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Universidade Federal de Lavras

Nome: Rangel Mendes Francisco Matrícula: 20161186 Semestre: 2020/2


Disciplina: Oficina de Prática Jurídica Trabalhista – Fase de conhecimento.
CASO: 01

AO JUÍZO DA __ DO TRABALHO DE________________

Nathan Alves, brasileiro, estado civil, torneiro mecânico, inscrito no RG nº XXXXXXXX e


no CPF XXXXXXXXX, titular da CTPS nº XXXXXXX, PIS nº XXXXXX, residente e
domiciliado à________, através de seu procurador ao final assinado, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, apresentar, nos termos do art. 840 da CLT,

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de ABC Metalúrgica Ltda, inscrita no CNPJ sob o nº, com sede em __________,
pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

1. DA GRATUITADE DE JUSTIÇA

Compreende-se que a situação do Reclamante enquadra-se no artigo 790, §3º, da CLT,


requerendo o benefício da gratuidade judiciária, vez que, após sua demissão indireta, as
verbas rescisórias não lhe foram pagas como era devidamente esperado. Portanto, estando
desempregado, sem saldo bancário e, passando pelo fato de que, quando possuía emprego,
recebia remuneração inferior ao teto de 40% da previdência social, revela-se a vulnerabilidade
econômica. Comprova-se o requerido por meio de documentos anexados.

2. DO CONTRATO DE TRABALHO

Houve admissão do Reclamante em 1º de julho de 2017 com o intuito de exercer a


profissão de torneiro mecânico sob a remuneração de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) e
cumprindo jornada de 40 horas semanais, de segunda à sexta-feira, das 08h às 17h, e com 1
hora para que fizesse sua refeição. De acordo com os fatos a seguir, interpõe-se Reclamação
Trabalhista a fim de se preservar os direitos do Reclamante.
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CASO: 01

3. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

3.1. DO SALDO DE SALÁRIO

Na presente Reclamação, faz-se importante lembrar que, no dia 17 de julho de 2019, o


Reclamante foi imotivadamente dispensado pela Reclamada, não tendo recebido, até a
presente data, o valor referente ao tempo de trabalho no mês citado. O art. 4º da CLT dispõe
que é considerado “como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à
disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada”. Ainda, a remuneração deve ser provida independentemente de
lucro obtido, com fulcro no art. 2º da Consolidação das Leis do Trabalho.

Portanto, é requerido o pagamento referente aos dias citados.

3.2. DAS FÉRIAS

Segundo alegado pelo Reclamante, houve cumprimento adequado de todas as suas


tarefas, mesmo que, à parte disso, não tenha recebido suas férias anuais. Desta maneira, é de
direito o recebimento das férias integrais referentes a 2016/2017; 2017/2018; 2018/2019, visto
que o início do contrato foi em 1º de julho de 2016 e a dispensa sem justa causa ocorreu em
17 de julho de 2019.

Como aparato legal, recorre-se ao art. 130 da CLT, que positiva o direito a férias, e
também ao art. 134: “as férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período, em
apenas um período nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver
adquirido o direito”.

Caso haja violação do disposto pelos artigos supracitados, tem-se pelo art. 137 que,
deve haver pagamento em dobro da respectiva remuneração sempre que o prazo apresentado
for violado. Não obstante, a CF/88 prevê, com um terço a mais do que o salário normal, o
aproveitamento de férias anuais remunerados, de acordo com o art. 7º, XVII. Neste diapasão,
a Súmula 450 do TST dispõe o seguinte: “É devido o pagamento em dobro da remuneração de
férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que
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gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do
mesmo diploma legal”.

Assim, manifesta-se o requerimento do pagamento em dobro das férias tocantes a


2016/2017; 2017/2018 e 2018/2019, bem como a remuneração proporcional aos 16 dias
trabalhados anteriormente à dispensa, baseando-se no art. 137 da CLT e, além disso, é
requerido também o acréscimo do terço constitucional a cada um dos períodos citados, com
fulcro no art. 7º, XVII, da CF/88.

3.3. DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL

As devidas verbas rescisórias, após demissão imotivada no dia 17 de julho de 2019,


não foram recebidas até o presente momento. Como postulado pelo art. 452-A, §6º, III, da
CLT, bem como no art. 7º, VIII, da CF/88, deve haver recebimento do pagamento do décimo-
terceiro salário de forma proporcional e com base na remuneração integral.

Não obstante, a data limite para pagamento do décimo terceiro é o dia 20 de dezembro
de cada ano, de acordo com as leis 4749/65 e 4090/62. Na mesma toada, considera-se que,
caso tenha se trabalhado até metade de cada mês, ainda assim, para fins do pagamento,
contará como se houvesse trabalho integral.

Com vistas a isso, deve-se condenar a Reclamada ao pagamento do 13º proporcional


ao período em que o Reclamante trabalhou: 01/07/2016 a 17/07/2019.

3.4. AVISO PRÉVIO

Como salientado nas questões abordadas acima, houve demissão do Reclamante por
parte da Reclamada sem justa causa, não havendo, ainda, o recebimento de aviso prévio.

Primeiramente, cabe lembrar que, com base na CF/88, XXI, o aviso prévio deve ser
“proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei”, os
quais podem ser observados nos artigos 487 a 491 da CLT. Para além disso, tem-se, pela lei
nº 12.506/11, art. 1º, que:
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O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do


Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será
concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um)
ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias
por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias,
perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

Considerando o período de tempo trabalhado pelo Reclamante, tem-se que, pelos


períodos de 2016/2017; 2017/2018 e 2018/2019, acrescenta-se 9 dias aos 30 dias já previstos,
totalizando em 39 dias de aviso prévio.

3.5. DO FGTS

Cabe à Reclamada a responsabilidade do pagamento das devidas verbas rescisórias,


constantes da rescisão indireta no dia 17 de julho de 2019. Isso é posto pelo art. 15 da lei
8036/90, o qual coloca que:

Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar,
até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior,
a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts.
457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de
julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.

Neste sentido, como ainda não houve pagamento até a presente data, e sendo este de
responsabilidade do empregador, é requerido a condenação do pagamento das devidas verbas.

3.5. DESCUMPRIMENTO DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT – MULTA DE 40%


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O art. 467 da CLT postula que, havendo rescisão de contrato de trabalho, além de
controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, obriga-se o empregador ao pagamento
da parte incontroversa de tais verbas, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, sob
pena de acréscimo de 50%. Não obstante, o art. 477, § 6º, dispõe que os pagamentos de tais
valores deverão ser efetuados em até dez dias contados a partir do término do contrato, além
de que, pelo § 8º do mesmo artigo, estabelece-se multa equivalente ao salário do trabalhador
caso haja inobservância do prazo citado. A indenização compensatória em casos de dispensa
sem justa causa também é assegurada pelo art. 7º, I, da CF/88.

Tendo sido demitido sem justa causa em 17/07/2019, e não recebendo até o presente
momento o valor referente às verbas rescisórias, contando o FGTS como previamente citado,
e em conformidade com entendimento do TST (Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais [SBDI-1], com destaque no “Informativo TST – nº 122”), é requerida multa de
40% em virtude de descumprimento dos prazos legais positivados pelos artigos citados acima.

5. DO SEGURO DESEMPREGO

A Lei nº 7.998/90 postula, em seu art. 4º, que, havendo dispensa sem justa causa, pelo
período de 3 a 5 meses, será concedido o seguro desemprego àquele que foi demitido. Neste
diapasão, positiva também o art. 7º, II, da CF, que são direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além dos outros que visem à melhoria de sua condição social, o seguro desemprego,
em caro de desemprego involuntário. Não obstante, segundo a Súmula nº 389 do TST, é
inscrita na competência material da Justiça do Trabalho lide que tenha por objeto indenização
pelo não-fornecimento das guias do seguro desemprego, bem como o fato de que, havendo
não-fornecimento pelo empregador, origina-se direito à indenização.

Conforme os dispositivos legais apresentados, requer-se condenação da Reclamada


devido ao não pagamento das guias em meio à dispensa sem justa causa.

6. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o reclamante requer:


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a) Isenção de custas referentes à gratuidade da justiça, consonante à condição financeira atual


do Reclamante.

b) Condenação da Reclamada a pagar as devidas parcelas das verbas rescisórias: o saldo de


salário; as férias integrais e proporcionais, com acréscimo de 1/3; o décimo terceiro
proporcional; o aviso prévio, além da multa com incidência de 40% sobre o FGTS, no valor
de R$ XXXX.

c) Incidência de correção monetária e juros sobre as verbas rescisórias.

7. DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Requer-se que haja notificação da Reclamada com fins de comparecimento à audiência


para que, se assim desejar, manifestar sua defesa, sob pena de revelia e confissão, podendo ser
condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorários sucumbenciais.

Manifesta-se que todos os meios de provas em direito admitidas podem ser inseridos,
especialmente pelo depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos,
etc.

Dá-se a causa o valor de R$ XXXX,XX

Nestes Termos,

Pede-se deferimento

Local e data.

Assinatura:_____________

Nome

OAB/XX nº XX

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