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1.

Neste ano, haverá indicação de novo ministro para o Supremo Tribunal Federal,
substituindo o decano Celso de Mello. A indicação, no Brasil, é feita pelo presidente, havendo
posterior sabatina no Senado. Jair Bolsonaro, presidente em exercício, já manifestou
aspirações claramente autoritárias, contrariando decisões do STF e manifestando opiniões
imprecisas quanto ao texto constitucional. Integrada à teoria moral de Ronald Dworkin, está a
sua teoria do direito, o “direito como integridade”, em que os tribunais, e o direito em si,
devem ser internamente coerentes, respeitando as decisões e a história constitucional. Uma
vez que a indicação para o tribunal superior federal é feita por um presidente com
características como as de Bolsonaro, existe dificuldades impostas à manutenção de um
direito íntegro? O presidente deve indicar alguém que, como ele, não respeita aquilo que foi
construído. A sabatina no Senado seria o contrapeso imposto, mas não é de se duvidar que
aceitariam qualquer indicação a custo de cargos, por exemplo, ou de interesses nas políticas
econômicas.

2. No texto, Ronald Dworkin indica que valores morais não conflitam necessariamente. O
exemplo dado, e mais explorado, passa pelas concepções dinâmicas de igualdade e de
liberdade, que, além de não conflitarem, são demandantes entre si. Entretanto, o autor cita
também que sua teoria pretende integrar a estes conceitos uma concepção de comunidade.
Assim como a integração feita da liberdade à igualdade, pode-se dizer que a concepção de
liberdade enquanto “direito a liberdades” é essencial para que a vida em comunidade seja
exercida? Ou, em oposição ao autor, e pensando a partir de uma perspectiva libertária, poderia
ser argumentado que qualquer teoria que colocasse a comunidade no mesmo nível que a
liberdade estaria diminuindo a capacidade das pessoas viverem e de buscarem livremente a
sua concepção de vida?

3. A teoria do direito de Ronald Dworkin possui como uma das ideias mais polêmicas o
argumento de que, para toda decisão, há uma “resposta correta”, o que seria idealizado pelo
juiz Hércules - um exemplo hipotético. Pode-se citar como uma das maiores objeções a esta
teoria o fato de que as pessoas divergem moralmente entre si. O esforço do autor em integrar
os valores de forma contínua poderia responder a este tipo de objeção? Uma decisão judicial
que privilegiasse a igualdade, por exemplo, só estaria prejudicando aquele que possui ideias
moralmente mais próximas à defesa da liberdade caso houvesse contato com a concepção
estática de liberdade, mas, como aponta Dworkin, esta não é a melhor interpretação possível
da liberdade, e, por ser abstrata, é improdutiva.

4. A partir de 2013, por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça, os cartórios
puderam começar a realizar união civil entre pessoas do mesmo sexo, que por sua vez foi
declarada legal pelo STF somente em 2011. Esta decisão pode servir como exemplo de caso
em que os tribunais podem corrigir decisões anteriores, mesmo sem desrespeitar o direito
como integridade, e ao mesmo tempo valorizar tanto o valor da liberdade quanto o valor da
igualdade, demonstrando que, além de não conflitarem, se interpretados de acordo com a
melhor concepção, são necessários para a manutenção um do outro?

5. A concepção dworkiniana de justiça distributiva é denominada “igualdade de recursos”. O


autor, no texto estudado, traça um esboço desta teoria, mas não esclarece alguns pontos.
Necessariamente, para que se chegue à melhor decisão, ou para que se leve a relação entre
direito e moral a sério, deve-se adotar a concepção defendida por Dworkin, ou há abertura
para que se utilize de outras concepções dinâmicas de igualdade?

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