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Introdução

A crescente demanda de energia elétrica mundial, aliada às questões ambientais, e ao futuro


esgotamento das reservas de petróleo, despertou o interesse pela produção de energia
sustentável. Com base neste contexto, o emprego de energias alternativas vem ganhando um
importante espaço no mercado mundial.
A geração de energia elétrica provida por meio de aerogeradores pode ser uma nova maneira
de suprir-se a demanda elétrica sem necessariamente causar danos socioambientais (SEEDS –
USP, 2002).
Sendo o Brasil um país com altas médias de velocidade de vento, prevê-se uma maior
disseminação da energia eólica para as próximas décadas. No cenário atual, a inserção de fontes
de energias renováveis são apenas recursos complementares na matriz energética brasileira
devido ao seu custo elevado comparada com a energia produzida por hidrelétricas. Porém
através de avanços tecnológicos e medidas governamentais de incentivo, o panorama desta
utilização energética tende a aumentar consideravelmente.
A aplicação da energia eólica, na geração de energia elétrica, também é um importante fator
de desenvolvimento social de comunidades em diversas regiões, permitindo a universalização
do uso da energia a menores custos, além da geração de empregos e redução da pobreza e
marginalização [ Mattuella, 2005]
Dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo estudar a viabilidade técnica-econômica da
implementação de um parque eólico de microgeração no município de Rio Grande, localizado
no estado do Rio Grande do Sul, com o objetivo de abastecer o sistema interligado nacional de
energia com intuito de diminuir as despesas com energia elétrica e estimular as empresas no
entorno a aderirem a sustentabilidade. A energia produzida será responsável pela alimentação de
todas as fontes de iluminação externas da faculdade Anhanguera do Rio Grande e da IEEE 13
de Maio, como forma de contribuição socioeconômico.

LOCALIZAÇÃO
Rio Grande é um município brasileiro localizado no litoral sul do estado do Rio
Grande do Sul. Possui uma população de 207 036 habitantes (dados de 2014), segundo
estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo a mais
meridional dentre todas as cidades brasileiras de médio e grande porte, possuindo uma
área de 2817,48 km². Na mesma cidade encontra-se a faculdade Anhanguera do Rio
grande, localizada a nas coordenadas 30,45º S e 52,103º O, local de implementação. A
Faculdade localiza-se em uma região de grande média anual de ventos além de uma vasta
área para implementação de turbinas.
FIGURA 1 – Localizaçã o de Rio Grande/Faculdade Anhanguera de Rio Grande
Fonte: Google Earth, 2018.

Conforme o demonstrado na Figura 2, o local possui predomínio de ventos com


velocidade média estabelecida no limite 7,3 m/s, para a altura de instalação de 50 m, e
fator de forma de Weibul (k) igual a 2,25, segundo o site do CRESESB, sendo
confirmado pelo Atlas Eólico do Rio Grande do Sul de 2014.
Também outras características técnicas retiradas do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul
são descritas, como:
 A temperatura média anual situa-se em torno de 18º C;
 A densidade do ar média anual de 1250 kg.m-3;
 A rugosidade do local encontra-se no valor aproximado de 0,8 m e altitude de
5m;
Figura 2 – Dados de vento para a localização da Faculdade Anhanguera do Rio Grande

Fonte: CRESESB, 2018

AVALIAÇÃO GEOGRÁFICA LOCAL E LICENCIAMENTO


Trata-se de um local urbano, onde visa-se a microgeração para a própria
unidade. Como pode ser visto na figura 3, o terreno apresenta um relevo urbano, com
presença de árvores pequenas e uma região com casas de baixo padrão. O local de
instalação está a 5m de altitude do mar, e possui uma área de aproximadamente 8000
m², como pode ser visto na Fig. 3
Outro fator importante desta localização é que não existem impeditivos em relação a
implementação do parque eólico no local selecionado, visto que a área não pertence a
entidades governamentais e também não possui unidades de proteção ambiental, terras
indígenas, assentamentos e quilombos, como pode ser visto através da Fig. 4.
Figura 3 – Características do terreno
Fonte: Google Earth, 2018.

Figura 4 - Mapa das Unidades De Conservação, Terras Indígenas, Assentamentos e


Quilombos do estado do Rio Grande Do Sul (Fonte: Atlas Eólico – RS, 2014).

1. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR DAS TURBINAS EÓLICAS

O local escolhido apresenta uma direção de ventos bem definida, além de bons ventos
na direção de maior frequência. Assim, as Figuras 5 e 6 são utilizadas para a
determinação preliminar de uma orientação da posição das turbinas no terreno
escolhido, onde pode-se ver que o vento no quadrante leste predomina sobre a região,
com ventos acima da média na região nordeste.
Figura 5 – Rosa dos Ventos Anuais – Frequências x Direções – do estado do Rio Grande
Do Sul (Fonte: Atlas Eólico – RS, 2014).

Figura 6 – Rosa dos Ventos Anuais – Velocidades Normalizadas x Direções – do


estado do Rio Grande Do Sul (Fonte: Atlas Eólico – RS, 2014).

Segundo Custódio (2002), a disposição das turbinas deve ser elaborada respeitando a
regra geral de 5 diâmetros em relação ao espaçamento lateral e de 10 diâmetros em
relação a direção do vento. A disposição preliminar do parque eólico pode ser
visualizada através da Figura 6. Apesar do espaço cedido para implementação, apenas
duas turbinas serão selecionadas, um acima do prédio de salas de aula e o outro no
estacionamento da faculdade.
2. DETERMINAÇÃO DOS AEROGERADORES

Para a definição dos aerogeradores utilizou-se os dados coletados nas seções


anteriores, apresentados através da Tabela 1. Os aerogeradores escolhidos para a análise
são fabricados pela ENERSUD e ROPATEC, e dentre as opções foram estudados 3
modelos, os quais apresentam diferentes capacidades de produção, e são apresentados
na Tabela 2.

Figura 7 – Esquema Representativo da Instalação dos aerogeradores

Tabela 1 – Dados do Vento Obtidos na Cidade de Capivari do Sul


U 7,3 m/s
Z_ref 50 m
Zo (rugosidade) 0,8 --
ρ 1,22 kg/m³
Weibull 2.25 --

Tabela 2 – Modelo dos


Gerar24 WRE03 RAZEC26 Unidad
Aerogeradores EstudadosXModelo 6 0 6 e
do Aerogerador
Potencia Nominal 1000 2000 1500 W
Altura do Cubo 15 15 15 m
Com os dados do local e as características de cada Aerogerador, as quais foram
obtidas no catálogo do fabricante, pode-se determinar a capacidade de produção que
cada modelo poderá desempenhar, bem como o fator de capacidade do aerogerador
no local de instalação, possibilitando assim a geração de dados para uma posterior
análise de viabilidade econômica da instalação. A curva estatística de velocidade do
vento, bem como as curvas de potência e fator de capacidade para os aerogeradores
são visualizadas através das Figuras 8, 9, 10 e 11.

Weibull medição
0.14

0.12

0.10

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
0 5 10 15 20 25 30 35

Figura 8 - Curva Estatística de Velocidade do Vento – Distribuição de Weibull

Figura 9 - Curva de Fator de Capacidade e Potência –RAZEC266.


Figura 10 - Curva de Fator de Capacidade e Potência –GERAR246.

Figura 11 - Curva de Fator de Capacidade e Potência –WRE030.

Para os modelos de aerogeradores estudados foram obtidos os fatores de capacidade


adequados ao local e as condições de vento disponíveis, de forma que o maior fator de
capacidade foi encontrado para o aerogerador modelo GERAR246, Figura 12, com fator
de capacidade de 23,49%, mesmo não apresentando a maior potência média e produção
de energia anual em relação aos outros aerogeradores, o custo de implementação e
retorno do mesmo se mostram satisfatórios.

Figura 12 – Dados Técnicos do Aerogerador – ENERSUD – GERAR256.


3. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

A Energia de Referência (ER) do parque eólico em estudo é de 4.06 MWh. Este


resultado foi obtido considerando-se que o parque possui 2 aerogeradores ENERSUD
GERAR246, de potência nominal 1,0 KW e altura do cubo de 15 metros, o qual obteve-
se um fator de capacidade de 23,49% ao longo de um ano (8760 horas). Além disso,
considerou-se que o parque tenha eficiência (Cr) de 100% e disponibilidade (Cd) de
100%.
De acordo com o cenário atual de energia eólica realizou-se os cálculos para o
fluxo de caixa no parque proposto, onde obteve-se um retorno de investimento ao
longo de 11 anos, tendo em vista que o projeto tem vida útil de 20 anos, entende-se
que é satisfatório, visto que o projeto será inserido a rede e o retorno anual será de
R$ 1863,72. Os dados utilizados podem ser visualizados através da Tabela 3.

Tabela 3 - Fluxo de Caixa dos Aerogeradores


Potencia nominal 0.001 MW Custo unitário R$ 10,237,500.00
Número de turbinas 2 Investimento total R$ 20,475.00
Potência total 0.002 MW Financiamento R$ -
FC 24% Capital próprio R$ 20,475.00
Eficiencia 100% Investimentos Turbinas R$ 18,427.50
Disponibilidade 100% Demais Investimentos R$ 2,047.50
Perdas até subestaçao 99% Taxa de juros 6%
Energia anual 4.06 MWh Período de pagamentos 14
Carência 2
Valor de venda R$ R$/MW
energia 505.00 h
TIR 7.46%  

4. CONSLUSÕES

Por se tratar de uma análise preliminar, onde carecem dados de estudos locais, pode-se
considerar satisfatório os resultados. O investimento local em produção própria pode
impulsionar o mercado e servir de referência para o empresariado local. Relembrando também
que o projeto pode ser utilizado de cunho social, uma vez que pode ser instalado para o uso em
uma Escola estadual próxima a unidade, ou ser utilizada ligada a rede da própria concessionária.
Como projeto de instalação fora da rede, a potência gerada satisfaz por completo as
necessidades proposta, iluminação do estacionamento, que necessita de 1,85 MWh anuais.
Porém, vale ressaltar a necessidade de dados mais detalhados sobre as variáveis geográficas,
geológicas e climáticas do local, para resultados mais consistentes e precisos em um estudo de
caso real.

Referencias:

DOS SANTOS CUSTÓDIO, Ronaldo. Energia eólica para produção de energia elétrica.


Eletrobrás, 2007.
MATTUELLA, Jussara Maria Leite. Fontes energéticas sustentáveis: um estudo sobre a viabilidade do
aproveitamento da energia eólica em três localidades, no RS. 2005.

Atlas Eólico do Estado do Rio Grande do Sul, Versão 2014.

PETRY, Adriane Prisco. Material de Aula, 2017.

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