambucana na primeira legislatura em 1834 (CAVALCANTI JUNIOR,
2015, p. 163). De acordo com Teotônio Simões, a participação de magistrados que se formaram na primeira turma de
Olinda no ano de 1832 foi notória na Assembleia Geral. Quase trinta por cento dos formados chegaram a ser deputados.
Já outros ocuparam cargos vitalícios como senadores ou fazendo parte do Conselho Estadual. Esse tipo de análise
mostra que o exercício das duas funções (Legislativa e Judiciária) foi praticado corriqueiramente em meados do século
XIX. (SIMÕES, 1983. p. 201).
Por conta dessas atribuições, os bacharéis foram o principal grupo a ajudar no modelo de organização estatal do
Império. Segundo José Murilo de Carvalho, através do treinamento e socialização, os operadores do Direitos auxiliaram
na centralização governamental. Era uma elite brasileira homogênea com formação jurídica em Portugal e isolada das
ideias consideradas revolucionárias na época10. Posteriormente, esses atores se formaram nas duas escolas de direito
do Brasil, em Olinda e São Paulo, e continuaram a circular por vários cargos políticos e províncias. Para Carvalho, o
sistema burocrático era dividido por funções (verticalmente) e pela estratificação salarial hierárquica (horizontalmente).
Nesses campos, lutava-se também por espaço no governo. Era a disputa pela vitória de um departamento sobre o outro
(CARVALHO, 1980).
Os profissionais da lei estavam bem próximos desses setores administrativos e políticos e almejavam conseguir
cargos de confiança junto ao governo central. Estar perto da Corte ou da administração de uma determinada província
era sinônimo de um futuro promissor. Essas movimentações do grupo jurídico mostram uma parte da elite pouco
discutida na historiografia. O estudo sobre esses juízes traz um novo rosto à história política e ainda transparece a
identificação de indivíduos que antes eram poucos discernidos pelas pesquisas sobre as instituições.
Outra perspectiva sobre a análise de formação do Estado brasileiro vem de Ilmar Mattos. Segundo ele, a
constituição de uma elite dirigente nacional só foi possível com a imposição da centralização. Para o autor, o regime
descentralizado proposto pelos liberais era de difícil execução por conta das fissuras que havia entre esses grupos
políticos (MATTOS, 2004).

e ainda por Araújo Lima e Miguel Calmon. A ascensão e o ápice foram no governo de Araújo Lima, que entrou em crise principalmente após a queda do
gabinete dirigido por Vasconcelos, em abril de 1839. VER BASILE, Marcelo. in..
10 Sobre o termo elite utilizamos os conceitos de Antônio Manuel Hespanha e Flávio Heinz. Para o primeiro todas as pessoas, de algum modo, são pertencentes

à elite porque “todos temos algum grupo que nos reconhece, para o bem ou para o mal, como detentores de uma legitimidade para dirigir em alguns dos planos
da inter-acção social”; Já Flávio Heinz relata que a perspectiva sobre estes grupos é suficientemente aberta para ser utilizada em diversos tipos de investigações.
Esse tipo de análise ajuda em um tratamento sociológico das elites. É um estudo que não se afasta da perspectiva histórica. VER EM HEINZ, Flávio M. (org).
Por outra história das elites. FVG editora. Rio de Janeiro. 2006; HESPANHA, Antônio Manuel. Governo, elites e competência social: sugestões para um
entendimento renovado da história das elites. In BICALHO, Maria Fernanda. FERLINI, Vera Lúcia Amaral (orgs.) Modos de Governar. Ideias e Práticas
Políticas no Império Português – séculos XVI a XIX. São Paulo. Almeida, 2005.

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Em contraponto, Miriam Dolhnikoff afirma que as elites provinciais estavam também atreladas ao projeto de
construção do Estado nacional. A sua tese é que o projeto federalista saiu vencedor. A autora relata que as negociações
entre as várias elites regionais, que deveriam integrar a nova nação - inclusive retirando poderes das elites locais - foram
importantes para a tentativa da unidade do Brasil imperial (DOLHNIKOFF, 2005, p. 432). Esses grupos, segundo
Dolhnikoff, tiveram papel decisivo na construção do novo Estado e na definição da sua natureza. Eles participaram
ativamente das decisões políticas fossem em sua província ou no governo central e, ao fazer isso, constituíram-se como
elites políticas.11
A análise de Dolhnikoff, sobre o crescimento do projeto federalista através de arranjos institucionais é bastante
contestada e discordamos de alguns pontos. Para rebatê-los utilizamos os argumentos de Moreira Vargas. Segundo o
autor, não se dever aceitar que havia uma autonomia política com feições federativas. Ele argumenta que a autora “nega
qualquer contato ou aliança entre as elites províncias com as elites locais”. E ainda: “ao criticar acertadamente os
autores que desvinculavam o mundo da Corte das elites provinciais, Dohlnikoff acaba caindo na mesma armadilha de
separar os interesses das elites locais com o dos parlamentares que ocupavam seus cargos na Câmara” (VARGAS,
2007, p. 16). Sobre os juízes municipais e de direito Vargas afirma que estes estavam ingressos nas negociações
políticas, com os presidentes de províncias e grupos locais. Segundo ele, os magistrados buscavam estratégias
cotidianas para contornar dificuldades e buscar benefícios (VARGAS, 2011, p. 74).
Já Susana Cavani Rosas aponta que existia uma consolidação de articulações entre a elite nacional e a local em
defesa dos interesses provinciais em meados do século XIX, principalmente em Pernambuco, onde guabirus e praieiros
se alfinetavam quase todos os dias nos períodos antes, durante e até depois da Praieira. Na década de cinquenta, época
da Reconciliação, os conservadores aliados de D.Pedro II, em sua maioria, ocupavam mais da metade das cadeiras na
Câmara e no Senado, mas nem por isso deixaram de levar as discussões locais para dentro dos debates nacionais.
Segundo a autora, uma frente parlamentar, chamada de Partido Parlamentar, formado por guabirus na Câmara,
questionava as administrações dos presidentes da província em Pernambuco entre os anos de 1851 e 1853. (ROSAS,
2012) 12.
Para Rosas, existiram outros grupos políticos que questionavam a ordem vigente no Império e que “não
caminhavam a reboque do governo”, como os contemporâneos gostavam de afirmar (ROSAS, 2012, p. 17). A autora
também comenta sobre o processo eleitoral no Império e a participação dos juízes municipais e de direito no pleito.
Segundo ela, o processo eleitoral também podia ser comprometido por esses magistrados. “A rigor, não cabia aos juízes
de direito, antes de 1875, nenhuma função especificamente eleitoral. Porém, sua condição de magistrados os tornava
autoridades com muito poder e prestígio para influenciar o eleitorado das suas comarcas nas urnas” (ROSAS, 2016, p.

11 Para Dohlnikoff as elites tinham uma autonomia para administrar suas províncias e ainda obtiveram garantias de participação no governo central pelos seus
representantes na Câmara dos Deputados. DOLHNIKOFF. Mirian. in., p. 31
12 O Guabiru é um rato que engana, rouba, foge e se esconde. Eram assim denominados os conservadores pelos praieiros. Já os praieiros surgem da ala liberal

pernambucana e eram assim chamados por se reunirem na Rua da Praia, local onde também nasceu o jornal em prol do partido, chamado Diário Novo. Ver
CARVALHO, Marcus J. M. de; CÂMARA, Bruno Dornelas. A Insurreição Praieira. Almanaque Braziliense. São Paulo, nº 08, 2008. MARSON, Isabel.
Movimento Praieiro: Imprensa, Ideologia e Poder Político. São Paulo: Ed. Moderna, 1980; MARSON, Isabel. O Império do Progresso: A Revolução
Praieira. São Paulo: Brasiliense, 1987; MELO, Jerônimo Martiniano Figueira de. Autos do inquérito da Revolução Praieira. Brasília: Senado Federal: Univ.
de Brasília, 1979; QUINTAS, Amaro. O Sentido Social da Revolução Praieira. Recife: Ed. Massangana, 1982.
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195). Richard Graham explica, que nesses casos eleitoreiros, o governo tentava manobrar a movimentação dos juízes
através de promoções forçadas, chegando a aposentar alguns magistrados com salários, mas sem cargos (GRAHAM,
1997, p. 119).
No tocante em relação às críticas aos conservadores feitas pelos liberais e às inúmeras revoltas realizadas por
esse último grupo, principalmente em Pernambuco, Socorro Ferraz explica que o liberalismo oriundo da Europa foi
aplicado à realidade brasileira na forma que conveio à elite nacional:
“(...)a elite nativa esteve a buscar o seu espaço praticamente empurrando grupos que ocupavam o seu
lugar, gerando arranjos políticos, inclusive com elementos externos que controlavam os mercados,
ocasionando conflitos ao nível político e retardando o processo de consolidação do poder” (FERRAZ,
1996, p.56).

Para Ferraz, ainda que se tenha definido dentro da realidade nacional, tanto o pensamento liberal quanto o
conservador no Brasil do século XIX tiveram origem no Liberalismo europeu – mesmo este não sendo homogêneo
também no velho mundo. No entanto, a adequação brasileira foi feita dentro das duas faces do Liberalismo explanadas
pela autora: uma que enfatiza a sociedade civil como espaço livre individualista e sem a necessidade do governo para
conseguir seus feitos; e outra que atribui o Estado em garantir a liberdade individual política, que só é garantida quando
é universalizada pelo próprio Estado (FERRAZ, 1996, p. 58).
Dentro desse âmbito da questão liberal, questiona-se a sustentação do sistema escravocrata. A manutenção da
norma, mesmo sendo criticada no decorrer do século XIX, é mantida com uma colaboração dos grupos jurídicos.
Podemos exemplificar a aplicação da Lei de 7 de novembro de 1831 e a questão dos africanos livres. Segundo Beatriz
G. Mamigonian, que investiga a experiência de indivíduos vindos ilegalmente da África como pessoas livres, porém
submetidas ao trabalho compulsório e igualadas, muitas vezes, a condição de escravos, a implantação da Lei Eusébio
de Queiroz transferiu o julgamento das apreensões dos africanos recém-chegados para o tribunal especial, tirando-o do
poder local em que o júri costumeiramente absolvia os culpados. O seu trabalho discorre sobre as discussões políticas
e a tentativa de implementação de decretos pela classe política (MAMIGONIAN, 2017, p.144).
Já Sidney Chalhoub relata a preocupação das pessoas que viviam ameaçadas de serem escravizados ilegalmente
no século XIX no Brasil, principalmente pelas medidas corruptas realizadas por membros da justiça e da polícia junto
com membros da elite escravocrata. O autor chega a usar a expressão “silêncio sobre 1831” ao falar da possibilidade
do governo, através da própria figura de Eusébio de Queiroz, em “fingir não ver” a prática ilegal do tráfico e a circulação
dos traficantes em toda parte da corte e das capitais das principais províncias (CHALHOUB, 2012).
Para o historiador Tâmis Parron, alguns anos depois da regulamentação da Lei de 1831, os proprietários
escravistas, junto com a elite política, cometeram um crime em massa com o aumento do tráfico ilegítimo de africanos.
Segundo o autor, mais de 740 mil indivíduos vindos da África foram trazidos ilegalmente até 1850. Ele comenta que a
viabilidade política da escravidão no Brasil é tratada de outra maneira a partir do fim da guerra civil norte-americana,
na qual findou a atividade escravocrata naquele país (PARRON, 2009).
Dentre os autores pernambucanos que trabalham sobre a ilegalidade do tráfico de africanos, destacamos a
pesquisa de Marcus de Carvalho que discute a questão da liberdade como um processo de conquistas graduais ou
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bruscas, no qual poderia começar na construção de uma rede de relações pessoais onde o cativo pertencesse. Ele
também comenta sobre como a questão do tráfico fez parte das discussões que antecederam a Insurreição Praieira, em
que praieiros e guabirus tentavam dominar as rotas internas destas embarcações ilegais – que eram realizadas em locais
longe do Porto do Recife (CARVALHO,2009).

A prosopografia como método: a identificação dos juízes


Através da bibliografia sobre o episódio praieiro, percebemos que houve a participação de vários segmentos no
movimento, desde a participação popular até das elites. Dentre esses vários enfoques, escolhemos o estudo dos
magistrados por conta da carência de análises sobre este grupo no contexto pernambucano. O trabalho trata do
mapeamento de 22 juízes que exerceram a função de juiz municipal. Até o presente momento, identificamos que deste
grupo catorze exerceram a função de juiz de direito. O levantamento realizado na dissertação de Mestrado motivou a
pesquisa com a amostra dos magistrados que atuavam a partir de 1835 em vários locais de Pernambuco, como Goiana,
Limoeiro, Santo Antão, Nazaré da Mata, Serinhaém e, sobretudo, Recife – esta última abrangia também as vilas de
Olinda e Igarassu.

Juízes de direito que atuaram em Pernambuco (1835-1857)


Agostinho da Silva Neves Anselmo Francisco Peretti
Antônio José Pereira Barroso Antonio Tristão da Serpa Brandão
Domingos Lourenço Vaz Curado Luiz Duarte Pereira
Francisco Bernardo de Carvalho Francisco Carlos Brandão
Francisco Rodrigues Sette Gervásio Gonçalves da Silva
Joaquim Hygino da Motta Silveira Joaquim Francisco Diniz
Joaquim Villela de Castro Tavares José Bandeira de Mello
José Francisco da Costa Gomes José Ignacio da Cunha Rabello
José Nicoláu Regueira Costa José Raymundo da Costa Meneses
Lourenço Bezerra Carneiro da Cunha Pedro Gaudiano de Rates
Vicente Ferreira Gomes Vicente Pereira do Rego
Fonte: Arquivo da Faculdade de Direito do Recife: Livro de certidões de idade13

Para realizar o trabalho, utilizamos o método prosopográfico. Através da metodologia é possível criar uma
biografia coletiva e analisar o perfil desses juízes. O objetivo é entender se existe uma espécie de ‘padrão’ de
características entre esses atores, o que pode ter feito esse grupo agir de acordo com seus próprios interesses. Segundo
Flávio Heinz, a prosopografia é um tipo de metodologia que analisa variáveis, como origem social, carreira política e
profissional. Elas são compostas por indicadores muito diferentes, como locais de nascimento, nível de escolaridade,
formação escolar, ocupação e atividade política.
As características peculiares de cada indivíduo contribuem para a heterogeneidade aumentando assim as
expectativas sobre um determinado período. É o estudo do sujeito coletivo que leva a compreender a história do poder

13Dos vinte e um juízes, doze nasceram no Recife; cinco em Goiana, um em Tracunhaém; um Serinhaém, um Limoeiro, um em Lisboa. VER Arquivo da
Faculdade de Direito do Recife. Livro de certidões de idade (1829-1839);
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não só pelo Estado, mas sim por vários atores que compõem o local (HEINZ, 2006). Nessa perspectiva, o historiador
deve estar atento à chance de se perder na amplitude do seu objeto frente à dimensão coletiva de determinada sociedade
ou, por outro lado, tratar esse mesmo grupo restrito a análise quantitativa14. Sobre a coletividade, Vanessa Magalhães
da Silva relata que este termo pode ser associado à construção de uma identidade letrada, mesmo que possam existir
divergências internas entre os seus membros. E ainda: a falta de acordo não impede uma coesão “na medida em que
apresenta um projeto intelectual integrado”. Ou seja, a operacionalidade dentro de um grupo, a postura dessas pessoas
ajuda a entender como esses intelectuais refletiam sobre a realidade que os cercava (SILVA, 2010, p. 106). Nesse caso,
podemos inserir os juízes que também eram produtores de discurso que iriam além da magistratura.
De acordo com Durval Muniz, esse tipo de método possibilita as ações do indivíduo num dado tempo e espaço
e permite estabelecer os padrões sociais e narrativos e, ao mesmo tempo, as singularidades (ALBUQUERQUE
JÚNIOR, 2012, p. 37). Para Albernaz, a prosopografia ajuda a estabelecer um universo de análises com perguntas
formuladas, na intenção de relacionar, examinar e cruzar as informações obtidas (ALBERNAZ, 2011).
A documentação utilizada do arquivo da Faculdade de Direito do Recife foi essencial para a elaboração do
trabalho. Nesse acervo, encontramos as certidões de idade dos juízes listados e com isso foi possível identificar o local
de batismo, idade, cor, filiação e padrinhos de cada indivíduo – variáveis fundamentais para compreender a origem e
os grupos sociais que estão inseridos no cotidiano desses atores jurídicos: Agostinho da Silva Neves, por exemplo, foi
filho do ex-presidente das províncias da Paraíba e Alagoas, que também se chamava Agostinho da Silva Neves;
Gervásio Gonçalves da Silva era neto e afilhado do ex-presidente da província Gervásio Pires Ferreira; José Raimundo
da Costa Meneses foi apadrinhado pelo então governador geral da capitania do Ceará, José Ignácio de Sampaio; e ainda
Pedro Gaudiano de Rates que foi batizado no engenho de Caraçuipe, em Água Preta, que tinha como proprietário Pedro
Francisco de Paula Cavalcanti, o Barão de Camaragibe, líder do partido conservador na década de 185015.
O livro de bacharéis e doutores e os livros de matrícula também serviram para verificar o andamento desses
magistrados no curso jurídico e os anos das suas respectivas formações. Além desses documentos, as fontes
digitalizadas do acervo da hemeroteca digital brasileira, também foram utilizadas para analisar o perfil dos magistrados.
Através dos periódicos pesquisados no portal foram feitos os levantamentos sobre os juízes municipais e de direito. Os
jornais Diário de Pernambuco, Jornal de Recife, O Liberal Pernambucano, A União (entre os anos de 1850 e 1859), e
a Folhinha do Almanak Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola (elaborada em 1875) serviram como base para
a identificação dos magistrados no presente trabalho. Nessas fontes, apesar do intuito muitas vezes político, trata-se da
realidade além dos documentos oficiais como ofícios enviados ao presidente da província.
Nessa documentação, podemos compreender a movimentação de importantes atores sociais e instituições que
moviam a sociedade, como também de legitimar o poder do Estado recém-criado. Junto com os inventários, verificamos
nesse acervo que pelo menos sete dos magistrados eram donos de engenhos16. Foram citados como senhores de engenho

15VER Arquivo da Faculdade de Direito do Recife. Livro de certidões de idade (1829-1839);


16
VER Coleção de periódicos e jornais da Biblioteca Nacional - Disponível em: http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx; Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP): Coleção inventários e testamentos (1865-1878)
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A lei, o magistrado e a política: a atuação dos juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

Lourenço Bezerra Carneiro da Cunha, proprietário do engenho Borralho; Domingos Lourenço Vaz Curado, proprietário
do engenho Macota junto com os irmãos na comarca de Goiana; Pedro Gaudiano de Rates - dono do engenho
Gougassary, na vila de Olinda; José Inácio da Cunha Rabello, - senhor do Engenho Tracunhaem,
Gervásio Gonçalves da Silva - proprietário do engenho Cucaú; José Nicolau Regueira Costa, proprietário de engenho
em Serinhanhém.

Os juízes entre o uso da lei e a prática política


Dentro do período proposto do trabalho ocorreram duas mudanças significativas dentro do Código Criminal de
1830 e que contribuiu para novas funções ao Poder Judiciário: A promulgação do Código do Processo Criminal em
1832 e na Reformulação do Código do Processo Criminal em 1841. Muitos dos juízes municipais conseguiam
promover-se na área, e o cargo de juiz de direito era o mais almejado por muitos deles.
Com a Reformulação do Código de Processo Criminal em 1841, na qual a proposta de centralização seguia
ainda mais forte, os juízes municipais tinham as funções de: conceder fiança aos réus que pronunciassem ou
prendessem; acumular atribuições criminais e policiais que eram competentes aos juízes da paz; sustentar ou revogar
as pronúncias feitas pelos delegados e subdelegados; julgar suspeições aos delegados; além de substituir na comarca o
juiz de direito na sua falta ou impedimento. Eles passaram a ser nomeados pelo Imperador entre os bacharéis formados
em Direito, com no mínimo um ano de experiência na área. O cargo era ocupado por, no máximo, quatro anos e o
salário podia chegar até quatrocentos mil réis.
Já os juízes de direito eram recrutados dentre bacharéis formados que tivessem servido com distinção nos cargos
de juízes municipais, de órfãos ou de promotores públicos por, no mínimo, quatro anos. Entre suas funções estavam: a
análise dos processos crimes sentenciados pelos juízes municipais, delegados e subdelegados, nos quais poderiam
condenar ou absolver réus por prevaricação, corrupção ou suborno. Eles também estavam à frente de Tribunais de Júri
e podiam aplicar o Habeas Corpus, novidade na época.17.
Muitos desses juízes municipais já atuavam como juízes de direito no período até a Reforma Judiciária. Esses
cargos jurídicos também podiam acumular mais duas funções de juiz de órfãos e de juízes dos africanos – os
magistrados pernambucanos se intitulavam dessa forma nos ofícios enviados ao presidente da província e ao Ministério
da Justiça sobre as questões referentes à concessão dos africanos livres a particulares18.
Centenas de africanos vindos ilegalmente para Pernambuco foram transferidos para o Arsenal de Marinha.
Alguns trabalhavam para o governo e outros foram concedidos a particulares. A intermediação dos juízes com pessoas
que adquiriam os serviços dos africanos trouxe desconfiança ao governo. Nas negociações, tanto os magistrados quanto
os concessionários se beneficiavam dentro das relações sociais e econômicas na província19.

17 Ver Lei Nº 261, de 3 de dezembro de 1841. Reforma do Código do Processo Criminal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
LIM/LIM261.htm.
18 O juiz dos órfãos tratava e decidia tudo o que dizia respeito a um menor de idade ou pessoas incapacitadas. De acordo com a promulgação do Código

Criminal em 1832: “Haverá tantos Juízes dos Órfãos, quantos forem os Juízes Municipais, e nomeados pela mesma maneira”. Ver Coleção das Leis Império
do Brasil 1835. in.. 1864;
19 De acordo com Beatriz G. Morgimonian, sete navios desembarcaram ilegalmente em Pernambuco após a implantação da Lei de 7 de novembro de 1831. A

última embarcação na província foi no ano de 1855, em Serinhaém. Ver MAMIGONIAN. Beatriz G. Africanos Livres: a abolição do tráfico de escravos
no Brasil. São Paulo. Companhia das Letras. 2017
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Alexsandro Ribeiro do Nascimento

A concessão dos africanos, a partir do decreto de 1835, levou a outras práticas corruptas por parte dos juízes e
de subornos para com o governo (CHALHOUB , 2012); (MAMIGONIAN, 2017). Na lista de favorecidos, apareciam
subdelegado, vigário, major, professor, ou seja, uma vasta parte da sociedade imperial queria usufruir desse serviço20.
Os juízes também estavam inseridos na luta desses africanos pela liberdade. Os casos de Cândida Maria e
Belchior – que teve um embate corporal com o juiz José Raymundo da Costa Menezes21 – são importantes para entender
o papel dos magistrados nos processos desses africanos que tentavam tornar-se livres por direito, por cumprirem os
seus trabalhos durante 14 anos, ou até em casos excepcionais como a morte de seus arrematantes22. Nos casos
supracitados, é preciso compreender não só a atuação como também o discurso dos juízes em relação aos africanos
livres. De compreender a visão dos magistrados sobre esses indivíduos que chegavam por tráfico ilegal e podiam ser
concedidos a particulares para cumprirem funções domésticas ou trabalhos em áreas agrícolas.
Vários magistrados de Pernambuco atuavam no campo jurídico conjuntamente. Existia uma teia de
relacionamentos e o diálogo entre eles era constante. Muitos se conheciam ainda jovens no curso de Direito,
principalmente na Faculdade de Olinda. Os juízes elencados nesta pesquisa se formaram em média com 23 anos de
idade, entre os anos de 1834 e 1844. Vários deles estudaram juntos na mesma turma.23.
Outro ponto considerável nesta rede é a aproximação das famílias de condições econômicas mais favoráveis.
Ou seja: o convívio nas instituições de ensino e a proximidade com as famílias tornam-se elementos de integração e
socialização, isso ajuda a explicar o ingresso desses profissionais da lei nas instituições governamentais e no cenário
político da província24.
Por participarem de disputas eleitorais para deputado geral ou provincial, muitos desses juízes colaboravam na
formação de grupos simpatizantes tanto do partido liberal quanto do conservador25. Entretanto, o relacionamento desses
magistrados ultrapassou a rixa entre as legendas partidárias. Apesar do episódio praieiro, alguns atores políticos
ignoravam a rivalidade para conseguir alçar voos maiores, tanto antes quanto depois da insurreição26. Com isso,
pretendemos comprovar que esses magistrados não eram simplesmente parte do Judiciário, mas da vida política do
Império. Eles constituíam uma rede de alcance até a Corte.

20 Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE): Coleção Juízes Municipais –JM 2C. fl 120. Recife 30 de julho de 1846
21 APEJE: Coleção Juízes Municipais – JM 10. fl 50. Recife 4 de fevereiro de 1852.
22 O caso da africana Cândida Maria é relatado em: FERNANDES. Cyra Luciana Ribeiro de Oliveira. Os Africanos Livres em Pernambuco, 1831-1864.

Dissertação – mestrado. Universidade Federal de Pernambuco. 2010; SILVA. Maciel Henrique Carneiro da. "Uma africana livre’ e a ‘corrupção dos costumes’:
Pernambuco (1830-1844)”, Estudos afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, v.29 n.’-2-3, pp. 123-60, 2007; Já o caso de Belchior é analisado no trabalho de Fernandes,
in.. 2010; No entanto, abordaremos aqui, como em outros casos a participação dos juízes neste tipo de episódio.
23 VER Arquivo da Faculdade de Direito do Recife. Lista geral dos bacharéis e doutores (1828 - 1931).
24 De acordo com Jonas Moreira Vargas, as redes devem ser empregadas como vínculos de duração limitada. Para ele o historiador precisa identificar as redes

enquanto elas estiveram funcionando, pois, do mesmo jeito que elas são construídas, elas podem ser rompidas após “cumprirem” seus resultados pessoais e
coletivos. É no conceito de rede de Vargas que desenvolvemos o nosso trabalho. Ver VARGAS, Jonas Moreira. Entre a paróquia e a Corte: a elite política
do Rio Grande do Sul (1850-1869), Santa Maria: UFSM, 2007;
25 Os periódicos de Pernambuco do século XIX mostravam a corrida eleitoral para os cargos de deputado geral ou provincial. Muitos deles se encontram no

acervo da Biblioteca Nacional Digital Brasil disponível em: http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx; Segundo Ilmar Matos, além de centros formadores de dirigentes
políticos, os cursos de Direito no Brasil eram também geradores de agentes da administração imperial. VER MATTOS, Ilmar Rohloff de. O tempo
Saquarema. São Paulo: Hucitec, 2004, p. 287
26 De acordo com Mario Marcio de Almeida Santos, a ideia dos praieiros era radicalizar o discurso, mas, na prática, nem tanto. Ver CAVALCANTI JUNIOR,

Manuel Cavalcanti. “Praieiros”, “Guabirus” e “Populaça”: as eleições gerais de 1844 no Recife. Dissertação (Mestrado em História) – UFPE. Recife. 2001.
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A lei, o magistrado e a política: a atuação dos juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

Alguns, como Gervásio Gonçalves da Silva, preferiam tocar os negócios da família e cuidar de seus patrimônios
como proprietário de terra – prática comum entre clãs que compartilhavam atividades econômicas com os entes
(VARGAS, 2011). Ele foi um dos responsáveis por conduzir o processo o julgamento de um dos líderes da Insurreição
Praieira, o general Ignácio Abreu e Lima27.
Já outros conseguiram ter sucesso na carreira jurídica no decorrer dos anos pós-Praia, como Luiz Duarte Pereira,
que atuou como juiz de direito em várias províncias do Estado Imperial e ainda foi condecorado pela Coroa com o
título de cavaleiro da Ordem de Cristo. Ele teve destaque na magistratura atuando em várias províncias como
Pernambuco, Macapá, Santa Catarina e Espírito Santo28.
Aliás, Pereira foi mencionado pelo apoio que deu aos chamados rebeldes entre os anos de 1848 e 1849. Ele,
junto com outros bacharéis, como Vicente Ferreira Gomes, também foi julgado e impronunciado, ou seja, não houve,
segundo o Júri, nenhuma prova contra eles. Os dois ainda fizeram parte do Partido Liberal após o episódio praieiro. Na
Insurreição, Pereira foi mencionado como auxiliar de um dos líderes do movimento, o jornalista Antônio Borges da
Fonseca.
Depois de ser absolvido, Duarte Pereira continuou com um papel considerável na política, tanto é que assinou
uma carta junto com mais vinte membros do Partido Liberal Na qual repudiou acusações sofridas por Jerônimo Vilela
de Castro Tavares29, deputado e também atuante no movimento praieiro pelo jornal Liberal Pernambuco- este era irmão
de Joaquim Villela de Castro Tavares, um dos juízes que teve destaque no âmbito jurídico e professor da Faculdade de
Direito de Olinda, falecendo precocemente ainda na década de cinquenta.
Já Vicente Ferreira Gomes continuou na área jurídica. Ele foi o autor do Guia do Processo Criminal que tratava
sobre atribuições policiais e criminais. Ele também esteve vinculado à Sociedade Liberal Pernambucana, que era uma
das correntes do Partido Liberal, também chamada de ligueiros, formados por alguns praieiros e liderados por
Nascimento Feitosa. O grupo, que foi fundado em 1851, contava com alguns membros que participaram da Praieira,
porém não sofreram perseguições do governo do presidente da província Victor de Oliveira, o que provocou a ira dos
guabirus. Existiam outros grupos dentro da legenda, como os genuínos (líderes históricos da Praieira) e outra corrente
formada por republicanos, liderada por Borges da Fonseca (ROSAS, 1999).
Em meados do século XIX, muitos desses juízes tiveram sucesso na carreira jurídica e também cumpriram
funções como chefes de polícia, delegados e subdelegados, principalmente por conta da carência de pessoas capacitadas
para tomarem a frente desses cargos. Isso resultou em embates entre profissionais da lei com algumas pessoas que
ocupavam funções nas instituições policiais30. As discussões ocorriam, por vezes, em localidades interioranas

27. Ver Jornal do Recife, Recife, 23 Abr. 1869, ed. 92, p. 1. Disponível em <http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx>. Acessado em agosto de 2017; Diário de
Pernambuco, Recife, 16 set. 1860, ed. 216, p. 3. Disponível em <http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx>. Acessado em agosto de 2017; NASCIMENTO,
Alexsandro Ribeiro de. Op. Cit. p. 57.
28 Diário de Pernambuco, Recife, 30 mar. 1860, ed. 75, p.1. Disponível em <http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx>. Acessado em julho de 2017. Vale lembrar

que a circulação dos juízes por várias localidades e províncias era uma prática comum no período.
29 Jerônimo Vilela de Castro Tavares ficou conhecido pela famosa quadra: “Quem viver em Pernambuco/Deve ser desenganado/ Que ou há de ser Cavalcanti/

Ou há de ser cavalgado”. VER MARSON, Izabel. Movimento Praieiro: Imprensa Ideologia e Poder Político. São Paulo. Ed. Moderna. 1980; Arquivo da
Faculdade de Direito do Recife: Livro de certidões de idade (1832 - 1835)
30 A impunidade, as falhas nos Júri, faltas de policias, os roubos e até assassinatos eram retratados nos ofícios, relatórios e jornais da época. VER APEJE:

Coleção Juízes Municipais e Juízes de Direito (1849-1871);


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Alexsandro Ribeiro do Nascimento

dominadas por proprietários de terras que não aceitavam sujeitar-se a magistrados enviados pela Corte31. Na comarca
do Recife, também houve confusões: Luiz Duarte Pereira se envolveu em algumas com delegados e subdelegados da
vila de Igarassu. O mesmo ocorreu com o juiz Antônio Tristão da Serpa Brandão. Por outro lado, muitos desses
bacharéis acabavam se aliando a alguns grupos locais para manter seus privilégios.
Alguns casos mostram que essas pessoas que ocupavam tais funções eram ambíguas. Eram meio juízes e meio
policiais, que atuavam, muitas vezes, ao seu modo, indicando quem achassem conveniente para os cargos de suplência
de juízes municipais, externando assim a falta de segurança jurídica (GRAHAM, 1997). Era uma justiça com moldes
de polícia, que só iria mudar com a Reforma Judiciária de 1871, quando a magistratura e a própria polícia iriam ganhar
contornos nítidos e próximos das instituições dos tempos atuais. (VARGAS, 2007, p. 156) .
O juiz municipal suplente da 1ª vara do Recife, Francisco Carlos Brandão foi acusado de receber suborno para
inocentar os réus que passavam pelo Tribunal do Júri. O magistrado, que também atuava como delegado local foi
acusado pelo personagem Abissínio, pseudônimo que escrevia no Diário Novo. O personagem chegou a ser processado
por crime de injúrias impressas.
Em várias outras edições do Diário Novo, no ano de 1843, Carlos Brandão foi acusado
de receber dinheiro para ajudar os julgados. Mesmo afirmando sua inocência, contra-atacando os seus acusadores, o
profissional da lei acabou sendo afastado do cargo de delegado e de juiz municipal. De acordo com os periódicos da
época, não era possível afirmar se o afastamento do magistrado foi um pedido do presidente de província de
Pernambuco, na época, o Barão da
Boa Vista.
Depois da nulidade, Carlos Brandão foi citado pelo Diário Novo em 1848 sendo acusado de participar do “mata-
marinheiro do Colégio”, ocorrido em junho daquele ano. Mesmo com várias testemunhas afirmando que viram o
magistrado na Rua da Praia, ele negou que tivesse participado do episódio. As declarações contidas no impresso não
deixam claro se o ex-juiz municipal estava a favor ou contra os estrangeiros.
Joaquim Francisco Diniz provavelmente atuou como juiz municipal na comarca do Recife, nos anos quarenta
do século XIX. Porém, a sua ação na vila de Rio Formoso teve mais destaque. O magistrado acabou compondo o novo
aparato policial da província. A reforma estava sendo feita pelo presidente Herculano Ferreira Penna para colocar
“ordem na casa” e diminuir o número de levantes que aconteciam por vários locais de Pernambuco.
Da mesma forma, o bacharel José Inácio da Cunha Rabello, que foi senhor do Engenho Tracunhaem, participou
ativamente da Insurreição Praieira. Depois de atuar por pouco tempo como juiz municipal na comarca do Recife, o
magistrado foi nomeado como delegado em Goiana. Segundo Figueira de Melo, em 1849, ele era um dos responsáveis

31 Na promulgação do Código Criminal, em 1832, os juízes municipais passaram a ser nomeados pelo presidente da província a partir de uma lista tríplice
enviada pela Câmara Municipal. Já com a reformulação do Código em 1841 os chefes de polícia, os delegados e subdelegados eram nomeados pelo imperador
e tinham autoridade até para conduzir audiências judiciais. Ver FERREIRA. Augusto César Feitosa Pinto. Justiça criminal e Tribunal do Júri no Brasil
Imperial: Recife, 1832-1842. Dissertação de Mestrado. UFPE. Recife. 2010. HOLLOWAY, Thomas. Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência
numa cidade do século XIX. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997. AZEVEDO, Dr. Manoel Mendes da Cunha e. Observações sobre vários artigos
do Código do Processo Criminal e outros da Lei de Dezembro de 1841. Pernambuco. Typografia da Viúva Roma. 1852. SILVA, Wellington Barbosa da.
Entre a Liturgia e o Salário: a formação dos aparatos policiais no Recife do século XIX (1830-1850). 2003. Tese (Doutorado). UFPE. Recife. Ver
DOLHNIKOFF, Miriam. O pacto imperial. Origens do federalismo no Brasil do século XIX. São Paulo: Globo, 2005. p. 236
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A lei, o magistrado e a política: a atuação dos juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

por receber armas dos rebeldes que conseguiam anistia do governo. O magistrado fez vários relatos sobre os
acontecimentos da região, denunciando as pessoas que apoiavam os praieiros.
A carreira política era quase um consenso para esses magistrados32. Identificamos que vários deles tentaram
concorrer a cargos públicos. Dos 21 citados entre nossos personagens, constatamos que pelo menos 13 estavam
envolvidos diretamente no âmbito político. Anselmo Francisco Peretti foi vice-presidente da província de Pernambuco
e presidente interino da província entre os cargos de 1864 e 1865; foram deputados gerais Agostinho da Silva Neves
(entre 1843-1844), Joaquim Villela de Castro Tavares (1853- 1856) e Francisco Carlos Brandão (1857 -1860); foram
deputados provinciais Francisco Carlos Brandão (9ª, 10ª, 11ª e 12ª Legislaturas), José Raymundo da Costa Menezes
(7ª Legislatura), José Bandeira de Mello (8ª Legislatura), José Nicolau Regueira Costa (8ª Legislatura), José Francisco
da Costa Gomes (9ª e 10ª Legislaturas), Lourenço Bezerra Carneiro da Cunha (7ª e 8ª Legislaturas), Luiz Duarte Pereira
(6ª e 7ª Legislaturas), Pedro Gaudiano de Ratis e Silva (8ª, 19ª, 20ª, 21ª e 26ª Legislaturas), Vicente Ferreira Gomes (7ª
Legislatura). Já Antônio Tristão da Serpa Brandão foi eleito vereador da vila de Igarassu 33.
O envolvimento também ocorria nas votações, nas quais muitos desses magistrados estavam encarregados de
organizar o processo eleitoral, o que levava, muitas vezes, a embates com autoridades locais e governamentais. Por
conta disso a transferência desses bacharéis durante o período de eleição era estratégica. Isso mostra que as relações
estabelecidas com outras pessoas públicas podem enquadrar o ofício do juiz em múltiplas questões que ultrapassavam
as esferas da justiça34.
As afinidades e discordâncias com personagens da cena política de Pernambuco do século XIX (como
parlamentares, jornalistas e presidentes da província e autoridades locais), portanto, ajudaram direta ou indiretamente
na forma que esses magistrados trabalhavam e aumentaram ainda mais a rede de relações para se manterem nas
instituições governamentais.

Conclusão
Um dos fatores cruciais que levou a elaboração deste trabalho é o fato de que, embora existam algumas pesquisas
sobre os grupos jurídicos em meados do século XIX, poucos são os que analisam o papel dos operadores de direito na
província pernambucana. Assim, acreditamos que a proposta apresenta uma contribuição para a História e
Historiografia do Brasil do século XIX, na qual destacamos as relações de continuidade permanente entre Estado e

32
José Murilo de Carvalho aponta que os magistrados faziam parte da elite política. Alguns seguiram carreira política para seguirem o legado
da família, já outros ingressavam nas escolas de direito com o intuito de estar próximos das famílias de pessoas públicas e assim alçar a cargos
políticos. VER EM CARVALHO. in..
33
VER em Almanak Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola. 1869 a 1881. Disponível em <http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx>.
Acessado em agosto de 2017; Jornal do Recife. 10 de maio de 1879, Ed. 107, p. 2 acessado em julho de 2017. Disponível em
<http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx; ALBUQUERQUE. Francisco Sales de. ACIOLI. Vera Lúcia Costa. Promotores Públicos. O Cotidiano
em Defesa da Legalidade. Coleção Construindo a Cidadania. Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano. Recife – 2002. CD-
Rom. NETTO CAMPELLO, Manoel. História Parlamentar de Pernambuco. Recife, Assembleia Legislativa de Pernambuco. Recife. 1979
34Para Vargas, envolver-se com a política regional não significava eleger-se no Parlamento. Segundo ele, os magistrados algumas vezes serviam de apoio aos
partidos e dificultavam o alistamento de votantes, participando no julgamento de capangas e podiam ajudar como informantes a presidentes de províncias e
chefes locais. VER VARGAS. Jonas Moreira. “MAGISTRADOS IMPERIAIS”: atuação política e perfil de formação e carreira dos juízes de direito no Rio
Grande do Sul (1833-1889). CLIO. Revista de Pesquisa Histórica. n. 34.1, p. 85
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Alexsandro Ribeiro do Nascimento

sociedade, entre o público e o privado, e entre a prática política que o cargo jurista exercia junto com os interesses
econômicos individuais e/ou coletivos.
Nas relações entre o governo central e o local os juízes tiveram um papel de suma importância. Eles eram o elo
comunicador e até apaziguador entre a Corte e as vilas e/ou comarcas. Esses magistrados estavam no meio de uma rede
de participação política e com isso pretendiam crescer em suas carreiras. Especificamente para os juízes municipais era
a oportunidade para conseguir ser juiz de direito ou até ascender ainda mais no governo central. Com isso o contato
com os presidentes de província e os chefes de polícia ocorria constantemente. O contraponto era que qualquer tipo de
desentendimento podia ter levado a remoção para outra comarca ou vila, como também a demissão do operador do
Direito.
Em suma, podemos elencar que o acúmulo de cargos na justiça e na polícia, a participação intensa no cenário
político e a origem em famílias de proprietários de terras – pelo menos em sua maioria – colocam os juízes como atores
políticos imprescindíveis para a compreensão do funcionamento das principais instituições do império em Pernambuco.
A identificação desses personagens se faz necessária para uma análise mais profunda da ação desses magistrados que
muitas vezes exerciam a lei ao seu modo e de seus aliados locais.

Fontes:

Leis do Império do Brasil:

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Coleção das Leis Império do Brasil 1835. Rio de Janeiro. Tipografia Nacional. 1864;
Coleção de Leis do Império do Brasil 1841 e 1871. Disponível em http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/
18299/browse?type=title
Arquivo da Faculdade de Direito do Recife: Lista geral dos bacharéis e doutores (1828 - 1931); Livro de certidões de
idade (1829 - 1831); Livro de certidões de idade (1832 - 1835); Livro de certidões de idade (1836 - 1839); Livro de
registro de diplomas de bacharéis e doutores (1833 - 1925); Livro de registro de matrículas do 3º ano (1830 - 1868);
Livro de registro de diplomas de bacharéis expedidos pela Academia Jurídica de Olinda (1832 - 1848)
APEJE– Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano: Coleção Juízes Municipais (JM- 1835 - 1871); Coleção Juízes
de Direito (JD - 1835 - 1871)
Arquivo da Assembleia Legislativa de Pernambuco: Anais (1835-1871); Atas das Sessões Legislativas de Pernambuco
(1849-1871); Leis do Estado de Pernambuco (1850-1871)
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP): Coleção inventários e testamentos (1865-
1878)
Memorial de Justiça de Pernambuco: Processos Judiciais (1849-1880)
Coleção de periódicos e jornais da Biblioteca Nacional - Disponível em: http://memoria.bn.br/hdb/uf.aspx : A União;
A Província; Diário de Pernambuco; Diário Novo; Jornal de Recife; O Liberal Pernambucano; Folhinha do Almanak
Administrativo, Mercantil, Industrial e Agrícola;

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História Unicap, v. 6, n. 11, jan./jun. de 2019
A lei, o magistrado e a política: a atuação dos juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

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A lei, o magistrado e a política: a atuação dos juízes de direito em Pernambuco (1835-1857)

Submissão: 20/11/2018

Aceite: 06/05/2019

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