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Macro2 Texto Desemprego PDF
Macro2 Texto Desemprego PDF
Uma pessoa desempregada tem menor poder de compra, menor amor próprio, e, tende, em
geral, a perder qualificações. Estes efeitos são particularmente acentuados no caso do
desemprego de longa duração, ao qual está frequentemente associado um grande
sofrimento, da pessoa desempregada e da sua família.
1
Este texto de apoio (1E207 Macroeconomia II, FEP-UP, 2009-10) não dispensa a frequência das aulas e a
consulta da bibliografia recomendada. Fotografia: “Migrant Mother” de Dorothea Lange (EUA, 1936).
Comentários e sugestões: João Correia da Silva (joao@fep.up.pt).
1
Uma pessoa diz-se desempregada se, num período de referência, verificar
simultaneamente as seguintes condições:
A população activa (NS) é o conjunto das pessoas que, num período de referência,
manifestam disponibilidade para trabalhar, podendo estar empregados ou desempregados.
A população inactiva (Pop-NS) é o conjunto das pessoas que, num período de referência,
não estão empregadas nem desempregadas. Inclui crianças, estudantes, reformados, e
todos aqueles que não procuram emprego ou não estão aptos para trabalhar.
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
População Activa 5.096 5.136 5.226 5.325 5.408 5.460 5.488 5.545 5.587 5.618 5.625
Empregados 4.844 4.910 5.021 5.112 5.137 5.118 5.123 5.123 5.160 5.170 5.198
Desempregados 252 226 206 214 271 342 365 422 428 449 427
População Inactiva 5.033 5.031 4.997 4.969 4.958 4.985 5.021 5.018 4.999 4.986 4.998
População Total 10.129
0 10.167
0 10.223
0 10.294
0 10.366
0 10.445
0 10.509
0 10.563
0 10.586
0 10.604
0 10.623
0
Taxa de Actividade 50,3% 50,5% 51,1% 51,7% 52,2% 52,3% 52,2% 52,5% 52,8% 53,0% 53,0%
Taxa de Desemprego 4,9% 4,4% 3,9% 4,0% 5,0% 6,3% 6,7% 7,6% 7,7% 8,0% 7,6%
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
2
Nos últimos 10 anos, a população activa (tal como a população total) teve um aumento de
522 mil pessoas. Hoje temos mais 326 mil pessoas empregadas, e mais 197 mil
desempregados.
Empregados
Desempregados
Inactivos
2,5% 4,0%
Nos últimos 30 anos, a taxa de actividade aumentou dos 40% para os 53%. Parte deste
aumento resultou da entrada progressiva das mulheres no mercado de trabalho.
60% 12%
50% 10%
taxa de desemprego
taxa de actividade
40% 8%
30% 6%
20% 4%
3
Grande parte da inactividade é devida ao facto de as pessoas em questão não estarem em
idade de trabalhar. Podemos ter interesse em ignorar esta inactividade puramente
demográfica, de forma a medir a inactividade que é originada por outros motivos,
associados à organização económica e ao funcionamento do mercado de trabalho.
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Pop. Residente 10.129 10.167 10.223 10.294 10.366 10.445 10.509 10.563 10.586 10.604 10.623
Homens 4.884 4.905 4.934 4.971 5.009 5.052 5.087 5.115 5.125 5.133 5.141
Mulheres 5.244 5.263 5.289 5.323 5.357 5.393 5.421 5.448 5.461 5.471 5.481
Pop. Residente (15 e +) 8.445 8.505 8.577 8.654 8.724 8.800 8.863 8.912 8.942 8.975 8.993
Homens 4.021 4.053 4.091 4.132 4.168 4.209 4.243 4.268 4.285 4.291 4.310
Mulheres 4.424 4.452 4.486 4.522 4.556 4.591 4.620 4.644 4.665 4.677 4.689
População Activa 5.096 5.136 5.226 5.325 5.408 5.460 5.488 5.545 5.587 5.618 5.625
Homens 2.805 2.818 2.855 2.901 2.938 2.948 2.957 2.964 2.985 2.986 2.991
Mulheres 2.291 2.318 2.372 2.424 2.470 2.512 2.531 2.581 2.603 2.632 2.633
Empregados 4.844 4.910 5.021 5.112 5.137 5.118 5.123 5.123 5.160 5.170 5.198
Homens 2.694 2.709 2.765 2.810 2.816 2.787 2.784 2.765 2.790 2.789 2.797
Mulheres 2.149 2.201 2.256 2.302 2.321 2.331 2.339 2.357 2.370 2.380 2.401
Desempregados 251,9 225,8 205,5 213,5 270,5 342,3 365,0 422,3 427,8 448,6 427,1
Homens 110,6 108,9 89,3 91,6 121,4 160,9 172,9 198,1 194,8 196,8 194,3
Mulheres 141,3 116,9 116,2 122,0 149,1 181,4 192,2 224,1 233,1 251,8 232,7
Taxa de Actividade 50,3% 50,5% 51,1% 51,7% 52,2% 52,3% 52,2% 52,5% 52,8% 53,0% 53,0%
Homens 57,4% 57,5% 57,9% 58,4% 58,7% 58,4% 58,1% 57,9% 58,2% 58,2% 58,2%
Mulheres 43,7% 44,0% 44,8% 45,5% 46,1% 46,6% 46,7% 47,4% 47,7% 48,1% 48,0%
Taxa de Emprego 57,4% 57,7% 58,5% 59,1% 58,9% 58,2% 57,8% 57,5% 57,7% 57,6% 57,8%
Homens 67,0% 66,8% 67,6% 68,0% 67,6% 66,2% 65,6% 64,8% 65,1% 65,0% 64,9%
Mulheres 48,6% 49,4% 50,3% 50,9% 50,9% 50,8% 50,6% 50,8% 50,8% 50,9% 51,2%
Taxa de Desemprego 4,9% 4,4% 3,9% 4,0% 5,0% 6,3% 6,7% 7,6% 7,7% 8,0% 7,6%
Homens 3,9% 3,9% 3,1% 3,1% 4,1% 5,5% 5,8% 6,7% 6,5% 6,6% 6,5%
Mulheres 6,2% 5,0% 4,9% 5,0% 6,0% 7,2% 7,6% 8,7% 9,0% 9,6% 8,8%
Fonte: Instituto Nacional de Estatística .
2
Alternativamente, consideram-se todas as pessoas com idade igual ou superior a 15 anos.
4
A taxa de emprego feminina é significativamente inferior à masculina. É superior nos
países nórdicos, e inferior nos países mediterrânicos.
Greece
15%
Spain
France Germany
Italy Belgium
10%
Hungary Czech Rep Portugal Finland
Slovenia Canada Sw eden
Luxemb A ustraliaUSA Sw itz
5% Japan A ustria Denmark
Netherlands
Korea Ireland UK New Zeal Norw ay
0%
40% 45% 50% 55% 60% 65% 70% 75%
taxa de emprego (15 a 64 anos)
Figura 2.5a: Taxa de emprego e taxa de desemprego nos países da OCDE (2005) - mulheres.
Poland
Slovakia
15%
taxa de desemprego
0%
55% 60% 65% 70% 75% 80% 85%
taxa de emprego (15 a 64 anos)
Figura 2.5b: Taxa de emprego e taxa de desemprego nos países da OCDE (2005) - homens.
Fonte: OECD Factbook 2007: Economic, Environmental and Social Statistics.
5
Em 1962, Arthur Okun observou que o desemprego tem flutuações cíclicas, inversamente
relacionadas com as flutuações cíclicas do produto. Este facto estilizado ficou conhecido
como a Lei de Okun.
6
A taxa de desemprego natural (uN) está associada ao produto natural (YN). Quando o
desemprego é inferior (superior) ao natural, o produto é superior (inferior) ao natural, e a
inflação tende a aumentar (diminuir).3
6% 100 000
4% 75 000
Taxa de Desemprego
Produto Real (base 2000)
2% 50 000
1978 1983 1988 1993 1998 2003 2008
3
A designação anglo-saxónica da taxa natural de desemprego é NAIRU: Non-Accelerating Inflation Rate of
Unemployment.
7
2.2 Equilíbrio no Mercado de Trabalho
O trabalho proporciona um salário nominal, W, que o agente utiliza para adquirir bens de
consumo ao preço unitário P. O salário real é, portanto, w = W/P. Supondo que o agente
não poupa qualquer fracção do seu rendimento, e que não tem qualquer rendimento
adicional, obtemos:
P ⋅C =W ⋅ L ⇔ C = w⋅ L .
4
O agente representativo é uma espécie de agente médio da economia. Assume-se implicitamente a
semelhança entre o comportamento da economia cujos agentes têm características diversas, e uma economia
hipotética na qual todos os agentes são réplicas deste agente dito representativo.
8
Se considerarmos o dia como período de referência e a hora como unidade de medida do
tempo, então, obrigatoriamente, L+l = 24. Esta restrição temporal implica directamente a
seguinte restrição orçamental:
C = w ⋅ (24 − l ) .
O “preço” de uma hora de lazer, ou seja, o custo de oportunidade de uma hora adicional
de tempo de lazer, medido em unidades de bens de consumo, é w. O declive da recta
orçamental (-w) mede este trade-off entre consumo e lazer. Cada hora adicional de lazer
implica a diminuição do nível de consumo em w unidades.
C ∂U ∂U
dC dU (C , l ) = 0 ⇔ ⋅ dC + ⋅ dl = 0 ⇔
TMS C ,l =− ∂C ∂l
dl ISOU ⇔ UMg C ⋅ dC + UMg l ⋅ dl = 0 ⇔
dC UMg l
⇔− = ⇔
dl ISOU UMg C
te
U =C UMg l
⇔ TMS C ,l =
UMg C
l
Figura 2.8: Igualdade entre a TMS e o declive da curva de indiferença (em valor absoluto).
Como as utilidades marginais são decrescentes, quanto maior for o tempo de lazer e
quanto menor for o nível de consumo, menor é a quantidade de consumo de que o agente
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está disposto a abdicar para obter uma unidade adicional de lazer. Isto é, a taxa marginal
de substituição decresce com o aumento do lazer e com a diminuição do consumo.
C lazer insuficiente
óptimo
w ⋅ 24
inatingível
w⋅ L* U =U2
U = U1
U =U0
24 − L* 24 l
Figura 2.9: Escolha óptima entre lazer e consumo.
Resolvendo este problema para uma gama alargada de valores de w, obtemos a função
oferta individual de trabalho, LS. Esta função dá-nos a quantidade de trabalho que o
agente representativo pretende oferecer, para cada valor do salário real. O impacto de uma
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variação do salário real sobre a quantidade de trabalho que o agente oferece depende da
magnitude de dois efeitos opostos: o efeito rendimento e o efeito substituição.
Um aumento do salário real torna o lazer relativamente mais caro (em termos de custo de
oportunidade). Não trabalhar passa a implicar abdicar de uma maior quantidade de bens de
consumo. Esta alteração dos preços relativos do consumo e do lazer leva os agentes a
consumir mais e a dedicar menos tempo ao lazer (substituição de lazer por consumo). O
efeito substituição age no sentido de levar os agentes a trabalhar mais (menos) e a
consumir mais (menos) quando o salário real aumenta (diminui).
Por outro lado, um aumento salarial permite aos agentes consumir uma maior quantidade
de bens, mantendo o seu tempo de lazer. Como a utilidade marginal do consumo é
decrescente, as unidades adicionais de consumo estão associadas a um menor aumento da
utilidade. Isto faz com que os agentes trabalhem menos, e dediquem mais tempo ao lazer
(mais lazer e mais consumo). O efeito rendimento age no sentido de levar os agentes a
agentes a trabalhar menos (mais) e a consumir mais (menos) quando o salário real
aumenta (diminui).5
C
w2 ⋅ 24
w1 ⋅ 24
C
w0 ⋅ 24 B
24 l
5
Estamos a assumir, implicitamente, que o consumo e o lazer são bens normais. Quando o rendimento
aumenta, o agente representativo passa a consumir mais e a dedicar mais tempo ao lazer.
11
Figura 2.10: Efeito de uma variação do salário real.
O efeito de substituir o caro pelo barato (substituição) tende a predominar para níveis
salariais baixos, enquanto que o efeito rendimento tende a predominar a partir de um certo
nível salarial. A curva oferta individual de trabalho tende, portanto, a ser positivamente
inclinada na zona de salários baixos, e negativamente inclinada a partir de um certo ponto.
w
Predomina o
efeito rendimento
predomina o
efeito substituição
LS
Figura 2.11: Oferta individual de trabalho.
12
Frequentemente, o trabalhador não tem a possibilidade de escolher a quantidade de
trabalho que vai realizar. É-lhe proposto um contrato que estipula um determinado horário
laboral (por exemplo, 40 horas semanais) e uma remuneração, que o trabalhador pode
aceitar ou não. Ao valor mínimo do salário que o trabalhador aceita para trabalhar
chamamos salário de reserva.
Observa-se que a reacção dos indivíduos às variações do salário é maior no longo prazo do
que no curto prazo. Isto é, a oferta individual de trabalho é rígida no curto prazo, mas
relativamente elástica no longo prazo.
NS
Figura 2.12: Oferta agregada de trabalho.
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influenciam a taxa de actividade (participação das mulheres no mercado de trabalho, idade
de reforma), e da legislação reguladora (horários de trabalho e subsídio de desemprego).
Aumentos da população activa ou do horário de trabalho fazem naturalmente aumentar a
oferta de trabalho.
Para cada nível salarial, uma empresa escolhe a quantidade de trabalho que maximiza o
seu lucro. A relação entre o nível salarial vigente no mercado e a quantidade de trabalho
que as empresas procuram designa-se por função procura de trabalho.
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O lucro de uma empresa que utiliza L unidades de factor trabalho, remunerado ao salário
nominal W, para produzir F(L) unidades de produto, que vende a um preço unitário igual a
P, é dado por:
LT ( L) = P ⋅ F ( L) − W ⋅ L .
W
CPO : LT ' ( L) = 0 ⇔ P ⋅ F ' ( L) − W = 0 ⇔ PMg L = = w.
P
Q
PMgL
declive = PMgL w
(decrescente)
RMgL>CMgL RMgL<CMgL
L L
Figura 2.13: Determinação da procura de trabalho.
15
w
LD = PMgL
L
Figura 2.14: Procura de trabalho por parte de uma empresa.
w
w = PMgN
ND
Figura 2.15: Procura agregada de trabalho.
Dado que a curva da procura de trabalho coincide com a curva da produtividade marginal
do trabalho, os factores determinantes da produtividade do trabalho são também
determinantes da procura de trabalho. Dois determinantes fundamentais são o
progresso técnico (aumento da produtividade dos factores de produção) e a utilização dos
outros factores (essencialmente, de capital). Quanto maior for o nível tecnológico da
economia, e quanto maior for o stock de capital existente, maior é a produtividade do
trabalho, e, portanto, maior é a procura de trabalho.
16
w
PMgN
w ND
N N
Figura 2.16: Efeito de um aumento da produtividade do trabalho.
O salário real de equilíbrio, w*, do mercado de trabalho é aquele para o qual são iguais a
quantidade oferecida e quantidade procurada de trabalho. A esta quantidade de trabalho
que é oferecida e procurada chamamos emprego de equilíbrio, N*.
w
NS
w*
ND
N* N
Figura 2.17: Equilíbrio no mercado de trabalho.
Um factor que afecte positivamente a oferta de trabalho tem como efeito uma diminuição
do salário real de equilíbrio, e um aumento do emprego de equilíbrio. Exemplos destes
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factores são o aumento da taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho, o
aumento populacional, e a imigração.
w NS
w*
ND
N* N
Figura 2.18: Efeito de um aumento da oferta agregada de trabalho.
Os factores que afectam positivamente a procura de trabalho fazem aumentar o salário real
de equilíbrio e o emprego de equilíbrio. Exemplos destes factores são o progresso
tecnológico e o aumento do stock de capital.
w
NS
w*
ND
N* N
Figura 2.19: Efeito de um aumento da procura agregada de trabalho.
18
aquelas que não estão aptas ou não estão disponíveis para trabalhar. Muitas não oferecem
trabalho por considerarem insuficiente o salário vigente. Nesse caso, não fazem parte da
população activa, e, portanto, não são consideradas desempregadas. O desemprego
voluntário não é considerado como desemprego de facto.
19
2.3 Desemprego Estrutural
O desemprego estrutural, Ue, resulta do facto de o salário real não se ajustar de forma
exacta e imediata ao valor do salário real de equilíbrio. Sendo o salário real superior ao
valor de equilíbrio (w’>w*), verifica-se um excesso de oferta de trabalho relativamente à
procura, de modo que nem todos os agentes que oferecem trabalho obtêm emprego.
w
NS
w' Ue
w*
ND
ND NS N
Figura 2.20: Rigidez real e desemprego estrutural.
Seria de esperar que o salário real diminuísse, dado que os agentes desempregados
estariam dispostos a trabalhar por um salário inferior ao vigente. Mas observa-se que o
salário nominal é bastante rígido à baixa (isto é, não diminui instantaneamente em
resultado de um excesso de oferta). Uma das origens da rigidez nominal dos salários é a
influência dos sindicatos.
20
Sendo os salários determinados por negociação bilateral entre o patronato e os sindicatos,
o mercado de trabalho não funciona em condições de concorrência perfeita.
w NC
e
NS
w' U
w*
ND
ND NS N
Figura 2.21: Oferta colectiva de trabalho e desemprego estrutural.
21
Em maior ou menor medida, a produtividade dos trabalhadores depende do empenho e
dedicação com que encaram o trabalho. Se uma empresa não observar perfeitamente o
esforço dos seus trabalhadores, é natural que estes se esforcem tanto mais quanto mais
motivados estiverem.
22
2.4 Desemprego Friccional
A taxa de separação (s) define-se como a fracção de trabalhadores empregados (E) que
se tornam desempregados, num determinado período de tempo. Pode também ser
interpretada como a probabilidade de um trabalhador deixar de estar empregado. Tem uma
componente cíclica, sendo evidentemente superior nas fases de recessão económica, altura
em que há uma maior destruição de postos de trabalho.
23
A taxa de ingresso (f), ou taxa de contratação, é definida como a fracção de
desempregados (U) que encontra emprego, num determinado período de tempo. Pode ter
interesse interpretar este parâmetro como a probabilidade de um desempregado conseguir
emprego. É maior nas fases de expansão económica, altura em que há um aumento dos
volumes de produção, e, portanto, um maior ritmo de criação de postos de trabalho.
s
∆U = 0 ⇒ s ⋅ E − f ⋅ U = 0 ⇒ U = E.
f
U s f s
N S = E +U ⇒u = = ⇒u = .
E +U 1+ s f s+ f
O ritmo de progresso técnico tem uma influência decisiva nos valores das taxas de
separação e de contratação. A inovação torna obsoletos postos de trabalho, produtos, e
mesmo indústrias, criando, por outro lado, novos postos de trabalho a serem preenchidos,
novos produtos e novas indústrias.
24
Em Portugal, no 4º trimestre de 2008, a taxa de separação foi igual a 1,3%, enquanto que a
taxa de ingresso foi igual a 18,0%. Destes valores resultaria, no longo prazo, uma taxa de
desemprego friccional igual a 6,7%.
Figura 2.23: Fluxos entre emprego, desemprego e inactividade – Portugal (4ºT 2008).
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
25
Estes apoios fazem aumentar o desemprego friccional, por acomodação da pessoa à
situação de desemprego, especialmente se o período de duração for muito elevado. Na
medida em que a situação de desemprego acarreta perda de capacidades produtivas, as
pessoas podem cair na chamada armadilha do desemprego, tornando-se desempregados
de longa duração.
Por outro lado, algumas pessoas aproveitam a situação de desemprego para adquirir novas
qualificações profissionais e para procurar um posto de trabalho mais adequado às suas
características produtivas. Em casos como estes, a perda económica associada ao
desemprego é temporária e pode ser mais do que compensada por um acréscimo da
produtividade futura.
Todos estes factores devem ser tidos em conta na definição do sistema de apoio aos
desempregados, de modo a que se encontre um bom compromisso entre o grau de
protecção social e a eficiência económica.
26
2.5 Conclusão
Mesmo se o salário real fosse igual ao salário real de equilíbrio, o dinamismo inerente ao
processo económico implicaria sempre a existência do chamado desemprego friccional,
que é originado pelo processo permanente de criação e destruição de postos de trabalho, e
pelos fluxos constantes de entrada e de saída das pessoas do mercado de trabalho.
27