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O Caso "Marbury contra Madison" foi decidido em 1803 pelo Supremo Tribunal
dos Estados Unidos, sendo considerado a principal referência para a fiscalização da
constitucionalidade exercido pelo Poder Judiciário.
Nesse julgado firmou-se uma evidência de imaculável clareza, mas tantas vezes
questionada por força de interesses de momento, isto é, o princípio da supremacia
da decisão judicial, abrindo caminho para a chamada "Judicial Review", a
possibilidade de o Judiciário rever os actos do Congresso praticados em ofensa à
Constituição. A decisão envolveu o equilíbrio dos Poderes naquele país.
Ainda estamos, em nosso país, à espera de uma decisão que divida as águas com
essa força, como ocorreu com Marbury versus Madison, mas é preciso constatar que
o Poder Judiciário no Angola se afirma progressivamente e é acatado, a despeito
das névoas dos mais diversos matizes político – económico – ideológicos que
sempre surgem diante das decisões judiciais fortes, as quais sempre tiveram e terão
o dom de incomodar".
Na eleição presidencial dos EUA de 1800, Thomas Jefferson derrotou John Adams.
Após a derrota, John Adams resolveu nomear vários juízes em cargos relevantes,
para manter certo fiscalização sobre o Estado. Entre eles se encontrava William
Marbury, nomeado Juiz de Paz. O secretário de justiça de John Adams, devido ao
curto espaço de tempo, não entregou o diploma de nomeação a Marbury.
1
Ou fiscalização da constitucionalidade na terminologia dalguns autores.
1
dava competência a Suprema Corte era inconstitucional, não cabia à Suprema Corte
decidir o pedido do mandamus.
O Juiz John Marshall, que decidiu o julgado, tinha atuado como Secretário de
John Adams e fora o responsável pela não titulação de Marbury.
Marshall podia adotar várias soluções mais plausíveis, mas fez um raciocínio
complexo no intuito de contrariar o Poder Executivo e confirmar o poder dos
Tribunais em deixarem de aplicar leis federais inconstitucionais.
2
São, no geral, os seguintes meios e institutos de defesa da Constituição:
A vinculação constitucional dos poderes públicos;
Os limites da revisão constitucional;
A fiscalização judicial da constituição;
A separação e interdependência dos órgãos de soberania;
GOMES CANOTILHO, ob. cit. pág. 888 – 889.
2
No sistema de fiscalização angolano actual, só a desconformidade de actos
normativos, actos produtores de normas jurídicas com a Constituição revela, e não
de actos políticos ou administrativos. Há vícios qualificados de ilegalidade
apreciados pelo tribunal Constitucional.
Jorge Miranda observou, com precoce acuidade, que qualquer teoria acerca da
inconstitucionalidade das normas deveria partir de uma das três perspectivas a de
ser:
Para referir que as formas de Fiscalização podem ser: quanto ao órgão (quem
exercita a Fiscalização); quanto ao modo ou à maneira como se exercita a
Fiscalização e quanto ao momento em que se realiza.
Será político – como ocorre na França – quando for realizado por órgão político e
não jurisdicional. Observa-se que a Fiscalização de constitucionalidade, realizado
nas Casas Legislativas, como uma fase do respectivo processo, e a possibilidade de
veto a ser oposto pelo Executivo também se enquadram nessa categoria.
Será jurisdicional se a Fiscalização for exercido por órgão do Poder Judiciário ou por
Tribunal Constitucional, ainda que considerada fora desse Poder e pode ser difuso
(também chamado americano); e concentrado (denominado também de “austríaco”);
e, finalmente,
4
MIRANDA, 1996, p. 12- 14
4
C. O Fiscalização ser misto.
5
Esta fiscalização anda geralmente associado ao controlo difuso. O incidente da inconstitucionalidade
pode suscitar-se em qualquer tribunal para efeitos de desaplicação da norma inconstitucional ao caso
concreto. Mas é incorrecto dizer-se hoje que o controlo por via incidental se identifica com o controlo
difuso. Em Angola, o controlo difuso pode conduzir a um controlo concentrado através do Tribunal
Supremo da sua veste de Tribunal Constitucional.
6
Cfr. Rui Barbosa, Os Actos Inconstitucionais do Congresso e do Executivo, pág. 82.
7
Tribunal Constitucional, entre o Supremo.
8
Entre nós, a última experiência resulta da propositura pelo PR ao Tribunal Supremo da Lei Eleitoral,
para que este Tribunal se pronunciasse sobre a constitucionalidade da disposição relativa à eleição
do PR. Não é menos importante também, a pratica pelos deputados da UNITA e da oposição no geral
que têm pedido ao Tribunal Supremo, na veste de Tribunal Constitucional para que se pronuncie
sobre várias matérias que lhe sejam submetidas para aprovação.
No entanto, o controlo por via principal tanto pode reconduzir-se a um controlo abstracto de leis ou
actos normativos como uma garantia concreta de direitos fundamentais. Este último caso é que se
observa na constituição alemã que lhe chama acção constitucional de defesa e no recurso de amparo
da constituição mexicana e espanhol.
5
CAPÍTULO I .
9
CANOTILHO, José Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7.ª edição, Coimbra,
Almedina, 2003, p. 52.
10
O n.º 2 e 3 do artigo 6.º da Constituição da República de Angola de 2010 consagra a prevalência
das normas constitucionais sobre todas as demais normas do nosso ordenamento jurídico
6
viola pelo menos um princípio essencial, o da Supremacia da Constituição,
comprometendo assim a harmonia do ordenamento jurídico. Desde logo, a
compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento da
supremacia na ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes
para garanti-la juridicamente contra agressões.
7
constitucionalidade dos actos normativos, desaplicando as normas eventualmente
não conformes com a constituição; o Tribunal Constitucional «controla» a
legitimidade constitucional, anulando os actos legislativos contrários à lei
fundamental. Se não se pode contestar que o princípio da judicial review reconhece
apenas aos tribunais o poder de constatar a nulidade de uma norma legal contrária à
constituição e desaplica-la no caso concreto, e que o controlo concentrado abastrato
é fundamentalmente uma «legislação negativa» eliminadora das normas não
compatíveis com a constituição, nem por isso se pode deixar de reconhecer
constituir a tarefa de controlo também uma tarefa de concretização e
desenvolvimento constitucional11”. Quais então os sistemas existentes na Teoria
Constitucional para a concretização da garantia da constituição? Existem dois: o
controlo (ou fiscalização) político e o jurisdicional. O controlo da constitucionalidade
define-se pelo comportamento, positivo ou negativo, sujeito a apreciação em face da
Constituição12.
Não se olvide ainda que a constituição além de reger a confecção das normas
jurídicas, também impõe limites ao seu teor. O operador do Direito deve buscar a
aplicação do direito ao caso concreto, sempre tendo como pressuposto o exame da
constituição. Depois, sim, deve ser consultada a legislação infraconstitucional a
respeito do tema.
11
CANOTILHO, José Gomes, Direito Constitucional ob. cit., p. 891.
12
MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional – Inconstitucionalidade e Garantia da
Constituição, Tomo VI, 4.ª edição, Coimbra, Coimbra Editora, 2013
13
NALINI, José Renato. Constituição e estado democrático. São Paulo: FTD, 1998.
8
Com relação à importância de se destacar a superioridade das normas
constitucionais com relação às demais, necessário frisar que:’’a disposição
hierárquica cumpre a importante função de conferir coerência e coesão ao
ordenamento estatal.
A Constituição é o patamar último de determinado ordenamento positivo, com o que
a importância em seu cumprimento se exige com mais intensidade do que aquela
normalmente exigida para os demais textos normativos.
A supremacia das normas constitucionais ainda encontra supedâneo na questão
relativa à rigidez atribuída à Constituição: nada mais é do que a impossibilidade de
mudança das normas constitucionais pelo mesmo procedimento adoptado para
revitalização da legislação de cunho infraconstitucional. Em outras palavras, as
normas que regulam a revisão da Constituição são diversas daquelas previstas para
a revisão da legislação em geral, tendo como principal critério discriminador a
dificuldade, que é mais intensificada com relação às primeiras. Assim se propicia um
maior grau de proteção dessas normas.
Com relação à obediência que deve ser devotada às normas constitucionais, essas
normas limitam os poderes públicos, que só podem agir como e quando elas
determinam, e mais, disciplinam como e por quem vão ser elaboradas as demais
normas.
Esses limites que restringem a acção dos poderes estatais garantem o Estado de
Direito, atuando, principalmente, no que diz respeito aos direitos e garantias
fundamentais. Assim, qualquer norma, seja de direito público, seja de direito privado,
deve estar adequada às normas constitucionais e isto no sentido de não poder
contrariá-las, sob pena de ser declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário.
O princípio da supremacia da ordem constitucional consectário da rigidez normativa
que ostentam os preceitos de nossa Constituição impõe ao Poder Judiciário,
qualquer que seja a sede processual, que se recuse a aplicar leis ou actos estatais
reputados em conflito com a Constituição
1.2. A conformidade dos actos jurídico-públicos com a constituição
A função da justiça constitucional em controlar o bom funcionamento dos poderes
públicos e de suas respectivas competências.
Este bom funcionamento para J.J.Gomes Canotilho é feito através da conformação
do que é efectivado na prática do agir institucional com o dado como forma pela
9
Constituição, ou seja, a Constituição é uma lei proeminente que comforma o
Estado14.
O doutrinador Oswaldo Luiz Palu é enfático ao dispor sobre o controle jurisdicional
dos actos do Poder Executivo, lembrando que tal controle recebe a denominação de
controle de conformidade constitucional15.
O controlo de conformidade abrange actos outros que não a lei formal e funda-se
nas leis e também na Constituição. Sua conseqüência não é a
insconstitucionalidade, mas a desconformidade constitucional, muito mais que
simples legalidade. Atinge inclusive os actos de governo, actos normativos que não
são leis, actos de efeito concreto e as omissões estatais.
Assim dirige-se à:
a) omissão governamental ou administrativa;
b) o poder regulamentar “autônomo”; e
c) a execução das leis pelo governo”.
16
17
CAPPELLETTI, Mauro. Controle Judicial de Constitucionalidade das Leis no Direito
Comparado.
10
1.3.2. O modelo francês - fiscalização política, comitè constitucional e
conselho constitucional.
11
surgidas, enfrentaram, assim, as questões referentes à constitucionalidade das leis.
Chegou-se até a falar em corte constitucional”.
21
MARTINS, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional. Saraiva, 2. ed. 1988, p. 14
13
A Corte Constitucional alemã, órgão proeminente, e desta forma tratado pela Lei
Fundamental, exerce papel político de relevo. O professor Baracho, citando Wilhelm
Buerstedde, acerca do papel da Corte, alinhou suas competências, como segue:
22
CANOTINHO Gomes, op. cit
14
Interessante registrar, além de oportuno, que a fiscalização difusa adoptada pela
República Portuguesa tem base no próprio texto da Carta Magna, onde, sobre a
apreciação da inconstitucionalidade, concretiza o artigo 204, da CRP: “Nos feitos
submetidos a julgamento não podem os Tribunais aplicar normas que infrinjam o
disposto na Constituição ou os princípios nela consignados”.
A. Introdução
Não se pode desvincular, porém, o papel político exercido com essa fiscalização,
porque o magistrado recusa a aplicação de uma lei, na apreciação do caso concreto,
porque o fundamento de validade dessa norma é o próprio texto constitucional que,
por sua vez, se apresenta como fundamento do poder político, substancial e formal,
de todos e de cada um dos actos de seus órgãos 24.
Embora a fiscalização incidental houvesse sido provocado apenas pelo réu, o que
deu origem a denominá-lo “fiscalização por via de excepção”, que corresponde à
defesa, também é reconhecido ao autor quando vem postular, em seu pedido inicial
ou em momento posterior, a declaração de inconstitucionalidade de uma norma,
para que não tenha de se sujeitar a seus efeitos.
Por fim, também o Ministério Público, quer funcione como parte, quer funcione como
custos legis, bem como terceiros que tenham intervindo legitimamente (assistente,
litisconsorte, o poente) e, ainda, o juiz ou o tribunal de ofício, quando as partes
tenham silenciado a respeito.
16
inconstitucionalidade que somente pode operar na tutela de uma pretensão
subjectiva.
O objecto do pedido não pode ser um ataque frontal à lei, que acontece principal
eter, mas a protecção de um direito que seria afectado pela aplicação de uma lei
reputada inconstitucional e, portanto, de cognição incidenter tantum.
B. Questão prejudicial
26
Art. 2º da Lei 3/08 de 17 de Agosto, Lei orgânica do processo constitucional ‘’LOPC’’
27
Mauro Cappelletti (1972, p. 12).
17
1.4.2. Fiscalização jurisdicional da constitucionalidade (modelo
abstracto/concentrado)
A. Características
c. Pronunciamento em abstracto
28
BONAVIDES Paulo, 2008, p. 307
29
MOREIRA, 1967, p. 54
18
processo em que atua como questão prejudicial, ela não integra o thema
decidendum30.
Assim é que se tem ressaltado que a disciplina do processo objectivo com institutos
próprios do processo civil clássico, que tem por objecto a tutela do direito subjectivo,
imperiosamente deve ser feita cum grano salis. A legitimação passiva – contra quem
se deverá propor a acção destinada a fiscalização de constitucionalidade – recai
sobre os órgãos ou autoridades responsáveis pela criação da lei ou do acto
30
CAPPELLETTI, 1972, p. 34
19
normativo, objecto da acção, aos quais caberá prestar informações ao relator do
processo.
c. Objecto da acção
CAPÍTULO II .
O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL.
2.1.1. Definição
2.1.2. Composição.
32
GOUVEIA, Jorge Bacelar, Direito Constitucional de Moçambique, Editora IDiLP, Lisboa/Maputo,
2015, p. 533.
33
Idem.
34
MIRANDA, Jorge e MEDEIROS, Rui, Constituição Portuguesa Anotada, Tomo III, Coimbra Editora,
2007, p. 250
35
Idem
21
As regras constitucionais sobre a composição do Tribunal Constitucional e o estatuto
dos juízes são, depois, pormenorizados na Lei Orgânica do Tribunal, em termos dos
quais se destacam os seguintes:
Os candidatos a juízes têm de ser cidadãos angolanos no pleno gozo dos seus
direitos civis e políticos com idade não inferior a 35 anos e deve ser pelo menos
licenciados em direito.(artigo 12º, LOTC);
36
O direito constitucional português (art. 224, nº2) prevê que o Tribunal Constitucional possa
funcionar em sessões plenárias (na presença de todos os juízes conselheiros) ou em secções,
compostas por quatro juízes e um presidente ou vicepresidente, excepto para efeito de fiscalização
abstracta da constitucionalidade. Esta possibilidade de funcionamento também ocorre no Supremo
Tribunal Federal brasileiro, a quem compete, “precipuamente, a guarda da Constituição, competindo-
lhe julgar, originariamente a acção directa de constitucionalidade da lei ou de acto normativo federal
ou estadual, sob forma de lei (art. 102, I, a) e § 1º da Constituição brasileira)
37
MIRANDA, Jorge e MEDEIROS, Rui, Constituição Portuguesa Anotada, Tomo III, Coimbra Editora,
2007, p. 268.
23
susceptibilidade de recorrer-se das suas decisões que já foram emanadas, em 1ª,
única e última instância pelo plenário, órgão de garantia da justiça constitucional
angolana, no que concerne à própria garantia, direitos e liberdades fundamentais.
38
24
demais juristas apesar de possuírem experiências académicas na área de docência
ou exercícios forenses ou mesmo sem experiência, pois, a lei não fez da experiência
professional requisitos para nomeação, não nos parece que possuam um notável
saber inquestionável em matéria jurídico-constitucionais.
Aliás, note-se que a designação dos membros do TC é feita pela confiança política e
em respeito à representação proporcional parlamentar a quem representam. É
inquestionável que as decisões colegiais visam garantir certa coerência e segurança
jurídica, mas não se pode ignorar, em absoluto, a possibilidade de sujeição a falhas
no exercício da actividade interpretativa. E mais, inexiste, até ao pressente
momento, regras de apuramento do magistrado judicial designado pelo Conselho
Superior da Magistratura Judicial para compor o TC, que, embora seja juiz de
carreira, o único requisito constitucionalmente exigido é a sua experiência alcançada
durante dez anos de exercício na judicatura.
39
40
PRATA, Ana, Dicionário jurídico, 5ª ed., Almedina, 2013, p. 1543.
25
corolário da independência dos juízes conselheiros do Tribunal Constitucional – art.
47, nº4 da LOTC. Entretanto, mais do que uma manifestação de independência do
juiz constitucional, trata-se de uma questão mais ampla e profunda do papel da
jurisdição constitucional, entanto que órgão de soberania, ao qual compete
especialmente administrar justiça em matérias de natureza jurídico-constitucionais –
art. 180 nº1 da CRA de 2010 – que, na interpretação e aplicação das normas
constitucionais, abdicam do consensualismo para expressar uma posição mais
consentânea com o direito aplicável ao caso. Em se tratando de um órgão com
função jurisdicional, o esforço pela conciliação para o alcance de consenso das
decisões, limita a independência do juiz que, pretendendo fazer a demonstração
jurídica do seu ponto de vista, pode sentir-se coartado.
Ao acto geral e abstrato contrapõe-se o acto individual – que se aplica a pessoa ou pessoas
determinadas – concreto – que se aplica apenas numa situação concreta determinada –,
sendo estas duas perspectivas que caracterizam o conceito de acto administrativo 42. Em
regra, a generalidade e a abstracção são as duas notas típicas definidoras de uma norma
jurídica em sentido material, e necessários (entre outros critérios) na distinção entre
regulamentos e actos administrativos.
No entanto, alguns actos do poder político que contenham regras de conduta são também
aceites como norma para efeitos de fiscalização da constitucionalidade, pois o conceito de
norma é tomado em duplo sentido: por um lado, normas são disposições constantes de
actos legislativos, qualquer que seja o seu conteúdo; e por outro, normas são as disposições
de natureza geral e abstracta, qualquer que seja a sua forma43.
A norma, para valer como norma juridicamente vinculante, deve ser criada por um poder
normativo legitimado para criar padrões de comportamento e regras de decisão de conflitos.
No quadro do conceito de norma para efeitos da sua submissão ao controlo da justiça
constitucional, a jurisprudência constitucional portuguesa adoptou um conceito funcional de
norma, supondo, esse conceito funcional, que a mesma norma seja oriunda de uma
manifestação de autoridade pública; se encontre investida num poder de eficácia externa 44.
Neste contexto, a noção de norma jurídica abarca qualquer acto do poder público que
41
ALMEIDA, Mário Aroso, CADILHA, Carlos Alberto Fernandes, Comentário ao Código de Processo nos Tribunais
Administrativos, artigo 72, nota 4, Almedina, 2007, p. 435.
42
Ibidem, p. 435.
43
17 MEDEIROS, Rui, A Decisão de Inconstitucionalidade. Os Autores, o Conteúdo e os Efeitos da Decisão de
Inconstitucionalidade da Lei, Universidade Católica Editora, 1999, p. 94.
27
contiver uma regra de conduta para os particulares ou para a administração, sendo que este
conceito formal e funcional de norma abrange somente os preceitos de natureza geral e
abstracta, incluindo quaisquer normas públicas, de eficácia externa, independentemente do
seu carácter geral e abstracto ou individual e concreto e, bem assim, de possuírem, nesta
última situação, eficácia consumptiva (quando seja dispensável um acto de aplicação) 45, a
partir do momento em que se esteja ante um preceito de um acto normativo público
(principalmente, lei ou regulamento), e não um acto administrativo propriamente dito, ou um
acto político, ou uma decisão judicial. Para que haja uma manifestação pública de
autoridade é imperioso que o autor do acto normativo desenvolva imperiosamente a sua
actividade normativa na prossecução do interesse público e, de igual modo, se posicione
ante os destinatários dos seus comandos normativos numa situação de supra-ordenação.
Como facilmente se compreende, uma manifestação pública de autoridade não exige
necessariamente que o autor da norma seja um órgão de uma entidade pública. Assim
posto, os actos normativos do Estado e das demais entidades públicas bem como entidades
privadas, no desempenho de funções públicas, editam numa posição superior sobre
terceiros normas jurídicas dotadas de eficácia externa, ficando assim preenchido dois
pressupostos fundamentais à existência do sentido formal de norma jurídico-pública, para
efeito do seu controlo constitucional. A jurisprudência constitucional portuguesa admite que
o Tribunal Constitucional possa igualmente conhecer as manifestações normativas
decorrentes da atribuição de poderes ou funções públicas de autoridade a entes privados 46.
Por consequência do acima exposto, dúvidas não subsistem de que os actos normativos
constituem objecto do controlo preventivo da constitucionalidade.
2.3.3. Exclusão dos actos políticos, dos actos administrativos, das decisões
jurisdicionais e dos actos jurídico-privados
44
Cfr., sobre esta problemática, o Acórdão n.º 156/88 de 22 de Outubro – DR, II Série, de 22 de Outubro de
1988; Acórdão n.º 179/93, de 15 de Junho – DR, II Série, de 25 de Junho de 1993; e Acórdão n.º 1058/96, de 16
de Outubro – DR, II Série, de 16 de Outubro, respectivamente
45
CORREIA, Fernandes Alves, Direito Constitucional. Justiça Constitucional, Almedina, Coimbra, p. 69
46
Cfr. Acórdão n.º 172/93 de 25 de Maio de 1995 – DR, Série II, de 24 de Maio de 1995
47
SOUSA, Marcelo Rebelo de, e Galvão, Sofia, Introdução ao Estudo de Direito, 4.ª edição, Lisboa,
Publicações EuropaAmérica, p. 30.
28
imperatividade dos respectivos comandos no circuito interno das relações institucionais
entre os órgãos do poder político, não projectando directamente as suas consequências
jurídicas na esfera dos cidadãos 48”. Veja-se, verbi gratia, os decretos presidenciais de
nomeação ou exoneração dos Reitores das Universidades Públicas ou do Ministro do
pelouro das Finanças e todos os actos políticos de conteúdo não normativo. O controlo
possível é aquele que ocorre na Assembleia da Nacional no quadro da competência geral
de fiscalização desta relativamente aos actos dos órgãos que detém o poder público. De
igual modo, está fora do âmbito da fiscalização prévia da constitucionalidade os actos
administrativos que não entrelaçam uma relação directa com a Constituição. Actos jurídico-
públicos que não revestem carácter normativo. Sem contudo deixar de acentuar a admissão
de fiscalização sucessiva da constitucionalidade de actos administrativos contidos em lei,
situação que não tem (e nem terá) tratamento em sede do presente trabalho.
Em relação às decisões judiciais, importa referir que estamos perante a função jurisdicional
do Estado que se traduz, na perspectiva do Prof. MARCELO REBELO DE SOUSA, “ (…) no
julgamento de litígios, resultantes de conflitos de interesses privados, bem como a punição
da violação da Constituição e das leis, através de órgãos entre si independentes, colocados
numa posição de passividade e imparcialidade, e cujos titulares (os juízes) são inamovíveis
e, em princípio, não podem ser sancionados pela forma como exercem a sua actividade 49”.
As decisões jurisdicionais em si mesmas são insusceptíveis de verificação preventiva da
constitucionalidade, sendo os tribunais superiores competentes para a sua impugnação e
em sede de recurso.
48
25 MORAIS, Carlos Blanco de, Justiça Constit … ob. cit. p. 529.
49
26 SOUSA, Marcelo Rebelo de, e Galvão, Sofia, Introdução …, ob. cit., p. 31.
29
angolano são ainda atribuídas certas outras competências, as quais podem
basicamente agrupar-se nos seguintes domínios processuais:
30
O ordenamento jurídico angolano não prevê, em nenhum caso, a existência de
recurso para qualquer outra instância (nacional) das decisões do Tribunal
Constitucional.
CAPÍTULO III.
3.1.1. Pressupostos
31
Quando devidamente enquadrada, do ponto de vista jurídico, político, cívico e
institucional, a jurisdição constitucional pode dar um contributo do maior relevo para
a construção efectiva de um Estado de Direito democrático de direitos
fundamentais.
O controlo abstrato é um controlo por via principal que incide sobre uma norma ou
conjunto de normas independentemente de qualquer caso concrecto, pelo que uma
eventual declaração de inconstitucionalidade, pela jurisdição especializada (Tribunal
Constitucional) produz efeitos erga omnes. Já o controlo concreto é realizado por via
incidental no decurso de um caso concreto a correr em qualquer tribunal, cabendo a
este decidir sobre a conformidade ou desconformidade constitucional das normas
em causa, sem prejuízo da possibilidade de recurso para o Tribunal Constitucional.
A. O parâmetro de controlo
50
Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, ed., Coimbra, Almedina, 2003,
pp. 895-896.
51
Idem
52
Jorge Miranda, Teoria do Estado e da Constituição, Coimbra, Coimbra Editora, 2002, pp. 760 e 55.
53
Gomes Canotilho, Direito Constitucional. .. , cit., pp. 895-896; Jorge Miranda, op. cit., pp. 760 e 55
34
Começaremos pela determinação do parâmetro de controlo da constitucionalidade,
para em seguida nos debruçarmos sobre a questão do controlo da legalidade
reforçada.
Nos termos do art. 226.°, nº2, da CRA, são inconstitucionais as leis e os actos que
violem regras e princípios constitucionais.
A CRA não prevê a existência de um controlo de legalidade visando aferir da violação, por
parte de um ato legislativo, de uma lei com valor reforçado.
Contudo, a violação de uma lei com valor reforçado por norma constante de acto
legislativo configura, em si mesma, uma inconstitucionalidade. Assim sendo, a
conformidade de normas legais com leis de valor reforçado pode ser fiscalizada
pelo Tribunal Constitucional angolano.
Deve sublinhar-se que o objeto deste tipo de controlo é sempre um acto legislativo,
não uma norma de natureza regulamentar ou outra, O parâmetro deste controlo é
constituído pelas normas interpostos e pressupostas, cuja existência transforma o
bloco de legalidade num acervo complexo de actos legislativos com relações de
parametricidade gerais e específicas entre eles. Assim, as leis de autorização
legislativa servem de parâmetro aos decretos legislativos presidenciais autorizados.
Por sua vez, as leis de bases servem de parâmetro aos actos normativos de
desenvolvimento.
35
As leis de autorização podem servir para autorizar o Executivo a elaborar decretos
legislativos presidenciais autorizados de bases, que por sua vez constituirão
parâmetro de controlo aos atos legislativos de desenvolvimento.
Refira-se, igualmente, que a parametricidade pode dar-se pela via procedi mental,
devendo controlar-se a legalidade procedimental das leis da Assembleia Nacional.
Os vícios relativos à formalidade afectam o acto normativo sem atingir seu conteúdo,
referindo-se aos procedimentos e pressupostos relativos às feições que formam a
lei. Os vícios formais traduzem defeito de formação do acto normativo, pela
inobservância de princípio de ordem técnica ou procedimental ou pela violação de
regras de competência54”.
54
BRANCO; COELHO; MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de constitucionalidade, Curso de Direito
Constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 1170
55
BARROSO Roberto BARROSO, Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro:
exposição sistemática da doutrina e análise crítica da jurisprudência. 2. ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva 2006, 26-27
36
Do exposto, fica claro que a inconstitucionalidade formal faz referência ao erro na
observância da competência ou nas regras relativa ao processo definido na
Constituição.
Existe dois tipos dos vícios formais, que são o vício formal subjectivo e o vício formal
objectivo.
O vício objectivo por seu turno, o vício formal objectivo será verificado nas demais
fases do processo legislativo, posteriores à fase de iniciativa. Como exemplo
citamos uma lei complementar sendo votada por um quorum de maioria relativa.
«Existe um vício formal objectivo, na medida em que a lei complementar deveria ter
sido aprovada por maioria absoluta».
56
BRANCO; COELHO; MENDES, 2010, p. 1172
37
A inconstitucionalidade material expressa uma incompatibilidade de conteúdo,
substantiva entre a lei ou o acto normativo e a Constituição. Pode traduzir-se no
confronto com uma regra constitucional.
Se uma norma legal vem depois da Constituição e com essa é incompatível, tem-se
um caso típico de inconstitucionalidade. Se a contradição, no entanto, for entre
norma constitucional superveniente e o direito ordinário pré-constitucional, indaga-se
se seria caso de inconstitucionalidade ou de mera revogação.
Além das formas de inconstitucionalidade até então vistas, temos, por fim, também a
inconstitucionalidade por ação e a inconstitucionalidade por omissão.
CAPÍTULO IV.
41
deve exigir que exista já uma norma perfeita para que o controlo seja possível, na
medida em que tal exigência aumenta a pro- babilidade de inconstitucionalidade em
vez de a diminuir.
2) de tratado internacional ou
D. Prazos
42
E. Decisões do Tribunal Constitucional na fiscalização preventiva
43
B. Legitimidade processual activa
Esta audição contribui, além do mais, para esclarecer melhor o conteúdo da norma,
desse modo ajudando o Tribunal Constitucional a definir o objecto do processo e a
balizar os respetivos poderes de cognição. Ainda assim, não se está aqui perante
uma plena consagração do princípio do contraditório.
D. Pressupostos objectivos
44
relativamente à qual se requer a fiscalização (art.230°n.º1 conjugação com os arts.
226° e 227.°, todos da CRA).
Para além disso, tem que haver uma alegada violação da Constituição ou de norma
paramétrica interposta ou pressuposta.
a. Aspetos gerais
45
inconstitucionais,
Por seu lado, o art. 180.°, nº 2, als. d) e e), da CRA, determina que compete ao
Tribunal Constitucional "apreciar em recurso a constitucionalidade das decisões dos
demais Tribunais que recusem a aplicação de qualquer norma com fundamento na
sua inconstitucionalidade".
Os tribunais nacionais, pela sua maior proximidade dos cidadãos e pela aura de
legitimidade de que gozam diante dos mesmos, constituem o meio mais eficaz de
proteção dos direitos humanos.
A. Aspetos gerais
48
B. Âmbito do o recurso ordinário de inconstitucionalidade :
Têm legitimidade para recorrer o Ministério Público e as pessoas que, nos termos
da lei, tenham legitimidade para dela interpor recurso ordinário, desde que tenham
suscitado a inconstitucionalidade perante o tribunal que proferiu a decisão
recorrida, e em termos que este estivesse obrigada a dela conhecer, sendo, neste
caso, obrigatória a constituição de advogado (arts. 37.° e 40.° da LOPC).
Na hipótese de: recurso ter por objeto a aplicação de norma anteriormente julgada
inconstitucional pelo Tribunal Constitucional deve ainda o requerente identificar a
decisão deste tribunal na qual foi julgada a inconstitucionalidade (art, 41.°, nº 2, da
LOPC). Faltando algum dos referidos elementos, o juiz da causa deve convidar o
requerente a apresentã-lo no prazo de dez dias (art. 41.°, n-3, da LOPC). Se o
requerente não apresentar os elementos em falta, o recurso é julgado deserto (art,
41°, nº 3, da LOPC).
50
É ao tribunal a quo que compete apreciar a admissão do recurso, devendo o juiz da
causa decidir sobre a mesma no prazo máximo de cinco dias contados da data da
entrada do requerimento respetivo (art, 42°, nº 1 e 2)
A decisão do recurso pelo Tribunal Constitucional tem efeitos inter partes, isto é,
circunscritos ao processo em presença (art, 47.°, nº1, da LOPC).
52
c. “Proferir um juízo de (in)constitucionalidade fundado em determinada
interpretação, ou seja condiciona a questão de (in)constitucionalidade a certa
interpretação. Sa decisão do Tribunal Constitucional não produz efeito directo
fora do processo em que é proferida.
A. Aspectos gerais.
B. Legitimidade de interposição.
O artigo 50º LOPC atribui legitimidade para este recurso ao Ministério Público e aos
particulares que nos termos da lei do processo em que a sentença foi proferida têm
legitimidade para interpor recurso ordinário em relação ás sentenças.
No que tange aos actos administrativos, têm legitimidade para interpor este recurso
às pessaos que tiverem legitimidade para impugnar contenciosamente o acto
administrativo.
53
C. Prazos de interposição
D. Regime aplicável
E. Competência – admissão.
Tal como se refere nos termos do n.º 3 do artigo 36.º e do (artigo 49º al. a) e
parágrafo único). LPC em relação aos recursos ordinários de inconstitucionalidade
(Recurso Ordinário de Inconstitucionalidade e Recurso extraordinário de
Inconstitucionalidade) “só pode interpor-se (Recurso Ordinário de
Inconstitucionalidade e Recurso extraordinário de Inconstitucionalidade) de
sentença final proferida pelo tribunal da causa”. O mesmo acontece com o recurso
extraordinário da inconstitucionalidade, nos termos da disposição já citada (artigo
49º al. a) e parágrafo único.
Uma das mais importantes distinções entre os dois tipos de fiscalização concreta é:
Por isso se pode dizer com propriedade que, enquanto o recurso ordinário de
inconstitucionalidade tem a ver com a função fiscalizadora do Tribunal
Constitucional, o recurso extraordinário tem muito mais a ver com a sua função
reparadora e com a sua também desejável qualificação como Tribunal de Direito
Fundamentais
Uma outra distinção assinalável a este dois recurso decorre das recentes
alterações introduzidas da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional e na lei do
Processo Constitucional (Lei nº24 e 25/10, de 3 Dezembro), que tem a ver com a
existência da exaustão dos recursos para efeitos da interposição do recurso
extraordinário.
55
4.4. Fiscalização da incostitucionalidade por omissão
Importa saber quais são as omissões constitucionalmente relevantes, uma vez que
nem todas as abstenções de comportamento dos órgãos constitucionais violam a
Constituição.
Mas para que se possa concluir pela existência de uma omissão inconstitucional
importa saber se há violação de um concreto dever constitucional de legislar.
Ainda assim, a doutrina tem vindo a entender que configuram também omissões
inconstitucionais as situações em que o legislador se abstém de densificar normas
constitucionais que careçam dessa densificação para serem exequíveis 60.
60
J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7.a ed., Coimbra, Almedina,
2003, p. 1034
56
Do mesmo modo podem considerar-se inconstitucionais as omissóes de atualização
ou aperfeiçoamento de normas, partindo da ideia de que existe a obrigação
constitucional de o legislador "melhorar ou corrigir as normas de prognose 61".
61
Idem, p. 1035
62
Idem, pp. 1035-1036
57
jurisdição constitucional, um dever de fixar um prazo ao legislador para suprir a
omissão inconstitucional e uma vez transcorrida esse prazo, substituir-se ao
legislador e adotar as necessárias medidas legislativas através de injunções
judiciais (writs). Justifica-se isto dizendo que se o órgão competente não cumpre os
seus deveres constitucionais, alguém tem que o fazer em vez dele. Nalguns casos,
este entendimento é reservado para a garantia de determinados direitos
fundamentais, nomeadamente quando estejam em causa dimensões essenciais da
vida e da integridade física. Para este entendimento, a força normativa da
Constituição e dos direitos humanos sobrepor-se-ia às objeções que se pudessem
formular contra esta expressão de ativismo judicial, em nome da separação de
poderes ou do princípio democrático.
Outras correntes, menos radicais, sustentam que ainda que não se substituísse ao
legislador, o Tribunal Constitucional teria a possibilidade ou mesmo o dever de
escolher um outro órgão com poderes normativos (v. g. executivo, administração
local) para suprir a inconstitucionalidade por omissão do órgão legislativo
constitucionalmente competente. Neste caso, a separação de poderes não seria
necessariamente posta em causa pela intervenção direta do Tribunal
Constitucional, embora houvesse que proceder a ajustamentos pontuais no
esquema constitucional de competências e funções.
Posições mais moderadas sustentam que o Tribunal Constitucional deveria pelo
menos entrar em diálogo ativo com o órgão legislativo competente, interpretando a
Constituição e formulando linhas de orientação ou mesmo recomendações sobre o
conteúdo positivo das medidas que este está constitucionalmente obrigado a
adotar.
Naturalmente que a resposta a dar a estas questões depende largamente das
possibilidades interpretativas abertas pelo texto constitucional e pela orientação
mais ou menos activa adotada pela jurisdição constitucional num determinado
contexto. Porém, em nosso entender, a última orientação referida afigura-se mais
realista e produtiva, do ponto de vista constitucional, quando comparada com as
que advogam a assunção de um poder político-legislativo (judicial policymaking)
pelo órgão jurisdicional de controlo ou o exercício de um poder de substituição do
órgão legislativo. Além disso, ela parece-nos preferível às teses que sustentam que
o Tribunal Constitucional se deve limitar, com toda a passividade, a verificar a
inconstitucionalidade por omissão e a dar dela conhecimento ao órgão legislativo
58
competente.
CAPÍTULO V.
A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
59
declarando a inconstitucionalidade da norma produz efeitos inter partes, alcançando
tão somente aqueles que participaram da relação processual.
60
ÍNDICE
CAPÍTULO INTRODUTÓRIO.................................................................................................................... 1
A GARANTIA E FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO...................................................................................1
1.1. SENTIDO DA GARANTIA E FISCALIZAÇÃO CONSTITUCIONAL............................................1
1.2. Fiscalização de constitucionalidade..................................................................................................4
CAPÍTULO I ...................................................................................................................................................... 6
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO................................................................................. 6
1.1. Supremacia normativa da Constituição e a garantia da constitucionalidade..................................6
O princípio da supremacia da constituição....................................................................................................8
1.2. A conformidade dos actos jurídico-públicos com a constituição.......................................................9
1.3. Os diferentes sistemas de fiscalização...............................................................................................10
1.3.1. O Modelo Inglês..............................................................................................................................10
1.3.2. O modelo francês - fiscalização política, comitè constitucional e conselho constitucional.
11
1.3.3. O modelo austríaco de fiscalização - concepção kelseniana................................................12
1.3.4. Fiscalização autônoma - modelo alemão...................................................................................13
1.3.5. O Modelo Português......................................................................................................................14
1.4. Critério de fiscalização...........................................................................................................................15
1.4.1. Fiscalização jurisdicional da constitucionalidade (modelo difuso e concentrado)...............15
1.4.2. Fiscalização jurisdicional da constitucionalidade (modelo abstracto/concentrado)............18
CAPÍTULO II .................................................................................................................................................. 21
O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL....................................................................................................... 21
2.1. Composição e Definição..............................................................................................................................21
2.1.1. Definição..........................................................................................................................................21
2.1.2. Composição....................................................................................................................................21
2.2. Organização e funcionamento..............................................................................................................23
61
2.2.1. Generalidade sobre o funcionamento do Tribunal Constitucional..........................................23
2.2.2. O Consensualismo e (in)falibilidade das decisões do T. Constitucional...............................24
2.2.3. A declaração de voto.....................................................................................................................26
2.3. Competências principais: A fiscalização normativa...........................................................................26
2.3.1. Noção e espécies...........................................................................................................................26
2.3.2. Objecto de fiscalização preventiva: actos normativos..............................................................27
2.3.3. Exclusão dos actos políticos, dos actos administrativos, das decisões jurisdicionais e dos
actos jurídico-privados....................................................................................................................................29
2.4. Outras competências..............................................................................................................................30
2.4.1. Competências que o Tribunal Constitucional exerce em única e em última instância.......31
CAPÍTULO III.................................................................................................................................................. 32
A FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE E DA LEGALIDADE DOS ACTOS
JURÍDICO-PÚBLICOS............................................................................................................................... 32
3.1. A construção clássica da teoria da inconstitucionalidade................................................................32
3.1.1. Pressupostos.................................................................................................................................32
3.1.2. Áreas problemáticas típicas.......................................................................................................32
3.1.3. Controlo da constitucionalidade das leis.................................................................................32
3.1.4. Proteção autónoma dos direitos fundamentais.....................................................................33
3.1.5. Controlo da regularidade da formação dos órgãos constitucionais.................................34
3.1.6. Modelos de Justiça Constitucional...........................................................................................34
3.1.7. A actividade de controlo..............................................................................................................35
3.2. Tipos de inconstitucionalidade..............................................................................................................36
3.2.1. Inconstitucionalidade formal.........................................................................................................36
3.2.2. Inconstitucionalidade material......................................................................................................38
3.2.3. Constitucionalidade originária e superveniente.........................................................................38
3.2.4. Inconstitucionalidade por acção e inconstitucionalidade por omissão..................................39
3.3. Objecto da fiscalização..........................................................................................................................40
CAPÍTULO IV................................................................................................................................................. 42
O PROCESSO JURISDICIONAL DE FISCALIZAÇÃO.............................................................42
4.1. A fiscalização Abstracta.........................................................................................................................42
4.1.1. Fiscalização abstracta preventiva................................................................................................42
4.1.2. Fiscalização abstrata sucessiva..................................................................................................44
4.2. A fiscalização concreta..........................................................................................................................47
4.2.1. Controlo concreto...........................................................................................................................47
4.2.2. Controlo difuso................................................................................................................................47
4.3. O processo de declaração de inconstitucionalidade com base na fiscalização concreto...........49
4.3.1. O recurso para o Tribunal Constitucional...................................................................................49
4.3.2. O recurso para o Tribunal Constitucional: recurso extraordinário..........................................53
4.4. Fiscalização da incostitucionalidade por omissão.............................................................................56
4.4.1. Aspetos gerais...............................................................................................................................56
4.4.2. As omissões constitucionalmente relevantes.......................................................................56
4.4.3. Legitimidade processual ativa...................................................................................................57
4.4.4. Decisões do Tribunal Constitucional.......................................................................................57
4.4.5. Efeitos da decisão........................................................................................................................58
CAPÍTULO V................................................................................................................................................... 60
A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE...................................................................60
62
5.1. Efeitos da Decisão de Inconstitucionalidade em sede de Controle Difuso de
Constitucionalidade..............................................................................................................................................60
5.2. Efeitos da Decisão de Inconstitucionalidade em sede de Controle Concentrado de
Constitucionalidade..............................................................................................................................................61
ÍNDICE............................................................................................................................................................... 62
SUMÁRIOS DESENVOLVIDOS DE
DIREITO CONSTITUCIONAL II: Justiça
Constitucional
63
Organizado por:
Mestre Jaime M. D. Yamba
Doutorando em Direito Penal Internacional
Professor auxiliar
2017
64