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MÓDULO AÇÃO PENAL

ROTEIRO DE AULA

Professor PEDRO COELHO

Defensor Público Federal

AÇÃO PENAL

1 - Considerações Iniciais

2 - Conceito –

Vertentes Majoritária (Ada Pellegrini Grinover) = A ação penal é um direito público subjetivo
garantido constitucionalmente que detém a parte de provocar o estado-juiz para resolver a demanda penal
.
Minoritária (Ovídio Baptista/Pontes de Miranda) = A ação penal não é um direito, é apenas o
poder/agir do titular da ação de exigir do Estado-Juiz para solucionar a demanda penal

2.1 - Estatura Constitucional:

Art. 5ºXXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito;
3 - Principais Características

A – Autonomia (Período Imanentista x Autonomista).

Período Imanentista= Se houvesse a improcedência, não existiu o direito de ação.


Autonomista= Para toda ação há um direito que lhe corresponde.

B – Abstração.

Há um direito prévio do direito de ação, ou seja, o direito de ação é abstrata, independente da


existência de processo

C – Instrumentalidade.

Princípio da necessidade do processo penal, pois o processo penal é o instrumento eficaz, eficiente e
adequado, também é o condutor necessário para a operalização e aplicação do direito penal, a pretensão
punitiva, coação mediata e imediata.

Obs.: Existe LIDE no processo penal?

Doutrina majoritária = aponta a incompatibilidade de lide no processo penal, pois o Ministério Público não tem interesse
contraposto ao do réu, mas ele teria interesse na justa aplicação da lei penal, seja com a condenação ou absolvição.

Não há possibilidade da aplicação da pena sem o devido processo legal, não existindo lide, dessa forma.

Doutrina minoritária = aponta a posição acusatória do Ministério Público.

4. Teoria da Ação para Liebman e as Condições da Ação.

Teoria eclética existente no brasil (teoria majoritária).

Teoria concretista, o direito de ação se confunde com o mérito.

5 - Condições da Ação.

Obs.: Divergência de Nomenclaturas e a posição adotada na Aula (Majoritária).

Doutrina Clássica Doutrina Moderna

Possibilidade jurídica do pedido (professora Maquena) Prática de fato aparentemente criminoso

Legitimidade ad causam Punibilidade concreta

Interesse de agir Legitimidade da parte

Justa causa Justa Causa


5.1. - Legitimidade ad causam (conceito)

5.1.1 Regra nas Ações Penais Públicas (art. 129, I, CF) e Ações Penais Privadas.

- Polo Ativo (Ministério Público, em regra, ação penal subsidiária e pública).


(O menor pode compor o polo ativo de uma queixa crime – Legitimidade ad processum).

- Polo Passivo – (Aquele a quem recai os indícios de autoria do crime)


(Menor de 18 anos, inimputável, não integrará o polo passivo (art. 228 CF).

5.1.2 – Legitimidade ad causam x Legitimidade ad processum.

Obs.: Menoridade (ilegitimidade passiva ad causam), Ausência de Indícios de Autoria


(justa causa) e Deficiência Mental “+18” (Cuidado!).

5.1.3 Pessoa Jurídica detém Legitimidade ad causam no processo penal?

- Legitimidade Ativa (crime ambiental) X Legitimidade Passiva (crimes contra a honra?).

- A PJ pode ser ré em ação penal? Crimes Ambientais?

Art. 225.§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Lei 9.605/98 (crimes ambientais) - Art. 3º As pessoas jurídicas serão


responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.

- E como se posicionam os Tribunais?


1º Momento: STF X STJ – Divergência quanto à Teoria da Dupla Imputação.

“É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental,


ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou de
direção do órgão responsável pela prática criminosa”. Ao se condicionar a
imputabilidade da pessoa jurídica à pessoa humana, estar-se-ia quase que a
subordinar a responsabilização jurídico-criminal do ente moral à efetiva condenação
da pessoa física. (RE 548181, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma,
julgado em 06/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-213 DIVULG 29-10-2014
PUBLIC 30-10-2014). STF não adotou a teoria da dupla imputação.

2ª Momento: STJ = STF.

5ª Turma do STJ – NÃO ADOTOU 6ª Turma do STJ - ADOTOU

É possível a responsabilização A responsabilidade da pessoa física


penal da pessoa jurídica por delitos que pratica crime ambiental não está
ambientais INDEPENDENTEMENTE condicionada à concomitante
da responsabilização concomitante responsabilização penal da pessoa
da pessoa física que agia em seu jurídica, sendo possível o
nome. (RMS 39.173-BA, Rel. Min. oferecimento da denúncia em desfavor
Reynaldo Soares da Fonseca, daquela, ainda que não haja imputação
julgado em 6/8/2015, DJe do delito ambiental a esta. (RHC
13/8/2015). 53.208/SP, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado
em
21/05/2015, DJe 01/06/2015).

E quando a Pessoa Jurídica será responsabilizada criminalmente nas


infrações penais ambientais?
Pressuposto 01: Que o crime tenha sido cometido por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado;

+
Pressuposto 02: Que o crime ambiental tenha se consumado no interesse ou
benefício da entidade.
5.1.4 - Interesse de Agir

5.1.5 - Conceito (Escola Clássica ou Paulista) – Necessidade/Adequação/Utilidade

Teoria Tripartite

Necessidade:

Adequação:

Utilidade:

5.1.6 – Interesse Necessidade;

- Doutrina e Jus Puniendi como Coação Indireta!


- Essa ação penal é necessária? Princípio da subsidiariedade?

5.1.7 – Interesse Utilidade – “Esperança”

- Prescrição Virtual/ Antecipada/ Em Perspectiva – Há utilidade? Origem do


Instituto?

Súmula 438 do STJ (DJe 13/05/2010) - É inadmissível a extinção da


punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.

- Repercussão Geral no STF (RE 602.527 QO-RG):


EMENTA: AÇÃO PENAL. Extinção da punibilidade. Prescrição da pretensão
punitiva “em perspectiva, projetada ou antecipada”. Ausência de previsão
legal. Inadmissibilidade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral
reconhecida. Recurso extraordinário provido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do
CPC. É inadmissível a extinção da punibilidade em virtude de prescrição da
pretensão punitiva com base em previsão da pena que hipoteticamente seria
aplicada, independentemente da existência ou sorte do processo criminal. (RE
602527 QO-RG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 19/11/2009,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237 DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-
2009 EMENT VOL-02387-11 PP-01995).

Críticas Doutrinárias: (a) Princípio da Eficiência e (b) Equívoco Interpretativo de


Processo Penal (Extinção da Punibilidade X Arquivamento por Ausência de
Condição da Ação).

5.2.3 - Interesse Adequação

- STF Súmula nº 693 - Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena
de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária
seja a única cominada.

- STF Súmula nº 694 - Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar
ou de perda de patente ou de função pública.

STF Súmula nº 695 - Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.330

Obs.: Crítica ao conceito clássico.

5.3 Possibilidade Jurídica do Pedido (Cuidado Aqui! Reflexos do NCPC).

Se analisa a causa de pedir e não o pedido. Dessa maneira, estar-se-ia analisando o mérito, motivo pelo
qual a possibilidade jurídica do pedido não seria condições da causa.

5.3.1. Posição Anterior ao NCPC/2015:

Tipicidade!

- Críticas: O acusado, no processo penal, defende-se dos fatos, não havendo


vinculação ao pedido. Emendatio Libelli (art. 393 CPP).

5.3.2. Novo CPC/2015: Reflexos no Processo Penal?

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

- Possibilidade Jurídica do Pedido é Mérito e não Condição da Ação.

- Juízo de Tipicidade: Conceito ligado à causa de pedir!

Obs.: Existe “Julgamento Antecipado da Absolvição Sumária”?


5.4 - Justa Causa

- Origem e razão de ser (status dignitatis);

- Indícios mínimos de Autoria e Materialidade (art. 395, II e III do CPP).

Obs.: Você sabe o que é Justa Causa DUPLICADA? Lei 9.613/98!

Está presente na Lei de Lavagem de Capitais:

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: § 1o A denúncia


será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal
antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido
ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade da infração penal
antecedente. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012).

Justa causa é o lastro probatório mínimo de indícios de autoria e materialidade.


Todavia, nos crimes prescritos na Lei 9.613/98, como necessita de delitos pretéritos,
não se pode iniciar a ação penal restringindo aos lastros probatórios dos possíveis
criminais de lavagem de capitais, tem que haver a justa causa nos crimes pretéritos.

Se o crime pretérito estiver prescrito, nada impede em dar seguimento à ação penal
envolvendo os crimes de lavagem de capitais.

6. Condições ESPECÍFICAS (Especiais) da Ação ou Condições de Procedibilidade?

- Conceito. Nomenclatura e Doutrina (Tourinho Filho).

- Representação da Vítima, Requisição do Ministro da Justiça. Há outros exemplos?

Obs.: Quais as consequências do reconhecimento da Ausência das Condições


da Ação?

Teoria Clássica (art. 485,VI do NCPC/2015) X Teoria da Asserção (in status assertiones).

Teoria Clássica= Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar
ausência de legitimidade ou de interesse processual; (Sem resolução do mérito).
Teoria da Asserção= Após a instrução, verificada a ausência das condições da ação,
seria mais justo um julgamento de mérito, uma sentença absolutória. (com resolução
do mérito).

(Ada Pelegrine, Alexandre de Freitas Câmara) – para casos em que fora analisada a
inicial, deve ser analisado o mérito, pois estava certo, a princípio, acerca da existência
das condições da ação.

- Exemplo da Teoria da Asserção e Crítica.

O NCPC indica que foi adotada a teoria clássica. Mas devemos aguardar as decisões
jurisprudenciais.

Cândido Rangel Dinamarco= O problema da teoria da asserção é que a natureza jurídica da ação
passa a ser múltipla, pois em análise no recebimento da inicial, trata-se de uma análise processual,
após essa etapa, trata-se de uma análise de mérito.

7 - CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES.

7.1. - Critério Subjetivo:

(a) - Ação Penal Pública (MP) – Conceito/Sistema Acusatório.


Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste
Código;

Obs.1: O Ministério Público é o titular privativo da Ação Penal. Certo ou


Errado? Errado, pois ele é o titular da Ação Penal Pública.

Obs.2: O que seria o Processo Judicialiforme? Ele possui previsão legal


atualmente no Brasil? Sistema Inquisitivo e a “Filtragem Constitucional”.

Hipótese de processo judicialiforme, previsão expressa no CPC mas não foi


recepcionado pela CF/88= Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada
com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela
autoridade judiciária ou policial.
(b) - Ação Penal Privada.

No novo CPP, essa modalidade será extinta, a tendência é que desapareça, pois é resquício de
vingança privada não tolerada no Estado Democrático de Direito.

8. PRINCÍPIOS REITORES DA AÇÃO PENAL PÚBLICA (4 primários e 3


acidentais):

(a) Primários:
 Obrigatoriedade
 Indisponibilidade
 (In)Divisibilidade
 Intranscendência.

(b) Acidentais:

 Autoritariedade.
 Oficiosidade.
 Oficialidade.

8.1 - Princípio da Obrigatoriedade ou Compulsoriedade ou Legalidade Processual.

- Dever Funcional e Justa Causa.

Obs.: Obrigatoriedade Mitigada ou Discricionariedade Regrada:


Exceção! O princípio da obrigatoriedade é a regra, na discricionariedade regrada é excepcional, e
tem como exemplo as seguintes hipóteses legais (incluídas pelo legislador):

(a) Transação Penal – art. 76 da Lei 9.099/95;

(b) Lei de Organizações Criminosas (Lei 12.850/2013) – Colaboração Premiada:

Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação
e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados: § 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério
Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: (I) não for o
líder da organização criminosa; (II) for o primeiro a prestar efetiva colaboração
nos termos deste artigo.

8.2 - Princípio da Indisponibilidade ou “Indesistibilidade”.

- Não pode o MP desistir da Ação Penal.

- Exceção! Suspensão Condicional do Processo (art. 89 da Lei 9.099/95). Cuidado


em concurso público com a discricionariedade regrada!

- Postura do MP:

Vincula o MP após a instrução? O MP não vincula ao pedido inicial, pela independência


funcional, ou seja, pode pedir a absolvição após a instrução. O juiz pode entender o
contrário e condenar (há controvérsia).

Sistema Recursal e o MP? O MP não é obrigado a recorrer. Porém, se recorrer não poderá
desistir do recurso.

8.3 - Princípio da (IN)Divisibilidade (Polêmico).

- Faceta Subjetiva da Obrigatoriedade

- Posição da Doutrina Majoritária.

- Doutrina Minoritária e os Tribunais Superiores (STF e STJ).

Posição Majoritária Precedente Isolado

Ofensa ao princípio A manifestação da Procuradoria Geral da


da indivisibilidade: República, destacando a atipicidade
o princípio da
da conduta daquele que seria considerado
indivisibilidade não se aplica o
à
ação penal pública, podendo principal artífice da operação financeira em

o foco, inviabiliza, logicamente, a


responsabilização daqueles que seriam
Ministério Público, como
apenas partícipes. Quando o Parquet se
'dominus litis', aditar a
pronuncia em relação a um, ou alguns
denúncia, até a sentença final,
dos corréus, destacando a atipicidade
para inclusão de novos réus, ou
do fato, tal manifestação, de caráter
ainda oferecer nova denúncia, a
objetivo, estende-se aos demais, pelo
qualquer tempo. Precedentes do
princípio da indivisibilidade da ação
STF e do STJ. (APn 300/ES, Rel.
penal.(...).(HC 101570/RJ, Rel. Ministra
Ministro MAURO CAMPBELL
MARIA THEREZA DE ASSIS
MARQUES, CORTE
MOURA,
ESPECIAL,
SEXTA TURMA, julgado em
julgado em 21/09/2016, DJe
21/09/2010,
07/10/2016).
DJe 11/10/2010).

8.4 - Princípio da Intranscendência ou Pessoalidade.

A ação penal não pode suplantar à figura do réu.

8.5 - Princípios Acidentais: Autoritariedade/ Oficiosidade/ Oficialidade

- Ação penal é manejada por uma autoridade pública.

- Ação penal pode ser manejada de ofício.

- Deve ser manejada por uma autoridade oficial do Estado, pré-definida.

9 - Modalidades de Ação Penal Pública.

9.1 - Ação Pública Incondicionada (art. 100 do CPB) – Considerações.

- A regra é que a ação penal é pública e incondicionada.

9.2 - Ação Penal Condicionada – Conceito (“Strepitus Judici” = escândalo do


processo) e Finalidade? Exemplos.
- A
9.2.1 – Institutos Condicionantes ou Condições de Procedibilidade.

9.2.1.1. – Representação.

(a) Conceito e Consequência? É uma condição de procedibilidade da ação penal.

(b) Legitimidade para Representar?

A legitimidade é da vítima ou de seu Representante legal (menor).

Obs.1: Emancipação Cível legitima a vítima a representar?

Não, a emancipação cível não autoriza a legítima representação. Dependerá de representante legal. Pois
ainda estará presente o critério biológico.

Caso houvesse a possibilidade, o menor teria carta branca para sair representando sem qualquer
punibilidade caso a representação seja infundada.

Obs.2: Procuração com Poderes Especiais? Art. 39 do CPP!


Sim, desde que a procuração seja específica. A procuração deve ser minuciosa quanto à descrição do
fato ocorrido. O procurador não precisa ser advogado.

Obs.3: No processo penal há (i) Sucessão Processual e (ii) Substituição


processual?
Legitimação extraordinária.
CADI- Cônjuge/”Companheira”, Ascendente, Descendente, Irmão = apenas este rol que tem
legitimidade para suceder à vítima.

- Sucessão por morte ou Ausência – CADI (art. 24 CPP) E a companheira?

Caso aceita a tese da possibilidade da companheira ser substituta processual, amplia-se a


possibilidade do réu ser punido, ou seja, essa interpretação extensiva (analogia) in malam partem,
o que não é aceito.

Obs.4: E a Pessoa Jurídica?

Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão


exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos
ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes.

(c) Destinatários? MP, Autoridade Policial e Juiz.


(d) Prazo (Natureza Jurídica/dies a quo/ Forma de Contagem/Exemplo)

Prazo decadencial de 06 meses da data do conhecimento do fato e do agente.

(e) Retratação – A Vítima que representou pode se arrepender?

A vítima pode se retratar até o OFERECIMENTO da denúncia.

e.1. - Marco temporal

Art. 25. A representação será irretratável, DEPOIS DE OFERECIDA a denúncia.

e.2. – E na Lei Maria da Penha? Críticas e Peculiaridades.


A vítima pode se retratar até o RECEBIMENTO da denúncia.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de


que trata esta Lei, só será admitida a RENÚNCIA à representação perante o juiz,
em audiência especialmente designada com tal finalidade, ANTES DO
RECEBIMENTO da denúncia e ouvido o Ministério Público.

e.3. - Múltiplas Retratações (Posições Majoritária e Minoritária).

“Cabe a retratação da retratação da representação”?


Admite-se a múltipla retratação. A doutrina majoritária entende que sim, desde que não haja as prejudiciais
de mérito (prescrição e decadência), bem não ainda não haja oferecida a denúncia e nos casos de
violência doméstica até o recebimento da denúncia.

e.4. - Rigor Formal (STJ e STF)?

e.5. - Eficácia Objetiva – não vincula à pessoa (Posições Majoritária e Minoritária).

A representação é em razão do fato e não em face do agente, ou seja, se durante as investigações for
constado a presença de outro agente, este deverá ser denunciado também. (ex.: namorado e outros
estupraram a vítima, ele não representou o namorado, o MP denunciou todos, inclusive o namorado).

LFG não concorda, pois a vítima deveria ser intimada para informar se quer representar, após saber todos
os envolvidos ou não.

Mas prevalece a eficácia objetiva.

E.6 - Não vinculação do MP


Ainda que a vítima represente, o MP, se não tiver convencido da autoria e materialidade, não está
vinculado à oferta. Contudo, presentes os requisitos, o MP está vinculado pelo princípio da
obrigatoriedade, compulsoriedade e legalidade processual, gerando um dever funcional
9.2.1.2. – Requisição do MJ (Ações Penais Públicas Condicionadas à
Requisição do MJ)

(a) Conceito e Consequência?

Exemplo: Crime contra a honra do Presidente da República (art. 141, I c/c art. 145 do
CPB).

(b) Legitimidade para a Requisição?

(c) Destinatário da Requisição? Cuidado para não confundir!

É o Ministério Público por meio do Procurado-Geral.

(d) Prazo?

Com a requisição é um ato político-administrativo, não há prazo decadencial.

(e) Retratação – Posição Clássica X Posição Moderna (Ato Administrativo -> autotutela ->
possibilidade).

Posição clássica= É um ato político, e por ser ele ponderado, não há se falar em revogação
demonstrando a fragilidade da administração, por isso não há se falar em retratação.

Posição moderna= A requisição tem caráter de ato administrativo, sendo isso, é possível a
retratação pela autotutela

e.1. – Fundamentos das Posições (Tourinho Filho X Nucci e LFG).

e. 2 – E como se posicionam os Tribunais Superiores? Atenção à “pegadinha” de


Concurso!
Não há decisões neste sentido

(f) Eficácia Objetiva

(g) Não vinculação do MP (crítica à nomenclatura)

Não há vinculação ao MP
9.3 - Ação Penal Privada

9.3.1 – Conceito e Fundamentos/Substituição Processual/Nomenclatura e


Tendência Atual (Projeto de Novo CPP).

A tendência é a extinção da Ação Penal Privada.


- A ação penal privada não faz sentido, é um resquício da vingança privada que o legislador
manteve sem razão de ser.
- Queixa Crime – Querelante e Querelado
- Nos crimes sexuais a regra era a queixa crime.
- Ex: Crimes Sexuais e Injúria com conotação discriminatória.

9.3.2 - Princípios da Ação Penal Privada


- (1) Oportunidade/(2) Disponibilidade/(3) Indivisibilidade/(4) Intranscendência

9.3.2.1 - Princípio da Oportunidade ou Conveniência


- Institutos Correlatos ao Princípio da Oportunidade.

(A) Decadência – Prazo/ Dies a quo/ Consequência?


- 06 meses, contados a partir da ciência da autoria dos fatos.
- Não se interrompe, não se suspende e não se prorroga.
- Prazo material, inclui o dia de começo e exclui o dia final.

Obs.1: A pendência de Inquérito Policial tem o condão de prorrogar o prazo para


ajuizamento da Queixa Crime?

- A pendência do IP não tem o condão de prorrogar o prazo.

(B) Renúncia
B.1– Modalidades: Expressa e Tácita (art. 57 CPP)/ Consequência? Extinção de
Punibilidade.

B.2 - Arquivamento de Inquérito pelo Querelante?


Poderá ser interpretado com o renúncia expressa.

B.3 - Momento/Irretratabilidade

9.3.2.2 - Princípio da Disponibilidade


(A) Institutos Correlatos ao Princípio da Disponibilidade.

(B) Perdão – Extinção da Punibilidade e Momento (Qual o momento limite?).


Perdão pode se dá até o trânsito em julgado.

Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: § 2º - Não é


admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.

- Bilateralidade e procedimento (art. 58 CPP).


- É possível perdão efetuado por procurador? É possível, desde que haja poderes específicos.
- *(não confundir) Perdão Judicial – Unilateral – Consequência Legal (Homicídio Culposo art. 121,
§5º CPB).

(C) Perempção (distinção com o CPC) – Hipóteses (art. 60 CPP).

Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante (1) deixar de promover o andamento do


processo durante 30 dias seguidos; (não precisa intimar o adv para dar andamento.
Mas, verificada a desídia do adv, deverá notificar o querelante antes da extinção)

II- quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, (2) não


comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36;

III - quando o (3) querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a


qualquer ato do processo a que deva estar presente, (a simples ausência no
comparecimento da audiência de conciliação não é causa de perempção, conforme
entendimento majoritário) ou (4) deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais (mesmo que não haja a afirmação final, se no decorrer da leitura das
alegações ficar claro que o querelante quer a condenação, não há se falar em perempção);

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, (5) esta se extinguir sem deixar
sucessor.

9.3.2.3 - Princípio da Indivisibilidade

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
– Fiscalização do MP (custos legis). Qual será a postura adotada pelo MP?

(a) Esquecimento Voluntário do Querelante (Posições Majoritária e


Minoritária).
O esquecimento voluntário: a) Majoritária, a omissão gera a extinção da
punibilidade, ou seja, significa o perdão que se estende a todos; b) Minoritária,
poderá ser aditada a inicial, inclusive pelo MP (tourino).

(b) Esquecimento Involuntário (Majoritário, Minoritário e Intermediário)

O esquecimento involuntário: a) Majoritária, sendo indesejado esquecimento,


poderá o MP requerer o aditamento pelo querelante (LFG, etc); b) Minoritária,
poderá ser aditada a inicial pelo MP (tourino). c) Minoritária, posição intermediária,
aditamento tanto pelo querelante, quanto pelo MP.

- O MP pode ou não aditar a queixa crime? Artigo 45 do CPP.


Princípio da indivisibilidade não se aplica à ação penal, mas há divergência.

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério
Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. (não poderá acrescentar
agentes no polo passivo, mas apenas para acrescentar retificações de caráter material).

9.3.2.4 - Princípio da Instranscendência

REVISÃO – QUADRO COMPARATIVO

Ação Penal Pública Ação Penal Privada

Obrigatoriedade Oportunidade

Indisponibilidade Disponibilidade

* (In)divisibilidade Indivisibilidade

Intranscendência Instranscendência
9.3.3 - Modalidades de Ação Privada

(a) Ação Privada Exclusiva ou propriamente dita - Essa ação admite sucessão
por morte ou ausência! CADI. (admite-se a sucessão processual)

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

(b) Ação Privada Personalíssima.

Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (único caso)


Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

- Prazo da Ação Privada Personalíssima – Cuidado!

Art. 236, Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado
não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

(D) Ação Privada Subsidiária da Pública (art. 5º, LIX, CF e art. 100, parágrafo 3º
CPB).

D.1. - Requisitos: (1) Inércia do MP e (2) Vítima Identificada.


1- Inércia do MP= 5 dias (preso) – 15 dias (solto)
Se houver pedido de arquivamento, requerimento de novas diligências, oferta da denúncia, ou
outra manifestação, não há se falar em inércia. A inércia tem que ser um nada a fazer.
No tráfico de drogas, por ser um crime vago, cuja titularidade do bem jurídico é difuso, tutelada a
saúde pública. Assim, não havendo vítima individualizada, não há como ter ação penal subsidiária
da pública. Concluindo, para haver a APSP deve haver uma vítima específica, individualizada e
especificada.

Obs.1: Em caso de Arquivamento Implícito, cabe Queixa Crime Subsidiária


(STJ HC 21.074/RJ)?

Hipótese que trata de ação penal privada subsidiária da pública, iniciada por
queixa oferecida em função de o Ministério Público, em crime de homicídio culposo,
ter deixado de apresentar denúncia contra alguns dos indiciados, ofertando-a contra
os demais. Evidenciada a ocorrência de arquivamento implícito – eis que o
Ministério Público não teria promovido a denúncia contra os pacientes por entender
que não havia prova da prática de delito pelos mesmos – impede-se a propositura
de ação penal privada subsidiária da pública. A alegação de ausência de justa
causa para o prosseguimento do feito pode ser reconhecida quando, sem a
necessidade de exame aprofundado e valorativo dos fatos, indícios e provas, restar
inequivocamente demonstrada, pela impetração, a configuração do arquivamento
implícito do feito contra o paciente.

C.2 - Prazo? Atenção à peculiaridade da contagem!

Há prazo de decadência de 06 (seis) meses para o ajuizamento da ação penal pública a partir
do prazo para o MP se manifestar [ 05 dias preso – 10 dias solto].

Obs.2: Findo o prazo para o ajuizamento, há a decadência?

C.3 - Poderes do MP (Interveniente Adesivo Obrigatório ou Assistente


Litisconsorcial)

- Propor prova; - Apresentar recursos (legitimidade recursal plena); - Aditar a ação,


inclusive ampliando o rol de réus (aqui não há limitação alguma – aditamento
subjetivo)

C.4 Postura do MP e Procedimento - Queixa Crime Substitutiva/ Repúdio/ Denúncia


Substitutiva/ Parecer Opinativo/ Ação Penal Indireta. O MP deverá ser intimado da ação
penal subsidiária da pública.

Obs.: Pode o MP repudiar a queixa substitutiva e postular, ato contínuo, o


arquivamento do IP? Pode. O MP pode repudiar a queixa crime que houve desídia
para pedir o arquivamento. Entendendo pelo arquivamento, deverá proferir um
parecer opinativo, requerendo o arquivamento.
AÇÃO PENAL INDIRETA. A inércia na Ação penal subsidiária da pública não causa extinção da
punibilidade em razão da perempção. Ocorre que o MP retomará o protagonismo no jogo
processual. Isso é chamado de ação penal indireta.
9.4. CUIDADOS ESPECIAIS.

9.4.1. Ação Penal nos Crimes Sexuais

9.4.1.1. Considerações Antes da Lei 12.015/2009.

Incondicionada Condicionada à Privada


representação

- Quando gerar lesão corporal grave ou - Vítima pobre. -


morte;
Demais
hipóteses.
- Praticado com abuso do poder familiar,
das relações de tutela ou curatela.

9.4.1.2. Atualmente (Depois da Lei 12.015/09).

Incondicionada Condicionada à Privada


representação

- Menor de 18 anos - Regra Geral - Não mais


existe
- Vítima vulnerável (art. 217-A CPB) menor
de 14 anos, deficiente ou não haja
possibilidade de oferecer resistência.

- E se houver lesão corporal grave ou morte? Crítica – Proibição da Proteção


Insuficiente x Proibição do Excesso.

- Súmula 608 do STF X artigo 225 do CPB – Revogada?

Súmula 608 do STF - No crime de estupro, praticado mediante violência real, a


ação é pública incondicionada.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante
ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Revogação da Súmula. Manutenção da Súmula.

Doutrina Majoritária; - Doutrina Minoritária;

Precedentes do STJ (RHC - Precedentes do STJ (REsp


39.538/RJ, Rel. Ministro ROGERIO 1485352/DF, Rel. Ministro
SCHIETTI CRUZ, Rel. p/ Acórdão ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
Ministra MARIA THEREZA DE SEXTA
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
TURMA, julgado em 25/11/2014 e
julgado em 08/04/2014, DJe RHC 40.719/RJ, Rel. Ministro
25/04/2014). JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA,
julgado em 18/03/2014, DJe
26/03/2014).

(Manutenção da Súmula) – a tendência é a manutenção da Súmula, opinião do


professor.

Obs.: “Incapacidade Transitória” e Estupro de Vulnerável: Há reflexos na


espécie de ação penal? Cuidado com o HC 276.510/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, j. 11/11/2014.

9.4.2. Ação Penal nos Crimes contra a honra de funcionário público.

- Regra: Ação Privada (particulares)

- Pública Condicionada (art. 145 parágrafo único do CPB) ou Legitimidade


Concorrente (Súmula 714 STF)?

- STF Súmula nº 714 - É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante


queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a
ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de
suas funções.

- É legitimidade concorrente ou alternativa? (Posições Majoritária e Minoritária) de acordo com a


súmula do STF 714 a legitimidade é concorrente.
- STF – Inq. 1.939-9/BA (Relator Sepúlveda Pertence) o funcionário público tem uma opção,
ou ajuizar a queixa-crime ou representar ao MP, ou seja, é uma legitimação alternativa.

Obs.1: Questão de Prova – Crime Eleitoral praticado contra funcionário


público, aplica-se a Súmula 714 do STF? Atenção ao artigo 355 da Lei 4.737/65!
NÃO, pois TODO CRIME ELEITORAL É DE AÇÃO PENAL PÚBLICA.

9.4.3. Ação Penal nos Crimes de Injúria com característica Discriminatória.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:


§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Art. 145 Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça,
no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação
do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do
art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009)

9.4.4. Ação de Prevenção Penal.


Seja fixada uma medida de segurança.

9.4.5. Ação Penal Secundária – Exemplo da Súmula 714 STF.


Ação Penal Privada, desde que preenchida algumas condicionantes (crimes contra a honra do
servidor público, do Presidente, etc.) será modificada para outra natureza.

9.4.6. Ação Penal de Segundo Grau


Aquela em que é ajuizada diretamente no Tribunal.

9.4.7. Ação Penal Pública Subsidiária da Pública – Dec. Lei 201/67.


Não é recepcionada pela CF.
No Dec. 201/67, os crimes praticados pelo Prefeito, o PGJ não apresentasse a Denúncia
o PGR poderia ajuízar essa denúncia

9.4.8. Ação Penal Ex Officio – Processo Judicialiforme

- O processo se iniciaria pela Portaria da autoridade polícia. Mas não foi recepcionado pela CF,
pois necessita de um órgão específico para apresentar a Denúncia.
- Exceção? Habeas Corpus (art. 654, parágrafo 2º CPP)? Cuidado!
- Parcela da doutrina entende que é possível pelo habeas corpus. O habeas corpus pode ser
reconhecido de ofício, desde que não seja condenatória
9.4.9. Ação Penal Adesiva – 2 Posições.

1ª Corrente (Nestor Távora) – Conexão ou Continência. Não há possibilidade de incluir na


denúncia um crime de ação penal privada.

2ª Corrente (Denílson Feitoza e Tourinho Filho) – Direito Alemão.

9.4.10. Ação Penal Crimes praticados com violência doméstica e familiar à


mulher.

Obs.1: Lesão Corporal Leve X Lei Maria da Penha?

Lei 9.099/95 Lei 11.340/2006

Art. 88. Além das hipóteses do Código Art. 41. Aos crimes praticados com
Penal e da legislação especial, violência doméstica e familiar contra a
dependerá de representação a ação mulher, independentemente da pena
penal relativa aos crimes de lesões prevista, não se aplica a Lei no 9.099,
corporais leves e lesões culposas. de 26 de setembro de 1995.

- STF (ADC 19/DF e ADI 4424/DF) e STJ (Súmula 542):

Súm. 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal (leve) resultante
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. “Mulheres eram
pessoas hipervulneráveis” (Min, Marco Aurélio)

Obs.2: Todo crime praticados com violência doméstica e familiar à mulher será de
ação pública incondicionada? Pública condicionada à representação em relação à lesão
corporal está na Lei 9.099/95, mas a Lei 11.340/06, nesses crimes não há se falar em ação
condicionada. Mas as demais previstas no CP concernentes à ação condicionada
permanecem inalteráveis.

Apesar do art. 41 mencionar que os crimes praticados não serão aplicados à lei 9099, o
STF realizou interpretação extensiva, considerando que as contravenções penais, em
hipóteses alguma, terão contra si aplicados os aspectos e benefícios despenalizadores a
LJE.

10. Inicial Acusatória (Denúncia ou Queixa) – Aspectos Formais

Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as
suas circunstâncias (I), a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo (II), a classificação do crime (III) e, quando necessário, o rol
das testemunhas.
10.1. Exposição do Fato criminoso, com todas as suas circunstâncias.

- Inépcia Formal e Inépcia Material?


Inépcia é o não atendimento das condições da ação e/ou o não atendimentos dos requisitos formais
plasmados no art. 41 do CPP.

Luiz Flávio Gomes


Inépcia Formal: Não atendimentos dos requisitos estabelecidos no art. 41 do CPP;
Inécpcia Material: Não preenchimento da justa causa.

- Até quando se é possível arguir inépcia da acusação?

Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos


processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante,
poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.

10.1.1. - Denúncia Genérica X Denúncia Geral (Crimes de Autoria Coletiva).

NÃO É POSSÍVEL denúncia Genérica.


Mas É POSSÍVEL a denúncia geral nos casos de Crimes Societários ou Crimes de Gabinete:
Criminalidade econômica.

Denúncia Geral: detalhamento de quem praticou cada um dos delitos expostos na inicial.

Obs.: E o que diz a jurisprudência dos Tribunais Superiores?

“A denúncia narra de forma objetiva as condutas atribuídas aos pacientes,


adequando-as, em tese, aos tipos penais imputados a cada um deles. A maior ou
menor atuação de cada um, entre outras circunstâncias, é matéria que deve ser
apurada no curso da instrução criminal e não precisa estar indicada, desde
logo, na inicial acusatória. Ademais, há indicação dos elementos indiciários
mínimos aptos a tornar plausível a acusação e, por consequência, para dar início à
persecução penal, circunstâncias suficientes para permitir aos pacientes o pleno
exercício do direito de defesa (CPPM, arts. 30 e 77).(...).”. (HC 124711, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 16/12/2014, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-028 DIVULG 10-02-2015 PUBLIC 11-02-2015).

“Nos chamados crimes de autoria coletiva, embora a vestibular acusatória não


possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descrever
minuciosamente as atuações individuais dos acusados, demonstra um liame
entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade
da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa. Precedentes. (...)”.
(RHC 55.171/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA,
julgado em 16/06/2015, DJe 24/06/2015)

- Críticas à distinção.

10.1.2. – Imputação Alternativa (Objetiva e Subjetiva) – Há ressonância


constitucional?
Imputação alternativa objetiva: Se a subtração do bem foi ou não cometido com
violência ou grave ameaça. Ou seja, o MP poderia denunciar requerendo a
condenação de forma alternativa por roubo ou furto? É refutado pela doutrina.

Imputação alternativa subjetiva: Dúvidas quanto ao agente.

Obs.: Existe (resquício) de imputação objetiva no Processo Penal brasileiro?


Vem admitindo (mutacio libelli)

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição


jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver
sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o
aditamento, quando feito oralmente. § 4o Havendo aditamento, cada parte poderá
arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na
sentença, adstrito aos termos do aditamento.

Mesmo na mutatio libelli, ou seja, no aditamento, não é admitido a imputação


alternativa.

10.2. Qualificação do Acusado.


O objetivo fundamental desse requisito é apenas para identificar o agente,
podendo ser até mesmo somente pelo apelido.

10.3. Classificação do Crime.

É requisito formal que não vincula ao juiz, podendo modificar a classificação na sentença, com
regra.
- Emendatio Libelli (art. 383 CPP) – É possível a alteração da capitulação pelo
juiz quando do recebimento da inicial acusatória? Em situações excepcionais,
apenas para benefício do réu.

11. Prazos da Denúncia

Legislação Prazo Réu Solto Prazo Réu Preso

CPP (Regra) 15 dias 5 dias

Crime Eleitoral 10 dias 10 dias

Tráfico de Drogas (art. 10 dias 10 dias


54 Lei 11.343/2006)

Crime de Abuso 48 horas 48 horas


de Autoridade
(Lei 4.898/65)

Crimes contra 2 dias 2 dias


a
Economia Popular (Le.
1.521/51)

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