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UFRGS – UNIVERSIDAE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE ARTES

ESMALTES - BAIXA TEMPRERATURA

Disciplina: ART02207 – Pesquisa Cerâmica


Professor: Carlos Carusto Camargo
Período Letivo: 2007/02
Alunos: Carlos Alberto de Castro Farias
Ellen Marianne Röpke Ferrando
ESMALTES CERÂMICOS

A Pesquisa em esmaltes cerâmicos foi iniciada com o objetivo de se


produzir a formulação de esmaltes utilizando-se óxidos colorantes.
Para uma primeira visualização das colorações, utilizamos misturas de
óxidos que já estavam preparadas pelos alunos do semestre anterior, as quais
foram aplicadas em pequenos vasos.

Vaso 1 óxido de cobre e óxido de titânio + zinco


Vaso 2 óxido de manganês e óxido de cobalto
Vaso 3 óxido de titânio e óxido de ferro
Vaso 4 óxido de níquel e óxido de zinco
Vaso 5 óxido de cromo

Visualizando os resultados, escolhemos os óxidos de cobalto e cromo para


iniciarmos nossa pesquisa, buscando obter as colorações azul e verde.
Em todas as pesquisas as quantidades e porcentagens de materiais foram
medias em volume.
Considerando que a aplicação de 096 e óxido diluídos em água, apresentou
uma mistura muito fluida, passamos a diluir as demais misturas em uma solução
de água e CMC – Carboxil Metilcelulose, (1 colher de sopa de CMC dissolvidos
em 1 litro de água morna) com o objetivo de se obter esmalte mais encorpado,
facilitando sua aplicação.
Nos primeiros testes utilizamos 8 amostras cerâmicas (biscoito)
previamente preparadas, aplicando o esmalte a pincel, na seguinte composição:

A1 100ml 096 + 0,5% óxido de cobalto + 100ml de solução de água + CMC


A2 100ml 096 + 1,0% óxido de cobalto + 100ml de solução de água + CMC
A3 100ml 096 + 1,5% óxido de cobalto + 100ml de solução de água + CMC
A4 100ml 096 + 2,0% óxido de cobalto + 100ml de solução de água + CMC

A1 100ml 096 + 0,5% óxido de cromo + 100ml de solução de água + CMC


A2 100ml 096 + 1,0% óxido de cromo + 100ml de solução de água + CMC
A3 100ml 096 + 1,5% óxido de cromo + 100ml de solução de água + CMC
A4 100ml 096 + 2,0% óxido de cromo + 100ml de solução de água + CMC
Efetuada a queima em temperatura de 1060°C, obteve-se amostras bem
fundidas, com vidrado brilhante. Entretanto, observou-se que houve uma
saturação de pigmento no vidrado das amostras, conforme a concentração de
óxido aplicado, mas não ocorreu a esperada variação na tonalidade das
colorações das amostras.
Conforme Tito Tortori o óxido de cobalto é fundente enquanto o óxido de
cromo é refratário, porém as amostras obtidas apresentam um vidrado bastante
brilhante, bem fundidas a baixa temperatura, devido à utilização de 096.
Pesquisando nas apostilas Método Prático de Formulação de Esmaltes
Cerâmicos de Tito Tortori, Manual de Esmaltes Cerâmicos de Jorge Fernandez
Chiti, La Paleta Del Ceramista de Christine Constant e Steve Ogden, e em o O
Nosso livro de Cerâmica de .Caio Giardullo, Paschoal Giardullo, e
Urames Pires dos Santos, passamos às pesquisa seguintes.
Preparamos a seguir duas bases, uma transparente e outra opacificante,
conforme a seguinte composição:
B1 - 100ml de 096 + 100ml de solução de água + CMC
B2 - 100ml de 096 + 10,0% de óxido de estanho + 100ml de solução de água +
CMC

As bases foram aplicadas em um


vaso, de uma a cinco camadas, sempre
aplicando a camada subseqüente
transversalmente à anterior, para uma
comparação entre as bases e para observar-
se como a aplicação de camadas sucessivas
se comportaria.
Efetuada a queima a 1000ºC observa-
se que quanto mais espessa a camada maior
o recobrimento e a intensidade da coloração
branca na base opacificante. Na base
transparente quanto maior a espessura das
camadas, mais brilhante e espesso é a
camada do vidrado, apresentando também
uma cobertura melhor.
Utilizando a base opacificante B2 acrescentamos os óxidos de cromo e
cobalto e ferro nas composições a seguir:
A1 - B2 + 0,25% óxido de cobalto
A2 - B2 + 0,5% óxido de cobalto
A3 - B2 + 1,0% óxido de cobalto
A4 - B2 + 1,0% óxido de cobalto + 1,0% óxido de ferro vermelho
A5 - B2 + 0,5% óxido de cobalto + 2,0% óxido de ferro vermelho
A6 - B2 + 1,0% óxido de cromo
A7 - B2 + 2,0% óxido de cromo
A8 - B2 + 0,5% óxido de cromo
A9 - B2 + 2,0% óxido de cromo + 1,0% óxido de ferro vermelho
A10 - B2 + 2,0% óxido de cromo + 2,0% óxido de ferro vermelho

A queima foi efetuada a 1000 ºC e observou-se que tanto na coloração


azul como na coloração verde as amostras variaram de acordo com a
concentração de óxido utilizada variando a tonalidade das colorações, do verde e
azul claro a verde e azul escuro. Obteve-se assim o resultado desejado de
tonalidades do claro ao escuro de uma mesma coloração, devido ao acréscimo de
óxido de estanho na base que a tornou opacificante.

As amostras obtidas apresentam um


vidrado bastante brilhante, bem fundidas,
e a intensidade da coloração e a
tonalidade ficam mais escuras e intensas
quando é adicionado óxido de ferro
vermelho no esmalte.
Obtido os resultados desejados
partimos para a pesquisa seguinte para
verificar o comportamento das colorações
verde e azul, obtidas através dos óxidos
de cromo e cobalto respectivamente, em
base opacificante de óxido de estanho,
utilizando-se outras bases opacificantes.
Com a falta da matéria prima de 096, passamos a utilizar o 060, que possui
as mesmas características de vidrado base do 096, possuindo, entretanto, chumbo
em sua composição.
Para verificar como se comportaria o 060, preparamos duas bases, uma
pura e outra com opacificante, para comparação:
B3 – 100ml de 060 + 100ml de solução de água + CMC
B4 – 100ml de 060 + 10,0% óxido de estanho + 100ml de solução de água +
CMC

Efetuada a queima a 1000°C


verificou-se que os efeitos são
idênticos aos do 096, porém com
aparência mais brilhante.

Passamos então a produzir novos esmaltes utilizando a base B4, com óxidos de
cobre e manganês nas seguintes composições:
A1 – B4 + 1,0% de óxido de cobre
A2 – B4 + 1,5% de óxido de cobre
A3 – B4 + 3,0% de óxido de cobre
A4 – B4 + 1,0% de óxido de manganês
A5 – B4 + 1,5% de óxido de manganês
A6 – B4 + 3,0% de óxido de manganês

A queima foi efetuada a 1000°C e observou-se que as amostras A1, A2 e


A3, apresentaram coloração do verde claro a verde mais escuro, um resultado
muito satisfatório.
As amostras A4, A5 e A6 nas quais foram utilizados óxidos de manganês,
a coloração obtida foi de um bege com pouca variação entre as amostras. Isto
sugere que para atingir-se a coloração nos tons castanho ou marrom, que era o
objetivo, deve-se utilizar uma maior concentração de óxido de manganês, talvez
combinada com a adição de outro óxido, como o óxido de cromo e níquel,
conforme sugere Tito Tortori.
Todas as amostras apresentaram uma perfeita fundição com vidrado
bastante brilhante.
Obtidos os resultados desejados na variação das colorações com a
utilização de óxido de estanho na base, resolvemos verificar o comportamento de
outras bases opacificantes.
Foram preparadas bases de estanho, titânio e zirconita na concentração de
5,0%, conforme composições a seguir:
B5 – 100ml 060 + 5,0% óxido de estanho + 100ml de solução de água + CMC
B6 – 100ml 060 + 5,0% de óxido de titânio dissolvidos em solução de 100ml de
água + CMC
B7 – 100ml de 060 + 5,0% de zirconita dissolvidos em solução de 100ml de
água + CMC
Com base nas pesquisas anteriores, resolvemos utilizar novamente o óxido
de cobalto e ferro vermelho para uma melhor comparação com os resultados já
obtidos.
A1 – B5 + 0,5% de óxido de cobalto
A2 – B5 + 1,0% de óxido de cobalto
A3 – B5 + 1,0% de óxido de cobalto + 4,0% de óxido de ferro
A4 – B6 + 0,5% de óxido de cobalto
A5 – B6 + 1,0% de óxido de cobalto
A6 – B6 + 1,0% de óxido de cobalto + 4,0% de óxido de ferro
A7 – B7 + 0,5% de óxido de cobalto
A8 – B7 + 1,0% de óxido de cobalto
A9 – B7 + 1,0% de óxido de cobalto + 4,0% de óxido de ferro

A queima foi efetuada a 1000°C e


observou-se que todas as amostras
ficaram bem fundidas e com boa variação
das tonalidades da coloração azul.
Observa-se que as tonalidades são
diferentes quando se utiliza opacificantes
diferentes, o que já era esperado.
A variação do óxido de cobalto em
três concentrações diferentes e a variação
da base opacificante com três óxidos
diferentes, mas na mesma concentração,
produziu nove amostras com colorações
bem distintas, variando do azul claro ao
azul escuro num resultado bastante
satisfatório.
Com base em todos os resultados pesquisamos a seguir como se
comportaria o óxido de cobalto se adicionássemos óxido de manganês no lugar
do óxido de ferro.
Produzimos as amostras a seguir com a seguinte composição:
A1 – B5 + 1,0% óxido de cobalto + 1,0% de óxido de manganês
A2 – B5 + 1,0% óxido de cobalto + 2,0% óxido de manganês
A3 – B5 + 1,0% óxido de cobalto + 3,0% óxido de manganês

Após queima a 1000°C, os


resultados obtidos nos mostram que o
óxido de manganês escurece e
intensifica a tonalidade da coloração
azul. Entretanto, a utilização do óxido de
ferro vermelho é mais efetiva para este
efeito.
Verificamos também que o
resultado de cobertura e tonalidade das
colorações é mais eficiente quando se
utiliza óxido de estanho a 10,0%.

Considerações gerais:
Os esmaltes foram preparados para baixa temperatura, em torno de
1000°C.
Verificou-se que para se obter um melhor resultado é necessário preparar o
esmalte, deixá-lo em repouso por um período e após peneirá-lo, para produzir-se
uma boa mistura, um esmalte com boa textura e isento de partículas que não
dissolvidas. Isto, entretanto, nem sempre foi possível, em decorrência do tempo
disponível para as diversas atividades do semestre.
Muitos pontos ou concentrações desiguais obtidas em algumas amostras
podem ter sido ocasionadas por uma dissolução não-perfeita dos componentes.
Entretanto, verifica-se que os resultados dos vidrados, seus efeitos, são realmente
muito belos seja qual for a causa que tenha ocasionado estes pontos ou
concentrações nas colorações.
Apesar da nossa pesquisa ter sido baseada com maior ênfase nas
colorações azul e verde, muitos outros testes com a adição de outros óxidos,
bases, etc., podem ser efetuados. Gostaríamos de ter executado outros esmaltes,
utilizando ainda os óxidos de cobalto e cromo, para obter-se tons de colorações
amareladas, avermelhadas, violáceas, metalizadas, etc.
Gostaríamos também de ter produzido esmaltes opacos e com variação de
brilho.
Observa-se que a pesquisa é infinita e nos possibilita diversos resultados.
Além de todos os resultados obtidos, é importante salientar, que após os
testes, alguns decepcionantes e outros plenamente satisfatórios, entendemos
como funcionam os materiais na composição do esmalte, em sua matéria prima,
suas funções de fundentes, refratários, estabilizantes, vitrificantes, colorantes,
opacificantes, e a importância da temperatura de queima na produção do
resultado final.
TRABALHOS REALIZADOS UTILIZANDO A

REPRODUÇÃO DOS ESMALTES

DESENVOLVIDOS NA PESQUISA

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