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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Gestão de Turismo e Informática


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Curso de C.A & R.H

Cadeira: Matemática I 1o ano/1o Semestre/2020

CONTEÚDO 3: Funcoes Reais de Variavel Real

3.1. Função Linear (Função do 1° Grau)

Chama-se função do 1º grau a função f : R  R definida por:

a , b  R
y  ax  b ; Onde: 
a  0
i. a é o coeficiente angular da recta e determina sua inclinação;
ii. b é o coeficiente linear da recta e determina a intersecção da recta com o eixo y

A função do 1º grau pode ser classificada de acordo com seus gráficos. Considere

sempre a forma genérica y  ax  b .

Exercício prático!

1. Obtenha o valor de m  R para que a função seja do 1º grau, em cada caso:

a) f  x   m  1x  3

b) 
y  m2  4 x  5 
Resolução:

1. Por definição a função do 1º grau é uma correspondência R  R definida por:


y  ax  b, a  0 .
a) No exercício, o coeficiente de x é m  1, que deve, então, ser diferente de zero:
m  1  0  m  1.

b) O coeficiente de x é m 2  4 , que deve, então, ser diferente de zero:


m 2  4  0  m 2  4  m  2.

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3.1.1. GRÁFICO DA FUNÇÃO DO 1º GRAU (LINEAR)

A representação geométrica da função do 1º grau é uma recta, portanto, para


determinar o gráfico, é necessário obter dois pontos. Em particular, procuraremos os
pontos em que a recta corta os eixos x e y.
De modo geral, dada a função y  ax  b, para determinar a intersecção da
recta com os eixos, procede-se da seguinte forma:
b
i. Igualamos o y a zero, então ax  b  0  x   , no eixo x encontramos o
a
ponto   b ;0 .
 a 

ii. Igualamos o x a zero, então f 0  a  0  b  f  x   b, no eixo y


encontramos o ponto 0; b .
Nota:
i. f  x  é crescente se a é um número positivo a  0 ;

ii. f  x  é decrescente se a é um número positivo a  0 .

Exemplo:
1. Esboce o gráfico das funções e determine se são crescentes ou decrescentes.

a) y  2 x  1; b) f  x   2 x  4

Resolução:
a) Para determinar o ponto sobre o eixo x fazemos o seguinte:
1
0  2 x  1  2 x  1  x  
2
De modo semelhante, para determinarmos o ponto sobre o eixo y:
y  2  0 1  y  1

Agora, com esses dois pontos, poderemos


traçar o gráfico ao lado. Como podemos observar

pelo gráfico e sendo a  2  0 , a função é crescente.

b) Usando o mesmo método em a) para

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f  x   2 x  4, temos:

i. Para y  0  2 x  4  0  x  2

ii. Para x  0  f 0   2  0  4  f 0   4  y  4

Com base no gráfico e porque a  2  0 , a


função é decrescente.

3.1.2. DETERMINADO A EXPRESSÃO DA FUNCAO COM BASE NO SEU GRÁFICO

3.1.3. Gráfico que mostra os seus pontos (x;y)


Para obter a expressão da função com base em seu gráfico é necessário

substituirmos estes dados  x; y  na expressão geral f  x   ax  b .

Exemplo:

Observe que a recta contém os pontos 1;0  e 0;2  .

Isto significa que, se x  0 , então f 0   2 ; se x  1 , então

f 1  0 .

Substituindo estes dados na expressão geral f  x   ax  b . Temos:

i. f  x   ax  b  f 0   a  0  b  2  0  b  b  2 .

ii. f  x   ax  b  f 1  a  1  b  0  a  b

De i) temos b  2 e substituindo em ii) temos:

0  a  b  0  a  2  a  2 , logo f  x   ax  b  f  x   2 x  2.

3.2.2. Gráfico que não mostra os seus pontos (x;y)

Observe como obter a função f  x   ax  b por


meio de um gráfico que não mostra seus pontos de
intersecção com os eixos x e y:

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Observe que:

1 1
i. Se x   y  2  f    2;
2 2
ii. Se x  3  y  1  f 3  1.

Substituindo estes pontos em f  x   ax  b temos:

1 1 a 4 a  2b
i. f    a b  2  b    a  2b  4;
2 2 2 2 2
ii. f 3  a  3  b  1  3a  b  3a  b  1.

De i) e ii) surge um sistema de equações lineares com duas incógnitas e duas


equações:

 6
 a
a  2b  4  f x   ax  b  f x    x  .
5 6 13
  , Logo
3a  b  1 b  13 5 5
 5

3.2. Função de 2° Grau (Função Quadrática)

Chama-se função do 2º grau ou quadrática, de Domínio R e Contradomínio R, ou seja


uma aplicação  f : R  R  definida por:
 a , b, c  R
f x   ax 2  bx  c ; Onde: 
a  0
i. a é o coeficiente quadrático;
ii. b é o coeficiente linear;
iii. c termo independente.

Chama-se função completa aquela em que a, b e c são não nulos, função


incompleta aquela em que b ou c são nulos.

Exercício prático!

1. Obtenha o valor de m  R para que a função seja do 2º grau, em cada caso:

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a) y  2m  1x 2  3x  1

m 4
b) y    x2  5
 3 5

Resolução:

1. Por definição a função do 2º grau é uma correspondência R  R definida por:

y  ax2  bx  c, a  0 .
a) No exercício, o coeficiente de a  2m  1 , que deve, então, ser diferente de
zero:

1
2m  1  0  2m  1  m   .
2

b) O coeficiente de x é m  4 , que deve, então, ser diferente de zero:


3 5
m 4 m 4 12
 0  m .
3 5 3 5 5

3.2.1. Raízes da função do 2º grau

Analogamente à função do 1º grau, para encontrar as raízes da função


quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então:

ax2  bx  c  0
A expressão assim obtida denomina-se equação do 2º grau. As raízes da equação
são determinadas utilizando-se a fórmula de Bhaskara:

3.2.1. Vértice (Máximos e mínimos da função) e concavidade da parábola

Graficamente, a função do 2º grau, de domínio R, é representada por uma curva


denominada parábola. Dada a função y  ax2  bx  c , cujo gráfico é uma parábola,
se:
i. Se a  0  , a concavidade é voltada para cima;

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ii. Se a  0  , a concavidade é voltada para baixo.

As coordenadas do vértice da parábola são dada por:

Exemplo:

1. Dada a função y  2 x  3x  1 , e determine:


2

a) As coordenadas do vértice.
b) A concavidade da parábola.
c) Construa o gráfico.

Resolução:
Vamos então determinar as raízes da função, igualando-a a zero.

2 x 2  3x  1  0

   3  4  2 1    9  8    1
2

 3 1 4
x1   1
  3  1 
3 1  4 4
x x 
22 4 x  3  1  2  1
 2 4 4 2

1 
A parábola corta o eixo x nos pontos 1;0  e  ;0  .
2 

a) As coordenadas do vértice da parábola.

 b  
V  ; 
 2a 4a 

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b   3 3
i. vx   
2a 22 4

 1 1
ii. vx   
4a 42 8

 3 1
V   ; 
 4 8

Para x = 0, temos que o ponto em que a parábola corta o eixo y é c = 1.

b) Concavidade da parábola.

Como a = 2 (a é positivo), a concavidade da parábola estará voltada para cima.

c) Construa o gráfico.

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3.2. Composição de funções e inversão de funções.
Sejam dadas duas funções f  x  e g  x  . A partir destas, pode-se definir duas
funções compostas.
i. A função composta de f  x  com g  x  , f  g é a função definida por:
f  g  x   f g  x  .

ii. A função composta de g  x  com f  x  , g  f é a função definida por:


g  f  x   g  f  x  .

Exemplo:

1. Considere as funções definidas: f  x   2 x  3 e g x   x 2  5 . Determine:


a) f  g x 
b) g  f  x 

Resolução:

1. Nas funções definidas: f  x   2 x  3 e g x   x 2  5 . Na alínea a) para obtermos


a função composta devemos, na função f(x) colocar x 2  5 no lugar de x. E na
função g(x) colocar 2 x  3 . Teremos:
a) f  g x 
f  g  x   f  g  x 

f  g x   2 x 2  5  3 
f  g  x   2 x 2  10  3
f  g x   2 x 2  7

b) g  f  x 
g  f  x   g  f  x 
g  f  x   2 x  3  5
2

g  f  x   4 x 2  12 x  4

Nota: A operação de composição de funções não é comutativa, isto é, em geral


as funções definidas anteriormente são diferentes.
f  g x   g  f x 

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3.2.1. Inversão de funções.

Definimos a função inversa de f x  , designada por f 1


x  , como a função que,
quando composta com f x  , leva-nos a função identidade, ou seja:

ff 1
x   f 1
 f x   x

Na expressão acima assumimos que f x  seja uma função invertível, isto é, que
ela admita uma função inversa.

Exemplo:

1. Dada a função: f  x   2 x  3 . Determine f 1


x  .
Resolução:
Primeiro: f  x   y , logo y  2 x  3 . Em seguida isolamos x :

y3
y  2x  3  2x  y  3  x 
2
E por último, trocamos x por y (e y por x ):

y3 x3 1 x3


x y  f 
2 2 2

Verificando: f  f 1
x   f 1
 f x   x

ff 1
x   2 x  3   3  x
 2 
f 1  f x  
2 x  3  3  2 x  3  3  x
2 2

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3.4. Aplicações de funções de 1º e de 2º graus
Os estudos das funções estão relacionados às questões que envolvem relações
entre grandezas e sua aplicabilidade abrange inúmeras ciências. Elas podem ser
aplicadas em quase tudo que fazemos em nosso dia a dia, portanto vamos abordar
alguns casos de aplicações da função do primeiro e segundo grau em Administração e
Economia com maior destaque para função receita, função custo, a função lucro,
demanda do mercado, oferta do mercado, e preço e quantidade de mercado que estão
relacionadas aos fundamentos administrativos de qualquer empresa.

3.4.2. Receita, Custo e Lucro Total


i. Função Demanda
Considere as circunstâncias relativas a um fabricante, nas quais as únicas variáveis
são preço p e a quantidade de mercadorias demandadas x, portanto a função demanda
é uma relação entre a quantidade demandada x e o preço p. Em geral quando o preço é
baixo, os consumidores procuram mais a mercadoria e vice-versa.
ii. Função Oferta
Assim como a demanda, a oferta também pode ser expressa por uma função,
relacionando-se preço e quantidade oferecida de uma mercadoria. A função oferta é
crescente, pois quando o preço sobe, existem mais produtores interessados em colocar
no mercado quantidades cada vez maiores de seu produto, quando o preço cai, essa
oferta diminui.
iii. Ponto de Equilíbrio
Também chamado de Ponto de Nivelamento ou break-even. É utilizado na
administração e na Economia, para analisar as implicações de várias decisões de fixação
de preços e produção. Matematicamente é quando:
Oferta = Demanda ou Custo = Receita

iv. Função Receita Total


Seja x quantidade por unidades do produto sejam vendidas. A receita de vendas
depende de x e a função que relaciona receita com quantidade é chamada função
receita (e indicada por R(x)). Na maioria das vezes, o preço unitário (p) varia com a
quantidade demandada, sendo p = f(x). Assim, a receita total pode ser expressa através
da função demanda como:

R x   p v  x
Onde:
 R(x) é a Função recita;
 Pv é preço de venda do produto;
 x é a quantidade de produtos vendidos.

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Exemplo
Uma padaria vende um pão por 6,00mt a unidade. Seja x a quantidade vendida.
a) Obtenha a função receita R(x);
b) Calcule R(50);
c) Qual é quantidade que deve ser vendida para dar uma receita igual a 1.200,00mt?

Resolução
a) Obtenha a função receita R(x).

R  x   pv  x  R  x   6  x
b) Calcule R (50);

Rx   pv  x  Rx   6  50  Rx   300


c) Qual é quantidade que deve ser vendida para dar uma receita igual a R$1.200,00?

Rx   pv  x  1200 ,00  6  x 


1200 ,00
 x  x  200,00 mt
6
v. Função Custo Total
Seja x a quantidade produzida de um produto. O custo total depende de x e à
relação entre eles chamamos função Custo Total (e indicamos por CT). Verifica-se que,
em geral, existem alguns custos que não dependem da quantidade produzida, tais como
seguros, aluguer, etc. À soma desses custos, que independem da quantidade produzida,
chamamos Custo Fixo (e indicamos por CF). À parcela de custos que depende de x
chamamos Custo Variável (e indicamos por CV). Desta forma, podemos escrever:

CT  C fixo  Cvar iavel  x


Onde:
 CT é o custo total;
 Cfixo é o custo fixo;
 Cvariavel é o custo variável;
 x é a quantidade de produtos vendidos.

vi. Função Lucro Total


Chama-se função lucro total (e indica-se por L(x)) a diferença entre a função receita
e a função custo total, isto é:

L  R  CTotal
Onde:
 L é o Lucro Total;
 R é o receita total;
 CTotal é o custo total.

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Na Economia, empregam-se, muitas vezes, polinómios para representar estas
funções. O interesse básico é achar o lucro. Devem ser determinados os intervalos onde
o lucro é positivo, por isso precisamos conhecer as raízes da função lucro total. Outro
problema é achar o lucro máximo.
Para polinómios de 2º grau, será suficiente determinar o vértice da parábola.
i. Quando a parábola tiver a concavidade voltada para baixo a abcissa do vértice
será o ponto de máximo e a ordenada do vértice será o valor máximo.
ii. Quando a parábola tiver a concavidade voltada para cima à abcissa do vértice
será o ponto de mínimo e a ordenada do vértice será o valor mínimo.

Exemplo
Um fabricante de blocos de construção verificou que, quando o preço unitário de
cada bloco era de 27,00mt o número de blocos vendidos era 170 por semana. Verificou
também quando preço passava para 24,00mt a quantidade vendida era de 200 unidades
por semana. Assim sendo sua função demanda é P  0,1x  31 . (Considere o custo de
um bloco de 7,00mt). Determine:
a) A função Receita;
b) A função Lucro;
c) Qual é a quantidade vendida que maximizar o lucro semanal;
d) Qual o lucro máximo da pizzaria?
e) Qual o preço que maximiza o lucro?

Solução
a) A função Receita;

Rx  pv  x  Rx   0,1x  31  x  Rx  0,1x 2  31x


b) A função Lucro;
L x   R x   CTotal
L x   0,1x 2  31x  7 x
L x   0,1x 2  24 x
c) Qual é a quantidade vendida que maximizar o lucro semanal;

b  24 24
x x x  x  120
2a 2   0,1 0,2

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d) Qual o lucro máximo do estaleiro?

L x   0,1x 2  24 x
L x   0,1  120 2  24  120
L x   0,1  14400  24 120
L x   1440  2880
L x   1440  2880
L x   1440
e) Qual o preço que maximiza o lucro?
P  0,1x  31
P  0,1  120  31
P  12  31
P  19

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