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http://dx.doi.org/10.23925/2237-9657.2019.v8i2p044-061
RESUMO
Neste artigo, apresentamos o uso de recurso digital, o GeoGebra, no ensino e aprendizagem de
poliedros, mais especificamente do dodecaedro rômbico estrelado, também conhecido como Sólido
de Escher. Utilizando esse software, construímos o sólido e, durante esse processo, foi possível
determinar uma fórmula para o cálculo de seu volume. Também disponibilizamos, na internet, um
vídeo mostrando o passo a passo das construções, bem como os poliedros construídos na forma de
applet. Acreditamos que esse trabalho contribui como uma opção de atividade aos docentes que
buscam alternativas para atrair a atenção e o interesse dos alunos para conteúdos da Matemática.
1
Colégio Militar de Curitiba - edersonmarcelinodasilva@gmail.com - https://orcid.org/0000-0003-0409-0966
2
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - ohsaito@gmail.com - https://orcid.org/0000-0001-7079-4502
3
Secretaria de Estado da Educação do Paraná - syl.mattos@gmail.com
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1. O Sólido de Escher
Escher afirmava: “apesar de não possuir qualquer conhecimento ou treino nas
ciências exatas, sinto muitas vezes que tenho mais em comum com os matemáticos do
que com os meus colegas artistas” (PERES; NASCIMENTO, 20–, p. 2). Mesmo sem
intenção inicial de trilhar pelos caminhos da Matemática, as obras do artista gráfico
holandês Maurits Cornelis Escher têm grande destaque nessa área, principalmente
quando o assunto é Geometria.
Com trabalhos que exploram construções impossíveis, pavimentação de planos
e transformações de imagens, as obras desse artista têm o poder de atrair olhares e
instigar a curiosidade de diversas pessoas. Mesmo os alunos mais avessos ao estudo da
Matemática poderão se impressionar e se interessar pelo conceito utilizado em cada
obra.
Uma das obras feitas por Escher foi a litogravura Cascata, Figura 1(a), de 1961,
que tem, no alto de suas torres, dois poliedros. O que está sobre a torre esquerda é uma
composição de três cubos e o da torre direita é um dodecaedro rômbico estrelado que,
graças a essa obra, ficou conhecido como Sólido de Escher. Essa obra exibe uma
construção impossível baseada, segundo Ernst (1991), no Triângulo de Penrose, Figura
1(b). Esse triângulo, formado por arestas tridimensionais perpendiculares entre si, teria
270º como soma dos ângulos internos, o que seria geometricamente impossível.
FIGURA 1: (a) Litogravura Cascata, de 1961, 38,1 cm×30 cm; (b) Triângulo de Penrose
FONTE: (a) Escher (2018); (b) Ernst (1991).
Apresentaremos uma fórmula para determinar o volume do Sólido de Escher por
meio do software GeoGebra.
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O Sólido de Escher (SE) é uma estrelação (técnica utilizada por Kepler e Poinsot)
do dodecaedro rômbico (Sólido de Catalan), que é o dual do cuboctaedro (Sólido de
Arquimedes) que, por sua vez, pode ser obtido através do truncamento de um cubo ou
octaedro (Sólidos de Platão), Figura 2.
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FIGURA 3 – Sólido de Escher: segmentos verdes, entre dois pontos, medem 𝑎𝑎 e segmentos
pretos, entre dois pontos, medem 𝑏𝑏
Mostraremos a seguir que volume do Sólido de Escher é dado pela fórmula 𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆 =
4𝑎𝑎³.
4
No site do GeoGebra (GEOGEBRA, 2018), busque por “Ederson Marcelino da Silva” (utilizando as aspas). Dessa
forma, você encontrará não só o SE, mas outros materiais produzidos/utilizados na dissertação em questão.
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Repita o processo até obter o DR, Figura 13, que é formado pelo cubo interno e
por 6 pirâmides que pertencem aos cubos externos, Figura 14.
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1
Na Figura 14, cada uma das 6 pirâmides tem volume equivalente a 6 do volume
𝑎𝑎 3 𝑎𝑎³
do cubo a que pertencem, ou seja, . Logo, 6 ∙ = 𝑎𝑎³, que equivale ao volume de 1
6 6
cubo com arestas de medida 𝑎𝑎. Note que as arestas do DR construído têm comprimento
(que aqui chamamos de 𝑏𝑏) igual à metade da diagonal principal do cubo.
Portanto, observando a Figura 14, podemos concluir que o volume do DR é
equivalente ao volume de dois cubos de aresta 𝑎𝑎 (o volume do cubo interno e a soma
dos volumes das seis pirâmides externas a ele), ou seja,
𝑉𝑉𝐷𝐷𝐷𝐷 = 2𝑎𝑎³,
onde 𝑎𝑎 é a medida da diagonal menor das faces do DR.
Ao construir um objeto tridimensional o GeoGebra exibe, automaticamente, o
seu volume na Janela de Álgebra, Figura 15. Para verificar o volume das seis pirâmides
mencionadas, basta construir pirâmides com base nas faces do primeiro cubo e elevar
seu topo até o centro dos cubos construídos ao redor deste.
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3. As retas geradas pelas interseções dos planos podem ser obtidas utilizando a
ferramenta Interseção de Duas Superfícies, Figura 18. Selecione a ferramenta e clique
em dois planos que se interceptem até obter as retas desejadas. Ocultando os planos
obtemos a Figura 19.
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7. Vamos utilizar essa ferramenta para estrelar o DR. Selecione uma face do
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FIGURA 24 – Estrelação do DR
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FIGURA 26 – Construção do Sólido de Escher: destaque para os volumes dos cubos e das
pirâmides
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O volume de cada pirâmide equivale a 6
do volume do cubo utilizado para
1
construir o DR, ou seja, 6 𝑎𝑎3 . Como o SE possui 12 pirâmides, temos um volume total
equivalente ao de 2 cubos, ou seja, 2𝑎𝑎3 .
Portanto, somando o volume dessas 12 pirâmides ao volume do DR, é possível
concluir que o volume do SE (𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆 ) é equivalente ao volume de 4 cubos, ou seja, 𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆 =
4𝑎𝑎3 .
É importante relembrar que 𝑎𝑎 é a medida do comprimento das arestas dos cubos
construídos e da diagonal menor das faces do DR. Além disso, podemos verificar, com
o auxílio da ferramenta Distância, Comprimento ou Perímetro, Figura 27, que, como
mencionado anteriormente, o SE apresenta dois tipos de segmentos, sendo um menor (𝑏𝑏,
que equivale às medidas das arestas do DR e tem metade do comprimento da diagonal
principal do cubo) e outro maior (𝑎𝑎, equivalente as arestas dos cubos construídos
inicialmente e as diagonais menores das faces do DR, que, neste caso, tem medida igual
a 2 u.c.), conforme podemos identificar na Figura 28.
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Conclusão
Consideramos importante, e necessário, proporcionar várias experiências que
permitam ao estudante ampliar sua capacidade de ver e manipular objetos
tridimensionais, transferindo esse conhecimento para situações de seu cotidiano e/ou
situações problema. Uma das maneiras de trabalhar com esses objetos é através do uso
de recursos digitais como o GeoGebra, por exemplo.
Os aspectos aqui abordados buscaram contribuir com o ensino e aprendizagem
do tema poliedros. Determinamos uma fórmula para o cálculo do volume do Sólido de
Escher, associando a arte, presente nas obras de Escher, com a Matemática e a
tecnologia presentes no GeoGebra.
Acreditamos que, ao explorar esses recursos em sala de aula, o professor atrairá
a atenção e o interesse dos alunos no estudo de poliedros, contribuindo assim para o
seu ensino e aprendizagem.
Referências
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