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ELÉTRICO
BRASILEIRO: INDICADORES
E METAS
WERede
SUPPORT
Brasil
1
2 INTEGRAÇÃO DOS ODS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: INDICADORES E METAS
SETOR
INTEGRAÇÃO DOS ODS NO
ELÉTRICO
BRASILEIRO: INDICADORES
E METAS
Rede Brasil
3
Rede Brasil
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Rodolfo Sirol | CPFL Energia
Presidente
Ana Buchaim | B3
Eduardo Fonseca | Grupo Boticário
Karine Bueno | Santander
Marcia Massotti | Enel
Maria Luiza Paiva | Suzano
Marina Spínola | Fundação Dom Cabral
Niky Fabiancic | coordenador-residente do sistema ONU no Brasil
Rodrigo Figueiredo | Ambev
SETEMBRO 2020
Em uma situação de pandemia como a que estamos vivendo, a importância e o impacto do setor de
energia ficam ainda mais evidentes: é corresponsável pela manutenção dos sistemas de tratamento
de água – vital para a higienização e combate ao vírus –, pela viabilização de estudo e trabalho
remotos e por manter ligados aparelhos de respiração mecânica nos hospitais.
Neste momento de insegurança global, o setor de energia surge como o possível impulsionador
de mudanças profundas e urgentes que precisam ocorrer na sociedade, já que, como nunca,
se faz necessária a transição da energia fóssil para um futuro de energia limpa. “Ao projetar
e implementar esses planos de recuperação, temos uma escolha. Podemos voltar para onde
estávamos ou investir em um futuro melhor e mais sustentável. Podemos investir em combustíveis
fósseis, cujos mercados são voláteis e cujas emissões levam à poluição letal do ar. Ou podemos
investir em energia renovável, confiável, limpa e economicamente inteligente”, disse o secretário-
geral da ONU, António Guterres.
O projeto Integração dos ODS no Setor Elétrico Brasileiro mostra uma abordagem inovadora, na
qual o setor de energia é convidado a integrar os ODS em suas estratégias de negócios, de forma
setorial, para que as empresas como um todo avancem na Agenda Global de Sustentabilidade.
Na primeira fase do Projeto, lançada em 2018 e realizada em parceria coma USP Ribeirão Preto,
o setor identificou seu nível de maturidade com relação à Agenda 2030. Deste trabalho, também
saiu a priorização de cinco ODS a serem trabalhados no setor: ODS7 ODS 8, ODS 9, ODS 11 e ODS
13. Nesta publicação, apresentaremos os resultados da segunda fase do Projeto, que identificou
indicadores e propôs metas em cada um destes ODS priorizados.
Nós, da Rede Brasil do Pacto Global, convidamos o Setor de Energia Elétrica a se desafiar e
trabalhar conjuntamente para a entrega destas metas propostas no território nacional. Convidamos
ainda outros setores a se inspirarem e replic arem esta metodologia para a construção coletiva e
cooperativa, visando o alcance da Agenda 2030. Esta visão se torna especialmente importante no
ano em que a humanidade foi lembrada de que não fazemos nada sozinhos. É preciso manter o foco
em uma recuperação mais verde, mais inclusiva e mais íntegra.
Boa leitura!
5
OURO
PRATA
Miguel Setas,
CEO EDP Brasil
7
ÍNDICE
10
INTRODUÇÃO DO PROJETO
18
RESULTADOS
ODS 07 21
ODS 08 27
ODS 09 31
ODS 11 35
ODS 13 41
48
PRÓXIMOS PASSOS
50
REFERÊNCIAS
11
O PACTO GLOBAL
Criado em 2000 pelo então secretário-geral da Organização adotarem práticas mais sustentáveis, têm sido dois dos
das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan, o Pacto Global tem pilares da atuação mundial da iniciativa.
por finalidade engajar o setor privado em ações e políticas
No Brasil, ela reúne mais de 1.000 empresas e organizações
sustentáveis e socialmente responsáveis. Nessas duas
como signatárias, e está presente por meio da Rede Brasil
décadas, a iniciativa conta com a participação de mais de 10
do Pacto Global (RBPG), criada em 2003 e vinculada ao
mil empresas e mais cerca de 3 mil organizações de mais de
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
150 países.
(PNUD). Desde 2018 a RBPG integra as instâncias superiores
Suas diretrizes se baseiam nos Dez Princípios do Pacto de governança do Pacto Global, como líder dos Conselho das
Global, que balizam os pontos considerados indispensáveis Redes Locais da América Latina e do Caribe e do Conselho
nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e Global das Redes Locais – o que dá à representação brasileira
combate à corrupção; e os 17 Objetivos de Desenvolvimento direito um assento no Conselho de Administração do Pacto
Sustentável (ODS), que estabelecem prioridades e metas Global, instância máxima da organização, presidida por
necessárias para se atingir os objetivos da Agenda 2030 Para António Guterres, secretário-geral da ONU.
o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A atuação da RBPG se desdobra em sete Plataformas: Ação
O Pacto Global é organizado em cerca de 68 redes locais, que pelos ODS; Ação pela Água; Ação pelo Agro Sustentável;
engajam as empresas e organizações em ações voltadas ao Ação pelo Clima; Ação pelos Direitos Humanos; Ação contra
avanço dos ODS. A disseminação de conhcimento, assim como a Corrupção e Ação para Comunicar e Engajar. Todos são
a busca por instrumentos que possibilitem às organiações liderados por empresas membro do Pacto Global no Brasil.
ODS NO
SETOR ELÉTRICO
Desde 2015, quando foi lançada a Agenda 2030 e assinado o Acordo
Climático de Paris, ao término da 21ª Conferência das Partes da
Convenção do Clima das Nações Unidas (COP-21), a Plataforma Ação
pelo Clima (antigo grupo temático de Energia e Clima) da Rede Brasil do
Pacto Global tem atuado para trazer os ODS à realidade do setor no país
– compartilhando informações, promovendo discussões e construindo,
de forma conjunta, soluções que permitam a incorporação das metas à
estratégia de negócios das empresas.
Graças à sua grande rede hidrográfica, o Brasil possui uma das matrizes
energéticas mais limpas do mundo. No entanto, há potencial para
melhorar ainda mais esse quadro – aprimorando a eficiência energética,
promovendo a utilização de energias renováveis de origem solar ou eólica,
ou estimulando a substituição de combustíveis fósseis por eletricidade na
frota de veículos. A própria reconstrução após a pandemia da Covid-19
oferece a oportunidade de se incorporar os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) às estratégias corporativas das empresas, construindo
um mundo mais próximo de atingir os compromissos da Agenda 2030.
13
FASE 1:
DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES
A construção de uma visão dos Pontifícia Universidade Católica de CPFL Energia, EDP, Eletrobras,
Objetivos de Desenvolvimento São Paulo (PUC-SP), em parceria Eletronorte, Enel, Engie, Equatorial
Sustentável (ODS) específica para com a Rede Brasil do Pacto Global Energia, Furnas, Grupo Energisa,
o setor elétrico brasileiro teve início e apoio da Associação Brasileira de Itaipu, Light e Thesan.
com a análise de como as empresas Distribuidores de Energia Elétrica
As empresas envolvidas avaliaram
que atuam no mercado de geração, (Abradee).
que a maior dificuldade em ter os ODS
transmissão e distribuição (GTD)
O trabalho envolveu o levantamento como referência para suas estratégias
estão se comprometendo com a
das práticas dessas empresas, a de negócios residia na definição de
Agenda 2030, e como elas integram
discussão dos resultados em dois metas e indicadores. Levando-se em
essas diretrizes em suas estratégias
workshops, a criação de uma matriz conta a materialidade dos temas para
de negócios. O diagnóstico inicial
de ODS considerando os impactos a atuação das companhias, foram
Integração dos ODS no Setor
negativos e as oportunidades identificados cinco ODS como os mais
Elétrico Brasileiro foi elaborado
de negócios, e estudos de caso. relevantes para o setor elétrico:
pela Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Participaram dessa etapa as
Ribeirão Preto da Universidade de companhias Celesc, Celpa, Celpe,
São Paulo (FEA-RP/USP) e pela Cemig, Chesf, Coelba, Copel, Cosern,
7
Energia acessível e limpa:
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a
preço acessível à energia para todos.
8
Trabalho decente e crescimento econômico:
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,
o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos.
9
Indústria, inovação e infraestrutura:
Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
11
Cidades e comunidades sustentáveis:
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos,
seguros, resilientes e sustentáveis.
13
Ação contra a mudança global do clima:
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e
seus impactos.
FASE 2:
IDENTIFICANDO INDICADORES E ESTABELECENDO METAS
Com base nos resultados da Fase 1, ficou claro que um dos maiores desafios para a integração dos ODS à estratégia de negócios
das empresas do setor elétrico é a definição das metas e indicadores que serão adotados. Por essa razão, a Fase 2 foi estruturada
para identificar indicadores e sugerir metas para este setor nos cinco ODS identificados como prioritários nos resultados da
primeira fase do projeto – e assim, nortear as empresas do setor e fomentá-las a trabalhar de forma conjunta para cumprimento
destas metas nacionalmente.
Esse trabalho, que contou com o apoio de AES Brasil, Celeo Redes, CPFL Energia, EDP, Enel e MRV, buscou estabelecer
inicialmente um processo de benchmarking, a fim de verificar a convergência dos compromissos das empresas com os ODS e a
forma como se dá sua atuação em cada região do país. Foi realizada uma pesquisa junto a 21 companhias do setor, das quais 18
apresentaram algum tipo de correlação com os cinco ODS priorizados na Fase 1.
Também foram consultadas nessa etapa organizações setoriais e outras entidades – como o Ministério de Minas e Energia (MME),
a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA).
SEBLabs
Com a finalidade de compreender e discutir a dinâmica
da aplicação dos ODS pelas empresas do setor em
diferentes regiões brasileiras, a Fase 2 do projeto
promoveu os Laboratórios de Integração dos ODS
no Setor Elétrico Brasileiro (SEB Labs). No formato
de workshops, os eventos constituíram um espaço
SEBLab Sudeste
aberto de diálogo e construção conjunta das metas
e indicadores dos ODS, organizado em um dia de
atividades. Os eventos também contribuíram para
promover a participação de diversos atores do setor,
e possibilitaram a coleta de uma amostra mais
significativa de iniciativas alinhadas à Fase 1 do projeto.
SEBLab Norte/Nordeste
15
O DESAFIO DA COVID-19
A disseminação do novo coronavírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, representa uma das piores crises
sanitárias do planeta. Responsável pela morte de quase 1 milhão de pessoas até o fim de setembro de 2020,
de acordo com o levantamento mantido pela Johns Hopkins University (JHU) dos EUA1, a pandemia impactou
diretamente sobre praticamente todas as atividades econômicas – levando diversos países ao aumento nos
níveis de desemprego e à redução da renda da população.
Os diversos efeitos políticos, econômicos e sociais da Covid-19 representam um desafio profundo para a
implantação dos ODS e, consequentemente, para o cumprimento da Agenda 2030. No entanto, a atual crise
também permite que governos e empresas possam aprender lições positivas para aplicação no futuro.
Conforme o Sustainable Development Report 2020 da Universidade de Cambridge, ações conjuntas são
essenciais à busca de soluções para a mitigação dos efeitos da pandemia.
Assim como em outras partes do mundo, o Brasil apresenta um quadro de retração econômica por conta da
Covid-19. As medidas de distanciamento social colocadas em prática para evitar a disseminação da doença,
assim como a redução na demanda em diversas atividades, levaram à queda no Produto Interno Bruto (PIB)2
e ao aumento no nível de desemprego3 no segundo trimestre do ano. No final de setembro, as perspectivas
de agentes do mercado financeiro, manifestadas no Boletim Focus do Banco Central, indicavam que 2020
terminaria com uma retração de -5,05% no PIB4.
Essa situação impacta diretamente sobre o setor de energia elétrica: dados da Câmara Comercializadora
de Energia Elétrica (CCEE) indicam que o consumo energético caiu 13% nos primeiros meses da pandemia5.
Ainda que esse percentual tenha melhorado à medida em que a economia foi sendo gradativamente reativada
ao longo do ano.
No final de agosto, a carga média do Sistema Integrado Nacional (SIN) teria atingido valores normais de
consumo na comparação com 20196. A permanência de um contingente maior de pessoas em casa levou à
elevação do consumo residencial nos primeiros meses de confinamento, em paralelo à redução observada na
indústria e no comércio.
O impacto da Covid-19 acumulado desde 18 de março foi de mais de R$ 6.3 bilhões, dos quais R$ 3.3
bilhões devido ao aumento da inadimplência nesse período. Entre as medidas emergenciais do governo
para tentar reduzir as perdas das empresas do setor está a manutenção da bandeira verde até dezembro
de 2020, possibilitada pela redução da carga e pelas perspectivas para geração de energia. Os custos
cobertos pelas bandeiras tarifárias estão ainda sendo cobertos por empréstimos do setor elétrico junto a
bancos públicos e privados.
Diante das incertezas trazidas pela pandemia – agravadas pela possibilidade de uma segunda onda de
contágio, que leve a novas medidas de isolamento social – as projeções de expansão na oferta de energia até
2030 ficam atreladas à capacidade de recuperação da economia. De acordo com estudo do Plano Decenal
de Expansão de Energia 2030 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)7, os efeitos da redução da atividade
econômica deverão levar a um crescimento médio anual de 3% na demanda de consumo de energia elétrica
no setor industrial nos próximos dez anos, com destaque para o setor metalúrgico.
17
18 INTEGRAÇÃO DOS ODS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: INDICADORES E METAS
RESUL
TADOS
19
20 INTEGRAÇÃO DOS ODS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: INDICADORES E METAS
Energia acessível
e limpa
O desenvolvimento sustentável exige de todos os Nós temos a responsabilidade de tornar
setores um alinhamento mais profundo com os o acesso à energia um direito humano
anseios da sociedade e com os grandes desafios básico, utilizando seus benefícios
da humanidade. O cenário atual nos mostra a necessidade para reduzir desigualdades que ainda
de descarbonização da economia com mudança nos modelos de prejudicam a qualidade de vida de parte
negócios das empresas, bem como a digitalização de processos da população brasileira. O momento atual
e conectividade, trazendo mais conhecimento e informação para
também impõe desafios que somente poderão ser
que possamos fazer escolhas melhores no dia a dia.
superados mediante um grande esforço coletivo,
A transição energética pela qual estamos passando visa a pela importância da energia para setores críticos
mudarmos a maneira como geramos e consumimos energia como a própria distribuição de energia, saneamento,
evitando e/ou mitigando os riscos à sobrevivência da própria saúde, telecomunicações e processamento de dados.
humanidade. O contexto de combate às mudanças climáticas No médio e longo prazos temos que construir um
impulsionou a demanda das empresas por soluções inovadoras, sistema de energia eficiente, seguro e resiliente, com
tecnologia e rastreabilidade de sua matriz energética. ampla integração das energias renováveis, que possa
atender uma sociedade em transformação e suportar
É uma nova era que já estava se desenhando e se intensificou
a transição para uma economia de baixo carbono.
ainda mais com a crise de saúde pública que se iniciou em
2019 e se agravou em 2020. Certamente, teremos nova forma
de analisar riscos, olhar para o bem-estar coletivo, para Marcos Matias, presidente da Schneider Electric e
prosperidade dos negócios e da sociedade. Porta voz ODS 7 do Programa Liderança com ImPacto
da Rede Brasil do Pacto Global
Ítalo Freitas, presidente da AES Brasil e Porta voz
ODS 7 do Programa Liderança com ImPacto da Rede
Brasil do Pacto Global
Meta 7.1:
Apesar de resultados positivos com relação
tanto à qualidade dos serviços de distribuição de
energia como com relação à universalização dos
Até 2030, assegurar serviços, o acesso universal à energia elétrica de
o acesso universal, qualidade ainda constitui um desafio para parte
da população. Apesar de 99,8% dos brasileiros
confiável, moderno e terem disponibilidade de energia elétrica8, o
21
R E S U LTA D O S
Meta 7.2:
Até 2030, manter elevada a participação de energias
renováveis na matriz energética nacional.
De acordo com dados da Resenha Energética Brasileira (ano-base 2019) do Ministério de Minas
e Energia9, a participação das fontes renováveis na matriz de energia do país alcançou 46,1% ao
final de 2019, o que representa um aumento de 0,8% na comparação com o ano anterior. Metade
desse crescimento se deveu à expansão do uso de energia solar (92%) e eólica (15,5%) no período.
Apesar desse resultado positivo, a meta de se atingir uma participação de 48% em 2025, fixada no
Plano Decenal de Expansão de Energia 2029, elaborado pela EPE10, enfrenta alguns desafios – tais
como o aumento do uso de energia em projetos de saneamento básico, os impactos associados às
mudanças climáticas e a elevação da demanda por mobilidade elétrica.
Meta 7.3:
Até 2030, aumentar a taxa de melhoria da
eficiência energética da economia brasileira.
A redução do nível de intensidade energética, que corresponde ao aumento da eficiência nos
processos produtivos, apresentou seus maiores resultados nas décadas de 1970 e 1980,
graças à substituição da lenha por outras fontes de energia. Ainda que essa diminuição tenha
sido menos expressiva nas décadas seguintes, a implementação de programas de eficiência
energética (como o Procel) contribuíram para estabilizar o indicador – que em 2019 atingiu
2.149 GWh. No entanto, dados do Atlas da Eficiência Energética 2019, publicado pelo EPE11,
mostram que o ritmo no crescimento da eficiência no uso de energia vem diminuindo. O
cumprimento dessa meta está diretamente relacionado à capacidade de outros setores da
economia em investirem na eficiência energética; por essa razão, a melhoria nesse indicador
passa pela aplicação de políticas de incentivo para diversos segmentos, como indústria,
comércio e serviços, residencial, agropecuária e transportes, entre outros.
A
IMPACTO D
Covid-19: crescimento
ão do
Desaceleraç ara
co ntribuindo p
econômico, ço s (p or
o nos pre
uma reduçã q u e pode
róleo) – o
exemplo, pet g ia , mas
esso à ener
ampliar o ac n ti vo s
duzir os ince
também re ei s.
gias renováv
para as ener
7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia
Até 2030 possibilitar o acesso à energia elétrica para 100% da população brasileira,
Meta sugerida fomentando o uso de novas tecnologias e garantindo preços acessíveis e a qualidade no
fornecimento.
7.2 Até 2030, manter elevada a participação de energias renováveis na matriz energética nacional
Meta sugerida Atingir 48% de energias renováveis na composição da matriz energética até 2025.
7.3 Até 2030, aumentar a taxa de melhoria da eficiência energética da economia brasileira
Meta sugerida Contribuir com a obtenção de 5% de ganhos em eficiência elétrica até 2030.
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R E S U LTA D O S
CASE
Mobilidade elétrica
com eficiência
Empresa estabelece Um dos maiores desafios para a veículo que recarregue sua bateria em
redução das emissões de gases que um dos entrepostos terá autonomia de
eletrovia ao longo do causam o aquecimento global é a cerca de 300 quilômetros, a um custo
Paraná e mostra a dependência quase total dos carros e estimado em um terço do equivalente
caminhões por combustíveis fósseis. aos carros que usam gasolina.
viabilidade do uso de A substituição da frota atual por
A fim de instalar a rede de entrepostos
veículos elétricos em veículos elétricos (VEs) é considerada
ao longo da BR-277, a Copel teve de
há anos como uma das soluções para
longas distâncias o problema; tanto que, no Acordo
buscar soluções de fornecimento de
energia diferenciadas para municípios
Climático de Paris, assinado ao término
localizados na zona rural do estado, a
da 21ª Conferência das Partes da
fim de não afetar negativamente a rede
Convenção do Clima das Nações Unidas
local. Essas alterações foram feitas com
(COP-21), já traçava a meta global de
sucesso, permitindo a essas estações de
aumentar consideravelmente o número
recarga operarem com plena potência
de VEs em circulação até 2050.
sem prejudicar o fornecimento de
O grande obstáculo à expansão da frota energia de sua região. Em seus novos
de VEs ainda é o fato de que, devido ao projetos de estações de recarga, a
pequeno número desses veículos em Copel já planeja a utilização de energia
circulação (na comparação com aqueles fotovoltaica – o que permitirá que os
que utilizam combustíveis fósseis), há entrepostos de regiões mais afastadas
poucas estações de recarga no Brasil. tenham sempre o suficiente para
Um importante passo para superar esse abastecer os VEs, além de minimizar o
desafio é a eletrovia da Copel, que liga impacto na rede elétrica.
o estado do Paraná de leste a oeste –
A iniciativa dá continuidade aos
do porto de Paranaguá às Cataratas
esforços da Copel no sentido de
do Iguaçu. Inaugurada em 2018, a via
viabilizar a utilização de VEs no Brasil.
dispõe de 12 entrepostos, distribuídos
Na década de 1980, a companhia
ao longo de 700 km da rodovia BR-
já planejava dispor de uma frota de
277 (nas cidades de Paranaguá,
100 caminhões elétricos – o que
Curitiba, Palmeira, Fernandes
acabou não acontecendo, por conta
Pinheiro, Irati, Prudentópolis, Candói,
da conjuntura econômica da época.
Ibema, Laranjeiras do Sul, Cascavel,
Em 2014 quando a prefeitura de
Matelândia e Foz do Iguaçu),
Curitiba lançou seu projeto Curitiba
possibilitando assim a recarga das
Ecoelétrico e empregou uma frota de
baterias elétricas dos veículos.
dez veículos movidos a eletricidade
A companhia planeja, no futuro,
na capital paranaense, a Copel foi
estabelecer uma iniciativa semelhante
responsável pelas adequações na rede
ao longo da costa brasileira, atuando
elétrica da cidade, a fim de suportar
em parceria com outras distribuidoras
os entrepostos de recarga. Mais
de energia elétrica.
recentemente, a empresa também
Além de viabilizar o tráfego de VEs atuou quando a montadora Volvo iniciou
ao longo da BR-277, o modelo da o desenvolvimento de uma frota de
eletrovia da Copel permite também ônibus totalmente elétricos – projeto
mais economia aos usuários. Um que foi posteriormente desativado.
Nossa, natureza aliada a crises de décadas passadas, nos coloca com condições de atingir o ODS 7 até 2030,
mas ainda nos falta a adoção de códigos e políticas obrigatórios em outros países. Alguns setores progrediram
e já utilizam de forma significativa a energia renovável, mas em outros esta é uma lacuna importante –
destacando-se aqui a manufatura pesada.
No Brasil, a necessidade de distanciamento por causa da pandemia escancarou a nossa desigualdade social.
Mais do que nunca buscarmos meios concretos de avançar no ODS 8 é vital.
Meta 8.3:
Promover políticas orientadas para o desenvolvimento,
que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego
decente, empreendedorismo, criatividade e inovação,
e incentivar a formalização e o crescimento das micro,
pequenas e médias empresas, inclusive por meio do
acesso a serviços financeiros.
O setor elétrico apresenta potencial para parcerias com MPMEs, que envolvem desde
a adoção de boas práticas para contratação dessas empresas até o investimento em
inovação, focado no desenvolvimento e aceleração de startups – o que coloca o desafio de
se ampliar sua presença na cadeia de valor. Contudo, um aspecto do tema ainda preocupa:
a morte de trabalhadores na rede elétrica, que atingiu 28 pessoas em 2019. Diante desse
quadro, o grande desafio para as empresas do setor é zerar essas ocorrências.
27
R E S U LTA D O S
8. Trabalho Decente e
Crescimento Econômico
A
IMPACTO D
8.3 Promover políticas orientadas para o desenvolvimento, que apoiem as
atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo,
Covid-19:
criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das
izada micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a
ica general
Crise econôm s, com serviços financeiros
dos os paíse
em quase to es
nas atividad
interrupção re g o em Linha base 28 mortes registradas em 2019.
desem p
comerciais, d e em presas,
amento
massa, fech rísticas Percentual de participação de micro, pequenas
lí n io n as atividades tu e médias empresas nos volumes de negócios
d ec públicos.
dos déficits Indicador
e aumento realizados pelas empresas de geração, distribuição e
transmissão de energia.
29
30 INTEGRAÇÃO DOS ODS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: INDICADORES E METAS
Indústria, Inovação
e Infraestrutura
Progredir para uma infraestrutura sustentável significa investir em uma nova
energia com tecnologia e inovação. Três elementos incentivam essa mudança
no setor elétrico – a urbanização, a digitalização e a eletrificação. Com isso, o
setor elétrico ganha papel fundamental na construção de cidades cada vez mais inteligentes. Uma
rede automatizada, com coleta de dados em tempo real, é mais eficiente e cria valor para a empresa
e sociedade. Além disso, o avanço na mobilidade elétrica representa um importante passo para
o desenvolvimento de uma infraestrutura adequada para construção de uma cidade sustentável.
As empresas de energia devem ser protagonistas na implementação de iniciativas inovadoras,
fundamentais para o sucesso das cidades inteligentes.
Meta 9.1:
Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável,
sustentável e robusta, incluindo infraestrutura regional
e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento
econômico e o bem-estar humano, com foco no acesso
equitativo e a preços acessíveis para todos.
Diante da perspectiva de aumento nas projeções de venda
de veículos elétricos (VEs) nos próximos anos, as empresas
do setor têm avançado nos investimentos na implantação
de entrepostos em rodovias e centros urbanos. Como
decorrência, há um impacto direto de longo prazo na melhoria
da infraestrutura de distribuição de energia. Contribui ainda
para a expansão desses entrepostos a aprovação do projeto
de lei 304/2017 no Senado, que veta a circulação de veículos
movidos a diesel e gasolina no país a partir de 204012. Em
2019, o país já contabilizava 913 entrepostos públicos
instalados, de alta e baixa potência – o que representa um
aumento de 98,91% na comparação com o ano anterior13.
31
R E S U LTA D O S
Meta 9.4:
Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar
as indústrias para torná-las sustentáveis, com
eficiência aumentada no uso de recursos e maior
adoção de tecnologias e processos industriais limpos
e ambientalmente adequados; com todos os países
atuando de acordo com suas respectivas capacidades.
Dados disponibilizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicam que R$ 7,6 bilhões
foram investidos nos projetos do seu Programa de P&D entre 1998 e 2019. Nesse período, foram
registrados 325 pedidos de patentes e licenças – o que corresponde a uma média anual de 15,4 patentes,
cada uma com um investimento estimado de R$ 23 milhões14. Com base nesses números, é possível
estabelecer como meta até 2030 a ampliação do volume de patentes e licenças solicitadas para cada
R$ 1 milhão investidos em projetos de P&D.
O amanhã já chegou
Projeto testa tecnologias ligadas à mobilidade, geração fotovoltaica,
armazenamento de energia e redes inteligentes em bairro de Campinas
A necessidade de se mudar o modelo econômico atual, contribui para incentivar o consumo inteligente. Por fim, o
buscando a redução na utilização de combustíveis fósseis projeto Smart Campus transformou o campus da Unicamp
e a solução para desafios como a utilização de fontes em um espaço sustentável, reunindo todas as tecnologias
renováveis, o armazenamento de energia e a mobilidade testadas pelo Living Lab e agregando a elas medidas de
urbana, tem levado governos e empresas a testar eficiência energética.
tecnologias e soluções inovadoras. Novas fontes de energia,
Equipes da CPFL analisam mensalmente os resultados
soluções alternativas para mobilidade urbana e formas de
do Living Lab, possibilitando a construção de um retrato
promover o consumo consciente são formas de contribuir
mais fiel do que seria a rede elétrica em uma economia
para o avanço das metas propostas pelos Objetivos de
de baixo uso de carbono, com a utilização de tecnologias
Desenvolvimento Sustentável (ODS). No entanto, o impacto
que ainda são emergentes no Brasil. Também contribui
real dessas iniciativas no dia a dia das pessoas ainda é uma
para o desenvolvimento de tais inovações no país,
incógnita, assim como a forma final dos modelos de negócio
incentivando a indústria nacional, a produção de patentes
mais adequados para promover essas mudanças.
e de estudos acadêmicos, e o aprimoramento regulatório.
Com a finalidade de criar um protótipo do que seria uma E cria oportunidades para que se superem os desafios
comunidade “verde”, tecnologicamente conectada e estruturais do desenvolvimento do país a partir da
ambientalmente responsável, e verificar como seria seu introdução de soluções tecnológicas.
funcionamento real, a CPFL Energia criou o projeto Living
O Living Lab foi um dos vencedores do Prêmio ODS Pacto
Lab, no bairro de Barão Geraldo, em Campinas (SP). Em
Global 2019. Os primeiros resultados já são evidentes:
parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp), a
a iniciativa tem contribuído para o desenvolvimento da
companhia aplicou uma série de inovações, com impacto
infraestrutura local, estimulado a operação e criação
direto sobre o dia a dia dos 50 mil habitantes da região.
de serviços ambientalmente corretos e fomentado a
A ideia foi a de não só aferir o funcionamento prático de
produção acadêmica. Além de contribuir diretamente
cada uma dessas tecnologias, mas também determinar
para o ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura,
como a utilização conjunta delas afeta a comunidade.
os subprojetos que compõem o Living Lab também
Além disso, a iniciativa também tem a finalidade de
contribuem para os ODS 4: Educação de qualidade, 7:
preparar a companhia para as mudanças tecnológicas,
Energia limpa e acessível, 11: Cidades e comunidades
regulatórias e culturais que o setor elétrico deverá
sustentáveis, 13: Ação contra a mudança global do clima,
experimentar nos próximos anos.
e 17: Parcerias e meios de implementação.
Cinco tecnologias principais foram estudadas no Living
Lab. O projeto Emotive se voltou à mobilidade urbana,
por meio da introdução de veículos elétricos. A utilização
de energia solar foi objeto de duas iniciativas: o projeto
Telhados Solares, que instalou painéis fotovoltaicos em
231 clientes da empresa, e a operação da usina solar
Tanquinho, que contribui para o entendimento sobre o
impacto dessa fonte renovável sobre a rede de energia da
região. A questão do armazenamento energético também
foi testada, com a implantação e monitoramento de
sistemas de diferentes portes, e a análise de seu impacto
na rede. Outra vertente do Living Lab foi a introdução de
tomadas e medidores inteligentes, capazes de informar
sobre o consumo de energia em tempo real – o que
33
34 INTEGRAÇÃO DOS ODS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: INDICADORES E METAS
Cidades e
Comunidades
Sustentáveis
Os ODS orientam o desenvolvimento do nosso negócio no longo prazo. Formalizamos
nosso compromisso por meio da Visão 2030 MRV, que relaciona os ODS mais aderentes
às nossas atividades - e suas respectivas metas aplicáveis - à forma como direcionamos
nossa atuação e aos recursos que nos possibilitam contribuir para o alcance das metas.
Demonstramos a relação intrínseca entre o ODS 11: Cidades Sustentáveis e o setor elétrico com o nosso
pioneirismo no Brasil em investimento na geração de energia fotovoltaica para utilização nos empreendimentos que
construímos. Nossa meta é que, até 2022, todos os empreendimentos lançados contem com geração fotovoltaica,
contribuindo especificamente para as metas 11.1, 11.3 e 11.6.
Em termos práticos: contribuímos para a redução do déficit habitacional no Brasil, associando a este propósito a
obtenção de uma matriz energética nacional ainda mais limpa e a democratização do acesso à energia, pois este
modelo permite, aos nossos clientes, a redução de seus gastos com a conta de luz, o que é também um diferencial
competitivo da MRV. Demonstramos, assim, os impactos positivos em termos sociais, ambientais e econômicos que
a integração dos ODS ao modelo de negócio pode gerar, e fechamos o ciclo ao vincular metas de sustentabilidade à
participação nos resultados da empresa.
Eduardo Fischer, codiretor-presidente da MRV e Porta voz ODS 11 do Programa Liderança com ImPacto da Rede
Brasil do Pacto Global
Meta 11.1:
As dimensões do mercado brasileiro de
fornecimento de energia elétrica têm acarretado
um dos principais desafios para a consecução dessa
Até 2030, garantir meta: o considerável volume de perdas não técnicas
o acesso de todos a verificadas pelas concessionárias de grande porte.
De acordo com o relatório da Agência Nacional de
habitação segura, Energia Elétrica (Aneel) de 2019, a mediana das
adequada e a preço perdas não técnicas reais entre 2008 e 2018 foi de
15% - o que reforça a necessidade de se reduzir
acessível, e aos esse percentual até 2030. Outro aspecto da meta é
35
R E S U LTA D O S
Meta 11.4:
Fortalecer esforços para proteger
e salvaguardar o patrimônio
cultural e natural do mundo. DA
IMPACTO
Covid-19re: za e
Investimentos destinados à preservação do patrimônio
histórico, material e imaterial, nas regiões localizadas
a pob
no entorno das operações das empresas do setor têm o Aumento d ; redução
e ra b il id ade urbana
potencial de impactar diretamente na qualidade de vida das vu ln s; menor
tr a n s p o rt es público
populações locais. Tais iniciativas permitem a diversificação de cos e/ou
s o a e s p aços públi
da vocação econômica, gerando renda local e promovendo ace s ento das
e s ; q u e d a no movim
a autossuficiência nessas comunidades. O desafio que verd e redução
tre países;
se apresenta às empresas é o de, ao promoverem tais pessoas en razo, nos
, no curto p
investimentos, garantirem sua sustentabilidade – a fim de que acentuada
oluição.
essas iniciativas não dependam do aporte direto de recursos. níveis de p
11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos a habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e
urbanizar as favelas
Meta sugerida 1 Atingir, até 2030, perdas não técnicas reais inferiores a 13%.
Não identificada para mensurar uma meta específica para instalação de smart meters (desenvolver
Linha base 2
linha de base e forma de monitoramento).
11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo
Linha base Não identificada. É necessário realizar pesquisa com empresas do setor para definir.
Até 2025, realizar diagnósticos socioeconômicos nas comunidades tradicionais impactadas pelas
Meta sugerida 1
operações do setor elétrico para subsidiar a implementação de projetos voluntários.
Até 2030, garantir a manutenção de projetos destinados à preservação do patrimônio histórico material e
Meta sugerida 2
imaterial, garantindo maior eficiência nos recursos alocados e efetividade das iniciativas.
solar em conjuntos reduzir seus níveis de emissão de gases completa, sendo estes conhecidos
como empreendimentos com
poluentes. Considerando a localização
habitacionais do país, a energia solar se apresenta múltiplas unidades consumidoras
possibilita a expansão como uma atraente alternativa, ao (EMUCs). Nesse caso, os créditos de
energia além de serem utilizados nas
permitir não apenas custos menores
do uso desta aos usuários finais, mas também evitar áreas comuns também são divididos
entre as unidades habitacionais que
tecnologia no país a sobrecarga do sistema de energia
elétrica. Contudo, seu uso ainda não é compõem o edifício.
disseminado pelo país: dados divulgados
A iniciativa contribui para diversificar
no início de 2020 pela Secretaria e
a matriz energética brasileira,
Planejamento e Desenvolvimento
incentivando a utilização de fontes
Energético do Ministério de Minas e
renováveis e reduzindo as emissões
Energia indicavam que a participação
de gases causadores do aquecimento
dessa fonte de energia na matriz
global – e, assim, aproxima o país de
brasileira era de apenas 1,4%15.
cumprir as metas fixadas no Acordo
Diante desse desafio, a construtora Climático de Paris, assinado ao término
MRV desenvolveu o programa da 21ª Conferência das Partes da
Usinas Fotovoltaicas, voltado ao Convenção do Clima das Nações
incentivo do uso de energia solar nos Unidas (COP-21), em 2015. Do ponto
empreendimentos que desenvolve. de vista do poder público, a expansão
Inserido em sua estratégia Visão do uso da tecnologia fotovoltaica
2030, que é voltada a promover permite que se atenda à demanda de
ações alinhadas aos Objetivos de energia sem a necessidade de grandes
Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) na investimentos em infraestrutura.
companhia, o projeto tem como objetivo Para as operadoras, reduz o consumo
dotar as construções localizadas nos de energia do Sistema Interligado
160 municípios brasileiros nos quais Nacional (SNI), evitando perdas na
a MRV atua disponham de painéis de transmissão e distribuição. E para os
energia fotovoltaica, possibilitando que clientes finais, a solução permite a
todos os seus condomínios residenciais redução dos custos com energia.
sejam dotados dessas instalações
A companhia estima ter gerado
até 2022. Em 2019, 70% de todos os
em 2019 um total de 1.788 MWh/
empreendimentos da companhia foram
ano com a iniciativa – volume que
lançados com sistemas fotovoltaicos,
pretende elevar em cerca de 17
totalizando mais de 30 mil unidades
vezes até 2025 quando espera atingir
habitacionais.
um total de 30.542 MWh/ano.
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R E S U LTA D O S
CASE 2
A cidade do futuro
Laboratório de O futuro será digital. A tendência cada tenham informações sobre os
ativos da Enel em tempo real.
vez mais forte no sentido de introduzir
soluções inovadoras no dia a dia das pessoas tecnologias Eventuais anomalias na rede serão
instalado em São que permitam uma maior conectividade detectadas por meio de câmeras
térmicas, disponibilizadas para uso
tem levado a uma série de inovações,
Paulo permitirá como a Internet das Coisas (IoT, na em smartphones.
Grandes empresas podem dar contribuições efetivas ao combate às mudanças climáticas e seus impactos,
a começar pela inserção da Agenda 2030 em suas estratégias de negócios, com metas endereçadas aos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável. Este é o caminho que estamos trilhando e para o qual queremos conscientizar
todos os nossos públicos de relacionamento.
Wilson Pinto Ferreira Júnior, presidente da Eletrobras e Porta voz ODS 13 do Programa Liderança com ImPacto da
Rede Brasil do Pacto Global
Meta 13.2:
Integrar medidas da mudança do
clima nas políticas, estratégias e
planejamentos nacionais.
O aumento do número de empresas
comprometidas publicamente em
incorporar medidas de mitigação global
do clima alinhadas à ciência é uma
condição indispensável para que o setor
avance no cumprimento dessa meta.
Atualmente, apenas cinco empresas
DA
que possuem atividades no Brasil estão
IMPACTO
Covid-19o: prazo nas emissões
alinhadas a esse comprometimento:
AES Brasil, EDP, Enel, Engie e Iberdrola.
Diante desse quadro, sugere-se como e curt
Redução d para reduzi
r
meta aumentar o número de empresas a is d e G E E, pressão a d e
glob ientais, falt
ardas amb
de distribuição, geração e transmissão as salvagu ambientais
que tenham compromissos assumidos n o s in ve stimentos
clareza rescimento
com relação à limitação da elevação da ração do c ão
e desacele ra a reduç
temperatura global em 1,5ºC, com base ic o , c o n tr ibuindo pa ,
econôm plo
(por exem
da energia
nos níveis pré-industriais. dos preços aume n ta r o
e tr ó le o ) - o que pode r o s
p s reduzi
nergia, ma
acesso à e renováveis
.
e n ti vo s à s energias
inc
41
R E S U LTA D O S
Linha base 1 Cinco empresas do setor elétrico que aderiram à SBTi em 2020;
Indicador 1 Número de empresas do setor elétrico (geração, transmissão e distribuição) com metas aprovadas na SBTi
15 empresas do setor elétrico (geração, transmissão e distribuição) com metas baseadas na ciência
Meta sugerida 1
aprovadas até 2023;
Linha base 2 14% da energia elétrica gerada no Brasil em 2019 hoje está coberta por um compromisso SBT;
Indicador 2 Percentual de energia gerada no Brasil coberta por metas baseadas na ciência;
Meta sugerida 2 40% da energia gerada no Brasil com metas baseadas na ciência aprovadas até 2023;
Este é o entendimento da iniciativa Science Based Targets (SBTi), que tem a finalidade
de mobilizar as empresas para que adotem metas baseadas na ciência para a redução de
suas emissões de GEE, contribuindo para a transição a uma economia de baixo carbono. No
caso específico do setor de energia – que tem um papel fundamental na descarbonização
da economia global e no alcance dos objetivos do Acordo de Paris – a SBTi dispõe de
orientações para apoiar as geradoras de eletricidade no estabelecimento de metas
baseadas na ciência para a redução de suas emissões de GEE (reunidas na publicação
Quick Start Guide for Electric Utilities16). Dessa forma, é possível alinhar o setor à meta
de limitar o aquecimento a 1,5ºC e, ao mesmo tempo, atender aos requisitos específicos das
empresas de energia.
Compromisso para
um planeta melhor
Investindo em fontes renováveis de energia, empresa se une aos esforços
para limitar a 1,5ºC o aumento da temperatura global do planeta
Integrando o Índice de Sustentabilidade Empresarial Um dos principais pontos que regem a atuação da EDP
(ISE) da B3 desde 2005, a EDP tem se destacado Brasil com relação ao combate às mudanças climáticas
pelo engajamento com a sustentabilidade no setor é a eliminação da participação do carvão no portfólio
elétrico brasileiro. Um novo passo nessa direção foi de geração de energia da empresa através da meta
dado em junho deste ano, quando a empresa assumiu coal free até 2030. Essa fonte é utilizada na única
junto à Organização das Nações Unidas (ONU) o termelétrica do grupo no país, localizada em Pecém
compromisso de reduzir suas emissões de gases que (CE). Além disso, a empresa tem metas de redução
causam o aquecimento global, com a finalidade de de emissão de gases de efeito estufa, por meio da
garantir que o aumento da temperatura global não diminuição de perdas na distribuição e eletrificação de
exceda 1,5oC acima dos níveis pré-industriais e de 100% da frota leve.
contribuir para que se atinja uma economia com zero
Outras vertentes de atuação nesse sentido são o
emissões até 2050.
aumento da potência instalada renovável, a elevação
Estas metas estão expressas na iniciativa Business da participação da energia solar na companhia e a
Ambition for 1,5oC – Our Only Future, compromisso disponibilização de soluções de eficiência energética
global lançado pela ONU baseado nas recomendações para reduzir o consumo de seus clientes. Em 2019 a
do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças companhia também se uniu ao Programa Compromisso
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Em relatório com o Clima, que analisa projetos de crédito de carbono
publicado em 2018, o IPCC analisou os impactos com base em seus impactos socioambientais, aderência
do aumento da temperatura terrestre, constatando aos ODS prioritários da companhia, região onde se
que limitar o aquecimento a esse patamar poderia localizam os projetos e se eles se enquadram como
garantir uma sociedade mais sustentável e equitativa, Redução de Emissões Provenientes de Desmatamento
além de evitar impactos negativos – como a redução e Degradação Florestal (REDD+). Dessa forma, a EDP
da elevação global do nível do mar e a perda de Brasil se comprometeu a compensar, até 2022, um
ecossistemas importantes. total de 21.428 toneladas de CO2eq (dióxido de carbono
equivalente) com créditos do tipo REDD+.
Alinhada aos objetivos da iniciativa, a EDP Brasil
garantirá que toda a energia do seu portfólio Além dos esforços para evitar que o aquecimento
será renovável até 2030. A companhia reforça o global exceda 1,5oC, que remetem ao ODS 13:
compromisso assumido em nível global pelo grupo Combate às mudanças climáticas, a EDP atua de
EDP – que também havia aderido ao Business Ambition forma sintonizada às metas de outros Objetivos de
for 1,5oC – Our Only Future em 2019. Em paralelo Desenvolvimento Sustentável. Ao operar seis usinas
a essa iniciativa, a EDP Brasil também se uniu à hidrelétricas, a companhia assegura que 75% de sua
iniciativa Recover Better, que busca alinhar governos capacidade instalada provêm de fonte renovável. Essa
e empresas de todo o mundo em seus esforços para atuação, somada às operações da EDP Smart, braço
a recuperação e ajuda econômica, acarretados pela responsável pelas soluções de eficiência energética e
disseminação da Covid-19, com base nos mais estudos geração fotovoltaica da empresa, contribui para alinhar
climáticos mais recentes. a EDP ao ODS 7: Energia limpa e acessível.
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R E S U LTA D O S
CASE 2
Finanças sustentáveis
Empresa torna-se pioneira na emissão de títulos verdes
para promover projetos de energia solar no Brasil
Em 2015, a 21ª Conferência das Partes da Convenção 7 Energia Acessível e Limpa e ODS 13 Ação Contra a
do Clima das Nações Unidas (COP-21) representou Mudança do Clima.
um importante avanço no combate ao aquecimento
Iniciativas dessa natureza têm se tornado cada vez
global, levando essa pauta a governos e empresas,
mais relevantes no processo de tomada de decisões
e estimulando os investimentos voltados ao
de grandes investidores. A disseminação global
desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.
da pandemia da Covid-19, que colocou em pauta a
Uma das formas de se incentivar a busca por soluções importância da pauta em torno de temas ambientais,
que contribuam para mitigar os impactos das mudanças sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), e
climáticas trazidas pelo aquecimento global é o as mensagens anuais do presidente da gestora global
mercado de títulos de renda fixa utilizados para captar de fundos de investimentos BlackRock, Larry Fink,
recursos para projetos “verdes”. defendendo investimentos em projetos sustentáveis, têm
contribuído para que o mercado considere cada vez mais
Por meio desse mecanismo, empresas podem emitir
optar por empresas que tenham iniciativas comprovadas
debêntures semelhantes aos títulos de dívida tradicionais;
nesse sentido.
contudo, esses green bonds só poderão ser utilizados
para o financiamento de atividades sustentáveis – tais O alinhamento da AES Tietê com as melhores práticas de
como, por exemplo, infraestrutura de energia renovável, sustentabilidade já faz parte de sua estratégia de negócios
soluções de mobilidade urbana e projetos que levem à desde 2012 e foi revisado em 2019, considerando o novo
redução das emissões de gases na atmosfera. contexto externo e setorial e alinhamento aos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos princípios do
No Brasil, a AES Tietê tornou-se a primeira empresa do
Pacto Global da ONU. Dessa forma, foram estabelecidas
país a emitir green bonds de projeto de energia solar,
as novas Diretrizes de Sustentabilidade,sustentadas
que resultou na captação de R$ 820 milhões destinados
por seis pilares: gestão ética e responsável; impacto
à construção dos complexos de Guaimbê e Ouroeste,
socioambiental; inteligência energética; acessibilidade;
com prazo de vencimento de dez anos. A certificação dos
desempenho econômico e operacional; e satisfação
títulos foi renovada em 2020, por meio da chancela da
do cliente.
Climate Bonds Initiative (CBI), entidade internacional
que atua na promoção do mercado de títulos verdes.
Além disso, a iniciativa da AES Tietê passou pela
avaliação do desempenho socioambiental da iniciativa,
feita pela Sitawi Finanças do Bem, e pela verificação
realizada pela agência internacional VigeoEiris.
Mesmo diante deste contexto negativo, é necessário – talvez mais ainda do que antes – que as
empresa do setor assumam novos níveis de ambição em seus processos de cumprimento das
metas dos ODS. A Agenda 2030 não foi inviabilizada pelo agravamento da situação trazido pela
Covid-19; no entanto, é preciso que as organizações se voltem cada vez mais à integração das
necessidades sociais e ambientais em suas estratégias de operação e governança.
De acordo com a metodologia desenvolvida pelo SDG Compass, o próximo passo sugerido é a
integração dos ODS nas estratégias de negócios das empresas e seu desdobramento interno
nas organizações. É importante que, nesse momento desafiador, as empresas compreendam a
relevância das metas em seus contextos de negócios; e tenham claro de que forma é possível
contribuir, por meio de projetos, parcerias, iniciativas e novos negócios, para o atingimento de cada
uma delas.
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REFERÊNCIAS
1. Johns Hopkins University of Medicine - Coronavirus 10. Empresa de Pesquisa Energética (EPE):
Resource Center: Plano Decenal de Expansão de Energia 2029, disponível em
https://coronavirus.jhu.edu/map.html https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/
publicacoes/Documents/PDE%202029.pdf
2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/ 11. Empresa de Pesquisa Energética (EPE):
contas-nacionais/9300-contas-nacionais-trimestrais. Atlas de Eficiência Energética do Brasil (2019), disponível em
html?=&t=destaques https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/
publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-461/Atlas%20
3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): da%20Efici%C3%AAncia%20Energ%C3%A9tica%20do%20
https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php Brasil%20(002).pdf
UOL:
https://economia.uol.com.br/noticias/agencia-brasil/2020/07/30/brasil-
deve-ter-quarta-maior-queda-de-pib-da-america-latina-cepal.htm
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