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15/04/2020 Solidariedade é símbolo de luta em memória do massacre de Eldorado dos Carajás - MST

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Solidariedade é símbolo de luta em memória do massacre de Eldorado dos Carajás


Polly Soares, do setor de Frente de Massas do MST do Pará, fala sobre o caráter organizativo das ações da Jornada de
Lutas em tempos de isolamento social

15 de abril de 2020

Por Suelyn da Luz


Da Página do MST

Esta é a semana da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. É o período de relembrar o Massacre de
Eldorado do Carajás, ocorrido no dia 17 de abril de 1996.

A data também foi instituída pela Via Campesina como o Dia Internacional das Lutas Camponesas e, no Brasil, é o Dia
Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Neste ano, durante a pandemia do coronavírus, a jornada exige mobilizações criativas. Polly Soares, do setor de frente de
massas do MST no Pará, fala sobre o caráter organizativo das ações da Jornada de Lutas em tempos de isolamento social.

Além de descrever as atividades programadas para serem realizadas na curva do S, em Eldorado dos Carajás, ela destaca
os desafios mais urgentes que a atual conjuntura impõe à luta pela terra no país. Confira a entrevista:

https://mst.org.br/2020/04/15/solidariedade-e-simbolo-de-luta-em-memoria-do-massacre-de-eldorado-dos-carajas/ 1/4
15/04/2020 Solidariedade é símbolo de luta em memória do massacre de Eldorado dos Carajás - MST

Polly Soares fala sobre o caráter organizativo das ações. Foto: Ginno Perez

Neste momento, a luta pela terra tem tomado outro caráter. A orientação coletiva do MST é seguir as determinações
da Organização Mundial da Saúde (OMS), respeitando o isolamento social para prevenir o contágio do novo
coronavírus. O que muda na jornada em tempos de pandemia?

Nosso Abril Vermelho é uma jornada de lutas em que o MST busca organizar de forma mais massiva. Sejam ocupações de
terra, seminários ou debates, sempre organizamos ações que envolvem a nossa base acampada e assentada, mas também
um outro público. Temos as Jornadas Universitárias em Defesa da Reforma Agrária, as JURAs, que acontecem nas
Universidades pelo Brasil, por exemplo. Com a pandemia do COVID-19, respeitando essas orientações da OMS, definimos
que todas as nossas atividades de massas, ou seja, que tivessem o caráter de aglomeração, estariam suspensas. Mas
buscamos outras formas de continuar em luta. Temos nos pautados em frentes de lutas internas, como no estímulo à
alimentação saudável em nossas áreas, com a potencialização da nossa produção nas roças e nos quintais produtivos, por
exemplo. Potencializar a produção de alimentos nesse momento é o entendimento de que a sociedade está passando por
uma crise muito grave que, sobretudo, também é uma crise de escassez alimentar. Outra questão que buscamos é trazer a
memória do Abril Vermelho como símbolo de luta. Estamos fazendo isso através dos instrumentos que podemos ter acesso
pelo mundo virtual, das redes sociais, fazendo transmissões ao vivo em nossas páginas na internet, produzindo cards,
programas de rádio, fazendo circular materiais textuais de estudo, também ocupando cada vez mais esse espaço.

O coronavírus paralisou o mundo, tem exposto as contradições do sistema capitalista e a destruição que o
agronegócio impõe à todas as formas de vida. O lema da Via Campesina para este abril é “Fique em casa, mas não
em silêncio”, chamando para mobilizações criativas. Quais ações neste abril unem os povos do campo, águas,
florestas e das cidades?

A maior ação que tem nos unido enquanto classe trabalhadora, neste momento, é a solidariedade. Em vários estados do país
estamos organizando doações de alimentos, frutos da reforma agrária, para comunidades carentes, hospitais, asilos. E, em
alguns estados, também têm ocorrido a experiência das marmitas e cafés solidários, como no Armazém do Campo do Recife
(PE) e de São Luís (MA). Essas atividades coletivas são ações de solidariedade àqueles que estão passando por um
momento de muito mais vulnerabilidade do que nós, que são as populações que vivem em situação de rua, as comunidades
que estão nas cidades sem condições de produzir o próprio alimento e que sofrem com a elevação do preço dos produtos.

O dia 17 de abril de 2020 marca os 24 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Todos os anos, o MST organiza o
acampamento da juventude na curva do S, onde ocorreu o massacre, além de ocupações de terras e outras lutas.
Como será este 17 de abril em memória dos mártires de Carajás?

Realizaríamos neste abril o 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Camponesa “Oziel Alves Pereira” e, por conta da
determinação da OMS, também suspendemos. Mas não cancelamos as atividades que estão relacionadas à memória dos
nossos mártires de Carajás. Em todos os estados, essas ações de potencialização da produção de alimento nas nossas
áreas, de embelezamento dos nossos assentamentos e acampamentos, de solidariedade com a doação desses alimentos e
as ações nas redes virtuais, também carregam essa simbologia.

No dia 17, seguindo todos os protocolos de segurança da OMS, faremos o embelezamento da curva do S com um grupo
pequeno de militantes. E, às 17h, faremos uma queima de fogos em todas as nossas áreas daqui do Pará, relembrando o
momento do massacre. Nos outros estados, estamos incentivando que em todos os espaços organizativos do MST haja o
hasteamento da nossa bandeira, em memória ao massacre de Eldorado dos Carajás. Nas redes sociais, resgataremos a
memória desses 24 anos.

O Brasil é um dos países com os maiores índices de concentração de terras do mundo e a desigualdade do campo
só tem piorado, desde o golpe de 2016. Hoje, quais são os desafios mais urgentes colocados pela conjuntura para a
luta pela terra no país?

A pauta da luta pela terra sempre foi desafiadora. Argumentamos que as ocupações de terras existem justamente porque não
há uma política de reforma agrária que atenda a necessidade dos trabalhadores e das trabalhadoras sem terra do Brasil. A
partir de 2016, a criminalização dos movimentos sociais e da ocupação de terras como forma de luta tem se intensificado. A
ocupação de terra tem sido colocada como uma atividade terrorista pelo governo. Diante disso, temos o grande desafio de
disputar, cada vez mais, com essa narrativa na sociedade e dizer que ocupamos a terra por que ela é concentrada nas mãos

https://mst.org.br/2020/04/15/solidariedade-e-simbolo-de-luta-em-memoria-do-massacre-de-eldorado-dos-carajas/ 2/4
15/04/2020 Solidariedade é símbolo de luta em memória do massacre de Eldorado dos Carajás - MST

de poucos e que ela deve ser democratizada, para que possa haver justiça social no país. Essa é uma narrativa que
precisamos disputar todos os dias. Outro desafio é a violência. Não podemos deixar de falar que a violência no campo tem
crescido a números assustadores.

O Pará é o estado em que mais ocorrem assassinatos de militantes pelos Direitos Humanos no Brasil. Avaliamos que este é
um período em que ocorrerão mais despejos violentos e que, cada vez mais, o agronegócio tem concentrado a terra em
latifúndios. Quando pensamos na luta pela terra e elencamos esses elementos, compreendemos que é um desafio
organizativo, mas que também tem muito a ver com o posicionamento político de um governo que ataca as populações do
campo, que tem retirado direitos e nos colocado como inimigos do país. Sabemos, inclusive, que a nossa produção de
alimentos saudáveis, da nossa produção proveniente da reforma agrária, tem sido determinante para manter o equilíbrio da
vida da população da cidade, nesses tempos de pandemia.

*Editado por Maura Silva

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