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44128-Texto Do Artigo-52623-1-10-20120920 PDF
44128-Texto Do Artigo-52623-1-10-20120920 PDF
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo
Unitermos
As plantas medicinais vêm sendo utilizadas com finalidades • Informações toxicológicas
terapêuticas há milhares de anos. Seu uso popular foi propagado de • Medicamentos fitoterápicos
geração em geração e descrito nas diversas farmacopéias. A partir • Plantas medicinais
do desenvolvimento da química orgânica, tornou-se possível obter • Toxicidade pré-clínica
minadas plantas foram sendo descobertas e propagadas de ramento de medicamentos fitoterápicos e sua produção
geração em geração, fazendo parte da cultura popular. em escala industrial. O novo avanço dos medicamentos
No século XVI, o médico suíço Philippus Aureolus fitoterápicos, longe de ser volta ao passado, caracteriza-se
Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido pela busca de produção em escala industrial, diferente-
como Paracelsus (1493-1541), formulou a “Teoria das mente das formas artesanais que caracterizaram os estági-
Assinaturas”, baseada no provérbio latim similia os iniciais de sua utilização.
similibus curantur, “semelhante cura semelhante”. Com Atualmente, os fitoterápicos são amplamente uti-
esta teoria acreditava-se que a forma, a cor, o sabor e o lizados em diversos países. Na África, por exemplo, 80%
odor das plantas estavam relacionados com as suas pro- da população depende do uso destes medicamentos, os
priedades terapêuticas, podendo dar indícios de seu uso quais representam alternativa frente ao alto custo dos
clínico. Algumas destas plantas passaram a fazer parte fármacos sintéticos. O mercado mundial de medicamen-
das farmacopéias alopáticas e homeopáticas a partir do tos fitoterápicos é de US$ 43 bilhões por ano. Somente
século XIX, quando se começou a investigar suas bases nos Estados Unidos da América, este mercado representa
terapêuticas (Elvin-Lewis, 2001). US$ 5 bilhões por ano, sendo o setor de mais rápido cres-
O isolamento da morfina da Papaver somniferum em cimento no mercado farmacêutico norte-americano
1803 pelo farmacêutico Friedrich Wilhelm Adam Sertürner, (Aschwanden, 2001). Estima-se que cerca de 60% dos
marcou o início do processo de extração de princípios ativos fármacos com atividades antitumorais e antimicrobianas,
de plantas. A partir de então, outras substâncias foram isola- já comercializados ou em fase de pesquisa clínica, sejam
das, como por exemplo, a quinina e a quinidina obtidas da de origem natural (Shu, 1998).
Cinchona spp, em 1819, e a atropina da Atropa belladona, em As plantas medicinais desempenham, portanto, pa-
1831, que passaram a ser utilizadas em substituição aos ex- pel muito importante na medicina moderna. Primeira-
tratos vegetais (Schulz, Hänsel, Tyler, 2001; Tyler 1996). mente porque podem fornecer fármacos extremamente
Assim, a produção de fármacos via síntese química, o importantes, os quais dificilmente seriam obtidos via sín-
crescimento do poder econômico das indústrias farmacêuti- tese química, como por exemplo, os alcalóides da
cas e a ausência de comprovações científicas de eficácia das Papaver somniferum e os glicosídeos cardiotônicos da
substâncias de origem vegetal aliada às dificuldades de con- Digitalis spp. Em segundo lugar, as fontes naturais for-
trole químico, físico-químico, farmacológico e toxicológico necem compostos que podem ser levemente modifica-
dos extratos vegetais até então utilizados, impulsionaram a dos, tornando-os mais eficazes ou menos tóxicos. Em
substituição destes por fármacos sintéticos (Rates, 2001). terceiro lugar, os produtos naturais podem ser utilizados
Após a década de 1960, observou-se, então, um de- como protótipos para obtenção de fármacos com ativida-
sinteresse da indústria farmacêutica e dos institutos de des terapêuticas semelhantes a dos compostos originais
pesquisa pela busca de novas substâncias de origem vege- (Robbers, Speedie, Tyler, 1996).
tal, por se acreditar que já haviam sido isoladas as princi- Diante da grande importância dos medicamentos
pais substâncias ativas das drogas vegetais conhecidas, fitoterápicos, vários países da Europa estão intensifican-
bem como já haviam sido realizadas todas as possíveis do esforços para unificar a legislação referente aos medi-
modificações químicas de interesse destas substâncias camentos fitoterápicos, amplamente comercializados nes-
(Schenckel, Gosman, Petrovick, 2000). tes países (em especial na Alemanha e França). Por outro
Entretanto, a partir dos anos 1980, os avanços técni- lado, nos Estados Unidos, as preparações à base de plan-
cos e o desenvolvimento de novos métodos de isolamen- tas são classificadas como suplementos nutricionais, não
to de substâncias ativas a partir de fontes naturais, permi- sendo necessário submeter dados de segurança e eficácia
tiram maior rapidez na identificação de substâncias em ao Food and Drug Administration (FDA) para a
amostras complexas como os extratos vegetais, ressurgin- comercialização destes produtos.
do o interesse pela pesquisa destas substâncias como pro- No Brasil, a legislação para medicamentos
tótipos para o desenvolvimento de novos fármacos. fitoterápicos vem sofrendo modificações nos últimos
Assim, mesmo com o desenvolvimento de grandes anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
laboratórios farmacêuticos e dos fármacos sintéticos, as (ANVISA) vem elaborando normas para a regulamenta-
plantas medicinais permaneceram como forma alternati- ção destes medicamentos, desde a Portaria n. 6 de 1995,
va de tratamento em várias partes do mundo. Observou-se que estabeleceu prazos para que as indústrias farmacêuti-
nas últimas décadas a revalorização do emprego de prepa- cas apresentassem dados de eficácia e segurança dos me-
rações fitoterápicas. Assim, alguns grupos farmacêuticos dicamentos fitoterápicos, passando pela RDC n. 17 de
passaram a desenvolver esforços voltados para o aprimo- 2000, e a Resolução RDC n. 48 de 16 de março de 2004,
Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no Brasil 291
FIGURA 1 - Evolução da quantidade vendida dos medicamentos fitoterápicos à base das dez plantas medicinais
selecionadas. Brasil,1999-2002. Fonte: IMS Health – dados pesquisados em outubro 2003.
FIGURA 2 - Evolução do faturamento dos medicamentos fitoterápicos à base das dez plantas medicinais selecionadas.
Brasil, 1999-2002. Fonte: IMS Health – dados pesquisados em outubro 2003.
como um potente inibidor do fator ativador de plaquetas analisados de 1985 a 1994. Cerca de 50% das exposi-
e seu uso crônico pode estar associado com o aumento no ções ocorreram com crianças entre 0 e 5 anos de idade:
tempo de sangramento e com o risco de hemorragia espon- em 77% (2374) dos casos não foram detectados quais-
tânea. Glicosídeos cianogênicos podem ser encontrados quer efeitos tóxicos; em 11,5% (356) dos casos ocorre-
na planta, mas sua atividade biológica não foi estudada ram efeitos mínimos a moderados. Nos demais 11,5%
(WHO, 1999). As sementes, caules e folhas contém 4'-O- (359) dos casos, os efeitos foram classificados como
metilpiroxidina, que causa sintomas de deficiência da vi- toxicidade potencialmente desconhecida. Matyunas et
tamina B6, incluindo convulsões (Mils, Bone, 2000). al. (1997) concluíram que a maioria das exposições
Outras plantas também foram avaliadas em estu- não resultou em efeitos tóxicos; nenhuma toxici-
dos clínicos. Em grande estudo com indivíduos expos- dade grave foi relatada segundo dados de Thomson
tos a 8 espécies do gênero Aesculus, 3099 casos foram MICROMEDEX.
TABELA I - Bases de informações toxicológicas sobre medicamentos fitoterápicos
Base de Dados Mantenedor Fontes de Informação e Critérios de Seleção Objetivo da Base de Dados Condições de Acesso
às Informações
The Complete German Comissão “E” Baseado em amplos estudos de revisão de literatura em Avaliar medicamentos naturais de Publicado: Blumenthal
Commission “E” química, toxicologia, uso terapêutico consolidado, (1998)
Monographs, 1998 farmacologia e experiência informando ao consumidor e
clínica. facilitando a submissão para registro
pelas empresas interessadas.
Herbal Medicine American Botanical Ampliação baseada nas monografias aprovadas para uso sem Fornecer informação sobre os Publicado: Blumenthal
Expanded Commission Council prescrição do The Complete German Commission E benefícios e riscos potenciais dos (2000)
“E” Monographs, 2000 Monographs e adição de seis outros medicamentos comuns fitoterápicos no mercado norte-
nos EUA. americano.
WHO Monographs on Organização Mundial de 28 monografias sobre plantas amplamente utilizadas e Pretende promover a informação Publicado em WHO
Selected Medicinal Saúde (OMS) importantes nas regiões da OMS, selecionadas por grupos científica, seu intercâmbio e sua (1999). Endereço na
Plants, volume I, 1999 científicos. O conteúdo foi obtido através de revisão harmonização, no uso dos Internet: www.who.int
sistemática da literatura entre 1975 e 1995 através de revisão fitoterápicos relativas a segurança,
bibliográfica e consulta a diversas farmacopéias e livros de eficácia e controle de qualidade.
referência. Houve ampla revisão em âmbito internacional.
WHO Monographs on Organização Mundial de 30 monografias. Ampliação do Volume I realizada a partir de Mesmo do Volume I. Publicado em WHO
Selected Medicinal Saúde (OMS) 1997. (2002). Endereço na
Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no Brasil
E/S/C/O/P Monographs on European Scientific 60 monografias, formato baseado nos Summary of Product Revisão da informação científica Publicado: ESCOP
the Medicinal Uses of Plant Cooperative on Characteristics (SPC), parte integrante da solicitação para sobre usos terapêuticos de (1999) Endereço na
Drugs (6 fascículos) Phytotherapy (ESCOP), autorização de comercialização de produtos medicinais em fitoterápicos. Internet:
Fascículos 1 e 2: 1996 organização que reúne estados da União Européia em conformidade com a Diretiva www.escop.com
Fascículos 3 a 5: 1997 associações nacionais de 65/65/EEC. Incorpora a literatura publicada para cada planta
Fascículo 6: 1999 fitoterapia. com assistência de pesquisadores convidados. Há submissão
a um quadro de avaliadores.
ESCOP Monographs on Idem à publicação Amplia a primeira edição, incluindo mais 20 monografias. Revisão da informação científica Publicado: ESCOP
the Medicinal Uses of Plant anterior sobre usos terapêuticos de (2003) Endereço na
Drugs, 2nd ed., 2003 fitoterápicos. Internet:
www.escop.com
THOMSON Micromedex – Micromedex, empresa Compilação revisada por um corpo editorial de profissionais Fornecimento de informações em Acesso mediante
POISINDEX (marcas do Grupo Thomson de saúde mantido pela própria companhia em vários países. mais de 50 bases de dados temáticas. assinatura paga.
registradas) sediada nos Estados Endereço na Internet:
Unidos. www.micromedex.com
MILLS E BONE (2000) Autores individuais Literatura Complementar a ESCOP e WHO Publicado:MILLS E
com a prática médica. BONE (2000)
Fonte: Blumenthal (1998) Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000)
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TABELA II - Informações toxicológicas sobre Passiflora incarnata L. em bases de informações selecionadas
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Fontes de Toxicidade DL50 Toxicidade Toxicidade Teratogenicidade Mutagenicidade
referência aguda subaguda crônica
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal
(1998) Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
TABELA III – Informações toxicológicas sobre Ginkgo biloba L. em bases de informações selecionadas
(1) The Complete German Baixa toxicidade aguda Em camundongos: 0 Baixa toxicidade crônica Sem efeitos teratogênicos Sem efeitos
Commission E Monographs via oral: 7725 mg/kg mutagênicos
via intravenosa:
1100 mg/kg
(2) Herbal Medicines – Expanded Baixa toxicidade aguda Em camundongos: 0 Baixa toxicidade crônica Sem efeitos teratogênicos Sem efeitos
Commission E Monographs via oral: 7725 mg/kg mutagênicos
via intravenosa:
1100 mg/kg
(6) Principles and Practice of 0 Em camundongos: 0 Estudos de 27 semanas com Administração oral de doses de Estudos in vivo
Phytoteraphy via oral: 7,7 g/kg doses iniciais de 20 g e 900 e 1600 mg/kg/dia a coelhas e e in vitro não
100 mg/kg/dia aumentando ratas, respectivamente, não mostraram
gradativamente para 400 e causaram efeitos teratogênicos efeitos
500 mg/kg/dia: em ratos e nem afetaram a reprodução. teratogênicos.
cães não causaram danos
hepáticos ou renais.
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal
(1998) Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
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TABELA IV – Informações toxicológicas sobre Aesculus hippocastanum L. em bases de informações selecionadas
(1) The Complete Somente Via oral: 0 Em cães: doses >80 mg/kg 0 0
German Commission informa DL50 Em camundongos: 990 mg/kg por 34 semanas :irritação
E Monographs Em ratos: 2150 mg/kg gástrica; ratos: nenhuma
Em coelhos: 1530 mg/kg toxicidade observada com
Em cães: 130 mg/kg doses de até 400 mg/kg.
(2) Herbal Medicines – Somente Via oral: Em ratos, as doses Em cães: doses >80 mg/kg 0 0
Expanded informa DL50 Em camundongos: 990 mg/kg 9 e 30 mg/kg por por 34 semanas : irritação
Commission E Em ratos: 2150 mg/kg via intravenosa por gástrica; ratos: nenhuma
Monographs Em coelhos: 1530 mg/kg 8 semanas não toxicidade observada com
Em cães: 130 mg/kg produziram efeito. doses de até 400 mg/kg.
(4) Monographs on Somente Via oral: camundongos: Doses diárias de 9, Nenhum efeito tóxico Sem efeitos significativos Teste de mutagenicidade
the Medicinal Uses informa DL50 990 mg/kg; ratos: 2150 mg/kg, 30, 90 mg/kg via após 34 semanas via oral comparado aos animais de Ames com S. typhi-
of Plant Drugs coelhos: 1530 mg/kg, cobaias: intravenosa em em cães (20, 40, de controle com doses murium TA98 = resposta
(ESCOP 1999) 1120 mg/kg Via intraperitoneal: ratos de 8 80 mg/kg/dia 5 dias por diárias orais de 100 e negativa sem ativação;
camundongos: 342 mg/kg; Via semanas.: semana) e em ratos: 100, 300 mg/kg em ratos e fraca resposta positiva
intravenosa: camundongos: 90 mg/kg = 8 em 200 e 400 mg/kg. Dose coelhos, respectivamente. com ativação de S9 (fator
138 mg/kg; cobaias: 465 mg/kg, 30 morreram; máx. para cães e ratos Redução do peso dos 2-3). Sugere-se que a
ratos: 165 mg/kg. Em aves 9 mg/kg = bem igual a 8 e 40 vezes a dose fetos em coelhas que quercetina seja o
jovens de 2 semanas de idade = tolerado; terapêutica em humanos. receberam 300 mg/kg (30 princípio mutagênico,
10,6 g/kg e em hamsters: 30 mg/kg = dose vezes a dose terapêutica mas não é relevante em
10,7 g/kg ext. aquoso sem efeito em humanos) humanos.
(6) Principles and Baixa toxicidade Em aves jovens (via oral) 0 Baixa toxicidade crônica 0 0
Practice of aguda, alto índice dose única da porção
Phytoteraphy terapêutico hidrossolúvel: 10,6 g/kg e
para semente seca após 2
doses consecutivas: 6,5 g/kg.
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada.
M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
Fonte: Blumenthal (1998) Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
TABELA V – Informações toxicológicas sobre Plantago ovata Forsk. em bases de informações selecionadas
(5) Thomson 0 0 0 0 0 0
MICROMEDEX – Poisindex
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
297
TABELA VI – Informações toxicológicas sobre Panax ginseng C. A. Meyer em bases de informações selecionadas
298
Fontes de Toxicidade DL50 Toxicidade Toxicidade Teratogenicidade Mutagenicidade
referência aguda subaguda crônica
(3) WHO Monographs on Não foi relatada toxicidade 0 0 0 Não mostrou teratogenicidade in Não é mutagênico
Selected Medicinal Plants aguda nos diversos estudos vivo in vitro e não afeta a
(1999/ 2002) realizados em 5 modelos fertilidade.
diferentes de animais
(4) Monographs on X X X X X X
the Medicinal Uses of Plant
Drugs (ESCOP 1999)
(6) Principles and Practice of Possui baixa toxicidade. Em Não foram observadas 0 0 O extrato 5:1 foi estudado em 0
Phytoteraphy camundongos: o extrato 5:1 alterações de peso, consumo ratos via oral nas doses de 1,5, 5
mostrou-se seguro em doses de alimentos, parâmetros e 15 mg/kg/dia em machos e
de até 6 g/kg administrado hematológicos e bio- fêmeas e não foram observados
via intraperitoneal e também químicos ou achados efeitos em duas gerações.
em doses até 30 g/kg por via histopatológicos em estudos
oral em dose única com 1,5 – 15 mg/kg do
extrato de Panax ginseng
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
TABELA VII – Informações toxicológicas sobre Piper methysticum G. Forst. em bases de informações selecionadas
(5) Thomson Somente Via oral em camundongos Para 0 0 Não há informação dispo- 0
MICROMEDEX – informa diidrocavaína: 920 mg/kg; nível sobre teratogenicidade
Poisindex DL50 Para dihidrometiscinina:
1050 mg/kg
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
299
TABELA VIII – Informações toxicológicas sobre Valeriana officinalis L. em bases de informações selecionadas
300
Fontes de Toxicidade DL50 Toxicidade Toxicidade Teratogenicidade Mutagenicidade
referência aguda subaguda crônica
(4) Monographs on the Baixa toxicidade Para o extrato 0 400 a 600 mg/kg em ratos 0 0
Medicinal Uses of Plant Drugs aguda etanólico via por via intraperitoneal por 45
(ESCOP 1999) intraperi- dias: sem alteração de peso,
toneal em sangue ou urina, comparado
camundongos: aos animais controle. Doses
3,3 g/kg. de 300 mg/kg e 600 mg/kg
do extrato etanólico em ratos
por 30 dias, sem diferenças
significativas no crescimen-
to, pressão arterial
(6) Principles and Practice of Não foi verificada 0 0 0 Estudo com valepotriatos Os valepotriatos desenvol-
Phytoteraphy toxicidade aguda por 30 dias mostrou que as veram atividade mutagênica
para valtrato, doses orais foram inócuas a no teste de salmonela/
diidrovaltrato, ratas prenhas e suas crias. microssoma. In vitro,
acevaltrato em Entretanto, foram valtrato, isovaltrato e
camundongos após observados efeitos tóxicos acevaltrato foram os que
a administração oral por via intraperitoneal. mostraram maior toxicidade.
de até 4,6 g/kg
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
TABELA IX – Informações toxicológicas sobre Hypericum perforatum L. em bases de informações selecionadas
(5) Thomson Somente Em ratos via 0 0 Não há informação disponível Não foi demonstrado potencial
MICROMEDEX – informa DL50 intraperitoneal sobre teratogenicidade mutagênico para o extrato de H.
Poisindex > 1 g/kg; em perforatum
camundongos via
intraperitoneal
>1 g/kg
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
301
TABELA X – Informações toxicológicas sobre Cimicifuga racemosa (L.) Nutt. em bases de informações selecionadas
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Fontes de Toxicidade DL50 Toxicidade Toxicidade Teratogenicidade Mutagenicidade
referência aguda subaguda crônica
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
TABELA XI – Informações toxicológicas sobre Rhamnus purshiana D.C. em bases de informações selecionadas
(3) WHO Monographs on 0 0 0 Aloína em doses de até Não há dados específicos sobre
Selected Medicinal Plants 200 mg/kg não mostrou carcinogenicidade e mutagenicidade. Um
(2002) evidências de efeitos dos metabólitos, a emoína, apresentou
teratogênicos, resultados positivos e negativos in vitro, e
embriotóxicos, resultados negativos in vivo. Foi
fetotóxicos em ratas mutagênica no ensaio da Salmonella/
microssoma, com resultados inconsistentes
nos ensaios de mutação genética.
(4) Monographs on the Estudos com aloína 0 0 Aloína em doses de até Em experimento em que a aloína foi dada a
Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no Brasil
Medicinal Uses of Plant indicaram baixa 200 mg/kg não mostrou camundongos na dose de 140 mg/kg/dia
Drugs (ESCOP-1999) toxicidade aguda em evidências de efeitos por 140 dias, não houve formação de tumor
ratos e camundongos teratogênicos, colorretal.
embriotóxicos,
fetotóxicos em ratas.
(5) Thomson 0 0 0 0 0
MICROMEDEX – Poisindex
Legenda: 0 = Existe informação sobre a planta pesquisada, porém não há dados sobre o item pesquisado. X = Não há informação sobre a planta pesquisada. Fonte: Blumenthal (1998)
Blumenthal (2000), www.who.int; www.escop.com; www.micromedex.com; Mills e Bone (2000).
303
304 M. S. R. Turolla, E. S. Nascimento
As fibras de Plantago ovata são também utilizadas e a Resolução - RE n. 90, publicadas em 16 de março de
há muito tempo na medicina tradicional na Ásia, Europa 2004, tratam do registro dos medicamentos fito-
e América do Norte. O grande risco associado ao seu uso terápicos e apresentam um guia para a realização de
está na ingestão insuficiente de líquidos com o medica- estudos de toxicidade pré-clínica de fitoterápicos, res-
mento, o que pode causar obstrução esofágica especial- pectivamente. A resolução RE n. 90 foi elaborada em
mente em pessoas idosas, que apresentam motilidade conformidade com as normas da Organização Mundi-
gastrintestinal prejudicada, segundo dados de Thomsom al de Saúde (OMS), e recomenda estudos de toxicidade
MICROMEDEX. aguda e de doses repetidas.
Outra planta utilizada tradicionalmente é o Panax Com relação ao estudo de toxicidade de doses repe-
ginseng, usada extensivamente pela Medicina Tradici- tidas, a OMS e a RE n. 90 de 2004 sugerem a utilização de
onal Chinesa na forma de chás e outras formas líquidas pelo menos duas espécies roedoras e não-roedoras, sendo
ou sólidas prescritas por acupunturistas e médicos na- porém o período de administração do produto nos animais
turalistas. A administração crônica de Panax ginseng baseado no período proposto para a utilização terapêutica
foi associada à ocorrência de sangramento vaginal, da substância, diferentemente das normas da OECD, que
mastalgia, alteração do estado mental. Também foi re- especificam o período de administração em 28 e 90 dias
latada síndrome de abuso por ingestão crônica de para espécies roedoras e 90 dias para espécies não-roedo-
Panax ginseng, podendo ocorrer hipertensão, nervosis- ras. Além disto, nem a OMS e nem a RE n. 90 de 2004,
mo, insônia, erupções cutâneas e diarréia matinal se- informam a concentração máxima da substância-teste que
gundo Thomsom MICROMEDEX. pode ser administrada nos ensaios de toxicidade aguda e
Em relação ao Hypericum perforatum, foram re- de doses repetidas.
latados efeitos adversos importantes. Nas bases de da- Além dos ensaios de toxicidade aguda e de doses
dos WHO Monographs e ESCOP há artigos que descre- repetidas, a RE n. 90 de 2004 também sugere estudos de
vem a fototoxicidade da hipericina, um dos principais genotoxicidade, quando houver indicação de uso contínuo
constituintes com atividade antidepressiva. Em estudos ou prolongado do medicamento em humanos, e a avalia-
com animais foi observada reação de fotossensibilidade ção toxicológica de fitoterápicos de uso tópico, porém não
em bovinos, ovinos e eqüinos, principalmente os de detalha os métodos para a realização destes testes. Assim,
pele mais clara, após a ingestão de grandes quantidades levando-se em consideração o estágio de desenvolvimento
de Hypericum perforatum (cerca de trinta vezes a dose que já foi atingido pelos protocolos da OECD, os quais
preconizada em humanos). Em estudos clínicos tam- especificam somente os testes de toxicidade para substân-
bém foi demonstrada fotossensibilidade em indivíduos cias químicas, ainda há dificuldades em se estabelecer os
sensíveis que foram expostos a radiações ultravioleta A testes mais adequados para os fitoterápicos, principalmen-
e B. te diante da dificuldade de padronização das preparações
Com relação ao Piper methysticum, seu uso foi re- fitoterápicas.
latado desde 1768, tendo sido utilizado em rituais das Apesar dos avanços já conquistados, a regula-
comunidades das ilhas do Pacífico Sul na forma de be- mentação dos medicamentos fitoterápicos permanece
bida, a qual causava sensação adstringente e sedativa, como uma questão em aberto, mesmo entre os países da
seguido por relaxamento, com diminuição da fadiga e União Européia, em especial na Alemanha e na França
ansiedade. Há relatos de que o consumo excessivo desta onde os fitoterápicos são mais comercializados. En-
bebida em doses elevadas por essas comunidades resul- quanto toda a legislação para os medicamentos de
tou em má nutrição, perda de peso, disfunções hepáti- fármacos sintéticos encontra-se bem estabelecida, os
cas e renais, entre outros. Entretanto, não se sabe ao medicamentos fitoterápicos ainda carecem de maior
certo se estes efeitos foram provocados somente pelo esforço regulatório.
Piper methysticum, ou se foram potencializados pelo Em contrapartida, os Estados Unidos consideram os
álcool (Mills, Bone, 2000). medicamentos fitoterápicos como suplementos nutri-
Como foi observado nas referências pesquisadas, cionais, não sendo necessário submeter dados de seguran-
o uso tradicional das plantas medicinais não garante a ça e eficácia ao FDA para sua comercialização. Assim, o
segurança do medicamento fitoterápico, sendo necessá- grande problema com relação aos suplementos nutri-
rio realizar ensaios pré-clínicos e clínicos. Os testes cionais é que não há controle de qualidade destes produ-
para avaliação de toxicidade das substâncias químicas tos, logo não há como provar que as substâncias e as quan-
estão bem detalhados segundo os protocolos sugeridos tidades declaradas nos rótulos estão presentes, bem como
pela OECD (1996). No Brasil, a Resolução RDC n. 48 não há controle sobre outras substâncias como fármacos
Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no Brasil 305
KO, R.J. Causes, epidemiology, and clinical evaluation of SCHULZ, V.; HÄNSEL, R.; TYLER, V.E. Medicinal plants,
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