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DIRETORIA

Presidente: LUIZ VICENTE RIBEIRO CORREA


Vice-Presidente: ANDRÉA CRISTINA DOS SANTOS CORRADO
Secretário-Geral: ALEXANDRE SOARES DA SILVEIRA
Secretário-Geral: RICARDO MIGUEL SOBRAL
Tesoureiro: ALEXANDRE MENEGHIN NUTI

COMISSÃO DE DIREITO TRIBUTÁRIO


Presidente: RALPH MELLES STICCA
Vice-Presidente: ISABELLA LAGARES COLTRI
Secretário: FILIPE CASELLATO SCABORA

Membros:
JUNIA TIYOMI UTIDA
LUCAS PIMENTEL DE OLIVEIRA FILHO
MAYRA DE CHRISTO THEIS
BRUNO REZENDE PIMENTA

Organização: RALPH MELLES STICCA


Revisão: RICARDO MIGUEL SOBRAL

Versão 1 – Junho/2020

RUA CAVALHEIRO TORQUATO RIZZI, 215 - JD SÃO LUIZ - 14020-300 - RIBEIRÃO PRETO - SP
APRESENTAÇÃO

Esta cartilha foi elaborada pelos membros da Comissão de Direito Tributário da 12ª
Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo (OAB/SP), com base na
legislação tributária brasileira na data de sua publicação, como documento de apoio e
consulta ao compliance dos advogados e escritórios de advocacia na prestação de
serviços jurídicos remunerados.
Este material não se caracteriza como opinião legal, parecer jurídico ou qualquer tipo
de consulta jurídica perante as normas da OAB, não podendo ser utilizado como
embasamento em demanda de qualquer natureza, seja administrativa ou judicial.
Este material somente poderá ser divulgado e/ou compartilhado com a autorização
prévia do Presidente da 12ª Subseção da OAB/SP, sendo permitida a sua reprodução,
desde que mantida a integralidade do conteúdo e com citação de autoria.

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RUA CAVALHEIRO TORQUATO RIZZI, 215 - JD SÃO LUIZ - 14020-300 - RIBEIRÃO PRETO - SP
Sumário

APRESENTAÇÃO _______________________________________________________________ 2
I. FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA _______________________________________ 4
I.1. Pessoa Física _____________________________________________________________ 4
I.1.2. Dos Registros ___________________________________________________________ 4
I.2. Sociedade Individual _______________________________________________________ 5
I.3. Sociedade de Advogados ___________________________________________________ 6
I.4. Associação entre escritórios de advocacia _____________________________________ 7
I.5. Quadro Resumo __________________________________________________________ 8
II. TRIBUTAÇÃO ______________________________________________________________ 9
II.1. Pessoa Física_____________________________________________________________ 9
II. 1.1. Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF ___________________________________ 9
II.1.2. Contribuição para o INSS ______________________________________________ 10
II.1.3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS ________________________ 12
II.2. Sociedade Unipessoal de Advocacia _________________________________________ 12
II.3. Sociedade de Advogados __________________________________________________ 13
II.3.1. Honorários de Sucumbência ___________________________________________ 13
II.3.2. Distribuição de Lucros ________________________________________________ 14
II.3.3. SIMPLES Nacional ____________________________________________________ 14
II.3.4. Lucro Presumido _____________________________________________________ 15
II.3.4.1. IRPJ ______________________________________________________________ 16
II.3.4.2. CSLL _____________________________________________________________ 16
II.3.4.3. Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS (regime cumulativo) _______________ 16
II.3.4.4. Contribuição ao INSS, GIIL-RAT e a Terceiros (SESC, SEBRAE, SENAC, Salário
Educação e outros) ________________________________________________________ 17
II.3.4.5. ISS _______________________________________________________________ 17
II.3.5. Lucro Real __________________________________________________________ 17
II.3.5.1. IRPJ ______________________________________________________________ 17
II.3.5.2. CSLL _____________________________________________________________ 18
II.3.5.3. Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS (regime não cumulativo) ___________ 18
II.3.5.4. Contribuição ao INSS, GIIL-RAT e a Terceiros (SESC, SEBRAE, SENAC, Salário
Educação e outros) e ISS____________________________________________________ 18
III. ESTUDOS DE CASO E SIMULAÇÕES DE CUSTO FISCAL ____________________________ 19
REFERÊNCIAS ________________________________________________________________ 21
MODELOS DISPONIBILIZADOS PELA SECIONAL DA OAB-SP ___________________________ 23

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I. FORMAS DE ORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

É cada vez mais evidente a importância do papel do advogado na construção de uma


sociedade mais justa e igualitária, podendo atuar em diversos ramos do Direito para tanto. E o
primeiro passo pós-inscrição no quadro de advogados da OAB é definir como se dará o seu
exercício da advocacia – se como advogado autônomo, advogado titular de uma sociedade
unipessoal de advocacia ou advogado em uma sociedade plurilateral de advocacia.

A seguir trataremos de cada uma das modalidades, de forma detalhada.

I.1. Pessoa Física

O advogado autônomo é um profissional liberal que desempenha a advocacia sem


vínculo empregatício com qualquer escritório ou empresa. Para exercer suas funções
legalmente, além de estar inscrito no quadro de advogados da OAB, é necessário que esteja
registrado no cadastro de contribuintes mobiliários (CCM) do munícipio e, também, como
contribuinte individual no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), conforme a seguir melhor
descrito.

I.1.2. Dos Registros

Para se tornar um advogado autônomo é essencial que o profissional esteja aprovado


no Exame da OAB e requeira sua inscrição como advogado junto ao Conselho Seccional da OAB
do(s) Estado(s) em que deseja exercer a profissão.

Uma vez inscrito, o advogado autônomo precisará também realizar outros registros,
como por exemplo, no INSS e no município em que estiver estabelecido.

O advogado autônomo é contribuinte obrigatório do INSS, por essa razão, deverá estar
cadastrado como contribuinte individual. O procedimento é simples, podendo inclusive ser
realizado pela Internet ou procurando qualquer posto ou agência do INSS, bastando estar de
posse de sua Carteira de Identidade e do Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Economia
(CPF/ME).

Quanto ao cadastro como contribuinte do município, o advogado autônomo deverá


estar atento aos procedimentos e requisitos da legislação da prefeitura de seu estabelecimento.
Em geral, o cadastro como contribuinte mobiliário (CCM) é simples e pode ser realizado pela
Internet; em outros casos, como em Ribeirão Preto/SP, a inscrição de profissional autônomo é
realizada presencialmente no Poupatempo, devendo o profissional comparecer com os
seguintes documentos:

 RG, CPF/ME ou qualquer documento revestido de fé pública, que contenha a


indicação de tais números;

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 Comprovante de endereço residencial e do estabelecimento profissional, se
houver;

 Fotocópia do carnê do IPTU do local onde vai abrir a inscrição;

 Fotocópia da carteira de registro do órgão competente;

Finalizados os trâmites acima, o advogado autônomo estará apto a exercer legalmente


suas atividades profissionais.

I.2. Sociedade Individual

Com advento da Lei nº 13.247, de 12 de janeiro de 2016, que alterou o artigo 15 do


Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94), foi instituída nova modalidade societária para advogados,
denominada de “Sociedade Unipessoal de Advocacia”, a qual, como o próprio nome já sugere,
permite que um único advogado se torne pessoa jurídica para exercer suas atividades
profissionais.

Para constituir uma sociedade unipessoal de advocacia o titular deve ser formado em
Direito, estar inscrito na OAB e não possuir qualquer impedimento legal. Além disso, o advogado
não pode ter participação em outro tipo de sociedade relacionada ao Direito, como uma
sociedade simples, com sede ou estabelecimento filial na mesma área territorial do respectivo
Conselho Seccional, e seu escritório não pode ter características das sociedades empresariais,
como por exemplo, adotar nome fantasia ou mesmo praticar qualquer atividade estranha à
profissão.

Sobre a responsabilidade do advogado titular de uma sociedade individual, importante


mencionar que este responderá de forma ilimitada por eventuais danos causados no exercício
da profissão. E em relação ao nome do escritório, este deve ser composto pelo nome do titular
acrescido da denominação final de “Sociedade Individual de Advocacia”, conforme estabelece o
Estatuto da OAB.

O registro de uma sociedade unipessoal de advocacia ocorre no mesmo Conselho


Seccional da OAB em que o profissional estiver inscrito, devendo constar no ato constitutivo
dados como razão social, objeto social, prazo de duração, endereço e valor do capital social.
Após o trâmite de registro, deve ser realizada a inscrição na Secretaria da Receita Federal do
Brasil (RFB) para obtenção do número de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do Ministério da
Economia (CNPJ/ME) e na prefeitura municipal da cidade em que estiver localizado, obtendo
alvará de funcionamento e solicitando, ainda, autorização para emissão de nota fiscal, a qual
formalizará a prestação de seus serviços para com terceiros.

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I.3. Sociedade de Advogados

A sociedade plurilateral de advocacia é aquela constituída por dois ou mais sócios, com
o objetivo de exercício única e exclusivamente da atividade de advocacia. Conforme disposto no
artigo 16 do Estatuto da OAB, uma sociedade de advogados sempre será do tipo simples, seja
ela unipessoal ou com pluralidade de advogados, por se tratar de uma atividade intelectual com
fins lucrativos.

Como não exerce atividade empresária, o registro da sociedade de advogados é feito


no Conselho Seccional da OAB da circunscrição onde irá se estabelecer, devendo os advogados
constituintes da sociedade atentarem-se para as seguintes questões:

• A sociedade só poderá ter como atividade a advocacia;

• Todos os sócios devem estar inscritos na OAB;

• Não pode fazer parte da sociedade advogado que esteja proibido de advogar por
qualquer um dos motivos de incompatibilidade expostos no artigo 27 do Estatuto da
OAB;

• O advogado pode fazer parte de apenas uma sociedade de advogados por Conselho
Seccional.

O nome da sociedade não poderá ser composto por nome fantasia, devendo ser
formado pelo nome de pelo menos um dos advogados que a integra e ser findado com
expressões como, “sociedade de advogados”, “sociedade de advogadas e advogados”,
“advogados”, “advocacia” ou “advogados associados”.

Uma outra observação importante é referente à possibilidade de uso do nome de um


dos sócios falecidos, observando previsão específica do contrato social com referida
autorização, conforme previsto no artigo 16, § 1º, do Estatuto da advocacia 1.

A formalização da sociedade de advocacia é realizada mediante elaboração e registro


do contrato social junto à OAB local, sendo importante ressaltar que neste documento serão
definidas questões importantes para que a sociedade possa prosperar, regulando as interações
entre os advogados, estabelecendo como será o papel de cada sócio, seus direitos, deveres e
obrigações, respeitando-se as regras aplicáveis às sociedades simples, nos termos da legislação
civil.

Por ser pluripessoal, é de suma importância que o contrato social da sociedade de


advogados preveja questões essenciais para a gestão do escritório de advocacia, tais como
quóruns para deliberação, nomeação de administradores, apuração e distribuição de resultados,
causas e formas de dissolução parcial ou no evento de morte de qualquer dos sócios.

1
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
Acesso em 09/jun/2020.

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Na sociedade pluripessoal poderá ocorrer a distinção entre sócios patrimoniais e
sócios de serviço, cabendo aos primeiros a contribuição pecuniária para o capital social e aos
demais somente a realização do trabalho profissional.

Após o registro da sociedade de advogados perante o Conselho Seccional da OAB, será


necessário dar início ao procedimento de inscrição na RFB para obter o número de CNPJ/ME,
devendo ser realizada ainda a inscrição na prefeitura municipal em que o escritório estiver
estabelecido, objetivando o alvará de funcionamento e autorização para emissão de notas
fiscais de serviço.

I.4. Associação entre escritórios de advocacia

Considerando-se o cenário de constantes mudanças e evolução das relações humanas,


observa-se que o mercado tem demandado a atuação de profissionais cada vez mais
especializados e capacitados em todo o território nacional e em diversas áreas, inclusive na área
jurídica.

Conforme dispõe o artigo 5º, inciso XVII, da Constituição da República de 1988, é plena
a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Nesse sentido, tem-
se que os escritórios de advocacia, organizados como pessoas jurídicas de direito privado,
podem associar-se entre si, visando oferecer uma prestação de serviços jurídicos de qualidade,
integral e especializada, para seus clientes.

Dessa forma, é possível que dois ou mais escritórios de advocacia, inscritos ou não na
mesma Seccional da OAB, firmem entre si um contrato de associação entre sociedades de
advogados, para que promovam atuação conjunta e/ou integrada de serviços jurídicos.

Para tanto, é necessário que esses escritórios estejam quites com as obrigações
perante as suas respectivas Seccionais, devendo o contrato ser averbado à margem do registro
da sociedade, em livro próprio ou ficha de controle mantidos para esse fim (arts. 8º, IV e 12 do
Provimento OAB nº 112/06).

A averbação do contrato é feita mediante requerimento dirigido ao Presidente da


respectiva Seccional, devendo o pedido estar instruído dos seguintes documentos:

(i) uma via de requerimento assinado pelos sócios administradores de ambas as


sociedades;
(ii) 04 (quatro) vias do Instrumento de Contrato de associação originais,
devidamente rubricados e assinados pelos sócios administradores de ambas as
Sociedades e com duas testemunhas devidamente qualificadas;
(iii) em caso de uma das Sociedades ser registrada em outra Secional, é necessário
apresentar Certidão de Breve Relato da Secional de origem. Além disso, devem
os escritórios recolher os emolumentos decorrentes da averbação.

Dentro desse modelo associativo, cada um dos escritórios associados manterá o seu nome, total
independência de gestão e autonomia de suas obrigações, de modo que essa aliança não

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implicará que um contratante se torne sócio do outro, tampouco ocorra a formação de uma
nova pessoa jurídica (art. 8º, § 3º do Provimento OAB nº 112/06).

Importante ressaltar que os escritórios associados não poderão utilizar-se da


denominação do outro como própria, nem atender clientes que apresentem interesses opostos.

Em relação à divisão dos honorários, os escritórios poderão fixar em livre acordo um


percentual de remuneração proporcional aos serviços prestados por cada um, inclusive
elaborando uma tabela especial de honorários, em que ficarão predeterminados esses
percentuais.

Portanto, nota-se que o acordo de associação entre escritórios de advocacia permite,


além da prestação integral e especializada de serviços jurídicos, a cooperação para maior troca
de experiências, bem como indicação mútua de clientes, colocando-os em melhor posição
estratégica de mercado.

I.5. Quadro Resumo

Como forma de resumir cada uma das modalidades de exercício da advocacia, bem
como suas particularidades, elaboramos o quadro resumo a seguir:

Quadro comparativo
Sociedade Unipessoal de
Sociedade de Advogados Advogado Autônomo
Advocacia
Número de Apenas um advogado
Apenas um titular Dois ou mais sócios
advogados (pessoa física)

Nome de pelo menos um dos


sócios, acrescido de
Nome do titular acrescido expressões como, “sociedade
Nome do
ao final de "Sociedade de advogados”, “sociedade Nome do profissional
escritório
Individual de Advocacia" de advogadas e advogados”,
“advogados”, “advocacia” ou
“advogados associados”
Elaboração do ato
constitutivo; Registo do ato Elaboração do ato
constitutivo na OAB; constitutivo; Registo do ato
Registro na Prefeitura
Inscrição na RFB para constitutivo na OAB;
Municipal para
obtenção do CNPJ/ME; Inscrição na RFB para
Formalização obtenção de inscrição
Registro na Prefeitura obtenção do CNPJ/ME;
do escritório municipal; Cadastro
Municipal para obtenção de Registro na Prefeitura
como contribuinte
inscrição municipal, alvará Municipal para obtenção de
individual no INSS
de funcionamento e inscrição municipal, alvará de
autorização para emissão funcionamento e autorização
de nota fiscal para emissão de nota fiscal

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II. TRIBUTAÇÃO

Para facilitar a análise de qualquer e melhor estratégia tributária são apresentadas as


principais características quanto às alíquotas incidentes pela natureza jurídica (pessoa física ou
jurídica), bem como pelas modalidades existentes em cada uma delas.

II.1. Pessoa Física

O advogado que exerce a profissão como pessoa física está sujeito, em resumo, ao
recolhimento dos seguintes tributos: Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), Contribuição
para o INSS e ISS).

II. 1.1. Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF

O IRPF é um tributo de competência da União, conforme previsto no artigo 153, inciso


III da Constituição Federal de 1988, e tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica de renda decorrente de capital, de trabalho ou da combinação de ambos,
ou de acréscimos patrimoniais decorrentes de proventos de qualquer natureza.

Assim, verifica-se a incidência do IRPF sobre todos os recebimentos do advogado


autônomo, com a aplicação de alíquota que varia de 7,5% até 27,5%, a depender da faixa de
rendimentos a que se enquadre o contribuinte, segundo a tabela progressiva prevista na
Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.558/15, a seguir reproduzida:

Base de Cálculo em R$ Alíquota (%) Parcela a deduzir do imposto (R$)


Até 1.903,98 - -

Acima de 1.903,98 até 2.826,65 7,5 142,80


Acima de 2.826,65 até 3.751,05 15 354,80
Acima de 3.751,05 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Em relação aos recebimentos provenientes de pessoas jurídicas, a legislação tributária


prevê que estas são obrigadas a efetuar a retenção na fonte do IR (IRRF), do INSS e do ISS devidos
pelo profissional, os quais sofrerão tributação exclusiva e, por tal, não entrarão na base de
cálculo do IRPF a ser apurado pelo advogado autônomo.

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Em relação aos demais recebimentos, em que não há a retenção na fonte, o advogado
autônomo deve apurar e recolher o IRPF mensalmente, podendo valer-se do programa Carnê-
Leão, disponibilizado pela RFB no site:

http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-
parcelamentos/pagamento-do-imposto-de-renda-de-pessoa-fisica/carne-
leao/2020/programa-carne-leao-2020

O usuário promove o download do programa e realiza a apuração do imposto na forma


de livro caixa, sendo devidamente contabilizadas as deduções cabíveis, como pagamento de
empregados, aluguel do escritório, entre outros, obtendo o advogado um histórico e controle
de suas receitas e despesas.

No Carnê-Leão, o advogado autônomo vai inserir os seus dados, clicar na aba “Livro
Caixa – Escrituração” e realizar os respectivos lançamentos de receitas e despesas. Ao final, as
informações inseridas no programa Carnê-Leão podem ser transferidas para o programa do
IRPF, facilitando, assim, o preenchimento da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda
da Pessoa Física (DIRPF), entregue até o último dia útil de abril do ano-calendário seguinte.

Nesse ponto, vale ressaltar que é muito importante o profissional manter um controle
documentado relativo aos valores dos clientes levantados e depositados em sua conta bancária,
inclusive com a respectiva prova do repasse. Se o advogado cair na malha fina, será intimado a
comprovar a origem de cada depósito, podendo ser autuado por omissão de renda em relação
aos valores não comprovados.

Em vista disso, o advogado recebe seus pagamentos por meio da emissão de Recibo
de Pagamento a Autônomo (RPA), impresso em duas vias, uma para o tomador de serviços e
outra para o prestador, com informações acerca da retenção da contribuição ao INSS, do ISS e
do IRRF, devendo o advogado estar atento às normas da legislação do ISS de seu Município.

Apurado o valor do IRPF, o profissional deve gerar o respectivo Documento de


Arrecadação da Receita Federal (DARF) para pagamento do imposto devido, que pode ser feito
no site da RFB ou por meio do programa Sicalc, também disponível no site da RFB, devendo ser
utilizado o código “0190 – recolhimento mensal obrigatório (carnê-leão)”, efetuando o
pagamento dentro do prazo de vencimento.

II.1.2. Contribuição para o INSS

A contribuição ao INSS é um tributo de competência da União, com fundamento no


artigo 195 da Constituição Federal de 1998, que determina que a seguridade social será
financiada por toda a sociedade.

Nos termos da Lei nº 8.212/91, o advogado autônomo se enquadra como contribuinte


individual, devendo recolher a contribuição ao INSS à alíquota de 20% sobre o salário de
contribuição, cujos limites se encontram previstos em Portaria da Previdência Social e do
Ministério da Economia:

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Tabela 2020

Salário de Contribuição Alíquota INSS Valor da Contribuição Obs.


R$ 1.039,00 5% R$ 51,95 *

R$ 1.039,00 11% R$ 114,29 **

de R$ 1.039,00 até R$ 6.101,06 20% de R$ 207,80 a R$ 1.220,21 -

* Alíquota exclusiva do Facultativo Baixa Renda. Não dá direito a Aposentadoria por Tempo de
Contribuição e Certidão de Tempo de Contribuição.
** Alíquota exclusiva do Plano Simplificado de Previdência. Não dá direito a Aposentadoria por Tempo de
Contribuição e Certidão de Tempo de Contribuição.

Para o advogado autônomo, o salário de contribuição equivale à remuneração auferida


pelo serviço prestado a um ou mais tomadores de serviço, ou pelo exercício da atividade durante
o mês, observado o limite estabelecido na tabela.

Nas hipóteses em que a prestação de serviços é feita à pessoa jurídica, esta é


responsável por reter e recolher 11% do valor do serviço (exceto para entidade beneficente de
assistência social isenta das contribuições sociais que, na condição de tomadora, deverão reter
20%), devendo o advogado autônomo recolher 9% a título de complementação da alíquota de
20% da contribuição ao INSS do contribuinte individual, até o limite da tabela acima. .Assim, o
advogado deve se atentar caso já tenha atingido, no período, o teto do recolhimento da
contribuição ao INSS, devendo comprovar essa situação para que a empresa não efetue a
retenção indevida do tributo.

Além disso, também existe para a pessoa jurídica que contrata serviços de profissionais
autônomos a obrigação do recolhimento da contribuição ao INSS a cargo da empresa, no
percentual de 20% sobre as remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no período, a
esses profissionais.

As contribuições previdenciárias são recolhidas por meio da Guia da Previdência Social


(GPS). Para tanto, o advogado deverá providenciar sua inscrição no INSS, emitindo-se o número
do PIS, podendo ser feito por meio do site:

http://receita.economia.gov.br/contato/fale-conosco/cidadao/contribuicoes-
previdenciarias/inscricao-de-contribuinte-individual

A RFB disponibiliza um sistema para gerar a GPS com código de barras, a partir da
inserção do NIT/PIS/PASEP do contribuinte, podendo o recolhimento ser efetuado em
instituições financeiras ou casas lotéricas:

http://sal.receita.fazenda.gov.br/PortalSalInternet/faces/pages/calcContribuicoesCI/f
iliadosApos/selecionarOpcoesCalculoApos.xhtml

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II.1.3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS

O ISS é um tributo de competência dos Municípios, conforme previsto no artigo 156,


inciso III da Constituição Federal de 1988, e incide sobre todos os serviços relacionados na lista
anexa da Lei Complementar nº 116/03, cujo item 17 prevê a tributação dos serviços de apoio
jurídico (item 17.14 – Advocacia).

Assim, como regra geral, o advogado, como prestador de serviços, deve recolher o ISS
ao Município em que se localiza o seu estabelecimento, com aplicação de alíquota que varia de
2% até 5% sobre o preço exigido em contrapartida à prestação do serviço, de acordo com a
legislação aplicável a cada municipalidade.

A título de exemplo, no município de Ribeirão Preto/SP, a alíquota do ISS para o


advogado é de 2%, conforme o artigo 115, tabela 01, item 87 do Código Tributário Municipal de
Ribeirão Preto.

Na hipótese de serviço prestado à pessoa jurídica, o recolhimento do ISS é feito com a


retenção do tributo destacado no Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA). Para que a emissão
da RPA seja feita sem a retenção do ISS, o advogado autônomo deve providenciar sua inscrição
junto à Prefeitura do Município de seu estabelecimento. Em Ribeirão Preto/SP, temos as
instruções para inscrição e emissão de nota fiscal no site:

https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/sfazenda/caempresa/i30iautonomos.php

Além disso, os profissionais liberais e autônomos que prestem serviço sob a forma de
trabalho pessoal e as sociedades simples uniprofissionais poderão aderir ao Regime Anual Fixo
do ISS, previsto no artigo 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei nº. 406/68, e no artigo 18, § 18 - Simples
Nacional, com as limitações do §19 - da Lei Complementar nº. 123/06.

Para 2019 em diante, esse valor será de R$ 980,60 (novecentos e oitenta reais e
sessenta centavos), calculado em relação a cada profissional habilitado que preste serviço em
nome da sociedade, nos termos do artigo 104-A do Código Tributário do Município de Ribeirão
Preto e Decreto nº. 322/18.

No caso das sociedades simples, o direito ao enquadramento tributário do ISS fixo


deverá ser reconhecido em processo administrativo de Regime Especial de Recolhimento,
conforme regramento da Instrução Normativa (IN) nº. 01/12, do Secretário Municipal da
Fazenda do Município de Ribeirão Preto/SP.

II.2. Sociedade Unipessoal de Advocacia

A Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem) passou a prever, a partir da alteração dada


pela publicação da Lei nº 13.247/16, a possibilidade de os advogados exercerem a atividade na
forma de “sociedade unipessoal de advocacia”, dispensando a necessidade da união de dois ou
mais profissionais para aquisição da personalidade jurídica.

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O principal objetivo da alteração legislativa era o de facilitar o enquadramento da
atividade no regime de tributação diferenciado e favorecido previsto na Lei Complementar nº
123/06 (Simples Nacional).

Todavia, apesar da nova previsão legal, originalmente a RFB se recusou a aceitar a


opção do Simples Nacional por essas sociedades unipessoais, legitimando a propositura, pelo
Conselho Federal da Ordem (CFOAB), da Ação nº 0014844-13.2016.4.01.3400, perante a 5ª Vara
da Subseção Judiciária de Brasília/DF.

No bojo dessa ação judicial, houve deferimento de tutela antecipada para reconhecer
a abrangência do regime do Simples Nacional às sociedades unipessoais de advocacia, decisão
que foi confirmada pela sentença, publicada no dia 15/10/2018. Atualmente, o processo se
encontra no gabinete do relator Desembargador Federal Novély Vilanova, da Oitava Turma do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região, para análise em sede de apelação e reexame necessário.

Feitas essas considerações acerca do enquadramento da sociedade unipessoal no


Simples Nacional, ressalta-se que as sociedades individuais de advogados observarão as mesmas
regras aplicadas às demais formas de sociedade de advogados.

II.3. Sociedade de Advogados

A tributação relativa à Sociedade de Advogados se dá de forma análoga às pessoas


jurídicas, sendo aqui apresentado para fins didáticos em três regimes tributários, de acordo com
sua forma de apuração. São eles: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. A escolha pela
Sociedade deve ser norteada com base na projeção de seus resultados, considerando a
expectativa de margem líquida, já que a opção pelo regime tributário se dará no início de cada
ano-calendário e, regra geral, é irretratável durante este interregno.

II.3.1. Honorários de Sucumbência

No que tange aos honorários sucumbenciais há que se diferenciar as duas


possibilidades inerentes à representação processual, interferindo no entendimento
jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quanto à titularidade dos valores:

i) A procuração é outorgada ao advogado, sem menção à sociedade da qual este faz


parte: nesse caso, presume-se que o profissional tenha sido contratado como advogado
autônomo (tabela progressiva do IR com alíquotas até 27,5%), com retenção na fonte dos
respectivos tributos (que, ao final, também serão abatidos do imposto devido pela pessoa física
na DIRPF. Os honorários, portanto, devem ser levantados em nome do advogado e não da
sociedade.

ii) A procuração é outorgada ao advogado, com indicação da sociedade da qual este


faz parte: nesse caso, os honorários de sucumbência serão levantados pela sociedade de
advogados, com IRRF de 1,5% (que será abatido do imposto a pagar).

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Dessa forma, com a finalidade de evitarem-se transtornos, na procuração deve constar
no campo “outorgado” o nome e a qualificação da sociedade de advogados juntamente com os
nomes e as qualificações dos advogados responsáveis. Além disso, o contrato de prestação de
serviços deve ser feito em nome da sociedade, juntando-se o contrato aos autos antes do
requerimento dos honorários sucumbenciais, solicitando que seja feito em nome da sociedade
de advogados.

II.3.2. Distribuição de Lucros

Os lucros auferidos pelas Sociedades de Advogados, como de todas as pessoas


jurídicas, podem ser distribuídos sem a incidência do IR na fonte e não integram a base de
cálculo do imposto de renda do beneficiário, de acordo com a Lei nº 9.249/95.

II.3.3. SIMPLES Nacional

Poderão optar pelo regime do Simples Nacional as Sociedades de Advogados que


tenham faturamento anual de até 4,8 milhões de reais. A escolha dessa sistemática de
tributação implica recolhimento mensal, em documento e alíquota únicos, dos seguintes
tributos: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição para os
Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep),
INSS e ISS (vide comentários no tópico II.1.3.).

As alíquotas variam de 4,5% a 33%, a depender do faturamento anual do escritório,


nos termos da seguinte tabela do Anexo IV da Lei Complementar nº. 123/06, com redação dada
pela Lei Complementar nº. 155/16:

Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços


relacionados no § 5o-C do art. 18 desta Lei Complementar

Receita Bruta em 12 Meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$)
1a Faixa Até 180.000,00 4,50% -
2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 9,00% 8.100,00
a
3 Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,20% 12.420,00
4a Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 14,00% 39.780,00
5a Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 22,00% 183.780,00
a
6 Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33,00% 828.000,00

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Percentual de Repartição dos Tributos
Faixas
IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep ISS (*)
a
1 Faixa 18,80% 15,20% 17,67% 3,83% 44,50%
2a Faixa 19,80% 15,20% 20,55% 4,45% 40,00%
a
3 Faixa 20,80% 15,20% 19,73% 4,27% 40,00%
4a Faixa 17,80% 19,20% 18,90% 4,10% 40,00%
5a Faixa 18,80% 19,20% 18,08% 3,92% 40,00% (*)
6a Faixa 53,50% 21,50% 20,55% 4,45% -
(*) O percentual efetivo máximo devido ao ISS será de 5%, transferindo-se a diferença, de
forma proporcional, aos tributos federais da mesma faixa de receita bruta anual. Sendo assim,
na 5a faixa, quando a alíquota efetiva for superior a 12,5%, a repartição será:
Faixa IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep ISS
5a Faixa, com (Alíquota (Alíquota (Alíquota Alíquota Percentual
alíquota efetiva efetiva – 5%) x efetiva – efetiva – 5%) x efetiva – de ISS fixo
superior a 12,5% 31,33% 5%) x 30,13% 5%) x em 5%
32,00% 6,54%

A sociedade deve efetuar os cálculos dos tributos e transmitir mensalmente as


apurações por meio do PDGDAS-D, aplicativo disponível no Portal do Simples Nacional
(http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Default.aspx). O prazo para pagamento
do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) é até o dia 20 do mês subsequente.
As informações socioeconômicas e fiscais devem ser declaradas anualmente por meio da
Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais (Defis), disponível em módulo específico
do PGDAS-D, até 31 de março do ano-calendário subsequente ao da ocorrência dos fatos
geradores dos tributos previstos no Simples Nacional.

Quando a sociedade de advogados optante pelo Simples Nacional prestar serviços para
entidades estrangeiras, não haverá incidência de Contribuição para o PIS/Pasep, COFINS e ISS,
dada a imunidade das receitas de exportação de serviços a esses tributos, prevista na
Constituição Federal de 1988.

II.3.4. Lucro Presumido

Nessa modalidade de apuração de tributos da pessoa jurídica, o lucro é


estimado/presumido em determinado percentual da receita bruta indicada, a depender da
atividade da empresa. No caso da sociedade de advocacia, o percentual estabelecido é de 32%
(trinta e dois por cento) da receita bruta.

Podem optar por essa modalidade de apuração do IRPJ as pessoas jurídicas que
possuem receita bruta anual de até 78 milhões de reais.

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Uma das vantagens dessa sistemática de apuração em relação ao lucro real é a não
obrigatoriedade, do ponto de vista do Fisco, de manutenção de escrituração contábil integral,
bastando apenas a escrituração dos recebimentos e pagamentos ocorridos mensalmente no
livro-caixa, bem como a emissão de notas fiscais (eletrônicas) no período.

Contudo, a escrituração contábil é aconselhável, pois, caso não haja a escrituração, a


distribuição dos lucros é limitada ao valor da presunção, deduzidos os tributos e contribuições.
No caso de haver escrituração, poderá ser distribuído o lucro contábil que, na maior parte das
vezes, é maior que o lucro presumido.

II.3.4.1. IRPJ

No caso das sociedades de advogados, o percentual de presunção aplicável será de


32% da receita bruta auferida no período de apuração, a qual comporá a base de cálculo do IRPJ.
A alíquota aplicada nessa sistemática de apuração é de 15%, mais um adicional de 10% sobre a
base de cálculo (lucro presumido) que ultrapassar R$ 20 mil mensais. A apuração é trimestral,
com vencimento no último dia útil do mês seguinte ao término do trimestre, sendo autorizado
o pagamento em 3 quotas-partes, com juros de 1% no 2º mês e Taxa Selic acumulada no 3º mês.

II.3.4.2. CSLL

A base de cálculo é a mesma na apuração do IRPJ, ou seja, 32% da receita bruta


auferida no período de apuração, enquanto a alíquota aplicada é de 9% sobre essa base. O
vencimento é no último dia útil do mês seguinte ao término do trimestre, nos mesmos moldes
do IRPJ.

II.3.4.3. Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS (regime cumulativo)

O recolhimento das contribuições sociais para optantes do lucro presumido será


mensal, realizado até o dia 25 do mês seguinte ao do fato gerador, com aplicação de alíquota
de 0,65% para a Contribuição para o PIS/Pasep e 3% para a COFINS, ambos incidentes sobre a
receita bruta auferida pela sociedade de advogados.

Por se tratar do regime cumulativo, obrigatório para as pessoas jurídicas optantes pelo
lucro presumido, não há direito à apuração de créditos.

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II.3.4.4. Contribuição ao INSS, GIIL-RAT e a Terceiros (SESC, SEBRAE, SENAC,
Salário Educação e outros)

As sociedades de advogados devem pagar Contribuição ao INSS à alíquota de 20%


sobre as remunerações pagas a empregados e trabalhadores avulsos, inclusive sobre as
remunerações a título de pró-labore, de recolhimento mensal.

Adicionalmente, as sociedades de advogados devem recolher a Contribuição em


função do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do
Trabalho (GIIL-RAT), às alíquotas de 1%, 2% ou 3%, de acordo com o FPAS e as tabelas divulgadas
pela RFB – em geral, a alíquota aplicável será de 1%.

Ainda serão devidos, sobre as remunerações pagas a empregados e trabalhadores


avulsos, as Contribuições a Terceiros (SESC, SEBRAE, SENAC, Salário Educação e outros) à
alíquota consolidada de 5,8%.

II.3.4.5. ISS

O ISS tem como fato gerador a prestação de serviços, tendo como alíquota máxima 5%
sobre o valor total cobrado pelo serviço. Vale lembrar que, por ser um imposto de competência
Municipal, a alíquota pode variar de acordo com o município em que for prestado o serviço.

Vide comentários no tópico II.1.3.

II.3.5. Lucro Real

A apuração pela sistemática do lucro real é tema bastante complexo, não sendo
possível abarcar todos os seus aspectos nesta cartilha. Além disso, poucos são os escritórios de
advocacia que se utilizam dessa modalidade de apuração, em função dos benefícios e facilidade
de apuração do Simples Nacional e do lucro presumido.

A apuração pela modalidade do Lucro Real é obrigatória para os escritórios de


advocacia com faturamento anual superior a R$ 78 milhões, ou R$ 6,5 milhões vezes o número
de meses de atividade do ano-calendário, e exige criteriosa escrituração contábil mensal, bem
por isso, recomenda-se uma assessoria especializada.

II.3.5.1. IRPJ

Sua apuração, em regra, é trimestral, com vencimento no último dia útil do mês
seguinte ao término do trimestre, utilizando-se a alíquota de 15% (mais adicional de 10% sobre

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o montante que ultrapassar os R$ 20 mil mensais) sobre o lucro líquido apurado na escrituração
contábil e ajustado no Livro de Apuração do Lucro Real (e-LALUR) pelas adições, exclusões e
compensações previstas na legislação. No caso de apuração de prejuízo fiscal e/ou base negativa
de CSLL, o contribuinte poderá escriturar o crédito para compensação em períodos de apuração
subsequentes, no limite de 30% do lucro real.

O IRPJ também pode ser pago anualmente, devendo ocorrer antecipação mensal por
estimativa, calculada na forma do modelo do Lucro Presumido, sendo autorizado reduzi-lo ou
suspendê-lo por meio de balancete de redução/suspensão levantado mensalmente, contendo
o lucro real acumulado até o encerramento do período, em 31/12 de cada ano.

Caso as antecipações pagas ao longo do ano-calendário superem o IRPJ devido pelo


lucro real anual em 31/12, o “saldo negativo” será considerado crédito fiscal, atualizado pela
Taxa Selic a partir do ano-calendário subsequente, e poderá ser compensado com qualquer
tributo administrado pela RFB.

II.3.5.2. CSLL

A apuração da base de cálculo da CSLL será realizada nos mesmos moldes do IRPJ (IN
RFB nº. 1.700/17), sendo a contribuição devida à alíquota de 9%.

II.3.5.3. Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS (regime não cumulativo)

Para optantes pelo Lucro Real, a Contribuição para o PIS/Pasep e a COFINS serão
apuradas pelo regime não cumulativo, com alíquotas de, respectivamente, 1,65% e 7,6% sobre
a receita bruta mensal da sociedade de advogados, sendo admitidos pela legislação –
notadamente, as Leis nº. 10.637/02 e nº. 10.833/03 -, créditos para abatimento da base de
cálculo, tais como, por exemplo: bens e serviços utilizados como insumo na prestação de
serviços, aluguel de imóvel utilizado na atividade do escritório e pago a pessoa jurídica,
benfeitorias em imóveis de terceiros, energia elétrica, vale-transporte, vale-refeição ou vale-
alimentação fornecidos aos empregados, entre outros.

II.3.5.4. Contribuição ao INSS, GIIL-RAT e a Terceiros (SESC, SEBRAE, SENAC,


Salário Educação e outros) e ISS

A Contribuição Social ao INSSGIIL-RAT e a Terceiros, bem como o ISS, seguirão a mesma


sistemática de apuração e cobrança aplicável às sociedades de advogados optantes pelo lucro
presumido, detalhada acima.

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III. ESTUDOS DE CASO E SIMULAÇÕES DE CUSTO FISCAL

Para melhor compreensão a respeito da tributação das diferentes formas de


organização da atividade de advocacia, bem como para uma análise a respeito das faixas de
receita em que cada regime de apuração se torna mais benéfico, observe-se a tabela a seguir2:

Pessoa Física Simples Nacional Lucro Presumido


Tributo Alíquota Base Cálculo Alíquota Base Cálculo Alíquota Base Cálculo
receita bruta
auferida,
entre 7,5%
IRPF abatidas as
e 27,5%
deduções no
livro caixa
IRPJ 15%
IRPJ
10% 32% da
Adicional*
CSLL 9% receita bruta
receita bruta auferida
COFINS 3%
auferida,
PIS/Pasep entre 4,5% 0,65%
abatida a
e 33%
salário parcela a
contribuição deduzir folha de
INSS 20% 26,80%
(teto R$ salários
6.101,06)
receita bruta receita bruta
ISS** 2% 2%
auferida auferida
*O IRPJ Adicional é devido sobre a parcela da base de cálculo do lucro presumido que exceder
R$ 20.000,00 (vinte mil reais) mensais
** Alíquota de ISS de 2%, adotada pelo município de Ribeirão Preto/SP. Caso haja a adoção do
Regime Anual Fixo, o valor será de R$ 980,60 (novecentos e oitenta reais e sessenta centavos)
por profissional habilitado.

Na tabela abaixo também é possível observar um comparativo da tributação pelos


regimes do Simples Nacional e do Lucro Presumido, no Município de Ribeirão Preto/SP:

2
Em relação ao Lucro Real, tratado no tópico II.3.5. do presente documento, tem-se como pouco usual e
recomendável sua adoção por sociedades de advogados, pois além da maior complexidade de apuração,
na atividade de prestação de serviços os custos, despesas e encargos considerados dedutíveis ou passíveis
de créditos na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS são menores que na indústria e
comércio, tornando o Simples Nacional e o Lucro Presumido – que ainda podem ser apurados com base
no regime de caixa - mais atrativos, ressalvadas, claro, as pessoas jurídicas que faturam mais de R$
78.000.000,00 por ano.

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Receita 300.000,00 1.000.000,00 2.921.023,77
Bruta Anual Simples¹ Presumido² ³ Simples¹ Presumido² ³ Simples¹ Presumido² ³
IRPJ 3.742,20 14.400,00 17.839,16 56.000,00 97.998,37 209.681,90
CSLL 2.872,80 8.640,00 19.242,24 28.800,00 100.094,09 84.125,48
PIS 841,05 1.950,00 4.109,02 6.500,00 20.456,73 18.986,65
COFINS 3.883,95 9.000,00 18.941,58 30.000,00 94.244,84 87.630,71
ISS 7.560,00 6.000,00 40.088,00 20.000,00 146.051,19 58.420,48
Total 18.900,00 39.990,00 100.220,00 141.300,00 458.845,23 458.845,23
≠ 21.090,00 ≠ 41.080,00 ≠ 0,00
¹ A arrecadação é realizada de forma unificada, pelo Documento de Arrecadação do Simples
Nacional (DAS). O cálculo dos tributos e contribuições foi realizado com base na repartição das
receitas estabelecida no Anexo IV da Lei Complementar nº. 123/06.
² O adicional do IRPJ somente se aplica à parcela da base de cálculo presumida que exceder
R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) anuais.
³ ISS, no Simples Nacional, calculado de acordo com Anexo IV da Lei Complementar nº. 123/06.

Como visto acima, em geral, a adoção do Simples Nacional para recolhimento dos
tributos federais e municipais pelas sociedades de advogados que faturam anualmente até R$
4.800.000,00 mostra-se mais vantajosa do ponto de vista fiscal, com as seguintes ponderações:
(a) há que se considerar, ainda, as limitações impostas pela Lei Complementar nº. 123/06 para
sócios que mantêm participação em outras pessoas jurídicas (não uniprofissionais) optantes
pelo Simples Nacional; e (b) conforme simulação acima, a partir de determinado volume de
faturamento anual o Simples Nacional passa a ser mais caro que o Lucro Presumido, dado o
caráter progressivo de suas alíquotas, devendo-se considerar, entretanto, o impacto do ISS no
cálculo, que caso recolhido pelo Regime Anual Fixo, implicará ainda maior vantagem em favor
do Simples Nacional, por representar o maior percentual na repartição da arrecadação.

Ressalte-se que a tabela acima representa uma estimativa do custo fiscal, podendo
sofrer variações no caso concreto, em razão das limitações de escopo e abstrações adotadas
para fins desta simulação – para este fim, recomenda-se a assessoria de um contador
especializado. Também não foram consideradas, no Lucro Presumido, as contribuições
previdenciárias exigidas sobre a folha de salários, assim como deixou-se de simular a tributação
da Pessoa Física em razão da necessidade de verificação das deduções no Livro Caixa.

Além disso, é preciso lembrar que, tendo em vista a complexidade da apuração


tributária pelo Lucro Real, não é possível a realização de simulação sem a devida análise do caso
concreto, sendo, portanto, necessária assessoria especializada para a devida apuração. Bem por
isso, é recomendável que apenas sociedades de advogados com faturamento anual próximo ao
teto do Lucro Presumido (R$ 78.000.000,00), ou mesmo com rentabilidade menor que 32%
(lucro líquido/faturamento) realizem tal análise.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
______. Lei nº. 8.906, de 04 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm
______. Lei nº. 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade
Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm
______. Lei nº. 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Altera a legislação do imposto de
renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá
outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9249.htm
______. Lei nº. 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cumulatividade
na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica; sobre o pagamento
e o parcelamento de débitos tributários federais, a compensação de créditos fiscais, a
declaração de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá
outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10637.htm
______. Lei nº. 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária
Federal e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.833.htm
______. Lei Complementar nº. 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito
Federal, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm
______. Lei Complementar nº. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis
no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho -
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de
14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga

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as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
______. Lei nº. 13.247, de 12 de janeiro de 2016. Altera a Lei nº 8.906, de 4 de julho de
1994 - Estatuto da Advocacia. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13247.htm
______. Lei Complementar nº. 155, de 27 de outubro de 2016. Altera a Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simplificar a
metodologia de apuração do imposto devido por optantes pelo Simples Nacional; altera
as Leis nos 9.613, de 3 de março de 1998, 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 7.998,
de 11 de janeiro de 1990; e revoga dispositivo da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm
RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa nº. 1.558, de 31 de março de 2015.
Altera a Instrução Normativa RFB nº 1.500, de 29 de outubro de 2014, que dispõe sobre
normas gerais de tributação relativas ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas.
Disponível em:
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=62637&visao=o
riginal
RIBEIRÃO PRETO. Lei nº. 2.415, de 21 de dezembro de 1970. Dispõe sobre o sistema
tributário do município e dá outras providências. Disponível em:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/legislacao-municipal/pesquisa

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MODELOS DISPONIBILIZADOS PELA SECIONAL DA OAB-SP

1. Associação sem vínculo empregatício:


a. Contrato de associação sem vínculo empregatício;
b. Instrução normativa nº 2/96;
c. Manual de orientação de Razão Social;
d. Rescisão de associação sem vínculo empregatício.
Disponível em: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/sociedades-advogados/contrato-de-
associacao-sem-vinculo-empregaticio

2. Atos e Registros Especiais:


a. Associação entre sociedades de advogados;
b. Cisão;
c. Incorporação;
d. Informações sobre transformações.
Disponível em: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/sociedades-advogados/atos-e-
registros-especiais

3. Atos Individuais - Sociedade Individual de Advocacia - modelos:


a. Legislação e Provimento;
b. Instruções;
c. Modelos;
d. Pareceres, Artigos e Comentários;
e. Manual de Orientação da Razão Social
Disponível em: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/sociedades-advogados/sociedade-
individual-de-advocacia

4. Atos Societários - Sociedades de Advogados - modelos:


a. Alteração de endereço;
b. Alterações contratuais;
c. Contrato social;
d. Distratos sociais;
e. Link manual de orientação da razão social.
Disponível em: http://www.oabsp.org.br/comissoes2010/sociedades-advogados/atos-
societarios-2013-modelos

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