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Eletrônica de Potência - UFMT Prof.

Drº José Antônio Lambert

Eletrônica de Potência

1. - Semicondutores de Potência

Os semicondutores de potência atualmente disponíveis no mercado podem ser


classificados em três grupos, de acordo com o seu grau de controle. Os grupos são:

1) Diodos → Estados ligados e desligados pelo circuito de potência;

2) Tiristores → Estado ligado pelo sinal de controle, e desligado pelo circuito


de potência;

3) Chaves controladas → Ligados e desligados pelos sinais de controle

Chaves controladas: TJB, MOSFET, GTO E IGBT.


1.1 - Diodo

Figura 1.01

Na figura 1.1 o diodo pode ser considerado ideal quando na entrada em


condução. Entretanto para a entrada em bloqueio existe um tempo de recuperação do
diodo antes da corrente anular-se.
Isto pode levar a algumas sobretensões em circuitos indutivos. Onde este
problema aparece, devem ser utilizados diodos de recuperação rápida (fast diodes).

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Tempo de bloqueio do diodo

Figura 1.02

Principais parâmetros:

✓ If
✓ VR

1.2 – SCR

Silicon Controlled Rectifier

a) Estrutura do SCR

Figura 1.03

b) Características do SCR

Figura 1.04

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Características Idealizadas

Figura 1.05

Tempo de bloqueio do SCR

Trr=Tempo de
recuperação
do tiristor

Tq=intervalo de tempo em
que um circuito de
comutação forçada
aplica um pulso sobre
o tiristor

Figura 1.06

Principais parâmetros do SCR

➢ VFOM → Máxima tensão direta


➢ VROM → Máxima tensão reversa
➢ I FAV → Máxima corrente média
➢ IH → Corrente de manutenção
➢ I GT → Corrente de gatilho necessária para disparar o SCR
➢ VGT → Tensão entre G-K verificada para uma dada I GT
➢ trr → Tempo de recuperação do SCR
dV
➢ → Taxa máxima de variação da tensão em relação ao tempo,
dt
sem que o SCR comute do estado de bloqueio para o estado de
condução.

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1.3 – DIAC

É um diodo de disparo bidirecional que pertence à família dos tiristores. Possui


dois terminais não polarizados. Constituído de 5 camadas N e P.

a) Estrutura do DIAC

Figura 1.07

b) Características do DIAC

VBO=Tensão na qual o
dispositivo entra
em condução no
1º quadrante

Figura 1.08
1.4 – TRIAC
Triode AC

É um tiristor bidirecional, diferindo do SCR que é unidirecional. O triac é


constituído de 6 camadas NPNPN. Pode-se dizer que o Triac é composto de dois SCR´s
em forma paralela inversa, possuindo uma porta comum.

a) Estrutura do TRIAC

Figura 1.09

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b) Características do TRIAC

Figura 1.10

Principais parâmetros do TRIAC

➢ VDROM → Tensão de pico repetitivo no estado de bloqueio


➢ ITRMS → Corrente máxima eficaz no estado de condução
➢ I GT → Corrente de gatilho necessária para disparar o SCR
➢ VGT → Tensão entre G-K verificada para uma dada I GT
dV
➢ → Taxa máxima de variação da tensão em relação ao tempo,
dt
sem
que o Triac comute do estado de bloqueio para o estado de
condução.
➢ IH → Corrente de manutenção

c) Aplicação do DIAC e TRIAC

Figura 1.11

Circuito de controle de intensidade luminosa (Dimmer)

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Obs.: Os gráficos acima devem ser utilizados para se desenhar as formas de ondas
pedidas pelo professor. O primeiro deve ser utilizado para desenhar a forma de onda na
carga, o segundo as demais formas de onda.

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1.5 – MOSFET
É um dispositivo controlado por tensão, com elevada impedância de entrada. O
dispositivo entra em condução com uma tensão VGS acima da tensão limite VT.

Figura 1.12

O tempo de chaveamento é muito curto, na faixa de dezenas de nanosegundos a


centenas de ns dependendo do tipo.

1.6 – IGBT

Insulate Gate Bipolar Transistor

Figura 1.13

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O IGBT possui algumas vantagens e desvantagens da combinação MOSFET e


TJB.

➢ Possui elevada impedância de entrada, como o MOSFET.


➢ Potências mais elevadas disponíveis no mercado, quase as encontradas
com o TJB.
➢ Admite tensão negativa, como o GTO.
➢ Freqüência de chaveamento menor do que o MOSFET, ordem de 1  s
para um dispositivo de 1200V e 100A.

1.7 – Comparativo entre as chaves e tiristores

Diac → Auxiliar o circuito de gatilho do TRIAC

Triac → Controlar a tensão eficaz na carga, pois conduz nos dois


semiciclos da rede (1200V/300A/400Hz).

SCR → Controlar as tensões média e eficaz na carga. Trabalha na


freqüência da rede. Possui elevadas potências disponíveis
no mercado (5000V/5000A/1KHz).

TJB → Elevadas potências disponíveis no mercado, entretanto


inferior à dos tiristores. Freqüências de chaveamento
média, poucas unidades de KHz (1200V/400A/10KHz).

MOSFET → Baixas potências disponíveis no mercado. Elevada


freqüência de chaveamento chegando a centenas de KHz
(500V/8.5A/100KHz).

IGBT → Médias potências encontradas. Sua faixa de freqüências de


chaveamento está entre poucas unidades de KHZ até
20KHz (1200V/400A/20KHz).

A figura 1.14 mostra uma distribuição dos componentes semicondutores,


indicando limites (1994) para valores de tensão de bloqueio, corrente de condução e
freqüência de comutação.
Obviamente estes limites evoluem com o desenvolvimento tecnológico e servem
como uma ilustração para a verificação, numa primeira aproximação, das faixas de
potência em que cada componente pode ser utilizado.

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Figura 1.14

Figure 1.14 Summary of power semiconductor device capabilities. All devices except
the MCT have a relatively mature technology, and only evolutionary improvements in
the device capabilities are anticipated in the next few years. However MCT technology
is in a state of rapid expansion and significant improvements in the device capabilities
are possible as indicated by the expansion arrow in the diagram.

Anotações:

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2. Circuitos de Disparo

2.1 Circuitos de disparo de Tiristores com transistor de unijunção


- UJT

Figura 2.01

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3. - Conversores Estáticos CA/CC


São conhecidos como “Retificadores” e são extensivamente utilizados em
aplicações industriais, especialmente em acionamentos de velocidade variável (MCC).
Dependendo da alimentação de entrada os conversores CA/CC podem ser
classificados em:

➢ Conversores Monofásicos
➢ Conversores Trifásicos

Estes por sua vez ainda podem ser subdivididos em:

Controlado → Quando são empregados tiristores (SCR).


Não Controlado → Quando são empregados diodos de potência.

3.1 - Retificador Monofásico Meia Onda

Fazendo um estudo inicial com uma carga resistiva, o retificador monofásico


meia onda possui um ângulo de extinção  = 

Figura 3.01

A tensão média de saída pode ser encontrada a partir de:


Vm Vm 
Vmedio =  Vm  sen (t ) dt  = −
 cos (t )
2  2

Vmedio =
Vm
2
(1 + cos ( ) ) (1)

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A tensão eficaz (rms) de saída é dada por:

1 1
 1   2  Vm 2  2
Vrms =   Vm  sen ² ( t ) d t   = 
2
1 − cos 2 (  t ) d  t 

 2    4  

Vm  1  sen ( 2 )   2
Vrms =   −  +  ( 2)
2   2 

Exemplo 1

Se o conversor da figura 3.01 tiver uma carga puramente resistiva R e o ângulo



de disparo  = ;determine:
2

a) A eficiência da retificação
b) O fator de forma, FF
c) O fator de ondulação RF
d) A tensão de pico inverso PIV do tiristor T1

Solução
a) Cálculo da eficiência da retificação.

Pmedio Vmedio  Im edio


= =
Pca Vrms  Irms

Da eq. (1) tem-se:


Vm
Vmedio = (1 + cos ) = 0,1592 Vm
2

Mas

Vmedio 0,1592Vm
Imedio = =
R R

Da eq. (2) tem-se:

1
Vm  1  sen 2   2
Vrms =   −  +  = 0,3536Vm
2   2  
Mas,

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Vrms 0,3536Vm
Irms = =
R R

Logo

0,1592Vm
0,1592Vm 
= R = 0, 2027
0,3536Vm
0,3536Vm 
R

 = 20, 27%

b) Cálculo do Fator de forma.

O cálculo do fator de forma é dado por:

Vrms 0,3536Vm
FF = = = 2, 221
Vmedio 0,1592Vm

FF = 222,1%

c) Cálculo do Fator de Ondulação RF

1
 Vrms  2
RF =   − 1 = FF ² − 1
 Vmedio 

1
RF = ( 2, 221) ² − 1 2 = 1,983

RF = 198,3%

d) Cálculo da tensão de pico inverso sobre o tiristor T1

PIV = Vm

No caso do retificador monofásico meia onda alimentando uma carga RL, as


formas de onda passariam a ser as seguintes.

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 =  −
 = ângulo de disparo
 = ângulo de extinção
 = ângulo de condução

Figura 3.02

Neste caso a tensão média de saída é dada por:


1 Vm 
( ) ( )
2 
Vmedio = Vm 
 sen  t d  t  =
 2  − cos  t 


Vm
Vmedio = cos ( ) − cos (  )  ( 3)
2 

A tensão eficaz de saída é dada por:

1 1
 1   2 Vm ²   2
Vrms =   Vm ²  sen ² ( t ) d t   =   1 − cos 2 (t ) dt  
 2    4  
1

Vm  1  sen ( 2 ) sen ( 2  )   2
Vrsm =   − + −  ( 4)
2   2 2  

Exemplo 2

Calcular as tensões média e eficaz na carga RL, R=22,5  e L=60mH, sabendo


que a tensão da rede é 220V, para um ângulo de disparo de 45º e um ângulo de extinção
igual a 210º.

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Solução
a) Cálculo da tensão média na carga.

Da eq.(3) tem-se:

Vm
Vmedio =  cos ( ) − cos (  ) 
2 

Substituindo os valores na Eq.(1), obtem-se:

2  220   7 
Vmedio =  cos − cos 
2  4 6 
Vmedio = 77,90 V 

b) Cálculo da tensão eficaz na carga.

Da Eq.(4) tem-se:

Vm 
1  sen ( 2 ) sen ( 2  )  
2
Vrsm =   − + − 
2 
  2 2 

Substituindo os valores obtem-se:

1
     7   2

  sen 2   sen 2    
2  220  1 7  4−  6 
Vrms =   − + 
2   6 4 2 2 
   

Vrms = 150,5 V 

3.2 - Retificador Monofásico Onda Completa


Quando a tensão média é positiva a carga E está funcionando como um motor
CC ou está recarregando uma bateria. Por outro lado, quando Vmédio for negativa é
porque a carga E passa a funcionar como um gerador CC ou a bateria está devolvendo
(ou fornecendo) energia para a rede.

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Figura 3.03

A tensão média de saída pode ser encontrada a partir de:

 +

 Vm  sen (t ) dt  =


2 2Vm  +
Vmedio = −
 cos ( t ) 
2  2

2Vm
Vmedio = cos ( t )  ( 5)
 

O valor eficaz da tensão de saída é dado por

1 1
 +  +
 2   Vm² 
 Vm²  sen² (t ) dt   1 − cos ( 2t ) dt 
2 2
Vmedio =  =
 2   2 

Vm
Vrms = = Vs ( 6 )
2

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Exemplo 3

Calcular as tensões média e eficaz e a corrente média na carga RLE, R=22.5  ,


L=60mH, E=48V. Sabando-se que a tensão de rede é 127v, a corrente é contínua para
um ângulo de disparo de 60º

Solução
a) Cálculo da tensão média na carga

Da eq.(5) tem-se

2Vm
Vmedio = cos ( )

2  2  127  
Vmedio = cos  
 3
Vmedio = 57.17 V 

b) Cálculo da tensão eficaz na carga

Como a condução de corrente é contínua, então pela eq.(6) pode-se afirmar que:

Vrms = Vs = 127 V 

c) Cálculo da corrente média na carga

Vmedio
Imedio =
R
Imedio = 2.54  A

A operação do retificador monofásico onda completa pode ser dividida em dois


modos idênticos:

Modo 1: Quando T1 e T4 conduzem


Modo 2: Quando T2 e T3 conduzem

As correntes de saída durante esses modos são similares e é necessário que se


considere apenas um modo para se encontrar a corrente de saída iL.

O modo 1 é válido para    t  ( +  )

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2  Vs E  E 2  Vs   RL   −t 


iL = sen ( t −  ) − + iL0 + − sen ( t −  )  e (7)
Z R  R Z 

Ao final do modo 1, na condição de regime permanente,

iL = ( t =  +  ) = I L1 = I L0

 R  
−  
2  Vs sen ( −  ) − sen ( −  ) e  L   
E
I L0 = I L1 = =  R  
− (8)
Z −   R
1− e  L   

O valor crítico de  , no qual I 0 torna-se zero, pode ser resolvido para valores
conhecidos de  , R, L, E e Vs por um método interativo.

Onde,

Z = R ² + ( L ) ² (9)
 L 
 = tg −1   (10 ) ângulo de impedância da carga
 R 

Exemplo 4

O retificador monofásico controlado tem uma carta RL, sendo L=6.5mH,


R=0.5  e E=10V. A tensão de entrada é Vs=120 (rms) a 60Hz. Determiar:

a) A corrente de carga I L0 em t =  = 60º


b) A corrente média na carga
c) A corrente média de um dos tiristores

Solução

a) Cálculo da corrente de carga para I Lo em  = 60º

Da eq.(8), tem-se:

 R  
−  
2  Vs sen ( −  ) − sen ( −  ) e  L   
E
I L0 = I L1 = =  R  

Z −   R
1− e  L   

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O valor de Z é dado pela eq.(9)

Z = R ² + ( L ) ² = ( 0,5) ² + ( 377  6,5 10−3 ) ² = 2,5 

O valor de  é dado pela eq.(10)

L  −1  377  6,5  10 


−3
 = tg  −1
 = tg  0,5 
 R   

 = 78, 47º

Substituindo estes dois valores na eq. De I L0 encontra-se:

 0,5    
− 
−3   
2 120 sen ( 60 − 78, 47 ) − sen ( 60 − 78, 47 ) e  6,510   377 
10
I L0 = −  0,5    

2,5 − 
−3   377 
0,5
1 − e  6,510   

I L0 = 49,39  A

b) Cálculo da corrente média na carga

A tensão média da carga é dada pela eq.(5), pois a condução de corrente é contínua.

2Vm
Vmedio = cos ( )
2
2  2  120
Vmedio = cos ( 60º )

Vmedio = 54,0 V 

Então a corrente média na carga é dada por:

Vmedio 54
Imedio = =
R 0,5
Imedio = 108  A

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c) Cálculo da corrente média de um dos tiristores

Imedio
IA =
2
108
IA =
2
I A = 54  A

Ou seja, a corrente média que passa por um tiristor corresponde à metade da


corrente total da carga.

3.3 - Retificador Trifásico Meia Onda

Os conversores trifásicos fornecem uma tensão média de saída meior e, além


disso a freqüência das ondulações de saída é maior se comparada com a dos
retificadores monofásicos.
Com isso os requisitos para a filtragem (ou alisamento) da corrente e tensão de
carga são mais simples.
Por estas razões, os conversores trifásicos são extensivamente utilizados em
acionamentos com velocidade variável de alta potência.

− 3Vm

Figura 3.04

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Quando T1 é disparado em  t = +  , a tensão de fase van aparece sobre a
6
carga, de maneira similar acontece com os dois outros tiristores.

Este conversor tem uma desvantagem de apresentar um componente DC no


enrolamento do transformador (redutor) que aparece em cada tiristor é − 3Vm , o que
corresponde ao pico de tensão de linha, pois:
VR = − 3Vm = − 3  2  V = − 2  3  V = − 2  VL

Se a tensão de fase for van = Vm  sen (t ) , a tensão média de saída para uma
corrente de carga contínua:

5
+

Vm  sen (t ) dt 


6
3
Vmedio =
2 

+
6

3 3Vm
Vmedio = cos  (11)
2

Onde:

Vm=é o pico de tensão da fase.

A tensão eficaz de saída é encontrada a partir de:

1
5
 +  2

 3 
 
6
Vrms =  Vm²  sen ² ( t ) d t  
2 
 6
+ 
1
1 3  2
Vrms = 3Vm  + cos 2  (12 )
 6 8 

Exemplo 5

Um retificador trifásico meia onda é operado a partir de uma rede de


alimentação trifásica conectada em Y de 208V/60Hz com uma resistência R=10  . Se
for necessário obter uma tensão média de saída de 50% da máxima tensão de saída
possível, calcular:

a) O ângulo de disparo 
b) As correntes de saída média e eficaz
c) As correntes em um dos tiristores eficaz e média

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d) A eficiência da retificação
e) O fator de utilização do transformador – TUF
f) O fator de potência de entrada PF

Solução
Primeiramente é necessário determinar a tensão média na carga.

Da eq.(11), tem-se:
3 3Vm
Vmedio = cos 
2
Logo a tensão de saída máxima possível é registrada quando o  = 0 , então

3 3Vm
VmedioMAX =
2

A tensão de 208V é a tensão de linha, porque num sistema trifásico o que vem
especificado em primeira mão é a tensão de linha, então a tensão de fase
VL 208
Vs = = = 120,1V , então
3 3

Vm = 2  Vs = 169,83V

3 3  169,83
VmedioMAX =
2

VmedioMAX = 140, 45 V 

Assim a tensão média será:

Vmedio = 0,5  VmedioMAX


Vmedio = 0,5  140, 45
Vmedio = 70, 23V 

a) Cálculo do ângulo de disparo 

É necessário verificar primeiro se a condução de corrente é contínua ou


descontínua para o caso em questão.
Para obter 70, 23V  da eq.(11), implica em dizer que cos  = 0,5 , levando a
um ângulo de disparo de 60º. Entretanto para um ângulo superior a 30º a condução de
corrente passa a ser descontínua.

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Figura 3.04

Como a carga é resistiva o ângulo de extinção  termina em  , a nova equação


para calcular o valor médio de tensão é dada por:

 Vm  sen (t ) dt 


3
Vmedio =
2 3
+
6

3Vm 
Vmedio = −
 cos ( t )   +
2 6

3Vm 
Vmedio = −
 cos ( t )   +
2 6

3Vm   
Vmedio = 1 + cos  +   
2  6 

Substituindo os valores de Vmédio=70,23[V] e Vm=169,83[V] encontra-se

 = 67,7º

b) Cálculo das correntes de saída média e eficaz.

Vmedio 70, 23
Imedio = =
R 10

Imedio = 7,02  A

A tensão eficaz para a forma de onda da figura com carga resistiva é dada por:

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1
 
2
 3 
Vrms = 
2 
 
Vm²  sen ² ( t ) d t  
 6
+ 

Resolvendo a integral encontra-se:

1
5  1   2
Vrms = 3Vm  − + sen  + 2  
 24 4 8 3 

Vrms = 94,74 V 

A corrente eficaz de saída será

Vrms 94,74
Irms = =
R 10

Irms = 9, 47  A

c) Cálculo das correntes média e eficaz em um dos tiristores.

Imedio 7,02
IA = =
3 3

I A = 2,34  A

Irms 9, 47
IR = =
3 3

I R = 5, 47  A

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d) Cálculo da eficiência da retificação

Pmedio Vmedio  Imedio 70, 23  7,02


= = =
Prms Vrms  Irms 94,74  9, 47

 = 54,95%

e) Cálculo do fator de utilização do transformador – TUF

Pmedio 70, 23  7,02


TUF = = = 0, 25
3Vs  Is 3 120,1 5, 47

TUF = 25%

f) Cálculo do fator de potência – PF

Psaida Ativa R  I ² rms 10  ( 9, 47 ) ²


PF = = =
PEntrada Aparente 3  Vs  Is 3  120,1 5, 47

PF = 0, 455 ( indutivo )

Exemplo 6

Um retificador trifásico meia onda alimenta uma carga RL, R=22,5  e


L=60mH. Sabendo-se que o ângulo de disparo  é igual a 60º. A tensão da rede CA é
220V/127V numa freqüência de 60Hz. Supondo uma condução contínua da corrente,
pede-se:

a) A tensão média na carga


b) A tensão eficaz na carga
c) A corrente média na carga
d) O pico de tensão reversa sobre o tiristor T1

27
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Solução
a) Cálculo da tensão média na carga – Vmédio

Da eq.(11) tem-se

3 3Vm
Vmedio = cos 
2

Como a rede é 220V/127V, então

Vm = 2 127 = 179V 

Logo

3 3  179
Vmedio = cos ( 60º )
2

Vmedio = 74 V 

b) Cálculo da tensão eficaz na carga – Vrms

Da eq.(12) tem-se

1
1 3 2
Vrms = 3Vm  + cos 2 
 6 8 

1
1 3 2
Vrms = 3  179  + cos 2 
 6 8 

Vrms = 112,73V 

c) Cálculo da corrente média na carga – Imédio

Vmedio
Imedio =
R

28
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74
Imedio =
22,5

Imedio = 3, 29  A

d) Cálculo do pico de tensão reversa sobre o tiristor - VR

VR = − 2  VL = − 2  220

VR = −311V 

3.4 - Retificador Trifásico Onda Completa


Os conversores são extensivamente utilizados em aplicações industriais até o
nível de 120KW de potência, onde é necessária a operação em dois quadrantes.

Figura 3.05

Se as tensões de linha forem definidas como:

Vab = 3Vm  sen ( t ) 


  2  
Vbc = 3Vm  sen   t + 
  3  
  2  
Vca = 3Vm  sen   t − 
  3  

29
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A tensão média é encontrada a partir de:

2 2
+ +

 
3 3
3 3
Vmedio =  (Vab )d t =  3 Vm  sen ( t ) d t 
   
+ +
3 3

3 3Vm
Vmedio = cos ( ) V  13

O valor eficaz da tensão de saída é encontrado a partir de

1
2
 + 2
3 
 ( )
3
Vrms =  3 Vm²  sen ² ( t ) d t  
 
 3
+ 

Resolvendo a integral encontra-se:

1
1 3 3  2
Vrms = 3Vm  + cos ( 2 )  V 
 2 4 

Exemplo 7

Um retificador trifásico onda completa alimenta uma carga RL (R=20  e


L=60mH), com um ângulo de disparo de 75º e  = 130º. Sabendo-se que a fonte é
380V/220V a 60Hz, pede-se:

a) Desenhar as formas de onda de tensão e corrente na carga


b) Desenhar a corrente da fase B
c) Desenhar a forma de onda de tensão sobre o tiristor T6
d) Calcular a tensão média na carga.
e) Calcular as correntes média e eficaz em um dos tiristores

Exemplo 8

O retificador trifásico onda completa é alimentado com uma tensão da rede de



220V/127V. Se o ângulo de disparo  = para uma carga RL (R=20  e L=60mH),
3
em condução contínua, pede-se:

a) Desenhar as formas de ondas de tensão e corrente na carga;


b) Calcular a tensão média na carga;

30
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c) Calcular a tensão eficaz na carga;


d) Desenhar a tensão no tiristor T1.

Exemplo 9(Provão/98)

A operação de carregamento de uma bateria é realizada por meio de uma ponte


retificadora completa alimentada por uma tensão CA de 100 volts, conforme mostra a
figura. A amplitude da tensão de alimentação foi escolhida de forma a ser a corrente de
carga média. A tensão (E) da bateria varia do início ao término da carga, mas sua
resistência ® é considerada constante e igual a 1  . Os tiristores são considerados
ideais e com comutação instantânea.

a) Calcule a corrente de carga média no final do carregamento, quando a


bateria estiver a 65 volts;
b) Calcule a corrente de carga média no início do carregamento, quando a

tensão da bateria for 45 volts e o ângulo de disparo dos tiristores igual a
2
radianos;
c) Analise a possibilidade de substituir essa ponte retificadora por uma ponte
mista.

Dados/Informações Técnicas

A expressão CORRENTE DE CARGA MÉDIA corresponde à corrente


fornecida à bateria, e seu valor médio é calculado sobre um ciclo da freqüência da fonte
de alimentação.

Figura 3.06

Exemplo 10

Um retificador trifásico meia onda alimenta uma carga RLE (R=5  , L=40mH e
R=48V), a partir de uma rede 380V/220V. Pede-se:

a) Encontrar a equação matemática para calcular a tensão média e a tensão


eficaz quando a condução de corrente for descontínua;
b) Ídem para a condução descontínua.

31
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4. - Conversores Estáticos CC/CC

4.1 - Choppers (Recortador)

Conversores DC-DC comumente chamados “Choppers” devido ao seu principio


de operação, são empregados para variar o valor médio de tensão aplicado à carga, pela
introdução de uma ou mais chaves colocadas entre a carga e uma fonte DC.

Figura 4.01

A tensão média na carga V0 pode ser variada de três maneiras diferentes:

1) Ton pode ser variado enquanto o período T permanece constante –


Modulação PWM (Pulse Width Modulation);

2) Ton pode ser mantido constante enquanto o período T é variado –


Modulação FM (Frequency Modulation);

3) Combinação das modulações largura de pulso e freqüência.

Aplicação dos Choppers

✓ Controle de tração de motores em automóveis elétricos, trolebus,


guindastes marinhos, empilhadeiras de almoxarifados e transportadores
em minas;

✓ Fornecem controle de aceleração suave, alta eficiência e resposta


dinâmica rápida;

✓ Podem ser usados na frenagem regenerativa de MCC, para devolver


energia à fonte de alimentação.

32
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✓ São usados em reguladores de tensão C.C. e também com um indutor


para gerar uma fonte de corrente C.C., especialmente para os inversores
do tipo fonte de corrente.

a) Fontes de potência DC reguladas

São necessárias para a maioria dos sistemas eletrônicos analógicos e digitais. A


maioria das fontes de potência são projetadas para obter algum ou todos dos seguintes
requisitos:

1) Saída regulada → A tensão de saída precisa manter-se constante dentro de uma


tolerância especificada, para variações dentro de uma faixa
a tensão de entrada e saída para a carga;

2) Isolação → A saída pode ser eletricamente isolada da entrada;

3) Múltiplas Saídas → Pode ser de várias saídas (positivas e negativas) que podem
diferir de faixa de tensão e corrente. Tais saídas podem ser
isoladas entre si.

Somando-se a estes requisitos, objetivos comuns são para reduzir peso e


tamanho das fontes, e melhorar o seu rendimento. Tradicionalmente fontes lineares de
potência têm sido utilizadas, entretanto as fontes chaveadas de potência ultimamente
têm ganhado um maior espaço, devido ao avanço da tecnologia dos semicondutores,
pois são menores e mais eficientes, comparadas com as fontes de potência lineares. A
comparação entre as fontes lineares e chaveadas depende da faixa de potência.

b) Fontes de potência lineares.

Neste caso para se fazer a isolação elétrica entre a entrada e a saída é necessário
a colocação de um trafo de 60Hz.

Figura 4.02

33
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Um transistor é conectado em série e opera na região ativa. O transistor da fonte


linear age como um resistor variável onde a diferença de tensão (vd-vd) entre a entrada e
a tensão de saída desejada aparece sobre o transistor e causa perdas de potência nele.
Para minimizar as perdas no transistor de potência, o número de espiras do
transformador devem ser cuidadosamente escolhido, tal que “Vdmin” seja maior que
“V0” mas não excedesse “V0” por uma larga margem.

Figura 4.03

Estas discussões precedentes levam, a dois pontos de vista principais, que devem
ser ressaltados:

1) Um transformador de baixa freqüência é necessário. Tais transformadores


são grandes em peso e tamanho comparados com os transformadores de
alta freqüência.

2) O transistor opera na região ativa, levando a uma significante perda de


potência. Portanto, a eficiência das fontes lineares de potência estão
geralmente na faixa de 30 a 60%.

Sob ponto de vista do lado positivo, as fontes de potência lineares


apresentam:

✓ Circuito simples, com baixo custo em faixas de potência de fontes


menores (<25W).

✓ Não produzem interferências eletromagnéticas (EMI) com outros


equipamentos.

c) Ponto de vista de fontes de potência chaveadas

São fontes que empregam chaves (TJB, MOSFET, IGBT, etc) que operam ou
completamente ligadas (saturação), ou completamente desligadas (bloqueio). Visto que
os dispositivos de potência não são requeridos para operar na região ative, este modo de
operação resulta numa baixa dissipação de potência. O aumento da velocidade de
chaveamento, faixas de corrente e tensões mais elevadas, e um custo relativamente mais
baixo destes componentes são os fatores que tem contribuído pela evolução das fontes
de potência chaveadas.

34
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Figura 4.04

As duas maiores vantagens da fonte de potência chaveada sobre a fonte linear


são:

1) Os dispositivos de chaveamento (TJB, MOSFET) operam como uma chave:


ou completamente ligada ou completamente desligada. Isso resulta numa
maior eficiência na faixa de 70 a 90%; portanto maior que a fonte linear.

2) Visto que um transformador de alta freqüência é utilizado (comparado com


50 a 60Hz de fonte linear). O tamanho e o peso das fontes chaveadas podem
ser significativamente reduzidos.

Sob o ponto de vista negativo, pode-se afirmar que:

✓ Apresentam um circuito mais complexo

✓ Medidas precisam ser tomadas para prevenir contra EMI, devido à


elevada freqüência de chaveamento.

d) Princípio de operação abaixadora (step-down)

Para simplificação o chopper será com carga resistiva.

Figura 4.05

35
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A tensão média na carga é dada por:

t
1 1 t
Va =  v0 dt = 1 Vs = ft1Vs = kVs
T0 T
e a corrente média na carga

Va kVs
Ia = =
R R
onde
kt1
é o ciclo de trabalho
T
“T” é o período de operação e “f” é a freqüência de operação do chopper.

O valor eficaz da tensão de saída é encontrado a partir de:

1
1 kt 2
Vo =   vo ² dt  = kVs
T 0 
Supondo um chopper sem perdas, Pi  P0

kt kt
1 1 v² Vs ²
Pi =  v0  i  dt =  0 dt = k
T0 T0 R R

A resistência de entrada efetiva vista pela fonte é

Vs Vs R
Ri = = =
I a kVs k
R

Exemplo

R=10  Vs = 220V Vcn = 2V f=1kHz k=50%

a) Va = ?
b) V0 = ?
c)  =?
d) Ri = ?

Solução

a) Cálculo da tensão média de saída

Va = kVs = 0,5  ( 220 − 2 ) = 109V

36
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b) Cálculo da tensão eficaz de saída

V0 = kVs = 0,5  ( 220 − 2) = 154,15V

c) Cálculo da eficiência do chopper

A potência de saída é dada por

1
kt kt
1 v0 ²
Pi =  v0  i0  dt = 
kt
dt = 
(Vs − Vcn ) ² dt
T0 T0 R 0
R

P0 = k
(Vs − Vcn ) ² = 0,5  ( 220 − 2 ) ² = 2372, 2W
R 10

A potência de entrada para o chopper pode ser encontrada a partir de

1
kt
1
kt
v Vs (Vs − Vcn )
Pi =  Vs  i0  dt =  V s  0 dt = k
T 0 T 0 R R

220 − 2
Pi = 0, 2  220  = 2398W
10

P0 2376, 2
= =
Pi 2398

 = 99,09%

d) Cálculo da resistência efetiva de entrada

R 10
Ri = = = 20
k 0,5

37
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A corrente na carga para o modo 1 pode ser encontrada a partir de:

di
Vs = Rii + L +E (1)
dt
A solução desta equação, com a corrente inicial i1 ( t ) = 0 = I1 , dá a corrente de
carga como:

−t
R
Vs − E  −t 
R
i1 ( t ) = I1e L
+  1 − e L
 ( 2)
R  

Esse modo é válido 0  t  t1 ( = kt ) ; e ao fim desse modo a corrente de carga


torna-se:

i1 ( t = t1 = kt ) = t2 ( 3)
A corrente de carga para o modo 2 pode ser encontrada a partir de:

di2
0 = Ri2 + L +E ( 4)
dt

Com a corrente inicial i2 ( t = 0 ) = I 2 , redefinindo a origem do tempo no início


do modo 2, tem-se:

−t
R
E −t 
R
i2 ( t ) = I 2e L
−  1 − e L
 ( 5)
R 

Esse modo é válido para kt  t  (1 − k ) t . Ao final desse modo,. A corrente de


carga torna-se:

i2 ( t = t2 ) = I 2 ( 6)
Ao final deste modo 2, o chopper é ligado novamente no próximo ciclo após o
1
tempo T = = t1 + t2 .
f
Sob condições de regime permanente, I1 = I 3 . A ondulação (ripple) da corrente
de carga de pico a pico pode ser determinada a partir das eq.(2), (3), (5) e (6).
A partir das eqs.(2) e (3), I 2 é dado por:

− kt
R
Vs − E  − kt 
R
I 2 = I1e L
+ 1 − e
L
 (7)
R  

38
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A partir das eqs.(5) e (6), I3 é dado por:

−(1− k )t
R
E −(1− k )t 
R
I 3 = I1 = I 2e L
− 1 − e L
 (8)
R 

A ondulação de corrente de pico a pico é:

R R R
− kt −t −(1− k )t
Vs 1 − e L
+e L
−e L
I =
−t
R (9)
R
1− e L

A condição para a ondulação máxima:

d ( I )
=0 (10 )
dk
daí

R R
− kt −(1− k )t
e L
+e L
= 0 ou k = (1 − k ) ou k = 0,5 . A ondulação de corrente
máxima de pico a pico ( k = 0,5) é

Vs R
I max = tan h (11)
R 4 fL
para 4 fL R , tan h ( )  0 e a ondulação máxima de corrente pode ser aproximada
por:
Vs
I max = (12 )
4 fL

Nota: As equações de (1) a (12) são válidas apenas para o fluxo contínuo de
corrente.
Para corrente de carga descontínua, ou seja, baixa freqüência e baixa tensão de
saída a corrente I1 = 0 e a eq.(2) fica:

Vs − E  −t 
R
i1 ( t ) =  1 − e L
 (13)
R  
e a eq.(5) é válida para 0  t  t2 de tal forma que i2 ( t = t2 ) = I 3 = I1 = 0 , que dá

L  RI 2 
t2 = ln 1 +  (14)
R  E 

39
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Exemplo

Um chopper está alimentando uma carga RL, com Vs=220V, R=5  , L=7.5mH,
f=1kHz, k=0,5 e E=0V. Calcular:

a) A corrente de carga instantânea mínima I1;


b) A corrente de carga instantânea máxima I2;
c) A ondulação máxima de pico a pico de corrente de carga;
d) O valor médio da corrente de carga Ia;
e) A corrente eficaz de carga I0;
f) A resistência efetiva de entrada Ri vista pela fonte;
g) A corrente eficaz do chopper IR.

Solução
Da eq.(7) tem-se:

− kt
R
Vs − E  − kt 
R
I 2 = I1e L
+ 1 − e
L

R  

Substituindo os valores, tem-se:

220 − 0  
5 5
−0,510−3 −0,510−3
7,510−3 7,510−3
I 2 = I1e + 1 − e 
5  

I 2 = 0,7165 I1 + 12, 473 ( I )

Da eq.(8) tem-se:

−(1− k )t
R
E −(1− k )t 
R
I 3 = I1 = I 2e L
− 1 − e L

R 

0 
5 5
−(1−0,5)10−3 −(1− 0,5)10 −3
7,510−3 7,510−3
= I1 = I 2e − 1 − e 
5  

I1 = 0,7165 I 2 + 0 ( II )
a) Resolvendo essas duas equações; obtém-se:

I1 = 18,37 A

40
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b) A corrente de carga instantânea máxima:

I 2 = 25,63 A

c) A ondulação máxima de pico a pico da corrente de carga:

I = I 2 − I1 = 25,63 − 18,37

I = 7, 26 A
mas
I Max é dado pela eq.(12)

Vs
I max =
4 fL

220
I max =
4  10  7,5  10−3
−3

I max = 7,33 A

d) A corrente média da carga é, aproximadamente:

I 2 + I1 25,63 + 18,37
Ia = =
2 2

I a = 22 A

e) A corrente eficaz da carga I 0 :

Figura 4.08

41
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Pelo fato de k=0,5, então pode-se dizer que a subida é igual à descida, logo
i1 = i2 pode ser expressa por

I
i1 = I1 + t para 0  t  kT .
kT

Então o calor eficaz I 0 pode ser calculado apenas no intervalo de 0 até kT.

1
 1 kT
2
Io =  0 1 
2
i dt
 kT

1
 (I − I ) 
2 2
I o =  I12 + 2 1 + I1 ( I 2 − I1 ) 
 3 

I o = 22,1A

f) A resistência efetiva de entrada Ri:

A corrente média da fonte é:

Is = k  I a = 0,5  22,1

Is = 11A

Então a resistência efetiva Ri de entrada será:

Vs 220
Ri = =
Is 11

Ri = 20

g) A corrente eficaz do chopper pode ser encontrada a partir de:

1 1
 kT 2  2  (I − I ) 2
I R =   i1 dt  = k  I12 + 2 1 + I1 ( I 2 − I1 ) 
0   3 

42
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I R = k  I 0 = 0,5  22,1

I R = 15,63 A

4.2 – Conversor “Boost”.


Em um regulador “boost”, a tensão de saída e maior que a tensão de entrada.

Figura 4.09

Modo 1: M1 está em condução

Modo 2: M1 é desligado

Equacionando

Supondo que a corrente no indutor iL


cresça linearmente de I1 a I 2 no
tempo t1 ,

43
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I 2 − I1 I
Vs = L =L (1)
t1 t1
ou
sL
t1 = ( 2)
Vs
e a corrente no indutor cairá linearmente de I 2 a I1 no tempo t2 .

I
Vs − Va = − L ( 3)
t2
ou
I  L
t2 = ( 4)
Va − Vs

onde I = I 2 − I1 é a ondulação da corrente no indutor L de pico a pico. A partir das


equações (1) e (3) tem-se:

Vs  t1 (Va − Vs ) t1
I = = ( 5)
L L
Supondo t1 = kt e t2 = (1 − k ) t obtém-se a tensão média na carga (saída).

T V
Va = Vs = s ( 6)
t2 1 − k

Vs  I a
Supondo um circuito sem perdas, Vs  I s = Va  I a = e a corrente média
1− k
de entrada é:
Ia
Is = (7)
1− k

O período de chaveamento T pode ser encontrado a partir de:

1 I  L I  L I  L  Va
T= = t1 + t2 = + = (8)
f Vs Va − Vs Vs (Va − Vs )
e isso da a ondulação de corrente de pico a pico de:

Vs (Va − Vs )
I = (9)
f  L  Va
ou
Vs  k
I = (10 )
f L

44
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Quando o transistor está conduzindo, o capacitor fornece a corrente de carga por


t = t1 . A corrente média no capacitor durante o tempo t1 é I c = I a é a ondulação de
tensão do capacitor, de pico a pico, é:

I t
t t
1 1 1 1
Vc = vc − vc ( t = 0 ) =  I c dt =  I a = a 1 (11)
C0 C0 C

(Va − Vs )
Das eq.(2) e (9) dá t1 = e substituindo t1 na eq.(11) obtém-se:
Va  f

I a (Va − Vs )
Vc = (12 )
Va  f  C
ou
Iak
Vc = (13)
f C

Um regulador “boost” pode elevar a tensão de saída sem um transformador.


Eficiência elevada é devido ao único transistor. A corrente de entrada é contínua,
entretanto um alto pico de corrente tem de fluir através do transistor de potência.

A tensão de saída é muito sensível a variação no ciclo de trabalho k e pode ser


difícil estabilizar o regulador (conversor).

Exemplo

Regulador boost tem Vs=5V. A tensão média de saída Va=15V e a corrente


média de carga I a = 0,5 A . A freqüência de chaveamento é 25kHz. Se L = 150 H e
C = 220  F , determinar:

a) O ciclo de trabalho k
b) A ondulação de corrente do indutor I
c) A corrente máxima do indutor I 2
d) A tensão de ondulação do capacitor de filtro vC

45
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Solução
a) Cálculo do ciclo de trabalho k

Pela eq.(6) tem-se

Vs
Va =
1− k

Daí,

5
15 = = 0,6667
1− k

k = 66,67%

b) Cálculo da ondulação de corrente do indutor I

Da eq.(9) tem-se:

Vs (Va − Vs )
I =
f  L  Va
Substituindo-se os valores tem-se:

5 (15 − 5 )
I =
25  103  150  10 −3  15

I = 0,89 A

c) Cálculo da corrente máxima do indutor I 2

Da eq.(7) tem-se que a corrente média de entrada é:

Ia
Is =
1− k

Substituindo os valores tem-se:

0,5
Is =
1−,6667

I s = 1,5 A

46
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Figura 4.10

Pelo gráfico conclui-se que:

I
I2 = Is +
2

Substituindo os valores encontra-se:

0,89
I 2 = 1,5 +
2

I 2 = 1,945 A

d) Cálculo da tensão de ondulação do capacitor de filtro vC

A partir da eq.(12) tem-se:

Iak
Vc =
f C
Substituindo os valores tem-se:

0,5  0,6667
Vc =
25  103  220  10−6

Vc = 60,61mV

4.3 - Conversor “BUCK”

Em um regulador “buck” a tensão média da saída Va é menor que a tensão de


entrada Vs

47
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Figura 4.11

Modo 1: Q1 está em condução em t=0

Modo 2: Q1 é desligado em t=t1

Equacionando

A tensão no indutor é dada por:

di
vL = L
dt

Supondo que a corrente no indutor cresça linearmente ou de I1 a I 2 no tempo t1.

I 2 − I1 I
Vs − Va = L =L (1)
t1 t1
ou

I  L
t1 = ( 2)
Vs − Va

48
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e a corrente no indutor caia linearmente de I 2 a I1 no tempo t2

I
−va = − L ( 3)
t2
ou

I  L
t2 = ( 4)
va

onde I = I 2 − I1 é a ondulação de corrente do indutor L de pico a pico. Encontrando o


valor de I nas eqs.(1) e (3), obtém-se:

(VS − Va ) = Va  t2
I = ( 5)
L L

Substituindo t1 = kT e t2 = (1 − k ) T , obtem-se a tensão média de saída como:

t1
Va = VS = kVS (6)
T

Supondo um circuito sem perdas, VS I S = Va I a = kVS I a e a corrente média de


entrada

I S = kI a (7)
O período de chaveamento T pode ser expresso como:

1 I  L I  L S  L  VS
T= = t1 + t2 = + = (8)
f VS − Va Va Va (VS − Va )

que dá a ondulação de corrente de pico a pico como:

Va (VS − Va )
I = (9)
f  L  VS
ou

VS  k (1 − k )
I = (10 )
f L

Utilizando a lei de Kirchoff das correntes, podemos escrever a corrente no indutor iL


como:

49
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iL = iC + i0 (11)
Se for considerado que a ondulação da corrente de carga i0 é muito pequena e,
dessa forma, desprezível, iL = iC . A corrente média no capacitor, que flui por
t1 t2 T
+ = , é:
2 2 2

I
IC = (12 )
4
A tensão no capacitor é expressa como:

1
iC + vC ( t = 0 ) (13)
C
vC =
e a ondulação de tensão do capacirot de pico a pico é:

t t

1 2
1 I
2
I
vC = vC − vC ( t = t0 ) =
C 0 C 0 4
iC dt = dt = T
8C
I
vC = T (14 )
8C

Substituindo o valor de I a partir da eq.(9) ou (10) na eq.(14), obtém-se:

Va (VS − Va )
vC = (15)
8 LCf 2VS
ou

VS k (1 − k )
vC = (16 )
8 LCf 2VS

Os reguladores “BUCK” requerem apenas um transistor, são simples e têm


eficiência elevada, maior que 90%.

dv
O da corrente é limitado por L.
dt

Entretanto, a corrente de entrada é descontínua e um filtro de alisamento de


entrada normalmente é requerido.

Fornece uma polaridade da tensão de saída e a corrente de saída é unidirecional.

Requer um circuito de proteção em caso de possível curto circuito através do


caminho do diodo.

50
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Exemplo

Vs=12V. A tensão média requerida pela carga Va=5V. A ondulação da tensão de


saída pico a pico é 20mV. A freqüência de chaveamento é 25kHz. Se a ondulação da
corrente no indutor for limitada a 0,8 A de pico a pico, determine:

a) O ciclo de trabalho
b) A indutância de filtro L
c) O capacitor de filtro C

Solução
a) Cálculo do ciclo de trabalho

A partir da eq.(6) tem-se:

Va = kVS

Logo

Va 5
k= =
VS 12

k = 0, 4167

b) Cálculo da indutância de filtro L

A partir da Eq.(9) tem-se:

Va (VS − Va )
I =
f  L  VS
ou

Va (VS − Va )
L=
f  I  VS

5 (12 − 5 )
L=
0,8  25  103  12

L = 145,83 H

51
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c) Cálculo do capacitor de filtro C

A partir da Eq.(14) tem-se:

I
C=
8 f vC
ou

0,8
C=
8  25  103  20  10−3

C = 200 F

Comparação entre “BOOST” e “BUCK”

BOOST BUCK
✓ Chave em paralelo com a fonte Vs ✓ Chave em série com a fonte Vs
✓ Tensão de saída maior que a tensão ✓ Tensão de saída menor que a tensão
de entrada (transformador de de entrada.
corrente contínua) ✓ A corrente de saída é maior que a
✓ A corrente de saída é menor que a corrente de entrada
corrente de entrada ✓ A corrente de entrada é
✓ A corrente de entrada é contínua. descontínua, normalmente requer
Entretanto um alto pico de corrente um filtro de alisamento da corrente
tende a fluir pelo transistor de entrada
✓ Difícil estabilização da tensão na ✓ Propicia uma melhor estabilização
carga na carga

4.4 - Princípio de fonte chaveada


Fontes de Alimentação CC Chaveadas.

Existem 4 configurações comuns para a operação PWM (Pulse Width


Modulation) ou chaveada do estágio inversor (ou conversor CC-CA). Flyback, push-
pull, half-bridge e full-bridge.

A saída do inversor, que é variada através da técnica PWM, é convertida em uma


tensão CC através de um retificador com diodos. Como o inversor pode operar a uma

52
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freqüência muito elevada, as ondulações na tensão CC de saída podem ser atenuadas


utilizando-se pequenos filtros.

4.4.1 - Conversor Flyback

Figura 4.12

Quando Q1 entra em condução, a tensão de alimentação Vs aparece no primário


do transformador, e uma tensão correspondente é induzida no secundário devido à ação
do transformador.
A tensão mínima do circuito aberto do transformador é Voc . A corrente de
entrada é pulsante e descontínua.
C1 descarrega-se através de R1 quando o diodo D2 está desligado.
Circuito simples e está restrito a aplicações abaixo de 500w. Esse é um
conversor forward e requer uma malha de realimentação para o controle da tensão.

4.4.2 - Conversor Flyback com Enrolamento de Desmagnetização

Figura 4.13

Neste caso a energia armazenada no núcleo do transformador é devolvida à fonte


de alimentação, aumentando-se a eficiência. Entretanto a tensão de circuito aberto Voc
do transistor é muito maior que no caso anterior.

 N 
Voc = Vs  1 + P 
 NS 

53
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4.4.3 - Conversor Push-Pull

Figura 4.14

Quando Q1 entra em condução, Vs aparece sobre a metade do enrolamento


primário. Quando Q2 entra em condução, Vs aparece sobre a outra metade do
enrolamento primário do transformador. A tensão do enrolamento primário oscila de –
Vs a Vs. Idealmente falando a corrente média do transformador deve ser zero.

A tensão do circuito aberto Voc=2Vs. Essa configuração é adequada para


aplicações de baixa tensão.

4.4.4 - Conversor Meia Ponte

Figura 4.15

Quando Q1 conduz, Vs/2 aparece sobre o primário do transformador. Quando


Q2 conduz, uma tensão inversa de Vs/2 aparece sobre o primário do transformador. A
tensão no primário oscila de –Vs/2 a Vs/2. A tensão de circuito aberto é Vco=Vs.

Em aplicações de tensão elevada, o circuito meia ponte é preferível ao circuito


“push-pull”. Ao passo que para aplicações de baixa tensão , o circuito push-pull é
preferível devido às baixas correntes nos transistores.

54
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4.4.5 - Conversor Ponte Completa

Figura 4.16

Quando Q1 e Q4 conduzem, Vs aparece sobre o primário. Quando Q2 e Q3


conduzem, a tensão primária é invertida para –Vs.

A tensão do circuito aberto do transistor é Vco=Vs. Entre todas as


configurações, esse circuito opera com um esforço mínimo de tensão e corrente dos
transistores, é muito comum para aplicações de potência elevada, acima de 750W.

5. - Conversores Estáticos CC/CA

Os conversores de CC em CA são conhecidos como “inversores”.

A função de um inversor consiste em converter uma tensão de entrada CC em


uma tensão de saída CA, simétrica de amplitude e frequência desejadas.

Aplicações dos inversores:

➢ acionamento de máquina CA em velocidade variável


➢ aquecimento indutivo
➢ fontes auxiliares
➢ sistema de energia ininterrupta.

Primeiramente, antes de se estudar os inversores, convém ressaltar um ponto


importante que [e sobre comutação dos tiristores.

5.1 - Comutação Forçada do Tiristor


Comutação é o processo de desligamento ou corte de um tiristor, e ele
normalmente causa a transferência do fluxo de corrente para outras partes do circuito.
Um circuito de comutação em geral utiliza componentes adicionais para conseguir o
desligamento.

55
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Existem dois tipos de comutação: natural e forçada.

a) Comutação Natural

É quando a tensão da fonte é CA, a corrente do tiristor passa naturalmente por


zero e uma tensão reversa aparece sobre ele.

Figura 5.01

b) Comutação Forçada

Em alguns circuitos tiristorizados, a tensão de entrada é CC, e a corrente


direta do tiristor é forçada a zero através de um circuito adicional, chamado circuito
de comutação, para desligar o tiristor. Essa técnica é chamada comutação forçada e
normalmente é aplicada a conversores CC-CC. (Choppers) e conversores CC-CA
(Inversores).
O circuito de comutação normalemente consiste de um capacitor, um
indutor e um ou mais tiristores e diodos. Este circuito tem como objetivos:

1. desviar o caminho de corrente do tiristor principar e,


2. aplicar uma tensão reversa sobre o mesmo.

Figura 5.02

Modos de Operação

Modo 1 – Disparar Ta

A corrente circula por Vs, Ca, Ta e carga. O capacitor carrega com a tensão da
fonte (Vc=Vs) e, neste instante a corrente se anula (ic=0).

56
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Esta seqüência (modo) termina quando se deseja disparar Tp.

Modo 2 – Disparar Tp

A corrente circula por V1, Tp e crga. Outra parcela de corrente circula por Ca,
Tp, Da e La. O capacitor Ca se descarrega e recarrega-se com uma tensão de módulo
inferior a Vs.

Esta seqüência (modo) termina quando se desena disparar Ta. Assim retorna-se
ao modo 1, com uma ressalva que no instante de disparo de Ta, a tensão na carga será

V0 = Vs + Vc
Onde

Vc é a tensão que o capacitor estava, quando por ocasião do modo 2 de


operação.

tinv  tq
tq = dado fornecido pelo fabricante do tiristor, é o tempo que o tiristor demora
para passar do estado de condução para o estado de bloqueio. Este
parâmetro é importante para diferenciar um tiristor rápido de um tiristor
comum.

5.2 - Inversor Monofásico em Tensão


Quando os transistores Q1 e Q4 conduzem simultaneamente , a tensão de
entrada Vs aparece sobre a carga. Se os transistores Q2 e Q3 conduzem ao mesmo
tempo, a tensão sobre a carga é invertida, e é –Vs.

Figura 5.03
 =ângulo de carga.
Quando os diodos D1 e D4 conduzem, a
energia é devolvida para a fonte CC, e eles
são conhecidos como diodos de
realimentação.

57
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Exemplo 1

O inverosr em ponte tem uma carga RLC com R = 10 , L = 31,5mH e


C = 112  F . A freqüência do inversor f 0 = 60 Hz e a tensão CC de entrada é
Vs=220V. Pede-se:

a) expressar a corrente instantânea de carga na série de Fourier,


b) calcular a crrente eficaz de carga na frenquencia fundamental 1;
c) o THD da corrente de carga;
d) a potência absorvida pela carga P0 e a potência fundamental P01;
e) a corrente média da alimentação CC-Is;
f) a corrente eficaz e máxima de cada transistor.

Solução

A reatância indutiva para a e-ésima tensão harmônica é X L = j 2n fL

X L = j 2n  60  31,5  10−3


X L = j11,87n
j
A reatância capacitiva para a n-ésima tensão harmônica é X C = −
2n fC
j106
XC = −
2n  60  112
j 23,68
XC = − 
n

A impedância para a n-ésima harmônica é


1

| Z n |=  R 2 + ( X L + X C )  2
2

 
1
  23,68 
2
 2
| Z n |= 102 + 11,87 n −  
  n  

e o ângulo do fator de potência para a n-ésima tensão harmônica é

58
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X L + XC
 n = tg −1
R
23,68
11,87 n −
 n = tg −1 n
10
 2,368 
 n = tg −1 1,187 n − 
 n 
a) Expressar a corrente instantânea de carga na série de Fourier

A expressão da tansão instantênea na série de Fourier é dada por:


4VS
v0 = 
n =1,3,5... n
sen ( n t )

4  220 4  220
v0 = sen ( 377t ) + sen ( 3  377t ) + ...
 3
v0 = 280,1sen ( 377t ) + 93,4sen ( 3  377t ) + 56,02sen (5  377t )...

Dividindo a tensão de saída pela impedância da carga e considerando o atraso


apropriado  , devido aos ângulos do fator de potência, podemos obter a corrente
instantênea de carga como

i0 = 18,15sen ( 377t + 49,72º ) + 3,17 sen ( 3  377t − 10,17º ) + sen ( 5  377t − 79,6º ) + ...

b) calcular a crrente eficaz de carga na frenquencia fundamental 1

A máxima corrente fundamental de carga é:

Im1 = 18,1( 377t + 49,72º ) + 3,17 sen ( 3  377t − 70,17º ) + ...

Im1 = 18,1 máximo.

18,1
Como deseja-se o valor eficaz I 01 =
2
I 01 = 12,8 A

c) Cálculo do THD da corrente de carga

É a medida da proximidade da forma de onda e sua componente fundamental.

59
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1
1 
2
2
THD =   Vn 
V1  n=2,3,... 

A corrente máxima de carga é

Im = (18,12 + 3,17 2 + 1,02 + ...)  2


Im = 18, 41A

1
1
THD =  Vn 
2 2

V1
1
 Vn  2 2
THD =  
 V1 

A corrente é análoga à tensão:

1
1   2 2
THD =   I m
Im1  n = 2,3,... 
1
1
THD =  
I m − I m1  2
2 2

Im1 
1
 I 2 m − I 2 m1  2
THD =  2 
 I m1 
1
I m 2 2
THD =  2 − 1
 I m1 
1
 (18, 41) 2  2
THD =  − 1
 (19,1)
2

3,36
THD = − 1 = 18,59
18,1
THD = 18,59%

d) Cálculo da potência absorvida pela carga e a potência fundamental Po1.

60
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A corrente eficaz da carga é:

Im 18, 41
I0  =
2 2
I 0  13,02  A

Logo a potência na carga será:

P0 = RI 2 0 = 10  (13,02 )
2

P0 = 1695 W 

A potência fundamental de saída é:

2
 Im 
P0 = RI = R  = 10  (13,02 )
2 2
0
 2
P0 = 1638W 

e) Cálculo da corrente média de alimentação CC

Pi
Pi = VS I S → I S =
VS
1695
IS =
220
I S = 7,7  A

A corrente eficaz máxima de cada transistor é dada por:

Im
I Im 18, 41
IR = 0 = 2 = =
2 2 2 2
I R = 9, 2  A

61
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5.3 - Inversor Trifásico em Tensão

Figura 5.04

Dois tipos de sinais de controle podem ser aplicados aos transistores: condução
por 180º ou condução por 120º.

a) Condução por 180º

Três transistores permanecem conduzindo em qualquer instante de tempo.


Quando o transistor Q1 entra em condução o terminal “a” é conectado ao
positivo de tensão CC de entrada. Quando o transistor Q4 entra em condução, o
terminal “a” é levado ao negativo da fonte CC. Existem 6 modos de operação
em um ciclo e a duração de cada modo é de 60º.

Para uma carga conectada em estrela o circuito equivalente passa a


obedecer 3 modos de operação...

  2 2
Modo 1 0   t  Modo 2  t  Modo 3  t  
3 3 3 3

Modo 1 0   t 
3

Figura 5.05

62
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Formas de onda o inversor trifásico em tensão

Figura 5.06

63
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5.4 Inversor Monofásico em Corrente

5.4.1 Inversor Monofásico de corrente a transistor

Nas seções anteriores os inversores eram alimentados a partir de uma fonte de


tensão e a corrente na carga era forçada a variar entre o positivo e o negativo, e vice-
serva. Para alimentar as cargas indutivas, são necessárias chaves de potências com
diodos de comutação, enquanto em um inversor do tipo fonte de corrente a entrada
comporta-se como uma fonte de corrente. A corrente é mantida constante
independentemente da carga dos inversores, enquanto que a tensão de saída é forçada a
variar.

Figura 5.07

Os diodos em série com os transistores são necessários para bloquear tensões


reversas nos tiristores.

Figura 5.08

64
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Quando dois dispositivos conduzem em ramos diferentes, a corrente da fonte


IL circula através da carga. Quando dois dispositivos de mesmo ramo conduzem, a fonte
de corrente é desviado da carga.

5.4.2 Inversor Monofásico de Corrente a Tiristor

Com um inversor do tipo fonte de corrente, os circuitos de comutação para


tiristores necessitam apenas de capacitores e são mais simples.

Figura 5.09

Seqüências de Operação
1º. Seqüência (t0, t1)

- T1 e T2 Conduzindo

- A corrente circuila por T1, D1,


Carga, D2 e T2.

- O capacitor encontra-se pré-


caregado com tensão máxima
Vco

Figura 5.10

65
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2º. Seqüência (t1,t2)

- Disparar T3 e T4, T1 e T2
entram em bloqueio, devido ao
desvio de corrente que estava
passando por eles e aplicação
de uma tensão reversa.

- 1º instante da comutação, a
corrente circuila por T3, C1,
D1, Carga, D2, C2 e T4.

- O capacitor descarrega e
Figura 5.11
quando começa a recarregar
em sentido contrário começa o
2º instante da comutação

3º. Seqüência (t2, t3)


- É o 2º instante da comutação.

- A tensão no capacitor começa


a ficar positiva, D3 e D4,
entram em condução.

- Quando a tensão no capacitor


atingir vcMAX = vco D1 e D2
entram em bloqueio. Por isso
que os diodos D1, D2, D3 e
D4 são conhecidos como
Figura 5.12
diodo de isolamento.
4º. Seqüência (t3,t4)

- T3 e T4 conduzindo

- A corrente circula por T3, D3,


Carga, D4 e T4

- O capacitor está agora pronto


para desligar T3 e T4, se os
tiristores T1 e T2 forem
disparados e daí, recomeça um
novo ciclo.

Figura 5.13

66
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6 Conversores Estáticos CA/CA

Se uma chave com tiristor for conectada entre a rede de alimentação CA e a


carga, o fluxo de potência poderá ser controlado através da variação do valor eficaz de
tensão CA aplicada à carga. Esse tipo de circuito de potência é conhecido como
“controlador de tensão CA”.
As aplicações mais comuns de controladores de tensão CA são:

- Aquecimento industrial
- Mudança de taps do transformador sob carga
- Controle de iluminação
- Controle de velocidade de máquinas de indução polifásicas

Para a transferência de potência, dois tios de controle são normalmente


utilizados:

- Controle liga-desliga
- Controle do ângulo de fase

6.1 Controle Liga-Desliga


Neste controle as chaves com tiristores conectam a carga à rede de
alimentação CA (fonte) por alguns ciclos da tensão de entrada e
desconectam por outros poucos ciclos.

Figura 6.01

67
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6.2 Controle de fase


O fluxo de potência para a carga é controlado atrasando-se o ângulo de
disparo do tiristor T1.

Figura 6.02

6.3 Cicloconversores

Os conversores de tensão CA fornecem uma tensão de saída variável, mas a


freqüência dessa tensão de saída é fixa e além disso o conteúdo harmônico é elevado.
A maioria dos cicloconversores é comutada naturalmente e a máxima freqüência
de saída é limitada a um valor que é apenas uma fração da freqüência da fonte (ou rede
de alimentação).
Assim as principais aplicações dos cicloconversores são em acionamentos de
máquinas elétricas CA de baixa velocidade e de elevada potência, na faixa de até
15000kw, com freqüências de 0 a 20Hz.
A saída do cicloconversor é derivada diretamente da rede sem qualquer
barramento dc. A freqüência máxima de saída é limitada a 1/3 da freqüência de entrada
CA para manter a forma de onda aceitável com baixo conteúdo harmônico.
A seguir é mostrado na figura 5.15 a estrutura do cicloconversor e a tensão de
saída de uma das fases.

68
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Figura 5.15 Three-phase cycloconverter

69
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7 Limitações de di/dt e dv/dt

7.1 Circuitos Snubbers para transistores

Os transistores requerem certos tempos de entrada em condução e de


desligamento. As formas de onda típicas de uma chave com TJB são dadas pela figura
7.01. Durante a entrada em condução a corrente de coletar cresce e o di/dt é dado por:

di I L I CS
= = (1)
dt tr Ir
Durante o desligamento, a tensão de coletor-emissor VCE em relação à queda
da corrente de coletor e o dv/dt é

dv Vs
= ( 2)
dt tf

Figura 7.01

Formas de onda de tensão e corrente no transistor, destacando sobretudo a


entrada em condução e a entrada em bloqueio.

As condições di/dt e dv/dt nas equações (1) e (2) são estabelecidas pelas
características de chaveamento do transistor e têm de ser satisfeitas durante a entrada
em condução e o desligamento. Os circuitos de proteção normalmente são necessários
para manter a operação dentro dos limites permissíveis de di/dt e dv/dt do transistor. A
figura 7.02 mostra uma chave típica com proteção di/dt e dv/dt. A rede RC em paralelo
com o transistor é conhecida como circuito snubber e limita o dv/dt, enquanto que o
indutor LS limita o di/dt, e às vezes é chamado de snubber em série.

70
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(a) Circuitos de proteção (b) Formas de onda

Figura 7.02 Chave com transistor com proteção di/dt e dv/dt

Supondo que sob condições de regime permanente a corrente de carga IL esteja


circulando livremente através do diodo DM, que tem tempo de recuperação reversa
desprezível. Quando o transistor Q1 entrar em condução, a corrente do coletor crescerá e
a corrente do diodo DM se comportará como um curto-circuito. O circuito equivalente
durante a entrada em condução é mostrado na figura 7.03 e o di/dt nessa condição é

di Vs
= ( 3)
dt Ls

Figura 7.03 Circuito equivalente da entrada em condução do transistor

Resolvendo-se a equação (1) juntamente com a equação (3), obtém-se o valor de


LS como

71
Eletrônica de Potência - UFMT Prof. Drº José Antônio Lambert

VS tr
LS = ( 4)
IL
Durante o desligamento, o capacitor CS carregará através da corrente de carga; o
circuito equivalente é mostrado na figura 7.04. A tensão no capacitor aparecerá sobre o
transistor, e o dv/dt será

dv I L
= ( 5)
dt CS

Figura 7.05 Circuito equivalente da entrada em bloqueio do transistor

Aplicando a equação (2) à equação (5), obtém-se o valor necessário da


capacitância,

I L tf
CS = ( 6)
VS

Uma vez que o capacitor esteja carregado com VS, o diodo de comutação
conduzirá. Devido à energia armazenada em LS, haverá um circuito ressonante
amortecido, como mostrado na figura 7.05.

Figura 7.05 Circuito equivalente devido à descarga do capacitor

Uma análise do circuito RLC, em geral criticamente amortecido, para evitar


oscilações, pode-se encontrar o valor de RS.

72
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LS
RS = 2 (7)
CS

Entretanto, pode-se colocar o resistor RS em paralelo como o capacitor com o


objetivo de diminuir a especificação de corrente máxima do transistor, como mostra a
figura 7.06. Para este caso escolhe-se um tempo de descarga do capacitor a um terço do
período de chaveamento, então

1
RS = (8)
3 f S CS

Figura 7.06 Circuito snubber com o resistor RS em paralelo com o capacitor.

Exemplo 1

Um transistor bipolar é operado como uma chave chopper na freqüência de


fS=10kHz. O arranjo do circuito é mostrado na figura 7.02. A tensão CC do chopper é
VS=220V e a corrente de carga é IL=100A. VCE ( Sat ) = 0V . Os tempos de chaveamento são
td=0, tr=3  s e tf=1,2  s. Determinar os valores de:

a) LS
b) CS
c) RS para a condição de circuito criticamente amortecido
d) RS se o tempo de descarga for limitado a um terço do período de
chaveamento
e) RS , se o pico da corrente de descarga for limitado a 10% da corrente
de carga
f) A perda de energia PS, devido ao snubber RC, desprezando o efeito
do indutor LS na tensão do capacitor snubber CS.

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7.2 Circuitos Snubbers para Tiristores

Um circuito snubber RC normalmente é conectado em paralelo com um


dispositivo semicondutor para limitar o dv/dt dentro da especificação máxima
permissível. O snubber pode ser polarizado ou não. Um snubber polarizado no sentido
direto é adequado quando um tiristor é conectado com um diodo em antiparalelo, como
mostrado na figura 7.07a. O resistor T limita o dv/dt direto; e R1 limita a corrente de
descarga do capacitor quando o dispositivo entra em condução.

Figura 7.07 Redes de snubbers para tiristores

Um snubber polarizado no sentido reverso, que limita o dv/dt reverso é


mostrado na figura 7.07 b, onde R1 limita a corrente de descarga do capacitor. O
capacitor não se descarrega através do dispositivo, resultando na redução das pergas no
mesmo.
Quando os tiristores são conectados em anti-paralelo aí não cabe mais a
polarização, então basta apenas colocar uma rede RC. Na maioria dos casos é aplicada o
snubber não polarizado em tiristores e diodos de potência.

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OrCAD-Pspice Release 9.2

Introdução:

O OrCAD 9.2 é um programa cuja utilização apresenta um grau de


complexidade maior do que o Multisim 2001, pois há a necessidade de se atribuir
alguns parâmetros ao circuito desnecessários no Multisim 2001.
Por este motivo, o OrCAD 9.2 é um programa de maior confiabilidade, pois
com a configuração de tais parâmetros pode-se obter uma análise mais próxima possível
do real.
O OrCad-Pspice é um programa de computador que pode ser utilizado para
analisar a operação de um circuito eletrônico contendo uma variedade de componentes,
através de especificações do usuário para os parâmetros dos modelos pré-existentes.

Iniciando o Programa:

➢ Menu Iniciar→Programas→OrCAD Release 9.2→Capture...

Inicio de uma Sessão do Capture

Toda sessão iniciada apresenta um menu principal e uma janela de registro onde
são informados ao usuário todas as ações realizadas durante aquela sessão. As barras de
ferramentas e de status também compõem o ambiente inicial.

Quando você abre o programa CAPTURE, esta tela (Session Log) pode
aparecer minimizada ou maximizada, como mostra a tela abaixo:

Figura 1 – Tela inicial do CAPTURE-CIS

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Iniciando um Novo Projeto:


➢ Menu File→New Project...
➢ Definir Nome do Projeto Tipo do Projeto Local a ser Salvo→OK

Figura 2 – Nomeando e salvando um novo projeto

Opção a escolher:

➢ Analog or Mixed Signal Circuit Wizard: permite fazer a simulação


utilizando o SPICE.

Definindo Bibliotecas:

Uma grande vantagem do Orcad 9.2 em relação a sua versão anterior é que ele
carrega automaticamente as bibliotecas mais utilizadas. Para isso basta nós escolhermos
a seguinte opção Simple_all_libs.opj na tela da figura 3

Figura 3 – Carregando as bibliotecas mais utilizadas

Você pode incluir outras bibliotecas depois de começar o projeto.

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Assim feito, iremos entrar na Área de Trabalho, na qual constará todos os


detalhes do projeto.

Figura 4 – Tela da área de trabalho do Orcad 9.2

Ambiente de Trabalho:
Gerenciador de Projetos→ Cada projeto iniciado possui uma janela
independente, o que permite o gerenciamento simultâneo de vários projetos na mesma
sessão e o controle, de forma reunida e organizada, de todas as informações necessárias
a cada projeto, incluindo: diretórios de esquemáticos, páginas esquemáticas, bibliotecas,
componentes, arquivos VHDL e apresentação de resultados como valores dos materiais
e Netlists.

Diretórios de Gerenciamento
➢ Design Resources: Recursos do Projeto como esquemáticos e
bibliotecas.
➢ Outputs: Arquivos de Saída e Resultados.
➢ Pspice Resources: Recursos do Pspice como arquivos, modelos e
simulações.

Como estamos começando um novo projeto, a tela que irá aparecer será onde
iremos desenhar o circuito a ser simulado, chamada SCHEMATIC1: PAGE1.

Para nosso primeiro exemplo simularemos um circuito muito simples chamado


Ceifador Polarizado, onde são utilizados apenas um resistor, um diodo ,uma fonte
linear e uma fonte de tensão senoidal. Para a segunda análise iremos utilizar em vez de
uma fonte senoidal uma fonte de tensão de onda quadrada.

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Figura 5 – Tela com o circuito teste

Na figura 5 podemos ver a Área de Trabalho, onde se encontram todos os


componentes utilizados na simulação.
Para simplificar falaremos um pouco da Área de Trabalho. Na barra do lado
direito da Área de Trabalho existe um menu que contém todos os comandos do menu
Place. No qual estão os componentes, conexões, plano de terra e outras utilidades.
Na figura 6 podemos verificar este menu e logo abaixo a descrição de cada
comando.

Figura 6 – Barra de menus

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Descrição de Cada Ferramenta

➢ PART = insere componente


➢ WIRE = desenha a conexão
➢ BUS = desenha um barramento
➢ JUNCTION = coloca uma junção
➢ BUS ENTRY = conexão com o barramento
➢ NET ALIAS = labels em nós
➢ POWER = alimentação
➢ GROUND = terra
➢ OFF-PAGE CONECTOR = conector <<C
➢ NO CONNECT = indicar pino não conectado.
➢ FIGURAS = figuras geométricas
➢ PLACE TEXT = inserir texto

Inserindo e Conectando Componentes de uma Biblioteca:

➢ Menu →Place→Part…
➢ Selecionar a biblioteca que contenha o componente desejado e em
seguida selecioná-lo para que seja visualizado→OK.
➢ As bibliotecas podem ser adicionadas ou retiradas da lista de seleção
conforme a necessidade do usuário. Vale lembrar que as bibliotecas que
devem ser usualmente utilizadas, estão localizadas no seguinte diretório:
C:\ →Program Files →Orcad →Capture →Library →PSpice...

A figura 7 mostra o aspecto da caixa de diálogo do comando Place Part.

Figura 7 – Caixa de diálogo Place Part

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Após este passo iremos selecionar os componentes utilizados na simulação.

➢ V1=Fonte DC →Place Part →VDC


➢ V2=Fonte AC →Place Part →Vsin
➢ D1=Diodo → Place Part →D1N4007
➢ R=Resistor → Place Part →R →R/ANALOG
➢ Ground(Terra) →Menu Lateral →Place GND →0/SOURCE

Tendo sido escolhido todos os componentes, agora é hora de interliga-los, para


isso temos que clicar sobre o comando Place Ware.
Estando todos os componentes interligados, devemos, agora configurar os
parâmetros da fonte DC, da fonte AC, e do resistor.
Para configurá-los devemos dar um duplo click sobre o componente e atribuir os
parâmetros necessários.
Sendo assim:
➢ Para o resistor R1 devemos atribuir o valor de 10K, no campo
VALUE.
➢ Para a fonte V1 devemos atribuir o valor de 10V no campo DC.
➢ Para a fonte V2 devemos atribuir os valores de 60 no campo FREQ,
0(zero) nos campos DC e VOFF, 30 no campo VAMPL.

A figura 8 mostra um resumo dos parâmetros das fontes do OrCAD.

Figura 8 – Principais parâmetros das fontes do Orcad

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Após o circuito estar devidamente conectado entre os seus componentes,


podemos simular o circuito, para isso, devemos clicar em New Simulation Profile, no
menu PSPICE, na barra do menu superior.

Figura 9 – Criando uma nova simulação

Então é aberta uma caixa de diálogo, onde deve ser dado um nome para a
simulação, colocaremos “Ceifador” sem as aspas.
Logo após irá se abrir outra caixa de diálogo com os parâmetros de simulação
que devem ser ajustados.

Figura 10 – Caixa de diálogo do Simulations Settings

No parâmetro Run to Time deve-se colocar o tempo que o programa irá gravar
as informações do circuito. Este tempo deve ser suficientemente grande para que o
circuito possa atingir o seu regime permanente. Observe que este tempo varia de
circuito para circuito.

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No parâmetro Start Saving Data After deve-se colocar 0(zero) quando quiser
que o programa comece a gravar os dados no mesmo instante que se iniciar a simulação.
No parâmetro Maximun Step Time costuma-se colocar um tempo de
aproximadamente 0.0001s, o que nos dá maior precisão.
Assim feito, devemos agora rodar a simulação clicando na seta azul no canto
superior esquerdo ou indo no menu PSPICE→RUN.
Em seguida na figura 11aparece a janela principal do Pspice A/D onde podemos
observar os
procedimentos realizados pelo programa durante a simulação.

Figura 11 – Tela do simulador Pspice A/D

Teremos então a resposta do sistema conforme figura 12

Figura 12 – Resultado da simulação do circuito ceifador

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Agora simularemos um exemplo de aplicação de um transformador. Iremos


simular uma fonte de tensão linear, utilizando como elemento regulador um diodo
zener. Esta fonte será a mesma utilizada no programa Multisim 2001.
O processo de montagem é o mesmo dos circuitos anteriores. A fonte Vsin foi
configurada com os valores abaixo.

Figura 13 – Parâmetros do Vsin

Para os demais valores não serão atribuídos valores. Temos então, na próxima
figura, o circuito esquemático e os gráficos correspondentes aos pontos examinados.
Podemos observar que o desenho do circuito é praticamente o mesmo.
Observações:

➢ O resistor R3 é necessário porque senão o programa acusa erro, alegando


loop no indutor. O trafo pode ser encontrado na biblioteca ANALOG ->
XFRM-LINEAR.
➢ Os parâmetros do trafo são L1-VALUE, L2-VALUE e COUPLING.
L1-VALUE no caso foi usado L1-VALUE=100, L2-VALUE = 1 e para
COUPLING também foi escolhido 1 (acoplamento unitário).

Figura 14 – Parâmetros do transformador

Figura 15 – Esquemático da fonte linear

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Figura 16 – Ondas de corrente, tensão no primário e secundário e tensão antes do


transistor e na carga

Se forem feitos os cálculos das correntes e tensões, poderá ser visto que os
mesmos irão bater com os valores demonstrados no gráfico acima, onde são mostrados
as tensões da fonte Vsin (V(R3:2,0)), a tensão do secundário do transformador
(V(D1:2,TX1:4)), a tensão sobre os capacitores retificadores (V(R1:2,0)), a tensão
sobre o resistor de carga (V(R2:2,0)) e a corrente em plena carga (-I(Rcarga)).

Dando continuidade ao nosso curso, iremos simular um circuito digital, onde


serão apresentados novos componentes e recursos disponíveis no Orcad 9.2.
Este circuito é composto de portas lógicas da família 74xx, que são fabricadas
com a tecnologia TTL(Transistor Transistor Logic). Para estes circuitos o nível
lógico alto é reconhecido para tensões acima de 2.0V, e para nível lógico baixo uma
tensão menor que 0.8V.

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Vejamos o circuito abaixo:

Figura 17 – Circuito Somador

Figura 18 – Formas de onda da saída do somador

Assim, podemos ver que tanto para circuitos analógicos quanto para circuitos
digitais os programas de simulação são muito úteis, possibilitando economia de tempo e
de dinheiro, pois são montados no ambiente de trabalho do computador, e não
precisamos comprar componentes para realizar a simulação, fora que, se errarmos, é só
refazer os cálculos ou conexões e simularmos novamente.

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E, para finalizarmos esta primeira parte do curso, iremos simular um


amplificadora transistor com polarizado por divisor de tensão. Da mesma forma como
nos outros circuitos, disporemos os componentes e iremos fazer as conexões.
A figura 19 mostra tal circuito.

Figura 19 – Circuito amplificador e respectivas formas de onda de entrada e saída

Para esta parte do nosso curso os objetivos já foram alcançados. Nosso objetivo
era promover uma familiarização com o programa de simulação disponível em nosso
laboratório de informática. Esperamos que os alunos,doravante, possam ter a capacidade
de simular qualquer circuito eletrônico utilizando o software visto neste curso, na
medida da capacidade do programa.

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Com isso, iremos agora dar início à ultima parte do curso: a elaboração de placas
de circuito impresso mediante a captura do esquema do circuito no programa OrCAD
CAPTURE CIS.

Projetos de Placas de Circuito Impresso Utilizando o Software OrCAD


CAPTURE CIS e o OrCAD Layout.

Tem este texto, o objetivo de iniciar o aluno na elaboração de lay-out de projetos


eletrônicos para Placas de Circuito Impresso (PCI) utilizando o programa OrCAD
CAPTURE CIS e o OrCAD Layout.

O desenvolvimento dos projetos eletrônicos surgem a partir da caracterização de


um problema ou idéia, identificando os parâmetros de entrada e os parâmetros ou metas
a serem obtidas como resultado. Isto é visualizado através de diagramas de blocos para
facilitar a escolha das ferramentas e/ou metodologias a serem adotadas em busca da
solução, até chegar no projeto eletrônico.

Todo projeto eletrônico começa com um rascunho a mão, passa por um estágio
de simulação, chegando a montagem em protoboard ou wire-wrap, onde é verificado
através de instrumentação apropriada se os níveis de sinais medidos correspondem aos
previstos durante o projeto. Caso os objetivos não sejam alcançados o projeto é
reformulado e recomeça tudo até atender as metas.

Neste ponto, passamos a um novo estágio que é a de confecção da placa


definitiva e posteriormente a documentação do projeto.

Atualmente existem várias ferramentas de software para trabalhar em todos estas


etapas: Simulação, Elaboração de lay-out de PCI e Documentação do projeto.

Neste momento apresentaremos alguns conceitos básicos e macetes para


elaboração de lay-out de PCI. A seguir vamos descrever alguns termos técnicos que são
utilizados por fabricantes de componentes, empresas especializadas em PCI e alunos
profissionais que trabalham com isso:

TERMOS TÍPICOS

➢ Placa ou Board

Local onde os componentes eletrônicos( resistores, capacitores, circuitos


integrado, etc) serão soldados ou fixados. Atualmente os modelos mais comuns são:
fibra de vidro e fenolite.

As placas de fibra de vidro são utilizadas pelas indústrias por serem mais
onerosa, e são indicadas para produção em grandes quantidades.

Para as placas de fibra de vidro o usuário entrega o projeto ou arquivo do lay-


out com todas as especificações requeridas no projetado, e a indústria devolve a placa

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pronta, restando ao usuário tão somente, o trabalho de colocar os componentes e soldar.


Neste tipo de placa pode-se trabalhar com multi-layer.

Um exemplo típico é uma placa mãe de computador que normalmente trabalha


com 6 layer: Top + Botton + 4 camadas internas.

As placas de fenolite são encontradas virgens no comércio em face simples ou


dupla fase, e em diversos tamanho: 15x15cm, 25x20, 30x40, 160x110cm. .O processo
de preparação da placa, silkscreen, tratamentos químicos, perfuração dos PAD’s, etc...
também é feito pelo usuário.

➢ Processo de Soldagem

É o processo de fixação mecânica e elétrica do componente na placa. Este
processo pode ser manual ou mecânico.

O processo mecânico ocorre em processo industrial onde existe um tanque de


solda já em temperatura ideal e as placas são colocadas no tanque já com componentes
pré-colocados no lugar. Ao retirar a placa do tanque todos os componentes já estão
soldados, restando apenas fazer acabamento com um tratamento químico.

No processo manual a regra básica é a de que tanto o dispositivo soldador como


o material a ser soldado devem estar aquecidos à temperatura que permita o
derretimento da solda. A limpeza também é fundamental para uma boa soldagem. A
solda não adere em superfícies sujas, graxentas ou oxidadas. Os metais, quando
aquecidos, tendem a oxidar rapidamente e o óxido deve ser removido antes da operação
de soldagem. A oxidação, ferrugem e sujeiras podem ser removidas por meios
mecânicos tais como raspagem ou corte com um abrasivo ou por meios químicos.

As películas de graxa ou óleo podem ser removidas com um solvente adequado.


A limpeza deve ser feita imediatamente antes da operação.

Os componentes a serem soldados deverão ser normalmente estanhados antes de


se fazer a conexão mecânica.

A solda deve ser aplicada nas partes a serem soldadas evitando contato direto
com o ferro de solda. A ação de estanhar deve cobrir apenas a área necessária. A
estanhagem ou soldagem de fios sujeitos a flexão produz rigidez nos mesmos e pode
quebrá-los quando submetidos a vibração.

As superfícies estanhadas a serem soldadas devem ser ajustadas e


mecanicamente unidas de maneira a fazerem bom contato mecânico e elétrico. Não
deve ocorrer movimento relativo entre as partes por ocasião da soldagem. Qualquer
movimento resultará em uma conexão soldada com falha.

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➢ Solda

Os três graus de composição da solda geralmente usados nos trabalhos elétricos


são 40-60, 50-50 e 60-40.

O primeiro número indica a percentagem de estanho enquanto o outro indica a


percentagem de chumbo. Quanto maior a percentagem de estanho, menor será a
temperatura de fusão, mais fluida fica a solda e menor o tempo para solidificar e mais
fácil a operação de soldagem.

➢ Trilha ou linha

É o caminho feito na PCI para interligação entre componentes e outras trilhas.


Existe trilhas em um mesmo layer ou nível, por exemplo a face de baixo da placa
(BOTTON), e trilhas de interligação de layers através das vias e pads.

➢ PAD ou Ilha

São os furos das placas onde são alojados os pinos ou pernas dos componente da
placa. Para um capacitor deverão existir dois PAD’s para acomodá-lo e posterior soldar.
Para um transistor teremos três PAD’s. Para os componentes SMD (Montagem de
superfícies) não há necessidade de perfurar a placa.

➢ VIA

Trata-se de uma abertura para interligação entre dois layers. No caso da placa de
um computador podemos ter ligações entre layers e não necessariamente um furo
completo na placa (tipo o PAD).

➢ ARQUIVO NET LIST

É um arquivo texto que descreve todos os componentes de um lay-out, bem


como, todas as suas ligações. Existem duas partes distintas neste arquivo: descrição dos
componentes e descrição das ligações ou nets.

➢ LAYER TOP

É a camada para interligação dos componentes correspondente a parte superior


da PCI. Esta camada é chamada de lado dos componentes. No caso de PCI de fenolite,
face simples, nesta camada não existirá nenhuma trilha e solda.

➢ LAYER BOTTON

É a camada para interligação dos componentes correspondentes a parte inferior


da PCI, também chamada de camada de solda. Nas placas de face simples apenas esta
camada é utilizada, onde são feitas toda as soldas.

Como já foram feitos alguns projetos na parte anterior do nosso curso, iremos
confeccionar algumas placas de circuito de alguns desses circuitos.

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O esquemático para a implementação de um layout é feito no mesmo programa


que se faz a simulação do PSPICE, o CAPTURE CIS.

Para iniciarmos nosso trabalho iremos carregar, para primeiro exemplo o arquivo
da fonte regulada a zener.

Os Menus são iguais aos da simulação. Neste estágio cria-se o circuito que
deseja-se rotear. Lembre-se, aqui não vai fonte, esta é substituída por conectores, pois o
programa não consegue reconhecer o símbolo da fonte como um componente real.
Como estamos implementando a mesma fonte utilizada para simulação as
resistências(carga) também são substituídas por conectores (a carga que queremos
alimentar é o circuito externo).

Todos os componentes devem possuir um nome para se referenciar a uma


footprint. Para mudar ou adicionar este nome basta que seja dado um duplo click sobre
o componente que deseja-se editar e realizar a operação.

Para facilitar nosso trabalho, iremos fazer uma adaptação. Como o


transformador é acoplado por meio de fios ao circuito, podemos apenas colocar um
conector para substituir o secundário dos transformador, evitando assim, que seja
realizado a operação de criação de um footprint para este componente.

Finalizadas todas as modificações iremos agora gerar o NETLIST deste


circuito. Para isto visualize a tela do PCB e clique sobre o design
(Nome_do_arquivo.dsn). Este procedimento habilita no Menu Tools a opção Create
Netlist.

O circuito terá o seguinte aspecto:

Figura 20 – Preparação para a geração do NetList

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Para gerar a NETLIST clique em:

➢ Menu→Create Netlist

Figura 21 – Gerando o Netlist

As opções abaixo são as mais indicadas para se gerar uma Netlist:

Figura 22 – Opções de geração do Netlist

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Caso não exista erro o arquivo Netlist gerado poderá ser visualizado na pasta
Outputs.

Figura 23 – Pasta de saída do Netlist

Após terminado o esquemático e gerado o Netlist deve-se acessar a ferramenta


Layout Plus.
O Layout Plus é a ferramenta que é utilizada para gerar a PCI, aqui é que serão
definidos os footprints dos componentes, tamanho da linha, planos de terra...

Clique em:
➢ File →New para criar um novo Layout de placa.

TEMPLATE: define propriedades da


placa que está sendo confeccionada,
entre elas a largura da linha, distância
entre elas e grids do roteamento. Para a
maioria dos casos o uso do DEFAULT
é o mais aconselhável

Localize o arquivo Netlist gerado


no Capture. Selecione o arquivo e
clique em Open.

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A próxima tela refere-se ao arquivo


da PCI (*.MAX). Escolha o
diretório, nome do arquivo e clique
em Save.

Caso o footprint do componente não seja


encontrado o AutoECO acusará. Deve-se
então ligar o componente a um footprint.
Observe que o programa não encontrou o
footprint do componente D4 cujo
footprint é o DO-41. Por este motivo é que
é importante sabermos os nomes de alguns
envólucros(footprint) de alguns Caso não haja algum footprint de
componentes. algum componente deveremos
cria-lo, clicando na opção
“Create or modify footprint
library...”. Mais adiante iremos
dar um exemplo de criação de
footprint.

Ao final disto ou caso todos os footprints estiverem corretamente ligados aos


respectivos componentes o circuito da placa é automaticamente carregado.

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Figura 24 – Disposição inicial dos componentes

O próximo passo será organizar os componentes. Para isso desabilite o


ONLINE DRC e habilite a ferramenta COMPONENT TOOL. Logo após, clique
sobre o componente e o arraste dando um novo clique sobre o local onde se deseja
deixar o componente.

➢ O Component Tool possibilitará trabalhar com os componentes;


➢ O DRC (Check Design Rules) desabilitado possibilitará maior facilidade para
mover o componente.

Para girar os componentes tecle a letra “R”.

Após a conclusão da execução deste processo, todo o trabalho realizado deve ser
verificado. Neste exemplo podemos verificar um problema que não foi possível ser
solucionado por falta de literatura para base. O problema foi que, no netlist os diodos
apareceram invertidos, como pode ser verificar na figura 25, mas com um pouco de
percepção podemos contornar a situação.

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TIP-41

Figura 25 – Verificando alguns erros durante o processo

Repare que nos diodos D1 e D2 os seus catodos estão conectados ao conector


J1, onde na verdade deveriam estar conectados ao ponto de maior potencial, ou seja, no
ponto onde está o coletor de Q1(pino 2). Repare também que nos diodos D3 e D4 os
seus anodos estão conectados aos catodos de D1 e D2. O diodo zener D5 também está
invertido.
Podemos verificar também este problema ao analisarmos as conexões dos
terminais do transistor Q1, onde o coletor(pino 2) deveria estar conectado a net de
maior potencial.
Para solucionarmos este problema só devemos rotacionar os diodos D1, D2, D3
e D4 de forma a termos o potencial positivo para cima e o potencial negativo para
baixo, como podemos ver na figura abaixo.

Figura 26 – Contornando o problema verificado

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Reparem que agora a simbologia dos diodos está invertida, porém as conexões
estão corretas, neste caso, isto é o que importa.

O próximo passo será delimitar a placa, para isso selecione a ferramenta


obstacle tool, clique no ponto inicial e nos outros pontos de vértice definindo assim a
área de trabalho.

Figura 27 – Delimitando a área da placa

Precisa-se agora escolher quais serão os layers utilizados no roteamento, para


isso clique em View Spreadsheet e escolha a opção Layers.

Além dos
Layers Top e Bottom
o OrCad apresenta
mais de 10 layers que,
caso você não os
desabilite, serão
utilizados no
roteamento.

Figura 28 – Configuração dos Layers que serão utilizados no roteamento

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Figura 28 – Caixa de diálogo da configuração dos layers

Clique duas vezes sobre os layers que se deseja desabilitar e em Layer Type
escolha a opção Unused Routing.

Figura 29 – Configurando os Layers

Neste exemplo será utilizado, inicialmente, somente o layer de Bottom (layer


que representa a face de baixo do circuito). Então:

Figura 30 – Layers utilizados

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Terminada a seleção dos layers clique novamente em View Spreadsheet e


selecione Nets.

Figura 31 – Configurando as Nets

Na janela mostrada abaixo será possível alterar os Nets. Dê um duplo clique


sobre Net Name e todas as Nets serão selecionadas e editadas.

Figura 32 – Configuração das Nets para uma espeçura de 50 Mils

Coloque o tamanho das Nets.


O tamanho de Net usual é 12,
porém este é um circuito de potência e
necessita de uma maior Net para a
condução da corrente. Este valor será de
50.

Figura 33 – Tela de configuração das Nets

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Clicando sobre Net Layers, uma nova tela é aberta (Layers Enabled for
Rounting). Esta tela indica os layers habilitados para cada Net. No momento somente o
layer bottom estará habilitado.

O próximo passo é selecionar a


opção Net Reconn..., a tela Reconnection
Type se abrirá, a opção mais completa é a
Reconexão Dinâmica

No botão Width By Layer... se é capaz de


impor um determinado valor pra o Net. Aqui não
iremos impor nenhum valor.

O próximo passo é selecionar a


opção Net Spacing... A tela Net Spacing By
Layer se abrirá. Escreva a distância entre os
Nets para o layers de Bottom. O valor usual
é 12, mas colocaremos 30mils para o caso de
implementarmos a PCI manualmente.

Pronto!!! Com isso foram finalizados os ajustes de Net

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Pronto. A sua placa está pronta para se roteada.

Figura 34 – Placa pronta para ser roteada

Agora clique em:

➢ Auto→Autoroute→Board

Ao término deste processo o Orcad mostrará uma mensagem informando sobre


o fim do roteamento.
Perceba que a placa foi
roteada apenas no layer Bottom e
que nenhuma linha cruzou sobre as
áreas delimitadas

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Eletrônica de Potência - UFMT Prof. Drº José Antônio Lambert

Porém, perceba que há alguns Nets que formam um ângulo de 90º, o que não é
muito bom. Para eliminarmos isso e algumas outras rotas estranhas clicamos em:
➢ Auto →Cleanup Design
Perceba a diferença.

Para redesenhar olayout vá em:


➢ Auto →Refresh→All

Para verificar as estatísticas


do roteamento vá em View
Spreadsheet →Statistics

Voltaremos nossa atenção agora para o plano de terra. O Plano de Terra ou


Malha de Terra é muito importante, principalmente em circuito analógico, onde é
utilizado para reduzir o ruído prejudicial ao circuito. Primeiramente selecione Obstacle
Tool.

Vá até a área de trabalho, e demarque a área do plano de terra, através do mesmo


procedimento utilizado na delimitação da placa.

Figura 35 – Aplicando uma malha de terra

O quadro abaixo deverá aparecer, escolha:

➢ Obstacle Type (tipo de obstáculo) →Copper Pour (área de cobre)


➢ Width (Largura) →12
➢ Obstacle Layer (Superfície do Obstáculo) →Bottom
➢ Net Attachment (malha conectada) →0 (ground)
➢ Clique com o botão direito sobre o limite do Plano de Terra e escolha a
opção Properties

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Eletrônica de Potência - UFMT Prof. Drº José Antônio Lambert

O quadro abaixo deverá aparecer, escolha:

➢ Obstacle Type (tipo de obstáculo) →Copper Pour (área de cobre)


➢ Width (Largura) →12
➢ Obstacle Layer (Superfície do Obstáculo) →Bottom
➢ Net Attachment (malha conectada) →0 (ground)

Veja o resultado para as escolhas feitas:

Figura 36 – Placa com malha de terra

103
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Caso se queira modificar manualmente algum segmento selecione a ferramenta


Edit Segment Mode, clique uma vez sobre o segmento e o arraste para o local
desejado.

Figura 37 – Detalhe para edição manual das trilhas (Nets)

Com a placa finalizada vamos agora criar relatórios, para isso vá em:
➢ Auto →Create Reports

Veja que é possível fazer vários relatórios. Selecione os desejados e clique em


OK. Os arquivos estarão no mesmo diretório da placa.

Lista de
Componentes

Estatísticas

Figura 38 – Campo de seleção das inforlaçoes do relatório

104
Eletrônica de Potência - UFMT Prof. Drº José Antônio Lambert

Vamos agora ver as possibilidades de impressão. Para imprimir vá em...


➢ Options →Post Process Settings

Figura 39 – Procedimentos para impressão

No quadro abaixo selecione o layer de Bottom, clique com o botão direito e


selecione Properties.

Na janela aberta
faça as alterações
necessárias para o
modo de
impressão.

Figura 40 – Configuração para impressão

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Bibliografia

- Apontamentos da aula de Eletrônica de Potência ministrada


pelo professor Lambert.

- Learning Capture e Learning Layout, Tutoriais dos


programas Capture CIS e Layout Plus.

- MEHL, Ewaldo Luiz de Mattos, Experiência da UFPR no


uso do programa SPICE para o ensino de engenharia
elétrica. Trabalho apresentado no 10º Congresso Brasileiro
de Ensino de Engenharia - João Pessoa, Novembro de 1991.

- Ribeiro, Nilo Sérgio Soares, CURSO BÁSICO


INTRODUTÓRIO AOS PROGRAMAS DE SIMULAÇÃO
ORCAD – PSPICE RELEASE 9.0 E MULTISIM 2001 –
CUIABÁ, 2003.

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