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Se Toca Isso e TOC PDF
Se Toca Isso e TOC PDF
Se toca,
isso é TOC!
Vera Lucia C. França
Ilustrações Roberto França
Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro
SERVIÇO DE PSIQUIATRIA PROF. JORGE ALBERTO COSTA E SILVA
Se toca,
isso é TOC!
Vera Lucia C. França
Ilustrações Roberto França
2008
Meu nome é Guilherme. Vou contar para você a minha história.
Não sei se foi por causa disso, mas comecei a ter uns pensamentos
que não saíam da minha cabeça. Ficavam indo e vindo, me obrigando
a fazer coisas que não tinham nada a ver. Não podia tocar em nada que
achava que ia ficar doente, que ia me contaminar, que tudo estava sujo.
Eu ficava muito nervoso e tinha que fazer algo para que os meus pensa-
mentos parassem. Eu tinha que lavar as mãos ou tomar banho. Não me
contentava em lavar as mãos só uma vez, tinha que ser várias vezes. E o
banho? Nossa! Ficava horas debaixo do chuveiro, lavando várias vezes o
corpo e os cabelos. Minha mãe reclamava dessas minhas “manias”, dizia
que eu gastava muito shampoo e sabonete cada vez que tomava banho,
fora o tempo que eu perdia.
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Quando essas coisas começaram, eu ainda era pequeno e tentava Para aumentar ainda mais o meu sofrimento, conheci a Aninha.
usar papel ou uma toalha para tocar as coisas, mas eu cresci e isso ficou Ah! a Aninha. Você quer saber quem era ela? Era a menina mais bonita e
difícil de fazer. Então o meu sofrimento aumentou. Como esconder esses mais inteligente do colégio. Queria muito namorá-la, mas ficava pensan-
meus medos dos colegas? Se eles descobrissem, como iriam me tratar? do, se eu tivesse que beijá-la, “quantas bactérias ela não iria passar para
Será que achariam que eu era maluco? mim”? E se ela descobrisse os meus medos, o que iria pensar? Desisti
da idéia do namoro, mas sofri muito com isso. Será que eu serei sempre
assim? Será que não terei jeito?
Achava que era minha culpa, não conseguir parar com isso.
Tentava esconder de todo mundo, até dos meus pais, mas era muito di-
fícil. Na escola e nos outros lugares, me esforçava muito para não fazer,
mas em casa tinha que fazer o que minha cabeça mandava, senão, não
agüentava o sofrimento.
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Dr Samuel era médico psiquiatra. Ele conversou comigo e me fez
um monte de perguntas, sobre o que eu pensava, sentia e o que eu fa-
zia. Depois disse a mim e aos meus pais, que eu tinha o Transtorno Ob-
sessivo-Compulsivo. A psicóloga Miriam nos explicou o que era esse
transtorno. Disse que o TOC aparecia devido a algo no cérebro que não
funcionava direito. Era como se o cérebro estivesse sempre com soluço,
então os pensamentos se repetiam, levando a pessoa a fazer certas coisas,
que ela chamou de “rituais”. Mesmo que a pessoa quisesse parar, não
conseguiria, porque o TOC não deixaria.
Eles iam falando e eu pensava nas minhas “manias” e como eu Nos contou também, que o TOC não aparece só como o medo de se
sofria por causa delas. contaminar, de pegar doenças, como era o meu. Existem pessoas que pre-
cisam verificar várias vezes, se as portas, janelas, torneiras, o gás estão
Quando cheguei em casa, fui logo falando à minha mãe sobre a realmente fechados. Outras colecionam objetos sem valor. Fazem conta-
palestra e como tudo aquilo que eu tinha ouvido, se parecia com que eu gem, colocam coisas alinhadas, repetem palavras, e um monte de outras
sentia e fazia. Minha mãe conversou com meu pai e resolveram me levar coisas estranhas. Explicou como seria o tratamento e como meus pais
até a clínica dos médicos que haviam feito a palestra na escola. participariam dele, me ajudando a vencer o TOC.
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Se você tem essas “manias”, sofre muito por causa delas e não
consegue se livrar, achando que tudo é culpa sua. “Se toca, isso é TOC”.
Procure ajuda. Você também poderá vencê-lo.
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EQUIPE DE TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO –
SETOR DE PSIQUIATRIA INFANTIL DA
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO