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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL GOIÂNIA
FACULDADE DE LETRAS
ESPECIALIZAÇÃO EM ESTUDOS LITERÁRIOS E ENSINO DE LITERATURA

Juliano Barreto Rodrigues

OFICINA ASSOMBRADA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA


Projeto de um workshop multimídia

Goiânia/GO
2020
Juliano Barreto Rodrigues

OFICINA ASSOMBRADA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA


Projeto de um workshop multimídia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de


Especialização em Estudos Literários e Ensino de Literatura, da
Faculdade de Letras, da Universidade Federal de Goiás, como
requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em
Estudos Literários e Ensino de Literatura.

Orientador(a): Profa. Dra. Deusa Castro Barros

Goiânia/GO
2020
Juliano Barreto Rodrigues

OFICINA ASSOMBRADA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA


Projeto de um workshop multimídia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Estudos


Literários e Ensino de Literatura, da Faculdade de Letras, da Universidade Federal de Goiás,
como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Estudos Literários e
Ensino de Literatura, avaliado pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes
professores:

__________________________________________
Profa. Dra. Deusa Castro Barros - IFG/UFG
Presidente da banca

__________________________________________
Prof. Dr. Jamesson Buarque de Souza - UFG
Membro interno

__________________________________________
Profa. Dra. Regina Marta de S. Crispim - IFG
Membro externo

Data de aprovação:____/_____/_____
Para Enzo e Yasmine, minhas inspirações.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 05
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 08
2.1 Breve história das oficinas ................................................................................ 08
2.2 Uma oficina diferente ........................................................................................ 09
2.2.1 Descrição da Oficina ...................................................................................... 10
2.3 Naturalizando a escrita ..................................................................................... 12
3 OBJETIVOS.......................................................................................................... 13
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 13
3.2 Objetivos específicos......................................................................................... 14
4 METODOLOGIA E CONTEÚDOS PREVISTOS................................................14
4.1 Roteiro das aulas .............................................................................................. 16
5 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS ...........................................................20
5.1. Recursos humanos .............................................................................................20
5.2. Recursos materiais .......................................................................................... 20
6 AVALIAÇÃO ......................................................................................................... 20
7 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................. 21
8 CRONOGRAMA .................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS DE VÍDEOS INDICADOS...........................................................24
ANEXO ....................................................................................................................26
OFICINA ASSOMBRADA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA

Projeto de um workshop multimídia

Resumo: A Oficina Assombrada de Criação Literária é um projeto de oficina de escrita ficcional


destinada a adultos, com a previsão de treze encontros presenciais e várias atividades online
(leituras, discussões, pesquisas, vídeos, filmes etc.) via tecnologia de smartphone, utilizando o
aplicativo Whatsapp para comunicação à distância. O núcleo da oficina consiste na referenciação de
textos de autores consagrados do passado e atuais como base para todas os estudos e atividades
propostos, a fim de alimentar a cultura literária dos participantes. A oficina será metaforicamente
“assombrada” pelos autores e obras referidos nas aulas. O layout é temático para privilegiar o apelo
à sensibilidade dos participantes e para tentar marcar mais profundamente e por mais tempo a
experiência em suas memórias. Pretende-se torná-los melhores leitores e escritores mais hábeis (e
corajosos), através da desmistificação da escrita e da autoria, dos exercícios de naturalização da
atividade, da hiperexposição, da criação de referências e de uma rede de apoio entre os participantes.

Palavras-chave: Criação Literária. Oficina de escrita. Multimídia.

1. INTRODUÇÃO

O senso comum afirma que “ler muito é a melhor forma de aprender a escrever
bem”. Embora seja discutível a infalibilidade da fórmula, porque nem todos os grandes
leitores se tornam bons escritores, é evidente que há também certa verdade na afirmação,
principalmente no que se refere aos ficcionistas, que embora tenham uma ampla margem de
liberdade criativa, ainda assim estão relativamente limitados pelas especificidades e regras
da sua arte ou ofício. Isso porque,

Sua liberdade criativa está adstrita às bordas do gênero escolhido, ao tesouro


técnico desse gênero, que representa valores literários vigentes, os quais, por sua
vez, são respostas ao contexto dos valores de mundo. Mas, aqui também, através
da concreção (em palavras escritas) do seu excedente de visão [...], há a tendência,
mais ou menos natural, de transgredir os limites do gênero, ampliando-o,
fazendo-o evoluir. (RODRIGUES, 2020, p. 2)

O excedente de visão” consiste na possibilidade de um sujeito ver mais de outro


sujeito do que este próprio pode ver, justamente por ser externo a ele, estar numa posição
exotópica que, no caso do autor, consiste na sua extra localização em relação ao outro,
sendo capaz, por exemplo, de escrever um poema de desilusão sem estar desiludido. É um
“Eu sendo Outro”, uma experiência vicária na qual abdica-se do próprio ponto de vista.
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Nisso consiste o “nó autoral”, a possibilidade de lidar com a diversidade de pontos de vista
de diferentes personagens.

Quem toma a escrita de ficção como ofício precisa conhecer o estado da arte (o
nível mais elevado alcançado por uma técnica, produto ou atividade no tempo) da atividade
e tomá-lo como parâmetro de realização (e, inclusive, de possível superação). Nesse sentido,
a leitura literária faz toda a diferença na formação do escritor de ficção. Mario Vargas Llosa
em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 2010, lembrou:

Não foi fácil escrever histórias. Ao lidar com as palavras, os projetos se


desvaneciam no papel e as ideias e imagens desfaleciam. Como reanimá-las?
Felizmente, aí estavam os mestres com quem pude aprender e seguir seu exemplo.
Flaubert me ensinou que o talento é disciplina rígida e muita paciência. Faulkner,
que é a forma (a escrita e a estrutura) o que engrandece e / ou empobrece os
temas. Martorell, Cervantes, Dickens, Balzac, Tolstoi, Conrad, Thomas Mann,
que o número e a ambição são tão importantes num romance quanto a habilidade
estilística e a estratégia narrativa. Sartre, que as palavras são ações e que um
romance, uma peça de teatro, um ensaio, comprometidos com a atualidade e com
as opções mais justas, podem mudar o rumo da história. Camus e Orwell, que
uma literatura desprovida de moral é desumana e Malraux, que o heroísmo e a
épica se encaixam no presente tanto como no tempo dos argonautas e da Ilíada e
da Odisseia. (LLOSA, 2010, p. 1).

Possibilitar referências selecionadas a pretensos escritores de ficção, em oficina


de escrita, é despertar para o tesouro técnico dos gêneros através do exemplo de autores que
marcaram a literatura e definiram seus limites em determinado momento histórico. É uma
forma de inspirar e ensinar pelo encantamento.
Ainda que, em sua maioria, a escolas da educação básica estimulam a leitura de
ficção, observa-se que nem elas nem as universidades ensinam a escrevê-la e, por esse
motivo, a formação do ficcionista é, preponderantemente, autodidata. É nesse contexto que
se insere a oficina de criação literária proposta no presente projeto. Tem a finalidade de
possibilitar a aprendizagem de técnicas de escrita para pessoas com objetivos mais ou
menos comuns, em ambientes de prática sistemática.
Há uma grande diversidade de modelos de oficina que propõem desenvolver as
habilidades de criação ficcional, alguns mais pragmáticas, como o modelo norte-americano,
outras mais críticas e teóricas, como a francesa e a espanhola. Os cursos online também
tendem para um desses vieses, embora não haja um padrão rígido a ser seguido.
No universo digital é possível encontrar conteúdos esparsos a respeito da escrita
literária os quais podem ser utilizados no processo de desenvolvimento da criatividade e
das técnicas de escrita. Assim, uma seleção acurada no universo virtual e a disponibilização
7

do resultado dessa pesquisa de maneira articulada pode ser um caminho promissor para
aulas de escrita ficcional eficientes e agradáveis. Além disso, as muitas possibilidades
tecnológicas propiciadas pela internet e facilmente utilizáveis em smartphones (como os
aplicativos e plataformas virtuais a exemplo do Whatsapp, YouTube, Facebook, blogs,
vlogs, e-mail etc.) apresentam-se como ferramentas e meios para que se estruture uma
oficina literária para adultos que mescle encontros presenciais e o uso das alternativas
digitais para se alcançar resultados da forma mais eficiente.
Nesse sentido, propõe-se no presente projeto um modelo de oficina de criação
literária multimidiática que mescle aulas expositivas e conteúdos online acessíveis por
smartphone, a fim de gerar um sistema de imersão que envolva os alunos em pequenas
atividades relacionadas ao curso ao longo do dia, sem que eles estejam fisicamente
presentes ou que precisem fazer atividades em horários fixos.
Há inúmeras dissertações e teses sobre oficinas literárias, acessíveis na internet.
Também existem muitas obras de referência. Nesse sentido, a principal obra que subsidiará
teoricamente o TCC será o livro Oficina de criação literária: um olhar de viés, de Lamas e
Hintz, no qual relatam o dia a dia de dois semestres de atividade na oficina de escrita mais
tradicional do Brasil, a de Luiz Antônio de Assis Brasil, realizada na PUC do Rio Grande
do Sul.
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2. JUSTIFICATIVA

Considerando a inspiração da pós-graduação, este TCC é uma proposta de


projeto de leitura e escrita para a formação de leitores e produtores de ficção literária em
espaço extraescolar, visando o letramento literário dos participantes de oficina de escrita no
sentido da formação do leitor/escritor de literatura. Nessa perspectiva, entende-se que os
alunos, e mais especificamente os textos por eles produzidos, serão protagonistas na
oficina.
A oficina se apoiará muito na utilização de tecnologias na educação, pois a
intenção é fazer do tempo entre os encontros presenciais um período de aprendizagem ativa
- inclusive mais intensa e dinâmica do que o momento presencial -, mediada pela
tecnologia da internet acessada por smartphone.
A intenção é sugerir filmes e vídeos curtos sobre temas como criatividade,
processo criativo, rotina de escritores, artes, crítica literária, escrita criativa, literatura etc.,
bem como leituras, visitas a sites, blogs e vlogs. Além disso, intenciona-se a criação ou
parceria com um blog para postagem dos textos escritos pelos oficineiros e a publicação de
uma antologia custeada coletivamente via site de crowdfunding.
A escolha por plataformas acessíveis via smartphone leva em conta que o uso
de um aparelho celular, com acesso à internet, será pré-requisito para o curso e isso se dá
por alguns motivos previamente analisados: 1) porque o celular está com seu portador o
tempo todo, onde quer que ele vá; 2) porque trata-se de uma tecnologia que a maioria das
pessoas domina; 3) permite a comunicação direta e gratuita em tempo real, via Whatsapp
ou outro aplicativo de troca de mensagens, seja individual ou coletivamente (através da
criação de um grupo).

2.1. Breve história das oficinas

As oficinas de criação literária surgiram nos Estados Unidos na década de 30,


mas floresceram após a Segunda Guerra Mundial: “tornou-se notório o Program in Creative
Writing iniciado pela Iowa University em 1936, sob a direção de Wilbur Schramm;
sucedido em 1941 por Paul Engle, que o regeu por vinte e cinco anos, o projeto ganhou a
feição que o notabilizou.” (ASSIS BRASIL, 2018, p. 1).
Atualmente, quase todas as universidades norte-americanas possuem programas
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de escrita criativa, caracterizadas por métodos de aplicação de exercícios que visam a


criação imediata. A Europa também é uma importantíssima referência: “Da França vêm os
ateliers d'écritures, iniciados nos finais dos anos 60 do século XX com Elisabeth Bing […].
Diferentemente das oficinas estadunidenses, as escolas francesas trabalham um aprendizado
mais profundo (e longo). Na Espanha encontramos várias oficinas (em espanhol talleres)
em funcionamento, destacando-se como bom exemplo, a Factoría de Alquimia Literaria”
(ASSIS BRASIL, 2018, p. 1).
Já na América Latina, tem relevância a Universidad de El Paso (México), que
criou um curso de Maestria en Creacion Literaria, bilíngüe, o qual mescla
conteúdos da Teoria Literária com exercícios de produção de textos. Grupo
bastante atuante na cidade do México é El Libro de los Gatos, dedicado a
organizar e promover talleres e cursos. São bem reputadas as oficinas cubanas,
com sua imensa dispersão envolvendo sindicatos e associações. Já a Casa de la
Cultura Ecuatoriana é uma instituição articulada nacionalmente, com sede em
Quito e com vinte e dois núcleos regionais, e que promove feiras de livros e
talleres literarios. Da Argentina vem uma atividade interessante: trata-se do Taller
Interactivo de Excritura - via correio eletrônico -, coordenado por Laura Calvo;
originada na Revista de Criação Literária En el camino, está aberta à colaboração
aberta ao público, que, remetendo suas produções, recebe avaliação criteriosa.
Ainda da Argentina vem o taller de Ángel Leiva e os ministrados pelos
conhecidos escritores Mempo Giardinelli [Luna caliente], Ricardo Piglia [O
laboratório do escritor] e pelo professor Nicolás Bratosevich. Nosso vizinho
Uruguai também promove vários talleres, [...]. No Paraguai encontramos Augusto
Roa Bastos [Yo, el Supremo] como responsável por diversos talleres itinerantes,
que ministra desde que voltou para seu país. (ASSIS BRASIL, 2018, p. 1).

Conforme ASSIS BRASIL (2018), no Brasil, as primeiras apareceram nos anos


60. Cyro dos Anjos iniciou, em 1962, na Universidade de Brasília, o ciclo nacional de
oficinas literárias. Em 1966, Judith Grossmann teve iniciativa semelhante na Universidade
Federal da Bahia. O Rio de Janeiro sediou, em 1975 a oficina de Silviano Santiago e
Affonso Romano de Sant'Anna, que teve grande repercussão.
As oficinas brasileiras seguem o modelo prático norte-americano ou são
híbridas, incluindo, aos exercícios e modelos, reflexões de Teoria Literária (mais
características do modelo francês). Em 1985 surge, na Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul o curso de extensão Oficina de Criação Literária (a cargo do professor e
escritor Luiz Antônio de Assis Brasil), embrião do que viria a se tornar o pioneiro programa
brasileiro de pós-graduação stricto sensu na área.

2.2. Uma oficina diferente

Propõe-se, nesse projeto, a realização de uma oficina de escrita criativa que se


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desenvolva em uma atmosfera diferente e com a utilização de mídias acessíveis por


smartphone. Serão integrados aulas expositivas e realização de exercícios que priorizem
experiências sensíveis em torno na Literatura e atividades em meio virtual, com a utilização
de vídeos, áudios, links e hiperlinks, mensagens via Whatsapp etc.
Os encontros virtuais também terão um apelo à inspiração baseada na
memorabilia de autores de diversas épocas, trazendo citações, dicas, temas, questões e
curiosidades das biografias dos autores, deliberadamente chamados de “fantasmas”, que
influenciaram e continuam influenciando gerações - o que justifica a palavra "Assombrada"
no título da oficina de criação literária. A leitura desses autores, a indicação de vídeos e
filmes sobre eles, além de contribuir na abordagem de conteúdos da oficina, certamente
aumentará o conhecimento histórico-literário e a cultura geral dos participantes.

2.2.1. Descrição da Oficina

Brincando com o nome da oficina e fortalecendo seu efeito dramático serão


adotados dois ícones representativos:
1) o Corvo, animal de filmes de terror, como mascote, representativo do poema homônimo,
de Allan Poe, como se observa na imagem a seguir.

Imagem 1 – Allan Poe e o Corvo

2) o Homúnculo Sensório-Motor, ou Homúnculo de Penfield, que lembra um boneco


deformado de Voodoo que, priorizando a representação psico-neuro-anatômica humana a
partir da correspondência neurológica dos órgãos sensíveis no córtex cerebral, mostra de
forma ampliada como o ser humano percebe o mundo sob o viés das sensações.
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Imagem 2- Homúnculo de Penfield

Em literatura, conforme Ronald Peacock (2011), a representação das coisas dá-


se por evocação, porque só as “vemos” por meio das palavras. Então, cabe ao autor
sugerir/construir, valendo-se exclusivamente da linguagem e do poder de imaginação do
leitor, ambientes, cenas, etc., com cheiros, temperaturas, atmosferas, sabores, cores,
texturas e tudo o mais que pretenda para conseguir a imagem que pretende e, mais ainda, o
efeito que deseja.
A figura do Homúnculo será, na Oficina, uma metáfora desse conceito,
chamando a atenção do escritor sobre a necessidade de escolher palavras que evoquem a
representação de coisas concretas, estimuladoras dos sentidos (ainda que sejam, no caso,
apenas imaginadas).
A Oficina se dará no formato mesa-redonda e, no centro haverá um adesivo (ou
um banner pendurado em cavalete ao lado do cenário) de um tabuleiro Ouija, oráculo de
comunicação com os espíritos. É apenas mais um elemento para inspirar a ideia de que a
Oficina trará as mensagens, influências e ensinamentos de alguns dos maiores escritores de
todos os tempos.

Imagem 3 – Tabuleiro Ouija


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Composto o cenário, com a intenção explícita de gerar inquietação, curiosidade,


talvez até receio – estratégia chamariz para a Oficina e, mais que isso, um recurso didático
para envolver os alunos, ativando, de antemão, sua imaginação – o que vem a seguir será
como nas oficinas tradicionais presenciais, acrescido de atividades online, via smartphone.
Em todos os encontros será estimulada a confraternização, nos intervalos, em
torno de petiscos, a serem levados pelos participantes (conforme combinação anterior a
cada reunião, via Whatsapp), provocando a interação, estimulando a desinibição e
fortalecendo o sentimento de grupo e pertencimento em cada um. Daí se depreende que o
tempo efetivo de atividade nos encontros será curto.

2.3. Naturalizando a escrita

Em seu site Ficção em Tópicos, SCHUTT (2018) relata a primeira lição de


uma masterclass 1 para atores realizada atriz britânica Helen Mirren: há uma cadeira no
centro de um palco e Helen Mirren caminha até ela e se senta. Em seguida, afirma que uma
das coisas mais difíceis de se fazer como ator é caminhar como você mesmo, naturalmente,
sendo observado por quem está assistindo. Partindo dessa ilustração, Schutt defende que,
em comparação, também é difícil para o escritor iniciante escrever naturalmente, sem
parecer artificial, principalmente levando em conta que ele está armado de inúmeras
técnicas que estudou e do efeito dos vários autores que leu. Isso tem a ver com aquele
“encontro da própria voz”, ou seja, com a identificação do próprio estilo de escrita, com o
qual se expressa da forma mais confortável e eficaz para o fim que se propõe.
Quanto à experiência de caminhar naturalmente até a cadeira, a atriz Helen
MIrren afirma que “A única maneira de fazer isso é, simplesmente, na minha cabeça, ter a
intenção de caminhar até a cadeira. Essa é sua única intenção. Você apenas pensa eu tenho
que chegar até essa cadeira e tenho que me sentar” (SCHUTT, 2018, pág.1). Não há
técnicas para isso parecer natural, isso deve ser natural, pois, se apenas parecer natural já
está artificial. Essa afirmação também pode ser aplicada aos escritores em relação ao que
escrevem: é preciso que entrem na “verdade” das suas personagens, na “verdade” do
enredo, sem tentarem se exibir para parecer inteligentes e profundos, pois isso estraga o
texto.

1 Cf.: <https://www.masterclass.com/classes/helen-mirren-teaches-acting>
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Portanto, pretende-se, nesta oficina literária, promover o processo de


naturalização dos alunos com o próprio texto e principalmente com a própria escrita,
primeiramente através da superexposição, incentivando-os a ler em voz alta, para o grupo
todo, os textos que produzirem para cada encontro. Uma outra atividade que contribuirá
com esse processo é a escrita do “fluxo de consciência”, um exercício lúdico, presencial e
cronometrado de escrita para liberar a mente e a própria experiência narrativa dos freios
lógicos, das regras de linearidade (começo, meio e fim), da normatividade (pontuação,
gramática, maiúsculas e minúsculas, concordância, parágrafos etc.).
Perto do último encontro será organizada, de surpresa, uma Jam session
literária, chamada “Me dê um ponto que te dou um conto” em que um computador estará
ligado a um projetor e, um a um, os alunos serão estimulados a se sentarem e produzirem
ali, com todos observando, um parágrafo ou pequeno texto do que quer que seja (poema,
confissão, microconto etc.), sobre um tema sugerido individualmente.
É a hora de “caminhar na frente de todo mundo, com todos observando”, para
citar a experiência descrito no início deste tópico. Obviamente é uma experiência
desconcertante e desconfortável, mas que se bem justificada, ampliará os horizontes dos
alunos para a desmistificação do processo de escrita (em que se erra gramática, procura-se
sinônimos de palavras na internet, trava-se, apaga-se, pesquisa-se na internet, reescreve-se
etc.) e para a necessidade de expor seus textos – sem medo de julgamento, sem
autodepreciação, sem apego excessivo – e “deixá-los ir”, sem se preocupar com como serão
lidos. Até porque, cada leitor tem uma leitura conforme sua bagagem cultural e o escritor,
após fazer o seu melhor, deve deixar que o seu texto fale a cada um conforme o
entendimento desse cada um. É preciso estar preparado para frustrações, recompensas e até
para o silêncio.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Desenvolver ações que estimulem a criação literária e causem impressões e


efeitos duradouros na memória dos participantes, tanto por meio das leituras de trechos de
obras literárias consagrados, quanto da ambientação de uma atmosfera que estimule os
sentidos e a sensibilidade a fim de potencializar a escrita e a cultura literária dos
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participantes.

3.2. Objetivos específicos

- Apresentar diversas referências literárias aos participantes, a fim de


oportunizar parâmetros de comparação e crítica que tornem suas produções autorais mais
bem construídas;

- Desmistificar a figura do autor por meio das discussões entre arte e ofício,
inspiração e produção diária e pelo acesso a biografias de alguns autores.

- Naturalizar a escrita por meio de exercícios de desbloqueio

- Refletir sobre medo do julgamento do outro e de si mesmo, bem como a


obsessão do perfeccionismo paralisante

- Proporcionar um espaço no qual os participantes leiam seus textos semanais


para a turma e se sujeitem a comentários moderados pelo oficineiro;

- Apresentar o processo de criação acontecendo em tempo real (Jam literária, ao


estilo das chamadas Jam de escritura ou de improvisación en vivo realizadas em Córdoba,
Barcelona etc.) por meio de improvisação de escrita ao vivo, para que os participantes
observem as pausas do escritor, a busca de referências e sinônimos na internet, a reescritura,
os descartes e revisões no processo de criação literária;

- Estimular os alunos a publicarem seus textos autorais via blog coletivo e


Whatsapp.

- Sugerir que os participantes criem e administrem um clube de leitura e filmes


relativos à literatura, para aprofundar e dar continuidade aos estudos e ao próprio grupo
formado na oficina.

4. METODOLOGIA E CONTEÚDOS PREVISTOS

A oficina de escrita criativa de textos ficcionais será desenvolvida por meio de


13 encontros presenciais (com duração de 1 hora e trinta minutos cada um) e interações à
distância com recursos multimídia. Serão disponibilizadas 20 vagas para participantes.
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Antes do primeiro encontro, os participantes serão incluídos em um grupo do


Whatsapp e estimulados a elaborarem um texto para a primeira aula. Trata-se de um texto
com sucintas referências biográficas sobre suas experiências de leitura e escrita. Desde o
primeiro encontro, as aulas serão iniciadas com a leitura dos textos produzidos pelos
participantes e moderados pelo oficineiro. Esta etapa de cada aula deverá durar, no máximo,
30 minutos.

Na etapa seguinte, que deve durar 20 minutos, serão apresentados, em cada


encontro, conteúdos do Manual de Escrita Criativa (Nível 1) do professor da PUC-RS
Charles Kiefer (2011), disponibilizado em PDF para os alunos. Assim, diluídos nos
encontros serão discutidos os conteúdos: personagem (o que é personagem, ficha de
personagem, exercício de construção de personagem); enredo, teoria do narrador (modelo
simplificado), o ponto de vista em ficção (Norman Friedman), o que é o enredo, exercícios
de invenção de plots, exercício de pasticho, transformando notícia de jornal em literatura, a
fábula e a trama, a cena e o sumário; como avaliar uma história de ficção, níveis de leitura,
a “má literatura”, ficha de avaliação.

O intervalo para lanche (preferencialmente organizado pelos alunos, com cada


um trazendo algum alimento) também será considerado uma fase de interação e troca livre
de ideias, ideal para integração do grupo e estabelecimentos de afinidades. Deverá durar 20
minutos.

Na última fase de cada encontro presencial, nos 20 minutos restantes, serão


brevemente discutidas as atividades realizadas à distância, como as leituras de partes de
obras de autores de ficção propostas na aula anterior e no grupo do Whatsapp, o
compartilhamento de vídeos curtos disponíveis no YouTube como resenhas de livros,
entrevistas com autores, tópicos sobre elementos da narrativa, discussões sobre autoria etc.,
conforme lista em anexo. Também haverá sugestão de filmes de longa-metragem para
serem assistidos fora do ambiente de aula.

Estão previstos, para aumentar a dinâmica da oficina e o engajamento dos


participantes, sorteios (ou premiação para o melhor texto do dia) de 13 livros técnicos de
criação, uma Jam Session literária, a visita de escritores já publicados para falarem de seus
processos criativos e de aspectos do mercado editorial, um rápido recital musical para
introduzir uma discussão sobre ritmo na escrita, bem como outras atividades de caráter
lúdico. Também será apresentada uma seleção de inícios de romances impactantes que
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desencadeará uma competição de escrita de primeiros parágrafos pelos alunos.


Os encontros semanais deverão ocorrer em local público, a ser definido em
etapa subsequente. As aulas terão, a princípio, a programação descrita no quadro a seguir.

4.1. Roteiro das aulas

Aula 1 - Introdução do projeto / A descrição

Apresentação do oficineiro e dos participantes; esclarecimentos sobre o funcionamento do


curso. Leitura em voz alta, pelos próprios participantes, dos textos escritos por eles,
pedidos previamente para a primeira aula. Serão textos sobre expectativas para a oficina.
As leituras serão seguidas de breve comentários. Os alunos devem ter sido orientados, no
ato da inscrição, a escreverem até 30 linhas. Intervalo. Apresentação de conteúdo teórico:
o ponto de vista em ficção (Norman Friedman). Indicação de leitura do texto Você usa
todos os sentidos em sua ficção? (BRASIL, 2019, p. 274); Mostrar e contar (LUKEMAN,
2012, págs. 123-130); trechos de descrições ficcionais. Indicação de exercício de descrição
para a próxima aula, que inclua sensações, os sentidos, comentários.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
A Pequena vendedora de fósforo (PEQUENA, 6:19, 2018); Meu pai está mentindo (MEU,
3:27, 2015); Só veja este vídeo quem ama sua família prepare-se para chorar (SÓ, 5:34,
2014); Reflexão da velhice de um pai. Tocando Forte. (REFLEXÃO, 3:38, 2013).
Filmes sugeridos (atividade não obrigatória) da lista de ZAMBONI (2018): Wilde – O
Primeiro Homem Moderno (1997) e Capote (2005).

Aula 2 - Composição

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico: teoria
do narrador (modelo simplificado). Indicação de leitura: O narrador: considerações sobre
a obra de Nikolai Leskov (BENJAMIN, 1994). Indicação de exercício: Ler o Capítulo VIII
(Testes e Exercícios de Composição), do livro ABC da Literatura, de Ezra Pound
(POUND, 2013, págs. 69-74) e fazer os exercícios ali indicados.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Como a literatura nos transforma. (MANGUEL, 4:22, 2016); Entrevista de Jorge Luis
Borges (ENTREVISTA, 17:18, 2016).
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Sylvia – Paixão Além das Palavras (2003)
e O Carteiro e o Poeta (1994).

Aula 3 - Soltando a imaginação

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico:
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personagem (o que é personagem, ficha de personagem, exercício de construção de


personagem). Leitura do Capítulo 1, da Parte I do Ulisses, de Joyce (JOYCE, 2010). Fazer
um exercício de fluxo de consciência (30 linhas).
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Why should you read James Joyce's "Ulysses"? (SLOTE, 5:59, 2017); Quem tem Google
não precisa de imaginação. (JAFFE, 4:01, 2014);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Os Contos Proibidos do Marquês de Sade
(2000) e Henry & June – Delírios eróticos (1990).

Aula 4 - O Enredo

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico:
enredo, o que é o enredo, exercícios de invenção de plots. Indicação de leitura e exercício:
O Direito à Literatura (CÂNDIDO, 2011). Exercício de pastiche, transformando notícia de
jornal em literatura.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Direitos e deveres de todo escritor. (PADURA, 3:03, 2018); Como se forma um leitor?
(GURGEL, 52:28, 2017).
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Eclipse de uma paixão (1995) e Mary
Shelley (2017).

Aula 5 - O Conto

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico: a
fábula e a trama, a cena e o sumário. O que é conto. Indicações de leitura e exercícios:
Alguns Aspectos do Conto (CORTÁZAR, 2006), Do Conto Breve e seus Arredores
(CORTÁZAR, [2], 2006); Maria (EVARISTO, 2028, págs. 39-42); Feliz Ano Novo
(FONSECA, págs. 8-12). Exercício: escrever um conto de até três páginas.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
É necessário que a arte exista (LLOSA, 1:38, 2013); A civilização do espetáculo.
(LLOSA, 19:15, 2013);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Em Busca da Terra do Nunca (2004) e
Mistérios e Paixões (1991).

Aula 6 - O Diálogo

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico: o
diálogo. Leituras indicadas: A Personagem do Romance (CÂNDIDO, 2009, pág. 51-80);
Diálogo (LUKEMAN, 2012, págs. 79-96). Seleção de diálogos. Exercício: Escrita de
conto em que predomine o diálogo (até 3 páginas).
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
18

Milton Hatoum: Espaço e Literatura (HATOUM, 1:40:04, 2016); Palavras, não ideias:
como escrever um livro (BAMMAN, 12:23, 2015).
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): O Nosso Segredo (2014) e O Círculo do
Vício (1994).

Aula 7 - A Verossimilhança

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico:
Verossimilhança em ficção. A leitura e exercício para a próxima aula estão no Anexo 1 do
Projeto (Exemplo de Atividades Previstas para a Oficina), pág. 28.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
A literatura salva, mas também ensina a se perder (FERRÉZ, 3:59, 2019); Antônio
Cândido (ANTÔNIO, 5:44, 2014).
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Amor e Inocência (2007) e Hemingway &
Martha (2012)

Aula 8 - A forma

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico:
Poema em prosa ou prosa poética. A forma em literatura. Leitura indicada: Poemas de
Cora Coralina, trechos de obras de Fernando Paixão e Guimarães Rosa. Exercício:
Escrever poema em prosa ou prosa poética.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Aula de Poesia (O TIGRE, 2:36, 2011); Você sabe escrever? Ou pensa que sabe?
(STELLA, 4:52, 2018);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): O Desaparecimento de Garcia Lorca
(1996) e Flores Raras (2013).

Aula 9 - Visita de autor

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conversa com autor 1.
Indicação de texto: Treino para ser Escritor (KOCH, 2008). Indicação de exercício:
escrever um conto cômico.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Como Ser Criativo: Como um Artista se torna Profissional. (COMO, 12:57, 2017);
¿Existe alguna fórmula que sea posible seguir para ser un buen novelista? (FAULKNER,
32:40, 2015);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Versos de um Crime (2013) e A Última
Estação (2009).
19

Aula 10 - Visita de autor

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conversa com autor 2.
Indicação de texto: Parte do livro (Capítulos 1, 3, 6, 10) O negociante de inícios de
romances de Matéi Visniec (VISNIEC, 2015). Exercício: 1) Fazer busca e seleção, na
internet, de vários primeiros parágrafos famosos; 2) Redigir 5 primeiros parágrafos
promissores.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Conversa com Bial 21/05/2018 Escritor Dan Brown (BROWN, 43:14, 2018); 5 Livros que
fizeram tudo errado e deram certo! (5 LIVROS, 15:08, 2018);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Iris (2001) e As Irmãs Brontë (1979)

Aula 11 - Revisão de texto

Leitura em voz alta, pelos participantes, dos textos que escreveram no intervalo semanal,
acompanhada de comentários do oficineiro e da turma. Intervalo. Conteúdo teórico: como
avaliar uma história de ficção, níveis de leitura, a “má literatura”, ficha de avaliação.
Indicações: Texto Taller de Corte & Corrección (DI MARCO, 2010, págs. 12-28; 47-54);
Vídeos sobre Leitura Beta, sobre revisão. Exercício: Revisão de textos dos colegas.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Como reconhecer a boa literatura? (LLOSA, 1:50, 2019); Aprenda a revisar textos para
web como um profissional (APRENDA, 1:01:10, 2016);
Filmes sugeridos da lista de ZAMBONI (2018): Violette (2013) e Terra das Sombras
(1993).

Aula 12 - Jam Literária

Entrega dos textos revisados e breves comentários. Jam Session Literária com lanche
disponível o tempo todo. Texto indicado: As primeiras cinco páginas (LUKEMAN, 2012,
págs. 19-38). Exercício: Escrever um primeiro capítulo de romance.
Vídeos do YouTube enviados por Whatsapp durante a semana:
Jam Session de Escritura en Club Cronopios (JAM, 2:39, 2015); Filmes sugeridos da lista
de ZAMBONI (2018): Além das Palavras (2016).

Aula 13 - Encerramento

Leitura em voz alta, pelos participantes, de partes dos primeiros capítulos que escreveram
no intervalo semanal, acompanhada de comentários do oficineiro e da turma.
Encerramento e entrega de certificados.
20

5. RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS

5.1. Recursos humanos

- Professor/oficineiro.

5.2. Recursos materiais

a) Sala com mesas e 21 cadeiras, preferencialmente no ambiente de uma livraria.

b) Rede Wi-Fi aberta para os alunos pesquisarem em seus smartphones, tablets ou


notebooks.

c) Datashow e painel de projeção.

d) Kit multimídia de som.

e) Textos em PDF (links, ou cópias escaneadas, disponibilizados no grupo de Whatsapp).

f) 3 Banners decorativos.

g) 2 tripés sustentando dois banners

h) 13 livros a serem sorteados.

i) Certificados impressos

6. AVALIAÇÃO

Serão avaliados 10 dos treze textos trazidos pelos participantes, prevendo a


possibilidade de faltas e outros contratempos que atrapalhem a produção integral. Aqueles
que fizerem mais de 10 textos terão as médias dos 10 textos mais bem avaliados. Por se
tratar de uma oficina não obrigatória e que não prevê reprovação, as notas importam pouco,
mas devem ser atribuídas a título de incentivo, sendo o feedback dado por cada texto o
ponto realmente importante. Os comentários e correções propostas devem ser sempre em
tom de reforço positivo, estímulo e apontamento de caminhos para melhorar a escrita.
21

Média dos pontos conferidos a 10 textos realizados (total de 10 pontos) somada aos pontos
por participação presencial (5 pontos) e online (5 pontos), dividida por 2.

Para justificar atribuição de notas e uma competitividade saudável, que estimule


cada participante a dar o melhor de si, no final a(o) mais bem pontuada(o) dará nome à
turma: “1ª Oficina Assombrada de Criação Literária Fulano de Tal”.

7. RESULTADOS ESPERADOS

Ao longo da oficina, pretende-se que os participantes se envolvam com as


atividades, tanto presenciais quanto online, deliberadamente variadas para atender os
interesses de pessoas que são diversas.

Espera-se que aqueles que não têm tanta afinidade com a escrita de ficção
passem a apreciá-la e aqueles que já gostam ampliem seus horizontes de leitura e escrita, a
partir das experiências vividas na oficina. Também se deseja que os participantes da oficina
percebam que há várias possibilidades de acesso e socialização da arte literária.

A partir da produção de textos ficcionais, os participantes devem sair da oficina


sentindo que podem produzir bons textos e compreendendo que um texto deve ser pensado
e repensado, escrito e reescrito. Além disso, devem internalizar que podem pedir opinião e
ajuda a leitores dos originais, a revisores pois escrever é sempre um processo de
desenvolvimento.
22

8. CRONOGRAMA

A seguir, apresenta-se um quadro-síntese das atividades e da previsão de


execução da oficina de escrita criativa para o ano de 2020.

Abril Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez


Descrição

Apreciação do projeto pela banca X


examinadora.

Ajustes do projeto para proceder à sua X X


execução.

Planejamento das atividades, definição do X X


local de execução

Divulgação do projeto e inscrição dos X X


interessados e das interessadas.

Encontros presenciais e virtuais X X X

Avaliação do projeto e preparação para X


divulgação dos resultados
23

REFERÊNCIAS

ASSIS BRASIL, Luiz Antônio de. Oficinas Literárias. Luiz Antônio de Assis Brasil (Site).
Rio Grande do Sul, 201?. Disponível em: <http://www.laab.com.br/oficina.html> . Acesso
em: 27 abr. 2018.
_______. Escrever ficção : um manual de criação literária / Luiz Antonio de Assis Brasil ;
colaboração de Luís Roberto Amabile. — 1a ed.— São Paulo : Companhia das Letras, 2019.
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e
técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo:
Brasiliense, 1994, p. 197-221.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: ___. Vários Escritos. 5 ed. Rio de Janeiro:
Ouro sobre Azul/ São Paulo: Duas Cidades, 2011.
_______. GOMES, Paulo Emílio Salles., PRADO, Décio de Almeida e ROSENFELD,
Anatol. A Personagem de Ficção. São Paulo : Perspectiva, 2009.
CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto. Valise de Cronópio. São Paulo: Perspectiva,
2006, p. 147-163.
_______. Do conto breve e seus arredores. Valise de Cronópio. São Paulo: Perspectiva,
2006, p. 227-237.
DI MARCO, Marcelo. Taller de corte y corrección. Buenos Aires : DEBOLS!LLO, 2006,
304 págs.
EVARISTO, Conceição. Olhos d'água. ––2. ed. -- Rio de Janeiro, RJ :Pallas Míni, 2018.
FONSECA, Rubem, Feliz Ano - [Ed. especial]. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2012.
JOYCE, James. Ulisses [recurso eletrônico] / James Joyce; tradução Bernardina da Silveira
Pinheiro; [seleção, elaboração e tradução das notas de capítulos Flávia Maria Samuda] –
Rio de Janeiro : Objetiva, 2010.
KIEFER, Charles. Manual de Escrita Criativa (Nível 1). Docer. PUC-RS, Rio Grande do
Sul, 2011/1. Disponível em: <https://docero.com.br/doc/n18e0x> . Acesso em 17 mar. 2020.
KOCH, Stephen. Oficina de escritores: um manual para a arte da ficção. 1ª ed. São Paulo :
WMF Martins Fontes, 2008, 230 pags.
LAMAS, Berenice Sica; HINTZ, Marli Marlene. Oficina de criação literária: um olhar de
viés. 2ª ed. Porto Alegre : EDIPUCRS, 2002, 126 págs.
LLOSA, Mario Vargas. Elogio à leitura e à literatura. Estocolmo, Suécia, 7 dez. 2010.
Discurso de Mario Vargas Llosa ao receber o Prêmio Nobel de Literatura. Tradução de
Maria das Graças Targino. Disponível em: <http://www.gilbertogodoy.com.br/ler-
post/elogio-a-leitura-e-a-literatura---mario-vargas-llosa > . Acesso em 16 mar. 2020.
LUKEMAN, Noah. As primeiras cinco páginas: guia para evitar que seu original seja
rejeitado. 1ª ed. Portugal : Livros Horizonte, 2013, 200 págs.
PEACOCK, Ronald. A arte do drama. Tradução de Barbara Heliodora. São Paulo:
Realizações Editora, 2011.
POUND, Ezra. ABC da Literatura / Ezra Pound; organização e apresentação da edição
brasileira Augusto de Campos; Tradução de José Paulo Paes, Augusto de Campos. – 12. ed.
– São Paulo : Cultrix, 2013.
24

RODRIGUES, Juliano Barreto. Reflexões acerca da autoria literária. Coletivo Sem Ponto.
2020. Blog. Disponível em: http://coletivosemponto.blogspot.com/2020/03/reflexoes-
acerca-da-autoria-literaria.html. Acesso em: 04 mar. 2020.
SCHUTT, Diego. Como atores podem ensinar você a escrever com mais autenticidade.
Ficção em Tópicos (site). 31 jul. 2018. Disponível em:
<https://ficcao.emtopicos.com/2018/07/tecnicas-escrever-autenticidade/>. Acessado em 27
fev. 2020.
SOUZA, Matheus. Os melhores conselhos de Ernest Hemingway para você escrever
melhor. Matheus de Souza (Blog). 13 mar. 2018. Disponível em:
<https://matheusdesouza.com/2018/03/13/conselhos-hemingway/>. Acesso em 27 fev. 2020.
VISNIEC, Matéi. O negociante de inícios de romance. Tradução: Tanty Ungureanu. São
Paulo: É Realizações, 2015. 386p
ZAMBONI, Isabela. Listas: 23 filmes biográficos sobre escritores que você precisa
conhecer. Resenhas à La Carte. 12 ago. 2018. Disponível em
<https://resenhasalacarte.com.br/listas/filmes-biograficos-sobre-escritores/> . Acesso em 29
mar. 2020.

REFERÊNCIAS DE VÍDEOS INDICADOS

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YouTube. 2 mai. 2016. 1 vídeo (1:01:10). Disponível em <https://youtu.be/4h-
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BAMMAN, Mattie. Palavras, não ideias: como escrever um livro | Mattie Bamman |
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BROWN, Dan. Conversa com Bial 21/05/2018 Escritor Dan Brown – Completo. J4C4R3JP
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(17:18). Disponível em <https://youtu.be/8VZ-ykJARhs> . Acesso em 28 mar. 2020.
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novelista? . Paco: literatura. YouTube. 4 jan. 2015. 1 vídeo (32:40). Disponível em
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GURGEL, Rodrigo. Como se forma um leitor?. Espaço do Pensamento. YouTube. 4 out.


2017. 1 vídeo (52:28). Disponível em <https://youtu.be/eBbTMaMu8Aw> . Acesso em 28
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HATOUM, Milton. Milton Hatoum: Espaço e Literatura. Escola da Cidade. YouTube. 1 de
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LLOSA, Mario Vargas. É necessário que a arte exista. Fronteiras do Pensamento. YouTube.
28 fev. 2013. 1 vídeo (1:38). Disponível em <https://youtu.be/tUagLka4YYU> . Acesso em
28 mar. 2020.
_______. A civilização do espetáculo. Fronteiras do Pensamento. YouTube. 21 nov. 2013. 1
vídeo (19:15). Disponível em <https://youtu.be/yWDgjPjp1S8> . Acesso em 28 mar. 2020.
_______. Como reconhecer a boa literatura?. Fronteiras do Pensamento. YouTube. 18 abr.
2019. 1 vídeo (1:50). Disponível em <https://youtu.be/Vo-PgsyqDQQ> . Acesso em 28 mar.
2020.
MANGUEL, Alberto. Como a literatura nos transforma. Fronteiras do Pensamento.
YouTube. 10 nov. 2016. 1 vídeo (4:22). Disponível em <https://youtu.be/nRcjF4S7Gqs> .
Acesso em 28 mar. 2020.
MEU pai está mentindo – Legendado. Aldir Gracindo. YouTube. 10 fev. 2015. 1 vídeo
(3:27). Disponível em: <https://youtu.be/DHyhSZUHywQ> . Acesso em 28 mar. 2020.
O TIGRE e a Neve - Aula de Poesia (legendado Pt_BR). Sérgio de Miranda Costa.
YouTube. 2 dez. 2011. 1 vídeo (2:36). Disponível em <https://youtu.be/vNrnoe3ZJqk> .
Acesso em 28 mar. 2020.
PADURA, Leonardo. Direitos e deveres de todo escritor. Fronteiras do Pensamento.
YouTube. 10 set. 2018. 1 vídeo (3:03). Disponível em <https://youtu.be/HJ9CWtJW5eo> .
Acesso em 28 mar. 2020.
REFLEXÃO da velhice de um pai. Tocando Forte. YouTube. 7 jun. 2013. 1 vídeo (3:38).
Disponível em <https://youtu.be/RkfE2igRFnk> . Acesso em 28 mar. 2020.
SLOTE, Sam. Why should you read James Joyce's "Ulysses"?. TED-Ed. YouTube. 24 out.
2017. 1 vídeo (5:59). Disponível em <https://youtu.be/X7FobPxu27M> . Acesso em 28 mar.
2020.
SÓ veja este vídeo quem ama sua família prepare-se para chorar. TV Liberty. YouTube. 26
set. 2014. 1 vídeo (5:34). Disponível em <https://youtu.be/j_KT_c22fiU> . Acesso em 28
mar. 2020.
STELLA, Vivian Rio. Você sabe escrever? Ou pensa que sabe?. Casa do Saber. YouTube.
30 ago. 2018. 1 vídeo (4:52). Disponível em <https://youtu.be/aRGZD7fUy1w> . Acesso
em 28 mar. 2020.
5 LIVROS que fizeram tudo errado e deram certo!. Carreira Literária. YouTube. 24 mai. 2018.
1 vídeo (15:08). Disponível em <https://youtu.be/cwzYAKG4SuY> . Acesso em 28 mar. 2020.
26

ANEXO

EXEMPLO DE ATIVIDADE PREVISTA PARA A OFICINA

A realidade e a realidade da escrita.


Em não ficção as palavras muitas vezes criam realidades “reais” (a redundância será
justificada a seguir, como oposição a realidades de fantasia). Um exemplo são as decisões
judiciais, com seus argumentos e construções linguísticas muito bem elaborados, que têm
um efeito prático e sensível iminentes: um “cumpra-se” restringe a liberdade de alguém,
restitui algo ao dono de direito, determina o perdimento de bens como pena ou reparação
etc. A ficção também cria realidades, em maior ou menor grau ilusórias (mas
verossimilhantes), que de forma diferente impactam a vida, a percepção e a relação dos
leitores com as coisas “práticas” do mundo. Agrega ao arsenal cultural e ajuda a modelar o
posicionamento político, social, moral etc., a forma de julgar e de interagir com pessoas,
coisas e fatos. Nesse sentido, a inaplicabilidade prática da ficção deve ser relativizada, já
que, mais ou menos, interfere no mundo dito real.
A consciência disso varia de pessoa para pessoa e é importante, ao menos para quem
escreve, entender a matéria que tem nas mãos – as palavras -, qual seu alcance e poder.
Assim, propomos um exercício de leitura e escrita. Parta dos seguintes textos:
a)
Nesta Noite, Neste Mundo
(Alejandra Pizarnik)
[...]
não
as palavras
não fazem o amor
fazem a ausência
se digo água, beberei?
se digo pão, comerei?
[...]

Alezandra Pizarnik (1936-1972), escritora e poetiza argentina, que se matou aos 36 anos,
tinha nas palavras seu lastro com a vida. Há quem diga que quando – como nesse
fragmento de poema – pôs em xeque o poder da palavra para alterar sua realidade, começou
a se dirigir, invariavelmente, para o suicídio.

b)
Meme da internet (autoria desconhecida)
27

c)
A Alegria da Escrita
(Wislawa Szymborska - escritora polaca, Nobel de literatura em 1996)
Para onde corre essa corça escrita pelo bosque escrito?
Vai beber da água escrita
que lhe copia o focinho como papel-carbono?
Por que ergue a cabeça, será que ouve algo?
Apoiada sobre as quatro patas emprestadas da verdade
sob meus dedos apura o ouvido.
Silêncio — também essa palavra ressoa pelo papel
e afasta
os ramos que a palavra “bosque” originou.
Na folha branca se aprontam para o salto
as letras que podem se alojar mal
as frases acossantes,
perante as quais não haverá saída.
Numa gota de tinta há um bom estoque
de caçadores de olho semicerrado
prontos a correr pena abaixo,
rodear a corça, preparar o tiro.
Esquecem-se de que isso não é a vida.
Outras leis, preto no branco aqui vigoram.
Um pestanejar vai durar quanto eu quiser,
e se deixar dividir em pequenas eternidades
cheias de balas suspensas no voo.
Para sempre se eu assim dispuser nada aqui acontece.
Sem meu querer nem uma folha cai
28

nem um caniço se curva sob o ponto final de um casco.


Existe então um mundo assim
sobre o qual exerço um destino independente?
Um tempo que enlaço com correntes de signos?
Uma existência perene por meu comando?
A alegria da escrita.
O poder de preservar.
A vingança da mão mortal.

Exercício 1:
Escrever até 30 linhas de impressões subjetivas (atenção à forma literária, à tentativa de
causar um efeito em seu leitor) sobre as importâncias das palavras em sua vida e sobre até
que ponto elas afetam ou criam sua realidade. Projete seu leitor e tente envolvê-lo. Para isso
tente dialogar com ele perguntando-o e, em seguida, já respondendo com seus argumentos
(se aproxime). Faça um início provocativo, que chame a atenção e um final com “fecho de
ouro”.
A proposta fora do encontro é que se pesquise a biografia (há documentários na internet. Cf.
<https://youtu.be/KzygcWKgvXc> em espanhol), as influências de Pizarnic e outros poetas
suicidas.

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