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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas

Curso: Direito

3° Ano – Pós Laboral

Cadeira: Direito Agrário

Tema:

 Política Nacional de Terras; Fundamentação

Discente: Docente:

Cidália António da Silva Gonçalves Drª. Silvia Soares

Clive João Fache

Hermenegildo

Hugo Monteiro

Quelimane, Novembro de 2020

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Índice
Introdução....................................................................................................................................3

Objectivos da pesquisa.................................................................................................................3

Política Nacional de Terras..........................................................................................................5

Objectivos e princípios fundamentais da Politica Nacional de Terras......................................5

(PNT).......................................................................................................................................5

Princípios fundamentais da PNT..............................................................................................6

Principais inovações.................................................................................................................7

Os sucessos alcançados durante os 10 anos de implementação da Legislação sobre terras......8

Recomendações para a revisão legislativa................................................................................8

A criação da Comissão de Terras.............................................................................................8

Fundamentação........................................................................................................................9

Conclusão...................................................................................................................................10

Referencias Bibliográficas.........................................................................................................11

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Capitulo I

Introdução
A presente pesquisa tem como tema a política nacional da terra e a sua fundamentação;
no âmbito da implementação do Programa Quinquenal, o Governo aprovou uma série
de Políticas, entre as quais a política Nacional de Terras (PNT), que se referia a nova
fase de desenvolvimento económico e social que Moçambique atravessava,
caracterizada por uma economia de mercado, exigia a concepção de uma nova política,
diferente daquela que tinha orientado a Lei de Terras aprovada em 1979. A PNT toma
em conta os principais usos da terra, incluindo o uso agrário, urbano, mineiro, turístico e
para infra-estruturas produtivas e sociais, tendo em conta a protecção ambiental. A base
da PNT é consensual e estabelece os mecanismos pelos quais os recursos naturais
podem ser explorados duma maneira equitativa e sustentável.

Palavras Chaves: Política. Terra

Objectivos da pesquisa
 Objectivo geral
a. A presente pesquisa tem como objectivo princípal estudar a política nacional da
terra.
 Objectivos específicos
b. Falar da locução legislativa da PNT;
c. Descrever os objectivos e os princípios fundamentais da política nacional de
terra;
d. Analisar as principais inovações;
e. Avaliar a sua fundamentação

Metodologia

O trabalho baseou-se numa pesquisa bibliográfica, que consistiu no levantamento e na


leitura de diversas obras de caráter científico de diferentes autores que abordam sobre o
tema em estudo. Também foram analisadas leis, legislações.

Estrutura do trabalho

No capítulo introdutório é apresentada a introdução, os objectivos do estudo: geral e


específico que se esperam alcançar e a justificativa. Depois, é apresentada a definição
do problema de pesquisa, e a metodologia.
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No segundo capítulo é apresentada a revisão da literatura, onde diferentes autores
apresentam os principais delineamentos acerca da PNT.

No último capítulo é apresentada conclusões recomendações, referencia bibliográfica


utilizada para a elaboração do trabalho.

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Capitulo II

Política Nacional de Terras


Em Maio de 1995, a A.R resultante das primeiras eleições multipartidárias aprovou o
Programa Quinquenal do Governo para o período 1995-1999. Neste programa, há uma
referência explícita à terra:

A terra é um dos mais importantes e preciosos recursos naturais de que o País dispõe,
merecendo por isso ser valorizada.

Neste contexto, o Governo reforçará os mecanismos que assegurem o acesso à terra e o


seu uso e aproveitamento, através das seguintes acções:

 Intensificação do processo de distribuição de terras, particularmente ao sector


familiar e aos pequenos produtores garantindo ao mesmo tempo a emissão dos
respectivos títulos de uso e aproveitamento;
 Promoção de uma maior divulgação da Lei de Terras e do seu regulamento;
 Revisão da legislação sobre terras adequando-a onde necessário à actual
conjuntura política, introduzindo a simplificação de procedimentos
administrativos, assegurando um maior envolvimento e participação das
estruturas e comunidades locais nas decisões sobre a utilização e gestão de
recurso de terra.

No âmbito da implementação do Programa Quinquenal, o Governo aprovou uma série


de Políticas, entre as quais a política Nacional de Terras (PNT) e a respectiva Estratégia
de Implementação, de Outubro de 1995.

O texto da PNT referia que a nova fase de desenvolvimento económico e social que
Moçambique atravessava, caracterizada por uma economia de mercado, exigia a
concepção de uma nova política, diferente daquela que tinha orientado a Lei de Terras
aprovada em 1979.

Objectivos e princípios fundamentais da Politica Nacional de Terras


(PNT)
A PNT estabelece os seguintes objectivos prioritários:
a) Recuperar a produção de alimentos e garantir a segurança alimentar;

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b) Criar condições para que a agricultura do sector familiar se desenvolva e cresça,
tanto em volume de produção como em índices de produtividade, sem que lhes
falte o seu recurso principal, a terra;
c) Promover o investimento privado, utilizando de uma forma sustentável e
rentável a terra e outros recursos naturais, sem prejudicar os interesses locais;
d) Conservar as áreas de interesse ecológico e gerir os recursos naturais de uma
forma sustentável, de forma a garantir a qualidade de vida da presente e futuras
gerações;
e) Actualizar e aperfeiçoar um sistema tributário baseado na ocupação e no uso de
terra que possa apoiar os orçamentos públicos nos diversos níveis.
A PNT toma em conta os principais usos da terra, incluindo o uso agrário, urbano,
mineiro, turístico e para infra-estruturas produtivas e sociais, tendo em conta a
protecção ambiental. A base da PNT é consensual e estabelece os mecanismos pelos
quais os recursos naturais podem ser explorados duma maneira equitativa e sustentável.
Princípios fundamentais da PNT
a) A manutenção da terra como propriedade do Estado, princípio consagrado na
Constituição da República;
b) Garantia de acesso e uso da terra à população, bem como aos investidores. Neste
contexto, reconhecem-se os direitos costumeiros de acesso e gestão das terras
das populações rurais residentes, promovendo justiça social e económica no
campo;
c) Garantia do direito de acesso e uso da terra pela mulher;
d) Promoção do investimento privado nacional e estrangeiro, sem prejudicar a
população residente e assegurando benefícios esta e para o erário público
nacional;
e) Participação activa dos nacionais com parceiros em empreendimentos privados;
f) Definição e regulamentação de princípios básicos orientadores para a
transferência dos direitos de uso e aproveitamento da terra, entre cidadãos ou
empresas nacionais, sempre que tiverem sido feitos investimentos no terreno;
g) Uso sustentável dos recursos naturais de forma a garantir a qualidade de vida
para as presentes e futuras gerações, assegurando que as zonas de protecção total
e parcial mantenham a qualidade ambiental e os fins especiais para que foram
constituídas. Incluem-se aqui zonas costeiras, zonas de alta biodiversidade e
faixas de terrenos ao longo das águas interiores.
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Estes princípios norteadores e os objectivos da PNT são resumidos na
seguinte declaração:
 Assegurar os direitos do povo moçambicano sobre a terra e outros recursos
naturais, assim como promover o investimento e o uso sustentável e equitativo
destes recursos.
Concluímos a partir do debate que os princípios e objectivos fixados na PNT continuam
validos passados 10 anos. Contudo, tendo em conta as transformações económicas,
sociais e políticas operadas, nomeadamente, a integração regional, com a constituição
da zona do Comercio Livre, é preciso avaliar a possibilidade de introdução de um nova
linha de orientação para o acesso e uso da terra, designadamente a institucionalização do
“ mercado de títulos de terra”.
Principais inovações
A Política Nacional de Terras contém algumas inovações relativamente ao quadro legal
vigente em 1995. As principais inovações são:
a) O reconhecimento dos direitos costumeiros sobre a terra;
b) A necessidade de flexibilidade da lei;
c) A formalização do informal.
O reconhecimento dos direitos costumeiros já tinham sido sugeridos pela revisão
constitucional de 1990, quando legislador o constituinte definiu que “ o Estado
reconhece e protege os direitos adquiridos por herança ou ocupação”.
Segundo a PNT, os sistemas costumeiros são já um recurso inquestionável e oferece um
serviço “público” a um custo quase zero para o Orçamento Geral do Estado, na
administração e gestão de terras nas zonas rurais. Por exemplo, estes sistemas
funcionam eficazmente na reintegração da população deslocada no interior do país e dos
regressados dos países vizinhos. A PNT recomenda que “estes sistemas práticos que já
se aplicam na vasta maioria dos casos de ocupação e uso da terra, deveriam ser
considerados na legislação sobre terras”.
A PNT salientou a necessidade de ter uma lei flexível, que não especificasse o que fazer
em cada situação cultural diferente, mas admitisse o princípio de que em cada região
pudesse funcionar o respectivo sistema de direitos consuetudinários, de acordo com a
realidade local. Esta flexibilidade deveria permitir igualmente a sua actualização ao
longo do tempo, sem recorrer a revisões periódicas. Neste contexto, principalmente no
que respeita ao cadastro do sector familiar.

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1.1.1. Os sucessos alcançados durante os 10 anos de implementação da
Legislação sobre terras.
Alguns princípios fixados na PNT foram relativamente concretizados.
Estamos a referir nos à:
a) A manutenção da terra como propriedade do Estado;
b) Ao acesso e uso da terra pela população. Foi assegurado o direito do povo
moçambicano sobre a terra e outros recursos naturais;
c) A promoção do investimento nacional;
d) A promoção do direito de acesso e uso da terra pela mulher;
e) A redução de conflitos sobre a terra nas zonas rurais e urbanas.
A forma como estes aspectos de sucesso na implementação da legislação sobre terras
tem se manifestado deve ser medido, através de um estudo Multidisciplinar profundo e
crítico.
Recomendações para a revisão legislativa
Relativamente à legislação sobre terras em vigor, a PNT recomendou que fossem
revistos a Lei e o seu Regulamento, com vista a “eliminar contradições perante a nova
situação sociopolítica do País e perante a CRM, e para simplificar procedimentos
administrativos”, devendo ser introduzidos os seguintes elementos:
a) Reconhecimento dos direitos costumeiros;
b) A provisão de um sistema de transferência dos direitos;
c) A existência de somente um tipo de título, seja qual for a base legal dos direitos
adquiridos;
d) Um sistema tributário, independente dos fins a que se destina o terreno.
Esta revisão foi realizada através da aprovação da Lei de Terras em 1997, do seu
regulamento em 1998 e da legislação complementar sobre taxas, delimitação e
demarcação de terrenos em 1999 e 2000.
A criação da Comissão de Terras
Para acompanhar o processo de revisão legislativa, a PNT recomendou que fosse criada
uma comissão Interministerial de Terras. A Comissão seria assessorada por um
secretariado Técnico, integrando representantes dos Ministérios e instituições
apropriadas.
Foi aproveitada a experiência da Comissão Ad-hoc de Terras, que funcionara
anteriormente no Ministério da Agricultura, que adoptara uma abordagem

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multissectorial para a análise das questões de terras. Neste contexto, o secretariado
Técnico promoveu um diálogo com todos os interessados nesta matéria, congregando
associações e ONGs, entre as quais se destacam a ORAM – Associação Rural de Ajuda
Mútua, a UNAC – União Nacional de Camponeses, a Helvetas, a Campanha Terra,
especialistas de organismos internacionais como por exemplo a FAO, e técnicos e
investigadores das áreas de planeamento físico, ciências sociais, florestas, terra e água,
cadastro e outras afins. Dado que o tema da terra tem múltiplas implicações, esta
colaboração revelou-se adequada, e permitiu posteriormente a criação de parcerias para
a realização de trabalhos de campo e experiências piloto, que serviram de base às
propostas de revisão legislativa.
Fundamentação
Moçambique atravessa uma nova fase de desenvolvimento económico e social
caracterizada por uma economia de mercado. É, pois, justificada por uma política de
terras, diferente daquela que orientou a elaboração da actual legislação. Esta politica de
terra parte do simples princípio de que a terra é um dos mais importantes recursos
naturais de que o país dispõe, merecendo ser valorizada.
Porém, a problemática de terras é muito complexa. Em algumas áreas existem
reivindicações de direitos sobre a terra com base em raízes históricas. Noutras áreas os
direitos sobre a terra têm origem mais recente.

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Capitulo III

Conclusão
Da exposição feita resulta que o aperfeiçoamento da implementação da legislação sobre
terras carece das duas operações. Reformar alguns aspectos e alterar ligeiramente
outros, conforme foi demonstrado. Julgamos, contudo que nas duas operações
retrocitadas é fundamental usar como farol a seguinte máxima: Todo o Direito que
restringe o gozo de direitos e a promoção do desenvolvimento deve ser r epudiado e
expurgado, e devemos procurar incentivar a aplicação de todo o Direito favorável ao
progresso ou cria novo Direito se for necessário. Na verdade, a aprovação da Lei de
Terras, instrumento base sobre a terra, foi o resultado de um processo amplo e efectivo
de participação da sociedade civil e dos mais diversos interessados.

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Referencias Bibliográficas
Doutrina:

MÁRIA C. Q. Manual de Direito agrário “Centro de formação jurídica e judiciária”,


Maputo, 2004.

Legislação:

Resolução do Conselho de Ministros nº 10/95, de 17 de Outubro, aprova a Politica


Nacional de Terras;

Resolução do Conselho de Ministros nº 11/95 de 31 de Outubro, aprova a Política


Agrária.

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