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CONCEITO E FINS DA ACÇÃO EXECUTIVA

Nas providências cautelares, o que o autor pretende é acautelar o efeito útil de uma acção,
evitando a realização do dano temido pelo perigo da demora.

Nas acções declarativas o que o autor pede é que o tribunal profira uma decisão final do
direito, isto é, uma sentença que ponha fim ao dia conflito ou litígios.
Ex: que o tribunal se pronuncie sobre quem é o titular do direito em causa, ou que a partir
de hoje o casamento esta dissolvido, que este deve pagar.

Nas acções executivas o credor pretende que o tribunal realize providências adequadas
para a reparação coerciva do direito violado (artigo 4 nº 3 cpc).

Aqui, não se pretende discutir se eles tem ou não direito, o credor já sabe que tem
direito, tem como mostrar, o que ele quer é que o Tribunal obrigue a outra parte a reparar
o direito violado/pagar a divida, etc., dependendo do fim,

Mas para mostrar ao tribunal que ele tem um ceto direito, e que o tribunal quer não é que
o tribunal reconheça ou declare se tem ou não direito e sim que o tribunal realize aquele
direito.

2. DEFINIÇÃO DE ACÇÃO EXECUTIVA


A definição clara e completa de acção executiva – terá de fundar-se nas suas
características peculiares, as quais respeitam não só ao seu fim (único elemento
considerado pelo artigo 4º/3), mas também à sua base e ao seu objecto.

Assim:
 FIM – o fim da acção executiva é algum dos indicados no artigo 45/2º, ou seja,
exigir uma prestação.
 
 OBJECTO – a acção executiva ter por objecto o património (do devedor ou de
terceiros, nas situações previstas por lei) – cfr. art. 821º;
 
 BASE – a execução tem sempre por base um título (arts. 45º/1 + 46º).
A circunstância de sempre se fundar num título, isto é, em prova documental,
constitui a particularidade mais saliente da acção executiva.

Em resumo:
 A acção executiva:
- tem por base = um título;
- tem por fim = exigir uma prestação;
- tem por objecto = um património.

PODEMOS ASSIM DEFINIR A ACÇÃO EXECUTIVA COMO SENDO:


 
- A acção que tem por fim exigir o cumprimento de uma obrigação estabelecida num
título bastante, ou, a substituição da prestação respectiva por um valor igual ao
património do devedor.

FINS DA ACÇÃO EXECUTIVA

Como dissemos a acção executiva visa a reparação coerciva de um direito, porem visa
fazer valer direitos que envolvem o poder de exigir de outrem uma certa conduta. Se fala
aqui de situações em que o réu não cumpre voluntariamente, deve se realizar o direito
violado mesmo se for necessário o uso da força (art. 840 e 850). Ex: a pessoa deve e não
paga, foi condenado pelo tribunal a pagar mas não paga.

Por isso, não se pode falar de acção executiva para situações em que não há o que exigir.
Ex: uma sentença do tribunal que decreta o divórcio não é susceptível de ser executada
por qualquer forma. Isto porque a sentença de divórcio se limita a decretar a dissolução
do casamento e não precisa do réu uma conduta para aquele divórcio ser válido.

Resulta do art. 45º/2 a existência de 3 tipos de acção executiva:


 Para pagamento de quantia certa;
 Para entrega de coisa certa;
 Para prestação de facto
1. Na acção executiva para pagamento de quantia certa – um credor (o
exequente) pretende obter o cumprimento de uma obrigação pecuniária através da
execução do património do devedor (executado).

Para tanto,

Apreendidos pelo tribunal os bens do executado que forem considerados suficientes para
cobrir a importância da divida e das custas, tem lugar, normalmente, a venda desses bens
a fim de, com o preço obtido, se proceder ao pagamento.

O exequente obtém assim o mesmo resultado que obteria com a realização voluntária da
prestação que de acordo com o título executivo lhe era devida.

Nem sempre é através da venda dos bens do executado, pode ser através da adjudicação
onde leva-se o bem apreendido, entrega-se ao devedor e com essa entrega, considera-se
paga a dívida (art. 872 conjugado com o art. 875/1).

Ou através da consignação de rendimentos – o rendimento dos seus bens são atribuídos


ao credor, durante o período de tempo necessário reembolso do seu crédito. Ex: dono de
uma frota de táxi, restaurante e o dinheiro da renda por exemplo é entregue ao exequente
até completar o crédito satisfeito.
Ou entrega mesmo do dinheiro – art. 874

2. Na acção executiva para entrega de coisa certa – o exequente, titular do direito a


prestação de uma coisa determinada, pretende que o tribunal apreenda essa coisa ao
devedor (executado) e seguidamente lha entregue.
• Quid juris se a coisa não for encontrada?

Se a coisa não for encontrada o exequente procedera a liquidação do valor da mesma e do


prejuízo resultante da falta de entrega (através do mecanismo da conversão da
execução ou execução por substituição – art. 931º/1 nº2) penhorando-se e vendendo-se
outros bens do executado suficientes para pagamento da quantia liquidada.

Portanto,
Neste tipo de processo o exequente pode obter um resultado idêntico ao da realização da
própria prestação (recebimento da coisa) ou um valor equivalente.

3. Na acção executiva para prestação de facto –


Aqui importa dividir factos fungíveis dos infungíveis:

Facto fungível – é quando o devedor pode se fazer substituir por outra pessoa no
cumprimento da obrigação assumida (art. 207 CC).
E quando o facto seja “fungível” o exequente pode requerer que ele seja prestado por
outrem a custa do devedor (art. 933º), sendo então apreendidos e vendidos os bens deste
que forem necessários ao pagamento do custo da prestação. Isto é, o executado pode
indicar uma outra pessoa para cumprir com a obrigação, mas quem vai custear as
despesas será o devedor.
Se recusar, então vai se penhorar os bens do executado, vender para custear as despesas
do facto prestado por terceiro.

Facto Fungível – é aquele em que o devedor não pode se fazer substituir por outrem sob
pena de não se realizar o interesse do credor de forma satisfatória (art. 828 cc).

Quando o facto seja “infungível” o exequente só pode pretender a apreensão e venda de


bens do devedor suficientes para o indemnizar do dano sofrido com o incumprimento
(art. 933º).

Pode também requerer que o devedor seja condenado por cada dia de atraso no
cumprimento da obrigação (art. 829 cc).

No caso de violação de um dever de omissão (prestação de facto “negativo”) – o


exequente, consoante os casos, poderá pedir a demolição da obra que porventura tenha
sido efectuada pelo devedor (a custa deste) ou uma indemnização pelo prejuízo sofrido –
art. 941º.

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