FRANKLIN
(1706-1790)
Benjamin Franklin,
nasceu em Boston,
na Filadélfia. álgEBra linEar
Líder da revolução
americana, é
conhecido por
suas citações e
experiências com
eletricidade.
Estudou a repulsão
e atração de
cargas elétricas,
introduziu o
conceito de um
único fluido
elétrico e foi
o inventor do
pararraios. Em 15
de junho de 1752,
comprovou que
o raio é apenas
uma corrente
elétrica de grandes
proporções.
Editora da Universidade Estadual de Maringá
Conselho Editorial
Equipe Técnica
Projeto Gráfico e Design Marcos Kazuyoshi Sassaka
Fluxo Editorial Edneire Franciscon Jacob
Mônica Tanamati Hundzinski
Vania Cristina Scomparin
Edilson Damasio
Artes Gráficas Luciano Wilian da Silva
Marcos Roberto Andreussi
Marketing Marcos Cipriano da Silva
Comercialização Norberto Pereira da Silva
Paulo Bento da Silva
Solange Marly Oshima
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
SECRETARIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE FÍSICA
REITOR
Prof. Dr. Carlos Edilson de Almeida Maneschy
VICE-REITOR
Prof. Dr. Horacio Schneider
12
Maringá
2010
Coleção Formação de Professores em Física - EAD
Mura, João
M972f Física geral III / João Mura, Maurício, Antonio Custodio Melo, Ivair Aparecido dos
Santos. -- Maringá: Eduem, 2010.
144p. il. (Formação de professores em física – EAD; v.12)
ISBN: 978-85-7628-239-6
1. Física geral. I. João Mura. II. Melo, Maurício Antonio Custodio de. III. Santos, Ivair
Aparecido dos.
1 Carga Elétrica.........................................................................................11
5 Capacitência ....................................................................................... 49
10 indutância .........................................................................................133
11 referências .......................................................................................144
3
S obre os autores
Ivair Aparecido dos Santos
Possui graduação em Física (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estadual de
Maringá (1994). Obteve seu Mestrado em 1997 na Universidade Estadual de Campinas. Em
2001 terminou o seu doutorado em Física na Universidade Federal de São Carlos, onde,
na sequência, realizou um estágio de pós doutoramento. Desde 2002 é professor do
Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá e atualmente ocupa o cargo de
Professor Adjunto.
João Mura
Possui graduação em Física (licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Estadual de
Campinas (1975) e graduação em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (1983). O prof.
Mura obteve sua especialização em Ensino de Física Experimental (1979), mestrado (2000) e
doutorado em Física (2005) pela Universidade Estadual de Maringá. Desde 1976 é professor do
Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá. Atualmente ocupa o cargo de
Professor Associado.
5
A presentação da Coleção
7
FÍsiCa gEral iii material didático.
Adicionalmente uma parcela do corpo docente do Departamento de Física – UEM
tem se dedicado à tarefa de produção de textos direcionados a Educação a Distância,
os Departamentos de Matemática, de Química, de Fundamentos da Educação e de
Informática têm contribuído com os textos pertinentes às disciplinas que usualmente
ministram na modalidade Presencial. Ao fi nal do quarto ano, a coleção contará com
mais de trinta volumes. Esses foram gerados com o objetivo de proporcionar ao dis-
cente da Educação a Distância um material produzido pelo empenho de um conjunto
de professores que acreditam que a Educação a Distância seja uma alternativa para
suprir a defi ciência de professores de Física no ensino médio. Percebe-se também que
não é a modalidade de ensino que determina o aprendizado, mas ele depende, acima
de tudo, do esforço e da dedicação de cada um. Esperamos que essa coleção seja uma
forma de tornar essa tarefa mais fácil de Física em EAD.
8
A presentação do livro
Física, instrumento para entendimento do mundo que vivemos, possui uma grande
beleza conceitual, em que na maioria dos casos só pode ser realmente entendida quando
do uso do instrumental matemático. No curso de física Geral III você vai se deparar fre-
quentemente com operações vetoriais, derivadas, integrais de superfície e de linha e ou-
tros instrumentos matemáticos. É muito importante que você saiba usar com destreza o
instrumental matemático para um bom entendimento dos conceitos aqui apresentados.
O eletromagnetismo clássico a ser estudado neste curso pode ser resumido em qua-
tro equações fundamentais. Este resumo foi proposto pelo grande físico James Clerk
Maxwell, e denominam-se as equações de Maxwell. Elas relacionam os vetores campo
elétrico e magnético as suas fontes, que podem ser cargas elétricas, correntes ou campos
variáveis com o tempo. A partir dessas equações é possível demonstrar todas as leis fun-
damentais da eletricidade e do magnetismo. As equações de Maxwell exercem um papel
no eletromagnetismo clássico comparável ao das leis de Newton na mecânica clássica.
Em principio, qualquer problema clássico de eletromagnetismo pode ser resolvido usan-
do as equações de Maxwell, o que envolve um tratamento matemático sofi sticado. As
equações de Maxwell são fundamentais também para o entendimento das Ondas eletro-
magnéticas, que têm como exemplo a luz visível. Nosso objetivo é chegar a compreensão
das equações de Maxwell. Não se assuste. Para isso vamos utilizar alguns conceitos já
conhecidos e, durante o curso, aprofundar os nossos conhecimentos do eletromagnetis-
mo, e da própria física.
Cada capitulo tem uma série de exemplos resolvidos, que têm o intuito de mostrar a
você a aplicação dos conhecimentos estudados. Todos eles precisam analisados e refeitos
por você com muita atenção para que você possa assimilar os conceitos ali discutidos.
Ao fi nal de cada capitulo existe um pequeno conjunto de Problemas. O Objetivo
deste conjunto de problemas é conduzir o aluno a uma experiência dirigida de com-
preensão e fi xação do conteúdo estudado. Você, aluno, tem como tarefa fazer todos os
problemas e, se possível, com pouco auxilio externo. A compreensão e fi xação têm maior
sucesso quando cada um encara a tarefa proposta.
Por fi m, os autores dedicam esta obra à memória da Professora Doutora Marlete Apa-
recida Zamprônio. A ela, nossa homenagem pelo esforço, dedicação e, principalmente,
amizade demonstrados nos nossos longos anos de trabalho e convivência.
OS AUTORES
9
FÍsiCa gEral iii
10
1 Carga Elétrica
11
1 CARGA ELÉTRICA
FÍsiCa gEral iii
12
possuem igual velocidade, pois supõe que nada os detenha, nem os mais pesados correm
mais que os mais leves, nem os menores que os maiores”; “os átomos não têm princípio Carga Elétrica
já que eles e o vácuo são a causa de tudo. Não tem nenhuma qualidade a não ser sua
configuração, a grandeza e o peso”.
É importante ressaltar que a Escola de Abdera já propunha o princípio da conservação
da matéria, a constituição da matéria por átomos, que seriam imutáveis, indivisíveis,
impenetráveis, invisíveis, possuindo movimentos próprios, além de propor a existência
do vácuo. Também indicava que os corpos poderiam existir como agregados de átomos ou
por átomos simples, afirmando ainda, que os átomos apresentavam certo peso.
Coube a Lucrécio, filósofo nascido em 95 a.C., difundir as idéias atomísticas da
Escola de Abdera entre os romanos, principalmente pelo seu livro intitulado “De Rerum
Natura”. As obras de Lucrécio foram muito difundidas na época do Renascimento,
principalmente por Pierre Gassend, solidificando a teoria atomística da matéria, em
substituição à teoria plena da matéria de Aristóteles. Coube a Proust e Dalton, no século
XVIII d.C., ao proporem as leis das proporções constantes e múltiplas, a aceitação geral
de que quando substâncias elementares se combinam, o fazem como entidades discretas
ou átomos. Finalmente, a ciência aceitou a teoria atomística (corpuscular) da matéria, que
é a teoria adotada neste livro.
13
e nêutrons, e por uma parte periférica, denominada de eletrosfera, onde se encontram
FÍsiCa gEral iii os elétrons. Atualmente, associamos aos prótons carga elétrica positiva e, aos elétrons,
carga elétrica negativa. Os nêutrons não possuem carga elétrica. Os termos, positivo e
negativo (convenção de sinais), foram introduzidos por Benjamin Franklin (1750), sendo
que, anteriormente, usavam-se termos com eletricidade atrativa, eletricidade do âmbar,
eletricidade repulsiva, etc.
O átomo é uma porção de matéria muito pequena. Seu diâmetro é da ordem de
10 cm e seu núcleo é da ordem de 10-12 cm. No interior do átomo, onde não existe
-8
matéria, existe vácuo. É como um sistema solar em miniatura, onde não existe a massa dos
planetas e do sol (do núcleo e dos elétrons), existe vácuo, que, aliás, é a parte dominante
dos sistemas, tanto do átomo quanto do sistema solar. O modelo atômico com núcleo,
proposto por Rutherford e adotado didaticamente neste livro, pode ser visualizado na
figura 1 ao lado.
Figura 1 – Modelo
atômico com núcleo
Na época de Franklin, a carga elétrica era imaginada como se fosse um “fluido”
central. contínuo e não discreto. Hoje, sabemos que os próprios fluidos não são contínuos, mas
sim discretos, pois são formados por átomos e moléculas, portanto, o “fluido elétrico” não
é contínuo, mas composto por múltiplos de uma determinada carga elementar, ou seja,
qualquer carga q que pode ser observada e medida, pode ser escrita como q = n.e, onde n é
um número inteiro positivo ou negativo e e é a carga elementar. Sempre que uma grandeza
física, como a carga elétrica, existir apenas através de “unidades”, ao invés de aparecer de
forma “contínua”, diz-se que essa grandeza é quantizada.
A quantidade de carga associada a um próton é igual, em módulo, á quantidade de
carga associada a um elétron, denominada de carga elementar, simbolizada pela letra “e”,
sendo uma das constantes fundamentais do universo. Seu valor no Sistema Internacional
de Unidades (SI) é igual a “1,60 x 10-19 C”, não existindo no universo, carga menor do
que ela (quantização da carga).
Exemplo 1 – Uma moeda de cobre (Z=29) com m = 3,11 gramas é eletricamente neutra. Qual é
o valor da carga de cada espécie?
Solução:
Se a moeda é eletricamente neutra, ela possui igual quantidade de carga negativa e positiva
por átomo, ou seja, cada átomo contém 29 prótons (Z = número atômico) e 29 nove elétrons. A
moeda é composta por um número N de átomos, portanto, o módulo da carga q de cada espécie
(positiva ou negativa) é dado por q = N.Z.e, sendo e a carga elementar (e = 1,6 x 10-19 C). Para
saber o número de átomos que a moeda possui, deve-se usar a relação N = NA.m/A, onde NA é o
número de Avogrado (6,02 x 1023 átomos /mol), m é a massa da moeda e A é o número de massa
do isótopo mais estável do Cobre (A = 63,54 g/mol)1. Assim,
N = 2,95 x 1022 átomos
O valor total da carga positiva ou negativa (em módulo) é dado por,
q = 1,37. 105 C
Obs. A carga calculada é uma enorme carga elétrica, tanto negativa quanto positiva! Veja que a
carga negativa média espalhada sobre a superfície da Terra é de, aproximadamente, 5 x 105 C.
Na realidade, a moeda acumula uma carga desse valor em elétrons e em prótons, mas não indi-
vidualmente, sendo que a carga total da moeda é nula. Observe que pequenos corpos possuem
imensas cargas elétricas.
a) b) c)
Figura 2 – a) ion negativo, b) Átomo neutro e
c) íons positivo. (o núcleo deste átomo é constituído de 3 protons e 3 neutrons)
Corpos cujos elétrons podem ser removidos com facilidade são chamados de
condutores (Ex: metais) e os que apresentam dificuldade de remoção são denominados
de isolantes ou dielétricos. Os intermediários são denominados de semicondutores.
Três processos de eletrização de um corpo são possíveis: eletrização por atrito;
eletrização por contato e eletrização por indução.
15
Quando dois corpos são atritados, pode ocorrer a passagem de elétrons de um
FÍsiCa gEral iii corpo para outro. Observe que somente os elétrons são transferidos de um corpo a outro.
Este processo é denominado de eletrização por atrito (Fig. 4)
Conclusão - Na eletrização por atrito, os dois corpos ficam carregados com cargas
iguais, porém de sinais contrários. Há a transferência de elétrons de um corpo a outro.
O núcleo não se altera!!
Quando dois corpos são postos em contato, estando um eletrizado e outro neutro,
pode ocorrer a passagem de elétrons do corpo eletrizado para o corpo neutro. Este é o
processo de eletrização por contato.
Observe que as cargas em excesso do bastão carregado negativamente se repelem
(ficam separadas o máximo possível), e assim, algumas passam para o corpo neutro,
carregando-o negativamente (Fig. 5).
No caso seguinte, o bastão está carregado positivamente (falta de elétrons), mas
continua haver passagem de elétrons, só que desta vez, do corpo neutro para o corpo
Figura 4 eletrizado, visto que o bastão está com falta de elétrons. No final, a esfera fica carregada
Eletrização por atrito.
positivamente, pois cedeu elétrons para o bastão (Fig. 6). Um dado importante é que a
soma das cargas dos corpos é igual antes e depois do contato, válido, também para o caso
anterior.
16
Conclusão - Na indução eletrostática ocorre apenas uma separação entre as cargas
positivas e negativas no corpo induzido (anteriormente neutro). Carga Elétrica
Para obter uma eletrização permanente no corpo induzido, basta ligá-lo á Terra
(que funciona como pólo negativo), mantendo-o na presença do corpo carregado
(indutor). Após alguns instantes, desfaz-se a ligação com a Terra, e, assim, o corpo
induzido ficará com um excesso de cargas. Neste caso, ficará com um excesso de cargas
positivas (Fig. 8). Ocorreria o contrário se o bastão estivesse carregado positivamente.
As forças sempre existem aos pares, como prediz a 3ª Lei de Newton. Entre um
par de cargas, uma das forças é denominada de ação, enquanto que a outra é denominada
de reação, sendo que elas possuem a mesma intensidade (módulo), agem na mesma
direção, mas atuam em sentidos opostos. As forças de ação e reação agem em corpos
distintos, portanto nunca se anulam. Pergunta: “de acordo com a 3ª Lei de Newton, o
número de forças no universo é um número par ou ímpar?”.
Coulomb1, no final do século XVIII, utilizando a variação do pêndulo de torção
(balança de torção), verificou que:
“A força de atração ou de repulsão entre duas cargas elétricas é diretamente
proporcional ao produto de suas cargas e inversamente proporcional ao quadrado
da distância que as separa”.
17
O enunciado é praticamente idêntico ao da Lei da Gravitação Universal de Newton,
FÍsiCa gEral iii bastando, somente, trocar as massas dos corpos pelas cargas elétricas.
Matematicamente, o módulo da Lei de Coulomb, para o vácuo, é escrito como:
, onde
onde, Q e q são as cargas elétricas, d é a distância que separa seus centros e ko é uma
constante denominada de permissividade elétrica do espaço livre (vácuo), e vale 8,85 x
10-12 C2/N.m2. A constante eletrostática do vácuo (Constante Coulombiana),
determinada experimentalmente, no Sistema Internacional de unidades (SI), para o vácuo
ou para o ar seco (o valor difere muito pouco), vale:
, assim;
Assim,
Já foi visto em Física Geral I, que toda força é um vetor, ficando caracterizado por
um módulo ou intensidade (número), uma direção, um sentido e um sistema de unidades.
Assim, as características do vetor força F são:
a- Módulo ou Intensidade: é um número que resulta da aplicação da fórmula da
Lei de Força (Lei de Coulomb) definida acima.
b- Direção da força: é a direção dada pela reta que une os centros das cargas
elétricas puntiformes.
c- Sentido da força: O sinal é positivo (+) se as cargas forem de sinais iguais, sendo
a força de repulsão. O sentido é negativo (-) se as cargas possuírem sinais contrários,
sendo a força de atração.
d- Sistema de Unidades: Depende do sistema de unidades que estiver sendo
utilizado, que pode ser o SI, ou outros sistemas.
Uma visualização gráfica da força de interação elétrica em função da distância de
separação entre os centros das cargas é uma curva representada por uma hipérbole.
18
Exemplo 2
Carga Elétrica
Qual o módulo da força eletrostática atrativa média entre o elétron e
o próton em um átomo de Hidrogênio, cuja distância média de separação
é igual a 5,3 x 10-11m. Compará-la com a força gravitacional entre as mesmas
partículas. Dados: q = ± 1,6 x 10-19C; meletron= 9,11 x 10-31kg; mproton=1,67 x 10-27kg;
Constante gravitacional G = 6,67 x 10-11m3/kg.s2; Constante eletrostática do vácuo
Ko= 8,99 x 109 N.m2/C2.
Solução:
A força eletrostática é dada por,
Nota-se então, que a força gravitacional é 1039 vezes menor do que a força
eletrostática que age entre as partículas. A força gravitacional entre partículas ou
corpos é sempre atrativa e age no sentido de agregar massa, provocando a formação de
grandes massas cósmicas, poeiras gasosas, planetas e estrelas, situação onde as forças
gravitacionais são enormes. No caso em questão, ela é desprezível em relação à força
eletrostática. As forças eletrostáticas são repulsivas para cargas de mesmo sinal, donde
se pode concluir que elas não ajudam agregar grandes cargas de mesmo sinal, visto
agirem no sentido de separá - las o máximo possível. É por isso que temos, quase
sempre, as duas cargas juntas, para que uma compense a outra. As quantidades de cargas
que conhecemos no nosso dia-a-dia são bem pequenas, ao contrário das massas.
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FÍsiCa gEral iii Exercícios
3) Um corpo eletrizado possui uma carga de 6,4 μC (μ=10-6). Quantos elétrons estão
faltando no corpo?
6) Duas pequenas esferas condutoras de mesmo raio, no vácuo, cada uma com massa igual a
1 g, estão suspensas de um mesmo ponto por fios leves e isolantes de 1 m de comprimento.
Eletrizadas com cargas iguais verifica-se que elas se repelem permanecendo em equilíbrio
a 0,1 mm uma da outra. Determine a carga de cada esfera, tomando g=10 m/s2.
7) Três cargas +q , -q e +6q (q= 2 x 10-6 C) estão dispostas numa linha separadas por 10
cm (+q e –q) e 40 cm (-q e +6q), Determine a intensidade da força resultante sobre a carga
–q.
20
Carga Elétrica
Anotações
21
FÍsiCa gEral iii
Anotações
22
2 Campo Elétrico
23
2 CAMPO ELÉTRICO
FÍsiCa gEral iii
Uma carga elétrica cria ao seu redor uma perturbação que altera as propriedades
elétricas do espaço em sua volta. Uma outra carga , chamada de carga de prova, quando
colocada no espaço perturbado, “sente” ou “percebe” a presença da primeira carga pela
ação de uma força que atua sobre ela, atraindo-a ou repulsando-a, dependendo dos sinais
das cargas envolvidas na interação. Neste sentido, diz-se que há um Campo Elétrico E,
produzido pela carga na região, atuando sobre a carga de prova (parte a da figura 1).
É um campo vetorial que atua em todas as direções do espaço nas vizinhanças da carga
que o produz.
Obviamente que a carga de prova também cria um Campo Elétrico em sua
volta, que também atuará sobre a carga (parte b da figura). Assim, adotando a Teoria dos
Campos para explicar os fenômenos elétricos, existe uma interação entre os dois campos
elétricos criados pelas cargas elétricas, que são quantificados pelas forças que atuam nas
cargas de forma recíproca, de acordo com a 3ª Lei de Newton. Se uma das forças for
chamada de Ação, a outra será denominada de Reação, e vice-versa. É por isso que se diz
que as forças na natureza sempre aparecem aos pares.
A palavra interação significa que sempre existem duas forças agindo de forma
independente, mas interligadas pelas ações dos dois campos elétricos presentes. É
necessário ficar claro que as forças não agem sobre uma mesma carga, caso isso ocorresse,
a resultante das forças seria zero e nunca teríamos qualquer movimento (velocidade nula).
Na tabela 1 estão registrados alguns valores aproximados do modulo de campos
elétricos comuns.
24
Campo E [N/C]
Campo Elétrico
Dentro de um fio de cobre dos circuitos domésticos 10-2
Nas ondas de rádio 10-1
Na atmosfera 102
Na luz solar 103
Próximo a um pente de plástico carregado 103
Em uma nuvem de tempestade 104
No cilindro carregado de uma copiadora 105
Num tubo de raios X 106
No elétron de um átomo de hidrogênio 6 x 1011
Na superfície de um átomo de urânio 2 x 1021
Tabela 1: Alguns campos elétricos (valores aproximados)
O valor do campo elétrico presente num certo ponto do espaço, produzido por um
corpo carregado ou por uma simples carga e, “sentido” por uma carga de prova q1, é
representado pelo vetor , cujo módulo, matematicamente, é dado por:
Exemplo 1
Quando um elétron é colocado em um campo elétrico E = 10 ×105 N / C , qual a força
que age sobre ele?
Solução:
F 105 N
q1
( )
E = → F = q1 E = −1, 6 ×10−19 C 10 ×
C
F = −1, 6 ×10−14 N
onde, por exemplo, é o valor do campo elétrico que age na carga q1 devido à presença
da carga q3, e assim por diante.
O módulo do campo elétrico produzido pela carga Q, num certo ponto do espaço
distante d de uma carga de prova q, é dado por:
sendo que, a direção do campo é a da linha radial a partir da carga Q, apontando para fora
se a carga Q for positiva, ou apontando para dentro, se a carga Q for negativa. A partir da
equação anterior podemos reescrever a Lei de Coulomb (em módulo) de outra maneira,
ou seja,
25
Exemplo 2
FÍsiCa gEral iii
Quando uma carga de prova de 2nC é colocada num certo ponto do espaço, sofre uma
forca de 4x10-4N na direção x. Qual o campo elétrico neste ponto.
onde é a distância d da carga q1 até a carga Qi, e é um vetor unitário na direção que
liga as duas cargas q1 e Qi.
Exemplo 3
Uma carga +q e uma carga –q estão
dispostas conforme a figura abaixo.
a) calcular o campo elétrico num ponto
arbitrário do eixo x.
Solução:
Temos que estudar o problema em três regiões diferentes: x > a,-a <x < a e x < -a.
Para x > a: O campo elétrico é dado pela somatória do campo da carga positiva e da
carga negativa. A distância d da carga positiva para um ponto x qualquer é x - a e a
distância d da carga negativa é x + a, então,
26
Campo Elétrico
O campo elétrico para -a < x < a é sempre negativo. Quando x = 0 o campo elétrico
é igual a .
Abaixo um esboço do gráfico de campo elétrico em função da posição x, para as três
regiões.
Para uma visão e percepção mais fácil do campo elétrico E, Michael Faraday
(1791-1867) introduziu o conceito de Linhas de Força do vetor campo elétrico,
atualmente, usada somente de forma qualitativa. Assim, quando a carga geradora do
campo for positiva, o sentido do vetor campo elétrico é radial e saindo da carga (sentido
de afastamento), como é visto na figura 3.
Exercícios
1) Determine o valor do campo elétrico criado por uma carga puntiforme igual a 4μC, no
vácuo, num ponto localizado a 40 cm dela.
2) Num ponto situado a uma distância “x” de uma carga de 10 μC, o campo elétrico vale
9x105 N/C. Determine o valor de “x”.
3) Determine as características do vetor campo elétrico criado por uma carga puntiforme
igual a 8μC (no vácuo) em um ponto a 10 cm de distância dela. Se naquele ponto estiver
uma outra carga igual a 2μC, dê as características da força que atua na carga menor.
4) Duas cargas puntiformes iguais a 40 μC e -50μC estão separadas por 50 cm uma da outra.
Determine a intensidade do vetor campo elétrico num ponto a meia distância entre elas.
6) Duas placas paralelas metálicas, eletrizadas com cargas iguais e de sinais contrários,
estão colocadas no vácuo a 10 cm uma da outra. O campo elétrico produzido por elas
vale 6 . 10 7 N/C. Uma carga de prova puntiforme positiva igual a 2μC e massa igual a
5 x 10-6 kg, é abandonada na placa positiva, Supondo desprezível a força gravitacional
sobre a carga de prova, determine: a)- força elétrica constante atuante sobre a carga; b)-
a aceleração adquirida por ela; c)- a velocidade com que atinge a placa negativa; d)- o
tempo gasto para ir de uma placa a outra. Comentar a trajetória real da carga.
8) Desenhe as linhas de força do Campo Elétrico para duas cargas positivas iguais, para
duas cargas negativas iguais e para duas cargas iguais, mas de sinais contrários, colocadas
no vácuo e a certa distância entre elas.
28
Campo Elétrico
Anotações
29
FÍsiCa gEral iii
Anotações
30
3 Lei de Gauss
31
3 LEI DE GAUSS
FÍsiCa gEral iii
3.1 Lei de Gauss – Superfícies Gaussiana
Figura 2 – (a) Uma superfície plana (área A) imersa num campo uniforme.
(b) Superfície inclinada em relação ao fluxo do campo.
32
Para definir o fluxo do campo elétrico Φ, vamos considerar uma superfície gaussiana
qualquer imersa num campo elétrico, que pode ser uniforme ou não. Vamos dividir esta lei de gauss
superfície em quadrados muito pequenos, cada um com uma área , suficiente pequena
para poder ser considerada como área plana. Para cada área, associamos um vetor ,
com módulo igual ao valor da área, mas com direção perpendicular à área e voltado para
fora da superfície gaussiana (figura 2a). Devido a área de cada quadradinho ser muito
pequena, podemos considerar que o vetor campo elétrico em cada uma deles tenha um
valor igual em módulo e também seja constante para todos os pontos desta área pequena.
Os vetores , e , que caracterizam cada quadrado fazem entre si um ângulo θ,
que pode variar de 0 a 180 graus, dependendo da posição do quadrado sobre a superfície
gaussiana (figura 2b), de tal forma que o produto escalar será dado por:
(Lei de Gauss)
onde, representa a carga total envolvida pela superfície (contida dentro da superfície).
As cargas que porventura estiverem fora da superfície gaussiana não serão consideradas
no cálculo, mas o valor do campo vetorial é o valor do campo resultante de todas as
cargas presentes, tanto no interior como no exterior da superfície fechada. A lei de Gauss é Figura 3 – Campo de uma
aplicada para cargas que se encontram no vácuo, mas também vale para cargas localizadas carga puntual positiva e
no ar. superfície gaussiana de
raio r. Força sobre uma
carga de prova q’.
Exemplo 1 - Simetria esférica. Se a Lei de Gauss e a Lei de Coulomb são equivalentes,
é possível partir de uma delas e chegar à outra, considerando as simetrias do problema.
No exemplo que segue, vamos partir da Lei de Gauss e chegar à Lei de Coulomb fazendo
uso da uma superfície gaussiana esférica em torno de uma carga puntual (figura
3). Dividindo a superfície da área esférica em pequenos quadradinhos (área elementar
dA) e sabendo que em cada área elementar o vetor campo elétrico é perpendicular (campo
radial) a ela, então, o produto escalar entre o vetor campo elétrico e o vetor associado a
cada área é sempre igual a , pois o ângulo entre os vetores é
igual a zero graus.
Na figura 3, a superfície gaussiana circunda a carga positiva (carga interna) com
raio d. Como a carga está no centro da superfície, o campo elétrico é normal à mesma e
33
seu valor é constante em qualquer ponto da superfície. Apesar da representação estar no
FÍsiCa gEral iii plano (duas dimensões), deve-se ter em mente que a superfície gaussiana é tridimensional.
Assim, aplicando a Lei de Gauss temos,
Como o vetor campo elétrico tem sempre o mesmo valar em cada ponto da superfície
gaussiana (mesmo valor em cada área elementar), pode-se retirá-lo da integral, assim,
Esta equação permite calcular o campo elétrico Er produzido pela carga q numa
região distante d do centro da carga. Pela Lei de Coulomb, o módulo da força de repulsão
exercida pela carga q sobre uma determinada carga de prova q’>0 (no vácuo), localizada
na sua vizinhança (distância d) é dada por,
Exemplo 2 - Simetria plana. A figura ao lado mostra a seção de um plano não condutor,
Figura 4 – Superfície fino e infinito, carregado com uma densidade superficial uniforme de cargas σ (C/m2). Uma
gaussiana cilíndrica fina chapa de plástico, carregada uniformemente por fricção, é uma boa representante para
atravessando o plano de o exemplo. O objetivo é encontrar o campo elétrico nas proximidades (a uma distância r
cargas. do mesmo). Como o plano está carregado positivamente, o vetor campo elétrico deve ser
perpendicular ao plano e saindo dele e, ainda mais, deve ter o mesmo valor numérico em
pontos situados em lados opostos e equidistante, mesma direção, mas sentidos contrários.
Uma superfície gaussiana apropriada ao caso (que reflete a simetria do sistema), é um
cilindro fechado, cada lado com área A, equidistante, e altura 2r, com eixo perpendicular
ao plano, atravessando-o (altura igual em ambos os lados).
Observando a figura, é possível perceber que o campo E é paralelo às superfícies
curvas do cilindro, mas perpendicular às suas bases, onde associamos um vetor infinitésimo
em cada uma delas. Nas partes curvas, o ângulo entre o vetor campo elétrico e o vetor
é igual a 90°, portanto, não há fluxo atravessando as partes curvas (lado). Só há fluxo
saindo das bases do cilindro, assim, pela Lei de Gauss, temos
A carga , portanto,
34
Como a distância do plano ao ponto calculado (distância d), não aparece na equação
acima, conclui-se que o campo possui valor único em qualquer ponto, sendo, portanto, lei de gauss
um campo uniforme em toda parte. Como exemplo, calcule o campo em pontos dentro
de um sistema constituído por duas placas paralelas carregadas com a mesma densidade
superficial de cargas, mas de sinais contrários (capacitor de placas paralelas).
Exercícios
3) Considere uma esfera condutora de raio igual a 20 cm. Ela está carregada com carga
igual a 4 . 10-8 C. Calcule o campo elétrico em pontos no interior da esfera e num ponto a
40 cm do seu centro.
5) Explicar por que o campo elétrico no interior de uma esfera maciça uniformemente
carregada cresce com r e não diminui com 1/r2, no interior da esfera.
7) Se o fluxo liquido através de uma superfície fechada for nulo, o campo elétrico E é
nulo em qualquer ponto da superfície? O que pode se concluir sobre a carga no interior
da superfície fechada?
35
FÍsiCa gEral iii
Anotações
36
lei de gauss
Anotações
37
FÍsiCa gEral iii
Anotações
38
4 Potencial Elétrico
39
4 POTENCIAL ELÉTRICO
FÍsiCa gEral iii
4.1 Potencial Elétrico - Energia Potencial Elétrica
A força elétrica que age sobre uma partícula carregada, devido a um campo elétrico, é
uma força conservativa, ou seja, o trabalho realizado por ela ao deslocar uma carga de
um ponto a outro do campo só depende destes pontos e não do caminho percorrido pela
carga.
V = −∫ E ⋅ d s (3)
i
41
A equação anterior permite calcular o potencial elétrico a partir de um campo
FÍsiCa gEral iii elétrico conhecido, ou seja, conhecendo-se o campo elétrico numa certa região do espaço,
podemos calcular o potencial elétrico entre dois pontos quaisquer do campo. No Sistema
Internacional de Unidades (SI), a diferença de potencial elétrico (ddp) ou voltagem é
medida em Joule/Coulomb, que por ser tão frequente, foi-lhe dado uma unidade especial
chamada de Volt, símbolo V. Assim,
1 Volt = 1 Joule/Coulomb→→ 1 V = 1 J/C
Como consequência, o campo elétrico também pode ter a unidade de medida dada por,
1 N/C= 1 V/m
Vamos considerar duas cargas separadas por uma grande distância e mantidas fixas
em suas posições. Para juntá-las até uma determinada posição, será necessário realizar um
trabalho, ou seja, “alguém” gastou energia para juntá-las. Esta energia gasta pelo agente
externo (força externa), ou seja, o trabalho realizado pela força externa, ficará acumulado
como energia potencial elétrica “U” no sistema de duas cargas. Assim, podemos escrever
que,
1 q1 ⋅ q2
U = W ( f ext . ) =
4πε 0 r12
onde r12 é a distância entre os centros das cargas.
Entendido dessa forma e para várias cargas puntiformes, pode-se dizer que,
“a energia potencial elétrica de um sistema de cargas puntuais fixas é equivalente ao
trabalho que deve ser realizado por um agente externo para reunir o sistema, trazendo
cada carga desde o infinito até a posição desejada”.
Nesse caso, o potencial total deve ser calculado utilizando-se o princípio da
superposição, isto é, calcula-se o potencial de cada carga separadamente no ponto de
desejado (referência), e depois se soma algebricamente todos os potenciais calculados
individualmente.
Exemplo 1
Três cargas são mantidas fixas nos vértice de um triângulo isósceles, separadas por uma
distância d, conforme figura 3. Calcule a energia potencial elétrica da configuração.
Solução:
A energia potencial resultante é a soma da energia de cada par na configuração dada,
assim,
U R = U12 + U13 + U 23
Figura 3 – Três cargas 1 ( + q )( −4q ) ( + q )( +2q ) ( −4q )( +2q ) 10q 2
puntuais fixas nos UR = + + =
vértices de um triângulo 4πε o d d d 4πε o d
isósceles.
Supondo d = 12 cm e q = 150 ηC, a energia potencial resultante da configuração vale,
U R = −17 mJ
Obs. O fato da energia potencial ser negativa quer dizer que será preciso realizar um
trabalho negativo para trazer as três cargas fixas e no infinito até a separação d. Por
outro lado, significa, também, que um agente externo (força externa) deve realizar um
trabalho positivo de 17 mJ para desfazer a configuração dada.
43
Substituindo na equação 3 ficamos com
FÍsiCa gEral iii
f r
V = − ∫ E ⋅ d s = − ∫ Edr ′
i ∞
O campo elétrico da carga positiva em r ’ é dado pela equação
1 q
E=
4πε o r ′2
Assim, o potencial fica,
r r
q 1 q 1
V =− ∫
4πε o ∞ r ′ 2
dr ′ = − −
4πε o r ′ ∞
ou
1 q
V= (4)
4πε 0 r
Obs. O sinal do potencial é o mesmo da carga que cria o campo. Se quisermos
determinar a diferença de potencial entre dois pontos quaisquer próximos de uma carga
puntual isolada, aplica-se a equação 4 para cada um dos pontos e depois subtrair um
potência do outro.
Exemplo 2
Qual deve ser o valor de uma carga puntual positiva isolada, para que o potencial V, a
15 cm dela, seja igual a +120 Volts.
Solucao:
Pela equação 4 temos,
q = V (4πε 0 )r
Substituindo os valores, ficamos com
q = 2,0 x 10-9 C.
44
Exercícios potencial Elétrico
1) Uma vaca encontra-se próxima a uma árvore (figura abaixo) que é atingida por um raio.
Durante um curto intervalo de tempo, acumula-se na base da árvore uma carga elétrica de
1,0 μC. Considere K = 9 x 109 (Nm2/C2). Determine:
a) o potencial elétrico gerado pela descarga na região da pata dianteira da vaca (A) e na
região da pata traseira do animal (B);
b) a ddp entre as duas regiões;
c) a mínima distância da pata dianteira da vaca à árvore, admitindo-se que o animal resiste,
no máximo, a uma ddp de 300 V, para não sofrer danos biológicos.
2) A ddp entre uma nuvem e a Terra é da ordem de 1,2 x 109 Volts. Qual é a variação de
energia potencial de um elétron nesta descarga elétrica?
4) Grande parte do material contido nos anéis de Saturno tem a forma de minúsculas
partículas de poeira cósmica cujos raios são da ordem de 1μm. Tais grãozinhos estão
numa região que contém gás ionizado diluído e adquirem elétrons em excesso devido ao
contato com o gás. Se o potencial elétrico na superfície de um certo grão é de cerca de –
400 Voltes, quantos elétrons são adquiridos por ele?
5) Dois prótons existentes no núcleo de um átomo de U238 estão separados por uma
distância de 6,0 x 10-15 m. Calcule o valor da energia potencial elétrica relacionada á força
repulsiva entre eles, sabendo-se que a carga do próton é de 1,6 x 10-19 C.
7) Três cargas pontuais são mantidas fixas nos vértices de um triângulo isóscele de lado
igual a d = 12 cm. As cargas são q1= +q ; q2 = -4q e q3 = +2q, sendo q = 150 nC. Calcule
a energia potencial elétrica da configuração.
8) O potencial elétrico numa certa região é dada por V(x) = ax2 + b, Calcular o vetor
campo elétrico nesta região.
9) O campo elétrico é Ex = 6x3 N/C. Calcule a diferença de potencial entre x=1m e x=2m.
45
FÍsiCa gEral iii
Anotações
46
potencial Elétrico
Anotações
47
FÍsiCa gEral iii
Anotações
48
5 Capacitância
5.1 introdução
5.2 Capacitância
5.3 Capacitores
5.4 Energia potencial Eletrostática
5.5 armazenamento de Energia Elétrica
5.6 Combinação de Capacitores
5.7 dielétricos
49
5 CAPACITÂNCIA
FÍsiCa gEral iii
5.1 Introdução
50
Exemplo 1
Capacitância
Se numa esfera de capacitância CA a carga inicial for duplicada, qual o novo valor da
capacitância?
Solução:
Que independe da carga. Se a carga for duplicada, a diferença de voltagem será dividida
por 2. Portanto, a capacitância CA não será alterada.
5.3 Capacitores
51
5.3.1 Capacitor de placas planas paralelas
FÍsiCa gEral iii
Figura 3
52
Exemplo 2
Capacitância
Um capacitor de placas planas e paralelas tem placas circulares com o raio de 10 cm
e separadas por 0,1 mm. a) qual a capacitância do capacitor? b) Se o capacitor for
carregado a 12V, qual a quantidade de carga no capacitor?
Solução:
a) A capacitância de um capacitor de placas planas e paralelas é:
A
8,85 pF
m
(
π × ( 0,1m )
2
)
C = ε0 = = 2780 pF = 2, 780nF
d 0, 0001m
b) Q = CV = ( 2, 789nF )(12V ) = 33,36 × 10−9 C = 33,33nC
Figura 5
Um capacitor cilíndrico é constituído por um cilindro ou um cabo metálico de
pequeno raio montado coaxialmente a um tubo cilíndrico condutor de raio . A figura 5
mostra uma superfície gaussiana que engloba a carga Q do cilindro de raio . Usando a lei
de Gauss, temos,
Como:
53
Exemplo 3
FÍsiCa gEral iii
Estime a capacitância de uma Garrafa de Leyden (figura 1) considerando a garrafa com
5cm de raio interno, 5,5 cm de raio externo e 20 cm de altura (não se esqueça da base
da garrafa).
Solução:
A garrafa tem que ser dividida em duas partes: a lateral e a base.
A lateral pode ser considerada com um capacitor cilíndrico de altura 0,2 m e com
e , assim,
A base pode ser considerada com um capacitor de placas planas circulares e paralelas
com o raio de 5 cm e separados por 0,5 cm.
onde é a área da superfície esférica gaussiana. Assim o campo elétrico E é dado por:
54
Como:
Capacitância
Exemplo 4
a) Determine a capacitância de um capacitor esférico em que as placas esféricas têm
raios de 40 e 42 mm. b) Qual será a área da placa de um capacitor de placas paralelas
cujas placas têm a mesma separação e capacitância?
Solução:
a) Para um capacitor esférico temos,
ba pF 0, 040m × 0, 042m
C = 4πε 0 = 4π 8,85 = 93, 42 pF
b−a m 0, 040m − 0, 042m
A
b) A capacitância de um capacitor de placas paralelas é C = ε 0 , portanto,
d
A=
dC
=
( 0, 002m )( 93, 42 pF ) = 0, 021m2
ε0 pF
8,85
m
que equivale a um capacitor de placas retangulares de aproxidamente 15 cm de lado.
Para trazer do infinito uma terceira carga, devemos efetuar trabalho contra o
campo elétrico das cargas e , assim
Este trabalho não depende da ordem de montagem, mas somente das posições
finais das cargas. Duplicando todos os membros da direita da equação anterior e dividindo
por 2, temos,
55
FÍsiCa gEral iii
56
Exemplo 5
Capacitância
Dado uma esfera condutora , isolada, de raio R=10cm e carga q=1,0nC, calcule a energia
potencial acumulada no campo elétrico?
Solução:
Usando a lei de Gauss podemos descobrir a capacitância. Fazendo uma superfície gaussiana
esférica concêntrica a esfera condutora, o campo elétrico é constante e perpendicular a
superfície gaussiana. Assim, fica ficando assim somente a integral , portanto,
onde é a área da superfície esférica gaussiana. Assim o campo elétrico E é dado por:
Como:
R
V = ∫ Edr
∞
Substituindo o valor do campo elétrico encontrado E na expressão acima, temos
R 1 Q Q R dr Q 1 1 Q
V =∫ dr = ∫ = − =
∞ 4πε r 2
4πε 0 ∞ r 2
4πε 0 R ∞ 4πε 0 R
0
Como , temos,
Exemplo 6
Na figura abaixo observamos uma Balança de Kirchhoff, que é usada para medidas
absolutas de carga ou de diferença de potencial. Usando a Lei de Gauss para determinar
o campo interno entre as placa 1 e 2, determine .
Solução:
Quando entre as placas colocamos uma diferença de potencial , temos um campo
homogêneo . Este campo vem de uma carga . Se colocarmos
uma pequena carga dQ em um das placas, a energia potencial aumenta
57
5.6 Combinação de Capacitores
FÍsiCa gEral iii
A figura 7 mostra três capacitores, todos ligados a uma bateria, de tal forma que
a diferença de potencial em todos os três é idêntica. Este tipo de ligação é chamado de
ligação em paralelo. Se as capacitâncias forem , e , as cargas nos capacitores
serão:
Exemplo 7
Determine a capacitância equivalente da combinação mostrada na figura 8, com
, e .
Solução:
Como , temos,
de cima da capacitor C1, o campo elétrico desta carga induz uma carga igual e negativa
na placa de baixo do capacitor C1. Esta carga provém dos elétrons que saem da placa de
cima do capacitor C2. Esta placa fica com uma carga e seu campo provoca a carga
na placa de baixo do capacitor C2. Este processo de indução de cargas se repete para
as próximas placas, sendo que a placa de baixo do capacitor C3 fica com uma carga .
Isto é a carga é a mesma para todos os capacitores.
Figura 8 Capacitores
ligados em série. A
soma das diferenças de
potencial através de cada
Para reter a mesma quantidade de carga para uma certa diferença de potencial
capacitor deve ser igual à
de uma combinação dos capacitores em série, podemos substituir por um só capacitor diferença de potencial .
com a capacitância equivalente igual a
Exemplo 8
Determine a capacitância equivalente da combinação mostrada na figura 8, com
, e .
Solução:
Como , temos,
59
5.7 Dielétricos
FÍsiCa gEral iii
Tabela 1 Figura 9
é permanente, pois os centros de cargas positivas e negativas não coincidem (figura 9a).
Sob a ação de um campo elétricos externo este dipolos se alinham a este campo. Nos
dielétricos não-polares os momentos de dipolo são induzidos pelo próprio campo elétrico
externo.
a) b)
Figura 11
A figura 11 mostra a influência dos dielétricos. Na figura 11a, não há uma bateria
e portanto a carga deve permanecer constante quando colocamos o dielétrico. Como
sem dielétrico e com dielétrico, assim, . Consequentemente,
a diferença de potencial decresce por um fator de k. Na figura 11b, a bateria garante
a diferença de potencial V entre as placas permanece constante. Como sem
dielétrico e com dielétrico, assim, . Deste modo a presença de um
dielétrico no capacitor faz com que a carga aumente por um fator k se a diferença de
potencial se mantiver constante.
Vamos analisar um capacitor de placas paralelas em duas situações: com e sem
dielétrico, conforme visto na figura CC. Consideremos a mesma carga Q sobre as placas
nos dois casos. No capacitor sem dielétrico (vácuo), a lei de Gauss nos dá
onde , portanto
61
FÍsiCa gEral iii
Consequentemente, o efeito do dielétrico é o enfraquecimento do campo por
um fator , ou seja,
Exemplo 9
Um capacitor de placas paralelas, inicialmente sem dielétrico, de área A = 0,1 m2 e
separação entre as placas de 1mm, é carregado por uma fonte até atingir 6 Volts e
depois isolado da fonte. Então o espaço entre as placas é preenchido por água. Calcule
a) capacitância, b) a diferença de potencial antes e depois de preenchido o capacitor
com água.
Solução:
a) Capacitância sem o dielétrico:
b) a diferença de potencia antes de colocar o dielétrico é 6 Volts. Depois que foi colocado
o dielétrico,
62
Exercícios Capacitância
2) Um condutor esférico isolado, com 10 cm de raio está carregado a 2 kV. a) Qual a carga
no condutor? Qual a capacitância da esfera?
5) Um capacitor de placas planas e paralelas, com ar entre as placas, é ligado a uma bateria
de voltagem constante. A separação entre as placas do capacitor é então duplicada, sem
haver desligamento da bateria. O que acontece com a energia eletrostática no capacitor?
6) O campo elétrico da terra da superfície até 1000 metros tem um valor quase constante
de 200V/m. Estimar a energia eletrostática presente na atmosfera. (considere a atmosfera
como uma camada plana com área igual à superfície terrestre)
63
9) Qual é a capacitância dos capacitores paralelos e de placas planas com dielétricos?
FÍsiCa gEral iii
64
Capacitância
Anotações
65
FÍsiCa gEral iii
Anotações
66
6 Corrente e Resistência
6.1 Corrente
6.2 resistência e a lei de ohm
6.3 Energia nos Circuitos Elétricos
6.4 Combinação de resistores
6.5 Circuitos rC
67
6 CORRENTE E RESISTÊNCIA
FÍsiCa gEral iii
6.1 Corrente
Figura 2
68
setas não são vetores. Assim podemos somar ou subtrair valores escalares de corrente
em um circuito. A figura 3 mostra um conector que divide em dois. Pelo fato da carga Corrente e resistência
ser conservada, os módulos das correntes e devem ser somados para a obtenção do
módulo da corrente , assim,
Exemplo 1
Em um fio de cobre 2,053 mm de diâmetro Ø(AWG 12 - tabela 1), calcular a velocidade
de migração dos elétrons neste condutor percorrido por uma corrente de 10A. Admitir
que haja um elétron livre por átomo.
Solução:
Conforme a tabela 1, o fio de cobre AWG 12 tem uma área da sessão reta de
. Como , e se houver um elétron
livre por átomo, podemos calcular a densidade dos portadores de carga pela densidade
e massa molecular do cobre , juntamente com o número de
Avogadro .
69
assim
FÍsiCa gEral iii
Ø Corrrente
AWG Diâmetro Área Ohm/km Máxima
mm mm2 Amp
0000 11,68 107,1 0,161 321
000 10,39 84,74 0,203 254
00 9,266 67,40 0,256 202
0 8,252 53,46 0,323 160
1 7,348 42,39 0,406 127
2 6,544 33,62 0,513 101
3 5,827 26,65 0,646 79,7
4 5,189 21,14 0,815 63,5
5 4,621 16,76 1,03 50,4
6 4,115 13,29 1,30 39,9
7 3,665 10,54 1,64 31,5
8 3,264 8,363 2,07 25,1
9 2,906 6,629 2,59 19,9
10 2,588 5,258 3,27 15,8
12 2,053 3,309 5,22 9,90
15 1,450 1,650 10,4 4,95
20 0,8118 0,517 33,5 1,54
25 0,4547 0,162 108 0,427
30 0,2546 0,051 351 0,147
40 0,07987 0,005 3400 0,015
46 0,03980 0,001 15130 0,003
Tabela 1 – Tabela de alguns fios padrão AWG, com diâmetro,
área da seção reta, resistência e amperagem máxima de trabalho.
Para fazer:
Calcular a velocidade de migração para um fio de cobre de 11,68 mm Ø (AWG 0000)
e um fio de 0,039 mm Ø(AWG 46) (diâmetro e corrente dados na tabela 1). Comparar
com o valor obtido no exemplo 1.
70
Um elemento, cuja sua função num circuito é fornecer uma certa resistência à
corrente elétrica, é chamado de resistor. A figura 4 mostra alguns resistores comumente Corrente e resistência
Figura 4
A constante de proporcionalidade é a resistividade do material condutor. A
unidade SI de resistividade
Além do comprimento e da espessura do condutor, a resistência elétrica também
está sujeita ao material utilizado no condutor, conforme podemos ver na tabela 2. A
resistividade pode variar de material para outro por dois motivos:
1. O número de elétrons livres varia para cada material (tabela 2).
2. Cada material tem estrutura diferente (tamanho e forma de distribuição dos
átomos), que determina o espaço e a forma para o movimento do elétrons
livres (a estrutura dos matérias será melhor vista no curso de física da matéria
condensada) .
71
Exemplo 2
FÍsiCa gEral iii
Calcular as resistências, por unidade de comprimento, de um fio de prata e de um fio de
nichrome de 0,5 mm de raio (dados da tabela 2)
Solução:
Como e a área da seção reta de ambos os fios são idênticas , assim,
Exemplo 3
Dado uma filme fino de cobre de 100μm de espessura, 10 cm de largura e 20cm de
comprimento percorrida por uma corrente de 1mA. Calcular a) qual a resistividade e
b) estimar o campo elétrico E.
Solução:
a) A área da seção reta é e a resistividade
é dada por
a) b)
gás inerte
filamento
condutores
suporte de vidor
rosca
isolante
contatos
Figura 5
Figura 6 Analogia mecânica de um circuito simples. As bolas são soltas de uma altura h sobre um
plano inclinado e são aceleradas por um campo gravitacional até as bolas encontrarem um prego.
Nas colisões as bolas transferem sua energia cinética para os pregos. Logo após uma colisão, a
bola é novamente acelerada e novamente colide com outro prego. Em função das muitas colisões
a velocidade de avanço das bolas no final do plano é relativamente pequena. Uma pessoa faz
trabalho sobre as bolas, levando–as da parte inferior até a superior. O plano inclinado com os
pregos é o análogo do resistor em um circuito elétrico e a mão é a fonte de força eletromotriz.
Isto é a potência dissipada é maior quando a área da seção reta aumenta. Isto é, com
o aumento da espessura há um aumento da intensidade da corrente i, e conseqüentemente,
um maior número de elétrons livres que se movimentam no interior do material,
aumentando o numero de colisões. Logo, uma lâmpada de baixa potência tem um fio mais
fino que uma de maior potência.
Como podemos explicar que para uma dada corrente, um fusível de filamento
mais fino queima e um mais grosso não queima.. Com a diminuição da espessura (figura
5a) a resistência no segmento aumenta, acarretando um aumento de tensão V (resistores
em série serão discutidos na próxima seção). Sabemos a potência P é proporcional a ,
assim, um aumento em V acarrete um aumento da potência. Assim, este aumento da tensão
aumenta o campo elétrico e aumenta a energia cinética dos elétrons livres, acarretando uma
maior transferência de energia para a rede. Com o aumento da transferência de energia
para a rede e a menor quantidade de material, o aquecimento obtido atinge rapidamente a
temperatura de fusão do filamento do fusível.
Exemplo 4
Um chuveiro tem uma potência de 5000W, para uma tensão de 120V. Calcule a
resistência do chuveiro e a corrente. Quais as resistências e as correntes se o chuveiro
tivesse uma potência de 4000W e 3000W?
Solução:
Como , temos para uma potência de 5000W,
Para 4000W,
Para 500W,
A figura 7 mostra dois resistores em série. Os dois resistores são atravessados pela
mesma corrente. Como , a queda de potencial entre a e b é igual a
e entre b e c é . Portanto, a queda de potencial entre os pontos a e c é dada por:
Exemplo 5
Dado o circuito da figura 7 e R1=10Ω, R2=10Ω, e Vac=12V, a) calcule a resistência
equivalente dos resistores, b) a corrente I e c) as tensões Vab, e Vbc.
Solução:
Para dois resistores em série, temos,
A corrente pode ser determinada, sabendo que onde I é a corrente que passa por
todo o circuito e , assim,
A soma e é igual a
Exemplo 6
Dado o circuito da figura 8 e R1=10Ω, R2=10Ω, e Vac=12V , a) calcule a resistência
equivalente dos resistores, e b) as correntes I, I1, e I2 .
Solução:
Para dois resistores em paralelo, temos,
A corrente se divide entre os dois resistores, e como para ambos os resistores temos a
mesma diferença de potencial, e usando a relação , temos
77
Exemplo 7
FÍsiCa gEral iii
Dado o circuito ao lado,
a) calcule a resistência equivalente dos resistores,
b) as correntes I, I1, I2 e I3, e
c) a tensão Vab e Vbc.
(R1=100Ω, R2=100Ω, R3=1000Ω e Vac=12V).
Solução:
a) Os resistores R2 e R3 estão em paralelo, portanto
b) A corrente .
A queda de potencial no resistor é de ,
portanto a queda de potencial . A corrente se divide
entre os dois resistores, e como para ambos os resistores temos a mesma diferença de potencial
, e usando a relação , temos
Há muitos circuitos, como da figura 9, que não podem ser estudados pela simples
substituição de resistores por outros equivalentes (resistores em paralelo e resistores em
série). Para isso, duas regras gerais aplicam-se a este e a qualquer outro circuito:
1. Quando se percorre uma malha fechada num circuito, a soma algébrica das
variações de potencial é necessariamente nula.
2. Em qualquer nó do circuito, onde a corrente se divide, a soma das correntes que
fluem para o nó é igual à soma das correntes que saem do nó.
Figura 9
Figura 10: Circuito da figura 9, mostrando a malha abcdefa (em sombreado a parte que não
pertencente a esta malha). Potencial em função do caminho percorrido abcdefa.
79
FÍsiCa gEral iii
Figura 11: Circuito da figura 9, mostrando a malha abefa (em sombreado a parte que não
pertencente a esta malha). Potencial em função do caminho percorrido abefa.
Para fazer
Resolva o circuito da figura 9, utilizando a malha bcdeb e a malha befab. Faça os gráficos do
potencial em função do caminho (não esqueça que quando um resistor é percorrido no sentido
contrario da corrente temos um aumento do potencial)
80
6.5 Circuitoes RC
Corrente e resistência
Um circuito com um resistor
e um capacitor é um circuito RC. A
corrente neste circuito varia com
o tempo. Um exemplo de circuito
RC é o de uma lâmpada de flash de
máquinas digitais.
Em um circuito RC (figura
12), uma bateria carrega um
capacitor através de um resistor
em série. Depois de carregado, o
capacitor se descarrega através de
uma lâmpada, produzindo um clarão
que ilumina a cena. O objetivo é
obter a carga e a corrente em função
do tempo na carga e descarga de um Figura 12: Quando a chave S esta ligada em a, o ca-
capacitor através do circuito. pacitor é carregado através do resistor R. Quando a
chave S está ligada em b, o capacitor é descarregado.
81
A corrente em função do tempo pode ser obtida usando a relação :
FÍsiCa gEral iii
Figura 15
Aplicando a lei das malhas ao circuito
da figura 15, percorrendo-o no sentido horário.
Teremos
Figura 16
82
Integrando o lado esquerdo de até , e do lado direito de 0 até um tempo ,
Corrente e resistência
Exercícios
1) Uma corrente de 1,0 A percorre um resistor durante 100 segundos. a) Quantos coulombs
e b) quantos elétrons passam através da seção transversal do resistor neste intervalo.
12) A figura abaixo mostra duas baterias de 1,5V com uma pequena resistência interna r
(desprezível), que estão ligadas a um resistor de 4 Ω, em duas configurações. Ache, entre
as duas configurações, a que tem o maior valor de energia térmica dissipada?
13) Dado o circuito abaixo, calcular a corrente, a potência fornecida ou absorbida em cada
fonte de fem e a taxa de aquecimento pelo efeito Joule em cada resistor.
84
14) Um capacitor, um resistor e uma bateria estão ligados em série. Se R duplicar, como
se altera a) a energia no circuito, b) a taxa de armazenamento de energia e c) o tempo Corrente e resistência
necessário para a energia atingir metade do seu valor final?
15) No circuito abaixo calcular a corrente em cada resistor, a diferença de potencial entre
os pontos a e b e a potência fornecida por cada bateria.
18) Uma lâmpada de flash opera com um bateria de de 3,7V, que carrega um capacitor
de 15 μF, que descarrega através de um filamento de lâmpada de 10 Ω. Que energia é
descarregada na lâmpada pelo capacitor?
85
FÍsiCa gEral iii
Anotações
86
Corrente e resistência
Anotações
87
FÍsiCa gEral iii
Anotações
88
7 Campo Magnético
89
7 CAMPO MAGNÉTICO
FÍsiCa gEral iii
Introdução
Figura 1 – Figura ilustrativa do campo magnético terrestre. As linhas de campo magnético entram
no polo Sul magnético (Norte geográfico) e saem no polo Norte magnético (Sul geográfico),
perfazendo um circuito fechado. A agulha imantada se alinha ao campo magnético terrestre.
90
A despeito do fenômeno do magnetismo já ser conhecido e utilizado pela
humanidade há milênios, sua origem se baseia em fenômenos puramente quânticos que só Campo Magnético
podem ser explicados sob a ótica da Mecânica Quântica. Contudo, podemos afirmar que
a natureza fundamental do magnetismo está relacionada à interação produzida por cargas
elétricas que se movem. Aqui reside uma grande diferença entre magnetismo e eletricidade,
já que os fenômenos puramente elétricos advêm da interação entre cargas que estão tanto
em repouso quanto em movimento. Ou seja, as forças magnéticas só atuam em cargas
que estão se movimentando. A primeira evidência experimental entre o magnetismo e o
movimento de cargas elétricas foi observada em 1819 pelo cientista dinamarquês Hans
Christian Oersted. Ele verificou que a orientação de uma agulha imantada era desviada
(defletida) por um fio colocado próximo a agulha e conduzindo uma corrente elétrica,
e que o desvio dependia do sentido da corrente no fio. Alguns anos mais tarde Michel
Faraday, na Inglaterra, e Joseph Henry, nos Estados Unidos da América, descobriram
que um ímã se movimentando próximo a uma espira condutora podia produzir corrente
elétrica na bobina. Tais evidências experimentais lançaram as bases para a unificação das
ciências do magnetismo e da eletricidade, que até então eram estudadas separadamente.
Mais adiante veremos que os trabalhos atribuídos a James Clark Maxwell culminaram na
proposição dos princípios unificadores do eletromagnetismo e da ótica, dando lugar a um
dos grandes ramos da Física, denominado Eletrodinâmica.
Como veremos, as chamadas Equações de Maxwell sintetizam de forma clara e
elegante toda a Eletrodinâmica. Porém, voltando ao nosso assunto principal, o magnetismo,
podemos afirmar que hoje em dia sabemos que as forças magnéticas entre dois corpos
são produzidas pelo movimento coordenado de alguns dos elétrons existentes no interior
dos átomos que compõem esses corpos. Esse movimento coordenado de elétrons é
observado, por exemplo, no interior de corpos imantados, tais como os ímãs permanentes.
Em corpos onde esta coordenação de movimentos eletrônicos não é observada, também
não se observam efeitos magnéticos macroscópicos.
91
1a. ► Considerando a existência de um campo magnético em uma dada região do
FÍsiCa gEral iii espaço, como podemos descrever a força que ele exerce sobre uma carga em movimento
ou sobre uma corrente elétrica que flui nessa região do espaço?
2a. ► Como determinar os campos magnéticos criados por cargas em movimento
ou correntes elétricas em uma dada região do espaço?
Por hora, nos ocuparemos da primeira questão, que se refere em como determinar
a força magnética. Para tanto, precisamos fazer uma análise prévia da natureza do campo
magnético, ou seja, suas características básicas. O campo magnético, assim como o campo
elétrico, é um campo vetorial. Ele associa uma grandeza vetorial, que possui módulo,
direção e sentido, a um dado ponto no espaço. Vamos usar o símbolo B para designar
o campo magnético, analisando alguns de seus aspectos, colhidos de experimentações
cotidianas ou observados em laboratório. Em cada ponto do espaço a direção de B é
dada pela direção da agulha na bússola e o sentido aponta para o norte da agulha. Como
afirmamos anteriormente, o campo magnético da Terra, assim como de qualquer outra
corpo magnetizado, entra pelo polo Sul magnético e sai pelo polo Norte magnético,
perfazendo um circuito fechado. Esse é um aspecto diferente do campo magnético em
relação ao campo elétrico, que sempre se origina em uma carga positiva e termina em
uma carga negativa. Esta diferença marcante entre esses dois campos vetoriais nos leva a
inferir que na natureza, em função dos campos magnéticos sempre perfazerem um circuito
fechado, não existem Monopolos Magnéticos.
A experimentação também nos leva a desvendar as principais características da
força magnética que atua sobre uma carga elétrica em movimento. O módulo da força
é diretamente proporcional à intensidade do campo magnético da região onde a carga
se movimenta, assim como ao valor da carga em movimento. Um comportamento
bem diferente da força magnética em relação a força elétrica reside no fato de que esta
depende da velocidade da carga em movimento e que também não atua na mesma direção
do campo magnético B . De fato, a força magnética F atua sempre em uma direção
simultaneamente perpendicular a B e a direção da velocidade v . Ou seja, ela atua em
uma direção sempre perpendicular ao plano formado pelos vetores v e B . Concluímos
então que a força magnética F que age sobre uma carga elétrica que se move com uma
certa velocidade v em uma dada região do espaço onde existe um campo magnético B
possui módulo, direção e sentido dados por
F = qv x B (1).
F = q vBsenφ (2),
sendo φ o ângulo entre os vetores v e B . A despeito da equação 2 nos fornecer o módulo
da força elétrica através do cálculo do produto vetorial, podemos escrever uma expressão
matemática para o módulo da força magnética F de um modo equivalente
interpretando
o produto Bsenφ como o componente de B perpendicular a v , ou seja, B⊥. Com essa
notação, o módulo da força fica dado por
F=|q|vB⊥ (3).
92
Analisando a equação 1 vemos que as unidades de B no SI são equivalentes a Campo Magnético
1N ⋅ s / C ⋅ m ou 1N / A ⋅ m . Essa unidade denomina-se tesla (T) em homenagem a Nicola
Tesla (1857-1943).
Quando uma partícula carregada se move em uma região do espaço onde existe
simultaneamente um campo magnético e um campo elétrico, ambos os campos exercem
forças sobre a partícula. A soma vetorial dessas forças resulta na força resultante,
denominada Força de Lorentz, representada na forma
F = q ( E + v x B) (4).
Exemplo 1:
O campo magnético da Terra, em um dado ponto situado sobre o polo Norte
geográfico, possui um módulo de 10,0 x 10-4 T e está dirigido para baixo e para o
norte, fazendo um ângulo de 80o com a horizontal (como o módulo e a direção do
campo magnético terrestre variam de lugar para lugar, os valores apresentados são
valores aproximados para um ponto a cerca de 42o de latitude norte). Um próton de
carga elementar e = 1,6 x 10-19 C está em movimento horizontal na direção norte, com
velocidade v = 107 m/s. Calcule a força magnética sobre o próton.
Figura 2 – Força magnética sobre um próton que se move para o norte sob a ação do campo magnético
terrestre em um ponto onde a inclinação do vetor campo magnético com relação a horizontal e a direção
norte é de 80o.
Solução:
Lembremos, primeiramente, que o polo Norte geográfico quase coincide com
o pólo Sul magnético. Por isso o campo magnético está dirigido para baixo, ou seja,
está entrando no pólo Norte geográfico terrestre. A figura 2 ilustra a situação descrita
no enunciado do Exemplo 1. A força magnética é perpendicular ao plano formado pelos
vetores v e B , e segundo a regra da mão direita está direcionada na direção leste-oeste,
no sentido oeste. Usando a equação 2, o módulo da força magnética é dado por
F = qvBsenφ = (1,6 x 10-19 C)(107 m/s)(10x10-4 T)(0,984) = 15,74 x 10 -15 N
Vamos resolver o exemplo utilizando os vetores unitários. Escolhendo a
direção x para leste e y para norte, a direção z será a vertical apara cima. Neste caso,
o vetor velocidade só tem componente vetorial na direção y, enquanto o vetor campo
magnético possui três componentes vetoriais, ou seja: Bx = 0, By = Bcos 80o = 1,73 x
10-4 T e Bz = -Bsen 80o = - 9,84 x 10-4 T. O vetor campo magnético fica dado por
B = 0 T iˆ + 1,73 x 10-4 T ĵ – 9,84 x 10-4 T k̂
Utilizando a equação 1, escrevemos a força magnética na forma
F = q v x B = (1,6 x 10-19 C) (10-7 m/s ĵ ) x (0 T i + 1,73 x 10-4 T ĵ – 9,84 x 10-4 T k̂ )
= -15,74 x 10-15 N iˆ
93
7.2 Linhas de Campo e Fluxo Magnético
FÍsiCa gEral iii
Qualquer campo magnético pode ser representado por linhas de campo magnético
que, de modo semelhante às linhas de campo elétrico, são desenhadas de tal forma que a
linha que passa em cada ponto do espaço seja tangente ao vetor campo magnético B . Vale
lembrar que como B só tem uma direção e um sentido em cada ponto, as linhas de campo
magnético não podem se interceptar ou se cruzar. Além disso, quanto mais agrupadas
estiverem essas linhas em uma dada região do espaço, maior será a intensidade do campo
magnético B nessa região específica. As linhas de campo magnético, diferentemente das
linhas de campo elétrico, que apontam na mesma direção da força elétrica, não guardam
uma relação simples e direta com a direção da força magnética que atua sobre uma
partícula carregada que se mova na região do campo magnético B . A equação 1 nos
revela que, a despeito da força magnética ser sempre ortogonal ao campo magnético B , a
direção desta força também depende da direção do vetor velocidade da carga elétrica que
se move na região do campo magnético B .
Podemos também definir o fluxo magnético fazendo uma análise comparativa
deste com o fluxo elétrico através de uma superfície gaussiana. Podemos dividir qualquer
superfície fechada em elementos de área d A , e também determinar a componente vetorial
de B perpendicular a esse elemento. Neste caso, o fluxo magnético que atravessa um
elemento d A fica definido na forma
d Φ B = B⊥ dA = B cos ϕ dA = B ⋅ d A (5).
O fluxo magnético total através de toda a superfície gaussiana será então a soma
das contribuições de todos os elementos de área individuais, ou seja
∫
Φ B = B ⋅ d A (fluxo magnético através da superfície) (6).
1 Wb = 1 T.m2 = 1 N.m/A.
94
superfície Campo Magnético
imã reto gaussiana
S N
N S
B
Figura 3 – (a) Linhas de campo magnético de um ímã permanente contido em uma superfície
gaussiana fechada. (b) Visualização experimental, empregando-se limalha de ferro, das linhas de
campo magnético criadas em torno de um ímã permanente. N – polo Norte e S – polo Sul.
Exemplo 2:
Um plano com área de 5,0 cm2 está posicionado em um campo magnético uniforme
horizontal que flui na direção de x positivo. O ângulo do vetor d A que define o
elemento de área plano faz um ângulo φ de 30o com o vetor campo magnético, como
ilustra a figura 4. Sabendo que a intensidade do campo magnético que atravessa o plano
é de 1,5 T, calcule o fluxo magnético através do plano.
Exemplo 3:
O magnetron dos fornos de microondas é um dispositivo eletrônico que emite ondas
eletromagnéticas em seu interior, com freqüências em torno de 2,45 GHz, que são
fortemente absorvidas por moléculas de água, causando o aquecimento dos alimentos.
Determine o módulo do campo magnético necessário para que elétrons de movam em
órbitas circulares com essa freqüência, e a velocidade angular dos elétrons nesta órbita.
Solução:
mv v
Usando a equação 8 podemos escrever B = . Como ω = , temos
|q|R R
mω m2π f (9,11x10−31 kg )(2π )(2, 45 x109 Hz )
B= = = = 8,8 x10−2 T
|q| |q| (1, 6 x10−19 C )
A velocidade angular dos elétrons pode ser encontrada através da equação ω = 2πf, ou
96
7.4 Força Magnética Sobre um Condutor Transportando Corrente
Campo Magnético
Vamos analisar o que acontece com um condutor elétrico, situado em uma região
do espaço onde existe um campo magnético B , e que transporta uma dada corrente elétrica
I. A figura 6 ilustra tal situação para um dado condutor de comprimento L e volume AL,
que contém um número de cargas igual a nAL, sendo n o número de cargas por unidade de
volume. Os pontos da figura representam o campo magnético, que emerge (sai da folha)
na direção perpendicular ao plano da folha. A força total sobre todas as cargas que se
movimentam nesse segmento possui módulo dado por
A densidade de corrente que flui no condutor e dada por J = nqv e ao produto JA nos
fornece a corrente total I que flui no condutor. Assim, a equação 9 pode ser reescrita na forma
F = ILB (10).
F = I Lx B (11).
Figura 6 – Força magnética que atua sobre um condutor transportando corrente elétrica.
Exemplo 4:
A barra de cobre ilustrada na figura 7 abaixo conduz uma corrente elétrica de 10,0 A,
da esquerda para a direita, em uma região espaço onde existe um campo magnético de
1,5 T, que faz um ângulo θ de 30o com a horizontal. Determine o módulo, direção e
sentido da força magnética que atua sobre uma seção de 1,0 m da barra.
Figura 7 – Barra de cobre transportando uma corrente elétrica em uma região do espaço onde existe um
campo magnético B que faz um ângulo de 30o com a horizontal.
97
Solução:
FÍsiCa gEral iii
Usando a equação 10 podemos encontrar o módulo da força na forma
F = iLBsenθ = (10,0 A)(1,0 m)(1,5 T)(0,5) = 7,5 N
Como se trata de um produto vetorial, sabemos que a direção da força é perpendicular
ao plano formado pelos vetores B e L .
Alternativamente, podemos utilizar o sistema de coordenadas Cartesiano desenhado na
figura e escrever estes vetores em termos de seus componentes vetoriais e dos vetores
unitários iˆ , ĵ e k̂ . Ou seja,
L = (1,00 m) iˆ e B = (1,5T)(cos30o) iˆ + (1,5T)(sen30o) ĵ
Logo
F = I Lx B = (10,0A){ [(1,0 m) iˆ ] x [(1,5T)(cos30o) iˆ + (1,5T)(sen30o) ĵ ]} = 7,5N k̂
Quando um condutor,
com o formato de uma espira fechada, é submetido à ação de
um campo magnético B , um torque externo age sobre essa espira. Vamos então encontrar
a força total e o torque total sobre um condutor em forma de espira (circuito fechado).
Como exemplo, estudaremos uma espira de corrente retangular disposta em uma região
do espaço onde existe um campo magnético uniforme, como ilustrado na figura 8. A figura
8(a) ilustra uma espira retangular de lados a e b e linha normal (paralela ao eixo x – figura
8(b)). O campo magnético uniforme está direcionado perpendicularmente à normal, o
plano da espira faz um ângulo φ com a normal e a espira conduz uma corrente elétrica I
no sentido anti-horário.
As forças que incidem sobre os lados de comprimento a da espira se anulam aos
pares. Os lados de comprimento b, por sua vez, formam um ângulo de 90o-φ com a direção
de B . O módulo das forças - F e F , cujas linhas de ação estão sobre o eixo Oy, são dados
por
µ = IA (14),
τ = µxB (15).
98
Campo Magnético
Figura 8 – (a) forças magnéticas atuando sobre uma espira que conduz uma corrente elétrica
disposta em um campo magnético. (b) o torque é máximo quando a normal a espira é perpendicular
ao vetor campo magnético B . (c) quando a normal a espira a paralela a B a torque é nulo.
U = − µ ⋅ B = − µB cos φ (16).
Exemplo 5:
Uma espira de corrente retangular, similar àquela ilustrada na figura 8(a), com a =
5,0 cm e b = 8,0 cm, conduz uma corrente elétrica I = 5,0 A no sentido anti-horário.
A espira está um em campo magnético uniforme de 2,0 T , orientado de um ângulo
φ = 30o com o vetor momento de dipolo da espira. Calcule o módulo do momento
magnético, o módulo do torque e a energia potencial da espira nesta configuração.
Solução:
A área da espira é
A = ab = (5,0 x 10-2 m)(8,0 x 10-2 m) = 4,0 x 10-3 m2.
O módulo do momento magnético da espira pode ser encontrado por substituição direta
dos dados do problema na equação 14, ou seja
µ = IA = (5,0 A)(4,0 x 10-3 m2) = 2,0 x 10-2 A.m2.
Para o módulo do torque, usando a equação 15, temos
τ = µBsenφ = (2,0 x 10-2 A.m2)(2,0 T)(0,5)=2,0 x 10-2N.m.
A energia potencial da espira, na configuração apresentada na figura 8(a), com o auxílio
da equação 16, vale
U = − µ ⋅ B = − µB cos φ = (2,0 x 10-2 A.m2)(2,0 T)(0,86)= - 3.46 J
99
FÍsiCa gEral iii Exercícios
2. Um elétron se desloca em linha reta a uma velocidade de 2,0 x 106 m/s. Quando o
elétron entra em uma região do espaço onde existe um campo magnético de 2,0 T,
direcionado perpendicularmente à direção de propagação do elétron, ele passa a descrever
uma trajetória circular em função da presença do campo. Determine o raio da trajetória
do elétron e sua velocidade angular. Para que o elétron descreva um a trajetória circular
com um raio de 15,0 cm, qual deve ser sua velocidade de translação ao entrar na região
do campo?
3. Um fio de cobre reto, horizontal e de densidade linear de 46,6 g/m é percorrido por uma
corrente elétrica de 25,0 A. Determine o módulo, a direção e o sentido da força magnética
necessária para fazer com que esse fio fique flutuando, parado, no espaço.
4. Uma espira circular de raio 5,0 cm é colocada em uma região do espaço onde existe um
campo magnético de 0,25 T. Sabendo que o campo magnético faz um ângulo de 60o com
o plano da espira, determine a fluxo magnético que atravessa essa espira.
5. Uma bobina circular, com 100 espiras por metro, conduz uma corrente elétrica de 2,0 A.
Um campo magnético uniforme de 1,5 T é aplicado fazendo um ângulo de 30o com plano
circular da espira. Determine o módulo do momento de dipolo magnético da bobina e o
módulo do torque atuando sobre a bobina.
6. Se a bobina descrita no exercício 5 girar de forma que o campo magnético fique paralelo
ao vetor momento magnético da bobina, qual a variação da energia potencial magnética?
7. Considere uma bobina circular de raio R, localizada no plano xy, conduzindo uma
corrente I. Usando a Lei de Biot e Savart determine o módulo do campo magnético em
um ponto P situado a uma distância x do plano da espira.
100
Campo Magnético
Anotações
101
FÍsiCa gEral iii
Anotações
102
8 Lei de Ampère
103
8 LEI DE AMPÈRE
FÍsiCa gEral iii
Introdução
Esta relação simples, porém fisicamente consistente, pode ser interpretada como
segue
“Uma carga elétrica em movimento ou uma corrente elétrica gera um campo magnético
em suas vizinhanças. O campo magnético gerado atua em uma outra carga elétrica em
movimento ou em uma corrente elétrica exercendo uma força de natureza magnética
sobre a mesma.”
Como calcular o campo elétrico que uma carga elétrica ou distribuição de cargas
elétricas cria no espaço circunjacente?
104
A questão central deste capítulo pode então ser enunciada como segue
lei de ampére
Como calcular o campo magnético que uma carga elétrica em movimento ou uma
distribuição de correntes cria no espaço circunjacente?
Figura 1 – Campo magnético (alguns vetores) produzido por uma carga elétrica positiva que se desloca
no sentido Ox. O campo magnético é sempre perpendicular ao plano formado pelos vetores v e r .
movimento, e da linha reta ( r )que une a carga ao ponto do campo magnético B , como
ilustra a figura 1. Ainda, o módulo de B é proporcional ao módulo do vetor velocidade
v da carga em movimento e ao seno do ângulo entre v e B . Podemos, então, escrever a
expressão para a determinação do módulo do campo magnético produzido por uma carga
em movimento em um dado ponto situado a uma distância r dessa carga na forma
µ 0 | q | vsenφ
B= (1).
4π r2
Na equação 1, µ0 = 4π x 10-7 T.m/A, é a permeabilidade magnética do vácuo.
Usando a definição de produto vetorial e de vetor unitário ( r = r / r ), podemos reescrever
a equação 1 como segue
µ qvxr
B= 0 2 (2).
4π r
Uma carga puntiforme em movimento também cria um campo elétrico em torno
de si, que no caso daquela ilustrada na figura 1, emerge radialmente para fora da carga
positiva, desenhando linhas de campo abertas que alcançam o infinito. Todavia, o campo
magnético gerado pela carga em movimento é completamente diferente, pois cria linhas
de campo fechadas, que neste caso, circundam a carga puntiforme em uma trajetória
circular, conforme indicado na figura 1.
105
Exemplo 1:
FÍsiCa gEral iii
Dois elétrons se movem paralelamente na direção horizontal e em sentidos opostos,
a uma velocidade de 2,0 x 105 m/s, como ilustra a figura 2. No instante de tempo em
que eles se cruzam na origem de um sistema de coordenadas cartesiano, a distância
vertical entre os dois é de 5,0 cm. Calcule o módulo do campo magnético gerado pelo
elétron da parte inferior sobre o elétron da parte superior no instante em que eles se
cruzam. Calcule também a força magnética que o elétron da parte superior experimenta
no instante do cruzamento.
Solução:
Vamos encontrar o módulo do campo magnético que atua no elétron da parte superior
utilizando a equação 1, mas recordando que, neste caso, |q|=1,6 x 10-19 C. Assim
T .m
µ | q | vsenϕ (4π x10 )(−1, 6 x10−19 C )(2, 0 x105 m / s) sen(90o )
−7
B= 0 = A
4π r2 4π (5, 0 x10−2 m) 2
B = 3, 2 x10−21T
Para encontrarmos o módulo da força magnética que o elétron da parte inferior faz
sobre o elétron da parte superior, vamos empregar a equação 2 do capítulo 7, ou seja
Da mesma forma, podemos proceder a uma análise mais completa utilizando a equação
1 do capítulo 7 e a notação relativa a vetores unitários na forma
106
8.2 Campo Magnético de um Elemento de Corrente Elétrica - Lei de Biot e Savart
lei de ampére
Um elemento de corrente, que serve como modelo para determinarmos a força
magnética entre condutores que transportam corrente elétrica, é apresentado na figura
3. Um ponto importante que devemos ressaltar é que o princípio da superposição de
campos magnéticos é válido no estudo de condutores transportando corrente. De fato, o
campo magnético total produzido por diversas cargas que se movem em um condutor é
a soma vetorial dos campos magnéticos
produzidos pelas cargas elétricas individuais em
movimento. Um segmento dl de um condutor, como o ilustrado na figura 3, possui um
volume V = Adl, sendo A a seção transversal do fio, no qual n portadores de carga, com
carga total dQ, se movem. Ou seja
dQ = nqAdl (2).
O módulo do elemento de campo magnético dB , para qualquer ponto P, é dado
então por
µ0 n | q | vd Adlsenϕ µ0 Idlsenϕ
dB = = (3),
4π r2 4π r2
sendo vd a velocidade de arraste dos portadores de carga no condutor e I = n|q|vdA a
corrente elétrica total que flui no segmento dl . A figura 3 nos revela que os elementosde
campo magnético
dB são sempre perpendiculares ao plano formado pelos vetores dl e
r . Ou seja, dB pode ser expresso sob a forma de um produto vetorial entre esses dois
vetores. Usando a notação de vetor unitário, podemos, então, reescrever a equação 3 como
segue
µ0 Idlxr
dB = (4).
4π r 2
As equações 3 e 4 são formas equivalentes da chamada lei Lei de Biot e Savart,
que nos permite calcular o campo magnético gerado por distribuições de corrente elétrica
de baixa simetria em um determinado ponto do espaço. Integrando a equação 4 chegamos
à expressão matemática que nos permite calcular
a contribuição para a geração do campo
magnético devida a todos os segmentos dl que conduzem corrente elétrica na forma
µ0 Idlxr
4π ∫ r 2
B= (5).
107
Exemplo 2:
FÍsiCa gEral iii Um fio de cobre que conduz uma corrente elétrica constante de 200,0 A para
um quadro
de alimentação de energia elétrica de uma indústria. Um segmento dl desse fio, tal
qual o apresentado na figura 2, possui 1,0 cm de comprimento. Determine o módulo do
campo magnético gerado em um ponto P situado a uma distância de 0,8 m perpendicular
a borda desse fio.
Solução:
Para encontramos o módulo do campo magnético gerado pelo elemento de corrente
elétrica de segmento dl , vamos utilizar a equação 3, ou seja
µ n | q | vd Adlsenϕ µ0 Idlsenϕ
dB = 0 =
4π r2 4π r2
T .m
(4π x10−7 )(200, 0 A)(1, 0 x10−2 m)( sen90o )
dB = A
4π (0,80m) 2
dB = 250, 0 x10−9 T
a
d
Fba b
ia L
ib Ba (Devido a ia)
Figura 4 – Força de atração entre fios paralelos transportando correntes elétricas que
fluem no mesmo sentido.
108
Se invertermos o sentido de nossa análise, ou seja, fazendo-a a partir da força
exercida pelo fio b sobre o fio a, perceberemos que a força em a aponta para a direita, ou lei de ampére
seja
Correntes elétricas paralelas produzem forças magnéticas atrativas entre si, enquanto
correntes elétricas anti-paralelas produzem forças repulsivas entre si.
Exemplo 3:
Dois fios retilíneos de cobre, separados por uma distância de 5,0 mm, estão dispostos
paralelamente um ao outro e transportam correntes elétricas de 25,0 A cada um, que
fluem em sentidos opostos. Qual o módulo da força por unidade de comprimento que é
exercida sobre cada um desses fios?
Solução:
Como as correntes fluem em sentidos opostos os dois fios se repelem mutuamente. De
acordo com a equação 7 podemos escrever
T .m
(4π x10−7 )(25, 0 A)(25, 0 A)
F µ0ibia A N
= = = 2,5 x10−6
L 2π d 2π (5, 0 x10−3 m) m
109
A lei Ampère deve ser aplicada em um percurso fechado arbitrário e a corrente
FÍsiCa gEral iii i é a corrente total englobada nesse percurso. Na figura 5 ilustramos uma situação na
qual três fios retilíneos dispostos perpendicularmente ao plano da página e que conduzem
correntes elétricas distintas. A linha em vermelho denota nossa curva de integração
fechada, chamada de amperiana. Para encontrarmos o campo magnético em P, devido às
duas correntes i1 e i2, já que i3 não é englobada pela amperiana, podemos fazer a integração
no sentido anti-horário, ou seja
∫ ⋅ ds = ∫ B cos θ ds
B (9).
Com vistas à corrente total englobada pela amperiana, temos
i = i1 - i2 (10).
Logo
∫ ⋅ ds = ∫ B cos θ ds = µ0 (i1 − i2 )
B (11).
É interessante notar que não podemos avaliar a integral da equação 11 a priori.
Contudo, a Lei de Ampère nos informa que seu resultado será µ0(i1 – i2). Ou seja, a Lei de
Ampère possui elegância e praticidade em sua essência.
Figura 5 – Três fios retilíneos (i1, i2 e i3) dispostos perpendicularmente ao plano da página,
transportando corrente elétrica. A amperiana engloba engloba duas correntes de sentidos opostos i1 e i2
Vamos utilizar a lei de Ampère em um problema prático, que é o de encontrar o
campo magnético gerado por um condutor retilíneo de comprimento infinito e de secção
reta circular (um fio de cobre, por exemplo) transportando corrente elétrica, em um ponto
P situado
a uma distância R do condutor, como ilustrado na figura 6(a). Como os vetores
dB e ds são paralelos ao longo da amperiana, e segundo a regra da mão
direita entram na
página no ponto P (conforme indicado na figura 6(b)), o módulo de B é sempre constante
ao longo deste percurso. Assim, podemos reescrever a lei da Ampère (equação 8) retirando
o módulo do campo do integrando, como segue
∫ ⋅ ds = B ∫ ds = µ0i
B (12).
(b)
Figura 6 – (a) Condutor retilíneo infinito transportando uma corrente elétrica i. (b) regra da mão
direita aplicada a um condutor
retilíneo infinito transportando corrente – o dedo indicador indica a
direção e sentido do vetor B .
110
Como ds = 2πR, o módulo do campo magnético no ponto P devido a corrente
elétrica i que flui no condutor retilíneo infinito é lei de ampére
µi
B= 0 (13).
2πR
Exemplo 4:
Um fio de cobre infinito, disposto verticalmente no espaço, transporta uma corrente
elétrica de 50,0 A no sentido de cima para baixo. Determine o módulo, direção e sentido
do campo magnético em um ponto P distante 10,0 cm da borda direita do fio de cobre
(ver figura 6 e 7).
Solução:
Vamos utilizar como amperiana o percurso circular ilustrado na figura 6(a). Aplicando
a lei de Ampère chegamos ao resultado descrito através da equação 13 para o cálculo
do módulo campo magnético. Ou seja
−7 T .m
µ0i (4π x10 A )(50, 0 A)
B= = = 1, 0 x10−4 T
2π R 2π (10 x10−2 m)
Para encontrarmos a direção e o sentido de B , vamos aplicar a regra da mão direita como
ilustrado na figura 6(b), mas lembrando que neste caso o sentido da corrente é o oposto, ou
seja, de cima para baixo. A figura 7 ilustra a situação descrita neste exemplo. Como podemos
perceber, o campo magnético em P está direcionado perpendicularmente ao plano da página,
emergindo da mesma.
B B
i
Exemplo 5:
O solenóide é um dispositivo eletromagnético muito utilizado em circuitos eletro-
eletrônicos, que consiste em um fio enrolado formando uma bobina helicoidal comprida,
que em geral possui seção reta circular. Solenóides podem ser construídos com milhares
de espiras enroladas em forma compacta, com cada uma delas sendo considerada como
uma espira circular. Pode ainda existir diversas camadas de enrolamento.
Em nosso exemplo, vamos considerar a seção reta de um solenóide ideal (de
comprimento infinito para que os efeitos de borda possam ser desprezados), como a
ilustrada na figura 8. Todas as espiras
do solenóide conduzem a mesma corrente elétrica
i e o campo magnético total B em cada ponto é a soma vetorial da contribuição de cada
espira para a formação do campo. No interior do solenóide as linhas de campo magnético
são praticamente paralelas, fazendo com que o campo magnético seja praticamente
uniforme, enquanto que nas as regiões fora do solenóide as linhas de campo são mais
espaçadas, fazendo com que o mesmo seja muito fraco. Vamos aplicar a lei de Ampère
para determinar o módulo do campo magnético no interior deste solenóide ideal.
111
Solução:
FÍsiCa gEral iii
Para determinarmos o módulo do campo magnético no interior do solenóide vamos
primeiramente definir a densidade linear de enrolamentos (ou espiras), n, ou seja, o
número N de enrolamentos por unidade de comprimento. Assim
N
n=
L
Escolhemos como amperiana o retângulo abcd ilustrado na figura 7. O percurso de
integração segue o sentido horário. Vamos considerar que o lado bc do retângulo seja
tão grande de modo que o campo magnético sobre o segmento cd seja praticamente
nulo. Além disso, B e ds são perpendiculares nos lados bc e ad, fazendo com que a integral
relativa a equação 8 seja nula nestes percursos. Por sua vez, por simetria, o campo magnético
ao longo percurso ab é constante e paralelo a este lado da amperiana. Assim
b
∫
a
B ⋅ ds = B
L
S b a N
B
c amperiana d
Figura 8 - Representação esquemática de um solenóide.
112
Exercícios lei de ampére
2. Um fio reto infinito conduz uma corrente elétrica de 0,5 A. Determine o campo magnético
em um ponto P situado a 5,0 cm do eixo do fio.
3. Dois fios retilíneos de 10,0 m cada um, separados por uma distância de 8,0 mm, estão
dispostos paralelamente um ao outro e transportam correntes elétricas de 15,0 A cada
um, que fluem no mesmo sentido. Qual o módulo da força que é exercida sobre cada um
desses fios?
4. Um fio de cobre infinito, de raio 5,0 mm, transporta uma corrente elétrica de 60,0 A.
Qual o módulo do campo magnético em sua superfície do fio e em um ponto P situado a
R = 1,0 mm?
7. Um solenóide de 2,0 m de comprimento, com 100 espiras por metro e diâmetro interno
de 10,0 cm conduz uma corrente elétrica de 25,0 A. Qual o módulo do campo magnético
no centro desse solenóide?
113
FÍsiCa gEral iii
Anotações
114
lei de ampére
Anotações
115
FÍsiCa gEral iii
Anotações
116
9 Lei de Indução,
de Faraday
117
9 LEI DE INDUÇÃO, DE FARADAY
FÍsiCa gEral iii
Introdução
V
S
0
N
l
V S
0
N
l
0
S S
v v
N N
B B
l l
(a) (b)
Figura 2 – (a) imã permanente se aproximando da seção transversal da bobina ilustrada na figura 1.
(b) imã permanente se aproximando da seção transversal da bobina ilustrada na figura 1.
120
9.2 Lei de Faraday
lei de indução,
de Faraday
Considerando as muitas experiências que levam à observação do fenômeno da
indução eletromagnética, podemos identificar duas situações distintas em que uma corrente
é induzida em uma espira condutora devido ao aparecimento de uma força eletromotriz
induzida. Ou seja
2a. ⇒ quando colocamos, próximo a essa espira, uma outra espira condutora que é
percorrida por uma corrente elétrica variável no tempo.
“A força eletromotriz induzida num circuito é igual (exceto por uma mudança de sinal)
à taxa pela qual o fluxo magnético através do circuito está mudando no tempo.”
Assim
ε = − ddtΦ B
(2).
Exemplo 1:
Uma bobina com 100 espiras de fio condutor, esta enrolada sobre uma armação cilíndrica
de 10,0 cm de raio. Cada volta tem a mesma área, igual a da base do cilindro, e a
resistência total da bobina é 3,0 Ω. O campo magnético, no qual a bobina está inserida,
é perpendicular ao plano da bobina e uniforme em todo o espaço. Se a magnitude do
campo magnético mudar a uma taxa constante de 0,0 T a 0,5 T em um período de 0,5
s, qual será a magnitude da força eletromotriz induzida na bobina enquanto o campo
estiver variando? Qual a magnitude da corrente elétrica induzida na bobina quando o
campo estiver variando?
121
Solução:
FÍsiCa gEral iii
Como o campo magnético é uniforme através da área da bobina e também é perpendicular
as espiras do enrolamento, o fluxo magnético através da bobina em qualquer instante
de tempo será sempre o produto da área da bobina e do módulo do campo magnético
que a atravessa. Para encontrar a magnitude da força eletromotriz induzida na bobina
podemos então utilizar a equação 3 na forma
| ε |= N d Φ B
= NA
dB
dt dt
Como o campo magnético varia a uma taxa constante, a derivada do campo é igual a
razão entre a variação no campo e o intervalo de tempo durante o qual a variação ocorre.
Ou seja
| ε |= N d Φ B
= NA
∆B
= (100)[π (0,10m) 2 ]
(0,5T − 0, 0T )
= 9,86V
dt ∆t 0,5s
Exemplo 2:
Uma pequena bobina, com 10 espiras quadradas e 10,0 cm de lado e resistência elétrica
total de 2,0 Ω, é colocada em uma região do espaço onde existe um campo magnético
uniforme, que possui magnitude de 1,5 T e incide perpendicularmente ao plano da
bobina. A bobina está ligada a um galvanômetro, que mede a corrente total que passa
por ele. Encontre a magnitude da força eletromotriz e a magnitude da corrente elétrica
induzidas no circuito (bobina + galvanômetro) se a bobina girar 180o em torno de seu
diâmetro.
Solução:
O fluxo através de cada espira da bobina, quando esta é colocada em um campo magnético
uniforme e perpendicular a sua área, é o produto da área da espira pela magnitude do
campo magnético que a atravessa. Ou seja
Φ B = AB
Quando a bobina gira 180o o fluxo através dela se inverte, de modo que a variação total
do fluxo tem o módulo 2NBA. Enquanto o fluxo está variando, há uma força eletromotriz
e uma corrente elétrica induzidas na bobina. A magnitude da força eletromotriz induzida
na bobina é
| ε |= N d Φ B
= 2 NAB = 2(10)(0,1m) 2 (1,5T ) = 0,3V
dt
Enquanto a magnitude da corrente elétrica induzida na bobina vale
| i |=
ε =
0,3V
= 0,15 A
R 2, 0Ω
122
9.3 Lei de Lenz
lei de indução,
de Faraday
Qual o sentido da força eletromotriz para que o efeito observado, ou seja, para que
a indução eletromagnética seja compatível com o princípio da conservação de energia?
Para responder essa questão, vamos formular a Lei de Lenz, que é uma lei
empírica que decorre do princípio da conservação de energia no fenômeno da indução
eletromagnética como segue
“Uma corrente induzida surgirá numa espira condutora fechada com um sentido tal que
ela se oporá à variação que a produziu.”
ΔB B
B
Induzido V
Aproxima
ΔB
B
B V
Induzido Afasta
A questão que ainda não foi respondida é por que, a luz do princípio da conservação
da energia, a força eletromotriz e a corrente induzidas na bobina surgem nos sentidos
propostos no experimento ilustrado na figura 3?
De fato, analisando detalhadamente o experimento percebemos que, para que o
ímã realize seu movimento de vai e vem, variando assim o fluxo magnético na bobina,
é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre o ímã, ou seja, que esse
agente externo transfira energia mecânica para o mesmo. Por sua vez, para que o princípio
da conservação de energia seja respeitado, a força eletromotriz e a corrente induzidas na
bobina surgem de forma a se opor a causa que as fez surgir. De qualquer forma, a corrente
elétrica induzida na bobina dissipa energia térmica (todo condutor possui resistência
elétrica!) através do efeito Joule. Ou seja, no compito global a energia do sistema como
um todo é conservada.
123
9.4 Força Eletromotriz Produzida pelo Movimento
FÍsiCa gEral iii
A força eletromotriz produzida em uma espira que se movimenta em um campo
magnético, que é a base do funcionamento dos geradores elétricos, pode ser estudada
considerando um exemplo simples, que é o de uma bobina retangular que é introduzida
em uma região do espaço onde existe um campo magnético uniforme com uma velocidade
constante, v . Esse experimento está ilustrado na figura 4. Na figura, o campo magnético B
é uniforme e está dirigido para fora da página e deslocamos a espira condutora para a direita
com uma velocidade constante,
v . Uma carga q, no interior da espira, sofre a ação de uma
força magnética F = qv xB , cujo módulo é F = |q|vB, a direção é vertical e o sentido de
cima para baixo, como ilustrado na figura. A força magnética promove o movimento das
cargas na espira, fazendo com que haja um acúmulo de cargas positivas na parte superior
da espira e de cargas negativas na parte inferior da mesma. As cargas vão se acumulando
continuamente nas extremidades da espira até que o módulo da força elétrica, qE, se iguale
ao módulo da força magnética, |q|vB. Na condição de equilíbrio, qe = |q|vB.
A diferença de potencial de potencial entre os pontos a e b é igual ao módulo do
campo elétrico E entre esses pontos, multiplicado pela distância L. Ou seja:
Vab = EL = vBL (4).
Essa diferença de potencial, criada em função do movimento da espira na região
do campo, faz surgir uma corrente através da espira, que é um circuito fechado. Ou
seja, há a indução de uma corrente elétrica na espira condutora, relacionada a uma força
eletromotriz dada na forma
ε = vBL (5).
Podemos generalizar o conceito de força eletromotriz associado a condutor que
se move em um campo magnético uniforme ou não e que possua qualquer forma. Para um
elemento ds do condutor, a contribuição dε da força eletromotriz será dada pelo módulo
de ds multiplicado pelo componente de v x B paralelo a ds , ou seja
ε ( )
d = v xB ⋅ ds (6).
Para qualquer espira fechada, teremos
ε = ∫ (vxB )⋅ ds (7).
B
v
L v
Motora B
v
F = qvB
W Para baixo
Figura 4 – Uma bobina condutora deslizando com uma velocidade constante sob a ação de um
campo magnético uniforme que sai da página.
124
Exemplo 3:
lei de indução,
Considere o comprimento L da figura 4 como 10,0 cm e a velocidade igual a 50,0 cm/s. de Faraday
Se a magnitude do campo magnético na região da espira vale 0,8 T e se a resistência
total da espira for 0,2 Ω, calcule a força eletromotriz e a corrente elétrica induzidas na
espira. Qual o valor da corrente elétrica que flui na espira?
Solução:
De acordo coma equação 5 a força eletromotriz induzida na espira é dada por
ε = vBL = (0,5m / s )(0,8T )(0,1m) = 0, 04V
Podemos considerar que o material que compõe a espira é ôhmico, o que nos possibilita
encontrar a magnitude da corrente elétrica induzida na espira, que é dada na forma
ε 0, 04V
i= = = 0, 20 A
R 0, 2Ω
Exemplo 4:
Uma barra condutora de comprimento 0,1 m gira com uma velocidade angular de
20,0 rad/s ao redor do eixo que passa por uma de suas extremidades em um campo
magnético uniforme. O campo magnético possui magnitude de 2,5 T e está orientado
perpendicularmente ao plano de rotação da barra, como ilustrado na figura 5. Encontre
a força elétrica induzida entre as extremidades da barra.
Solução:
Vamos considerar um segmento de barra de comprimento dr, cuja velocidade é v . Podemos
utilizar a equação 5 para encontrar a força eletromotriz induzida no elemento dr como segue
d ε = vBdr
Cada segmento dr está se deslocando perpendicularmente a B . A somatória das forças
eletromotrizes induzidas em cada segmento, que estão ligados em série, fornece a força
eletromotriz total entre as extremidades da barra. Ou seja
ε = ∫ Bvdr
Como a velocidade linear de cada segmento dr está relacionada a velocidade angular
da barra na forma
v = ωr
e B e ω são constantes, temos
L L
ε = B ∫ vdr = Bω ∫ rdr = 12 Bω L2
=
1
2
(2,5T )(20rad .s −1 )(0, 2m) 2 = 1, 0V
0 0
Figura 5 – Uma barra condutora girando em torno de um eixo fixo em um campo magnético
uniforme que é perpendicular ao plano de rotação e entra na página. Uma força eletromotriz é
induzida nas extremidades da barra.
125
9.5 Campos Elétricos Induzidos
FÍsiCa gEral iii
Quando um condutor de movimenta em um campo magnético aparece no mesmo
uma força eletromotriz induzida, que tem sua origem nas forças magnéticas que atuam
sobre o condutor. Todavia, quando um condutor é colocado em repouso em uma dada
região do espaço onde existe um campo magnético variável, uma força eletromotriz atua
sobre esse condutor. Ou seja, qual a força que atua sobre as cargas desse condutor nesta
situação?
Vamos analisar a situação apresentada na figura 6(a), que ilustra um condutor
metálico circular, uma espira condutora, colocado em repouso em um campo magnético
dB
variável. À medida que a intensidade do campo aumenta com o tempo ( positivo),
dt
o fluxo magnético que atravessa a espira circular também aumenta, fazendo surgir uma
força eletromotriz induzida na mesma. O sentido da força eletromotriz, segundo a Lei de
Lenz, é o mesmo do vetor campo elétrico ilustrado na figura 6(a). Essa força eletromotriz
faz surgir uma corrente elétrica no condutor, e em última análise, um campo elétrico E em
cada ponto da espira. Esse campo elétrico induzido é tão real quanto, por exemplo, aquele
gerado por cargas elétricas estáticas. Qualquer carga de teste colocada em um ponto do
condutor
onde este campo elétrico está presente estará sujeita a ação de uma força elétrica
qFE .
A figura 6(b) ilustra uma situação na qual o condutor metálico é retirado da região
do campo magnético variável, sendo substituído por uma trajetória circular imaginária de
raio r. Como antes, vamos supor que a magnitude do campo magnético esteja aumentando
dB
a uma taxa positiva . Desta forma, a trajetória circular imaginária engloba um fluxo
dt
magnético Φ B que também varia com o tempo. Como o fluxo muda com o tempo, uma
força eletromotriz induzida surgirá em volta desta trajetória imaginária, dando origem
também aos campos elétricos induzidos mostrados na figura 6(b).
Estas análises, relativas aos efeitos de indução eletromagnética observados em
condutores situados em campos magnéticos variáveis, dão origem a um importante
resultado, que pode ser enunciado na forma
“Um campo magnético variável no tempo produz um campo elétrico”
Vamos supor que uma carga teste q0 se movimente em volta da trajetória imaginária
da figura 6(b). O trabalho realizado pelo campo elétrico para movimentar a carga nesta
trajetória é dado por
W = (q0 E )(2π r ) (8).
Em termos da definição de força eletromotriz, o trabalho efetuado pelo campo
elétrico sobre a carga também é dado por
W = q0ε (9).
Combinando as equações 8 e 9, temos
ε = E .2πr (10).
Em um caso mais geral, podemos escrever
ε ∫
= E ⋅ ds (11).
126
A equação 12 nos revela que um campo magnético variável produz um campo
elétrico. Ela os indica também que a Lei de Faraday pode ser aplicada a qualquer trajetória lei de indução,
fechada traçada em um campo magnético. de Faraday
E E
(a) (b)
Figura 6 – Campo elétrico induzido por um campo magnético variável. (a) o campo elétrico surge
em todos os pontos do condutor. (b) o campo elétrico induzido surge em todos os pontos do espaço
sobre a trajetória tracejada mesmo sem a presença do condutor.
127
Exemplo 5:
FÍsiCa gEral iii
A figura 7 ilustra uma situação similar a figura 6(b). Suponha que R = 20,0 cm e que
dB
= 0, 2T / s . Qual o módulo do campo elétrico para r = 10 cm e para r = 30 cm?
dt
Solução:
Vamos utilizar a equação 12, que é a forma mais completa da lei de Faraday, para
encontrar o módulo do campo elétrico induzido nas duas situações propostas. Ou seja
dΦ
∫ ⋅ ds = − dt B
E
dB
( E )(2π r ) = −π r 2
dt
r dB
E=
2 dt
Para r = 10,0 cm, o módulo do campo elétrico fica
(0,1m)
E= (0, 2T / s ) = 0, 01V / m
2
Para r = 30,0 cm, r > R, e o fluxo total que passa através do condutor circular é dado por
Φ B = (πR 2 ) B
Logo
dB
( E )(2π r ) = −π R 2
dt
R 2 dB
E=−
2r dt
Assim, o campo elétrico induzido a r = 30,0 cm fica
R 2 dB (0, 2m) 2
E= = (0, 2Ts −1 ) = 0, 044V / m
2r dt 2(0,3m)
E E
B
E E
Figura 7 – Campo elétrico induzido por um campo magnético variável em uma dada região do espaço.
Exemplo 6:
Considere um longo solenóide ideal, que possui uma seção reta circular com raio de
5,0 cm e 200 espiras por metro, no qual a corrente elétrica em seu enrolamento cresce a
uma taxa de 10,0 A/s. Se uma espira condutora circular de 10,0 cm de raio que circunda
o solenóide como ilustrado na figura 8, qual o módulo da força eletromotriz e do campo
elétrico induzidos na espira?
128
Solução: lei de indução,
Para encontrar o módulo da força eletromotriz induzida na espira exterior, podemos de Faraday
utilizar a equação 3, ou seja
ε = − N ddtΦ B
Como o campo magnético gerado por um solenóide é dado por µ0Ni, temos
ε = −µ NA dtdi =
0
ε = −(4π x10 Wb / A.m)(200 espiras por metro)π (0, 05m) (10, 0 A / s) = −19,8 x10
−7 2 −6
V
Como o fluxo magnético aponta para a direita, de acordo com a regra da mão direita,
vemos que a força eletromotriz e corrente elétrica induzida na espira possuem sentido
horário. Este resultado, por sua vez, também é consistente com a lei de Lenz.
Usando a equação 12 podemos determinar o módulo do campo elétrico induzido
utilizando o valor absoluto da força eletromotriz, como segue
dΦ
∫ E ⋅ ds = − dt B
E (2π r ) = | ε |
| ε | (19,8 x10−6 V )
E= = = 31, 4 x10−5V / m
2π r 2π (0,10m)
Figura 8 – Campo elétrico induzido em uma espira condutora circundando um solenóide que
conduz uma corrente elétrica i variável.
129
FÍsiCa gEral iii Exercícios
2. Uma bobina circular de raio de 5,0 cm e com 200 espiras é colocada em uma região
do espaço onde existe um campo magnético uniforme, que faz um ângulo de 45o com
o plano da bobina. Se a intensidade do campo aumenta a uma taxa de 0,25 T/s, qual o
módulo e o sentido da força eletromotriz induzida na bobina?
3. Considere uma bobina retangular, tal qual a ilustrada na figura 4, com 90 espiras
compactamente enroladas feitas com fios de cobre. Se L = 15,0 cm, B = 1,5 T e R = 8,0 Ω
e v = 30 cm/s, qual a força eletromotriz e a corrente elétrica induzidas na bobina?
4. Uma bobina circular de raio de 10,0 cm e com 100 espiras, disposta em uma região do
espaço onde existe um campo magnético uniforme desconhecido, gira em torno de um
eixo perpendicular ao campo a uma freqüência de 60,0 Hz. Qual a magnitude do campo
magnético se a força eletromotriz máxima induzida na espira for 5,0 V?
5. Uma espira retangular, de área A = L.M, com L > M, gira com velocidade angular ω em
torno de um eixo fixo paralelo a L centrado em M/2, em um campo magnético uniforme
e constante B . No instante t = 0,0 s, o ângulo φ entre B e dA é zero. Determine a força
eletromotriz induzida nessa espira.
7. Considere um longo solenóide ideal, que possui uma seção reta circular com raio de
8,0 cm e 300 espiras por metro, no qual a corrente elétrica em seu enrolamento cresce
a uma taxa de 5,0 A/s. Uma espira condutora circular de 3,0 cm de raio é colocada
concentricamente no interior do solenóide. Determine o módulo da força eletromotriz e
do campo elétrico induzidos na espira enquanto a corrente elétrica em seus enrolamentos
está sendo alterada?
130
lei de indução,
de Faraday
Anotações
131
FÍsiCa gEral iii
Anotações
132
10 Indutância
133
10 INDUTÂNCIA
FÍsiCa gEral iii
Introdução
134
indutância
Figura 1 – (a) Modelo de indutor – um solenóide ideal. (b) alguns solenóides comerciais empregados
em circuitos elétricos.
L
= µ0 n 2 A (4).
l
Quando o comprimento do solenóide for muito maior que seu raio, a equação
3 fornece uma boa aproximação para sua indutância. Neste caso, os efeitos de borda,
relacionados ao espalhamento das linhas de campo magnético próximo às extremidades
do solenóide podem ser desprezados.
Exemplo 1:
Um solenóide ideal, com 500 espiras por metro e seção transversal de 4,0 cm2, é
percorrido por uma corrente elétrica de 2,0 A. Determine a indutância de um pequeno
segmento de 5,0 cm desse solenóide e sua indutância por unidade de comprimento.
Solução:
Vamos utilizar as equações 3 e 4 para encontrar a indutância e a indutância por unidade
de comprimento do solenóide ideal. Ou seja
L = µ0 n 2lA = (4π x10−7 Wb / A.m)(500) 2 (0, 05 x10−2 m)(4, 0 x10−4 m 2 ) = 6, 28 x10−6 H
e
L
= µ0 n 2 A = (4π x10−7 Wb / A.m)(500) 2 (4, 0 x10−4 m 2 ) = 1, 256 x10−4 H / m
l
135
10.2 Auto-Indução
FÍsiCa gEral iii
Quando dois indutores são colocados um próximo ao outro e uma corrente elétrica
flui por um deles, a corrente elétrica i que flui em um dos indutores produz um fluxo
magnético no outro. No capítulo 9 vimos que se alteramos a corrente elétrica no primeiro
indutor, alterando consequentemente o fluxo magnético no segundo indutor, uma força
eletromotriz induzida aparecerá nesse indutor, de acordo com a lei de Faraday. Contudo,
ao alterarmos a corrente no primeiro indutor, uma força eletromotriz também aparecerá
em seus enrolamentos, já que o fluxo magnético que o atravessa, que é criado por ele
mesmo, também varia no tempo. Ou seja
“Uma força eletromotriz induzida também aparece em um indutor quando variamos a
corrente elétrica que flui através de seus enrolamentos”
Este efeito é chamado de auto-indução e a força eletromotriz produzida pela auto-
indução é chamada de força eletromotriz auto-induzida. Podemos encontrar a força eletromotriz
auto-induzida combinando a equação 1 e a expressão para a lei de Faraday, como segue
d (NΦB ) d ( Li ) di
ε =− =− =− L (força eletromotriz auto-induzida) (5).
dt dt dt
Analisando a equação 5 percebemos que a força eletromotriz auto-induzida só
aparece quando a corrente elétrica está variando, e que ela sempre atua no sentido oposto
ao da variação da corrente no indutor, obedecendo a lei de Lenz. A figura 2 ilustra esta
situação. Quando a corrente no indutor aumenta a força eletromotriz auto-induzida surge
num sentido qual que ela se opõe a este crescimento. Quando a corrente no condutor
diminui, o oposto é observado.
i (aumentando)
i (diminuindo)
Figura 2 – Indutores percorridos por correntes elétricas variáveis. (a) Quando a corrente no
indutor aumenta a força eletromotriz auto-induzida surge num sentido qual que ela se opõe a este
crescimento. (b) Quando a corrente no condutor diminui, o oposto é observado.
Exemplo 2:
Determine o módulo e o sentido da força eletromotriz auto-induzida no solenóide do
Exemplo 1 quando a corrente elétrica em seus enrolamentos cresce uniformemente de
zero até 5,0 A em 2,0 ms.
Solução:
A taxa de variação da corrente no solenóide é
di ∆i (5, 0 A − 0, 0 A)
= = −3
= 2,5 x103 A / s
dt ∆t (2 x10 s − 0, 0 s)
De acordo com a equação 5, a força eletromotriz auto-induzida é
di
ε =− L = −(6, 28 x10−6 H )(2,5 x103 A / s ) = −15, 7V
dt
Como a corrente elétrica no solenóide está aumentando com o tempo, o sentido da
força eletromotriz, indicado pelo sinal negativo, é o oposto ao sentido da corrente. Esta
situação está ilustrada na Figura 2(a).
136
10.3 Energia do Campo Magnético
indutância
Em um experimento simples, quando, por exemplo, separamos duas cargas
elétricas de sinais opostos a uma certa distância d uma da outra, costumamos dizer que a
energia potencial elétrica resultante, que está associada á configuração do sistema físico
estudado, fica armazenada no campo elétrico das cargas. Esta energia pode ser recuperada
a qualquer tempo simplesmente deixando essas cargas voltarem a suas posições iniciais,
aproximando-se uma da outra.
De outra forma, podemos pensar que para fazer uma corrente elétrica circular
em um indutor, ou em um circuito simples como o ilustrado na figura 3, que contém
uma fonte de força eletromotriz e um indutor de indutância L, é necessário fornecer
uma certa quantidade de energia ao indutor. Ou seja, o indutor que conduz uma corrente
elétrica possui uma certa quantidade de energia nele armazenada. Na figura 3, tanto o
indutor quanto a fonte possuem resistência interna nula. A diferença de potencial entre
os terminais a e b é Vab. Assim, potência instantânea dissipada no circuito, que é a taxa de
transferência de energia para o indutor, será P = Vabi. Para encontrarmos a energia total U
acumulada no indutor, vamos supor que a corrente no indutor aumente de modo que di/dt
> 0. Neste instante, a voltagem entre os terminais do indutor será
di
Vab = L (6).
dt
A taxa com a qual a energia é fornecida ao indutor, ou seja, a potência instantânea
P fornecida pela fonte externa ao indutor, é dada por
di
P = Vabi = Li (7).
dt
Como P = dU/dt, temos
dU = Lidi (8).
Assim, a energia total U fornecida ao indutor pela fonte, quando a corrente elétrica
está aumentando de zero até um valor final I é
i
1 2
U = L ∫ idi = Li (9).
0
2
i (aumentando)
a b
FEM
Figura 3 – Um circuito elétrico contendo uma fonte de força eletromotriz (FEM) e um indutor.
Quando a corrente aumenta surge uma força eletromotriz auto-induzida no indutor.
Solução:
Para encontrarmos a energia magnética armazenada na bobina vamos utilizar a equação
9. Ou seja
2
1 1 12, 0V
U = Li 2 = (100, 0 x10−3 H ) = 28,8 J
2 2 0,5Ω
A densidade de energia magnética cumulada na bobina pode ser encontrada se
calcularmos o campo magnético gerado por essa bobina quando ele é percorrida pela
corrente elétrica. Assim,
12, 0V
B = µ0 ni = (4π x10−7 Wb / A.m)(100) −2
= 3, 0 x10 T
0,5Ω
Usando a equação 12, temos
B2 (3 x10−2 T ) 2
u= = = 1, 2 MJ / m3
2 µ0 2(4π x10−7 Wb / A.m)
10.4 O Circuito RL
138
indutância
S1
S2
a b c
R L
i
Figura 4 – Circuito RL. Fechando a chave S1 podemos conectar o circuito RL a uma fonte de força
eletromotriz com fem igual a ε V. Abrindo a chave S1 e fechando a chave S2, desconectamos a
combinação da fonte.
139
A constante de tempo indutiva é o tempo necessário para que a corrente no circuito
FÍsiCa gEral iii alcance o valor (1-1/e), que é 63% de seu valor final de equilíbrio.
Vamos supor agora que a chave S1 tenha permanecido fechada até a corrente elétrica
no circuito atingir seu valor final de equilíbrio I. Recomeçando nosso experimento, vamos
considerar o tempo t = 0 s quando abrirmos a chave S1 e fecharmos simultaneamente a
chave S2. Assim estaremos eliminando a fonte de força eletromotriz do circuito. Contudo,
em função do fenômeno da auto-indução, mais uma vez a corrente no circuito RL (sem
a fem) não pode variar bruscamente. Ou seja, a corrente elétrica em L e em R diminui
lentamente até se anular completamente. Se aplicarmos a Lei das Malhas de Kirchhoff ao
circuito RL sem a fonte de força eletromotriz no sentido anti-horário, e se repetirmos as
etapas anteriores (realizadas quando S1 estava fechada), chegaremos a seguinte expressão
para a corrente elétrica que flui no circuito RL sem fonte de força eletromotriz na forma
i = I 0 e −( R / L )t = I 0 e −t / τ L (22).
I0
t e t
O L O L
t= t=
R R
(a) (b)
Figura 5 – (a) Gráfico de i em função do tempo para o aumento da corrente elétrica no circuito RL
ligado a uma fem (figura 4, chave S2 ligada e chave S1 desligada). (b) Gráfico de i em função do
tempo para a diminuição da corrente elétrica no circuito RL desconectado da fem (figura 4, chave
S1 ligada e chave S2 desligada).
Exemplo 5:
No circuito RL da figura 4, R = 5,0 Ω , L = 100,0 mH e ε = 6,0 V. (a) Qual a constante
de tempo do circuito? (b) Qual a corrente elétrica no circuito em t = τL s e em t = 2,5τL s?
Solução:
(a) A constante de tempo é dada pela equação 21. Logo
L 100 x 10−3 H
τ== = 20, 0 ms
R 5, 0 Ω
(b) A corrente no circuito é dada por
ε
i = ( 1 − e −t / τ L )
R
Pata t = τL s
6, 0 V −τ /τ
i= (1 − e L ) = 0, 76 A
5, 0 Ω
E para t = 2,5τL s
6, 0 V
i= (1 − e −2,5 ) = 0,92 A
5, 0 Ω
140
Exemplo 6:
indutância
Uma bobina circular de indutância de L e resistência de R é ligada a uma bateria de
ε Volts, de resistência interna desprezível. Depois de quantas constantes de tempo
terá sido armazenada no campo magnético metade da energia correspondente àquela
quando a corrente no circuito atinge seu valor de equilíbrio?
Solução:
No equilíbrio, a energia armazenada no campo magnético é dada por
1 2 ε
i , com i( equilíbrio ) = . Perguntamos então:
U B( equilíbrio ) =
L
2 R
Para que tempo vale a relação UB = 0,5UB(equilíbrio)?
Vamos substituir os valores de UB na relação proposta, ou seja
1 2 11 2
L
i = L i ( equilíbrio )
2 22
Logo
1ε
i=
2R
Como i =
ε
R
(1 − e −t / τ L
), temos:
ε
R
(1 − e −t / τ L
) = 12 εR
1
e −t / τ L =
2
t
= − ln( 1 / 2 )
τL
Assim
t = 0,69τL
141
FÍsiCa gEral iii Exercícios
2. Qual seria a indutância necessária para armazenar 10,0 kWh de energia em uma bobina
conduzindo uma corrente de 500,0 A?
3. Uma bobina circular possui uma indutância de 60,0 mH e uma resistência desprezível.
Se ligarmos essa bobina a uma bateria de 12,0 V, também de resistência interna desprezível,
qual será o valor da energia armazenada no campo magnético depois que a corrente na
bobina atingir seu valor de equilíbrio?
4. Uma bobina circular possui uma indutância de 20,0 mH e uma resistência de 2,0 Ω.
Se ligarmos essa bobina a uma bateria de 1,5 V, de resistência interna desprezível, quanto
tempo levará para a corrente no circuito alcançar um terço de seu valor final de equilíbrio?
142
indutância
Anotações
143
FÍsiCa gEral iii
11 Referências
TIPLER, Paul A.; MOSCA, Gene. Física. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC Livros técnicos,
1999. v. 2.
144
145