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EXMO.(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ.

(A) DE DIREITO DA VARA 10° CRIMINAL DA


COMARCA DE LAVRAS-MG

PROCESSO Nº.: xxxxxxxxxxxx

PETICIONÁRIO.:

DELITO:

ALEGAÇÕES FINAIS DA DEFESA:

Mévio já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem perante V Exa.


através de sua advogada infra-assinada apresentar alegações finais na forma de
memoriais, nos termos do art. 403 ss 3° do CPP, ante aos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

I - DOS FATOS

No dia 1 de julho de 2016, MÉVIO foi acusado de ter subtraído de Waldemar


a quantia de R$ 250,00 empregando um simulacro de arma de fogo. Durante a
investigação, o mesmo fora intimado a comparecer à Delegacia, onde em seu
depoimento confessou a prática do delito e afirmou que a arma utilizada seria de
brinquedo, sendo assim, o mesmo fora denunciado pela suposta ​atividade criminosa
tipificada no art. ​157,§ 2º A do CP. A denúncia foi recebida pelo MM. Juiz de
Direito, apresentada Resposta à Acusação pela defensoria pública, arrolando uma
testemunha de defesa. Fora realizada AIJ, onde aconteceu a oitiva da vítima, que
confirmou o fato e alegou que não viu o rosto do autor do crime, tendo em vista que
o mesmo estava encoberto. O policial civil que participou das investigações foi
ouvido, e afirmou que seria Mévio o autor do crime. A testemunha da defesa nada
disse sobre o fato. O réu foi interrogado em juízo e alegou que não praticou o crime.
Desse modo, o Promotor de Justiça requereu a condenação com base na
materialidade e na confissão do acusado, colhida na fase extrajudicial, que
mostrava ser ele o autor do crime.

II - DOS FUNDAMENTOS

II.I​ ​DA ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS

Antes aos fatos apresentados é nítida a falta contundente de provas nos autos
contra o acusado impossibilitando assim a efetiva responsabilidade do agente
quanto ao crime ora imputado. Para condenação do acusado exige prova robusta da
autoria do fato delituoso que lhe é imputado. Remanescendo dúvida, e ante ao
princípio da presunção de inocência impõe-se a absolvição, com fundamento no art.
386, VI, VI do CPP. Este é o entendimento do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
ao julgar o seguinte caso:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO TENTADO -


RECURSO MINISTERIAL - PLEITO CONDENATÓRIO -
INADMISSIBILIDADE - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA - ABSOLVIÇÃO
MANTIDA. Apenas deverá ocorrer a prolação de um édito condenatório
diante de um juízo de certeza. Assim, se as provas colhidas sob o crivo do
contraditório não geram a convicção de que efetivamente tenha o réu
perpetrado a conduta que lhe fora imputada, a mantença da sua absolvição
é medida de rigor. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.16.061928-4/001,
Relator(a): Des.(a) Paulo Cézar Dias , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento
em 05/08/2020, publicação da sumula em 14/08/2020)

II.II DA NÃO CONFIGURAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DO EMPREGO DE


ARMA DE FOGO

Conforme consta nos fatos o réu fora acusado de ter praticado a suposta atividade
criminosa do artigo ​157,§ 2º A do Código Penal. Essa causa de aumento de pena
imposta ao réu é de natureza objetiva, que ​decorre da capacidade da arma ser apta
a criar uma situação de perigo real à integridade física da vítima, o que não ocorre
no caso com o simulacro de arma de fogo, pois embora seja instrumento idôneo
para a prática da grave ameaça exigida pelo roubo, não se presta para qualificá-lo,
pois não possui potencialidade para ofender a integridade física da vítima. Desde
modo, não há o que se falar em causa de aumento de pena nesse caso, tendo em
vista que trata-se de um simulacro de arma de fogo. Vale ressaltar que a súmula
174 autorizava a aplicação do aumento de pena quando o uso de simulacro de arma
de fogo porém foi cancelada pela 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça em
24-10-2001. Que dizia: ​“No crime de roubo, a intimidação feita com arma de
brinquedo autoriza o aumento da pena.” ​Não há portanto fundamentação legal que
justifique a aplicação do aumento de pena. Este é o entendimento do renomado
doutrinador Guilherme de Souza Nucci:

Na hipótese de arma defeituosa (arma de fogo), simulada ou


sem munição, entendemos ser indispensável a análise do caso
concreto. Caso a arma seja considerada pela perícia
absolutamente ineficaz por causa do seu defeito, não se pode
considerar ter havido maior potencialidade lesiva para a vítima
(teoria objetiva do emprego de arma); logo, não se configura a
causa de aumento de 2/3. S ​ ouza, N.G. D. Curso de Direito Penal - 
Parte  Especial  -  Vol.  2,  3ª  edição.  [Digite  o  Local  da  Editora]: 
Grupo  GEN,  2018.  9788530982973.  Disponível  em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885309829
73/. Acesso em: 06 Nov 2020

III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a defesa técnica requer à Vossa Excelência:

1- A absolvição do acusado pela insuficiência de provas conforme art. 386, VI, do


Código Penal;

2 - Não reconhecimento da causa de aumento pelo emprego de simulacro de arma


de fogo;

Local de data

Assinatura do advogado

N° da OAB (...)
MÉVIO, foi acusado de roubo por denúncia do Promotor de Justiça da Comarca de
Lavras/MG, por ter no dia 1 de julho de 20016, subtraído da vítima Waldemar a
quantia de 250,00, sendo que no ato teria empregado um simulacro de arma de
fogo. No dia seguinte, a Polícia Civil em investigação descobriu que o autor do crime
em questão seria Mévio, tendo intimado o mesmo a comparecer à Delegacia, onde
em seu depoimento confessou a prática do delito, dizendo que não possui arma de
fogo e que a arma utilizada seria de brinquedo. Mévio foi denunciado como incurso
nas sanções do art. 157 § 2º A do CP, sendo a denúncia recebida pelo MM. Juiz de
Direito, apresentada Resposta a Acusação pela defensoria pública, arrolando uma
testemunha de defesa. Fora realizada AIJ, sendo que fora ouvida a vítima, que
confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava
encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo. Fora ouvido o policial
civil que participou das investigações, tendo afirmado que seria Mévio o autor do
crime e que ele confessou a prática do delito na fase de inquérito policial. A
testemunha de defesa nada disse sobre o fato, confirmou apenas que o acusado
tinha problemas com drogas e, por isso, era sempre internado. O réu foi interrogado
em juízo e afirmou não ter praticado o crime. O Promotor de Justiça requereu a
condenação, alegando que a materialidade estava provada e que a confissão do
acusado na fase extrajudicial, pelos informes que continha, mostrava ser ele o autor
do crime, pugnando pela condenação. Intimado o acusado para os fins do artigo
403, §3º, do CPP, seus pais resolveram contratar um advogado para defendê-lo.
QUESTÃO: Como Advogado, apresente a peça adequada, com todos os
argumentos e pedidos cabíveis na defesa do acusado.

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