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Desenvolvimento

Feito por João Otávio Penteado Bzuneck – turma 61 FEMPAR

A avaliação do desenvolvimento faz parte da puericultura, mas na prática acaba ficando “naturalizada” pelo pediatra.
O desenvolvimento é um processo multidimensional – físico, maturação neurológica, comportamento sensorial,
cognitivo e relações socioafetivas.

Quase metade das crianças em países subdesenvolvidas não desenvolverão todo seu potencial de crescimento em
todos os aspectos mencionados por fatores sociais, familiares, ambientais, alimentares, etc. Como forma de intervir,
qualquer médico que for realizar uma consulta pediátrica deve se atentar quanto ao desenvolvimento da criança no
sentido de realizar a detecção precoce de sinais que podem significar algum tipo de atraso. Não é uma atividade
exclusiva de especialistas.

Os primeiros anos de vida são os mais importantes por conta da neurogênese – sabe-se que o número de neurônios é
constante, mas a poda neuronal e sinapses influenciam diretamente no resultado final do desenvolvimento
neurocognitivo da criança. O desenvolvimento adequado está intimamente relacionado a maiores taxas de
alfabetização, redução do desemprego no futuro e menores condenações criminais.

É obrigatório desde 2017 toda consulta pediátrica ser registrada na caderneta da criança o desenvolvimento
neuropsicomotor. Estatisticamente, ela tem que se desenvolver de acordo com o que é esperado para cada faixa
etária, e não cair no mito de “cada criança tem seu tempo”.

Uma criança a termo com 1 ano e 3 meses não andou ela deve ser investigada. Existem crianças que conseguem

Fatores de risco para problemas no desenvolvimento

Importante na anamnese abordar quem cuida e cuidará da criança, porque isso irá implicar no desenvolvimento. A
criança que é mais bem cuidada, estimulada se desenvolverá melhor. O QI da criança que é adequadamente
estimulada é maior.

Na história clínica é importante abordar a história (apgar, prematuridade, intercorrências


neonatais, tempo de internação), contato com os pais, alimentação, tempo de sono, controle
esfincteriano (atraso orgânico e não só constitucional), vida social, exame físico, contexto
social e marcos do desenvolvimento.

A aferição do perímetro cefálico é feita corretamente quando se posiciona na glabela até a


protuberância occiptal externa – com a criança deitada é mais fácil de fazer.

O desenvolvimento é sempre cefalocaudal. Sempre de distal pra proximal.


Fatores de risco para deficiência auditiva
• História familiar de surdez
• Permanência em UTI por mais de 5 dias
• Ventilação mecânica, exposição a medicação ototóxica (aminoglicosídeos – gentamicina)
• Peso ao nascer <1500g
• Septicemia, meningite
• Infecção por TORCHS – rubéola
• Calcificações intracranianas
• Hemorragia peri e intraventricular – matriz germinativa sangra muito facilmente
• Anomalias craniofaciais e espinha bífida

Fatore de risco para deficiência visual


• Com 30 semanas de IG – reflexo pupilar
• Com 34 semanas – reflexo de fixação presente
• Ao nascer – alinhamento ocular e capacidade de seguir objetos
• Com 1 mês prefere observar objetos com contraste – a acuidade visual ainda não é igual a do adulto, mas
com 6 meses já é igual à do adulto
• Criança estrábica e depois corrige não se preocupa até os 6 meses ou estrabismo persistente já deve chamar
a atenção pelo risco de ambliopia – não desenvolvimento das sinapses nervosas da via óptica até o corpo
geniculado lateral que implica numa acuidade visual que nunca será 20/20 mesmo com o uso de óculos.
Atualmente considera-se como tempo limite até os 8 anos, mas quanto mais cedo for corrigido, melhor para
a criança
• Teste do olhinho – reflexo vermelho
Escala de Denver II

Quando começa o quadro, 25% das crianças fazem e quando termina o quadro as crianças já devem ser capaz de
fazer. É uma escala de triagem, não de diagnostico. Essa escala é dividida em desenvolvimento motor, linguagem,
social e motor fino. Mais de um campo alterado já pode ser chamado de atraso global.
Recém-nascido

• Reflexos primitivos presentes – moro (solta o RN e espera-se que haja uma flexão dos membros
superiores), marcha (segurar o RN em pé pelo tronco e colocar ele pra andar), sucção, Galant ou da
bailarina (feita uma estimulação paravertebral e a criança vira o glúteo para o lado estimulado),
preensão palmar e plantar e o reflexo tonico-clonico assimétrico ou do esgrimista
• Postura assimétrica em flexão dos 4 membros
• Movimentação dos membros superiores > membros inferiores
• Mãos fechadas
• Responde ao sino – se assusta com barulho alto – significa que ele tá escutando
Eleva a cabeça
Fixa o olhar no rosto da mãe

1º trimestre
Os reflexos primitivos começam a desaparecer e o último que irá desaparecer é de preensão plantar – segue o
raciocínio do desenvolvimento sempre seguir o sentido cefalo-caudal.

• A cabeça começa a ser sustentada


• Quando colocada em posição prona (barriga pra baixo), começa a
esticar o pescoço e tenta se apoiar com o antebraço
• Segue objetos na linha média

Sinais de alarme: ausência do sorriso social, olhar vago, o menor ruído


promove sobressalto, nenhuma reação a barulhos (possibilidade de surdez) e
mãos presentemente fechados.

Com 4 meses já esperamos as mãos em linha média do corpo. Segurar objetos, emitir sons, sustentar a cabeça.

Com 6 meses já deve ser capaz de brincar com o brinquedo, levar objetos a boca, move-se em direção a um objeto,
vira-se para o som de uma voz, cabeça e tronco elevado em prono.

Sinais de alarme no segundo trimestre: Não vira a cabeça para localizar sons, hipertonia dos membros inferiores,
hipotonia axial (eixo vertebral), criança exageradamente lenta e desinteressada pelo ambiente, movimentos do tipo
“descarga motora”, não dá risada e falta de reação a sons (surdez)

Com 7 meses espera-se que a criança sente sem apoio e movimente ativamente os pés.

Aos 9 meses

• Brinca de “cadê”
• Transfere objetos de uma mão pra outra
• Ela demonstra modos de se fazer entender
• Movimentos de pinça – clássico do terceiro trimestre
• Engatinha (não é obrigatório – tem várias crianças que andam e tem um
desenvolvimento perfeito e nunca engatinhou)
• Fala dissílabos
• Indica desejos
• Imita sons da fala
• Senta-se
Sinais de alarme: não senta sem apoio (aos 7 meses ela pode sentar, mas aos 9 ela deve sentar),
crianças que não balbucia, não tem interesse no jogo do “cadê”, hipotonia ou espasticidade
Com 12 meses espera-se que a criança seja capaz de imitar gestos, ficar em pé sem apoio, bate
palma, dá tchau, dissílabos específicos e reflexo do paraquedista presente (segurar a criança em
baixo do tórax e finge que vai derrubar ela na maca e o reflexo esperado é ela colocar o braço
pra se proteger da possível queda).

Sinais de alarme ao primeiro aniversário: Ausência de sinergia pés-mãos, criança parada ou


mumificada, movimentos anormais, psiquicamente inerte ao ambiente que está inserida e não
falar nenhum tipo de sílabas.

Com 15 meses a criança já deve executar gestos a pedidos, colocar a boca em copo, falar sem
palavras e andar sem apoio.

Com 18 meses espera-se que consiga correr e imitar atividades (importante pra pensar no
diagnóstico de autismo).

Com 2 anos já deve conseguir combinar palavras, associar ideias, saber o nome, montar torre de cubos, etc.

Com 3 anos já deve reconhecer ações, nomear uma cor, nomes, controle esfincteriano (o desfralde começa aos 2
anos de idade – antes disso não há maturidade neuronal. A principio até os 3 anos ela já deve estar desfraldado
durante o dia).

Com 4 anos e meio deve compreender frio, calor, cansaço e fome. Entender o que é acima, abaixo, perto ou longe e
ser capaz de abotoar a roupa (coordenação motora fina).

Com 6 anos deve conseguir copiar um quadrado.

Controle esfincteriano
Com 18 meses começa o processo de controle vesical diurno; aos 2 anos inicia-se o controle vesical noturno e
controle anal. Espera-se que com 3-4 anos a criança já tenha controle vesical diurno e noturno e consiga controlar o
esfíncter anal durante o dia (é normal a criança ainda precisar usar fralda durante a noite).

Com 5 anos a criança já deve estar completamente desfraldada.

Sinais de alerta em qualquer ponto do desenvolvimento

• Qualquer idade – perda de novos marcos do desenvolvimento


• Diferença entre membros (tônus, força, movimentos)
• Até 6 meses – persistência dos reflexos primitivos, estrabismo persistente, pouco interesse
• Até 10 meses – ausência do sorriso social
• 10-12 meses não sentar, não balbuciar e não apontar desejos
• Até 18 meses – não andar sem apoio, falar ao menos 3 palavras
• Até 2 anos e meio – Não formar frases
• Até 4 anos – fala inteligível

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