33O matrimônio é mais outra relação que requer sujeição a um
chefe. Por isso, Pedro relaciona sua consideração da sujeição da esposa com a sua admoestação anterior sobre a sujeição debaixo de condições adversas, começando com a palavra grega que significa “da mesma maneira”. Lemos: “Da mesma maneira vós, esposas, estai sujeitas aos vossos próprios maridos, a fim de que, se alguns não forem obedientes à palavra, sejam ganhos sem palavra, por intermédio da conduta de suas esposas, por terem sido testemunhas oculares de sua conduta casta, junto com profundo respeito.” — 1 Pedro 3:1, 2. 34A situação mencionada aqui, em que as esposas cristãs são exortadas a estarem em sujeição, é desfavorável. Quando o marido não aceita os princípios da Palavra de Deus, pode tornar a vida muito difícil para a esposa cristã, sendo duro e desarrazoado nos tratos com ela. Mas isto não a desculpa de não agir em harmonia com o fato de que o marido é o chefe da família. Portanto, sempre que os pedidos dele não entrem em conflito com a lei divina, a esposa cristã deve querer fazer o máximo para agradar ao marido. 35 Conforme salientou o apóstolo Pedro, o exemplo excelente dela pode ajudar o marido a se tornar crente. Ganhar a esposa assim seu marido “sem palavra” não significa, porém, que ela nunca compartilharia com ele idéias bíblicas, mas ela deixaria que suas ações louváveis falassem ainda mais alto do que as palavras. O marido poderia assim ver que a conduta de sua esposa é casta ou pura em palavra e em atos, e que ela o respeita profundamente. 36Aquilo que o apóstolo Paulo escreveu sobre as mulheres fornece ainda mais pormenores quanto a que se pode esperar da esposa cristã. Ele diz na sua carta a Tito: “As mulheres idosas sejam reverentes no comportamento, não caluniadoras, nem escravizadas a muito vinho, instrutoras do que é bom, a fim de fazerem as mulheres jovens recobrar o bom senso para amarem seus maridos, para amarem seus filhos, para serem ajuizadas, castas, operosas em casa, boas, sujeitando-se aos seus próprios maridos, para que não se fale da palavra de Deus de modo ultrajante.” — Tito 2:3-5. 37 De acordo com esta admoestação, a mulher deve procurar conscienciosamente comportar-se de maneira que mostre seu apreço pelo fato de todo o seu proceder na vida estar sob a vista de Jeová Deus e do Senhor Jesus Cristo. Ela se empenhará arduamente em usar sua língua para edificar e estimular outros, não para recorrer à calúnia ou à tagarelice prejudicial. Certamente é própria a moderação na comida e na bebida. Como esposa e mãe, a mulher cristã deve ser exemplar no seu amor, cuidando de que faça a sua parte em prover refeições nutritivas e em tornar o lar um lugar limpo e agradável. O amor ao marido e aos filhos inclui estar disposta a colocar os interesses da família à frente de seus próprios. O marido não deve poder encontrar evidência de que sua esposa negligencia seriamente os seus deveres. Mas deve poder ver que ela, quando comparada com as mulheres incrédulas, é deveras exemplar. CONCEITO EQUILIBRADO SOBRE O ADORNO 38 É também importante que a esposa mantenha o adorno na perspectiva correta. O apóstolo Pedro salientou que a esposa cristã não deve colocar a ênfase principal em tornar-se atraente por meio de adorno ostentoso. Ele disse: “Não seja o vosso adorno o trançado externo dos cabelos e o uso de ornamentos de ouro ou o trajar de roupa exterior.” (1 Pedro 3:3) No primeiro século E. C., as mulheres gastavam muito tempo e esforço em trançar seu cabelo comprido em estilos complexos para atrair a atenção, inclusive em forma de harpas, trombetas, grinaldas e coroas. Além disso, adornavam-se com vestimenta muito suntuosa e uma abundância de correntinhas, anéis e braceletes de ouro. Para a mulher cristã, tal atenção extrema ao adorno físico era imprópria, visto que podia sugerir que seu principal objetivo na vida era sua própria pessoa, em vez de ser agradável a Jeová Deus e ao Senhor Jesus Cristo. Além disso, as mulheres que vivem principalmente para a ostentação ou a moda costumam cair vítimas do orgulho, da inveja e da procura de posição social, o que priva a mente e o coração do espírito de calma, produzindo frustração e irritação. 39 Todavia, isto não significa que a esposa cristã deve dar pouca atenção à sua aparência. Aconselhando de modo similar contra a vestimenta ostentosa, o apóstolo Paulo disse também: “Desejo que as mulheres se adornem em vestido bem arramado, com modéstia e bom juízo.” (1 Timóteo 2:9) Por isso, a esposa cristã fará bem em cuidar de não apresentar uma aparência desleixada ao seu marido, por ser negligente quanto à sua maneira de se vestir e pentear, e na sua aparência física. Outrossim, a Bíblia diz que “a mulher é a glória do homem”. (1 Coríntios 11:7) É evidente que uma mulher preguiçosa e desleixada não dá crédito ou glória ao marido. Ela rebaixa a aparência dele aos olhos dos outros. E se o marido se orgulhar razoavelmente de sua própria aparência, sua esposa, pelo relaxamento dela, pode ser causa de muita irritação. Portanto, é bem desejável que o vestido e o adorno da mulher cristã indiquem que ela tem bom senso na escolha daquilo que é modesto ou decente, e apropriado para a sua pessoa. O “ESPÍRITO QUIETO E BRANDO” 40 No entanto, a verdadeira beleza da esposa cristã está naquilo que ela é no coração. O apóstolo Pedro exorta sabiamente que o adorno dela “seja a pessoa secreta do coração, na vestimenta incorrutível dum espírito quieto e brando, que é de grande valor aos olhos de Deus”. (1 Pedro 3:4) Este “espírito quieto e brando” não deve ser confundido com uma aparência superficial de doçura. Por exemplo, a mulher talvez fale de modo suave e se sujeite meigamente, em palavras, aos desejos do chefe da família. Mas, no coração, ela talvez procure dominar seu marido por ser rebelde, ardilosa e manhosa. 41 No caso da mulher que realmente tem o “espírito quieto e brando”, este espírito humilde reflete o que ela realmente é no íntimo. Como pode a mulher saber se tal “espírito” faz parte de seu adorno permanente? Ela poderia perguntar a si mesma: ‘O que acontece quando meu marido, em certas ocasiões, não mostra consideração, é desarrazoado ou se esquiva de suas responsabilidades? Fico amiúde exaltada, enfurecendo-me e criticando-o duramente pelas suas falhas? Ou costumo manter-me calma por dentro, evitando um confronto aberto?’ A mulher que tem “espírito quieto e brando” não parece apenas por fora pacífica, quando, realmente, no íntimo, é como um vulcão ativo, prestes a explodir. Não, ela procura manter-se calma e serena nas circunstâncias provadoras, tanto por fora como no íntimo, causando nos observadores uma profunda impressão pela força íntima que mostra ter e pela maneira bondosa com que se comporta. Tal “espírito quieto e brando” distinguia as mulheres tementes a 42
Deus nos tempos pré-cristãos. Chamando atenção para isso, o apóstolo
Pedro escreveu: “Pois assim se costumavam adornar também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, sujeitando- se aos seus próprios maridos, assim como Sara costumava obedecer a Abraão, chamando-o de ‘senhor’. E vós vos tornastes filhas dela, desde que persistais em fazer o bem e não temais qualquer causa para terror.” — 1 Pedro 3:5, 6. 43 Sara, como uma das “santas mulheres” dos tempos pré-cristãos, depositava sua esperança e confiança em Jeová. Dessemelhante da esposa de Ló, que olhava almejantemente para trás, para Sodoma, e pereceu por isso, Sara abandonou voluntariamente os confortos de Ur e passou a viver em tendas com seu marido, Abraão, durante o resto de sua vida. Junto com Abraão, aguardava uma moradia permanente sob o governo divino. (Hebreus 11:8-12) Sara certamente não dava importância demais aos bens e confortos materiais. Vivia dum modo que revelava um conceito espiritual. Sara reconhecia que Deus a recompensaria ricamente por ocasião da ressurreição. De maneira similar, as mulheres cristãs de hoje tomam sabiamente por objetivo principal na vida agradar a Jeová Deus. — Veja Provérbios 31:30. 44 A bela Sara tinha profundo respeito pelo seu marido. Quando certa vez chegaram visitantes inesperados, Abraão não se sentia hesitante em dizer a sua fiel companheira: “Depressa! Apanha três seás [22 litros] de flor de farinha, amassa-a e faze bolos redondos.” (Gênesis 18:6) Naquele mesmo dia, Sara chamou Abraão de seu “senhor”. Visto que fez isso no íntimo e não aos ouvidos de outros, mostra claramente que ela, no coração, estava submissa a seu marido. — Gênesis 18:12. 45Todavia, Sara não era mulher de personalidade fraca. Quando notou que Ismael, filho da escrava egípcia Agar, ‘caçoava’ de seu próprio filho Isaque, Sara falou resolutamente a Abraão, dizendo: “Expulsa esta escrava e o filho dela, pois o filho desta escrava não vai ser herdeiro com o meu filho, com Isaque!” Mas, que ela estava fazendo um apelo vigoroso a Abraão, não demandando ou ordenando de modo impróprio, é demonstrado por Jeová ter aprovado o pedido de Sara. O Todo-poderoso notou que o apelo fora feito no espírito correto e orientou Abraão para que o executasse. — Gênesis 21:9-12. 46 Do mesmo modo, a submissa mulher cristã não precisa ser fraca ou irresoluta. Pode expressar conceitos pessoais, específicos, e tomar a iniciativa em cuidar de certos assuntos de importância para a felicidade da família. Mas, ela se esforçaria a lembrar-se dos desejos e sentimentos do marido, deixando-se guiar por eles ao fazer compras, decorar o lar ou cuidar de outros afazeres domésticos. Se não tiver certeza do que ele pensa sobre determinada atividade ou grande compra, ela poderá evitar problemas por consultá-lo antes Quando procura desincumbir-se de seus deveres como esposa, dum modo que agrade a Deus, ela agradará também ao marido, não lhe dando nenhum motivo válido para crítica Tal esposa costuma obter uma posição honrosa e digna na família Sua situação mostra ser similar à da esposa capaz descrita em Provérbios 31:11, 28: “Nela confia o coração do seu dono . . . Seus filhos se levantaram e passaram a chamá-la feliz; seu dono se levanta e a louva “ O marido que confia em que sua esposa aja sabiamente e não ponha em perigo o bem-estar da família não achará necessário estabelecer uma porção de regras destinadas a controlar ações imprudentes. Simplesmente haverá bom entendimento entre eles. Cuidando dos assuntos da família, ela terá prazer em usar sua capacidade e iniciativa de modo pleno. 47 Para ser esposa temente a Deus, no sentido bíblico, a esposa cristã precisa ser diligente e apta para tomar a iniciativa em ajudar outros. De modo que não será uma mulher que virtualmente vive ‘à sombra’ do marido. (Veja Provérbios 31:13-22, 24, 27.) Isto é evidente na descrição das mulheres cristãs que se habilitaram a ser colocadas numa lista especial, no primeiro século E. C. Lemos: “Seja colocada na lista a viúva que não tiver menos de sessenta anos de idade, esposa de um só marido, dando-se dela testemunho de obras excelentes, se tiver criado filhos, se tiver hospedado estranhos, se tiver lavado os pés dos santos, se tiver socorrido os em tribulação, se tiver seguido diligentemente toda boa obra.” (1 Timóteo 5:9, 10) Note que sua reputação de boas obras remontaria ao tempo em que era “esposa de um só marido”. Por isso, não devemos confundir um “espírito quieto e brando” com o que na realidade talvez seja apenas falta de iniciativa e diligência. BENEFÍCIOS DA DEMONSTRAÇÃO DUM ESPÍRITO CRISTÃO 48 Visto que Cristo é ‘o modelo a ser seguido por todos os seus discípulos’, a esposa cristã desejará empenhar-se em se tornar mais semelhante a ele, quando confrontada com circunstâncias desfavoráveis. (1 Pedro 2:21) Isto requer que seja honesta consigo mesma na avaliação de suas palavras e ações. Daí, por considerar com oração o exemplo de Jesus Cristo e por continuar a pedir a Jeová Deus a ajuda de seu espírito, para se tornar esposa melhor, passará a ter a “mente de Cristo” em grau maior. (1 Coríntios 2:16) Seu progresso se tornará evidente aos outros. Isto se dá porque quanto mais pensarmos nas qualidades excelentes e atos louváveis de alguém a quem amamos, tanto mais desejaremos ser semelhantes a ele. 49Mesmo quando o marido mostra falta de consideração, é desarrazoado ou se esquiva da responsabilidade, a esposa pode ter plena confiança em que a aplicação dos princípios bíblicos lhe trará os melhores resultados possíveis nestas circunstâncias. Pouco conseguirá a esposa que fizer uma grande questão por causa de cada decisão errada tomada pelo marido, desconsiderando assim o conselho bíblico de ser submissa. Os humanos estão inclinados a defender-se mesmo quando errados. Portanto, se a esposa ‘criar caso’ sempre que seu marido não usar de bom critério, ela poderá obter uma reação contrária à que procura. Ele talvez fique ainda mais decidido a não fazer caso do que ela diz, só para provar-lhe que não precisa do conselho dela. Por outro lado, se a reação dela mostra a compreensão de que nós, humanos pecaminosos, não podemos inteiramente evitar erros de critério, ele talvez esteja muito mais inclinado a tomar em consideração os pensamentos dela, da próxima vez. Ele achará mais fácil impedir que o seu orgulho fique envolvido demais na questão. 50 Animando assim o marido de maneira bondosa e gentil, a esposa cristã pode induzi-lo a refletir seriamente no modo em que ele se comporta, começando então a fazer mudanças na vida dele. Embora este progresso possa ser vagaroso, a esposa consegue uma recompensa imediata. Qual? A de evitar a enorme tensão emocional, amargura e desgosto a que estaria sujeita pelo confronto aberto com o marido. — Provérbios 14:29, 30. 51 A aderência fiel da esposa às Escrituras, na conduta e na maneira de falar, talvez nem sempre faça com que seu marido incrédulo se torne cristão. Mas, ainda assim ela tem a satisfação de saber que seu proceder é “bem agradável a Deus”. A maneira elogiável com que ela cuida de suas responsabilidades como esposa e mãe faz parte de sua reputação de boas obras, que é como um tesouro armazenado no céu. Este tesouro produzirá muitos juros na forma de bênçãos divinas. (Mateus 6:20) Reconhecendo a importância de manter uma boa posição perante Deus, ela deve ‘persistir em fazer o bem’ e não deve temer qualquer “causa para terror” — qualquer ultraje, ameaça ou oposição que possa resultar por ela ser discípula de Jesus Cristo. Em vez de se entregar ao medo e perder sua relação com Jeová e seu Filho, ela poderá encarar sua experiência como sofrimento pela causa de Cristo. Mostrará assim ser filha da submissa Sara, mulher piedosa de fé. “SEGUNDO O CONHECIMENTO” 52Assim como a esposa tem certos deveres por causa de sua relação com o marido, também o marido tem, por causa de sua relação com a esposa. O apóstolo Pedro lembrou isso aos maridos, usando a palavra grega para “igualmente” ou “da mesma maneira”, para relacionar sua admoestação a eles com o conselho anterior às esposas, dizendo: “Vós, maridos, continuai a morar com elas da mesma maneira, segundo o conhecimento, atribuindo-lhes honra como a um vaso mais fraco, o feminino, visto que sois também herdeiros com elas do favor imerecido da vida, a fim de que as vossas orações não sejam impedidas.” — 1 Pedro 3:7. 53É digno de nota que o inspirado apóstolo, que era homem casado, primeiro traz à atenção que a maneira em que o marido mora ou vive com a esposa deve ser governada pelo “conhecimento”. (Marcos 1:30; 1 Coríntios 9:5) O marido certamente desejará conhecer bem a esposa — os sentimentos, a força, as limitações, os gostos e as aversões dela. Mas, o que é ainda mais importante, deve chegar a conhecer suas responsabilidades como marido cristão. Por realmente conhecer a esposa e também conhecer seu próprio papel designado por Deus, o marido pode ‘continuar a morar com a esposa segundo o conhecimento’. 54 As Escrituras mostram que o marido é cabeça da esposa. Mas não é chefe absoluto, porque precisa sujeitar-se à chefia de Jesus Cristo em tratar dos assuntos familiares. “A cabeça de todo homem é o Cristo”, nos diz a Bíblia. (1 Coríntios 11:3) “Maridos”, escreveu o apóstolo Paulo, “continuai a amar as vossas esposas, assim como também o Cristo amou a congregação e se entregou por ela”. (Efésios 5:25) Portanto, a maneira em que o Filho de Deus trata a congregação cristã serve de modelo para o marido se desincumbir de suas obrigações familiares. Certamente não há nada de tirânico ou cruel na chefia de Jesus Cristo sobre a congregação. Até mesmo deu a sua vida por ela. Portanto, a chefia do marido não lhe dá o direito de dominar a esposa, colocando-a numa posição inferior, rebaixada. Antes, impõe-lhe a responsabilidade de ser abnegado no seu amor, disposto a colocar o bem-estar e os interesses da esposa à frente de seus próprios desejos e preferências. 55 Visto que Jesus Cristo é o perfeito exemplo para os maridos, estes farão bem em se familiarizar com o que ele fez ao lidar com os seus discípulos. O que e mais importante, os maridos devem esforçar-se a se harmonizar com o modelo do Filho de Deus, no cumprimento de suas obrigações familiares. Considere apenas algumas das muitas coisas que Jesus Cristo fez enquanto na terra, ao cuidar de seus discípulos. 56 O Filho de Deus estava genuinamente interessado no bem-estar espiritual de seus seguidores. Mesmo quando foram vagarosos em entender assuntos vitais, não ficou impaciente com eles. Tomou tempo para esclarecer-lhes as coisas e cuidou de que realmente entendessem seu ensino. (Mateus 16:6-12; João 16:16-30) Quando continuaram a ter problemas quanto a ter um conceito apreciativo de sua relação mútua, Jesus repetiu os pontos sobre a necessidade de ministrarem humildemente uns aos outros. (Marcos 9:33-37; 10:42-44; Lucas 22:24- 27) Na última noite que passou com eles, reforçou seu ensino sobre a humildade por lavar-lhes os pés, dando-lhes assim um exemplo. (João 13:5-15) Jesus tomou também em consideração as limitações dos discípulos e não lhes deu mais informações do que podiam compreender na ocasião. — João 16:4, 12. 57 Portanto, o marido cristão poderia perguntar-se: ‘Quão preocupado estou com o bem-estar espiritual da minha esposa e dos filhos? Certifico-me de que realmente entendem os princípios bíblicos? Quando noto atitudes e ações erradas, esclareço-lhes exatamente por que são erradas e por que precisa haver uma mudança? Tomo em consideração suas limitações e cuido de não exigir demais?’ 58 O Filho de Deus estava também atento a observar o que seus discípulos precisavam do ponto de vista físico. Quando os apóstolos, depois duma viagem de pregação, voltaram a Jesus e lhe relataram suas atividades, ele disse: “Vinde, vós mesmos, em particular, a um lugar solitário, e descansai um pouco.” (Marcos 6:31) De maneira similar, o marido cuida sabiamente de que a esposa e os filhos tenham tempo para recreação e revigoramento, interrompendo a rotina regular da vida. 59 No exercício da chefia, Jesus Cristo não restringe os membros da congregação por meio duma lista de regulamentos complicados Deu- lhes ordens e orientações realmente importantes como base para tomarem decisões corretas em lidar com os problemas da vida. Seu amor abnegado, junto com a sua confiança e fé nos discípulos, na realidade ‘compele-os’ a corresponderem com amor igual, fazendo o máximo para agradá-lo. — 2 Coríntios 5:14, 15; veja 1 Timóteo 1:12; 1 João 5:2, 3. 60 De maneira similar, quando o marido mostra que tem confiança na esposa, isso pode contribuir muito para preservar a felicidade no matrimônio A esposa que tem pouca margem para usar de iniciativa em cuidar de suas responsabilidades logo perde a alegria com o seu trabalho. Ela se sente reprimida no uso de seu conhecimento, de seus talentos e suas habilidades, o que resulta em frustração. Por outro lado, quando o marido entrega certos assuntos importantes ao bom critério dela, ela terá prazer em cuidar das coisas da maneira que agrade ao marido. “ATRIBUINDO-LHES HONRA COMO A UM VASO MAIS FRACO” 61 O marido, morando com a esposa segundo o seu conhecimento dela qual pessoa e de suas responsabilidades bíblicas para com ela, também ‘lhe atribuirá honra como a um vaso mais fraco, o feminino’. Visto que a constituição física da mulher lhe impõe maiores limitações físicas do que se costuma dar com os homens, ela é o “vaso mais fraco”. Mas, ela deve ocupar uma posição honrosa e digna na família. As seguintes palavras do apóstolo Paulo ilustram como o marido pode atribuir honra à esposa: “Deste modo, os maridos devem estar amando as suas esposas como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, ama a si próprio, pois nenhum homem jamais odiou a sua própria carne; mas ele a alimenta e acalenta, assim como também o Cristo faz com a congregação.” — Efésios 5:28, 29. 62Os maridos, em geral, não rebaixam suas próprias realizações, fazendo-se parecer incompetentes, nem sujeitam seu corpo a tratamento cruel, nem desconsideram sua necessidade de descanso e recreação. Não querem ter a reputação de serem “imprestáveis”, mas desejam ter uma posição digna aos olhos dos outros. Se o marido realmente for cristão, não zombará de quaisquer fraquezas que a esposa possa ter, nem a rebaixará ou fará sentir-se inferior, menosprezada. Atribuirá à esposa a mesma espécie de dignidade e consideração que quer para si mesmo, fazendo-a sentir-se querida, apreciada e necessária. 63 Para que a esposa ocupe uma posição honrosa no lar, o marido precisa estar disposto a considerar com ela assuntos familiares de maneira calma e razoável, para saber os pensamentos e as idéias dela. A esposa deverá poder expressar-se livremente, com a garantia de que aquilo que diz, na consideração de assuntos sérios, não será prontamente rejeitado, mas receberá a devida consideração do marido. (Veja Juízes 13:21-23; 1 Samuel 25:23-34; Provérbios 1:5, 6, 8, 9.) Além disso, o marido precisa estar atento a observar mais do que apenas a palavra falada. Profundos sentimentos íntimos podem ser revelados pelo tom da voz, pelas expressões faciais, ou pela falta de entusiasmo ou espontaneidade. (Veja Provérbios 15:13.) O marido que chega a conhecer a esposa não desconsiderará tais coisas, nem prosseguirá cegamente com algo que possa criar irritação desnecessária. 64 Naturalmente, como chefe da família, quando o marido está cabalmente convencido, na própria mente, de que os interesses da família como um todo seriam prejudicados com isso, não satisfará o desejo da esposa. (Veja Números 30:6-8.) Reconhecerá que tem a obrigação bíblica de defender aquilo que acredita ser certo, apesar de quaisquer demonstrações emocionais da esposa. Se o marido acatasse os desejos da esposa, contrário ao melhor critério, significaria desonrar a Deus, que confiou ao homem a posição de chefe da família. E se a questão depois trouxesse dificuldades à família, ele poderia ficar amargurado com a esposa. Por outro lado, manter-se ele firme a favor do que definitivamente crê ser certo trará benefícios a família. Se a sua decisão for tomada com oração e estiver em harmonia com os princípios bíblicos, a esposa poderá chegar a ver a sabedoria da decisão tomada e alegrar-se de que o marido permaneceu firme. Isto deverá aumentar-lhe o respeito por ele e contribuir para a felicidade dela e de toda a família. UM MOTIVO ESPIRITUAL 65 Há um forte motivo pelo qual o marido cristão deve viver com a esposa crente “segundo o conhecimento”, atribuindo-lhe honra. Não é apenas para propiciar maior paz na família. O apóstolo cristão Pedro mostrou aos seus concrentes um motivo ainda maior. Salientou que os maridos são ‘herdeiros com sua esposa do favor imerecido da vida’. Em vista de sua morte sacrificial, Jesus Cristo abriu tanto para homens como para mulheres a oportunidade de serem aliviados da condenação do pecado e da morte, visando a vida eterna. Portanto, a esposa pode ter uma posição tão aprovada perante Deus e Cristo como seu marido. Há um motivo sério, portanto, pelo qual o marido deve ter cuidado de não tratar a esposa como se fosse alguém inferior, de menor valor aos olhos de Deus do que ele. 66 Quando os assuntos maritais não são tratados em harmonia com o exemplo de Jesus Cristo com sua congregação, isso tem efeito pernicioso sobre o estado espiritual tanto do marido como da esposa. Sim, ‘as orações poderiam ficar impedidas’. No lar, quando há disposição para brigar, ofender-se, ressentir-se e agir com dureza e irracionalidade, é difícil apelar para Deus em oração. Visto que a pessoa se sente condenada no coração, falta-lhe franqueza no falar. (1 João 3:21) Também, Jeová Deus estabeleceu requisitos para ouvir orações. Ele não ouve apelos por ajuda daqueles que são impiedosos, não estando dispostos a perdoar as transgressões dos outros. (Mateus 18:21-35) Somente os que se esforçam a harmonizar sua vida com as ordens dele recebem audiência favorável. (1 João 3:22) Nem os maridos, nem as esposas, que deixam de imitar no seu casamento o exemplo de Jesus Cristo com sua congregação, podem esperar receber ajuda divina em lidar com os seus problemas. Por outro lado, a fiel obediência a admoestação bíblica garante a aprovação e a bênção divinas. Certamente, esta é uma bela recompensa, resultante da sujeição à chefia do Filho de Deus.