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Ca rla Reis
Vit or P iment el
Joã o P au lo P ieroni
T hiago M it id ieri **
1. Introdução
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Esta seção baseia-se em Reis, Barbosa e Pimentel (2016).
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O Brasil segue a tendência mundial, sendo projetada para 2030 uma expectativa de
vida populacional média de 79 anos. A expectativa da Organização das Nações Uni-
das (ONU) é que a população idosa no mundo (acima de sessenta anos) ultrapasse a
população de jovens (até 14 anos) em 2050 (UNITED NATIONS, 2015), como se observa
no Gráfico 1. No Brasil, esse cenário vem ocorrendo de forma ainda mais acelerada: a
estimativa é que essa troca aconteça ainda em 2035 e pressione o mercado de traba-
lho, a previdência e, principalmente, o sistema de saúde.
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
2015
2020 *
2025 *
2030 *
2035 *
2045 *
2050 *
2055 *
Também associada à melhoria nas condições básicas de saúde, aos hábitos de con-
sumo e ao processo de envelhecimento da população, a transição epidemiológica é
definida como a mudança no perfil de incidência de doenças nas populações em dire-
ção à maior incidência de doenças não transmissíveis, de caráter crônico-degenerati-
vo, como o diabetes, a hipertensão e o câncer. Em contraposição, observa-se a redução
do peso relativo das doenças transmissíveis ou infecciosas. Esse processo amplia as
pressões de custo para os sistemas, já que grande parte das doenças não transmissíveis
não tem cura, dispondo apenas de tratamentos contínuos ou paliativos.
Atualmente, apenas nos países de baixa renda o percentual de mortes por doen-
ças transmissíveis é maior que o por doenças não transmissíveis. Estima-se que, até
2030, a maioria dos países já tenha realizado a transição epidemiológica. O Brasil já
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apresenta perfil epidemiológico próximo aos países de renda mais elevada, conforme
o gráfico a seguir.2
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Renda baixa Renda Renda Brasil Renda alta
média-baixa média-alta
Esses dois processos estruturais tornam mais complexo o desafio das políticas
públicas de ampliar o acesso das populações à saúde. Há implicações quanto à ne-
cessidade de mudanças organizacionais dos sistemas de saúde para maior ênfase em
prevenção, atenção básica e regulação do sistema, visando elevar a eficiência e resolu-
tividade das estruturas disponíveis. Cresce ainda a importância das avaliações criterio-
sas para a incorporação de tecnologias em saúde (análise de custo-efetividade, entre
outras), de modo a compatibilizar a ampliação do acesso com a sustentabilidade do
sistema. Torna-se estratégica, também, a prospecção tecnológica, para direcionar os
esforços de inovação, de forma a solucionar necessidades de saúde não atendidas e
ampliar a competitividade industrial (REIS; BARBOSA; PIMENTEL, 2016).
2
A exceção é a chamada morte por “causas externas”, como violência e acidentes de trânsito, bem mais
elevada no caso brasileiro.
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Esta seção baseia-se principalmente em Gomes et al. (2014).
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4
Diversos trabalhos publicados pelas equipes do BNDES abordam a diversidade de estratégias adotadas
pelas empresas nesse contexto (GOMES et al., 2014; MITIDIERI et al., 2015; PIMENTEL et al., 2014; 2015).
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INDÚS T RIA FA RM A CÊ UT ICA
Biotecnologia
Plantas produtivas Novos
(biológicos) biológicos
Biossimilares
Síntese química
Novas
Plantas moléculas
produtivas
com BPF Inovações incrementais
Medicamentos genéricos
2013
2003
Fonte: Elaboração própria.
4. Tendências tecnológicas5
5
Esta seção baseia-se fundamentalmente em Mitidieri et al. (2016).
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para essas doenças apresentam as maiores taxas de insucesso. Nesse sentido, as novas
tecnologias visam, principalmente, responder às dificuldades verificadas no tratamen-
to do câncer e de doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer (Tabela 1).
5. Considerações finais
Referências
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era of medical product development. Department of Health and Human Services, out. 2013. Disponível
em: <http://www.fda.gov/downloads/ScienceResearch/SpecialTopics/PersonalizedMedicine/UCM372421.
pdf>. Acesso em: 21 dez. 2016.
GOMES, R. P. et al. O novo cenário de concorrência na indústria farmacêutica brasileira. BNDES Setorial,
Rio de Janeiro, n. 39, p. 97-134, mar. 2014.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de inovação: 2014. Rio de Janeiro:
IBGE, 2016. Disponível em: <http://www.pintec.ibge.gov.br/>. Acesso em: 11 abr. 2017.
. Biodiversidade brasileira como fonte da inovação farmacêutica: uma nova esperança? Revista do
BNDES, Rio de Janeiro, n. 43, p. 41-89, jun. 2015.
QUINTILESIMS INSTITUTE. Outlook for global medicines through 2021. 2015. Disponível em: <http://www.
imshealth.com/en/thought-leadership/quintilesims-institute/reports>. Acesso em: 21 dez. 2016.
UNITED NATIONS. World population prospects: the 2015 revision, key findings and advance tables: ESA/P/
WP. 241. [s.l.] United Nations, 2015. Disponível em: <https://esa.un.org/unpd/wpp/Publications/Files/Key_
Findings_WPP_2015.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2016.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disability-adjusted life years (DALYs). 2012. Disponível em:
<http://www.who.int/gho/mortality_burden_disease/daly_rates/text/en/>. Acesso em: 21 dez. 2016.