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1. INTRODUÇÃO
506
Assim, vão se introduzindo regras no sentido de proteger os diferentes
processos produtivos em mercados cada vez mais amplos e impessoais.
Em etapa recente, vem sendo utilizada a “globalização”, não apenas como
necessário para proteger os direitos, como também para homogeneizar os
mecanismos de alcance da proteção concedida (VIEIRA; BUAINAIN;
SILVEIRA; VIEIRA JUNIOR, 2007).
Em decorrência desses fatores, muitos países têm desenhado e
implementado políticas para incentivar a criatividade e a inventividade,
tanto no âmbito de grandes empresas, quanto de empresas de pequeno e
médio porte, e até por inventores individuais. A importância da invenção
e da inovação no desenvolvimento econômico tem sido reconhecida
por países industrializados e em desenvolvimento. Para os países
industrializados, elas representam a busca de soluções mais competitivas
e de meios para superar os custos cada vez maiores de recursos naturais
e matérias-primas. Quanto aos países em desenvolvimento, aqueles
que priorizam a política de inovação para reduzir o atraso tecnológico
têm alcançado níveis satisfatórios de desenvolvimento social (VIEIRA;
BUAINAIN, 2004).
No entanto, apesar da sua relevância, os mecanismos de proteção
e de negociação da propriedade intelectual são pouco conhecidos no
meio empresarial como no meio acadêmico brasileiro. Não há ainda a
cultura de requerer patentes, principalmente para “pequenas soluções”
do dia a dia, pois estas tecnologias podem ser copiadas, aperfeiçoadas e
patenteadas por grandes corporações multinacionais.
De acordo com dados da Organização Mundial da Propriedade
Intelectual (OMPI), o Brasil ocupa lugar insignificante em inovação
tecnológica. Enquanto a Coréia do Sul registrou 2900 pedidos de
patentes em 2003, o Brasil registrou apenas 221, representando apenas
0,2% das patentes depositadas na USPTO. E destes pedidos, a Petrobras
é a instituição com maior número de depósitos (450 depósitos entre
2003 e 2012), logo seguida pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), com 395 patentes. A Universidade de São Paulo (USP)
vem em terceiro lugar, com 284. Portanto, pode ser inferido que é o setor
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não acadêmico que está falhando na geração de tecnologias e patentes
(CNI, 2015).
Considerando o ranking de inovação das universidades brasilei-
ras, as três primeiras são: Universidade de São Paulo (USP, com indi-
cador de inovação de 6%); Universidade de Campinas (UNICAMP,
com indicador de inovação de 3,96%); Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG, com indicador de inovação de 3,93%). Apesar da taxa
de inovação brasileira ser considerada baixa quando comparada com
outros países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), o país conta com um sistema acadêmico com
crescente nível internacional e desempenho e excelência em muitas áre-
as e com uma base empresarial apta para acelerar a difusão e a intro-
dução do progresso técnico, o que possibilita reduzir o distanciamento
existente entre a ciência e o mercado. Assim, em diversos países são re-
alizadas políticas tecnológicas que enfatizam programas de cooperação
público-privado para alavancar os esforços das empresas, reduzir riscos e
maximizar os resultados de capacitação cientifica constituída localmen-
te (LOTUFO, 2009).
Portanto, as políticas científicas, ao criarem universidades públicas
e institutos de pesquisas, contribuem para a formação de pesquisadores
(básicos e ampliados), de infraestrutura técnico-científica e o aumento
da competitividade das cadeias produtivas mais dinâmicas. Entretanto, a
comunidade científica não pode se limitar à produção do conhecimento,
sendo importante a avaliação e a validação do mesmo, além de conjugá-lo
com políticas setoriais e regionais.
No Brasil, as cadeias do conhecimento estão concentradas nas
unidades federativas mais fortes, o que produz assimetrias regionais
e a fragmentação das estruturas produtivas. Muito se apregoa sobre
a necessidade de um projeto nacional que amenize as disparidades
regionais quanto à matriz tecnológica, de acordo com uma estratégia
de desenvolvimento dos sistemas locais de inovação e reforço da
integração nacional. Uma das formas de promoção da desconcentração
no país é o estabelecimento de polos regionais de referência em áreas
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estratégicas. Os polos ampliam a infraestrutura científica e tecnológica e
permitem a conexão com redes interdisciplinares de pesquisas nacionais
e internacionais.
No contexto internacional, a política externa brasileira vem
apresentando expressivo crescimento, uma vez que entre os anos de 1823
a 1900 foram assinados 230 Atos Internacionais. Posteriormente, entre
1901 a 1999, foram assinados 4.221 e entre os anos de 2000 a 2010 foram
assinados 2.631 Atos Internacionais em diversas áreas do conhecimento,
refletindo uma diplomacia que procura diversificar e aprofundar a
cooperação internacional brasileira (MRE, 2010). Nesse contexto, o
presente estudo tem por objetivo analisar os Atos Internacionais Bilaterais
do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE) vinculados a
Propriedade Intelectual.
Metodologicamente, a partir das orientações de Vergara (2009),
quanto aos fins de investigação, trata-se de uma pesquisa descritiva,
apresentando os Atos Internacionais vinculados a Propriedade Intelectual
com destaque para os vigentes e em tramitação. Para Sampieri, Collado
e Lucio (2006), neste tipo de pesquisa a meta do pesquisar é confrontar,
relacionar, estratificar, detalhar informações, fatos, fenômenos e como
estes acontecem, sem manipulá-los.
Quanto aos meios de investigação, se classifica como uma pesquisa
essencialmente bibliográfica e documental (OLIVEIRA, 2002). Os
dados foram coletados no site do Ministério das Relações Exteriores
(MRE) a partir do Sistema Consular Integrado, delimitando as palavras-
chaves: propriedade intelectual e industrial presente no título dos Atos
Internacionais. A abordagem qualitativa foi utilizada para a apresentação
e discussão dos resultados da pesquisa.
509
desenvolvimento econômico, tem como marco a Lei de Inovação (Lei nº
10.973/2004). Deste então, o governo passou a enfatizar a necessidade
de estruturar iniciativas explícitas de estímulo à incorporação da Ciência,
Tecnologia e Inovação (C,T&I) em suas políticas de desenvolvimento
(LOTUFO, 2009). Entretanto, vale destacar que em 11 de dezembro de
1970 criava-se no Brasil, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI), implementado pela Lei n° 5.648. Vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Neste sentido, o sistema de propriedade intelectual no Brasil está
estruturado por meio da propriedade industrial e direitos do autor,
conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Sistema de propriedade intelectual no Brasil.
SISTEMA CATEGORIA LEI/ITEM REGULA CARACTERÍSICAS
I - concessão de patentes
9.279/96
de invenção e de modelo
Patentes, Direitos e
de utilidade; II - concessão
Marcas, obrigações
Propriedade de registro de desenho in-
Desenho relativos à
Industrial dustrial; III - concessão de
Industrial propriedade
registro de marca; IV -
e Indicação industrial
repressão às falsas indicações
Geográfica
geográficas; e V - repressão à
concorrência desleal.
Programa de computador é
a expressão de um conjunto
organizado de instruções em
Proteção da
linguagem natural ou codi-
propriedade
ficada, contida em suporte
intelectual de
físico de qualquer natureza,
9.609/98 programa de
de emprego necessário em
Programas computador,
máquinas automáticas de
de sua
tratamento da informação,
Computador comercialização
dispositivos, instrumentos
no País, e
Propriedade Direitos do ou equipamentos periféricos,
dá outras
Intelectual Autor baseados em técnica digital
providências.
ou análoga, para fazê-los
funcionar de modo e para
fins determinados.
510
Art. 1º Esta Lei regula os
Altera, direitos autorais, entenden-
atualiza e do-se sob esta denominação
9.610/98
consolida os direitos de autor e os que
Músicas,
a legislação lhes são conexos. Art. 2º Os
Obras de
sobre direitos estrangeiros domiciliados no
Artes e
autorais e exterior gozarão da proteção
Literárias
dá outras assegurada nos acordos,
providências. convenções e tratados em
vigor no Brasil.
Fonte: Elaborado a partir das Leis nº 9.279/96, 9.609/98 e 9.610/98.
O sistema ainda conta com mecanismos sui generis, com destaque
para Cultivares (Lei n° 9.456/97), Circuitos Integrados (Lei n° 11.484/07),
Células-Tronco, Transgênicos (Lei de Biossegurança 11.105/05) e de
Conhecimentos Tradicionais (MP n° 2.186-16/01).
Segundo dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC)
de 2011, apresentam que, no universo de 116.632 empresas industriais
pertencentes aos setores de transformação e extrativa, um pouco mais
de 50% implementaram inovação de produto, organizacionais ou de
marketing, e ainda um grande percentual são projetos incompletos ou
abandonados, conforme a Figura 1. E como exemplo, utiliza-se o Estado
de Santa Catarina, estas porcentagens ainda são irrisórias para promover um
ambiente inovativo. Assim, estes dados comprovam que a taxa de inovação
da indústria brasileira ainda é relativamente baixa quando comparada a
de outros países, como a Dinamarca, Holanda, Bélgica e Alemanha.
Entretanto, os dados da PINTEC demonstram que as indústrias inovadoras
faturam, em média, mais do que as menos inovadoras.
511
Figura 1 – Variáveis selecionadas das empresas, segundo as atividades da indústria.
E mpresas
2 0 0 9 -2 0 11 2 0 11
Dispêndios realizados pelas empresas
Que implementaram (1)
R eceita inovadoras nas atividades inovativas (3 )
A tividades da indústria lí quida
Inovação A penas A penas A tividades internas de
de T otal
T otal de projetos inovações Pesquisa e Desenvolvimento
vendas
produto incompletos organizacio- Número Número
(1 0 0 0 R $) V alor V alor
e/ou e/ou aban- nais e/ou de (2 ) de de
processo donados marketing (1 0 0 0 R $) (1 0 0 0 R $)
empresas empresas
T o t a l B r a s i l I nd ús t r i a 116 6 3 2 4 1 4 70 2 74 3 4 1 3 12 2 14 9 7 7 3 9 4 1 3 2 6 16 50 8 9 3 3 8 5 5 8 76 15 15 6 8 15
T o t a l S a nt a C a t a r i na I nd ús t r i a 10 2 7 5 3 555 12 6 4 032 119 17 8 7 6 0 2 73 2 2 9 4 1 6 75 497 72 2 0 9 2
F abricação de produtos alimentí cios 1 0 58 552 3 393 58 14 0 9 0 2 442 9 56 19 2 24 159 3 8 7
F abricação de produtos têxteis 70 5 236 5 12 3 6 8 57 3 0 3 116 114 0 9 9 13 15 754
C onfecção de artigos do vestuário e acessórios 2 59 7 59 8 3 1 0 19 8 718 2 6 8 441 79 13 0 14 13 3 13
F abricação de artigos de borracha e plástico 515 19 6 43 19 3 7 9 2 4 76 1 72 2 78 150 15 23 963
F abricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 14 9 89 2 21 6 2 79 4 2 3 76 4 53 0 3 6 41 3 0 2 578
Outras atividades da indústria * 5 2 51 1883 70 2 283 3 1 2 58 10 3 1 58 4 1061068 392 207 097
512
lhão. Depois estão China (875 mil), Coreia do Sul (738 mil), Alemanha
(549 mil), França (490 mil), Reino Unido (459 mil) e até o principado
de Mônaco (42.838).
O Brasil está na 19ª posição, com 41.453 patentes válidas. São 211
a mais que o último lugar, ocupado pela Polônia. No bloco dos BRICS,
todos estão na frente: seguidos pela China aparecem Rússia (181 mil),
África do Sul (112 mil) e Índia (42.991). No Brasil, o Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI) é responsável por receber os pedidos,
examinar e conceder, ou não, o direito de patente. Entre 2003 e 2013,
foram concedidas 34.189 patentes. Em média, 3.108 por ano. Além de
o volume ser baixo em relação a outros países, o tempo médio de espera
por uma resposta do INPI quase dobrou no mesmo período. Em 2003,
no caso de invenção, a demora era de pouco mais de seis anos. Em 2008,
passou a ser de nove anos. Em 2013, chegou a onze anos (WIPO, 2015).
Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) brasileiro,
a taxa de crescimento do total de patentes, no período compreendido
entre 2004 e 2006, foi próximo da taxa de crescimento do número
total de artigos científicos brasileiros indexados no Institute for Scientific
Information (ISI), apresentado na Figura 2.
Figura 2 - Pesquisa acadêmica e artigos científicos em % do total mundial.
513
científicos indexados pela Thomson/ISI [...]. Entretanto, a inova-
ção não tem acompanhado a geração de conhecimento científico.
Enquanto o Brasil ocupa a 13ª colocação no ranking de produ-
ção científica, pelo critério de maior participação percentual em
relação ao total [...], nota-se que, no ranking global de inovação,
ocupa a 47ª colocação [...].
3. ATOS INTERNACIONAIS
514
concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional,
quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação específica”.
O Ministério das Relações Exteriores está investido pelo Direito
pátrio de atribuições para negociar e celebrar, com a cooperação
de outros órgãos interessados, tratados, acordos e outros tipos de
atos internacionais, com vistas a auxiliar o Presidente da Repúbli-
ca no exercício de sua competência privativa na matéria (MRE,
2010, p. 5).
515
Figura 3 – Número de Atos Internacionais assinados pelo Brasil.
516
feitos pela União, com a respectiva interveniência do Ministério das
Relações Exteriores (MRE).
A divisão dos Atos Internacionais do MRE (2015): “[...] incumbe-
se da guarda dos tratados, convenções, acordos, declarações conjuntas,
protocolos e emendas que obriguem internacionalmente o Estado
brasileiro”. “Mantém registros de Atos Internacionais dos quais, embora
não seja parte o Estado brasileiro, participou o Brasil em sua negociação ou
que se revista de interesse para a política externa brasileira“ (MRE, 2015).
Ajuste Complementar
ao Acordo Básico de
Cooperação Científica e
Técnica sobre Cooperação
Uruguai no Campo da Propriedade 30/07/1987 29/07/1987
Industrial, Informação
Tecnológica e Registro
América do Sul de Transferência de
Tecnologia.
Convênio sobre
Paraguai Cooperação em Matéria 02/07/1982 10/12/1982
de Propriedade Industrial
517
Memorando de
Entendimento entre o
Ministério das Relações
Exteriores da República
Federativa do Brasil
e o Ministério do
Comércio da República
Popular da China para
Ásia China o Estabelecimento de 16/04/2010 16/04/2010
Grupo de Trabalho
sobre Propriedade
Intelectual no Âmbito da
Subcomissão Econômico-
Comercial da Comissão
Sino-Brasileira de Alto
Nível de Concertação e
Cooperação.
Acordo sobre Registro
Suécia de Marcas Industriais e 29/04/1955 01/07/1955
Comerciais.
Acordo sobre
Convenções, sobre
Propriedade Industrial de 20/12/1954 20/12/1954
4 de setembro de 1953 -
Retificação ao Acordo
Acordo sobre Restauração
dos Direitos de
Propriedade Industrial
Europa 04/09/1953 23/05/1958
e Direitos Autorais
Alemanha
Atingidos pela Segunda
Guerra Mundial
Acordo sobre as
Convenções e Acordos
Internacionais Respeito
de Marcas de Fábrica,
04/09/1953 04/09/1953
Propriedade Industrial e
Direitos Autorais de que
eram Signatários os dois
Estados
Acordo no Campo da
França 30/01/1981 25/01/1983
Propriedade Industrial.
518
Acordo de Cooperação
entre o Brasil e a
Organização Mundial da 29/03/1982 01/04/1982
Propriedade Intelectual
(Prorrogação).
Termo de Cooperação
Técnica para a
Implementação do
Projeto de Modernização
22/05/1997 22/05/1997
e Informatização do
Instituto Nacional da
Propriedade Industrial.
(INPI)
Ajuste Complementar
para Cooperação Técnica
Brasil-OMPI ao Acordo
Básico de Assistência
Organização
OMPI
Técnica Brasil-ONU,
Internacional para Implementação do
13/09/2006 13/09/2006
Projeto de Capacitação e
Treinamento do Corpo
Técnico do INPI e
Disseminação da Cultura
da Propriedade Intelectual
no Brasil
Memorando de
Entendimento entre o
Governo da República
Federativa do Brasil e a
Organização Mundial da
09/08/2012 09/08/2012
Propriedade Intelectual
para a Promoção da
Cooperação Técnica
Trilateral nos Países em
Desenvolvimento.
519
Na América do Sul, o Brasil possui, na situação vigente, um Ato
Internacional Bilateral com a República Oriental do Uruguai, denominado
Ajuste Complementar ao Acordo Básico de Cooperação Científica e
Técnica firmado em 12 de junho de 1975. Ambos os países reconhecem:
“[...] a importância de que o sistema de propriedade industrial se reveste
para o desenvolvimento técnico industrial e comercial de ambos os países
[...]” (MRE, 1987, p. 1). Do lado brasileiro, o responsável pela execução
é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e o Ministério
da Indústria e Energia, por meio do Centro Nacional da Propriedade
Industrial (CNPI), representada o lado uruguaio.
O Ajuste Complementar abarca a cooperação no campo da
propriedade industrial, informação tecnológica e registro de transferência
de tecnologia, por meio da “[...] legislação, gestão, capacitação, assistência
técnica e intercâmbio de informação e documentação tecnológica e de
patentes de invenções com as respectivas variantes das mesmas” (MRE,
1987, p. 1). O INPI e o CNPI disponibilizarão das seguintes modalidades
de cooperação: “intercâmbio de técnicos, programas de capacitação e
treinamento de pessoal, intercâmbio de informações e documentação,
prestação de assistência técnica, e realização de conferências e seminários”
(MRE, 1987, p. 1).
Ainda na América do Sul, se destaca o Convênio sobre Cooperação
em Matéria de Propriedade Industrial com a República do Paraguai,
designando para a execução do convênio do lado brasileiro a Secretaria
de Tecnologia Industrial (STI) e a Direção da Propriedade Industrial
(DPI) por parte da República do Paraguai. O convênio tem por objetivo
intensificar a cooperação nas áreas de legislação, reestrutura técnico-
administrativa, assistência técnica e processamento de dados.
Na Ásia, o Memorando de Entendimento para o Estabelecimento
de Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual no Âmbito da
Subcomissão Econômico-Comercial da Comissão Sino-Brasileira de Alto
Nível de Concertação e Cooperação foi firmado com a República Popular
da China em 2010. Na Europa, o Brasil possui Atos Internacionais com
a Suécia, República Federal da Alemanha e França.
520
O privilégio é estendido também aos nacionais de outros países,
porém, com domicílio ou estabelecimento industrial ou comercial
efetivos e idôneos no Brasil ou na Suécia. Entretanto, não se aplica as
marcas pertencentes às coletividades.
Entre os três Atos Internacionais que o governo brasileiro possui
com a República Federal da Alemanha, destaca-se que o primeiro se refere
à retificação ao Acordo sobre Convenções e Acordos a respeito de Marcas
de Fábrica, Propriedade Industrial e Direitos Autorais de 1953 de que eram
signatários os dois Estados. Ainda com a República Federal da Alemanha,
se tem o Acordo sobre Restauração dos Direitos de Propriedade Industrial
e Direitos Autorais Atingidos pela Segunda Guerra Mundial de 1953:
[...] ficarão revogadas as medidas legislativas adotadas pelo Go-
verno da República dos Estados Unidos do Brasil em virtude da
segunda guerra mundial e relativas aos direitos de patentes de in-
venção, modelos de utilidade, desenhos ou modelos industriais,
marcas de indústrias ou de comércio, títulos de estabelecimentos,
insígnias comerciais e frases de propaganda, existentes no Brasil
em nome de súditos alemães (MRE, 1953, p.1).
521
mos brasileiros e franceses; c – intercâmbio de técnicos e peritos
(doravante denominados “especialistas”); d – realização de estu-
dos e projetos conjuntos; e – desenvolvimento de recursos huma-
nos em programas de especialização ou estágios; f – realização de
conferências, cursos e seminários (MRE, 1981, p.1).
522
do Corpo Técnico do INPI e Disseminação da Cultura da Propriedade
Intelectual no Brasil visa garantir ações necessárias para treinar e capacitar
os técnicos do INPI, aumentar o entendimento do sistema de propriedade
intelectual e o intercâmbio com outros escritórios.
No Brasil o responsável designado para o projeto com funções
relacionadas à coordenação e avaliação é a Agência Brasileira de Cooperação
do Ministério das Relações Exteriores (ABD/MRE) e também o próprio
INPI, como a instituição responsável pela execução das atividades do
presente Ajuste. Compete a OMPI “[...] prestar cooperação técnica e
assegurar a qualidade dos resultados do Projeto por meio de supervisão,
acompanhamento e suporte de serviços técnicos” (MRE, 2006, p.1).
Em 2012, foi firmado o Memorando de Entendimento entre o
governo brasileiro e a OMPI para a Promoção da Cooperação Técnica
Trilateral nos Países em Desenvolvimento com o objetivo de: “Estabelecer
um programa de parceria com vistas à prestação de cooperação técnica aos
países em desenvolvimento na área de propriedade intelectual” (MRE,
2012, p.1).
Para os Atos Internacionais Bilaterais que ainda estão em tramitação,
se destacam aqueles vinculados a Rússia (1) e ao Panamá (1), de acordo
com o Quadro 3.
Quadro 3 – Atos Internacionais vinculados a Propriedade Intelectual (em tramitação).
CONTINENTE PAÍS TÍTULO CELEBRAÇÃO
523
Convênio sobre Marcas de
América Central Panamá Indústria e de Comércio e 19/08/1948
Privilégios de Invenção.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
524
Relações Exteriores do Brasil (MRE) vinculados a Propriedade Intelectual
com destaque para aqueles vigentes e em tramitação.
Entre os acordos vigentes, o Brasil possui Atos Internacionais
Bilaterais com o Uruguai e Paraguai na América do Sul, China na
Ásia, Suécia, França e Alemanha na Europa e também com organismos
internacionais como a própria OMPI. Estes Atos tratam da cooperação
científica, técnica e tecnológica, memorandos de entendimento em
propriedade intelectual, acordos sobre registro de marcas industriais e
comerciais, marcas de fábricas, direitos autorais, cooperação, disseminação
da cultura da propriedade intelectual no Brasil e também a cooperação
técnica trilateral em países em desenvolvimento.
Com relação aos Atos Internacionais Bilaterais em tramitação, se
destacam aqueles vinculados com a Federação da Rússia, Panamá e com
a OMPI. Estes se referem à proteção mútua da propriedade e atividade
intelectual, cooperação técnico- militar bilateral, marcas de indústria,
comércio e invenção e criação de um escritório da OMPI no Brasil para
domínio da propriedade intelectual e reforçar a cooperação entre os países
da América Latina e Caribe.
Por fim, verifica-se que os mecanismos de proteção da propriedade
intelectual são fundamentais para a organização e gestão do conhecimen-
to e da inovação para fortalecer a institucionalidade da pesquisa públi-
ca e privada em uma nação. O Brasil tem evoluído na sua capacidade
científico-tecnológica como se averigua na produção de papers indexados.
Todavia, a expectativa de ganhos na expansão de números de empregos,
nos investimentos e financiamentos externos para pesquisa e no desen-
volvimento de recursos humanos ainda esta aquém das necessidades. Tal
como ocorreu nos países desenvolvimentos, e hodiernamente em outros
países emergentes (BRICS), essa questão passa por políticas consisten-
tes e coerentes de promoção e proteção da inovação que permitam sua
apropriação e incorporação ao output dos diversos setores produtivos da
economia brasileira.
525
Para que o tema seja disseminado e continue em discussão, sugere-
se que novos estudos sejam desenvolvimento com a temática Propriedade
Intelectual, abordando também os Atos Internacionais Multilaterais que
o MRE possui na condição vigente e em tramitação.
REFERÊNCIAS
526
______. Lei nº 9.609 de 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a
proteção da propriedade intelectual de programa de computador,
sua comercialização no País, e dá outras providências. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9609.htm>. Acesso em:
15 jun. 2015.
527
e revoga o art. 26 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11484.htm>. Acesso em: 15 jun. 2015.
528
Disponível em:<http://dai-mre.serpro.gov.br/atos-internacionais/
bilaterais/1954/b_33>. Acesso em: 10 jun. 2015.
529
2006. Disponível em: <http://dai-mre.serpro.gov.br/atos-internacionais/
bilaterais/2006/b_142>. Acesso em: 10 jun. 2015.
530
serpro.gov.br/clientes/dai/dai/manual-de-procedimentos/manual-de-
procedimentos-pratica-diplomatica>. Acesso em: 10 jun. 2015.
531
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de
inovação e tecnologia (PINTEC). Brasília: IBGE, 2011. Disponível
em: <http://www.pintec.ibge.gov.br/index.php?option=com_
content&view=category&layout=blog&id=27&Itemid=43>. Acesso em:
10 ago. 2015.
532