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PA NO RA M A S S E T ORIA IS 20 3 0

IN DÚS T RIA FA RM A CÊ UT ICA *

Ca rla Reis
Vit or P iment el
Joã o P au lo P ieroni
T hiago M it id ieri **

* Este capítulo sintetiza diversos trabalhos sobre o Complexo Industrial da Saúde


publicados nos periódicos BNDES Setorial e Revista do BNDES.
** Respectivamente, gerente setorial, economista e chefe de departamento do
Departamento do Complexo Industrial e de Serviços de Saúde da Área (DECISS) da Área de Indústria
e Serviços (AI) e economista do BNDES cedido à Associação de Funcionários do BNDES.
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1. Introdução

O futuro da indústria farmacêutica é condicionado pela evolução da demanda por


saúde, pela dinâmica setorial da indústria e pelas principais tendências tecnológicas
associadas. As alterações na demografia das populações e na carga de incidência das
doenças vêm modificando as oportunidades e os desafios da indústria. Por outro lado,
a própria dinâmica de inovação da indústria altera os rumos do progresso tecnológico
no setor, impactando a forma como são organizados os sistemas de saúde. O resultado
desses processos é uma tendência à crescente elevação dos custos de saúde, derivada
tanto da ampliação das necessidades de saúde quanto da pressão pela incorporação
de novas tecnologias e produtos no sistema.
Do ponto de vista da indústria, observa-se uma tendência de crescimento susten-
tado ao longo do tempo em função das transições demográfica e epidemiológica,
que levam a uma mudança estrutural de patamar na demanda por saúde. No Brasil,
espera-se que a restrição fiscal e o cenário geral de retração econômica mitiguem
parcialmente essa tendência pelos próximos anos. Com a normalização da atividade
econômica e equilíbrio das contas públicas, o viés estrutural de crescimento do setor
deverá ser retomado. Neste capítulo, apresentam-se os principais aspectos estruturais
e conjunturais que deverão condicionar a trajetória da indústria farmacêutica nos pró-
ximos anos.

2. Mudanças estruturais na demanda1

Na ótica da demanda, há duas mudanças estruturais correlacionadas, as transições


demográfica e epidemiológica. A primeira refere-se à mudança na composição etária
das populações, associada ao desenvolvimento das sociedades. Em função de uma sé-
rie de fatores sociais, culturais e tecnológicos, as pessoas passaram a ter menos filhos
e a viver mais. Essa conjugação de redução da taxa de fecundidade e aumento da
expectativa de vida tem como consequência o envelhecimento populacional, ou seja,
a população de idosos aumenta seu peso relativo, passando a ocupar parcela majori-
tária da pirâmide demográfica.
Nos últimos anos, assistiu-se a uma grande elevação da expectativa de vida ao
nascer da população brasileira. Nos anos 1950, a expectativa de vida era de 46,8 anos.
Em 2015, esse indicador passou para 70,4, e espera-se que em 2030 chegue a 74,5.

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Esta seção baseia-se em Reis, Barbosa e Pimentel (2016).
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O Brasil segue a tendência mundial, sendo projetada para 2030 uma expectativa de
vida populacional média de 79 anos. A expectativa da Organização das Nações Uni-
das (ONU) é que a população idosa no mundo (acima de sessenta anos) ultrapasse a
população de jovens (até 14 anos) em 2050 (UNITED NATIONS, 2015), como se observa
no Gráfico 1. No Brasil, esse cenário vem ocorrendo de forma ainda mais acelerada: a
estimativa é que essa troca aconteça ainda em 2035 e pressione o mercado de traba-
lho, a previdência e, principalmente, o sistema de saúde.

Gráfico 1: Transição demográfica: proporção de idosos (acima de sessenta anos) e


jovens (até 14 anos) no mundo e no Brasil

2,0

1,8

1,6

1,4

1,2

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
1970

1975

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020 *

2025 *

2030 *

2035 *

2045 *

2050 *

2055 *

Idosos por jovem – mundo Idosos por jovem – Brasil

Fonte: Elaboração própria, com base em United Nations (2015).


* Estimado.

Também associada à melhoria nas condições básicas de saúde, aos hábitos de con-
sumo e ao processo de envelhecimento da população, a transição epidemiológica é
definida como a mudança no perfil de incidência de doenças nas populações em dire-
ção à maior incidência de doenças não transmissíveis, de caráter crônico-degenerati-
vo, como o diabetes, a hipertensão e o câncer. Em contraposição, observa-se a redução
do peso relativo das doenças transmissíveis ou infecciosas. Esse processo amplia as
pressões de custo para os sistemas, já que grande parte das doenças não transmissíveis
não tem cura, dispondo apenas de tratamentos contínuos ou paliativos.
Atualmente, apenas nos países de baixa renda o percentual de mortes por doen-
ças transmissíveis é maior que o por doenças não transmissíveis. Estima-se que, até
2030, a maioria dos países já tenha realizado a transição epidemiológica. O Brasil já
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apresenta perfil epidemiológico próximo aos países de renda mais elevada, conforme
o gráfico a seguir.2

Gráfico 2: Transição epidemiológica: causas de mortes no Brasil e grupo de países


por renda (%)

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
Renda baixa Renda Renda Brasil Renda alta
média-baixa média-alta

Doenças transmissíveis Doenças crônico-degenerativas Causas externas

Fonte: Elaboração própria, com base em WHO (2012).

Esses dois processos estruturais tornam mais complexo o desafio das políticas
públicas de ampliar o acesso das populações à saúde. Há implicações quanto à ne-
cessidade de mudanças organizacionais dos sistemas de saúde para maior ênfase em
prevenção, atenção básica e regulação do sistema, visando elevar a eficiência e resolu-
tividade das estruturas disponíveis. Cresce ainda a importância das avaliações criterio-
sas para a incorporação de tecnologias em saúde (análise de custo-efetividade, entre
outras), de modo a compatibilizar a ampliação do acesso com a sustentabilidade do
sistema. Torna-se estratégica, também, a prospecção tecnológica, para direcionar os
esforços de inovação, de forma a solucionar necessidades de saúde não atendidas e
ampliar a competitividade industrial (REIS; BARBOSA; PIMENTEL, 2016).

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A exceção é a chamada morte por “causas externas”, como violência e acidentes de trânsito, bem mais
elevada no caso brasileiro.
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3. Aspectos setoriais: dinâmica e competitividade3

A indústria farmacêutica é tradicionalmente classificada na literatura como basea-


da em ciência e inovação, e sua dinâmica é função direta do investimento em pesquisa
e desenvolvimento (P&D). Caracteriza-se como um oligopólio diferenciado. Empresas
globais investem, em média, 12% a 16% de seu faturamento em P&D e estão locali-
zadas principalmente nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Em 2015, o mercado
farmacêutico alcançou US$ 1,1 trilhão (QUINTILESIMS INSTITUTE, 2015).
As empresas líderes do setor buscam o desenvolvimento de novos princípios ati-
vos (inovação radical) que possam ser patenteados e comercializados com exclusivi-
dade. A proteção conferida pelo sistema de propriedade intelectual e os esforços de
marketing, principalmente voltados à classe médica, permitem a prática de preços
com altas margens. Quando a rede de patentes do produto expira, o medicamento
pode ser comercializado como genérico por empresas concorrentes. No segmento de
medicamentos genéricos, as margens são menores, sendo a competitividade determi-
nada por custo, escala e por uma estratégia comercial direcionada pelo relacionamen-
to com os canais de distribuição.
No Brasil, o mercado farmacêutico teve um período de auge nos últimos dez anos,
com crescimento médio acima de dois dígitos. Nesse contexto, o mercado brasileiro
atingiu R$ 62 bilhões em 2015, o sétimo maior mercado mundial. Mesmo com pers-
pectivas negativas para a economia brasileira, as principais consultorias internacionais
ainda estimam crescimento de 7,9% a.a. entre 2015 e 2020 para o segmento de varejo
(INTERFARMA, 2016).
Para a indústria brasileira, a regulamentação dos medicamentos genéricos em
1999 proporcionou uma grande oportunidade para o crescimento. Além de incorpo-
rar competências de desenvolvimento farmacotécnico e de formulação, o ciclo dos
genéricos foi importante para a formação de empresas nacionais capitalizadas e com
musculatura financeira. Entre 2004 e 2014, a participação das empresas nacionais no
mercado saltou de 33% para mais de 55% no varejo farmacêutico.
Outro elemento observado no processo de transformação da indústria farmacêu-
tica brasileira foi o aumento dos esforços inovativos. De acordo com dados da Pes-
quisa de Inovação (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
os investimentos em atividades internas de P&D nas empresas do setor farmacêutico
descolaram-se do restante da indústria de transformação, passando de 0,7% da recei-
ta líquida de vendas em 2005 para 2,2% em 2014, enquanto para a média da indústria
o indicador manteve-se abaixo de 0,7% no período (IBGE, 2016).

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Esta seção baseia-se principalmente em Gomes et al. (2014).
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O acirramento da competição no segmento de genéricos e a capitalização das em-


presas contribuíram para o amadurecimento das estratégias de inovação no país. Esse
movimento tem sido analisado e incentivado pelo BNDES, com base no entendimento
de que a inovação e a diferenciação de produtos são fundamentais para a melhoria do
posicionamento competitivo da indústria farmacêutica brasileira no cenário mundial.
Entre as possibilidades estratégicas identificadas pelo BNDES, estão: o desenvolvimen-
to interno de inovações incrementais, a busca por complementação de competências
para inovação radical no exterior, a produção de princípios ativos específicos e de
maior valor agregado e o aproveitamento das oportunidades geradas pela abundante
biodiversidade brasileira.4
Dentre essas oportunidades, destaca-se a biotecnologia moderna, nova trajetó-
ria tecnológica da indústria farmacêutica, que se transformou na maior aposta de
investimentos do setor em âmbito global. Para os países em desenvolvimento, a opor-
tunidade tornou-se mais palpável a partir de 2014, quando se iniciou o fluxo de ex-
piração de patentes dos primeiros medicamentos biotecnológicos, de elevado valor
agregado. Considerando que esses produtos representam sete dos dez mais vendidos
do mercado farmacêutico, há uma corrida global para desenvolver e registrar produ-
tos concorrentes. No Brasil, além do caráter estratégico do ponto de vista tecnológico
e industrial, a internalização das competências em biotecnologia tem um forte aspec-
to social, já que o acesso a esses produtos é limitado e oferecido principalmente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS).
Todos esses aspectos justificaram a decisão de Estado e a consequente articulação
para a incorporação da rota biotecnológica na indústria farmacêutica brasileira. A
estratégia de catch-up tecnológico adotada envolveu três principais instrumentos de
política pública: o poder de compra público, por meio das Parcerias para o Desenvol-
vimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde; a regulação sanitária, com a elabo-
ração e publicação de normas específicas para registro de produtos biológicos pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e o financiamento, disponibilizado
pelo BNDES e pela Finep.
A Figura 1 sistematiza a trajetória percorrida até o momento e a visão de futuro
do BNDES para a indústria farmacêutica. Conforme já descrito, desde o início dos anos
2000, a indústria farmacêutica brasileira passou por um ciclo de investimentos dedi-
cado à adequação de suas plantas produtivas a padrões internacionais, as chamadas
Boas Práticas de Fabricação (BPF), e à internalização de competências associadas ao
desenvolvimento dos medicamentos genéricos.

4
Diversos trabalhos publicados pelas equipes do BNDES abordam a diversidade de estratégias adotadas
pelas empresas nesse contexto (GOMES et al., 2014; MITIDIERI et al., 2015; PIMENTEL et al., 2014; 2015).
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Figura 1: Visão do BNDES: trajetória desejável para o setor farmacêutico brasileiro

Biotecnologia
Plantas produtivas Novos
(biológicos) biológicos

Biossimilares

Síntese química

Novas
Plantas moléculas
produtivas
com BPF Inovações incrementais
Medicamentos genéricos

2013
2003
Fonte: Elaboração própria.

Esse novo patamar de infraestrutura fabril, de recursos financeiros e de competên-


cias produtivas e inovativas qualificou a indústria a iniciar um ciclo de exploração de
oportunidades em inovação incremental, com base no entendimento de que a com-
petitividade no longo prazo necessita de estratégias mais arrojadas de diferenciação.
Paralelamente, a biotecnologia emergiu como uma nova trajetória tecnológica
na qual parecia haver um gap menor entre as novas entrantes e as grandes firmas
do mercado mundial. Assim, essa oportunidade de inserção foi abraçada pelo setor
produtivo e fomentada pelo Estado. Para o futuro, espera-se que o amadurecimento
da estratégia de inovação das empresas e a internalização da biotecnologia resultem
em uma indústria local crescentemente inovadora e competitiva, em produtos tanto
sintéticos quanto biológicos.

4. Tendências tecnológicas5

A biotecnologia (latu sensu) e as tecnologias da informação e comunicação (TIC)


estão convergindo para o desenvolvimento de novos produtos e soluções de preven-
ção, diagnóstico e tratamento da saúde humana. No campo da biologia, o sequen-

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Esta seção baseia-se fundamentalmente em Mitidieri et al. (2016).
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ciamento do DNA humano foi um marco no desenvolvimento da ciência, somente


possível com modernos métodos computacionais, abrindo oportunidade para o de-
senvolvimento da biologia molecular e a criação de um novo campo de pesquisa, a
genômica. Embora tenha frustrado as expectativas iniciais quanto a seu impacto ime-
diato na descoberta das causas das doenças humanas, ofereceu enorme impulso às
pesquisas na área biomédica. Os avanços recentes começam a oferecer evidências po-
sitivas relacionadas a sua aplicação na medicina e na saúde.
A nova abordagem aprofunda o nível de personalização da medicina, pois pas-
sa a considerar as informações genômicas de cada indivíduo. Em contraste, permite:
(i) aprofundar a visão e a perspectiva sobre os mecanismos subjacentes da doença em
nível molecular e o desenvolvimento de biomarcadores; (ii) estratificar doenças com-
plexas em seus subtipos distintos para teste, diagnóstico e tratamento contra as dro-
gas adequadas, elevando o nível de precisão da medicina; e (iii) gerar métricas para
monitoramento do estado de saúde e bem-estar (MITIDIERI et al., 2016).
A possibilidade de desenvolver produtos específicos para grupos menores de pa-
cientes (em oposição ao modelo do blockbuster) pode baratear os custos de desen-
volvimento, em função da redução do universo de pessoas tratadas, representando,
assim, uma oportunidade para inserção de empresas brasileiras em produtos de nicho.
Por outro lado, a medicina de precisão ainda está associada a um alto custo e acesso
restrito, o que pode dificultar sua incorporação em sistemas de saúde universais como
o SUS brasileiro.
Espera-se que, com a redução do custo do sequenciamento do genoma, sejam
possíveis a difusão e a popularização do uso de produtos para a saúde que levem em
conta as características genéticas específicas dos indivíduos. Os tratamentos perso-
nalizados, por sua vez, requerem o desenvolvimento de produtos que são testados
e prescritos para grupos de doentes que têm determinadas características genéticas
(não sendo prescrito para os grupos que não as apresentem).
Uma segunda possibilidade de aplicação da biotecnologia moderna envolve a te-
rapia com células-tronco, ainda em estágio inicial no mundo. Há oportunidades para
um posicionamento de liderança do Brasil em algumas indicações terapêuticas, com a
consolidação da Rede Nacional de Terapia Celular, que conta com oito centros com
pesquisas em andamento em Boas Práticas Clínicas. Entretanto, a atual disparidade
entre os investimentos do Brasil e os de outros países concorrentes nessa corrida tec-
nológica pode reiterar o atraso brasileiro.
Do ponto de vista epidemiológico, as principais doenças que desafiam a medicina
atualmente residem nas áreas da oncologia e neurologia. Os tratamentos existentes
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para essas doenças apresentam as maiores taxas de insucesso. Nesse sentido, as novas
tecnologias visam, principalmente, responder às dificuldades verificadas no tratamen-
to do câncer e de doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer (Tabela 1).

Tabela 1: Taxa de eficácia dos tratamentos por tipo de doença


Tipo de doença Taxa de eficácia (%)
Depressão 62
Asma 60
Arritmia cardíaca 60
Diabetes 57
Enxaqueca 52
Artrite 50
Osteoporose 48
Alzheimer 30
Câncer 25

Fonte: FDA (2013).

5. Considerações finais

Apesar das perspectivas negativas de curto prazo para a economia brasileira, o


setor farmacêutico tende a manter um patamar razoável de investimentos em ativi-
dades de inovação, conforme descrito na Seção 3. Assim, espera-se, em um cenário
otimista, que o próximo ciclo de crescimento das empresas farmacêuticas brasileiras
deverá ser impulsionado por investimentos nesses processos: em um primeiro momen-
to, focado na inovação incremental, isto é, no aprimoramento de medicamentos já
existentes. As competências adquiridas para a inovação incremental constituirão o
passo fundamental em busca de novas moléculas sintéticas e biológicas (inovação ra-
dical), tornando a indústria farmacêutica brasileira competitiva internacional e, de
fato, intensiva em conhecimento. Ao mesmo tempo, a incorporação de novas tecno-
logias para a racionalização do sistema promoveria a ampliação sustentável do acesso
da população a produtos para saúde.
Em um cenário negativo, a descontinuidade das políticas públicas e a falta de uma
visão de longo prazo, em particular em torno da variável de poder de compra público,
manteriam a especialização das empresas brasileiras na produção e comercialização
de produtos pouco diferenciados, basicamente genéricos, com baixa capacidade de
realizar investimentos em P&D. Os centros importantes de inovação permaneceriam
no mundo desenvolvido e poderia haver um enfraquecimento da saúde pública no
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país. Nesse caso, haveria um aprofundamento do déficit de conhecimento da indústria


e da diferença de acesso à saúde entre ricos e pobres.

Referências

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era of medical product development. Department of Health and Human Services, out. 2013. Disponível
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PIMENTEL, V. P. et al. Inserção internacional das empresas farmacêuticas: motivações, experiências e


propostas para o BNDES. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 40, p. 97-134, set. 2014.

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