Você está na página 1de 26

Relatório do primeiro ano de atividades do

PICME
Nome: Guilherme Alves de Oliveira

Orientador: Sérgio Luis Zani


Perı́odo: de agosto de 2018 a julho de 2019

1
Conteúdo
1 Motivação 3

2 Números Complexos 4
2.1 O Plano Complexo como Espaço vetorial . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Propriedades dos Números Complexos . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.1 Transformação de Euler (Forma polar) . . . . . . . . . 5
2.2.2 Raı́zes de números complexos . . . . . . . . . . . . . . 6

3 Derivação e Equação de Cauchy-Riemann 7


3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.2 Funções Analı́ticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.3 Funções Multivalentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.3.1 Logaritmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

4 Integração 11
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.2 Teorema de Cauchy-Goursat . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.3 Primitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.4 Fórmulas de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5 Séries 15
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5.2 Séries de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5.3 Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5.4 Série de Laurent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6 Singularidades 20
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
6.2 Singularidades e Série de Laurent . . . . . . . . . . . . . . . . 20

7 Teorema do Resı́duo 22
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7.2 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7.2.1 Integrais Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
7.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2
1 Motivação
Esse projeto de Iniciação Cientı́fica teve como objetivo estudar os números
complexos bem como funções que dependem dos mesmos. Isto é, oque são
essas funções, como analisá-las, utilizá-las e manipulá-las, através das diver-
sas ferramentas advindas das disciplinas de Cálculo, Algebra Linear, entre
outras.
O motivo pelo qual optei estudar este assunto foi a aplicabilidade de
variáveis complexas para resolução de vários problemas de engenharia. Um
desses problemas é a análise de circuitos elétricos RLC em regime de corrente
alternada.
Se fossemos analisar esses circuitos nesse tipo de regime, cairı́amos em
sistemas de EDO’s de segunda ordem com entradas senoidais, o que com-
plica muito a resolição do problema, além da simplificação dos mesmos ser
limitada. Porém, quando a análise é feita no domı́nio fasorial (transição do
domı́nio do tempo para o domı́nio da frequência), podemos tratar as tensões,
correntes e impedâncias do circuito como sendo constantes complexas e a
análise do mesmo pode ser feita como se estivesse em regime permanente uti-
lizando as leis de Ohm, simplificando o problema. Além disso, para realizar
a transição dos domı́nio também é necessário fazer manipulações algébricas
como integração e derivação de funções com variável complexa, ou seja, a base
teórica por trás desse método de análise também depende dessa manipulação
e análise de números complexos.
Outros problemas que envolvam frequências ou oscilações de outras áreas
da ciência também utilizam dessa análise no domı́nio da frequência para
ficilitar a solução dos seus problemas. O que mostra o quão importante é
entender como e para que utilizar/manipular os números complexos.

3
2 Números Complexos
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. O Plano Complexo como Espaço vetorial


2. Propriedades dos Números Complexos

2.1 O Plano Complexo como Espaço vetorial


Considere em C = R × R, o plano cartesiano, as operações dadas por:

1. (x1 , y1 ) + (x2 , y2 ) = (x1 + x2 , y1 + y2 )


2. (x1 , y1 ) · (x2 , y2 ) = (x1 x2 − y1 y2 , x1 y2 + x2 y1 )
3. λ(x, y) = (λx, λy), λ ∈ R

A partir das operações 1 e 3, podemos notar que C é um espaço vetorial


sobre R de dimensão 2.
Sobre a operação 2, temos a seguinte

Proposição 1 A operação definida em C = R × R por

(x1 , y1 ) · (x2 , y2 ) = (x1 x2 − y1 y2 , x1 y2 + x2 y1 )

é associativa, comutativa, possui elemento neutro (1, 0), tal que

(1, 0) · (x, y) = (x, y), ∀(x, y) ∈ R

e, para (x, y) 6= (0, 0), existe um único inverso multiplicativo (u, v) ∈ C, tal
que
(x, y) · (u, v) = (1, 0).

Definição 2 Chamamos C, munido das operações acima, de corpo dos números


complexos.

Se analisarmos o subconjunto dos números complexos R = {(x, 0), x ∈


R}, podemos perceber que o mesmo preserva as propriedades das operações
de conjunto (adição e multiplicação). Além disso, podemos identificar tal
R como sendo o conjunto R. Portanto, podemos dizer que o conjunto dos
números reais é um subconjunto dos números complexos.
Além do mais, como C é um espaço vetorial bidimensional sobre R e (1, 0)
e (0, 1) formam uma base do mesmo, todo par z = (x, y) ∈ C pode ser escrito
da seguinte forma

4
z = x(1, 0) + y(0, 1).
Como (1, 0) ∈ R e é elemento neutro da multiplicação, podemos denotar
(1, 0) por 1. Agora, ao analisarmos o outro vetor da base (1, 0), vemos que o
mesmo apresenta o seguinte comportamento

(0, 1)2 = (0, 1) · (0, 1) = (0 − 1, 0 + 0) = (−1, 0) = −(1, 0).


Se adotarmos (0, 1) como sendo i, então

i2 = −1
e, com isto, todo z = (x, y) ∈ C pode ser escrito da seguinte forma

z = x1 + yi = x + iy.
Sendo, x = <z (Parte Real de z) e y = =z (Parte Imaginária de z).

2.2 Propriedades dos Números Complexos


2.2.1 Transformação de Euler (Forma polar)
Um número complexo z = (x, y) ∈ C também pode ser escrito da seguinte
forma

z = r · eiθ = r · (cos θ + i sen θ)


 
p =z
onde r = x2 + y 2 (Módulo do vetor z) e θ = arctan (Argumento de
<z
z).

Proposição 3 Se rj e θj representam o módulo e o argumneto, respectiva-


mente, de z ∈ C. Então, para j = 1, 2, então r1 r2 e θ1 + θ2 representam o
módulo e o argumento de z1 z2 .

Como consequência disso,

z n = rn (cos nθ + i sen nθ), n ∈ Z.

5
2.2.2 Raı́zes de números complexos
Sejam n ∈ N e z0 = r0 eiθ0 conhecidos, a solução da equação

z n = z0
é dada por
√ √
z= n
z0 = n r0 (cos θk + i sen θk ),
onde,
θ0 + 2kπ
θk = , k∈Z
n
.

6
3 Derivação e Equação de Cauchy-Riemann
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. Introdução

2. Funções Analı́ticas

3. Funções Multivalentes

3.1 Introdução
Teorema 4 Seja D ⊂ C um aberto, z0 = x0 + iy0 ∈ D, x0 , y0 ∈ R, f : D →
C, u(x, y) = <f (z) e v(x, y) = =f (z). Se f é derivável em z0 então existem
as derivadas parciais de u e v em (x0 , y0 ) e elas satisfazem

∂u ∂v ∂u ∂v
(x0 , y0 ) = (x0 , y0 ) e (x0 , y0 ) = − (x0 , y0 )
∂x ∂y ∂y ∂x
Se u e v obedecem as relações acima, então
∂u ∂v ∂u ∂v
f 0 (z0 ) = (x0 , y0 ) + i (x0 , y0 ) = (x0 , y0 ) − i (x0 , y0 )
∂x ∂y ∂y ∂x

Proposição 5 Para z0 dado na sua forma polar z0 = r0 eiθ0 , u e v do Teo-


rema 4 satisazem as equações de Cauchy-Riemann se e somente se as funções
U(r, θ) = u(r cos θ, r sen θ) e V(r, θ) = v(r cos θ, r sen θ), definidas numa vi-
zinhança (r0 , θ0 ), satisfazem as equações
∂U 1 ∂V 1 ∂U ∂V
(r0 , θ0 ) = (r0 , θ0 ) e (r0 , θ0 ) = (r0 , θ0 )
∂r r0 ∂θ r0 ∂θ ∂r
Se U e V obedecem as relações acima, então
 
0 ∂U ∂V
f (z0 ) = (cos θ0 − i sen θ0 ) (r0 , θ0 ) + i (r0 , θ0 )
∂r ∂r

3.2 Funções Analı́ticas


Definição 6 Seja D um aberto, z0 ∈ D e f : D → C. Dizemos que f é
analı́tica em z0 se f for derivável em todos os pontos de algum disco aberto
centrado em z0 , f é analı́tica em D se for analı́tica em todos os pontos de D
e é inteira se for analı́tica em C .

7
Corolário 7 Toda função analı́tica é de classe C ∞ e suas derivadas também
são analı́ticas.

Observação 8 As funções polinomiais, exponencias e trigonométricas são


exemplos de funções inteiras.

3.3 Funções Multivalentes


Uma função é considerada multivalente se, para um valor z0 ∈ C, f (z0 )
apresenta mais de um resposta possı́vel. É dito que para cada ramo dessa
função está associado um valor dessa f.

3.3.1 Logaritmo
Logaritmo é uma função multivalente da forma

log z = log |z| + i arg z.


Se escrevermos z em sua forma polar z = reiθ , então

log z = log r + iθ = log r + i(θ + 2kπ) , k ∈ Z


Note que, por conta deste k, a função log z0 , z0 ∈ C ∗ , apresentará mais
de um valor possı́vel. Além disso, cada valor de k está associado a um ramo
dessa função.
Uma maneira melhor de ver isso é através do cálculo de log(1)

log 1 = log |1| + i(0 + 2kπ) = i(2kπ) , k ∈ Z


No domı́nio R, log(1) = 0. Porém, quando analisamos no domı́nio dos
complexos temos que levar em consideração a existencia dos ramos dessa
função.

3.4 Exercı́cios
Exercı́cio 9 Encontre a função inteira f tal que <f (z) = x3 +6x2 y −3xy 2 −
2y 3 , f (0) = 0. Sendo x = <z e y = =z.

Resolução:
Como o exercı́cio para que se ache uma função f inteira, pela Definição 6
f terá que ser analı́tica em todos os pontos de C e, portanto, terá que obedecer
as equações de Cauchy-Riemann mostradas no Teorema 4.

8
Pelo mesmo Teorema têm-se que
∂u ∂<f (z) ∂v
<f (z) = u(x, y) e = =
∂x ∂x ∂y
Substituindo <f (z) e derivando em relação a x
∂v
3x2 + 12xy − 3y 2 =
∂y
Integrando ambos os lados em relação à y
Z Z
∂v
dy = (3x2 + 12xy − 3y 2 )dy
∂y

v(x, y) = 3x2 y + 6xy 2 − y 3 + K(x)


Para encontrar K(x) foi utilizada a outra equação de Cauchy-Riemann
∂u ∂v
=−
∂y ∂x
Substituindo u(x,y) na expressão e derivando-o como feito na etapa ante-
rior (só que agora a derivada é em y), tem-se
∂v
6x2 − 6xy − 6y 2 = −
∂x
Realizando o processo de integral feito anteriormente

v(x, y) = −2x3 + 3x2 y + 6xy 2 + M (y)


Comparando as duas expressões de v(x, y), é possı́vel perceber que M (y) =
−y e K(x) = −2x3
3

∴ f (x, y) = (x3 + 6x2 y − 3xy 2 − 2y 3 ) + i(−2x3 + 3x2 y + 6xy 2 − y 3 )



Exercı́cio 10 Considere a função multivalente f (z) = −i log(iz+ 1 − z 2 ),
definida para todo z ∈ C. Mostre que sen (f (z)) = z, para todo z ∈ C e
calcule a derivada de um ramo de f .

Resolução:
Como o exercı́cio pede para mostrar que sen (f (z)) = z, basta apenas
substituir f (z) na expressão e manipulá-la. Como,
eiz − e−iz
sen(z) =
2i
9
Substituindo f (z) na expressão acima tem-se

√ √
1−z 2 )) 1−z 2 ))
ei(−i log(iz+ − e−i(−i log(iz+
sen (f (z)) =

2i √
1−z 2 ) 2
elog(iz+ − e− log(iz+ 1−z )
=
√ 2i √
(iz + 1 − z 2 ) − (iz + 1 − z 2 )−1
=
√ 2i
2 2
(iz + 1 − z ) − 1
= √
2i(iz + 1 − z 2 )
√ √
−z 2 + 1 − z 2 + 2iz 1 − z 2 − 1 −2z 2 + 2iz 1 − z 2
= √ = √
2i(iz + 1 − z 2 ) 2i(iz + 1 − z 2 )

2iz(iz + 1 − z 2 ) 2zi
= √ = = z, ∀z ∈ C.
2i(iz + 1 − z ) 2 2i

Assim, foi mostrado que sen f (z) = z, ou seja, f é a inversa (multiva-


lente) da função seno (f = arcsin).
Agora, só resta calcular a derivada de um dos ramos de f .


f 0 (z) = (−i log(iz + 1 − z 2 )0
   
−i −z 1 iz
= √ i+ √ = √ 1+ √
iz + 1 − z 2 1 − z2 iz + 1 − z 2 1 − z2
 √   √ 
iz − 1 − z 2 zi + 1 − z 2
= √
−z 2 − (1 − z 2 ) 1 − z2
 √   √ 
iz − 1 − z 2 zi + 1 − z 2
= √
−1 1 − z2

(iz)2 − ( 1 − z 2 )2 −z 2 − (1 − z 2 ) 1
= √ = √ =√ .
− 1 − z2 − 1 − z2 1 − z2
A partir desse resultado podemos perceber que a derivada da função arcsin
no plano complexo é análoga a derivada da função no subconjunto dos reais.

10
4 Integração
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. Introdução

2. Teorema de Cauchy-Goursat

3. Primitiva

4. Fórmula de Cauchy

4.1 Introdução
Definição 11 Seja g : [a, b] → C uma curva (contı́nua) com u(t) = <g(t) e
v(t) = =g(t). A integral de g sobre [a, b] é definida por

Zb Zb Zb
g(t)dt = u(t)dt + i v(t)dt
a a a

Definição 12 Seja γ : [a, b] → Ω ⊂ C uma curva suave e f : Ω ⊂ C uma


função contı́nua. A integral de linha de f sobre a curva γ é definida por

Z Zb Z Z
0
f (z)dz = f (γ(t))γ (t)dt = udx − vdy + i vdx + udy
γ γ γ
a

Definição 13 Se γ : [a, b] → Ω ⊂ C é um caminho formado pela justa-


posição das curvas suaves γ1 , ..., γn se f : Ω → C é contı́nua, definimos
Z n Z
X
f (z)dz = f (z)dz
γ k=1 γk

4.2 Teorema de Cauchy-Goursat


Teorema 14 Seja D um conjunto simplesmente conexo. Se f é analı́tica
em D então para qualquer contorno γ contido em D temos
Z
f (z)dz = 0.
γ

11
4.3 Primitiva
Teorema 15 Se Ω é um conjunto simplesmente conexo e f é uma função
analı́tica em Ω então, fixado z0 ∈ Ω, a função
Z z
F (z) = f (τ )dτ
z0

é uma primitiva de f .

Observação 16 Segue do Teorema 15 que F (z) também será analı́tica.

Proposição 17 Sejam Ω um conjunto smplesmente conexo e f : Ω → C


uma função analı́tica. Se F e G são primitivas de f , então a diferença entre
F e G é constante. Em particular, dado z0 ∈ C existe C ∈ C tal que
Z z
F (z) = f (τ )dτ + C.
z0

Proposição 18 Sejam Ω um conjunto simplesmente conexo e f : Ω ∈ C


uma função analı́tica. Se F é uma primitiva de f e γ : [a, b] → Ω é um
caminho então
Z
f (z)dz = F (γ(b)) − F (γ(a)).
γ

4.4 Fórmulas de Cauchy


Teorema 19 Sejam Ω um conjunto simplesmente conexo e γ um contorno
contido em Ω orientado no sentido anti-horário. Se f é uma função analı́tica
em Ω então
Z
1 f (z)
f (z0 ) = dz
2πi γ z − z0
para todo z0 no interior de γ.

Teorema 20 Sejam Ω, f , z0 e γ como no Teorema 19. Então f possui todas


as deriavadas em z0 e a n-ésima derivada é dada por
Z
(n) n! f (z)
f (z0 ) = dz.
2πi γ (z − z0 )n+1

12
4.5 Exercı́cios
Exercı́cio 21 Se γ é o arco da circunferência |z| = 2 que está contido no
primeiro quadrante, mostre, sem calcular a integral, que
Z
dz π
z2 + 1 ≤ 3 .

γ

Resolução:
Como γ descreve uma circunferência de raio igual à 2, z = 2eiθ . Com
isso podemos começar a manipular a desigualdade:
Z Z
dz |dz|
z2 + 1 ≤

2
γ γ |z + 1|

Substituindo z pela sua forma polar:

|dz| |dz| |dz|


Z Z Z
2
= i2θ
=
γ |z + 1| γ |4e + 1| γ |(4 cos 2θ + 1) + 4i sin 2θ|
p
Como |x + iy| = x2 + y 2 , se utilizarmos isso na expressão no denominador
tem-se:

|dz|
Z
p
γ (4 cos 2θ + 1)2 + (4 sin 2θ)2
Simplificando,

|dz| |dz| |dz|


Z Z Z Z
1
√ ≤ p = = |dz|
γ 17 + 8 cos 2θ γ 17 + 8(−1) γ 3 3 γ
R
Como γ |dz| é comprimento do arco que γ descreve,
Z
1 1 2π2 π
|dz| = =
3 γ 3 4 3
Z
dz π
∴ 2 ≤ 3.
γ z +1

Exercı́cio 22 Seja γ a fronteira do quadrado |x| ≤ 2, |y| ≤ 2, orientada


positivamente. Calcule

e−z
Z
a) iπ dz
γ z − 2

13
Z
cos z
b) dz
γ z(z 2 + 8)
Z
cosh z
c) dz
γ z4

Resolução:

a) Para calcular essa integral, irei utilizar o Teorema 19. Neste caso,
f (z) = e−z e z0 = iπ2 . Portanto,

e−z
  Z Z
iπ 1 f (z) iπ
f = dz ⇒ iπ dz = 2πie
2
2 2πi γ z − iπ2 γ z− 2

e−z
Z
∴ dz = 2πi(−i) = 2π
γ z − iπ2

b) Para calcular essa integral também será utilizado


√ o Teorema
√ 19. Neste
caso, temos que notar que os pontos z = i 8 e z = −i 8 estão fora
cos z
do contorno γ. Portanto, consideramos f (z) = 2 e z0 = 0. Logo,
z +8
Z Z  
1 f (z) cos z cos 0
f (0) = dz ⇒ 2
dz = 2πi 2
2πi γ z γ z(z + 8) 0 +8
Z
cos z iπ
∴ 2
dz =
γ z(z + 8) 4

c) Para calcular essa integral utilizarei o Teorema 20. Como o grau do


expoente no denominador é igual a 4, f (z) = cosh z e z0 = 0, então:
Z
(3) 3! f (z)
f (0) = dz.
2πi γ z 3+1
Como (cosh z)0 = sinh z e (sinh z)0 = cosh z, então, f (3) (z) = sinh z.
Z
cosh z 2πi sinh 0
∴ 4
dz = = 0.
γ z 3!

14
5 Séries
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. Introdução
2. Séries de Potência
3. Série de Taylor
4. Série de Laurent

5.1 Introdução
Proposição 23 Sejam zn = xn + iyn , xn = <zn e yn = =zn . Então a série

X ∞
X X∞
zn converge se e somente se as séries de números reais xn e yn
n=0 n=0 n=0
convergem. Neste caso,

X ∞
X ∞
X
zn = xn + i yn
n=0 n=0 n=0


X
Proposição 24 Se zn é convergente, zn → 0.
n=0

5.2 Séries de Potência


Definição 25 Sejam z0 ∈ C e an uma sequência de números complexos. A
série dada por

X ∞
X
zn = an (z − z0 )n
n=0 n=0
é chamada de série de potências e z0 é chamado de centro da série.

Proposição 26 Considere a série



X
an (z − z0 )n .
n=0
O raio de convergência dessa série será dado por r onde

1 an
, n → ∞.
r= p =
n
|an | an+1

15
Corolário 27 Seja

X
f (z) = an (z − z0 )n
n=0
uma série de potências cujo raio de convergência r 6= 0. Então f é analı́tica
no Disco Dr = {z; |z − z0 | < r}.

Teorema 28 Seja

X
f (z) = an (z − z0 )n
n=0

uma série de potências cujo raio de convergência r 6= 0. Seja γ : [a, b] → C


é um caminho cujo traço esteja contido em Dr = {z; |z − z0 | < r} então

Z ∞ Z ∞
X X an 
an (z − z0 )n = (γ(b) − z0 )n+1 − (γ(a) − z0 )n+1

f (z)dz =
γ n=0 γ n=0
n+1
R
. Se γ for um caminho fechado, γ f (z)dz = 0.

Teorema 29 Seja

X
f (z) = an (z − z0 )n
n=0
uma série de potências cujo raio de convergência r 6= 0.
Então, a n-ésima derivada de f num ponto z ∈ Dr = {z; |z − z0 | < r} é
dada por

(k)
X (k + n)!
f (z) = an+k (z − z0 )n
n=0
n!
e o raio de convergência da série acima se mantém igual à r.

5.3 Série de Taylor


Teorema 30 Seja f : Ω ∈ C uma função analı́tica definida em um aberto
Ω. Se z0 ∈ Ω e r > 0 é tal que Dr = {z; |z − z0 | < r} ⊂ Ω então

X f (n) (z0 )
f (z) = (z − z0 )n , para todo z ∈ Dr .
n=0
n!
Nos referimos à série acima como a Série de Taylor de f centrada em z0 .

16
5.4 Série de Laurent
Teorema 31 Seja f analı́tica em Ar,R = {z; r < |z − z0 | < R}. Então, para
todo z ∈ Ar,R


X ∞
X ∞
X
−n n
f (z) = a−n (z − z0 ) + an (z − z0 ) = an (z − z0 )n
n=1 n=0 n=−∞

onde
Z
1 f (τ )
an = dτ, n∈Z
2πi γ (τ − z0 )n+1
e

γ(t) = z0 + s0 eit , 0 ≤ t ≤ 2π, r < s0 < R.

Corolário 32 Seja f como no Teorema 31 e γ é um contorno em Ar,R con-


tendo z0 no seu interior, então
Z
f (z) = 2πia−1 (33)
γ

onde a−1 é o coeficiente do termo (z−z0 )−1 da Série de Laurent de f centrada


em z0 .

Definição 34 Seja f como no Teorema 31. O número a−1 , como no Co-


lorário 32, é chamado de resı́duo de f em z0 e é denotado por

a−1 = Res f |z=z0

5.5 Exercı́cios
Exercı́cio 35 Encontre a Série de Laurent em torno de z0 = 0 e determine
onde ela converge em cada um dos itens abaixo:
−2
a) zez
sin2 z
b)
z
Resolução:

17
a) Para encontrar a série de Laurent dessa função, tomarei como base a
série de Maclaurin da função ez :


X zn
ez = , z ∈ C.
n=0
n!
1
Substituindo z por ,
z2

z −2
X z −2n
e = .
n=0
n!
Multiplicando ambos os lados por z,


z −2
X z −2n+1
ze = .
n=0
n!
Como o an permaneceu inalterado, o raio de convergência dessa função
será |z| > 0.

b) Para encontrar a série de Laurent dessa função, será realizada uma


transformação da função sin2 z para seu equivalente em arco duplo,

1 − cos 2z
sin2 z =
2
e tomarei como base a série de Maclaurin da função cosseno,


X (−1)n z 2n
cos z = , z ∈ C.
n=0
(2n)!

∞ ∞
X (−1)n (2z)2n X (−4)n z 2n
cos 2z = =
n=0
(2n)! n=0
(2n)!

∞ ∞
X (−4)n z 2n X (−4)n+1 z 2n+2
cos 2z = 1 + =1+
n=1
(2n)! n=0
(2n + 2)!
Subtraindo 1 de ambos os lados e divindo tudo por 2z,


cos 2z − 1 1 X (−4)n+1 z 2n+1
=
2z 2 n=0 (2n + 2)!

18

1 − cos 2z 1 X (−4)n+1 z 2n+1
=−
2z 2 n=0 (2n + 2)!


sin2 z 1 X (−4)n+1 z 2n+1
∴ =− .
z 2 n=0 (2n + 2)!

Para calcular o raio de convergência utilizarei a Proposição 26:

(−4)n+1 (2n + 4)! (2n + 4)(2n + 3)



an
r=

= →∞
an+1 (2n + 2)! (−4)n+2 4

∴ O raio de convergência dessa série será |z| < ∞. Podemos observar


através da sua série de Laurent que essa função é contı́nua em z0 = 0,
por isso seu raio de convergência é avaliado nesse ponto, oque não
ocorre no item a).

19
6 Singularidades
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. Introdução

2. Singularidades e Série de Laurent

6.1 Introdução
Definição 36 Um ponto z0 ∈ C é uma singularidade isolado de uma função
f se a esta não for analı́tica em zo e existir r > 0 tal que f seja analı́tica em
A0,r = {z; 0 < |z − z0 | < r}.
Caso exista um ponto em A0,r onde f não é analı́tica, diremos que z0 é
uma singularidade não isolada de f .

Definição 37 Uma singularidade isolada z0 de uma função f é classificada


como
1. Removı́vel se houver um número K ∈ C tal que a função
(
f (z), se z 6= z0
g(z) =
K, se z = z0

é analı́tica em um disco centrado em z0 .


2. Pólo se existirem os números m ∈ N∗ e K ∈ C tais que a função
(
(z − z0 )m f (z), se z 6= z0
g(z) =
K, se z = z0
é analı́tica em um disco centrado em z0 . Diremos também que m é a ordem
desse pólo.
3. Essencial caso contrário.

6.2 Singularidades e Série de Laurent


É possı́vel também classificar uma singularidade isolada de uma função f
através da sua Série de Laurent. Se z0 é uma singularidade de f , então para
algum r > 0, podemos escrever

X ∞
X
−n
f (z) = a−n (z − z0 ) + an (z − z0 )n , z ∈ A0,r .
n=1 n=0

20
Definição 38 Uma singularidade isolada z0 de uma função f é classificada
como
1. Removı́vel se os coeficientes a−n das potências negativas (z − z0 )−n da sua
Série de Laurent se anulam, ou seja, a série de Laurent de f é uma série de
Taylor.
2. Pólo de ordem m se os coeficientes a−n das potências negativas (z − z0 )−n
da série de Laurent de f se anulem para n ≥ m + 1 e a−n 6= 0.
3. Essencial se houver uma infinidade de coeficientes a−n não nulos das potências
negativas (z − z0 )−n .

21
7 Teorema do Resı́duo
Sobre esse assunto foram desenvolvidos os seguintes tópicos:

1. Introdução

7.1 Introdução
Teorema 39 Seja f uma função analı́tica definida em um aberto Ω. Se γ
é um contorno contido em Ω tal que seu interior contenha uma quantidade
finita de singularidades isoladas, denotadas por z1 , ..., zn , então
Z n
X
f (z)dz = 2πi Resf |z=zj
γ j=1

com o contorno sendo percorrido no sentido anti-horário.

Proposição 40 O Resı́duo de f em z0 , pólo de ordem 1, é dado por


 0 −1
1
Resf |z=z0 = lim (z − z0 )f (z) = lim .
z→z0 z→z0 f (z)

Proposição 41 O resı́duo de f em z0 , pólo de ordem m, é dado por


1
Resf |z=z0 = g (m−1) (z0 ).
(m − 1)!
Onde,
g(z) = (z − zo )m f (z).

7.2 Aplicações
7.2.1 Integrais Reais
O teorema dos resı́duos pode ser usado para calcular integrais reais do tipo
Z ∞
f (x)dx.
−∞

Proposição 42 Seja f da forma p/q e p e q polinômios com coeficientes


reais satisfazendo

i) q(x) 6= 0 para todo x real;

ii) se n é o grau de p e m o grau de q, então, n ≤ m − 2.

22
Então,
Z ∞ hX i
f (x)dx = 2πi Resf |z=z0 , =z > 0.
−∞

Proposição 43 Se f é analı́tica tendo somente singularidades isoladas, mas


nenhuma delas no eixo real e satisfaz |f (x)| ≤ M |z|−k , onde k > 1, para todo
z com módulo suficientemente grande e =z > 0, então
Z ∞ hX i
f (x)dx = 2πi Resf |z=z0 , =z > 0.
−∞

Proposição 44 Seja f (θ) = R(cos θ, sin θ) uma função contı́nua em 0 ≤


θ ≤ 2π. Então
Z 2π  2
z + 1 z2 − 1 1
Z 
R(cos θ, sin θ)dθ = R , dz
0 γ 2z 2zi zi

z2 + 1 z2 − 1
  
1
= 2π soma dos resı́duos de R , , |z| < 1.
z 2z 2zi

7.3 Exercı́cios
Exercı́cio 45 Calcule:
z2 − z + 1
Z
a) dz
|z|=5 (z − 1)(z − 4)(z + 3)
Z ∞
dx
b) 6
0 x +1
Resolução:

a) Para resolver essa integral foi utlizada a Proposição 39:

3
z2 − z + 1
Z X
dz = 2πi Resf |z=zj
|z|=5 (z − 1)(z − 4)(z + 3) j=1

Onde z1 = 1, z2 = 4 e z3 = −3.
Para calcular esses resı́duos, foi utilizado a Proposição 40.

Resf |z=zj = lim (z − zj )f (z)


z→zj

23
(z 2 − z + 1)(z − 1) −1
Resf |z=z1 = lim =
z→1 (z − 1)(z − 4)(z + 3) 12

(z 2 − z + 1)(z − 4) 13
Resf |z=z2 = lim =
z→4 (z − 1)(z − 4)(z + 3) 21

(z 2 − z + 1)(z + 3) 13
Resf |z=z3 = lim =
z→−3 (z − 1)(z − 4)(z + 3) 28

z2 − z + 1
 
−1 13 13
Z
dz = 2πi + +
|z|=5 (z − 1)(z − 4)(z + 3) 12 21 28
Realizando a soma dos resı́duos, temos então que

z2 − z + 1
Z
∴ dz = 2πi
|z|=5 (z − 1)(z − 4)(z + 3)

b) Para realizar essa integral utilizarei a Porposição 42 como base. Como,


p(x) = 1 e q(x) = x6 + 1, percebe-se que elas satisfazem as condições
i) e ii) da proposição.Logo,

Z ∞ Z ∞
dx 1 dx hX i
= = πi Resf (z)|z=zj , =z > 0.
0 x6 + 1 2 −∞ x6 + 1

Neste caso, os pólos de f são aqueles que satisfazem z 6 + 1 = 0 e


possuem parte imaginária positiva. Ou seja,

iπ iπ i5π
z1 = e 6 , z2 = e 2 e z3 = e 6 .

Para encontrar o valor do resı́duo de f (z) nesses pontos será utilizado


a Proposição 40, onde

 0 −1
1 −1
= lim (z 6 + 1)0

Resf |z=zj = lim
z→zj f (z) z→zj
 
 −1 1
= lim 6z 5 = lim
z→zj z→zj 6z 5

Agora basta apenas substituir zj na expressão e encontrar os valores


dos resı́duos de f .

24
1 −1 i
Resf |z=z1 = i5π = √ −
6e 6 4 3 12

1 −i
Resf |z=z2 = i5π =
6e 2 6

1 1 i
Resf |z=z3 = i25π = √ −
6e 6 4 3 12
∞  
−1
Z
dx i i 1 i
= πi √ − − + √ −
0 x6 + 1 4 3 12 6 4 3 12
Realizando a soma dos resı́duos, temos que
Z ∞
dx π
∴ =
0 x6 + 1 3

25
Referências
[1] ..

26

Você também pode gostar