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ANÁLISE DE ADEQUAÇÃO DE UM EQUIPAMENTO ELETRO-MECÃNICO EM


UMA USINA DE CONCRETO CONFORME NR 12 – SEGURANÇA DO TRABALHO
EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Francisco de Oliveira1
Filipe Sehn Febras²

RESUMO

A necessidade em oferecer um ambiente de trabalho que forneça uma segurança e que


preserve a saúde e a integridade dos trabalhadores, com estas sugestões de adequações dos
equipamentos de uma usina de concreto. Nesse contexto, o trabalho tem por objetivo a
identificação dos riscos de segurança existentes nos equipamentos de uma concreteira e a
apresentação do estudo das propostas de redução ou eliminação com base na Norma
Regulamentadora NR 12. Por meio de uma pesquisa exploratória, foram extraídas
primeiramente informações de um check-list desenvolvido através dos tópicos da norma que
se aplica a este equipamento, a avaliação dos riscos pelo método Hazard Rating Number
(HRN) e após a construção de uma proposta ideal para a adequação. Com base nessas
melhorias, será possível reduzir a probabilidade de acidentes e transtornos, tornando o
ambiente mais saudável.

Palavras-chave: Segurança do Trabalho. Esteira Transportadora de Agregados. NR12.

1 INTRODUÇÃO

A segurança e saúde no trabalho tem-se destacado entre os indicadores considerado de


maior importância dentro das empresas, em uma organização pode-se considerar como uma
das regras principais para garantir um ambiente seguro aos trabalhadores. Para que seus
resultados sejam aceitáveis pelas normas, as empresas investem em qualificação de mão de
obra e treinamentos de sistemas operacionais para que os resultados sejam alcançados.
Importante relacionar as normas regulamentadoras, a décima segunda norma
regulamentadora tem como foco principal a adequação das máquinas e equipamentos,
definindo as medidas principais de segurança e higiene no trabalho, destaca-se com relação à
instalação, operação e manutenção prevenindo contra possíveis acidentes de trabalho, desde o
seu projeto, sua utilização e o seu descarte definitivo.
Deste modo, foram analisadas as máquinas e equipamentos da usina de concreto
localizada no Oeste Catarinense, além de suas principais características, embasadas pela
norma regulamentadora NR 12 - Segurança no Trabalho (em Máquinas e Equipamentos)

1
Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica da UCEFF. E-mail: tst.chico@hotmail.com
² Docente do curso de Engenharia Mecânica da UCEFF. E-mail: filipe@uceff.edu.br
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buscando identificar os riscos presentes. Para sinalizar melhorias necessárias, investiga-se à


segurança, ou seja, se há necessidade de adequar a máquina para que esta seja segura para
operação e utilização no processo produtivo.
Salientamos que a questão problema deste trabalho é: qual o nível de segurança
laboral das máquinas e equipamentos utilizadas pela empresa? Os objetivos específicos
são: verificar as não-conformidades e os riscos com base na norma regulamentadora NR12;
realizar a Análise Preliminar de Risco - APR, empregando o método de avaliação HRN -
Hazard Ratinger Number; indicar adequações, com base nos equipamentos com potencial
maior de geração de acidentes e identificar os tipos de acidentes e sequelas que pode ser
gerados no processo produtivo.
Neste estudo, primeiramente realizou-se a avaliação com máquinas e equipamentos
que apresentam não-conformidade com relação a norma regulamentadora e, posteriormente
podem provocar riscos para com seus operadores do processo de produção.
Mas também, observando os perigos que podem ser causados ao operador, fez-se um
estudo para analisar os riscos envolvidos na usina de concreto e buscou-se propor melhorias
baseando-se na norma regulamentadora NR-12, que rege a segurança do trabalho em
máquinas e equipamentos.

2 O CONCRETO E SEU PROCESSO DE PRODUÇÃO

A empresa na qual foi desenvolvida esta pesquisa, trabalha no ramo de fabricação de


concreto usinado, argamassa estabilizada e contra pisos, atende todo o Oeste Catarinense, com
várias filiais dispostas no estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A usina disposta para
fabricação do produto compõem-se de depósitos de agregados, caixa de agregados, esteira
transportadora, balança, silo de estoque de cimento e ponto de carga do concreto, a produção
e formada com base no tipo de concreto solicitado pelo cliente, onde são determinados os
traços de produção conforme testes laboratoriais de resistência.

2.1 IMPORTÂNCIA DA ADEQUAÇÃO DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS NO


PROCESSO DE PRODUÇÃO DO CONCRETO

Conforme mencionado anteriormente, durante o processo de produção do concreto é


importante observar os perigos que podem ser causados ao operador, fez-se um estudo para
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analisar os riscos envolvidos na usina de concreto e buscou-se propor melhorias baseando-se


na norma regulamentadora NR 12, que rege a segurança do trabalho em máquinas e
equipamentos. De tal modo, busca-se a segurança dos funcionários, eliminando ou
minimizando os riscos de acidentes no local de trabalho no momento da operação com o
intuito derradeiro pelo zelo do bem-estar e pela integridade física dos operadores no processo
produtivo.

2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO

A segurança do trabalho, segundo Barbosa (2008), é definida como estado, qualidade


ou condição de segurança. Condição daquele ou daquilo em que se pode confiar, onde é a
característica a ser buscada nas pessoas, meios ou elementos a serem produzidos, por meio do
trabalho. Independente do material, pode ser máquinas, ferramentas, informações, atmosfera
gasosa que respiramos ou a interação com outros elementos presentes no trabalho. Todos
deverão interagir, de maneira bem definida, para uma formação da segurança total no
ambiente de trabalho dos funcionários.
Ao mesmo tempo, pode ser definida como um aglomerado de ações realizadas, com o
intuito de reduzir perdas e danos causados por agentes agressivos a integridade física dos
funcionários. O agente danoso, pode ser o físico, químico, biológico ou ergonômico
(CARDELLA, 1999).

2.3 NORMAS REGULAMENTADORAS – NR’s

De acordo com Araújo (2011), as Normas Regulamentadoras são ferramentas (NR’s)


legais utilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que regulam e orientam no
Brasil procedimentos relacionados à segurança e medicina do trabalho. Elas estabelecem o
direito de segurança e de saúde do trabalhador regidos pela Consolidação das Leis de
Trabalho (CLT). O descumprimento das obrigações legais, poderá resultar por meio da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em notificações, autuações,
interdições ou embargos de locais específicos ou do estabelecimento inteiro perante o MTE.
Perante o exposto, Dragoni (2011) menciona que, as NR’s foram criadas a partir da lei
Nº 6.514, 22 de dezembro de 1977. A lei alterou o Capítulo V, Título II, da CLT relativa à
Segurança e Medicina do Trabalho, permitindo sua criação. Elas foram elaboradas para dar
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um formato final nas leis de Segurança do Trabalho. Formar feitas em capítulos para facilitar,
normatizar e unificar as normas de segurança brasileiras.

2.3.1 Norma Regulamentadora NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Conforme a NR2 06 (2013, p. 79), “considera-se EPI - Equipamento de Proteção


Individual, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador,
destinada à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.
Dessa forma, o uso adequado de EPI pode ser um bom aliado na redução da ação de certos
acidentes no ambiente de trabalho que podem levar a causar lesões leves, graves ou até
mesmo deixar sequelas permanentes ao trabalhador.

2.3.2 Normas regulamentadora NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e


Equipamentos

De acordo com Manuais de Legislação Atlas (2014, p. 123), a Norma regulamentadora


NR 12 - Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos.

Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios


fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos
trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e
doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos
de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e
cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da
observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela
Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência
ou omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis.

Conforme citado pela Norma Regulamentadora NR 12, existe uma deficiência nos
quesitos de segurança do trabalho muitas vezes, desde o início do projeto e/ou até mesmo nos
equipamentos já em operações com relação a parte de sistemas de prevenção de acidentes de
trabalha.

2.3.3 Sistemas de segurança

3
Norma Regulamentadora.
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Conforme Manuais de Legislação Atlas (2014, p. 127), a Norma Regulamentadora NR


12 - Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos, estabelece que:

As zonas de perigo das máquinas e equipamentos devem possuir sistemas de


segurança, caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de
segurança interligados, que garantam proteção à saúde e à integridade física dos
trabalhadores. A adoção de sistemas de segurança, em especial nas zonas de
operação que apresentem perigo, deve considerar as características técnicas da
máquina e do processo de trabalho e as medidas e alternativas técnicas existentes, de
modo a atingir o nível necessário de segurança previsto nesta Norma.

Ainda segundo Araújo (2010), as máquinas e equipamentos devem ser produzidas,


instaladas e utilizadas de forma a não expor os trabalhadores ao risco, comprometendo sua
saúde, ou que venhas a ocasionar acidentes relativos a função desempenhada. Sempre que
possível, as partes perigosas devem ser eliminadas ou protegidas, caso contrário as proteções
devem ser incorporadas, como arte integrante do projeto da máquina.

2.3.4 Sinalização de segurança

A sinalização é uma das alternativas para prevenir ocorrência de acidentes no meio de


trabalho. As máquinas e equipamentos, bem como as instalações onde estão localizadas,
devem possuir sinalização de segurança identificando os riscos em que os funcionários ou
prestadores de serviços estão expostos. (ARAÚJO, 2011).
Segundo Manuais de Legislação Atlas (2014) NR 12, todas as máquinas e
equipamentos, bem como as instalações em que se encontram, devem possuir sinalizações de
segurança para advertir trabalhadores e terceiros sobre os riscos a que estão expostos, manuais
de instruções de funcionamento e manutenções, e outras informações que sejam necessárias
para garantir a segurança e integridade física dos trabalhadores.

2.3.5 Meios de acesso permanentes

Conforme Manuais de Legislação Atlas (2017) NR 12 as máquinas e equipamentos


devem ser dotadas de acessos permanentemente fixados e seguros em todos os pontos de
acesso a operações, inserção de agregados e intervenção mecânicas constante. Ainda se
consideram meios de acesso elevadores, rampas, passarelas, plataformas ou escadas de
degraus.
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Ademais segundo Manuais de Legislação Atlas (2017, p. 187) “nas máquinas e


equipamentos, os meios de acesso permanentes devem ser localizados e instalados de
modo a prevenir riscos de acidente e facilitar o seu acesso e utilização pelos
trabalhadores”.
Seguindo ainda as orientações sobre as passarelas, plataformas, rampas e escadas
de degraus devem propiciar condições seguras de trabalho, circulação, movimentação e
manuseio de materiais, conforme os Manuais de Legislação Atlas (2017, p. 188), citam:

Ser dimensionadas, construídas e fixadas de modo seguro e resistente, de forma a


suportar os esforços solicitantes e movimentação segura do trabalhador; ter pisos e
degraus constituídos de materiais ou revestimentos antiderrapantes; ser mantidas
desobstruídas; e ser localizadas e instaladas de modo a prevenir riscos de queda,
escorregamento, tropeçamento e dispêndio excessivo de esforços físicos pelos
trabalhadores ao utilizá-las.

Ainda segundo os Manuais de Legislação Atlas (2017, p.188), as escadas fixas do


tipo marinheiro devem ter:

Dimensionamento, construção e fixação seguras e resistentes, de forma a suportar os


esforços solicitantes; constituição de materiais ou revestimentos resistentes a
intempéries e corrosão, caso estejam expostas em ambiente externo ou corrosivo;
gaiolas de proteção, caso possuam altura superior a 3,50 m (três metros e meio),
instaladas a partir de 2,0 m (dois metros) do piso, ultrapassando a plataforma de
descanso ou o piso superior em pelo menos de 1,10 m (um metro e dez centímetros)
a 1,20 m (um metro e vinte centímetros); corrimão ou continuação dos montantes
da escada ultrapassando a plataforma de descanso ou o piso superior de 1,10 m (um
metro e dez centímetros) a 1,20 m (um metro e vinte centímetros); largura de 0,40 m
(quarenta centímetros) a 0,60 m (sessenta centímetros); altura total máxima de 10,00
m (dez metros), se for de um único lance; altura máxima de 6,00 m (seis metros)
entre duas plataformas de descanso, se for de múltiplos lances, construídas em
lances consecutivos com eixos paralelos, distanciados no mínimo em 0,70 m
(setenta centímetros); espaçamento entre barras horizontais de 0,25 m (vinte e cinco
centímetros) a 0,30 m (trinta centímetros); espaçamento entre o piso da máquina ou
da edificação e a primeira barra não superior a 0,55 m (cinquenta e cinco
centímetros); distância em relação à estrutura em que é fixada de, no mínimo, 0,15
m (quinze centímetros); barras horizontais de 0,025m (vinte e cinco milímetros) a
0,038 m (trinta e oito milímetros) de diâmetro ou espessura; e barras horizontais
com superfícies, formas ou ranhuras a fim de prevenir deslizamentos.

Conforme citado anteriormente, os locais ou postos de trabalho acima do piso em


que haja acesso de trabalhadores, para operação ou quaisquer outras intervenções
habituais nas máquinas e equipamentos, como abastecimento, ajuste de equipamentos ou
máquinas, limpeza e manutenção, devem possuir plataformas de trabalho estáveis e
seguras.
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2.4 ANÁLISE DE RISCO

Zocchio (1996), afirma que a análise de risco pode ser dividida em duas, as prévias e
as operacionais. As primeiras buscam estudar e determinar os riscos que estão incorporados
ao projeto e processos previstos, a fim de prevenir a ocorrência de problemas na fase
executiva. Já a análise operacional procura identificar e analisar aqueles riscos e perigos
presentes nas atividades que estão sendo desenvolvidas, e que podem provocar algum tipo de
dano. Estes riscos são aqueles provenientes de falhas ou que passaram despercebidos da etapa
anterior.
Araújo (2010,), em sua concepção, a análise de risco como uma técnica de avaliação
de todas as etapas de um determinado processo, a fim de identificar e avaliar os riscos que
possam ser gerados, para então implementar-se o controle necessário e, consequentemente,
realizar-se o trabalho com segurança.

2.4.1 Observação de risco no trabalho

D’Inoccenzo (2006), aborda os riscos como sendo condições, situações,


procedimentos, condutas ou evento incerto (adverso), que, se correr, pode resultar em um
efeito negativo para o ator e/ou organização; causando danos ao cliente, ao colaborador, ao
ambiente e à organização. As empresas são geradoras de riscos e, como tal, são responsáveis
pelo controle dos mesmos (ARAÚJO, 2010). O autor ainda destaca que de outro lado, de
pouco adiantará ter profissionais especializados nesta área se as decisões sobre investimentos,
controle de produtividade e manutenção forem tomadas sem considerar os aspectos de
segurança, saúde e meio ambiente.
No plano operacional, são identificados e mapeados os riscos por meio de auditoria de
riscos de diagnósticos e posteriormente nas auditorias internas frequentes (FELDMAN,
2009). Assim como a Análise de Risco do Trabalho - ART, a observação de riscos no trabalho
é uma variável de grande importância na prevenção de acidentes, porém não necessita de uma
situação específica para ser colocada em prática, mas sim, deve ser uma constante dentro dos
processos produtivos.
Araújo (2010), considera que os riscos ambientais estão divididos em cinco categorias:
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 Riscos Físicos: são os resultantes da troca de energia entre o organismo e o


ambiente de trabalho, em quantidade que pode causar o desconforto, acidentes
ou doenças do trabalho.
 Riscos Químicos: são substâncias ou produtos que podem contaminar o
ambiente de trabalho e, consequentemente, o organismo humano.
 Ricos Biológicos: são diretamente relacionados com micro-organismos,
podendo provocar doenças.
 Riscos Ergonômicos: são as condições de trabalho que não são adaptadas às
características físicas e psicofisiológicas das pessoas.
 Riscos Mecânicos ou de Acidentes: são os agentes relacionados com os
processos de trabalho e as condições físicas do ambiente.

2.4.2 Análise de risco através do método Hazard Rating Number (HRN)

O Hazard Rating Number - HRN, segundo Silva e Souza (2011), um método


quantitativo onde valores numéricos são atribuídos para os seguintes requisitos: PE
(Probabilidade de Exposição), FE (Frequência de Exposição ao perigo), MPL (Probabilidade
Máxima de Perda) e NP (Número de Pessoas Expostas ao Risco).
O método Hazard Rating Number é amplamente reconhecido e frequentemente
utilizado em análises de risco em máquinas. Cada risco e avaliado de forma individual,
primeiramente sem as medidas de segurança e posteriormente com medidas implantadas
(WOLF E DEVITTE, 2016).

2.4.3 Avaliação de Risco - NBR 14153 Categoria de Segurança

Para definir corretamente quais os componentes que deverão ser utilizados no projeto
de segurança de uma máquina e que esteja adequada a legislação, a Norma Brasileira
Regulamentadora NBR 14153, a qual trata de partes de sistema de comando relacionado a
segurança – princípios gerais para projeto (WOLF E DEVITTE, 2016).
Ainda, a norma NBR 14153 da ABNT determina o risco e a categoria de segurança
adequada, levando em consideração a gravidade do ferimento que pode ocorrer, a frequência e
o tempo que o operador é exposto ao perigo e a possibilidade de se evitar se expor ao risco.
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3 METODOLOGIA

A presente pesquisa, é um estudo de caso, que visa a busca pela solução dos
problemas levantados na esteira de transporte de agregados para fabricação de concreto, e
apresentar as adequações necessárias para que a segurança da esteira esteja em conformidade
com a norma NR 12 e seja segura para uso do operador, identificando os gastos envolvidos
para a realização da adequação.
Dessa forma, o presente artigo buscou apresentar as não-conformidades e os riscos de
acordo com a norma NR 12, identificados através da criação de um check-list dos itens
aplicáveis a esteira transportadora. Com a identificação dos itens não conformes da norma,
buscou-se pontuar com o auxílio da metodologia Hazard Reting Number (HRN) os itens de
maior criticidade da máquina, identificando as adequações e as alterações necessárias para se
obter uma máquina em total conformidade à norma NR 12.
A pesquisa delineou-se como exploratória, partindo de um estudo preliminar do
principal objetivo da pesquisa citados na questão problema. Será utilizado o delineamento de
pesquisa bibliográfica, utilizando materiais já publicados, ou seja, livros, revistas, artigos e
informações disponíveis na Internet.
Para instrumentos de coletas de dados foram utilizados o método de entrevista não
estruturada e a observação para poder ter as principais informações e essas relevantes para a
elaboração da pesquisa, com consistência na avaliação efetuada in loco, certificando-se que os
quesitos avaliados nas máquinas e equipamentos proporcionara amparo suficiente para
elaboração da pesquisa.
Tal pesquisa foi realizada com operadores e manutentores do processo de produção da
usina de concreto, onde, foram analisados os riscos inerentes as atividades oferecidas pelas
máquinas e equipamentos dispostos no local de trabalho. O método de observação foi útil para
analisar as atividades e os materiais que seriam utilizados para adequação das máquinas ou
acesso ao local de trabalho, reduzindo significativamente a exposição aos riscos de acidentes
ou lesões oferecidas pelo local de trabalho.

4 PESQUISA E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A norma NR 12, foi desenvolvida para que através dela seja possível identificar os
pontos a serem adequados de acordo com a necessidade de cada máquina. Como o objetivo
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deste trabalho é a identificação dos itens não-conformes na esteira transportadora para a


atividade de manutenção eletromecânica e posterior proposta de adequação, foi desenvolvido
um check-list de acordo com os itens aplicáveis a este equipamento-máquina, baseados na
norma em questão. O modelo de check-list de identificação dos itens conformes e não-
conformes, que foram avaliados com base na norma NR 12.
Quando se analisou a esteira, sabe-se que os pontos de maiores riscos são os meios de
transmissão do motor elétrico para a esteira e seus cabos de alimentação e também os meios
de acesso ao local de trabalho, pois, nestes locais que efetuam o trabalho de manutenção
preventiva e corretiva. Embora a máquina possua parada de emergência para utilização em
casos de rápido acionamento para situações de perigo, se faz necessária a utilização de
proteções ligadas aos sistemas de comando para que sejam integrados e paralisados seus
movimentos, quando ocorrerem situações atípicas no trabalho, garantindo a parada total para
a operação.
Porém, atualmente, existe um botão de emergência disposto no painel de comando da
usina de concreto, pois, evidencia-se que há necessidade de dispor de um botão de emergência
no início da esteira para o qual seja acionado no momento de uma manutenção, evitando o
acionamento acidental ou os possíveis riscos de acidentes, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Painel de comando da usina de concreto

Fonte: Dados a pesquisa (2018).

Dessa forma o Quadro 1, apresenta o risco atual que a esteira oferece ao operador por
não possuir um botão de emergência adotado na esteira possibilitando ao operador manutentor
seu acionamento assim impedindo o acionamento da mesma de forma involuntária.
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Quadro 01: HRN Manutenção da parte elétrica da esteira


Quadro HRN - Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Possível 2
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Enfermidade permanente ou 12
critica
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 54
Classificação Risco Alto
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Entende-se que os perigos, como esmagamento, enroscamento, corte ou danos, estão


presentes devido ao manutentor ter acesso livre e evidente as partes da esteira transportadora
deixando-o vulnerável aos riscos de acidente. Dessa forma, a avaliação resultou em um risco
muito alto, relacionado à alta probabilidade do acidente ocorrer e da sua gravidade.
Constatou-se que deve ser utilizada uma proteção fixa para as partes moveis do meio
de transmissão motor/esteira, de modo que impeçam o contato direto dos manutentores as
partes girantes do equipamento, tal proteção deve ser fixado por parafusos para que não seja
removida e que não possam ser burladas durante a operação.
O período para adequação neste caso, é de no máximo dois dias, conforme descrito na
metodologia HRN. Outro risco semelhante, devido à falta de proteções ligadas aos
dispositivos de parada, é a da probabilidade do manutentor estar diretamente em contato ao
ponto gerador de acidente, como ilustrado na Figura 2.

Figura 2: Motor de acionamento da esteira

Fonte: Dados da pesquisa (2018).


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Dessa forma o Quadro 2, apresenta a classificação do risco atual que os sistemas de


força motriz da esteira, geram ao operador manutentor, de acordo a avaliação obtida pela
análise de risco da metodologia HRN.

Quadro 02: HRN motor de acionamento da esteira


Quadro HRN – Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Possível 2
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Perda de 1 ou 2 dedos das mãos 4
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 12
Classificação Risco Significante
Fonte: Dados de pesquisa (2018).

Através da avaliação realizada no equipamento, considera-se que não há meios de


acesso seguro a esteira conforme preconiza a legislação vigente a NR 12, sugestiona-se que
deverá ser fabricado e acoplado a esteira uma escada dotada de passarela para os
manutentores se deslocarem no correr da mesma, evitando assim risco de queda de altura.
O tempo para adequação neste caso, é de no máximo quinze dias, conforme descrito
na metodologia HRN, como ilustrado na Figura 3.

Figura 3: Esteira transportadora de agregado

Fonte: Dados de pesquisa (2018).

Conforme a Figura 3, fez-se uma análise detalhada dos possíveis riscos oferecidos
pelo equipamento, onde, pode gerar fratura, traumatismo entre outros tipos de lesão
ocasionadas pela queda, de acordo com o Quadro 3.
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Quadro 3: HRN do risco de queda


Quadro HRN – Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Possível 2
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Enfermidade permanente ou 12
critica
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 36
Classificação Risco Significante
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

4.1 SUGESTÃO DE ADEQUAÇÃO DA ESTEIRA TRANSPORTADORA CONFORME


HRN PARA AS ATIVIDADES DE MANUTENÇÕES

Apresenta-se nesta parte do estudo os resultados, extraídos das referências


bibliográficas mencionadas e das técnicas utilizadas para análise, dessa forma foi possível
elaborar o estudo em questão.
Utilizando como base o check-list desenvolvido a partir da norma regulamentadora
NR 12 e a análise dos riscos envolvidos na esteira transportadora com o auxílio da
metodologia HRN, pode-se chegar a uma série de melhorias a serem propostas com o objetivo
de reduzir os índices de risco de acidentes no equipamento de transporte de agregados. O item
12.14 trata sobre as instalações elétricas das máquinas e equipamentos devem ser projetadas e
mantidas de modo a prevenir, por meios seguros, os perigos de choque elétrico e outros tipos
de acidentes. Como o motor elétrico e meios de transmissão de energia estão sem sinalização,
proteção e meios de bloqueios, recomenda-se a utilização de um painel com botão de
emergência, acionador liga e desliga e botão de reset para desenergização do equipamento
para posterior manutenção, evitando com que profissionais não corram algum tipo de acidente
elétrico, amputações e esmagamento. A Figura 04 mostra a proposta de instalação de um
botão de emergência.
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Figura 4: Localização para instalação do botão de emergência para parada da esteira.

Local sugerido para adequação do


sistema de parada de emergência
da esteira, seria no início da
mesma.

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Aplicando a proposta de adequação, tem-se uma redução significativa para o risco,


tornando o risco aceitável conforme metodologia.
Para proteção dos manutentores, conforme descrito nos sistemas de segurança,
específico no item 12.38 da norma NR 12, evidenciadas pelo check-list e analisadas pela
metodologia HRN, recomenda-se a utilização de botões de emergência para paralisação do
motor e equipamento transportador de material. Com as adequações de mais um botão de
emergência no início da esteira, pode-se estimar uma avaliação HRN, conforme Quadro 4.

Quadro 4: HRN do botão de emergência para parada do motor da esteira


Quadro HRN – Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Quase impossível 0,03
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Aranhão/escoriação 0,1
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 0,0045
Classificação Risco Aceitável
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Com a utilização do botão de emergência para interrupção do funcionamento do motor


de acionamento da esteira, é possível notar uma redução significativa dos riscos de acidentes,
porém, mesmo com a redução, serão necessárias a tomada de ações caso a recorrência dos
riscos aconteça.
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Para as correias do motor de acionamento da esteira, onde, há risco de esmagamento e


amputações de membros, recomenda-se que seja utilizada uma proteção para evitar o contato
acidental ou intencional de algum membro dos manutentores, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5: Proteção do motor de acionamento da esteira

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Aplicando a proposta de utilização da proteção para o motor, pode-se fazer a avaliação


do risco, conforme Quadro 5.

Quadro 05: HRN da proteção do motor da esteira


Quadro HRN – Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Quase impossível 0,03
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Aranhão/escoriação 0,1
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 0,0045
Classificação Risco Aceitável
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

A proteção do motor impedirá com que os manutentores ou funcionários que circulem


pelo ambiente não tenham contato direto com as partes de agarramentos do sistema de
transmissão. Com essa adequação, o risco também se torna aceitável. Todo o risco aceitável,
mesmo sendo ideal, deve ter um cuidado rigoroso, pois apesar de se tornar um risco eventual
devem ser consideradas possíveis ações caso venham a ocorrer novamente.
O acesso a correia transportadora de agregado, dissemina um risco acentuado de
queda, pois, detém a falta da escada via lateral a esteira dando condições de acesso para
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manutenção do equipamento, deixando assim as pessoas que utilizam vulneráveis a acidentes


por queda.
Deste modo, recomenda-se que seja utilizada, escada sem espelho e uma passarela
dotada de guarda corpo conforme preconiza a NR 12 em seu Anexo 01, evitando assim que os
manutentores venham sofrer algum tipo de fratura ou escoriações devido à queda, conforme
mostra a Figura 6.

Figura 6: Escada e passarela de acesso a esteira transportadora

Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Aplicando a proposta de escada e passarela para acesso a esteira transportadora, pode-


se fazer a avaliação do risco, conforme Quadro 6.

Quadro 06: HRN da escada e passarela de acesso a esteira transportadora


Quadro HRN – Atual
Fatores Classificação Valor HRN
PE – Probabilidade de exposição Altamente improvável 1
FE – Frequência de exposição Semanalmente 1,5
DPH – Grau Possível da lesão Aranhão/escoriação 0,1
NP – Número de pessoas 1 – 2 pessoas 1
Valor do HRN 0,15
Classificação Risco Aceitável
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

A escada e passarela de acesso impedirá com que os manutentores ou funcionários que


circulem pelo ambiente se exponham a risco de queda. Com essa adequação, o risco também
se torna aceitável. Todo o risco aceitável, mesmo sendo ideal, deve ter um cuidado rigoroso,
pois, apesar de se tornar um risco eventual devem ser consideradas possíveis ações caso
venham a ocorrer novamente.
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4.2 ORÇAMENTO

Com o objetivo de apresentar os investimentos necessários para a eliminação ou


redução dos riscos identificados pela análise do check-list e avaliados pela metodologia HRN,
fez-se um levantamento breve dos itens necessários para a adequação da esteira
transportadora de agregado de uma usina de concreto. No quadro 7, estão orçados os itens
conforme o modelo, a marca e a quantidade necessária para ser feita a adequação da esteira
proposta em estudo.

Quadro 07: Orçamento para adequação


Orçamento da Adequação
Proteções
Descrição Fornecedor Quantidade R$ Unitários R$ Total
Proteção para correias do motor IB Estruturas Metálicas 01 R$ 850,00 R$ 850,00
Escada de acesso IB Estruturas Metálicas 01 R$ 3.850,00 R$ 3.850,00
Passarela da esteira IB Estruturas Metálicas 01 R$ 15.380,00 R$ 15.380,00

Dispositivos
Botão de emergência girar p/ WEG 01 R$ 59,00 R$ 59,00
soltar - vermelho
Total R$ 20.139,00
Fonte: Dados da pesquisa (2018).

Para o orçamento foram levadas em consideração, apenas os valores do botão de


emergência, proteção para as correias do motor, escada de acesso e passarela da esteira.
Porém, para a finalização deste orçamento, devem ser levantados os demais custos:
 Honorários dos profissionais habilitados para o fornecimento de laudos de
conformidade das adequações;
 Mão-de-obra qualificada para fazer as instalações;
 Honorários dos profissionais habilitados para aprovação das ART’s;
 Materiais para treinamentos e profissional habilitado;
Estes tópicos, não são dimensionáveis no momento, somente durante o
desenvolvimento da adequação ou após as melhorias definidas. Porém, como estimativa
inicial, foi possível verificar que os orçamentos atendem ás expectativas para adequação,
cabendo a empresa verificar a possibilidade de adequação.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de auxiliar a empresa em adequar as máquinas e equipamentos


conforme os requisitos da norma regulamentadora NR-12, o presente trabalho buscou criar
uma metodologia para a identificação e análise dos riscos existentes em uma esteira de
transportadora de agregado, bem como propor ações em conformidade com a norma para
reduzir ou eliminar os riscos de acidentes de trabalho.
Dessa forma, pode-se afirmar que os objetivos foram atingidos com êxito, pois,
através das informações obtidas no check-list, o qual foi elaborado a partir dos tópicos da
norma NR 12 aplicáveis ao tipo do equipamento em estudo, foi possível identificar e analisar
as não-conformidades existentes e propor etapas para as adequações necessárias da esteira,
sendo que com a aplicação da metodologia HRN pode-se verificar que após a implementação
das ações propostas de acordo com a NR-12, houve redução significativa nos níveis de risco,
possibilitando reduzir os índices de muito alto para aceitáveis de acordo com a metodologia.
Através das propostas para as adequações necessárias de acordo com a norma NR 12,
foi possível estimar os custos necessários para a redução ou eliminação dos riscos,
possibilitando nortear o proprietário do equipamento quanto aos investimentos necessários
para se obter uma conformidade com a norma. O processo de adequação de máquinas e
equipamentos é de suma importância para a segurança e integridade dos manutentores desta
esteira, sendo obrigatório perante a legislação.
Assim, a proposta apresentada para sua adequação auxiliará na execução deste
processo, permitindo esta buscar recursos próprios para implementação das soluções
sugeridas em conjunto com um profissional legalmente habilitado, ficando como sugestão
para trabalhos futuros, o desenvolvimento de avaliação da parte elétrica conforme preconiza a
NR 10, placas de identificação, uso de EPI`s e avalição para trabalho em altura, atendendo
assim aos requisitos dadas normas regulamentadoras no que tange a categoria de segurança no
trabalho.

REFÊRENCIAS

ARAÚJO, Wellington Tavares de. Manual de Segurança do Trabalho. São Paulo: DCL,
2010.

ARAÚJO, Giovanni Morais. Normas Regulamentadoras Comentadas e Ilustradas. 8. Ed.


Vol. 02 – Rio de Janeiro: GVC, 2011.
94

BARBOSA, A. N. Segurança do Trabalho & Gestão Ambiental. 2. ed. São Paulo: Editora
Atlas S.A., 2008.

D’INNOCENZO, Maria. Indicadores, Auditorias, Certificações: Ferramentas de Qualidade


para Gestão em Saúde. São Paulo: Martinari, 2006.

CARDELLA, B. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes: Uma Abordagem


Holística. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1999.

DRAGONI, J.F. Proteção de Máquinas, Equipamentos, Mecanismos e Cadeado de


Segurança. São Paulo: LTr, 2011.

FELDMAN. Liliane Bauer. Gestão de Risco e Segurança Hospitalar: Prevenção de Danos


ao Paciente, Notificação, Auditoria de Risco, Aplicabilidade de Ferramentas, Monitoramento.
São Paulo: Martinari, 2009.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo:


Editora Atlas LTDA, 2014.

SILVA I. B. R.; SOUZA, B.S. Proteção de máquinas: a melhor alternativa. Revista


proteção publicação, Novo Hamburgo, Ed. 239, nov. 2011.

VALE, Adriane. Sinalização – Uma Aliada da Prevenção de Acidentes. Revista CIPA, São
Paulo, Ed.434, nov. 2015.

WOLF, Willian; DEVITTE, Henrique: Analise de Risco em Prensa. Revista proteção


publicação, Novo Hamburgo, Ed. 290, p. 56 – 65 fev. 2016.

ZOCCHIO, A. Prática de Prevenção de Acidentes: ABC da segurança do trabalho. 6. Ed.


São Paulo: Atlas 1996.

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