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CULTURA DO
ALHO
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Engenheiro Agronomo, Epagri. Av. Rotary, 469, Caixa Postal 202. CEP 89.520-000. Curitibanos, SC.
Fone 49 245 06 80. E-mail epagrictb@baroni.com.br
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1. SEMENTE
O preparo do alho semente deve ser de tal maneira que não se machuque os
bulbilhos que serão plantados. A classificação do dente por peso, a eliminação dos
bulbilhos com defeito e o tratamento dos mesmos fazem parte dessa etapa. O
preparo da semente de alho é todo manual, com ajuda de um debulhador semi
mecanizado. Gasta-se na faixa dos 12 a 15 dias/homens por hectare, que são
remunerados por dia.
a. Debulha : o alho é deve ser colocado ao sol para facilitar a debulha mecânica.
Após é feita uma seleção manual para repassar o alho que não ficou totalmente
debulhado e fazer a primeira seleção de qualidade – quando se separam além das
túnicas externas, do disco, do pito os bulbilhos com problemas de danos
mecânicos e afetados com fungos. Essa fase é muito importante, já que não pode
haver machucaduras nos bulbilhos por onde penetram fungos como o Penicillim sp
e o Fusarium sp. Por isso a colocação do alho semente ao sol ou numa estufa com
ar quente forçado a 45-48 °C é importante. Além disso agiliza a operação;
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Engenheiro Agrônomo. Epagri. Av. Rotary 469. CEP 89.520-000, Curitibanos, Santa Catarina, Brasil. Telefone
049 245 06 80. E-mail epagrictb@baroni.com.br
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3. PREPARO DO SOLO
iii. Área nova de campo: a correção do solo deve ser no mínimo um ano antes
do plantio, para evitar problemas sérios de fitotoxicidez por alumínio.
Deve-se corrigir também o fósforo. Por ocasião da correção com calcário é
interessante a colocação do esterco de aves, para agilizar o processo.
iv. Observações: como o solo da região é argiloso, pesado, o preparo do
mesmo sempre deve ser antecipado, para que o destorroamento seja
perfeito. Com isso a uniformidade de plantio será a desejada. Preparo do
solo em cima da hora pode acarretar num baixo stand, já que sempre fica
muito torrão que dificulta o plantio.
b. Encanteiramento : essa operação é realizada com enxada rotativa de 1,58m de
largura. Com isso se tem um canteiro de 1,30m de mesa. O intervalo entre-
canteiros é de 1,80 metros em média. Para o plantio de 1,0 por dia, é necessário 1
trator e 1 enxada rotativa. A altura do canteiro deve ser baixa em solos de
lombadas e alto em solos baixos, onde acumula-se mais água.
c. Espaçamento : todo o alho é cultivado em cima de canteiros. O espaçamento
indicado é o de 3 linhas duplas para os bulbilho de 4 a 6 gramas, com a distância
entre fileiras de 10 X 40 X 10 X 40 X 10 por 10 centímetros entre os bulbilhos.
Os bulbilhos de 1,5 a 3,0 gramas devem ser cultivados num espaçamento menor,
para evitar problemas de superbrotamento. Sugere-se 4 fileiras duplas, de maneira
que as mesmas fiquem bem distribuídas no canteiro – 10 X 20 X 10 X 20 X 10 X
20 X 10 entre fileiras e de 10 cm entre bulbilhos;
d. Localização - gleba : os bulbilhos graúdos devem ser plantados em glebas
distintas dos miúdos já que a tecnologia e o ponto de colheita são distintos.
e. Importância: juntamente com o tamanho e qualidade do alho-semente, o preparo
do solo é fundamental para o sucesso da atividade, já que o stand é decisivo na
produção. Se houver muitas falhas haverá muito alho superbrotado. Consideramos
que 70% do sucesso da lavoura estará encaminhado se o plantio for feito com
semente graúda e de boa sanidade, área nova, solo bem corrigido e adubado, stand
desejado com irrigação e brotação inicial vigorosa.
4. PLANTIO
Todo o plantio é manual. Ele é realizado, dependendo da lavoura, desde final de maio
até 10 de agosto. O sucesso da lavoura passa também pelo plantio bem realizado, com o
número de plantas ( stand ) desejado e o ápice dos bulbilhos virados para cima.
Para que o plantio tenha essa uniformidade é necessário que o preparo do solo seja
feito no tempo certo, só assim haverá o destorroamento dos canteiros. A marcação onde será
feito o plantio deve ser bem visível e sem torrão. Com isso o rendimento da mão de obra será
superior. O rendimento médio de plantio varia de 200 a 400 metros de canteiro por dia por
trabalhador.
A remuneração da mão de obra do plantio é por metro de canteiro, em torno dos R$
0,05/metro de canteiro com 3 linhas duplas.
Em média pode-se considerar que são necessários 20 trabalhadores rurais somente
para o plantio de 1,0 hectare de alho.
Como gasta-se 12 a 15 dias para o preparo da lavoura, logo com 35 pessoas em média
planta-se 1,0 hectare por dia. O número de pessoas varia entre as regiões produtoras de alho
em função da especialização da mão de obras.
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5. IRRIGAÇÃO
Entre os fatores que afetam a produtividade está a irrigação. Ela é importante para
passar da barreira dos 8.000 Kg/ha.
Logo após o plantio deve ser feita a primeira irrigação para que a brotação do dente
seja rápida e uniforme. Assim não haverá problemas de falhas devido a incidência do fungo
Penicillim sp no bulbilho.
Durante o ciclo da cultura a irrigação é importante para o desenvolvimento da mesma,
especialmente em veranicos. A maior resposta é após a diferenciação, quando o solo deve
ficar sempre em capacidade de campo.
O turno de rega deve ser de 3 a 4 dias, à partir de início de outubro, quando já houve a
diferenciação e a evapotranspiração é maior. Em anos de chuvas normais faz-se em torno de 8
irrigadas.
Logo após o plantio, usando pulverizador de barra com bico leque, passa-se herbicida
pré-emergente. Os produtos mais usados são o Ronstar (95%) e o Herbadox (5%). O solo
deve estar úmido para uma melhor ação desses produtos.
No decorrer do ciclo o controle das plantas daninhas é feito basicamente com
herbicidas. O controle das folhas largas é feito com o herbicida Totril de forma seqüencial
com meia dose, quando a invasora tiver de 2 a 4 folhas definitivas ou normal com a invasora
com mais de 4 folhas definitivas.
Para as gramínias usa-se também herbicida. Pode-se usar o Select, o Poast, Podium,
etc.
Quando há a incidência de folhas largas e gramínias, deve-se controlar primeiro as
plantas daninhas de folha larga –latifoliadas.
O herbicida Totril pode causar fitotoxicidade se usado em horas impróprias ( alta
temperatura e baixa umidade relativa ) e/ou dosagens altas. Da mesma forma deve-se ter
cuidado com o óleo mineral dos graminicidas, já que o alho é muito sensível, podendo haver
problemas de fitotoxicidade.
O grande macete nessa fase é fazer o controle das plantas daninhas quando as mesmas
estiverem com 2 a 4 folhas definitivas. Dessa maneira usa-se menos produto por hectare,
evita-se fitotoxicidade. Além do mais pode-se repetir esse controle a cada 14-21 dias
dependendo das plantas daninhas.
Além do controle das invasoras com herbicidas – pré-emergente e pós-emergentes é
necessário fazer o repasse com enxada, durante o ciclo todo da cultura.
7. CONTROLE FITOSSANITÁRIO
8. TRATOS CULTURAS
1. Capina : além do uso de herbicidas a capina deve ser realizada na área toda, já que
o mesmo não controla 100% as invasoras. A capina é realizada baseada no
acompanhamento da lavoura. Deve-se ter o cuidado nos encontros das barras, de 7
X 7 canteiros, onde normalmente há uma área não coberta com herbicida, que
necessita da repassada com a enxada.
2. Adubação de cobertura : o alho responde bem a adubações de cobertura com
nitrogênio. São 2 a 4 coberturas realizadas com trator X Vicon, sendo a primeira
aos 25 dias, a segunda aos 50 dias e a terceira após a diferenciação. Se necessário a
adubação após a diferenciação pode ser dividida. Deve-se ter muito cuidado com o
uso de nitrogênio, pois qualquer excesso induz a formação de alho superbrotado.
3. Irrigação : já comentada acima.
4. Corte da haste floral : a quebra da haste floral – pito – deve ser realizada em alhos
que passaram pela câmara fria antes do plantio, quando o mesmo tiver em torno de
25 cm. A quebra do pito muito precoce faz com que se produza um bulbo com as
túnicas externas frouxas. Em anos com invernos muito rigorosos essa prática deve
ser estendida para toda a lavoura. Essa prática faz com que haja um aumento da
produtividade de 10 a 15%. A quebra de pito bem realizada exige em torno de 40
dias homem por hectare, que podem ser remunerados por metro. As maiores
respostas são então com variedades que passaram em câmara fria e/ou que a haste
floral aparece cedo. Em variedades em que o pito sai perto da colheita não há
resposta na produção.
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9. COLHEITA
A cura do alho é realizada nos barracões destinados a esse fim. Após a pré-cura, no
caso do alho colhido a mão, ou da colheita com máquina o alho é transportado até o barracão
para fazer a cura. Caso o alho não tenha sido “descanutado” o mesmo deve ser feito antes do
transporte para o barracão com facão ou foice cortada.
No transporte e estaleiramento deve-se evitar danos nos bulbos, que podem acarretar o
chochamento do mesmo.
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1. Corte : após a cura todo o alho é cortado manualmente. O trabalhador rural usa
tesoura de poda para essa operação. Paga-se por tarefa na faixa dos R$ 1,00/caixa de
20 Kg. Em geral o rendimento é de 15 caixas de 20 Kg/dia/trabalhador. O alho após
cortado é acondicionado em caixas de plástico de 20 Kg e transportado até o “pakin
house”, para ser classificado. No momento do corte já é feita uma primeira seleção de
alhos industrias, sendo colocados em caixas separadas. Nesse período o cuidado maior
é com alhos com meia cura. Após cortado esse alho deve necessariamente passar pelo
sol ou por ventiladores. Em período de chuvas pode haver o amarelecimento das
túnicas externas. O corte começa em meados de dezembro e prolonga-se até junho.
2. Classificação : após o alho cortado o mesmo é classificado por tamanho – classe.
Nessa mesma operação, o alho passa na máquina de classificar que é na realidade um
grande rolo com várias malhas. Esse tipo de máquina está presente na maioria das
propriedades produtoras de alho. Nos últimos anos tem aparecida máquinas
espanholas, argentinas com classificador de bulbos em malhas e esteiras. É um sistema
superior, classifica melhor com menos danos nos bulbos. Já há máquinas nacionais
desses modelos, porém em pequeno número ainda.
3. Limpeza : dependendo do destino do alho, o mesmo é limpo. Essa operação consiste
em tirar as túnicas externas sujas. Além da limpeza essa operação faz também a
seleção por qualidade, onde tira-se fora todo alho com defeito. O rendimento dessa
operação é muito baixo, já que o trabalhador deve pegar bulbo por bulbo para a
limpeza do mesmo. Para melhorar o rendimento da limpeza, o alho deve ser colocado
ao sol ou em ventilador com ar forçado. Paga-se também por caixa preparada, na faixa
dos R$ 0,75/caixa/10 Kg. O rendimento é de 15 a 20 caixas de 10 Kg/dia/trabalhador.
No caso de venda de alho somente classificado, o mesmo deve ser bancado para tirar
fora os bulbos com defeitos, numa mesa especial. Essa operação geralmente é feita por
diaristas.
5. Embalagem : no caso de alho-semente o mesmo é colocado em caixas de plástico
fornecidas pelo comprador, no romaneio negociado previamente. Outro sistema
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12. COMERCIALIZAÇÃO