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Física Experimental IV

Experimento 2:
Oscilações em Circuitos RC e RLC

Yuri Alexandre Okida Sato, RA225974, Turma N


22/11/2020
Relatório
O experimento realizado teve como objetivo estudar o comportamento das oscilações de
circuitos RC e RLC e associar uma explicação para cada fenômeno ao analisar a estrutura do circuito. Para
a leitura dos sinais produzidos em cada circuito, foi utilizado um osciloscópio construído em uma matriz
de contatos – “protoboard” –, utilizando componentes inclusos no kit enviado. Juntamente a isso, foi
também utilizado o software Arduino Scope, que possibilitou a leitura e captura de dados dos sinais de
cada circuito testado.

Cada circuito foi montado como descrito no roteiro (Anexo I) e teve os dados do comportamento
de sua oscilação salvos em um arquivo de valores separados por vírgula – “.csv”. No software, o sinal do
osciloscópio era lido pelo Canal 0, enquanto a oscilação específica de cada circuito era lida pelo Canal 1,
com o período aproximado de 10 ms, como pode ser visto nos gráficos do Anexo II. Por conseguinte, tais
arquivos com os dados de cada caso analisado foram lidos por um programa em Python e compilados
como gráficos Tensão (V) vs Tempo (ms), evidenciando, assim como no Arduino Scope, o comportamento
de oscilação próprio de cada circuito.

Para o circuito RC – montado utilizando um resistor de 1kΩ e um capacitor de 470nF, Figura 1 –,


as oscilações apresentaram um comportamento de onda quadrada com aspecto exponencial associado
às subidas e descidas da onda. Tal padrão pode ser explicado pela característica de carga e descarga do
capacitor, a qual faz com que a tensão no componente se mantenha constante após ser completamente
carregado ou descarregado, assim como é mostrado no Gráfico 1.

Ao aumentar o valor da resistência deste circuito – com resistores de 10kΩ e 50kΩ – é notável
como o capacitor não é capaz de carregar ou descarregar-se completamente. Um resistor de maior
módulo resistivo sendo posicionado entre a entrada V1 e a saída V2 causa uma maior dissipação de
energia, ocasionando uma queda de tensão mais alta e, por consequência, um carregamento e
descarregamento mais lentos do capacitor. Assim, como visto nos Gráficos 2 e 3, o capacitor não é capaz,
respectivamente, de carregar ou descarregar-se por completo antes da queda ou subida da onda do sinal
quadrado de excitação do osciloscópio.

Ainda no caso do RC, ao reorganizar o circuito para que seja configurado como um circuito CR –
Figura 2 e Gráfico 4 –, obtiveram-se dados os quais evidenciam a atuação do resistor como um filtro passa-
alta. A tensão no resistor se mantém próxima do sinal de entrada para altas frequências e, para baixas
frequências, apresenta atenuação.

Para o circuito LC, montado de acordo com a Figura 3, foi obtido um padrão de oscilação de onda
quadrada com aspectos de relaxação de ressonância em regime de sub-amortecimento, associados à
subida e descida da onda. As relaxações, cujo tempo aproximado de duração é 1ms, apresentaram uma
variação em sua frequência a depender do capacitor utilizado na montagem do circuito. Além disso, o
tempo de relaxação observado nos resultados – Gráficos 5 e 6 – foi suficientemente curto para que a
relaxação fosse concluída antes da queda ou subida do sinal. Foram testados dois capacitores, sendo um
de capacitância igual a 470nF e outro de 47nF, dez vezes menor que o primeiro.

O capacitor, análogo ao componente responsável pela força restauradora em um sistema


oscilatório massa-mola, fará com que a tensão, no contexto de relaxação de ressonância, oscile mais vezes
dentro do intervalo de tempo desta relaxação. Quanto menor a força restauradora – isto é, quanto menor
a capacitância –, menos resistência o sistema terá para, ainda no contexto de ressonância de relaxação,
oscilar, isto é, maior será a frequência de relaxação dentro do mesmo intervalo de tempo dessa relaxação.
Tal hipótese foi comprovada ao analisar os dados dos Gráficos 5 e 6: para o capacitor de menor módulo
capacitivo, a frequência de relaxação foi maior que no caso do capacitor de maior módulo, dentro da
mesma janela de tempo de 1ms. O sistema é capaz de relaxar, mesmo sem resistor, devido ao valor de
impedância associado ao circuito.
Ao adicionar um resistor à montagem do LC, foi obtido um circuito RLC, como descrito pela Figura
4. Foram, por conseguinte, testados resistores de 10Ω, 33Ω e 100Ω. Os gráficos obtidos com os dados de
cada caso – Gráficos 7, 8 e 9 – apontaram tempos de relaxação diferentes para cada resistor. No Gráfico
7, o qual representa o caso do menor resistor (10Ω), é observado um tempo de relaxação ligeiramente
menor do que o visto no circuito LC. Para os resistores maiores, de 33Ω e 100Ω, nota-se a redução desse
intervalo tempo, evidenciando um fator de qualidade Q cada vez menor – no caso do resistor de 100Ω,
por exemplo, a relaxação é escassamente visível.

O resistor, análogo ao componente correspondente ao termo de amortecimento viscoso em um


sistema massa-mola, fará com que o módulo de impedância do circuito seja aumentado e, portanto,
reduzirá o tempo de relaxação nas subidas e descidas do sinal. Quanto maior o módulo resistivo do
resistor implementado no circuito, maior será a rigidez de amortecimento e, portanto, menor será o
tempo de relaxação, reduzindo o fator de qualidade. Tal hipótese, mais uma vez, é comprovada ao
observar o comportamento do sistema para os três casos testados, de 10Ω, 33Ω e 100Ω, nos respectivos
Gráficos 7, 8 e 9.

Por último, foram alternadas as posições do capacitor com o indutor (Figura 5), resultando na
montagem de um circuito RCL, de modo a medir a tensão no indutor. Com os dados obtidos ao analisar o
comportamento do circuito, foi gerado o resultado visto no Gráfico 10, no qual se observa um padrão de
oscilação característico, totalmente diferente do caso anterior. Nele, a oscilação de relaxação para n = 1
é um pico abruptamente alto para o caso em que há subida no sinal e é uma vala abruptamente baixa
para o caso em que há descida no sinal.

O indutor, análogo ao componente responsável pela força inercial em um sistema massa-mola,


faz com que as oscilações de relaxação comecem com um “impulso inicial mais forte”, isto é, uma tensão
de maior módulo na direção da subida (pico) ou descida (vala), a depender de seu módulo indutivo. No
caso do circuito analisado, as subidas e descidas do sinal, juntamente com a atuação do indutor, são o
que ocasiona tal comportamento da tensão.

Com todos os dados capturados e análises de padrões de oscilação executadas, foi possível
analisar e compreender, portanto, como os componentes resistivo, indutivo e capacitivo atuam nos
circuitos de corrente alternada, bem como suas funcionalidades em analogia com o sistema de oscilação
massa-mola. Junto a isso, foi possível também entender sobre como o módulo de atuação de cada um
desses componentes pode afetar o comportamento das oscilações, como reduzir ou aumentar o fator de
qualidade, por exemplo, para o caso do RLC.
Anexo I: Circuitos

Figura 1: Circuito RC Figura 2: Circuito CR Figura 3: Circuito LC

––

Figura 4: Circuito RLC Figura 5: Circuito RCL


Anexo II: Gráficos

Gráfico 1: Circuito RC com Resistor de 1kΩ Gráfico 2: Circuito RC com Resistor de 10kΩ

Gráfico 3: Circuito RC com Resistor de 50kΩ Gráfico 4: Circuito CR com Resistor de 1kΩ

Gráfico 5: Circuito LC com Capacitor de 470nF Gráfico 6: Circuito LC com Capacitor de 47nF
Gráfico 7: Circuito RLC com Resistor de 10Ω Capacitor de 470nF Gráfico 8: Circuito RLC com Resistor de 33Ω Capacitor de 470nF

Gráfico 9: Circuito RLC com Resistor de 100Ω Capacitor de 470nF Gráfico 10: Circuito RCL com Resistor de 10Ω Capacitor de 470nF

Referências
“Como montar o osciloscópio usando Arduino”: https://web.microsoftstream.com/video/0d0c77b1-83fc-4b7c-ae9c-
72ecbb5fa3c4

“Python Data Analysis with Pandas and Matplotlib”: https://ourcodingclub.github.io/tutorials/pandas-python-intro/

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