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INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Constituição não escrita: é composta por normas que não constam em um documento
constituicional único e solene. É formada por costumes, jurisprudência, bem como textos
constituicionais escritos, porém esparsos, inclusivos no tempo.
Constituição sintética: (concisa, breve, sucinta) traz somente princípios e normas gerais de
regência do estado, ou seja, trata apenas de matérias com conteúdo de constituição (normas
materialmente constituintes) deixando os demais assuntos para a legislação infraconstituicional.
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203 a 205 sobre as competências do Governo e nos artigos 212 a 233 sobre as funções e
competências dos Tribunais;
· Racionalização e limites dos poderes públicos – função que esta associada ao princípio da
divisão de poderes (separação e interdependência) com principio enformador a estrutura orgânica
da constituição. Com a separação dos poderes e distribuição das funções consegue-se
simultaneamente uma racionalização do exercício das funções de soberania e o estabelecimento de
limites recíprocos, conforme se depreende do artigo 134 da CRM;
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2.3. O Conceito da Constituição
A noção geral e comum que se tem da Constituição é a de que se trata de lei suprema dos
Estados que dispõe sobre a organização do mesmo, sobre as garantias e direitos individuais do
cidadão, os objectivos do Estado dentre outros temas considerados de maior relevância pelo
contexto da sociedade em que é elaborada.
Para ARISTÓTELES, a constituição significa o próprio modo de ser da polis e “tem por objecto
a organização das magistraturas, a distribuição dos poderes, as atribuições de soberania, numa
palavra, a determinação do fim especial de cada associação política”.
O poder constituinte
Para José Joaquim Gomes Canotilho, poder constituinte é o poder, autoridade política que
está em condições de uma determinada situação concreta criar, garantir, ou eliminar uma
constituição entendida como lei fundamental da comunidade política e este poder ou autoridade
tem como titular o povo ou nação.
Mas outros autores discordam dessa definição, pois é pouco académica, porque um
doutrinador de um sistema constitucional consuetudinário tomaria uma posição. Eles definem o
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poder constituinte em sentido amplo, o poder de produção de normas constitucionais incluindo as
escritas. E em sentido restrito, como o poder de produção de uma norma constitucional não escrita.
A forma do exercício do poder constituinte pode ser democrática ou por convenção (quando
se dá pelo povo) ou autocrática (quando se dá por acção de usurpadores do poder).
A forma democrática pode ser directamente quando o povo participa de maneira directa do
processo de elaboração da constituição, por meio de plebiscito, referendo ou proposta de criação de
alguns dispostos constitucionais.
E a forma democrática indirecta, a mais frequente onde a participação do povo é por meio da
assembleia, composta por representantes eleitos pelo povo.
A assembleia constituinte é exclusiva quando é composta por pessoas que não pertencem a
qualquer partido político. Seus representantes seriam professores, cientistas, estudiosos de direito.
Poder constituinte originário é o poder de elaborar uma constituição para um estado que
nunca a teve ou já não a tem em virtude de uma desagregação social.
O poder de revisão constitucional tomará a forma de poder constituinte se for exercido pelo
povo, único titular do poder constituinte e incidir sob os limites materiais. E não será quando for
exercido pelo representante do povo. A revisão dos limites só será aceite se for feita pelo povo e se
os limites previstos costituem elementos impeditvos para a evolução da comunidade política.
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O poder de revisão constitucional é um poder constituído porque é conformado e regulado
pela constituição criada pelo poder constituinte.
O poder de revisão constitucional previsto na lei angolana (Lei 23/92 nos artigos 158º a
160º), não é poder constituinte, mas sim poder constituído.
O poder originário é o poder de facto, pois ele cria um ordenamento de um Estado; Tendo
este poder como características as seguintes:
O poder constituinte começou a se manifestar no século XIII no Reino Unido com a criação da
Magna Carta e surgiu como o processo histórico de revelação da constituição da Inglaterra.
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O poder constituinte evolui com os americanos que entendiam o poder constiituinte como o
poder de dizer num texto escrito a lei fundamental da nação (Paramount Law).
Os franceses desde muito cedo começaram a estudar o poder constituinte, onde afirmavam
que era o poder de criar uma ordem jurídica através da destruição do antigo texto, ou constituição.
A maioria dos doutrinadores aponta Emmanuel Sieyès como o primeiro teorizador do poder
constituinte, mas o professor Gomes Canotilho destaca John Locke com suas teses sobre o direito a
revolução que para ele, pressupunha um esforço analítico, sugerindo a distinção de forma tácita do
poder constituinte do povo e o poder ordinário do governo e do legislativo encarregador de prover a
feitura e aplicação das leis. Porém reconhecesse quase universalmente que foi Sieyès o primeiro a
falar do poder constituinte moderno, na sua luta contra a monarquia absoluta, declarando:
O poder constituinte da nação visto como originário e soberano; tendo plena liberdade para
criar uma constituição.
De 1961 a 1974 - 1975 Angola vivia num clima de guerra contra colonialismo e de guerra fria
entre os movimentos de libertação. Assim, a 11 de Novembro de 1975 altura prevista em Alvor para
a proclamação da independência os movimentos estavam tão divididos que cada um proclamou
independência numa das regiões estratégicas do país: MPLA em Luanda (Região Centro Norte),
UNITA no Huambo (Região Centro Sul) e a FNLA no Zaire (Região Norte). Por estes diferendos e por
falta de vontade política para se dialogar e assim criar-se condições para um procedimento
constituinte justo para todos evitando assim os rios de sangue que o povo angolano com seus irmãos
criou, mas preferiram ser conduzidos pelo instinto animal e por isso não foi possível a participação do
povo no processo constituinte.
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obscurantismo e o analfabetismo, e o desenvolvimento da educação do povo e de uma verdadeira
cultura nacional, levam-nos a caracterizar a titularidade do poder constituinte com base nas teorias
monocráticas em que se vêm as massas populares incultas, e ignorantes, vivendo no obscurantismo –
13º -, sendo por isso dirigidos por um grupo minoritário (Elite Política) detentora da moderna cultura
e capaz de implantar reformas exigidas pelo progresso da ciência - 2º da Lei Constitucional de 1975.
Já falamos da legitimidade do poder constituinte de 1975, mas vale fazermos uma nova
digressão ao tema.
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imposta pelo MPLA. Esta luta continuou e em 1991começou a frutificar, com a Lei de Revisão
Constitucional nº12|91, seguida pelos Acordos de Paz de Bicesse e consolidada pela Lei nº 23|92 de
16 de Setembro, que marcaram uma transição constitucional material uma vez que há uma
descontinuidade entre o texto constitucional de 1975 e o de 1991 uma vez que introduziram uma
alteração radical ao texto constitucional mudando radicalmente os sistemas políticos e económico.
Uma que deu legitimidade aos movimentos de libertação para a criação do Estado Angolano
e que foi unilateralmente exercido pelo MPLA – que criou uma ordem política egoísta, facto que
desencantou os seus companheiros de luta (FNLA e UNITA) e gerou uma nova guerra cujo objectivo
era mudar os sistemas político e económico de Angola;
E a outra que tinha como fim o derrube do socialismo e centralismo político-económico que
norteava o sistema político consagrado na Lei Constitucional de 1975. É também a manifestação do
poder constituinte originário, uma vez que a sua legitimidade resulta do pacto entre as partes,
inserido nas decisões pré – constituintes tendentes a criação de uma constituição nova, uma vez que
o texto constitucional anterior foi deixou de existir pela sua desconformidade com a vontade do
povo.
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3. Conclusão
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