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Para que haja abertura da sucessão tem de existir a morte como pressuposto da

sucessão.
Assim a abertura da Sucessão corresponde a uma situação de ruptura em qua a morte de
alguém vai gerar na esfera de quem lhe suceder. Art 2024
Existem duas espécies de sucessores: herdeiros e os legatários art 2030, 1 CC
Herdeiro o que sucede na totalidade ou numa quota do património do falecido.
Legatário o que sucede num determinado bem ou valor determinado, 2030, 2 CC
Apos a abertura da sucessão da.se o chamamento dis sucessores que gozam de
prioridade na hierarquia dos sucessíveis desde que preencham os pressupostos legais
para o efeito nomeadamente a capacidade sucessória 2032, 1 CC.
A capacidade sucessória 2033. 1 CC são todas as pessoas nascidas ou concebidas na
altura da abertura da sucessão e tb as PC e as sociedades 2033, 2 CC
No caso dos primeiros sucessíveis não quiserem ou não aceitem por não puder são
chamados os subsequentes. 2032, 2 CC

DIREITO DAS SUCESSOES E O FENOMENTO SUCESSORIO


2024 CC - A Sucessão é o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das
relações jurídicas patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos
bens a que esta pertenciam. Assim, a morte é um pressuposto da sucessão e as relações
jurídicas que o falecido detinha como titular deixam de estar ligadas ao falecido ate que
se liguem a outro sucessor, este passa a ter direitos e bem e fica sujeito a deveres e
vinculações que existiam na titularidade do falecido.
Todo este processo pelo qual uma pessoa se substitui a outra tomando o seu lugar e
ficando investido num direito ou numa vinculação que antes pertenciam e faziam parte
da esfera jurídica do de cuiús se designa por fenómeno sucessório ou fenómeno da
sucessão por morte.
O fenómeno da sucessão por morte e o objecto do Direito das Sucessões. O direito das
sucessões é o conjunto das normas jurídicas que regulam o fenómeno sucessório. Para
se atribuir bem de uma pessoa a outra implica a ocorrência de factos jurídicos que tem
de se desencadear . a este processo se da o nome de fenómenos sucessório ou processo
sucessório
Com a morte abre sucessão abre-se a sucessão.
Procede-se à vocação ou chamamento sucessório.
Chamam se os herdeiros a sucessão.
Herança fica em jacência enquanto não houver aceitação ao chamamento. Uma vez
aceite a herança tem se como adquirida.
São estes os momentos fundamentais do fenómeno sucessório e a aceitação da herança.
O fenómeno sucessório garante a continuidade das relações jurídicas do de cuiús
evitando a sua extinção. (dtos reais, de credito, moveis etc.)~
A existência do fenómeno sucessório esta ligada ao reconhecimento da propriedade
privada – função individual e também a sua função social o que causava problemas se
se extinguisse a transmissão de dtos reais por ex
O direito das sucessões estuda e analisa as consequências jurídicas que essa morte vai
gerar ou provocar.

SUCESSAO INTERVIVOS
2029 CC acto jurídico feito em vida pelo autor da sucessão ex doação. Aqui a relação
jurídica modifica se ainda em vida do anterior titular. E um acto jurídico que se traduz
num negócio jurídico entre o antigo titular e o novo titular de onde resulta a
transmissão. Aqui o facto jurídico morte não e importante, ou seja ano e causa para a
transmissão do bens. Aqui aplicam-se as regras do das doações 940 e ss e tb as regras da
compra e venda CC
SUCESSAO MORTIS CAUSA
Aqui a modificação daquela relação jurídica so opera com o facto jurídico morte.
Sempre que esteja em causa uma situalºao jurídica de suvessao motis causa aplicamse as
regras do livro VI do CC direito das sucessoes

ESPECIES DE SUCESSAO LEGAL

2027 CC A sucessão pode ser legal, que decorre da lei e divide se em: sucessão legitima
e sucessão legitimária.
A legitima e aquela que pode ser afastada pelo autor da sucessão ou seja é a sua quota
disponível. Aqui ele pode dispor dos seus bens na forma de doação ou na forma de
testamento desde que não afecte a legitima dos herdeiros legitimários.
A legitimaria e a que resulta da lei imperativa e que não pode ser afastada pelo autor da
sucessão ou seja a quota inbdisponivel.. Quer dizer que aos herdeiros legitimários
(cônjuge, ascendentes e descendentes) cabe uma porção de bens que o autor da sucessão
não pode dispor.
TITULOS DE VOCAÇÃO SUCESSORIA

2032 CC A vocação sucessória ou chamamento é a atribuição do direito de suceder


aceitando ou renunciando a uma herança.

A vocação originaria - tem lugar no momento da abertura da sucessão 2031 CC onde


são chamados as titularidades das relações jurídicas doo falecido os que gozam de
prioridade na hierarquia dos sucessíveis desde que tenham capacidade sucessória. É
uma vocação directa – o sucessor designado e chamado segundo a prioridade e aceita
depois o processo testamentário avança para a fase seguinte.

Vocação subsequente – pode acontecer que estes primeiros sucessores não queiram ou
não possam aceitar a herança. São os chamados sucessíveis subsequentes (ex o
sucessível e chamado apos o repudio). É uma vocação indirecta pois aqui ocorre o
chamamento de outro sucessível e não o que tinha sido designado segundo a prioridade
na hierarquia.

A vocação indirecta distingue-se de 2 formas:

Direito de representação 2039 a 2045 CC

O direito de representação é uma modalidade de vocação indireta, o que significa que só


ocorre quando o sucessível em primeiro lugar não pode ou não quer aceitar a herança ou
legado a que teria direito. O não poder aceitar significa que o sucessível não sobreviveu
ao autor da sucessão ou que foi declarado indigno ou deserdado. O não querer aceitar
corresponde ao repúdio.

O direito de representação verifica-se quando a lei chama os descendentes de um


herdeiro ou legatário que não pode ou não quis aceitar a herança, sendo que esses
descendentes vão ocupar o lugar deixado vago por esse sucessivel (ver artigos 2039.º e
ss do Código Civil).

O artigo 2040.º do CC diz-nos que a representação tanto se dá na sucessão legal


como na sucessão testamentária, mas também se verifica o direito de
representação na sucessão contratual, nos termos do n.º 2 do artigo 1703.º do CC.

O direito de representação opera na sucessão legal apenas a favor de descendentes do


filho do autor da sucessão e de descendentes de irmão do autor da sucessão, em ambos
os casos sem limitação de grau. Ou seja, os descendentes do cônjuge nunca beneficiam
de direito de representação na sucessão legal.
Na sucessão testamentária, de acordo com o artigo 2041.º do CC, gozam de direito de
representação os descendentes daquele que faleceu antes do autor da sucessão e
também daquele que repudiou a herança ou legado.

Já se existir uma situação de incapacidade sucessória (por indignidade), os


descendentes do indigno não beneficiam do direito de representação. O n.º 2 do artigo
2041.º enuncia os casos em que não haverá direito de representação na sucessão
testamentária.

O direito de representação funciona por estirpes e os representantes ocupam o lugar


do representado. Por exemplo, se A tiver dois filhos B e C e se C repudiar a herança de
A e tiver 3 filhos, a herança irá ser dividida em 2 partes, cabendo aos 3 filhos de C
aquilo a que este teria direito.

Existem três pressupostos da vocação sucessória:

A prevalência da designação sucessória, existência do chamado e a capacidade


sucessória.

A prevalência da designação sucessória quer dizer que so são chamados os que tenham
prioridade na hierarquia das sucessões, filhos e netos, chamam-se apenas os filhos.

2032, 1 CC A existência do chamado significa que o sucessível deve sobreviver ao


autor da sucessão e deve ter personalidade jurídica. Isto significa que, apesar de ser
possível fazer testamentos a favor de nascituros e mesmo de conceturos, o direito de
suceder só será atribuído se e quando ocorrer o nascimento e a consequente aquisição de
personalidade jurídica.

2033 e ss CC A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito das Sucessões, que
podemos definir como a idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória, ou
seja ser herdeiro ou legatário. Por exemplo se estiver em causa um menor este tem
capacidade sucessória.

Portanto, é um conceito que nada se relaciona com a noção de capacidade jurídica que
conhecemos: não se trata de uma incapacidade natural, pelo que aqueles que sofrem de
incapacidade de exercício, como os menores, não carecem de capacidade sucessória.
Por outro lado, é sempre um conceito relativo, já que se reporta sempre à sucessão de
uma pessoa determinada. Ninguém é incapaz de suceder a toda a gente: é necessário
avaliar a capacidade em relação a uma determinada sucessão. A regra é a da
capacidade: serão incapazes de suceder apenas aqueles que forem declarados indignos
ou que forem deserdados

REPUDIO DA HERANÇA OU DO LEGADO

para que alguém adquira bens por via sucessória (heranças ou legados) é necessária a
aceitação, que está regulada nos artigos 2050.º e ss CC, aplicáveis aos legados por força
do artigo 2249.º do mesmo Código.

Caso não se pretenda aceitar uma herança ou legado há assim que repudiar, sendo o
repúdio um negócio jurídico unilateral através do qual alguém manifesta a sua
vontade de não se tornar herdeiro ou legatário, admitindo-se que o mesmo seja praticado
através de representante legal (para o caso de o herdeiro ou legatário ser menor) ou
voluntário.

Em regra, não é possível aceitar uma parte da herança e repudiar a outra parte
(princípio da indivisibilidade da vocação, consagrado no artigo 2054.º, n.º 2 do CC),
mas há exceções previstas no artigo 2055.º do CC (que admite que um herdeiro
chamado por lei e por testamento possa em certos casos aceitar a deixa testamentária e
repudiar a sucessão legal e vice-versa) e no artigo 2250.º (a propósito da posição do
legatário a quem tenha sido atribuído mais que um legado ou a propósito do herdeiro
que seja ao mesmo tempo legatário).

Também não é possível sujeitar o repúdio a uma condição, suspensiva ou resolutiva, ou


seja, não é possível alguém dizer que repudia só se as dívidas forem de valor superior
aos bens.

O repúdio é um ato formal e deve seguir a forma prevista para a alienação da herança
(artigo 2063.º do CC), o que nos remete para o artigo 2126.º do CC. Assim, exige-se
que o repúdio se formalize através de escritura pública ou por documento particular
autenticado se na herança existirem bens cuja alienação deva revestir essa forma,
como será o caso de bens imóveis. Fora desses casos, o repúdio deve revestir forma
escrita.

O repúdio é irrevogável (artigo 2066.º do CC) e não pode ser anulado com base em
erro, mas apenas em caso de dolo ou coação (artigo 2065.º do CC).
Por último, de referir que há um prazo de 10 anos para o sucessível chamado à
herança decidir se quer aceitar ou repudiar (artigo 2059.º do CC), sem prejuízo de os
demais herdeiros poderem recorrer ao tribunal para que este notifique os sucessíveis
para se pronunciarem, presumindo-se que aceitam caso nada digam (artigo 2049.º do
CC).

ACEITAÇÃO DA HERRANÇA OU DO LEGADO

A aceitação é assim um negócio jurídico unilateral através do qual alguém manifesta a


sua vontade de se tornar herdeiro ou legatário, admitindo-se que o mesmo seja praticado
através de representante legal (para o caso de o herdeiro ou legatário ser menor) ou
voluntário.

Em regra, não é possível aceitar uma parte da herança e repudiar a outra parte
(princípio da indivisibilidade da vocação, consagrado no artigo 2054.º,
n.º 2 do CC), mas há exceções previstas no artigo 2055.º do CC (que
admite que um herdeiro chamado por lei e por testamento possa em
certos casos aceitar a deixa testamentária e repudiar a sucessão legal e
vice-versa) e no artigo 2250.º (a propósito da posição do legatário a
quem tenha sido atribuído mais que um legado ou a propósito do
herdeiro que seja ao mesmo tempo legatário).

Também não é possível sujeitar a aceitação a uma condição, suspensiva ou resolutiva,


ou seja, não é possível alguém dizer que aceita só se os bens forem de valor superior às
dívidas.

A aceitação pode ser expressa ou tácita (artigo 2056.º), sendo expressa quando nalgum
documento escrito o sucessível chamado à herança declara aceitá-la ou assume o título
de herdeiro com a intenção de a adquirir. Será tácita quando alguém se comporta
como herdeiro, embora os simples atos de administração, como seja mandar fazer uma
obra urgente num bem da herança, não signifiquem aceitação.

A aceitação não pode ser anulada com base em erro, mas apenas em caso de dolo ou
coação (artigo 2060.º do CC).

Trata-se ainda de um negócio jurídico irrevogável (artigo 2061.º do CC).

Por último, de referir que há um prazo de 10 anos para o sucessível chamado à


herança decidir se quer aceitar ou repudiar (artigo 2059.º do CC), sem prejuízo de os
demais herdeiros poderem recorrer ao tribunal para que este notifique os sucessíveis
para se pronunciarem, presumindo-se que aceitam caso nada digam (artigo 2049.º do
CC).

DIREITO DE ACRESCER

O direito de acrescer na sucessão testamentária está previsto nos artigos 2301.º e ss do


CC e acontece quando dois ou mais herdeiros ou legatários forem instituídos na
totalidade, quota ou parcela da mesma herança ou legado e um deles não aceitar a
referida disposição, passando nesse caso a sua parte a somar-se à dos restantes herdeiros
ou legatários.

De referir que os herdeiros são os que sucedem na totalidade ou numa quota do


património do falecido, enquanto os legatários sucedem em bens ou valores
determinados.

No caso de sucessão entre herdeiros em partes iguais, na totalidade ou numa quota da


herança, em caso de não aceitação da herança por um deles, a sua parte acrescerá à
dos outros herdeiros, instituídos na totalidade ou na quota (n.º 1 do artigo 2301.º do
Código Civil (CC). Se as quotas dos herdeiros forem desiguais, a parte do herdeiro que
não aceita a herança é dividida pelos restantes, sendo respeitada a proporção entre
eles (n.º 2 do artigo 2301.º do CC).

O disposto no artigo 2301.º, com as devidas adaptações, aplica-se aos legatários que
tenham sido nomeados em relação ao mesmo objeto, independentemente do facto de a
nomeação ser ou não conjunta (n.ºs 1 e 2 do artigo 2302.º do CC).

3. Não haverá direito de acrescer, de acordo com o artigo 2304.º do CC, se o testador
tiver disposto de forma a precludir o exercício desse direito, se o legado tiver natureza
pessoal ou se houver direito de representação. Gozam do direito de representação na
sucessão testamentária os descendentes de pessoa falecida antes do testador, ou do que
repudiou a herança ou legado, salvo se houver outra causa de caducidade da vocação
sucessória (n.º 1 do artigo 2041.º do CC).

4. Em termos de efeitos, os herdeiros ou legatários que hajam acrescido sucedem nos


mesmos direitos e obrigações, de natureza não pessoal, que caberiam à pessoa que não
quis aceitar a herança ou legado (art.º 2307.º do CC).
HERDEIRO E LEGATARIO

O artigo 2030.º do Código Civil (CC) determina que os sucessores se dividem em duas
espécies: ou são herdeiros ou são legatários.

2030, 2 É herdeiro o que sucede na totalidade ou numa quota do património do falecido.


Se A faz testamento e deixa todos os seus bens a B, B será herdeiro.

Do mesmo modo se A deixa por morte 1% dos seus bens a B, B será também herdeiro.

Neste caso, o herdeiro, se aceitar, é obrigado a ficar com aquele bem determinado que
lhe foi atribuído pelo autor da sucessão mas pode exigir outros bens se forem
necessários para perfazer a sua quota.

2030, 3 - completa a definição do n.º 2 e esclarece que será também herdeiro o que
sucede no remanescente dos bens do falecido.

Assim acontecerá se, por exemplo, A fizer testamento em que diz que deixa a sua casa
de Lisboa a B e o restante da sua herança a C. Neste caso, C será também herdeiro.

Uma ideia a reter é a que não se é herdeiro por se receber muito e legatário por se
receber pouco. O estatuto de herdeiro ou de legatário não tem a ver com a quantidade
de bens recebidos. Muitas vezes o legatário até tem uma posição muito mais vantajosa
patrimonialmente do que os herdeiros.

Pode também acontecer que não haja herdeiros e que uma herança seja integralmente
distribuída em legados.

Por último, de referir que o testador não pode qualificar uma deixa que de acordo com
a lei é herança como legado nem vice-versa mas já poderá associar parte do regime do
herdeiro a um legatário e vice-versa, desde que não contrarie disposições legais
imperativas.
Abertura da sucessão
Palavras-chave: abertura da sucessão; lugar da abertura da sucessão; momento da
abertura da sucessão; sucessão por morte;
 TEXTO

A abertura da sucessão, nos termos do artigo 2031.º do Código Civil (CC), verifica-se
no momento da morte, ou seja, a morte determina a abertura da sucessão.

A morte, em princípio, corresponde à morte física, logo, reportada a pessoas singulares


e tendo em conta esse fenómeno natural.

De notar que o artigo 68.º, n.º 3 do CC considera que ocorreu a morte de uma pessoa,
mesmo que o seu cadáver não seja encontrado ou reconhecido, se o seu
desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar da sua não
sobrevivência. Será o caso de um avião que explode e se desintegra em pleno voo: se se
provar que determinada pessoa viajava nesse avião terá de ser considerar morta. Há um
processo previsto e regulado no Código do Registo Civil para estes casos (vide artigos
207.º e 208.º do CRC).

Para além da morte física, há também que ter em conta o instituto da ausência, em
especial a declaração de morte presumida e a curadoria definitiva, já que esta também
terá efeitos sucessórios.

Quanto ao lugar da abertura da sucessão, o artigo 2031.º do CC dispõe que o mesmo


corresponde ao lugar do último domicílio do falecido. Ou seja, supondo que A, vivendo
em Lisboa, falece no Porto, o lugar da abertura da sucessão será em Lisboa.

O lugar da abertura da sucessão é relevante para efeitos processuais, nomeadamente


para determinação do tribunal competente para o processo de habilitação judicial de
herdeiro, nos termos do artigo 80.º, n.º 1 do Código de Processo Civil (CPC), e ainda
para o processo previsto no artigo 2049.º do CC e regulamentado nos artigos 1039.º e
1040.º do CPC que é chamado de processo de notificação do sucessível para efeitos de
aceitação ou de repúdio da herança.

O lugar da abertura da sucessão tem também importância, de acordo com o artigo


2270.º do CC, pois é nesse lugar que deve ser cumprido o legado de dinheiro ou coisa
genérica não existente na herança.
Direito de acrescer
Palavras-chave: acréscimo de quota ou bens e
valores; divisão; herdeiros; legatário; não-aceitação de herança;
 TEXTO

O direito de acrescer na sucessão legal está previsto no n.º 2 do artigo 2137.º do Código
Civil (CC) e ocorre quando um ou mais herdeiros chamados à herança não a aceitarem e
existirem outros na mesma classe sucessória.

O direito de acrescer na sucessão testamentária está previsto nos artigos 2301.º e ss do


CC e acontece quando dois ou mais herdeiros ou legatários forem instituídos na
totalidade, quota ou parcela da mesma herança ou legado e um deles não aceitar a
referida disposição, passando nesse caso a sua parte a somar-se à dos restantes herdeiros
ou legatários.

De referir que os herdeiros são os que sucedem na totalidade ou numa quota do


património do falecido, enquanto os legatários sucedem em bens ou valores
determinados.

No caso de sucessão entre herdeiros em partes iguais, na totalidade ou numa quota da


herança, em caso de não aceitação da herança por um deles, a sua parte acrescerá à dos
outros herdeiros, instituídos na totalidade ou na quota (n.º 1 do artigo 2301.º do Código
Civil (CC). Se as quotas dos herdeiros forem desiguais, a parte do herdeiro que não
aceita a herança é dividida pelos restantes, sendo respeitada a proporção entre eles (n.º 2
do artigo 2301.º do CC).

O disposto no artigo 2301.º, com as devidas adaptações, aplica-se aos legatários que
tenham sido nomeados em relação ao mesmo objeto, independentemente do facto de a
nomeação ser ou não conjunta (n.ºs 1 e 2 do artigo 2302.º do CC).

3. Não haverá direito de acrescer, de acordo com o artigo 2304.º do CC, se o testador
tiver disposto de forma a precludir o exercício desse direito, se o legado tiver natureza
pessoal ou se houver direito de representação. Gozam do direito de representação na
sucessão testamentária os descendentes de pessoa falecida antes do testador, ou do que
repudiou a herança ou legado, salvo se houver outra causa de caducidade da vocação
sucessória (n.º 1 do artigo 2041.º do CC).

4. Em termos de efeitos, os herdeiros ou legatários que hajam acrescido sucedem nos


mesmos direitos e obrigações, de natureza não pessoal, que caberiam à pessoa que não
quis aceitar a herança ou legado (art.º 2307.º do CC).
Capacidade sucessória
Palavras-chave: vocação;
 TEXTO

A capacidade sucessória é um dos pressupostos da vocação ou chamamento à sucessão,


a par da existência do chamado (que pressupõe que o sucessível sobreviva ao autor da
sucessão e que já tenha personalidade jurídica) e da titularidade da designação
prevalente (que significa que só é chamado à sucessão o sucessível prioritário).

Trata-se de uma noção típica do Direito das Sucessões, que podemos definir como a
idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória, ou seja, para que possa ser
atribuído o direito de aceitar ou repudiar uma herança ou um legado. Trata-se, assim, de
um conceito que nada se relaciona com a noção de capacidade jurídica em geral: não se
trata de uma incapacidade natural, pelo que aqueles que sofrem de incapacidade de
exercício, como os menores, não carecem, por esse facto, de capacidade sucessória.

Por outro lado, a capacidade sucessória é sempre um conceito relativo, já que se reporta
sempre à sucessão de uma pessoa determinada. Ninguém é incapaz de suceder em geral.
Só se avalia a capacidade sucessória em relação a uma determinada sucessão e por isso
se diz que é um conceito relativo.

Como regra, é no momento da abertura da sucessão que vamos averiguar se os


sucessíveis têm ou não capacidade sucessória. Em certos casos, porém, só em momento
posterior se poderá aferir dessa capacidade. Basta ter em conta que certos factos
geradores de indignidade sucessória podem ocorrer depois da abertura da sucessão –
será o caso da alínea d) do artigo 2034.º do Código Civil (CC) em que se prevê que,
antes ou depois da morte do autor da sucessão, alguém pratique certos atos contra o
próprio testamento.

Também nos casos previstos no n.º 2 do artigo 2035.º do CC, ou seja, quando a
instituição de herdeiros ou a nomeação de legatários é feita sob condição suspensiva, até
ao momento da verificação da condição é preciso averiguar se é ou não afetada essa
capacidade sucessória.

A regra é a da capacidade: serão incapazes de suceder apenas aqueles que forem


declarados indignos ou que forem deserdados.

Direito de representação
Palavras-chave: direito de representação; sucessão por morte; vocação indireta;
 TEXTO
O direito de representação é uma modalidade de vocação indireta, o que significa que só
ocorre quando o sucessível instituído em primeiro lugar não pode ou não quer aceitar a
herança ou legado a que teria direito. O não poder aceitar significa que o sucessível não
sobreviveu ao autor da sucessão ou que foi declarado indigno ou deserdado. O não
querer aceitar corresponde ao repúdio.

O direito de representação verifica-se quando a lei chama os descendentes de um


herdeiro ou legatário que não pode ou não quis aceitar a herança, sendo que esses
descendentes vão ocupar o lugar deixado vago por esse sucessivel (ver artigos 2039.º e
ss do Código Civil).

O artigo 2040.º do CC diz-nos que a representação tanto se dá na sucessão legal como


na sucessão testamentária, mas também se verifica o direito de representação na
sucessão contratual, nos termos do n.º 2 do artigo 1703.º do CC.

O direito de representação opera na sucessão legal apenas a favor de descendentes do


filho do autor da sucessão e de descendentes de irmão do autor da sucessão, em ambos
os casos sem limitação de grau. Ou seja, os descendentes do cônjuge nunca beneficiam
de direito de representação na sucessão legal.

Na sucessão testamentária, de acordo com o artigo 2041.º do CC, gozam de direito de


representação os descendentes daquele que faleceu antes do autor da sucessão e também
daquele que repudiou a herança ou legado. Já se existir uma situação de incapacidade
sucessória (por indignidade), os descendentes do indigno não beneficiam do direito de
representação. O n.º 2 do artigo 2041.º enuncia os casos em que não haverá direito de
representação na sucessão testamentária.

O direito de representação funciona por estirpes e os representantes ocupam o lugar do


representado. Por exemplo, se A tiver dois filhos B e C e se C repudiar a herança de A e
tiver 3 filhos, a herança irá ser dividida em 2 partes, cabendo aos 3 filhos de C aquilo a
que este teria direito.

Pressupostos da vocação sucessória


Palavras-chave: capacidade sucessória; deserdação; direito de
suceder; indignidade; vocação;
 TEXTO

No direito português, para que alguém adquira bens por via sucessória (heranças ou
legados) tem, como regra geral, de ser previamente chamado para dizer se pretende ou
não aceitar a sucessão, só existindo um caso em que a aquisição da qualidade de
herdeiro se processa sem necessidade de aceitação: é o caso em que o Estado concorre
como herdeiro legítimo, na falta de outros herdeiros.

A vocação ou chamamento é assim a atribuição do direito de suceder (também


designado de ius delationis) que é precisamente o direito de aceitar ou repudiar uma
herança ou legado.

Existem três pressupostos da vocação, a saber, a existência do chamado, a titularidade


da designação prevalente e a capacidade sucessória.

A existência do chamado significa que o sucessível deve sobreviver ao autor da


sucessão e deve ter personalidade jurídica. Isto significa que, apesar de ser possível
fazer testamentos a favor de nascituros e mesmo de conceturos, o direito de suceder só
será atribuído se e quando ocorrer o nascimento e a consequente aquisição de
personalidade jurídica.

A titularidade da designação prevalente quer dizer que não são chamados


simultaneamente todos os herdeiros, mas apenas os prioritários: por exemplo, se alguém
tiver filhos e netos, chamam-se apenas os filhos.

A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito das Sucessões, que podemos
definir como a idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória. Portanto, é
um conceito que nada se relaciona com a noção de capacidade jurídica que conhecemos:
não se trata de uma incapacidade natural, pelo que aqueles que sofrem de incapacidade
de exercício, como os menores, não carecem de capacidade sucessória. Por outro lado, é
sempre um conceito relativo, já que se reporta sempre à sucessão de uma pessoa
determinada. Ninguém é incapaz de suceder a toda a gente: é necessário avaliar a
capacidade em relação a uma determinada sucessão. A regra é a da capacidade: serão
incapazes de suceder apenas aqueles que forem declarados indignos ou que forem
deserdados.

Indignidade sucessória
Palavras-chave: capacidade sucessória; deserdação; direito de
suceder; indignidade; vocação sucessória;
 TEXTO

A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito das Sucessões, que podemos
definir como a idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória, ou seja, para
que seja atribuído o direito de aceitar ou repudiar uma herança ou legado. A regra é a da
capacidade: serão incapazes de suceder apenas aqueles que forem declarados indignos
ou que forem deserdados.

A deserdação é um instituto específico dos herdeiros legitimários (cônjuge,


descendentes e ascendentes) previsto nos artigos 2166.º e 2167.º do Código Civil.

Não há coincidência entre as causas de indignidade e as causas de deserdação, existindo


causas específicas da indignidade e causas específicas da deserdação. Em geral, as
causas de deserdação são muito mais amplas do que as causas de indignidade, sendo, tal
como estas, taxativas.

Enquanto que a indignidade deve ser declarada pelo tribunal, a deserdação é feita pelo
próprio autor da sucessão, através de testamento.

Apesar de a letra da lei mencionar que o sucessível legitimário é privado da legítima, ao


ser deserdado, o sucessível legitimário não fica apenas privado da legítima ou quota
indisponível, mas de toda a sucessão, não podendo suceder.

Sendo o deserdado equiparado ao indigno, tal significa que perde a capacidade


sucessória mas que poderá vir a ser reabilitado, de forma expressa ou tácita. A
reabilitação será expressa quando o autor da sucessão, depois de ter feita a deserdação,
declarar, através de testamento ou escritura pública, que, apesar disso, quer que o
sucessível lhe suceda. Haverá reabilitação tácita se, nas mesmas circunstâncias, o autor
da sucessão fizer testamento contemplando aquele que tinha sido anteriormente
deserdado, e que terá apenas direito a receber a deixa testamentária.

A lei prevê a possibilidade de impugnação da deserdação, estabelecendo que a mesma


deve ser feita através de uma ação judicial, proposta no prazo de 2 anos a contar da
abertura da sucessão, em que o herdeiro legitimário procura demonstrar que não ocorreu
a causa de deserdação invocada no testamento e que deve corresponder a uma das
causas previstas na lei. Já nos casos em que o autor da sucessão declara que deserda mas
não invoca qualquer fundamento para tal ou invoca uma causa não prevista por lei,
devemos considerar a deserdação inexistente, não havendo neste caso necessidade de
impugnação da mesma.

Legado em substituição da legítima


Palavras-chave: herdeiros legitimários; legado; legado por conta da
legítima; legítima; sucessão legitimária;
 TEXTO
O legado em substituição da legítima é uma das formas de efetivação do direito à
legítima, ou seja, àquela quota de que os herdeiros legitimários (cônjuge, descendentes e
ascendentes) não podem ser privados por vontade do autor da sucessão sendo, por isso,
designada de quota indisponível.

Neste legado, previsto e regulado no artigo 2165.º do Código Civil (CC), o autor da
sucessão faz testamento dando ao herdeiro legitimário uma alternativa: ou escolhe o
legado ou a legítima. Por exemplo, A faz testamento deixando ao seu filho B um imóvel
em Lisboa em substituição da sua legítima. De acordo com a lei, B não é obrigado a
aceitar este legado, podendo pretender outros bens da herança. Todavia, se for
notificado para dizer se aceita ou repudia e nada disser, a lei considera aceite o legado.
Se o sucessível aceitar o legado, deixa de ter direito à legítima, o que significa que se o
legado for de valor inferior à legítima, não terá direito à diferença.

Não há unanimidade na doutrina relativamente à posição do legatário em substituição da


legítima face à sucessão legítima (quota disponível). Há quem defenda que este
legatário não poderá concorrer como herdeiro legítimo, o que significa que apenas terá
direito ao legado e nada mais. Pelo contrário, certos autores sustentam que a alternativa
que é dada ao sucessível só se prende com a legítima, podendo o mesmo escolher entre
a legítima e o legado, mas que isso não lhe retira a qualidade de herdeiro legítimo,
podendo concorrer no âmbito da quota disponível tal como os demais herdeiros
legitimários. Para esta corrente doutrinária, se o legado for de valor superior ao da
legítima, ao contrário do que se verifica no legado por conta da legítima, não se vai
procurar fazer igualação porque aqui há um risco que o sucessível corre: quando o
legado é de valor inferior, ele perde o direito a essa diferença; quando o legado é
superior, deve haver um benefício. Assim, supondo que A tinha dois filhos B e C e faz
um legado em substituição da legítima a C que excede a legítima deste em 10, havendo
ainda 20 na quota disponível, esses 20 seriam divididos em partes iguais por B e C, o
que significa que C acaba por receber mais 10 do que o seu irmão, tendo esses 10 a
natureza de pré-legado (cf. artigo 2264.º do CC).

Legado por conta da legítima


Palavras-chave: colação; herdeiros; herdeiros legitimários; legado; legítima; sucessão
legitimária;
 TEXTO

O legado por conta da legítima é uma das formas de efetivação do direito à legítima, ou
seja, àquela quota de que os herdeiros legitimários (cônjuge, descendentes e
ascendentes) não podem ser privados por vontade do autor da sucessão, sendo, por isso,
designada de quota indisponível.

Neste legado, previsto e regulado na parte final do artigo 2163.º do Código Civil (CC),
o autor da sucessão faz testamento dizendo que pretende que certos bens sirvam para
preencher a legítima do herdeiro legitimário. Por exemplo, A faz testamento e diz que
deixa ao seu filho B um imóvel em Lisboa para perfazer a sua legítima. De acordo com
a lei, B não é obrigado a aceitar este legado, podendo pretender outros bens da herança.
Todavia, se aceitar o legado, não deixando de ser herdeiro legitimário, tem direito a
ficar com aquele bem determinado que lhe é deixado em testamento. Fala-se neste caso
da figura da herança ex re certa, ou seja, de coisa certa, em que alguém tem
simultaneamente a qualidade de legatário e de herdeiro.

Se um legado por conta da legítima for de valor inferior à legítima do herdeiro que é
contemplado com o legado, este poderá sempre reclamar a diferença uma vez que não
perde a qualidade de herdeiro legitimário.

Se, ao invés, o valor do legado exceder a legítima, não há unanimidade na doutrina


relativamente ao tratamento a dar a esse excesso. Há quem defenda que este excesso é
um pré-legado, ou seja, que é um legado que o herdeiro recebe para além da sua quota
(cf. artigo 2264.º do CC). Vamos supor que A tem dois filhos, B e C e que fez um
legado por quota da legítima ao filho C. Supondo que o legado excede a legítima em 10
e que ainda há 20 para distribuir pelos herdeiros, daríamos 10 a B e 10 a C, o que
significa que C recebe, no total, mais 10 que B. Mas outra parte da doutrina sustenta
que, quando alguém faz um legado por conta da legítima, não pretende beneficiar o
herdeiro mas apenas indicar os bens que devem servir para preencher a sua quota. Por
outro lado, é muito difícil para o autor da sucessão conseguir um bem de valor
exatamente igual ao valor da legítima. Assim, do mesmo modo que quando o valor é
inferior o herdeiro tem direito à diferença, quando o valor é superior ele não deve ficar
beneficiado. Nesta medida, esta corrente doutrinária propõe que se tentem igualar os
herdeiros, de modo idêntico ao que se verifica com as doações em vida sujeitas a
colação. Tal significa que, na hipótese supra, os 20 livres seriam distribuídos da
seguinte forma: 5 para C e 15 para B, conseguindo-se assim uma igualação absoluta
entre os dois herdeiros, igualação que, contudo, nem sempre é possível.

A vantagem de se fazerem legados por conta da legítima é evitar quezílias e


desentendimentos que frequentemente surgem aquando das partilhas: se o autor da
sucessão distribuir o seu património em legados e os herdeiros os aceitarem, muitas das
dificuldades que surgem aquando das partilhas são evitadas.

Presunção de comoriência
Palavras-chave: direito de suceder; pressupostos da vocação; presunção de
comoriência; sobrevivência; vocação;
 TEXTO

No direito português, para que alguém adquira bens por via sucessória (heranças ou
legados) tem, como regra geral, de ser previamente chamado para dizer se pretende ou
não aceitar a sucessão, só existindo um caso em que a aquisição da qualidade de
herdeiro se processa sem necessidade de aceitação: é o caso em que o Estado concorre
como herdeiro legítimo, na falta de outros herdeiros.

A vocação ou chamamento é assim a atribuição do direito de suceder (também


designado de ius delationis) que é precisamente o direito de aceitar ou repudiar uma
herança ou legado.

Existem três pressupostos da vocação, a saber, a existência do chamado, a titularidade


da designação prevalente e a capacidade sucessória.

A existência do chamado significa que o sucessível deve sobreviver ao autor da


sucessão, devendo existir provas dessa sobrevivência.

Considera-se que não sobrevive ao autor da sucessão aquele que falece sem que haja
evidências de que morreu depois deste, ou seja, no direito português há uma presunção
de comoriência ou de não sobrevivência, consagrada no artigo 68.º, n.º 2 do Código
Civil. Assim, em caso de dúvida, presume-se que o sucessível não sobreviveu ao autor
da sucessão. É o que acontece, nomeadamente, em caso de acidentes de viação em que,
quando o socorro chega ao local encontra pai e filho mortos: nem o pai sucede ao filho,
nem o filho sucede ao pai.

Diferente da presunção de comoriência é a situação referida no n.º 3 do mesmo artigo.


Neste caso, apesar de não se encontrar o cadáver, a pessoa tem-se por falecida se o
desaparecimento se tiver dado em circunstâncias em que não é possível a sobrevivência.
Será, por exemplo, o caso de um avião explodir em pleno voo e em que podemos
afirmar, sem margem para dúvidas, que todos os passageiros faleceram mesmo que não
seja possível encontrar vestígios físicos desta ocorrência.
Indignidade sucessória
Palavras-chave: capacidade sucessória; direito de suceder; indignidade; vocação
sucessória;
 TEXTO

A capacidade sucessória é uma noção típica do Direito das Sucessões, que podemos
definir como a idoneidade para ser destinatário de uma vocação sucessória, ou seja, para
que seja atribuído o direito de aceitar ou repudiar uma herança ou legado. A regra é a da
capacidade: serão incapazes de suceder apenas aqueles que forem declarados indignos
ou que forem deserdados.

A indignidade está prevista nos artigos 2034.º e ss do Código Civil (CC).

O artigo 2034.º prevê as causas de indignidade, que têm um caráter taxativo, não
podendo ser aplicadas por analogia. Estão em causa:

a) Atos praticados contra a vida do autor da sucessão e certos familiares próximos;

b) Atos praticados contra a honra das mesmas pessoas;

c) Atos praticados contra a liberdade de testar;

d) Atos praticados contra o próprio testamento.

Apesar de se tratar de uma questão que tem suscitado divergências doutrinárias, parece
resultar da lei que a indignidade não funciona automaticamente, carecendo de ser
declarada pelo tribunal e estando fixado um prazo, em regra dois anos após a morte do
autor da sucessão, para ser intentada em tribunal a correspondente ação. Quando à
legitimidade para propor a ação, não está expressamente prevista na lei mas crê-se que,
durante a vida do autor da sucessão, só ele terá legitimidade. Depois da abertura da
sucessão, tal legitimidade caberá a todos aqueles que beneficiarem com o afastamento
do sucessível, estando o Ministério Público obrigado a propor tal ação sempre que seja
o Estado a beneficiar com o afastamento (cf. artigo 2036.º do CC).

Por último, cabe referir o instituto da reabilitação, previsto no artigo 2038.º do CC, e
que pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o autor da sucessão, conhecendo
a causa de indignidade, declarar, através de testamento ou escritura pública, que, apesar
disso, quer que o sucessível lhe suceda. Será tácita se, nas mesmas circunstâncias, o
autor da sucessão fizer testamento contemplando aquele que incorreu em causa de
indignidade. Ao contrário da reabilitação expressa, a reabilitação tácita não impede uma
posterior declaração de indignidade, tendo o indigno apenas direito a receber a deixa
feita em testamento.

Herdeiro
Palavras-chave: herança; herdeiro; legatário;
 TEXTO

O artigo 2030.º do Código Civil (CC) determina que os sucessores se dividem em duas
espécies: ou são herdeiros ou são legatários.

Diz o seu n.º 2 que herdeiro será aquele que sucede na totalidade ou numa quota do
património do falecido. Se A faz testamento e deixa todos os seus bens a B, B será
herdeiro. Do mesmo modo se A deixa por morte 1% dos seus bens a B, B será também
herdeiro.

Uma questão colocada pela doutrina é a de saber se a quota do herdeiro pode ou não ser
preenchida com bens determinados, ou seja, pode o autor da sucessão dizer “Deixo 1/3
dos meus bens, mas quero que esse 1/3 seja preenchido com a minha casa de férias”?

A doutrina maioritária aceita esta figura, denominada de herança ex re certa (de coisa
certa) ou legado por conta da quota. Neste caso, o herdeiro, se aceitar, é obrigado a ficar
com aquele bem determinado que lhe foi atribuído pelo autor da sucessão mas pode
exigir outros bens se forem necessários para perfazer a sua quota.

O n.º 3 do artigo 20130.º completa a definição do n.º 2 e esclarece que será também
herdeiro o que sucede no remanescente dos bens do falecido. Assim acontecerá se, por
exemplo, A fizer testamento em que diz que deixa a sua casa de Lisboa a B e o restante
da sua herança a C. Neste caso, C será também herdeiro.

Uma ideia a reter é a que não se é herdeiro por se receber muito e legatário por se
receber pouco. O estatuto de herdeiro ou de legatário não tem a ver com a quantidade de
bens recebidos. Muitas vezes o legatário até tem uma posição muito mais vantajosa
patrimonialmente do que os herdeiros.

Pode também acontecer que não haja herdeiros e que uma herança seja integralmente
distribuída em legados.

Por último, de referir que o testador não pode qualificar uma deixa que de acordo com a
lei é herança como legado nem vice-versa mas já poderá associar parte do regime do
herdeiro a um legatário e vice-versa, desde que não contrarie disposições legais
imperativas.

Direito de suceder
Palavras-chave: aceitação; chamamento; repúdio; transmissão por morte; vocação;
 TEXTO

O direito de suceder, também chamado ius delationis, é o direito de aceitar ou repudiar


uma herança ou legado.

Em regra, este direito é atribuído aos sucessíveis que reúnem os pressupostos da


vocação sucessória no momento da abertura da sucessão, ou seja, no momento em que
falece o seu autor, mas há casos em que só mais tarde é possível conceder tal direito: é o
caso de deixas a nascituros, em que é necessário esperar pelo seu nascimento completo
e com vida, ou das deixas em fideicomisso, em que o fideicomissário só é chamado no
momento da morte do fiduciário.

O direito de suceder caracteriza-se por ser um direito potestativo, ou seja, quem tem este
direito pode exercê-lo ficando todos os demais sujeitos obrigados a aceitar o que for
decidido pelo seu titular.

É também um direito originário, isto é, não existia na esfera jurídica do falecido, sendo
atribuído directamente aos sucessíveis.

Por último, trata-se de um direito de carácter instrumental, ou seja, destina-se a permitir


a aquisição dos bens deixados pelo autor da sucessão. Deste carácter instrumental
resulta a impossibilidade de transmissão voluntária: não é possível vender este direito já
que, com esta venda, haveria uma aceitação e aquilo que seria vendido seria já a própria
herança ou o legado. Pelo contrário, já será possível a transmissão por morte do direito
de suceder. Esta situação, prevista no artigo 2058.º do Código Civil, pressupõe que o
sucessível sobrevive ao autor da sucessão mas, por sua vez, morre sem ter aceitado ou
repudiado a herança. Neste caso, o direito de suceder vai ser transmitido aos herdeiros
do sucessível que não chegou a aceitar ou repudiar a herança. Exemplificando, A morre
em janeiro de 2019 deixando três filhos, B, C e D. B morre em fevereiro de 2019 sem
ter exercido o seu direito de aceitar ou repudiar, deixando como herdeira a sua mulher
E. Se E aceitar a herança de B, adquire também o direito de suceder a A, podendo
aceitar ou repudiar tal herança. Em conclusão, para haver transmissão do direito de
suceder é necessário que o transmitente sobreviva ao primitivo autor da sucessão e
morra subsequentemente sem ter aceitado ou repudiado. Quem beneficia da transmissão
são os herdeiros (ao invés do direito de representação que apenas beneficia
descendentes) pelo que esta ocorrerá sempre, em último caso, beneficiando da mesma o
Estado, enquanto herdeiro legítimo.

Pré-legado
Palavras-chave: herança; legado; legado em substituição da legítima; legado por conta
da legítima;
 TEXTO

O pré-legado é um legado que é atribuído a um herdeiro para além da sua quota e está
previsto no artigo 2264.º do Código Civil.

O autor da sucessão pode fazer testamento deixando por hipótese metade da sua herança
ao seu amigo B, acrescentando que quer que este receba também o seu automóvel. Ao
contrário do legado por conta da quota, também designado herança ex re certa (de coisa
certa), em que o legado é feito para preencher a quota, o pré-legado vai acrescer à quota
recebida a título de herança. Como qualquer legado, o pré-legado deve ser pago antes de
serem satisfeitas as deixas a título de herança.

Quando alguém faz testamento a favor de um herdeiro legitimário (são herdeiros


legitimários o cônjuge, os descendentes e os ascendentes) deve presumir-se que se trata
de um pré-legado, ou seja, que o autor da sucessão pretende avantajar esse herdeiro face
aos demais. Assim, se A, que tem 3 filhos (B, C e D) deixa em testamento ao filho B um
quadro valioso, sem indicar se se trata de um legado por conta da legítima ou de um
legado em substituição da legítima, devemos considerar que foi sua intenção que o filho
B recebesse mais do que os demais herdeiros pelo que essa deixa testamentária deve ser
imputada na quota disponível, tendo a natureza de pré-legado.

Também nos casos em que é feito um legado por conta da legítima poderá existir um
pré-legado relativamente à parte que excede a legítima. Certos autores sustentam que o
valor do legado que excede a legítima deve ser considerado um pré-legado. Ao invés,
para outra parte da doutrina, só haveria pré-legado se o valor do legado por conta
excedesse não só a legítima mas toda a quota hereditária, ou seja, aquilo a que um
herdeiro legitimário tem direito quer na quota indisponível, quer na quota disponível.
Vamos supor que A tem dois filhos, B e C e que fez um legado por quota da legítima ao
filho C. Supondo que o legado excede a legítima em 20 e que ainda há 10 para distribuir
pelos 2 filhos, mesmo que dessemos esses 10 a B, C receberia, no total, mais 5 que B,
pelo que esses 5 valeriam como pré-legado.

Relativamente ao legado em substituição da legítima que excede o valor da legítima


também não há unanimidade na doutrina, havendo quem sustente que tal excesso tem o
valor de pré-legado porque o legatário ainda irá ser chamado como herdeiro legítimo e
quem defenda que o legatário já nada mais recebe a título de herança.

Legatário
Palavras-chave: herança; herdeiro; legado em substituição da legítima; legado por
conta da legítima; sucessores;
 TEXTO

O artigo 2030.º do Código Civil (CC) determina que os sucessores se dividem em duas
espécies: ou são herdeiros ou são legatários.

Diz o seu n.º 2 que legatário será aquele que sucede em bens ou valores determinados.
Assim, se A faz testamento e deixa a B o seu automóvel, B será legatário. Do mesmo
modo, se os bens forem determináveis, isto é, se A deixar a B os seus bens sitos em
Lisboa, B será também legatário.

O n.º 4 do artigo 2030.º determina que o usufrutuário é sempre legatário, quer se trate
do usufruto de um bem determinado, por ex., da quinta do Douro, quer se trate do
usufruto da totalidade ou de uma quota da herança.

É possível que a herança seja toda distribuída em legados, ou seja, que não haja
herdeiros. Neste caso, os legatários hão-de ter um regime idêntico ao dos herdeiros,
nomeadamente quanto à responsabilidade pelo pagamento das dívidas da herança (ver
artigo 2277.º do CC).

Existem casos específicos de legados feitos a herdeiros legitimários (cônjuge,


descendentes e ascendentes): o legado por conta da legítima e o legado em substituição
da legítima que têm em comum o facto de poderem ser repudiados pelo herdeiro, que
manterá o direito à sua quota indisponível.

O legado por conta da legítima está previsto no artigo 2163.º do CC e verifica-se


quando o autor da sucessão deixa bens a um herdeiro legitimário para perfazer a sua
quota indisponível ou legítima subjetiva. Por exemplo, A deixa ao filho B um
apartamento em Cascais para preencher a sua quota na herança. Supondo que o
apartamento vale 200.000 € e a quota 300.000€, se o filho aceitar o legado ainda terá
direito a receber mais 100.000€.

O legado em substituição da legítima está regulado no artigo 2165.º e, como a própria


designação indica, dá ao herdeiro a possibilidade de optar entre o legado e a quota
indisponível. Supondo que, no exemplo supra, o legado tinha a natureza de legado em
substituição da legítima, se o filho B aceitasse o legado, teria apenas direito ao
apartamento em Cascais, perdendo os 100.000€ de diferença.

Por último, de referir que o testador não pode qualificar uma deixa que de acordo com a
lei é herança como legado nem vice-versa.

Aceitação (da herança ou legado)


Palavras-chave: aceitação; herança; legado; repúdio; sucessão por morte;
 TEXTO

No direito português, para que alguém adquira bens por via sucessória (heranças ou
legados) é necessária a aceitação, que está regulada nos artigos 2050.º e ss do Código
Civil (CC), aplicáveis aos legados por força do artigo 2249.º do mesmo Código.

A aceitação é assim um negócio jurídico unilateral através do qual alguém manifesta a


sua vontade de se tornar herdeiro ou legatário, admitindo-se que o mesmo seja praticado
através de representante legal (para o caso de o herdeiro ou legatário ser menor) ou
voluntário.

Em regra, não é possível aceitar uma parte da herança e repudiar a outra parte (princípio
da indivisibilidade da vocação, consagrado no artigo 2054.º, n.º 2 do CC), mas há
exceções previstas no artigo 2055.º do CC (que admite que um herdeiro chamado por lei
e por testamento possa em certos casos aceitar a deixa testamentária e repudiar a
sucessão legal e vice-versa) e no artigo 2250.º (a propósito da posição do legatário a
quem tenha sido atribuído mais que um legado ou a propósito do herdeiro que seja ao
mesmo tempo legatário).

Também não é possível sujeitar a aceitação a uma condição, suspensiva ou resolutiva,


ou seja, não é possível alguém dizer que aceita só se os bens forem de valor superior às
dívidas.

A aceitação pode ser expressa ou tácita (artigo 2056.º), sendo expressa quando nalgum
documento escrito o sucessível chamado à herança declara aceitá-la ou assume o título
de herdeiro com a intenção de a adquirir. Será tácita quando alguém se comporta como
herdeiro, embora os simples atos de administração, como seja mandar fazer uma obra
urgente num bem da herança, não signifiquem aceitação.

A aceitação não pode ser anulada com base em erro, mas apenas em caso de dolo ou
coação (artigo 2060.º do CC).

Trata-se ainda de um negócio jurídico irrevogável (artigo 2061.º do CC).

Por último, de referir que há um prazo de 10 anos para o sucessível chamado à herança
decidir se quer aceitar ou repudiar (artigo 2059.º do CC), sem prejuízo de os demais
herdeiros poderem recorrer ao tribunal para que este notifique os sucessíveis para se
pronunciarem, presumindo-se que aceitam caso nada digam (artigo 2049.º do CC).

Repúdio (da herança ou legado)


Palavras-chave: aceitação; herança; legado; repúdio; sucessão por morte;
 TEXTO

No direito português, para que alguém adquira bens por via sucessória (heranças ou
legados) é necessária a aceitação, que está regulada nos artigos 2050.º e ss do Código
Civil (CC), aplicáveis aos legados por força do artigo 2249.º do mesmo Código.

Caso não se pretenda aceitar uma herança ou legado há assim que repudiar, sendo o
repúdio um negócio jurídico unilateral através do qual alguém manifesta a sua vontade
de não se tornar herdeiro ou legatário, admitindo-se que o mesmo seja praticado através
de representante legal (para o caso de o herdeiro ou legatário ser menor) ou voluntário.

Em regra, não é possível aceitar uma parte da herança e repudiar a outra parte (princípio
da indivisibilidade da vocação, consagrado no artigo 2054.º, n.º 2 do CC), mas há
exceções previstas no artigo 2055.º do CC (que admite que um herdeiro chamado por lei
e por testamento possa em certos casos aceitar a deixa testamentária e repudiar a
sucessão legal e vice-versa) e no artigo 2250.º (a propósito da posição do legatário a
quem tenha sido atribuído mais que um legado ou a propósito do herdeiro que seja ao
mesmo tempo legatário).

Também não é possível sujeitar o repúdio a uma condição, suspensiva ou resolutiva, ou


seja, não é possível alguém dizer que repudia só se as dívidas forem de valor superior
aos bens.

O repúdio é um ato formal e deve seguir a forma prevista para a alienação da herança
(artigo 2063.º do CC), o que nos remete para o artigo 2126.º do CC. Assim, exige-se
que o repúdio se formalize através de escritura pública ou por documento particular
autenticado se na herança existirem bens cuja alienação deva revestir essa forma, como
será o caso de bens imóveis. Fora desses casos, o repúdio deve revestir forma escrita.

O repúdio é irrevogável (artigo 2066.º do CC) e não pode ser anulado com base em erro,
mas apenas em caso de dolo ou coação (artigo 2065.º do CC).

Por último, de referir que há um prazo de 10 anos para o sucessível chamado à herança
decidir se quer aceitar ou repudiar (artigo 2059.º do CC), sem prejuízo de os demais
herdeiros poderem recorrer ao tribunal para que este notifique os sucessíveis para se
pronunciarem, presumindo-se que aceitam caso nada digam (artigo 2049.º do CC).

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