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AO JUÍZO DA PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO

DO CEARÁ.

AUTORIDADE COATORA: EXECELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DA


____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE
ESTADO DO CEARÁ

IMPETRANTE: _____________________.

PACIENTE: ZÉ DA FARMÁCIA

____________________________, advogado que está subscreve, constituído


pelo impetrante, vem, perante o Juízo da Presidência do Tribunal de
Justiça do Ceará, com supedâneo no artigo 5º, inciso, LXVIII, da
Constituição Federal e artigos 647 e 648, inciso I, do Código de Processo
Penal, impetrar

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

em favor de JOSÉ PERCIVAL DA SILVA “Zé da Farmácia”, brasileiro,


solteiro, portador da cédula de identidade (RG) n.º_____________ ,
expedida pela SSP/CE, inscrito no CPF/MF sob o n.º_______________,
residente e domiciliado na Rua________ nº. _____, Bairro__________,
Conceição do Agreste /CE, CEP: ___________, telefone n.º _____________,
endereço eletrônico__________, pelos fundamentos de fato e de direito a
seguir expostos:

I – SÍNTESE DOS FATOS

JOSÉ PERCIVAL DA SILVA “Zé da Farmácia” no 03 de fevereiro de


2018 foi autuado em flagrante delito , por infração ao disposto no artigo
317 do Código Penal (CP), por em tese, segundo a denúncia de Sr. Paulo
Matos, empresário, sócio de uma empresa interessada em participar das
contratações efetuadas pela Câmara de Vereadores, exigido o pagamento
de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa do denunciante
pudesse participar de procedimento licitatório.

Primeiramente a Autoridade Policial visando prender todos os


envolvidos em flagrante delito, orientou Paulo a sacar o dinheiro e
combinar com os vereadores a entrega da quantia na própria sessão de
realização da licitação, oportunidade em que uma equipe de policiais
disfarçados estaria presente para efetuar a prisão dos envolvidos.

Foram presos em flagrante delito, na referida sessão, o Vereador


João Santos, o João do Açougue, que exerce, atualmente, a função de
Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de
Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, e demais membros
vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, por fim JOSÉ
PERCIVAL DA SILVA “Zé da Farmácia” todos indiciados pelo crime de
corrupção passiva.

Por conseguinte, foi designada audiência de custódia sendo


decretada a prisão preventiva a pedido do Ministério Público nos termos
do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I, todos do CPP, para garantia
da ordem pública, tendo em vista a gravidade e a repercussão do crime.
É a síntese dos fatos.

II FUNDAMENTOS

Percebe-se dos autos, que o flagrante foi arquitetado pela


autoridade policial que forçou a “ocorrência” do crime. Contudo como
explica a sumula 145 do STF quando o flagrante é preparado pela
autoridade policial impossível consumar-se o crime, estão também
ausentes as circunstância estipuladas pelo art.302 do CPP que legitimam
a prisão em flagrante.

Nesse seguimento, a autoridade policial ao receber a noticia do


crime narrada pelo Sr. Paulo astutamente elaborou a cena do delito para
garantir a prisão em flagrante do paciente, prática rechaça pelo
ordenamento jurídico.

Cabe ainda salientar, que o crime só ocorreu pela indução da


autoridade policial que orientou o denunciante a levar o dinheiro a sessão
bem como determinou a presença de policias disfarçados durante
reunião, dessa forma, imperiosa é a concessão do writ.

Destaca-se que a prisão de natureza pré-cautelar é medida


excepcionalíssima, sendo que a autoridade judicial deve ter como norte o
princípio da presunção de inocência e visar, a todo tempo, pela liberdade
de ir e vir do cidadão, cujo direito encontra-se tutelado no art. 5º, caput,
da Constituição Federal.

Dessa forma, toda e qualquer prisão deve pautar-se na


necessidade ou na indispensabilidade da providência, a ser conferida em
decisão fundamentada do juiz ou do tribunal, segundo determinada e
relevante finalidade.

Trata-se do princípio da excepcionalidade da prisão cautelar,


consagrada no art. 282, § 6º, do CPP, portanto para a decretação da
prisão preventiva, devem estar presentes os requisitos (fumus comissivi
delicti), os fundamentos (periculum libertatirs), ambos elencados no art.
282 do CPP, e as hipóteses de cabimento do art. 313 do CPP.

No caso dos autos, observa-se que o fumus comissivi delicti, está


prejudicado tendo em vista que é evidente que paciente não cometeu o
delito o próprio denunciante em nenhum momento menciona seu nome
ou relata sua participação no ilícito penal, o crime ocorreu pórem sem a
participação do paciente.

Referente ao periculum libertatis o paciente é “homem do povo”


presidente da casa de leis municipais não possuiu nenhum delito
imputado como consta a ficha de antecedentes criminais.

A autoridade coatora, entendendo pela existência do fumus


comissivi delicti e periculum libertatis (garantia da ordem pública), assim
fundamentou a conversão da prisão em flagrante em preventiva:

nos termos do art. 310, II, c/c art. 312, c/c art. 313, I,
todos do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em
vista a gravidade e a repercussão do crime

Como já dito, a prisão preventiva pressupõe a existência do


crime e indícios de autoria respaldada no artigo 312 do CPP sendo um
dos motivos ensejadores a garantia da ordem pública, fundamento esse
utilizado pela autoridade coatora.

Contudo, no presente caso, não há evidência suficientes que


demonstrem a autoria do ilícito, e não há indício algum que a soltura do
paciente afetará a harmoniza social, bem como deve se levar em
consideração que o paciente não possui maus antecedentes e não é
contumaz na prática delitiva.

De acordo com o art. 648, I, do CPP, “A coação considerar-se-á


ilegal: I - quando não houver justa causa;”. Então, uma das hipóteses de
cabimento do habeas corpus é a ausência de justa causa para a
decretação da prisão preventiva, sedo que tal prisão cautelar é pautada
na indispensabilidade, logo é inegável que não há justa causa para
manter o paciente preso.

E como já visto nos autos o paciente não cometeu o ilícito


descrito no art. 317, não possui maus antecedentes bem como reside e
trabalha na comarca, e caso necessário está disposto a cumprir as
medidas impostas no art. 319 do CPP.

Cabe ainda salientar, que em nenhum momento o paciente se


negou a participar dos atos processuais sendo que as investigações
policiais e o trâmite processual não serão afetados pela soltura do
paciente.

Ademais, o paciente está domiciliado na comarca (anexo 1), não


possui antecedentes criminais (anexo 2), labora na comarca (anexo 2)
fatos que demonstram que o paciente não representa risco a sociedade e
não se esquivará dos demais atos processuais.

Por consequência, requer-se a concessão de habeas corpus, com


a imediata revogação da prisão preventiva do acusado por intermédio da
expedição de alvará de soltura, sendo está a medida imprescindível
conforme descrito pelo CPP:

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer


ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal
na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição
disciplinar.

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:

I - quando não houver justa causa;

III – CONCESSÃO DA LIMINAR

Mesmo inexistindo a previsão da tutela provisória de cunho


satisfativo no rito procedimental do habeas corpus, os tribunais vêm
admitindo a tutela liminar, tendo em vista a aplicação analógica da
legislação atinente ao mandado de segurança.

Assim, desde que presentes o fumus boni iuris e o periculum in


mora, possibilita-se a concessão da liminar.

No presente caso demonstra-se o flagrante preparado pela


autoridade policial estando também ausente a justa causa ou qualquer
outro fundamento legítimo que sustente a manutenção da prisão cautelar
do paciente, assim sendo a liminar é a medida que cessará a limitação do
direito fundamental à liberdade do paciente garantido pelo texto
constitucional, senão vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém


sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder;

V – PEDIDOS

Tendo em vista os argumentos já expostos, requer-se:

a) A concessão da liminar, ordenando à liberdade do paciente,


JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, revogando a prisão preventiva até o
julgamento do mérito do Habeas Corpus, comunicando-se a decisão a
autoridade coatora;

b) A concessão da ordem revogando a prisão preventiva do


paciente após o deslinde processual no Tribunal de Justiça; e,
c) A intimação pessoal do(a) representante -constituído por
intermédio de procuração anexa -de todas as decisões proferidas nos
presentes autos, inclusive da decisão concessiva ou denegatória do
pedido liminar, bem como do acórdão.

NESTES TERMOS,

PEDE DEFERIMENTO.

Conceição do Agreste /CE, ____ de __________ de 2018.

Impetrante: Advogado(a)_______________OAB/CE__________.

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