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sede de IVA:
o caso de Angola
Pedro Montez
TAX Technology Manager da PRIMAVERA BSS
Resumo 3
Introdução 4
Método de Investigação 22
Resultados 25
Conclusão 28
Referências Bibliográficas 29
RESUMO
Para tal, foi utilizado o método investigação-acção, alicerçado nas acções de for-
mação denominadas MasterClass – IVA em Angola, com quatro edições em 2019.
Como resultado, surgiu a Matriz de IVA em Angola, uma ferramenta fiscal cuja utili-
zação permitirá às empresas, aos contabilistas, aos consultores fiscais e a todos os
interessados neste tema, validar os processos declarativos das empresas e permi-
tir o planeamento fiscal ao nível das obrigações declarativas em sede IVA.
Este estudo foi efectuado no âmbito das quatro edições da MasterClass – IVA
em Angola, onde se abordaram os temas: introdução ao IVA, o impacto na
contabilidade e na gestão, as obrigações decorrentes da implementação do IVA
e a tecnologia inerente a todo o processo. Nestas sessões, os formandos foram
desafiados a construir uma matriz de obrigações, considerando as empresas em
que se encontravam a trabalhar, com o objectivo de a elaborar uma matriz mais
abrangente e aplicável à generalidade das empresas angolanas.
Desenvolver essa matriz não seria possível sem o contributo dos formandos que
participaram nas acções de formação, por isso, fica expresso um agradecimento
muito especial a todos os formandos pelos seus inputs e discussões, que permiti-
ram aprimorar o resultado final.
1 Tributação do Rendimento
2 Tributação do Património
3 Tributação da Despesa
1
A Lei nº 4/19, de 18 de Abril publicou a última alteração ao Código do Imposto Industrial.
2
Com a entrada em vigor do IVA em Angola o IC foi revogado nos termos do nº 1 do art. 2º do
preâmbulo da Lei nº 7/19 de 24 de Abril que aprovou o Código do IVA. Foi estabelecido um
regime transitório para regularização do IC até 2022 nos termos do art. 9º do preâmbulo da
Lei nº 7/19 de 24 de Abril.
1 Plurifásico
2 Neutralidade
De referir que a neutralidade não é completa, uma vez que existem exclusões
3
O fornecimento de energia eléctrica, o gás, o calor, o frio, a água e similares são equiparados
a bens nos termos do nº 2 do art. 5 do Decreto Presidencial nº 292/18 de 3 de Dezembro que
aprovou o Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes.
4 Sobre uma análise comparativa entre IC e IVA consultar (Tavares & Chitandalua, 2016).
5
Sobre o tema de reembolsos de IVA foi publicado o Decreto Presidencial nº 180/19 de 24 de Maio
que aprovou o Regulamento do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.
6
Alínea b) do nº 1 do art. 24 da Lei nº 7/19 de 24 de Abril que aprovou o Código do Imposto sobre
o Valor Acrescentado.
Prestação de serviços
O conceito de prestação de serviços corresponde a qualquer operação efectuada
a título oneroso que não constitua transmissão ou importação de bens ou de
dinheiro, por esse motivo, é um conceito muito abrangente que poderá abarcar
um sem número de situações. Embora à primeira vista possa não parecer, a
prestação gratuita de serviços ou a utilização de bens em sectores de actividade
isentos também são consideradas prestações de serviços à luz do Código do
IVA, quando tenha havido dedução total ou parcial do imposto.
7
Art. 15º da Lei nº 7/19 de 24 de Abril que aprovou o Código do IVA.
1 Regime geral
_Incidência territorial
8
O Estatuto dos Grandes Contribuintes foi aprovado pelo Decreto-Presidencial nº 147/13, de 1 de
Outubro. A Administração Geral Tributária a 22 de Maio de 2019 publicou uma lista actualizada com
421 empresas consideradas Grandes Contribuintes.
9
O art. 10º do Código do IVA estabelece um conjunto de excepções à regra geral sobre a
localização das prestações de serviços.
2 Isenção de IVA
Isenções simples
Isenções completas
Taxas aplicáveis
Regra geral, o valor tributável corresponde, para efeitos de IVA, ao valor da con-
traprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de terceiro.
Caso não seja conhecido o valor da contraprestação, pode ser estabelecido o
valor normal.
10
Exemplo das isenções simples são as isenções previstas no art. 12º do Código do IVA.
11 Exemplo das isenções completas são as isenções previstas no art. 15º do Código do IVA.
Para que seja possível deduzir o imposto é necessário que as facturas ou docu-
mentos equivalentes estejam emitidos nos termos do Regime Jurídico das
Facturas e Documentos Equivalentes. Contudo, o legislador introduz limitações
ao direito de dedução do IVA.
12
Para conhecer em maior detalhe a aplicabilidade da taxa de IVA na província de Cabinda consultar
a Lei nº 22/19 de 20 de Setembro que aprovou o Regime Especial Aduaneiro, Portuário e de
Transmissão de Bens para a Província de Cabinda.
Autoliquidação
Imposto cativo
13
Alínea d) do nº 1 do art. 4 conjugado com o nº 2 do art. 29º ambos do Código do IVA.
14
Este processo está descrito em detalhe no art. 21 do Código do IVA.
15
O regime de reembolsos de IVA encontra-se previsto no art. 26 do Código do IVA e no Decreto
Presidencial nº 180/19 de 24 de Maio que aprovou o Regulamento do Código do Imposto sobre o
Valor Acrescentado.
Este regime é aplicável a sujeitos passivos de imposto que não tenham atingido,
nos 12 meses anteriores, um volume de negócios ou operações de importação
igual ou inferior ao equivalente em Kwanzas, a USD 250 mil.18
De referir, ainda, que o volume anual de negócios deverá ser calculado com a
taxa de câmbio média anual de venda do Banco Nacional de Angola.
16
Alínea c) do nº 1 do art. 32º do Código do IVA
17 Alínea a) do nº1 do art. 32 do Código do IVA conjugado com os artigos 43º, 45 e 46º todos do
Código do IVA.
18
Montante previsto para as Microempresas, conforme a alínea a) do nº 2 do artigo 5º da Lei nº
30/11, de 13 de Setembro, Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
Ainda no âmbito das obrigações declarativas, estes sujeitos passivos são obriga-
dos a manter boa ordem e a exibir, sempre que lhes seja solicitado, os documen-
tos comprovativos do seu volume de negócios.
19
O legislador estabelece um benefício fiscal, para os sujeitos passivos enquadrados no regime de
não sujeição em que sempre que submeterem o mapa de fornecedores poderão usufruir de uma
dedução à colecta do imposto sobre o rendimento devido de que sejam titulares, até ao limite
de 10% do imposto suportado nas suas aquisições de bens e serviços, nos termos do art. 65º do
Código do IVA.
20 Deverá existir uma aprovação prévia por parte da Administração Geral Tributária, tal como
definido na parte final do nº 1 do art. 61º do Código do IVA. Caso existam indícios de vantagens
injustificadas para o sujeito passivo a Administração Geral Tributária pode, em qualquer altura,
enquadrar oficiosamente o mesmo no regime geral de tributação.
21 O legislador deixa de fora a possibilidade de dedução do imposto suportado nas aquisições
relativas a activo imobilizado bem como prestações de serviços.
Obrigações declarativas
22
Ao contrário do que acontece no caso de passagem do regime de não sujeição para o regime
geral, o legislador solicita a regularização do IVA relativo aos activos existentes na última
declaração periódica do período.
23 Montante previsto para as Micro-empresas, conforme a alínea a) do nº 2 do artigo 5º da Lei nº
30/11, de 13 de Setembro, Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas.
Por fim, não haverá lugar a reembolso do IVA se o montante da dedução for su-
perior ao imposto apurado, caso em que a dedução efectuada nos períodos de
impostos seguintes até ao fim do período transitório, considerando-se definitivo
o imposto suportado.
Nestes últimos dois casos, o talão de venda ou de serviços prestados deverá ser
datado, numerado sequencialmente e conter outros elementos.28
24
Alínea b) do nº 1 do art. 32º conjugado com o art. 34º ambos do Código do IVA.
25 O Regime Jurídico das Facturas e Documentos foi aprovado pelo Decreto Presidencial nº 292/18,
de 3 de Dezembro que revogou o Decreto Presidencial nº 149/13, de 1 de outubro.
26 Nº 4 do art. 3º do Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes aprovado pelo
Decreto Presidencial nº 292/18, de 3 de Dezembro.
27 Nº 1 do art. 6 do Regime Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes aprovado pelo
Decreto Presidencial nº 292/18, de 3 de Dezembro.
28
Nº 2 do art. 6 do Regime Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes aprovado.
Processamento de facturas
A factura ou documento equivalente deve ser emitida até ao quinto dia útil se-
guinte ao da operação que lhe deu causa, nomeadamente a transmissão de bens
ou prestação de serviços. Sendo que, no caso em que a transmissão de bens ou
prestação de serviços se prolongue no tempo, pode o contribuinte emitir uma
factura global com periodicidade máxima mensal.
Este regime prevê que a anulação ou rectificação deve ser efectuada por emis-
são de notas de crédito. A nota de crédito deve conter a expressão “anulação
ou rectificação”, a identificação do documento rectificado ou anulado, bem
como, prova de que o adquirente dos bens ou serviços tomou conhecimento
dessa anulação ou rectificação.29
Auto-facturação
29
O legislador entendeu permitir a rectificação ou anulação de documentos apenas através
de documentos rectificativos como a nota de crédito. No entanto, existem situações
práticas, por exemplo erros de cabeçalho, em que a anulação do documento é o único
processo possível. Os programas informáticos de facturação certificados conseguem com-
provar o motivo, quem e quando foi efectuada a anulação. Espera-se alteração da letra de
lei neste ponto em particular.
j. Data de emissão;
30
O art. 12º do Regime Jurídico das Facturas e Documentos Equivalentes deve ser lido no contexto
do Decreto Executivo nº 73/19, de 6 de Março que aprovou as regras para Impressão Tipográfica
de Facturas e Documentos Equivalentes.
O ficheiro SAF-T (Standard Audit File for Tax Purposes) é um ficheiro de audito-
ria para efeitos fiscais, formatado em linguagem XML, regulado por normas in-
ternacionais definidas pela OECD (Organização para a Cooperação e Desenvol-
vimento Económico) e adoptado em vários países europeus como um meio de
apresentar informação contabilística e fiscal.
31
O Decreto Presidencial nº 312/18, de 21 de Dezembro publicou o Regime de Submissão
Electrónica dos Elementos Contabilísticos dos Contribuintes.
32
O Decreto Executivo nº 74/19 de 6 de Março publicou as regras e requisitos de Validação de
Sistemas de Processamento Electrónico de Facturação dos Contribuintes.
33
Nº 1 do art. 3º do Decreto Presidencial nº 312/18, de 21 de Dezembro.
Participantes
O presente estudo foi realizado com quatro turmas no âmbito de uma Master-
Class sobre o IVA organizada pela PRIMAVERA Academy (AO), durante o ano
de 2019, tendo existido quatro edições diferentes. Cada turma era constituída
por cerca de 25 formandos, tendo sido, no global, ultrapassados mais de 100
formandos presentes. Ao nível etário, todos os formandos eram adultos, com
diferentes backgrounds académicos, sendo, no entanto, na sua maioria,
detentores de licenciatura.
Procedimentos
Esta fase foi desenvolvida em grupo com a apresentação dos temas: Introdu-
-ção ao IVA, Gestão com IVA, Contabilidade com IVA, Obrigações e Tecnologia.
Durante estas apresentações os formandos puderam intervir e discutir os pon-
tos que, no seu ponto de vista, eram os mais relevantes. No final de cada tema os
formandos estavam sujeitos a um teste de avaliação que permitiu aferir a aquisi-
ção dos conceitos e a colocação em prática dos mesmos.
Nesta fase os formandos eram desafiados a construir uma matriz que, de certa
forma, pudesse resumir as obrigações em sede de IVA dos contribuintes em An-
gola. A construção desta proposta era efectuada em grupo e com discussão
sobre as componentes e conteúdo da matriz. Esta forma de construção da
proposta de matriz ocorreu em cada uma das quatro edições da MasterClass do
IVA em Angola.
Grandes de Contribuintes
Caso tenham optado pelo regime geral do IVA, as empresas ficam obrigadas
à entrega mensal da declaração periódica do IVA (Modelo 7), constituída pela
folha de rosto, anexos de fornecedores e anexos de regularizações (clientes e
fornecedores) nos casos em que seja aplicável.
Caso tenham optado pelo regime geral do IVA, as empresas ficam obrigadas
à entrega mensal da declaração periódica do IVA (modelo 7), constituída pela
folha de rosto, anexos de fornecedores e anexos de regularizações (clientes e
fornecedores) nos casos em que seja aplicável. Se estas empresas tiverem en-
quadramento no regime de não sujeição, não existe a obrigatoriedade de en-
trega de declaração periódica do IVA. No entanto, existe um benefício fiscal
atribuído às empresas que, enquadradas no regime de não sujeição, efectuem a
entrega do Mapa de Fornecedores.
Comunicação
Tipo Entidade Regime IVA Facturação Declaração Mapa
(Informática) Periódica Fornecedores
Vendas Compras
Geral
(Opcional até 2020) Modelo 7
Empresas
VN > 250.000 USD
Transitório Modelo
* * Simplificado
Geral Modelo 7
Empresas
VN < 250.000 USD
Não sujeição Opcional
** (Benefício Fiscal)
Geral
(Opcional) Modelo 7
Empresas
VN < 50.000.000 AKZ Opcional
Opcional
Não sujeição (Benefício Fiscal)
*
A comunicação dos ficheiros SAF-T (AO) relativamente a Outubro, Novembro e Dezembro de 2019,
tem de ser efectuada até ao final de Janeiro de 2020.
**
As Micro-entidades certificadas pelo INAPEM ficam dispensadas do uso obrigatório de programas
de facturação certificados.
35
Figura 1: Matriz do IVA em Angola