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Aula 3 - Noções básicas de aterra-

mento elétrico geral para telecomu-


nicações

Objetivos

Nesta aula, você conhecerá as principais normas de padronização


dos sistemas de cabeamento estruturado;aprenderá seus sistemas
e subsistemas e ,ainda, suas nomenclaturas.

Blindagem e Aterramento
Como já estudado anteriormente, os sistemas de cabeamento estruturado
nasceram da necessidade de se interligar, em prédios comerciais, as salas,
os departamentos, andares, etc. ,permitindo assim que diversas aplicações
(dados, voz, multimídia, etc.) trafeguem pelos meios guiados devidamente
dimensionados e implementados. Em sua grande e esmagadora maioria,
você verá ,como meio guiado mais utilizado para estes fins, os cabos sem
blindagem de pares trançados (UTP). Você pode se perguntar: “Por que qua-
se 100% das instalações cabeadas no Brasil utilizam os cabos UTP?” Em
parte isso se dá porque seguimos o modelo norte americano, no entanto,
é bem verdade que o custo e a facilidade de instalação fizeram com que os
cabos UTP se popularizassem tanto. Não é apenas o Brasil que usa tão larga-
mente os cabos UTP em seus projetos de cabeamento estruturado, países da
Ásia e Europa também o fazem. Em contrapartida, os cabos sem blindagem
estão enfrentando um grande e crescente problema: o avanço tecnológico
que impulsiona as aplicações a velocidades cada vez mais altas. Este fato faz
com que problemas de interferências (que não são poucos principalmente
nos cabos UTP) levem os projetistas a pensar na blindagem dos cabos para
essas aplicações com mais atenção. Veja por exemplo o caso da rede Ether-
net 10Gbps. Esta aplicação de alta velocidade tem demonstrado resultados
muito mais satisfatórios com sistema baseados em cabos F/UTP (Categoria
6ª Blindados). Por essa razão ,é importante que você entenda como é im-
portante tanto a blindagem dos cabos quanto o sistema de aterramento do
projeto de cabeamento estruturado.

Cabeamento Estruturado e Projetos 59 E-TEC


Blindagem
Blindagem é a técnica utilizada para evitar, reduzir ou prevenir interferências
eletromagnéticas em determinado sistema para que o mesmo opere de for-
ma adequada, sem perdas de desempenho ou dados. É importante que
você também saiba: a blindagem dos cabos pode ser feita com o uso
de folhas metálicas, de malhas metálicas ou, em alguns casos, de am-
bas. Os cabos de pares trançados blindados com uma malha de blindagem
geral ,que recobre seus pares sem blindagem, são tecnicamente chamados
de ScTP (Screened Twisted Pair). A nomenclatura ScTP foi ,posteriormente,
substituída por F/UTP (Foil/Unshielded Twisted Pair). Existem também os
cabos que ,além da malha metálica de blindagem geral que recobre todo o
cabo ,possuem folhas metálicas protegendo cada par trançado: são os cabos
S/FTP (Screen/Foil Twisted Pair) ou S/STP (Screened Shielded Twisted Pair).

Figura 1 – Cabos S/FTP e F/UTP

Em média ,o desempenho dos cabos blindados F/UTP é de 20 a 30dB supe-


rior aos cabos sem blindagem UTP, isto ,claro, quando se trata da imunidade
aos ruídos onde os cabos S/FTP são ainda melhores. Quando o sistema de
cabeamento é feito com cabos blindados, a blindagem não deve se limitar
apenas aos cabos, mas se estender aos equipamentos que compõem o siste-
ma, como ,por exemplo, os patch panels, tomadas, etc.

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Figura 2 – Equipamentos Blindados

Em geral como referência para projetos contra interferências EMI/EMC ,é


usada a norma americana FCC (Federal Communications Commission) parte
12, classe A e B. Algumas normas europeias (CENELEC, EN) também podem
ser usadas para o mesmo fim.

Aterramento
Muitas pessoas acreditam que a principal função do aterramento é proteger
os equipamentos e as informações, mas isso não é verdade. A principal fun-
ção do aterramento é proteger o ser humano, é preservar a vida, e a saúde
dos usuários dos computadores. Em segundo lugar ,vem a preocupação com
a integridade dos equipamentos, dos dados, preservação da vida útil e a
não interrupção de um sistema. A eficiência de um sistema de aterramento
dependerá de vários fatores, como ,por exemplo, a natureza das interferên-
cias EMI, suas intensidades, tipo do solo, tipo de aterramento escolhido, o
ambiente, etc. Dessa forma, fica fácil entender por que não existe uma so-
lução padronizada ou única de aterramento. Cada caso é um caso. Quando
um projeto de cabeamento estruturado com sistema blindado tem início, é
preciso levar em consideração dois tipos principais de problemas: os gerados
por campos elétricos e os gerados por campos magnéticos. Para facilitar,
chamaremos os dois campos de campo eletromagnético que ,por sua vez,
vai gerar interferências eletromagnéticas.

Aterrando o sistema blindado


• Esquemático 1 – nesse esquemático, o segmento do cabo horizontal
é aterrado em uma única extremidade na sala de telecomunicações. O
cabo blindado é terminado num patch panel também blindado, a to-
mada também é blindada e os patch cords (tanto da conexão cruzada
quanto da área de trabalho) são UTP;

Cabeamento Estruturado e Projetos 61 E-TEC


Figura 3 – Esquema 1 de aterramento num sistema blindado

• Esquemático 2 – nesse esquemático, o segmento do cabo horizontal


é aterrado em uma única extremidade na sala de telecomunicações. O
cabo blindado é terminado num patch panel também blindado, a to-
mada também é blindada, o patch cord (na Sala de Telecomunicações é
blindado ,e o patch Cord da Área de trabalho é UTP.

Figura 4 – Esquema 2 de aterramento num sistema blindado

• Esquemático 3 - nesse esquemático ,o segmento do cabo horizontal é


aterrado em ambas as extremidades na sala de telecomunicações e na
Área de Trabalho. O cabo blindado é terminado num patch panel tam-
bém blindado, a tomada também é blindada e aterrada diretamente, e
ambos os patch cords (na Sala de Telecomunicações e na Área de traba-
lho) são blindados.

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Figura 5 – Esquema 3 de aterramento num sistema blindado

• Esquemático 4 - nesse esquemático, o segmento do cabo horizontal


é aterrado na sala de telecomunicações. O cabo blindado é terminado
num patch panel também blindado, a tomada também é blindada, mas
não aterrada diretamente, e ambos os patch cords (na ER e na WA) são
blindados. Esta configuração de todas exibidas é a única aceita pelas
normas aplicáveis.

Figura 6 – Esquema 4 de aterramento num sistema blindado

A norma ANSI-J-STD-607-A (EIA/TIA-607)


A primeira edição da norma 607, que denominou ANSI/TIA/EIA-607, foi pu-
blicada em agosto de 1994. Em outubro de 2002 ,completou-se a revisão
A. A norma ANSI-J-STD-607-A é a usada como referência para projetos e
instalações de aterramentos em telecomunicações e também dos edifícios
onde os aterramentos e equipamentos serão instalados. Essa norma visa
providenciar a documentação necessária para aterramentos e links relacio-
nados à infraestrutura de telecomunicações de edifícios comerciais como os
exemplos citados a seguir:

Cabeamento Estruturado e Projetos 63 E-TEC


• Equipamentos de telecomunicações, de transmissão e processamento de
dados ou instalações que utilizam transmissão de sinais com retorno à
terra;

• Fontes de alimentação (DC) dos equipamentos no interior do prédio;

• Equipamentos de telefonia como PABX;

• LANs e computadores em geral;

• Sistemas de automação predial e alarme.

Mais sobre aterramento


Um aterramento, como já foi dito, é algo bem particular, variando de am-
biente para ambiente, de situação para situação, mas você deve saber que
,para evitar problemas derivados da rede elétrica ou de interferências eletro-
magnéticas de qualquer origem, o ideal é que a rede de energia seja exclusi-
va para os equipamentos de informática e que o aterramento seja realmente
profissional. Para que a rede elétrica esteja adequada ,nem sempre se faz ne-
cessário modificar toda a fiação do prédio. É possível muitas vezes adequar
a fiação existente às necessidades da infraestrutura de telecomunicações.
A norma ANSI-J-STD-607-A disponibiliza uma série de elementos que asse-
guram essa desejada qualidade. Um aterramento é feito ligando-se partes
metálicas num condutor que possa “escoar” o excesso de corrente para o
solo ou para a terra (daí o nome aterramento). Quando você ouvir falar que
algo está “aterrado”, significa dizer que ,pelo menos, um dos seus elemen-
tos se encontra ligado à terra propositalmente. A terra (solo) representa um
ponto de referência ou potencial zero, o qual todas as outras tensões são
referidas. Quando alguém está de pé em contato com a terra,seu corpo está
aproximadamente no potencial da terra.

Figura 7 – Com e sem Aterramento

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Se alguém toca um equipamento sujeito a uma tensão de contato, pode ser
estabelecida uma tensão entre mãos e pés chamada de tensão de toque.
Como consequência desta tensão, pode ocorrer uma passagem de corrente
pelo braço, ombro e pernas, cuja duração e intensidade podem provocar
fibrilação cardíaca, queimaduras e outras lesões graves.

Figura 8 – Tensão de toque

Excesso de corrente ou interferências EMI e ruídos podem vir pela rede de


energia e danificar os equipamentos informáticos, causar perda de dados e
pacotes na rede ou outros problemas. Por isso os computadores precisam es-
tar bem aterrados, assim esses excessos (popularmente chamados de fugas
de corrente, apesar desse termo não ser tecnicamente correto) são elimina-
dos no potencial zero ou no solo.

Figura 9 – Haste de aterramento dos computadores na área de trabalho

Cabeamento Estruturado e Projetos 65 E-TEC


A norma ANSI-J-STD-607-A define uma série de três elementos para um
sistema de aterramento de telecomunicações em prédios ou edifícios comer-
ciais:

• TMGB (Telecommunications Main Grounding Busbar - barra prin-


cipal de aterramento para telecomunicações) - A TMGB serve como
uma extensão dedicada ao sistema de eletrodo subterrâneo do edifício
da infraestrutura de telecomunicações. Também atua como ponto cen-
tral de conexão para TBBs (Telecommunications Bonding Backbone) e os
equipamentos. A TMGB é o barramento principal num sistema de ater-
ramento regido pela norma em prédios comerciais. A TMGB precisa ser
acessível aos técnicos de telecomunicações; por essa razão ,normalmente
localiza-se na sala de entrada ou na sala de telecomunicações principal.
Sua localização deve minimizar o comprimento do condutor do link para
as conexões de telecomunicações. As TMGBs têm um mínimo de 6mm
de espessura, 100mm de largura e comprimento variável;

• TGB (Telecommunications Groundign Busbar - barra de aterra-


mento para telecomunicações) – Barramento de cobre pré-perfurado
fornecido com padrão NEMA de buraco do parafuso e espaçamento para
os tipos de conectores a serem usados. Mínimo de 6mm de espessura
por 50mm de largura, comprimento variável. A TGB é o barramento de
aterramento de telecomunicações que deve estar presente nos espaços
de telecomunicações ao longo do prédio para conexão do cabeamento e
o sistema de aterramento. Em cada sala de telecomunicações,deve existir
uma TGB e na sala de equipamentos,também. Uma TGB deve ser conec-
tada a TMGB através da TBB. Vale ressaltar que ,quando alguns autores
se referem a esses elementos como barras ,a referência é feita no femi-
nino, mas quando se referem como barramentos, a referência será feita
no masculino. Por exemplo, o barramento TGB, ou no feminino, a TGB
(barra de aterramento). Fisicamente uma TGB é similar a uma TMGB, o
que muda são as dimensões de ambas.

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Figura 10 – TMGB e uma TGB
Fonte: www.erico.com/public/library/fep/g280s.pdf

TBB (Telecommunications Bonding Backbone – Interligação do Back-


bone de Telecomunicações) – é o barramento ou a barra que conecta
todas as TGB’s às TMGB’s. Segmento de cabo que tem sua origem no bar-
ramento principal de aterramento de telecomunicações de um prédio co-
mercial e que é distribuído ao longo de toda a estrutura. Cada barra de
aterramento de telecomunicações (TGB) deve ser conectada à TBB.

Figura 11 – Topologia de aterramento de telecomunicações (ANSI/TIA-607-A)


Fonte: http://www.siemon.com/uk/white_papers/06-07-20-grounding.asp

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1. Bonding Conductor for Telecommunications;

2. TBB;

3. TGB;

4. TMGB.

Figura 12 – TMGB em detalhes

Referências
ANSI-J-STD-607-A. Screened and Shielded Cabling - Noise Immunity, Grounding, and the
Antenna Myth. Disponível na Internet via URL: http://www.siemon.com/us/standards/
Screened_and_Shielded_
Guide_6_Grounding_and_Cabling_Systems.asp. Arquivo capturado em 07.04.2010.
EVOLUTI Ltda. Tecnologia da Informação. Disponível na Internet via URL: http://www.dts-
info.com.br/cabestr.htm Arquivo capturado em 25/12/2009.
MAURÍCIO, José. Guia Completo de Cabeamento de Redes. 11ª reimpressão. Rio de
Janeiro: ELSEVIER, 2003.
SÉRGIO MARIN, Paulo. Cabeamento Estruturado – Desvendando cada passo: do projeto à
instalação. São Paulo: ÉRICA, 2009.

Links de apoio e pesquisa:


http://bit.ly/a9DeRL
http://www.policom.com.br/policom/descproduto.asp?id=422#
http://www.mohawk-cable.com/support/ansi-tia-eia-607.html

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