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Vibrações

Há 2 tipos de vibrações consideradas no Anexo 8 da NR-15 – Vibrações de


Corpo Inteiro (VCI) e Vibração de Mãos e Braços (VMB).

A NR-15 determina que atividades e operações que exponham os


trabalhadores, sem a devida proteção às vibrações, serão caracterizadas
como insalubres, através de perícia realizada no local de trabalho.

A perícia deve tomar por base os limites de tolerância definidos nas normas
ISO-2631 e ISO/DIS-5349 (mudou para as NHOs-09 e 10) ou suas substitutas
futuras.

Da perícia deverão constar obrigatoriamente, os seguintes dados;


a) critério adotado
b) instrumental utilizado
c) metodologia de avaliação
d) descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição
e) resultados das avaliações quantitativas
f) medição para eliminação e/ou neutralização da insalubridade

Um ponto importante na avaliação das vibrações, é que se está lidando com


uma grandeza vetorial, isto é, não é apenas a magnitude que conta, mas
também a direção.

Em termos ocupacionais isso não é comum, em que as grandezas são


escalares em geral. Desse modo, é importante atentar para o eixo de
orientação medido, sua magnitude e fazer a avaliação no ponto de
transmissão da vibração ao corpo.
Exposição a Vibrações em Atividades Econômicas:
1) Sistemas Mecânicos:

A vibração pode ser entendida como o movimento oscilatório de um corpo.


Um corpo que vibra, descreve um movimento periódico, que envolvem;
 deslocamento,
 um certo tempo, o que resulta uma velocidade,
 bem como uma aceleração desse movimento.

Desse modo, o movimento pode ser descrito por qualquer um desses


parâmetros; deslocamento, velocidade ou aceleração.

Outro fator muito importante é a frequência desse movimento, isto é, o


número de ciclos realizado num período de tempo. No caso de ciclo por
segundo, a unidade é o Hertz (Hz).

De forma similar ao que ocorre com o ruído, um movimento vibratório pode


envolver uma função complexa, que consistirá em uma composição de
múltiplos movimentos, com inúmeras frequências individuais. A energia do
movimento é então distribuída pelas faixas de frequências.

As fontes de vibração usuais – veículos, ferramentas manuais motorizadas,


produzem movimentos complexos que possuem largos espectros de vibração.

Todo corpo pode ser interpretado como um sistema mecânico de massa e


mola, lembrando que na prática, existe também um amortecimento interno.
Desse modo, todo corpo possui uma frequência natural de oscilação que pode
ser observada com um pequeno estímulo no sistema, deixando-o oscilar
livremente.
No entanto, esse corpo poderá estar sujeito a forças externas, que podem
entrar em contato com ele, obrigando-o a vibrar, As vibrações assim obtidas
são chamadas de vibrações forçadas.

Denominando a frequência da vibração externa a um corpo de frequência de


excitação, haverá o fenômeno de ressonância quando a frequência de
excitação se igualar à frequência natural, resultando num crescente aumento
da amplitude do movimento, que, em condições severas, chega a ser destrutivo
para o corpo vibrante.

No caso da exposição humana, existindo usualmente alta transmissividade


produzida pelas frequências de excitação da fonte de vibração – veículos,
equipamentos, etc, em certos órgãos ou sistemas do corpo humano, a energia
será transmitida ao indivíduo, podendo explicar em grande parte, os efeitos
nocivos observados nos expostos à vibração.
2) Reação do Corpo Humano:

A seguir, são apresentadas as faixas de ressonância no corpo humano:

O corpo humano reage de forma mais ou menos sensível a determinadas


faixas de frequências, de acordo com segmentos corporais, e utilizando-se
um modelo mecânico simplificado, mostra-se as faixas de frequências
naturais das partes mais importantes do corpo, conforme figura acima.

Dada uma frequência de excitação, a ressonância vai ocorrer quando esse


valor se igualar à frequência natural do órgão ou sistema ao qual ela se
transmite.

3) Quantidade da Vibração:
No movimento oscilatório, quantifica-se parâmetros como; deslocamento,
velocidade e aceleração. No caso da vibração, avalia-se a aceleração em
m/s2 ou dB, onde,

dB = 20 log a/a0

a = aceleração avaliada
a0 = aceleração de referência (10-6 m/s2)

Essa medição é possível por meio da utilização de um acelerômetro que


transforma o movimento oscilatório num sinal elétrico que é enviado a um
medidor-integrador. A medição é feita segundo eixos de medição.
Esquema de medidores de vibração:
Quadro comparativo entre as unidades de medição (m/s 2 e dB) por fonte:
Eixos de medição do corpo inteiro:
Eixos de medição localizadas:
A) Vibração de Corpo Inteiro
É a vibração típica decorrente de trabalhos em plataformas ou assentos
que transmitem vibração ao corpo todo.

Exemplos:
Construção Civil  guindastes, tratores, retroescavadeiras.

Mineração  escavadeiras, perfuratrizes, pás carregadeiras.

Transporte  locomotivas, helicópteros, ônibus, caminhões.

EFEITOS:
 desordens musculo esqueletais, digestivas e circulatórias
 síndromes de ordem vertebrais
 deformações da espinha
 estiramentos
 dores musculares
 apendicites
 problemas estomacais
 hemorroidas
 desordem gastrointestinais
 interferências na destreza de comando manual
 interferências na acuidade visual

FORMAS DE CONTROLE:
 melhoria nos equipamentos, reduzindo-se a vibração transmitida ao
trabalhador, implicando em reprojeto do equipamento,

 melhoria nos assentos, incluindo projetos de suspensão


hidropneumática regulável,

 redução do tempo líquido diário de exposição,

 a vibração produzida pelo equipamento está intimamente ligada ao solo


sobre o qual ele transita,

 influência na forma de conduzir o equipamento.


A) Vibração Localizada (Mãos e Braços)

É a vibração decorrente de trabalhos com ferramentas portáteis elétricas


ou pneumáticas.

Exemplos:
Caldeiraria  lixadeiras, esmeris.

Mineração  furadeiras de rochas, marteletes.

Construção Civil  furadeiras, marteletes, compactadores.

EFEITOS:
 micro traumas causado por vibrações nos nervos e vasos sanguíneos
das mãos, associado a vibrações de 25 a 250 Hz,

 síndrome das vibrações atingindo o sistema vascular, nervos periféricos,


problemas nas juntas, músculos e ossos (Síndrome de Raynard),

 espinha dorsal,

 formigamento e adormecimento dos dedos,

 necrose.

FORMAS DE CONTROLE:
 projetos nas empunhaduras das ferramentas para reduzir a exposição
transmitida às mãos,
 redução do tempo líquido de exposição diário,
 uso de luvas especiais para vibrações (diferente de luvas acolchoadas).
LIMITES

1) Vibração de Corpo Inteiro:

Os TLVs das tabelas 1 e 2 nas páginas seguintes referem-se à vibração de


corpo inteiro induzida mecanicamente.

Representam os valores RMS – Raiz Média Quadrática da aceleração,


magnitudes e o tempo de duração aos quais se acredita que a maioria dos
trabalhadores possa estar repetidamente exposta, como o risco mínimo de
dores nas costas, efeitos adversos a elas ou de apresentar incapacidade de
operar adequadamente veículos terrestres.

Esses valores devem ser usados como guia no controle da exposição à


vibração do corpo inteiro, mas devido à susceptibilidade individual, não
devem ser considerados como uma linha definida de separação entre níveis
seguros e níveis perigosos.

A norma anterior sobre VCI, norma ISO-2631, estabelecia;


 vibrações de 1 a 80 Hz
 limites de conforto
 limites de eficiência no trabalho
 limites para a segurança
 medição de vibração nos eixos:
X  da frente para trás (altura do peito)
Y  movimento lateral (ombro a ombro)
Z  movimento vertical (dos pés para a cabeça)
 limites de fadiga crítica para homens entre 4 e 8 Hz (no eixo “Z”) e
abaixo de 2 Hz (nos eixos “X” e “Y”)
 acelerações de + ou – 7 m/s2 podem levantar uma pessoa do assento
 medir os 3 eixos ao mesmo tempo e fazer a composição vetorial para
comparar com o limite
 obter o resultado através de acelerômetro preso à estrutura vibrante
 a composição dos resultados com os limites deve ser feita com o valor
global de aceleração

Em 13/08/2014, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 1.297 que,


insere o Anexo 1 na NR-9 e estabelece as avaliações às vibrações de corpo
inteiro:

a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2;


b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
c) valor do nível de ação:
 avaliação da exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro
corresponde a um valor da aceleração resultante de exposição
normalizada (aren) de 0,5m/s2.
 dose de vibração resultante (VDVR) de 9,1m/s1,75.
2) Vibração de Mãos e Braços:

Os TLVs da tabela 1 da página 130, referem-se a níveis e durações de


exposição a componentes de aceleração que representam condições às
quais acredita-se que a maioria dos trabalhadores possa ser repetidamente
exposta dia após dia, sem evoluir para além do ESTÁGIO 1 do sistema de
Classificação do Encontro de Estocolmo para dedos brancos Induzidos por
Vibração – VWF, também denominado de Fenômeno de Raynard de origem
ocupacional.

Como há uma carência de relacionamento dose-resposta para o VWF. Estas


recomendações foram obtidas de dados epidemiológicos de atividades de
silvicultura, mineração e metalurgia.

Os valores devem ser usados como guias no controle da exposição à


vibração de mãos e braços, porém devido às variações de susceptibilidade
individual, não devem ser considerados como uma linha divisória entre níveis
seguros e perigosos.

A norma anterior sobre VMB, ISO-5349, estabelecia;


 definir a metodologia de medição nos 3 eixos
 obter a aceleração em RMS
 comparar o limite com o resultado do acelerômetro colocado em um dos
dedos, e se for em estrutura vibrante, fixar o acelerômetro no
equipamento vibrante (superfície vibrante).

Em 13/08/2014, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 1.297 que,


insere o Anexo 1 na NR-9 e estabelece as avaliações às vibrações de mãos e
braços:

a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5,0 m/s2;


b) valor do nível de ação para avaliação da exposição ocupacional diária à
vibração de corpo inteiro corresponde a um valor da aceleração resultante de
exposição normalizada (aren) de 2,5m/s2.
Síndrome das vibrações (dos dedos brancos) por Taylor e Pelmear:
Classificação do controle da síndrome das vibrações de mãos e braços,
segundo a ACGIH:

Legislação:
https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-15-Anexo-08.pdf
INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE VIBRAÇÃO
Exemplos práticos

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