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Aula 2 - Normas e Padronização

de Cabos

Objetivo

A final da aula, o(a) aluno(a) deverá saber quais são as principais


normas de padronização dos sistemas de cabeamento estrutura-
do, seus sistemas e subsistemas e suas nomenclaturas.

Por que usar normas e padronizações?


As normas e padronizações são muito importantes para o profissional de
cabeamento estruturado e de TIC de maneira geral. Sem elas as instalações
virariam uma tremenda bagunça (muitas instalações por aí, infelizmente,
ainda são assim) e, principalmente, os clientes estariam em maus lençóis,
com redes instáveis e deficientes e problemas diversos. Vamos ver algumas
das principais vantagens da padronização:

• flexibilidade – sempre pode ser necessário modificar o layout da empre-


sa e, assim, os meios guiados precisarão acompanhar essas modificações.
A padronização vai permitir esses ajustes, sem que, para isso, seja neces-
sário modificar todo o cabeamento já instalado;

• melhor gestão – um sistema padronizado e dentro das normas especi-


ficadas permitirá que mudanças, nas aplicações, manutenções e expan-
sões, sejam feitas com mais facilidade e rapidez, sem falar que com maior
controle e menor custo, pois serão necessárias pequenas mudanças na
infraestrutura e poucos equipamentos adicionais. Isso facilita muito o
gerenciamento da rede;

• vida útil e escalabilidade – um sistema de cabeamento estruturado fa-


vorece, também, a vida útil dos meios guiados, que chegam numa média
de 10 a 15 anos. A maximização dessa vida útil se dá porque os cabos
podem transmitir diferentes tecnologias (dados, voz, etc.), sem ser preci-
so modificar a infraestrutura. A escalabilidade da rede também estará as-

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segurada com um sistema dentro das normas e padrões, permitindo que,
embora, no futuro, a rede “cresça”, a infraestrutura implementada esta-
rá apta para possíveis novas tecnologias ou aquisições de equipamentos;

• controle de falhas segmentado – um controle de falhas segmentado,


ou seja, por setor ou zona, é muito importante, pois, no caso de uma fa-
lha, a mesma não se estenderá para toda a rede da empresa. E o sistema
de cabeamento estruturado permite esse tipo de controle;

• redução nos custos de ROI e TCO – como o sistema de cabeamento


estruturado chega a ser responsável por apenas 2 a 5% do investimento
total de um projeto de redes e tem uma vida útil bem longa (10 a 15
anos), os custos de ROI (Return Of Investment) e TCO (Total Cost of Ow-
nership) são bem reduzidos.

As normas de padronização
ANSI/EIA/TIA-568
As normas de padronização técnicas surgiram há muito tempo. Em 1918
(faz tempo, não?), nos Estados Unidos, nascia a EIA (Eletronic Industries
Association), organização responsável por formalizar e coordenar as normas
e padrões naquele país. Em 1988, o grupo de TI da própria EIA fundou o
que chamaram de TIA (Telecommunications Industry Association). E assim
passaram a desenvolver normas e padrões para sistemas de TIC (Tecnologia
da Informação e Comunicação), mas com modelos herdados da EIA. Dessa
forma, você entende agora porque essas normas são chamadas de EIA/TIA.
Anos mais tarde, em 1991, resolveram lançar a primeira versão das normas
para fios e cabos de telecomunicações: a EIA/TIA-568. Então, para que essa
sigla aumentasse ainda mais, veio o reconhecimento da ANSI (American Na-
tional Standard Institute – Instituto Nacional Americano de Padronização), e
a norma passou a se chamar ANSI/EIA/TIA-568. Memorize essa norma, em
breve voltaremos a ela com mais detalhes.

ISO/IEC
A ISO/IEC (International Standards Organization / International Electrote-
chnical Comission) chamou seu padrão de cabeamento de “Cabeamento
Genérico de Instalação do Cliente, do inglês Generic Cabling for Customer
Premises). Esse padrão, tecnicamente, é conhecido como ISO/IEC 11801
e aborda os mesmos tópicos do ANSI/EIA/TIA-568, com a inclusão de um
sistema de avaliação de categorias para os cabos. É específico para cabea-

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mento de telecomunicações e mais indicado para sistemas com aplicações
em larga escala. O desempenho dos links do padrão EIA/TIA é dado com o
termo categorias e no ISO/IEC em classes. Não entendeu nada? Bem, quan-
do abordarmos os desempenhos dos links mais à frente, ficará mais fácil.
Por hora, lembre-se de que algumas normas se referem ao desempenho por
categorias e outras, por classes.

UL/CSA
A UL (Underwriters Laboratories) é uma empresa privada que certifica pro-
dutos de segurança em diversas áreas. A UL faz testes em amostras de cabos
diversos, podendo ou não conceder uma aprovação própria prévia, para,
em seguida, dar sequência em testes e inspeções mais rigorosos. As clas-
sificações dos cabos de telecomunicação da UL vão do nível 1 ao nível 5,
mostradas a seguir:

• Nível 1 – atende aos requisitos de segurança do NEC e ao padrão UL


444. Especificações de desempenho não fornecidas. A NEC Corporation
é uma empresa multinacional de tecnologia da informação sediada em
Minato-ku, Tóquio, Japão, com filiais em vários outros países.

• Nível 2 – este padrão UL atende aos requisitos de desempenho da EIA/


TIA-568 Categoria 2 ou CAT 2 e aos padrões de segurança da NEC e UL
444. Não é indicado para a categoria 10BaseT ou superior, o que de-
monstra claramente sua baixa taxa de transmissão.

• Nível 3 – este padrão atende aos requisitos de desempenho da Categoria


3 do EIA/TIA-568 e aos padrões de segurança do NEC e UL-444.

• Nível 4 – este padrão atende aos requisitos de desempenho da Categoria


4 do EIA/TIA-568 e aos padrões de segurança do NEC e UL-444.

• Nível 5 – este padrão atende aos requisitos de desempenho da Categoria


5 do EIA/TIA-568 e aos padrões de segurança do NEC e UL-444. Por essa
razão, é a melhor escolha para as instalações de redes locais atuais

Norma brasileira NBR-14565


Até meados de 1990, todo projeto de cabeamento estruturado feito no Bra-
sil obedecia às normas de padrões estipulados ou às normas ANSI/EIA/TIA-
568 ou ISSO/IEC 11801. Mas em 2000, um grupo de especialistas da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) definiu um conjunto de normas
nacionais para sistemas de cabeamento estruturado: NBR-14565. A partir

Cabeamento Estruturado e Projetos 39 E-TEC


de então, todo projeto de redes internas, em prédios comercias de qualquer
porte, precisava obedecer aos critérios mínimos propostos pela NBR-14565
no Brasil. A NBR-14565 visa que o sistema de cabeamento estruturado pos-
sa ser implementado, de forma que suporte qualquer tecnologia que precise
de meios guiados, como: aplicações de dados e voz, imagens, controles am-
bientais, etc., provendo uma flexibilidade importante, uma vez que não será
preciso efetuar grandes modificações na infraestrutura. Logo mais adiante,
neste livro, você estudará mais a fundo as normas apresentadas até aqui.
Não negligencie essas normas, elas fazem toda a diferença entre um traba-
lho profissional e de um amador.

Figura 1 – Armários de telecomunicações obedecendo a normas de padronização.


Fonte: www.netplan.com.br

Figura 2 – Topologia no padrão NBR-14565/Fonte: www.gdhpress.com.br .

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As principais normas para sistemas de
cabeamento estruturado (estudo deta-
lhado)
Vamos estudar, agora, as principais normas do sistema de cabeamento es-
truturado mais a fundo, com mais detalhes, para que as diferenças e aplica-
ções fiquem ainda mais claras para você, futuro profissional de TI.

ANSI/EIA/TIA-568-B
A norma ANSI/EIA/TIA-568-B foi criada em meados de 2001, em substitui-
ção à norma ANSI/EIA/TIA-568-A, a primeira série já estudada. Especifica o
Sistema de Cabeamento Genérico de Telecomunicação para Edifícios
Comerciais. A principal proposta do documento é que os custos serão bem
menores se o sistema de cabeamento do prédio for feito durante sua cons-
trução do que após a mesma e após a ocupação do prédio. Não é difícil
entender o porquê disso, não é mesmo? O documento que rege a norma foi
dividido em três normas distintas, a saber:

• EIA/TIA-568-B.1 – especifica os requisitos mínimos para instalações de


cabeamento de telecomunicação nos ambientes interno e externo de
edifícios. Contém informações, como: topologia, distâncias, cabos reco-
nhecidos, configuração e conectorização. Uma vez que o cabeamento
seja especificado por essa norma, deve suportar várias tecnologias de
transmissão: dados, voz, imagem, controle, etc.

• EIA/TIA-568-B.2 – essa norma especifica os padrões mínimos de per-


formance dos componentes de cabeamento e ainda os procedimentos
para validação dos mesmos, pois a performance do sistema depende
das características dos seus componentes (cabo horizontal, hardware de
conexão e patch cords, etc.), número total de conexões e dos cuidados
com que os mesmos foram instalados e serão mantidos. Equipamentos
de teste e de medições em campo para cabos de par trançado são, tam-
bém, especificados nesta norma.

• EIA/TIA-568-B.3 – especifica o requisito mínimo para componentes de


fibra óptica utilizado nos sistemas de cabeamento estruturado. Alguns
exemplos: cabos, conectores, hardware de conexão, equipamentos de
medição e teste de campo. Nessa norma são reconhecidos os cabos ópti-
cos multímodo (50/125µm e 62,5/125µm) e cabos monomodo.

Cabeamento Estruturado e Projetos 41 E-TEC


Principais características da norma ANSI/EIA/TIA-568-B
• Flexibilidade nas conexões entre as redes;

• suporta diversas tecnologias de rede;

• facilidade de expansão, manutenção e gestão na rede;

• versatilidade de tecnologias, suportando transmissão de dados, voz, ima-


gens, vídeos, todas no mesmo sistema de cabos;

• permite colocar nos cabos um sistema de proteção contra interferências


EMI e RFI, deixando o sistema mais confiável e resistente;

• baixo custo quando for necessário implantar uma nova rede na empresa;

• maior duração do investimento, visto que o sistema é todo baseado em


normas internacionais rígidas, o que permitirá ainda expansões futuras
para novas tecnologias;

Antes de prosseguirmos estudando as normas, vamos entender as especi-


ficações e siglas importantes para um projeto de cabeamento estruturado.
Voltaremos com mais detalhes sobre cada um deles mais adiante, na aula
sobre o projeto propriamente dito. No entanto, é importante que, nesse
momento, você comece a se familiarizar com algumas siglas e certos termos
técnicos. Vamos a eles?

Topologia básica da ANSI/EIA/TIA-568 e seus subsistemas


A norma ANSI/EIA/TIA-568 possui um padrão que especifica seis subsistemas
num projeto de cabeamento estruturado. Dessa forma, os projetos podem
ser organizados e entendidos quando ainda esboçados no papel. Não se
espante com a palavra “esboço”, pois, antes de qualquer projeto começar
a ser detalhado e desenvolvido, os esboços devem sempre ser traçados e,
muitas vezes, os primeiros desenhos são bem simples. Veja a figura 3 apre-
sentada a seguir, ela é a figura 2 ampliada:

E-TEC 42 Manutenção e Suporte em informática


Figura 3 – Esboço de subsistemas de um projeto de cabeamento estruturado.

As siglas que aparecem (AT, SE, PT) fazem parte da topologia da norma ANSI/
TIA-568-B, mas você deve conhecer, também, as da norma NBR 14-565, pois
são igualmente importantes, ok? Para identificar ou saber ler um projeto ou
para você mesmo projetar uma infraestrutura de cabeamento estruturado
numa empresa, é vital que conheça a nomenclatura e as siglas das topolo-
gias já citadas. Essas especificações estão presentes, também, nos próprios
cabos de telecomunicações. O seu desconhecimento pode acarretar desde
a interrupção da rede a problemas mais sérios, como propagação de chamas
nas calhas e nos circuitos.

ABNT NBR14-565 Topologia Básica


• Área de trabalho (ATR) – área de trabalho, cuja sigla é ATR, é qualquer
área interna do edifício onde ficam pontos de rede ou de telecomunica-
ção e também ali ficam os sistemas computacionais dos usuários.

• Armário de Telecomunicações (AT) - Os armários de telecomunicações


(popularmente chamados de rack’s) são utilizados para organizar os ca-
bos e patch panels para conexões com os equipamentos, switches e ser-
vidores e a transição entre o caminho primário e secundário. Sua monta-
gem obedece a critérios de distribuição, acomodação e identificação de
cabos, considerando a facilidade de acesso.

Cabeamento Estruturado e Projetos 43 E-TEC


• Distribuidor Intermediário (DI) – faz a ligação entre os cabos primários de
primeiro e segundo níveis.

• Distribuidor Secundário (DS) – interliga cabos primários tanto de primeiro


quanto de segundo nível com os cabos secundários.

• Sala de equipamentos (SEQ) – sala ou espaço onde ficam acomodados


os equipamentos da rede onde devem ficar os distribuidores DI e DS. É
uma sala que tem a finalidade especial de fornecer espaço e manter um
ambiente operacional adequado para grandes equipamentos de comuni-
cação, TV a cabo, alarme de incêndio, segurança, áudio e outros sistemas
que possam integrar o sistema de automação. Era chamada por muitos,
no passado, de CPD.

• Ponto de consolidação de cabos (PCC) - Serve como um painel interme-


diário entre os pontos na área de trabalho e o quadro imediatamente
superior.

Figura 4 – Topologia Básica e sua nomenclatura da NBR 14-565.

ANSI/EIA/TIA-568 Topologia Básica


A EIA/TIA-568 especifica os requisitos para cabeamentos de Telecom em
ambientes corporativos (comerciais). Dentre essas especificações estão: as
distâncias entre os pontos, a topologia, o desempenho e a conectorização, a
classificação dos cabeamentos e as tomadas. Vale ressaltar que a norma EIA/
TIA é internacional e usa suas próprias siglas e nomenclaturas e que, muitas
vezes, estas podem aparecer no idioma inglês. Já a NR 14-565 é brasileira e
tem suas especificações no nosso idioma, como percebeu no tópico anterior.
Vamos, antes de ver mais detalhes sobre a topologia básica do cabeamento

E-TEC 44 Manutenção e Suporte em informática


estruturado na norma internacional, aprender sobre especificações técnicas
e conceitos dos subsistemas importantes num projeto.

Cabeamento Vertical – também chamado de cabeamento de tronco


ou Backbone. São os cabos primários e permanentes que fazem a ligação
entre a sala de telecomunicações e os armários de telecomunicações e, por
fim, os Pontos de Facilidade de Entrada. São chamados, também, popular-
mente, de cabos espinha dorsal da infraestrutura.

Figura 5 – Cabeamento de Backbone.

Cabeamento Horizontal – também referenciado como HC (do inglês Ho-


rizontal Cabling). Liga o painel de distribuição até o ponto final do cabea-
mento. O subsistema de Cabeamento Horizontal compreende os cabos que
vão desde a tomada de telecomunicações da Área de Trabalho até o armário
de telecomunicações e também são chamados de Cabeamento Secun-
dário.

Cabeamento Estruturado e Projetos 45 E-TEC


Figura 6 – Cabeamento Horizontal.

Área de Trabalho (WA – Work Area) – assim como na norma NBR 14-
565, a área de trabalho é o local que vai prover a interação dos usuários
e equipamentos de informática. Na Área de Trabalho ficam as tomadas da
rede e os conectores. Sempre que você perceber uma tomada de rede fixa e
computadores de usuários, ali será uma WA.

Figura 7 – Área de Trabalho (WA).

E-TEC 46 Manutenção e Suporte em informática


Salas de Telecomunicações (TR Telecommunications Room) – interligam
o sistema de cabeamento horizontal ao backbone. As salas de telecomuni-
cações distribuem os serviços para as WAs. É onde ficam os racks, blocos de
conexão, path panels, etc., e, se possível, deve ficar uma TR por andar.

Figura 8 – Sala de Telecomunicações (TR).

Sala de Equipamentos (ER – Equipment Room) – nessa sala devem ficar


os chamados ativos da rede (Servidores, Mainframes, PABX, No-breaks, etc.)
e suas interligações com todos os sistemas externos. Já foi muito chamada
de CPD no passado. Hoje, muitos se referem à ER como Data Center. A Sala
de Equipamentos é o local propício para abrigar equipamentos de teleco-
municações, de conexões e instalações de aterramento e de proteção. Ela
contém, ainda, a conexão cruzada principal ou a conexão secundária, usada
conforme a hierarquia do sistema de Cabeamento Backbone.

Cabeamento Estruturado e Projetos 47 E-TEC


Figura 9 – Sala de Equipamentos (ER).

Entrada da Edificação (EF – Entrance Facility) – no Brasil, é muito co-


mum os técnicos de telecomunicações se referirem à Entrada de Edificação
pelo termo DG ou DGT (Distribuidor Geral de Telecom). O DGT permite a
conexão entre o cabeamento interno e o cabeamento externo do prédio.
Localizado normalmente no subsolo ou no térreo, trata-se de um local que
abriga uma interface de entrada do edifício para ser o ponto de intersec-
ção entre os backbones que interligam diversos edifícios, além de conter o
ponto de demarcação de rede externa provida pela operadora telefônica.
O distribuidor geral de entradas pode, também, abrigar equipamentos de
telecomunicações. O Entrance Facilities deverá estar localizado em área não
sujeita à umidade excessiva e tão próximo quanto possível da entrada prin-
cipal do edifício. A ligação entre o cabeamento externo que vem dos
provedores (ISP) e o cabeamento do proprietário do edifício ou da
infraestrutura é feita pelo DG ou DGT.

E-TEC 48 Manutenção e Suporte em informática


Figura 10 – Sala de Equipamentos (ER).

Painéis de Distribuição ou Cross-Connect - nome genérico para qualquer


sistema ou dispositivo que realiza uma conexão cruzada, isto é, inverte as
posições de entrada e saída. Funcionam assim: eles recebem, numa extre-
midade, o cabeamento primário (que vem dos equipamentos) e na outra,
o cabeamento horizontal que vem das tomadas individuais. Cada tomada
é ativada através do Painel de Distribuição ou Cross-Connect, através dos
chamados Patch-panels.

Figura 11 – Painel de Distribuição (Cross-Connect).

Cabeamento Estruturado e Projetos 49 E-TEC


Conexões Cruzadas (Cross Connect) – uma Conexão Cruzada Principal
ocorre entre o cabeamento horizontal e o backbone e fica localizada na Sala
de Equipamentos (SEQ) ou ER (Equipment Room). Todas essas especifica-
ções e nomenclaturas são muito importantes. Procure estudá-las e aprender
a identificar cada uma, pois num projeto de cabeamento estruturado é vital
que o profissional de TI faça um trabalho realmente qualificado. Lembre-se
de que Conexão Cruzada define um tipo de interligação entre os cabos e
as salas, mas não é um hardware ou algum tipo de equipamento, apesar de
ser feita nos painéis de distribuição. Os tipos mais comuns de Cross-Connect
são:

• Conexão Cruzada Principal

• Conexão Cruzada Intermediária

• Conexão Cruzada Horizontal

Figura 12– Conexão Cruzada (Cross-Connect).

As distâncias máximas do backbone de distribuição devem ser respeitadas,


apesar de não ser uma obrigatoriedade, mas, sim, um padrão. Veja, na ta-
bela a seguir, as distâncias máximas entre as conexões cruzadas e o cabea-
mento principal (backbone).

E-TEC 50 Manutenção e Suporte em informática


Distâncias máximas backbone de distribuição

Conexão Cruzada Conexão Cruzada Conexão Cruzada


Horizontal/Cone- Horizontal/Cone- Principal/Conexão
Meio guiado
xão Cruzada Hori- xão Cruzada inter- Cruzada interme-
zontal mediária diária

Cabo UTP 800m 500m 300m

Fibra Multimodo 2.000m 500m 1.500m

Fibra Monomodo 3.000m 500m 2.500m

Figura 13 – Tabela das distâncias máximas para backbone de distribuição.

ANSI/EIA/TIA-568-C
A ANSI determina que as normas que são desenvolvidas sejam revisadas a
cada cinco anos. Por essa razão, a norma ANSI/EIA/TIA-568-B e suas séries
(B.1, B.2 E B.3) foram substituídas pela norma ANSI/EIA/TIA-568-C. Essa nor-
ma tem como característica principal o fato de que foi dividida em quatro
partes: 568-C.0, 568-C.1, 568-C.2 e 568-C.3. Essa modificação (divisão
em quatro partes em vez de três, como a antiga 568-B) aconteceu porque a
norma visa servir como referência, também, para projetos de cabeamentos
genéricos, pois as três antigas eram exclusivamente para edifícios comerciais,
residências e industriais ou data centers. Agora esse documento serve como
referência para diversos ambientes, como aeroportos, lojas, hospitais, hotéis,
etc. Os seguintes documentos compõem a norma:

• ANSI/TIA-568-C.0 – Cabeamento de Telecom genérico para aplicações


diversas nas edificações do cliente;

• ANSI/TIA-568-C.1 – Cabeamento de Telecom para edifícios comerciais;

• ANSI/TIA-568-C.2 – Cabeamento de Telecom em par balanceado e


componentes;

• ANSI/TIA-568-C.3 – Componentes de cabeamento em fibra óptica.

Cabeamento Estruturado e Projetos 51 E-TEC


Topologia Hierárquica comparativa entre a ANSI/TIA-
568-C.0 e ANSI/TIA-568-C.1
A topologia de distribuição com hierarquia é igual entre as normas, o que
muda é apenas a nomenclatura, ou seja, as siglas são diferentes. Veja na
tabela da figura 14.

ANSI/TIA-568-C.0 ANSI/TIA-568-C.1

SIGLA DESCRIÇÃO SIGLA DESCRIÇÃO

DC Painel de Distribuição C MC Cross-Connect Principal

DB Painel de Distribuição B IC Cross-connect intermediário

DA Painel de Distribuição A HC Cross-Connect horizontal

CP Ponto de consolidação CP Ponto de consolidação

EO Tomada de Equipamento TO Tomada de Telecomunicações

Figura 14 – Tabela da hierarquia de distribuição das normas 568-C.0 e 568-C.1.

Muitas siglas diferentes e nomenclaturas para significar, muitas vezes, a mes-


ma coisa, não é? Percebeu que Painel de Distribuição e Conexão Cruzada
ou ainda Cross-Connect são a mesma coisa? Apenas variam as siglas e no-
menclaturas, de acordo com a norma utilizada, assim como algumas normas
se referem ao desempenho dos cabos como CATEGORIAS e outras, como
CLASSES. Vamos continuar com as normas e fique esperto quanto aos textos
destacados em negrito e nas barras de complementação e dicas.

Resumo das outras normas ANSI/EIA/TIA


Algumas serão estudadas em mais detalhes em aulas futuras, quando a ne-
cessidade de entender como se aplicam surgir. Por hora, veja a tabela da
figura 15 com um resumo sobre as normas.

E-TEC 52 Manutenção e Suporte em informática


NORMA ESPECIFICAÇÃO

Norma para edificação dos caminhos e espaços de telecomuni-


cações em edifícios comerciais. Teve uma revisão em outubro de
1990 e foi substituída pela EIA/TIA 569-A. Especifica o projeto
de construção da infraestrutura que suportará o sistema de ca-
beamento, especificando, ainda, salas, áreas de caminhos onde
os cabos e os equipamentos de telecomunicações estarão. Com
o lançamento da Norma EIA/TIA 569-A, houve uma mudança
substancial no que tange as distâncias entre as redes lógicas e
EIA/TIA 569 elétricas, passando a ser aceita a seguinte situação:

É permitido o compartilhamento entre rede elétrica e rede lógica


em uma mesma canaleta, desde que:

a) exista uma separação física entre as duas redes dentro da


canaleta;

b) na rede elétrica a corrente total não seja superior a 20 A.


Norma para administração da infraestrutura de telecomunica-
ções em edifícios comerciais. Especifica os padrões de docu-
mentação e administração de uma rede interna estruturada,
incluindo todas as etiquetas, placas de identificação, planta de
pavimentos, cortes esquemáticos dos caminhos e espaços da
EIA/TIA 606
rede primária e secundária, tabelas e detalhes construtivos ins-
critos no projeto e memorial descritivo de toda rede interna. De
acordo com essa norma, a administração e a identificação da
infraestrutura de telecomunicações incluem a documentação da
LAN: desenhos, legendas, relatórios, etc.
A norma EIA/TIA 607 define um padrão para o projeto e ins-
talação de sistemas de aterramento em prédios comerciais,
estipulando, como regra básica, a necessidade de se ter um
único potencial de terra (haste de aterramento) para todos os
aterramentos existentes, ou seja, os diversos aterramentos exis-
tentes nos edifícios devem ser interligados para evitar diferenças
de potencial. Sabemos que só há condução de corrente elétrica
EIA/TIA 607
dos potenciais altos para os potenciais baixos, portanto, quando
não existe a diferença de potencial, não há corrente elétrica. A
norma define os elementos componentes do sistema de aterra-
mento e como devem ser instalados nos diversos ambientes que
compõem o sistema de cabeamento de telecomunicações. Vol-
taremos a estudar essa norma mais adiante, quando estivermos
aprendendo sobre projetos de cabeamento estruturado.

Especifica requisitos e documentação para o cabeamento estru-


EIA/TIA 570
turado em instalações residenciais.

Figura 15 – Tabela com resumo das normas EIA/TIA.

Cabeamento Estruturado e Projetos 53 E-TEC


Na figura 16, apresentada a seguir, é possível ver os subsistemas estudados
da norma ANSI/TIA/EIA-568. Você consegue nomear cada um de acordo
com os estudos dessa aula? Antes de ceder à tentação de olhar as respostas,
veja quantos você consegue identificar, conforme a figura.

Figura 16 – Subsistemas da norma EIA/TIA-568.

Classes e categorias de desempenho


As normas brasileiras reconhecem os meios guiados por categorias e classes
de desempenho:

• Cat.3/Classe C

• Cat. 5e/Classe D

• Cat. 6/Classe E

• Cat.7/Classe F.

E-TEC 54 Manutenção e Suporte em informática


As normas americanas reconhecem os meios guiados por categorias de de-
sempenho:

• Cat. 3

• Cat. 5e

• Cat. 6

• Cat. 7

• Cat. 7A (em desenvolvimento).

As normas ISO (internacionais) reconhecem os meios guiados por categorias


e também por classes de desempenho:

• Cat.3/Classe C

• Cat. 5e/Classe D

• Cat. 6/Classe E

• Cat.7/Classe F.

As normas europeias (CENELEC) reconhecem os meios guiados por classes


de aplicações:

Classe A, Classe B, Classe C, Classe D, Classe E, Classe F

Categoria/ Meios Largura


NORMA
Classe guiados de banda

Cat. 3/Classe C TIA, ISO, NBR, CENELEC UTP e F/UTP 16 MHz


Cat. 5e/Classe D TIA, ISO/IEC, NBR, CENELEC UTP e F/UTP 100 MHz
Cat. 6/Classe E TIA, ISO/IEC, NBR, CENELEC UTP e F/UTP 250 MHz
Cat. 6A/Classe EA TIA, ISO/IEC UTP e F/UTP 500 MHz
Cat. 7/Classe F ISO/IEC, NBR S/FTP- F/FTP 600 MHz
Cat. 7A/Classe FA ISO/IEC S/FTP- F/FTP 1 GHz

Figura 17 – Tabela das categorias e classes de desempenho.

Cabeamento Estruturado e Projetos 55 E-TEC


Figura 18 – Categoria 5 impressa no cabo UTP.

Referências
ANSI/TIA/EIA-568-A. Commercial Building Telecommunications Standard. Manual de
Cabeamento Estruturado. Disponível na Internet via URL: http://www.policom.com.br/
policom/downloads.asp. Arquivo capturado em 17.03.2009.
EVOLUTI Ltda. Tecnologia da Informação. Disponível na Internet via URL: http://www.dts-
info.com.br/cabestr.htm. Arquivo capturado em 25/12/2009.
MAURÍCIO, José. Guia Completo de Cabeamento de Redes. 11ª reimpressão. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.
SÉRGIO MARIN, Paulo. Cabeamento Estruturado – Desvendando cada passo: do projeto à
instalação. São Paulo: Érica, 2009.

Links de apoio e pesquisa:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_de_par_tran%C3%A7ado
http://www.cabeamento-estruturado.com/EIA_TIA_607_cabeamento_estruturado.asp
http://www.altoqi.com.br/suporte/lumine/cabeamento_estruturado
/Dimensionamento/Nomenclatura_dos_quadros.htm
http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialcabeamento/pagina_3.asp
http://www.coinfo.cefetpb.edu.br/professor/ilton/apostilas/estruturado/est3.htm

E-TEC 56 Manutenção e Suporte em informática

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