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Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Inhambane

Curso: Gestão

Cadeira: Auditoria

PARECER DO RELATORIO DE AUDITORIA EXTERNA,FORMAS DE EMISSÃO


DE UMA OPINIÃO OU PARECER,NORMAS APLICAVEIS

Discentes:

João Arnaldo Abrão

Miserio Senderiane

Docente: dr. Arão Banze

Inhambane, Maio de 2019

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ÍNDICE

1. INTRODUCÃO...................................................................................................................2

1.1. Objectivos.....................................................................................................................3

1.2. Metodologia.................................................................................................................4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................................5

2.1 Conceito de auditoria........................................................................................................5

2.3 Auditoria externa..........................................................................................................6

2.4. Parecer..............................................................................................................................7

2.5.Parecer da auditoria Independente....................................................................................7

2.7. Estrutura do parecer de auditoria.....................................................................................8

2.8. Responsabilidade, data e local.....................................................................................8

2.9.1. Opinião nao modificada ou parecer sem ressalva.....................................................9

2.9.2. Opinião modificada.................................................................................................10

2.9.3. Fato relevante e parágrafo de ênfase.......................................................................12

2.10. Normas de relato..........................................................................................................12

2.11. Normas de relato segundo Da Costa, Carlos Baptista & Alves, Gabriel Correia
(2008,pag383).......................................................................................................................13

2.12. Auditoria em Moçambique.....................................................................................14

2.13. Vantagens de adopção das normas internacionais de auditoria..............................15

2.14. Desvantagens e dificuldades de adopção das normas de auditoria........................16

3. CONCLUSÃO...................................................................................................................17

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................18

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1. INTRODUCÃO

A auditoria vem desempenhando um papel relevante ao cenário económico, pois possibilita


uma maior clareza acerca da informação contabil e consequente da situação financeira das
empresas e o seu desenvolvimento, no entanto, nas últimas décadas tem-se assistido a
inúmeros escândalos financeiros, decorrentes da falta de transparência e fiabilidade da
informação financeira, o que leva a questionar a função da auditoria e o papel dos auditores.

O Parecer dos Auditores Independentes‟ (PAI) representa a materialização do único produto


gerado pelo trabalho da auditoria externa independente que se torna público, ou seja, de
acesso irrestrito aos usuários da informação contábil. Assim, a emissão do relatório final da
auditoria independente, que encerra as actividades de um processo de auditoria relativamente
complexo, envolve, directa ou indirectamente, três grupos de interesses distintos, a saber:
1auditores, usuários externos e auditados.

A auditoria externa é um conjunto de procedimentos técnicos realizados por um organismo


externo e independente da entidade controlada, tendo por objectivo, por um lado, emitir um
parecer sobre as contas e a situação financeira, a regularidade e a legalidade das operações
e/ou sobre a gestão financeira e, por outro, elaborar relatórios correspondentes.

O presente trabalho, versa sobre o parecer do relatório de auditoria externa, buscando


compreender as formas de emissão de uma opinião ou parecer, e as normas aplicáveis a
execução de auditoria externa, bem como a sua aplicação no contexto Moçambicano.

O mesmo encontra-se estruturado em três partes fundamentais, sendo a primeira a de


introdução, a segunda a de revisão bibliográfica e a ultima, a de conclusão.

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1.1. Objectivos

Geral:

Compreender o parecer do relatório de auditoria externa

Específicos:

 Analisar as formas de emissão de uma opinião ou parecer


 Descrever as normas aplicáveis
 Descrever a aplicação da auditoria no contexto de Moçambique

1.2. Metodologia

A metodologia usada para o presente trabalho foi baseada nos critérios de classificação
identificados por GIL (2002) dado ao se referir sobre procedimentos específicos de pesquisas
de índole bibliográfica. O trabalho é de natureza exploratória, ao que permitiu maior
familiaridade com o tema, tornando-o mais explícito e proporcionando o aprimoramento das
ideias chave para o desencadeamento da pesquisa. Para tal, foi utilizada a técnica de pesquisa
bibliográfica, desenvolvida na base de material já elaborado, tendo sido usados,
principalmente, livros e artigos científicos. A mesma obedeceu às seguintes etapas:

Figura 1: Metodologia do trabalho

Escolha do tema
1ᵃ Etapa

Levantamento bibliográfico preliminar


2ᵃ Etapa

Elaboração do plano provisório ( Leitura do material, confecção de fichas e


3ᵃ Etapa organizaçãoo do trabalho)

4ᵃ Etapa
Redacção do texto final

Fonte: Os autores, com base em GIL (2002:44)

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a) Escolha do tema

Esta foi a primeira etapa da pesquisa que consistiu fundamentalmente numa reflexão em
torno dos vários assuntos afectos ao tema em abordagem. Cingiu-se basicamente na leitura
de diferentes materiais didácticos que versam conteúdos concernentes a auditoria externa,
com o intuito de oferecer um melhor enquadramento e concepção dos aspectos
fundamentais que suportem o tema;

b) Levantamento bibliográfico preliminar

Esta etapa caracterizou-se fundamentalmente pelo contacto com o material já elaborado,


tendo sido feito um estudo exploratório, em livros, artigos científicos e a internet, em
busca de uma maior familiaridade com o tema e assimilação dos seus aspectos
particulares.

c) Elaboração do plano provisório

Feita a delimitação do tema, passou-se a elaboração do plano provisório que consistiu


essencialmente na organização sistemática dos conteúdos que suportam o tema, na
definição dos objectivos e da estrutura lógica do trabalho. Ainda neste processo, três
importantes procedimentos foram respeitados, a saber:

 Leitura do material: esta permitiu averiguar em que medida as obras consultadas têm
interesse para a pesquisa, para posterior selecção, análise e interpretação do material
relevante.
 Confecção de fichas: este procedimento permitiu identificar e registar os conteúdos
que a posterior serviram de base para a efectivação do trabalho, através de diferentes
documentos em que cada um abordava um determinado tópico, de acordo com os
objectivos da pesquisa.
 Organização lógica do trabalho: coube nesta etapa a organização das ideias, com
vista a atender os objectivos formulados no início da pesquisa bem como estruturar
logicamente o trabalho para que ele pudesse ser entendido como uma unidade dotada
de sentido.
d) Redacção do texto final
Esta última etapa teve como finalidade a compilação. Para tal, foi usado o pacote
informático Microsoft Office Word 2010, para possibilitar a redacção da informação em
forma de texto.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceito de auditoria

Segundo Galo e Barbosa (2009) a auditoria é um exame cuidadoso e independente das


actividades desenvolvidas em determinada empresa ou sector, cujo objectivo é averiguar se
elas estão de acordo com as disposições planejadas e/ou estabelecidas previamente, se foram
implementadas com eficácia e se estão adequadas com os objectivos traçados pela empresa.

De acordo com Gil (199) a auditoria é uma função administrativa que exerce a verificação/
constatação/validação, via testes e analises dos resultados dos testes, com consequente
emissão de opinião, em momento independente das demais três funções administrativas
(planeamento, execução, controle), consoante os três níveis empresariais principais
(operacional, táctico e estratégico).

Pode-se conceituar auditoria como exame das demonstrações contáveis e todos os


documentos, livros, registos que foram utilizados para sua elaboração. Para apurar com
exactidão os registos

2.2 Relatório de auditoria


são conclusões e recomendações escritas do auditor (ou auditores) para a administração de
uma organização, expondo os erros, fraudes ou deficiências verificadas no decorrer da revisão
de procedimentos.
A linguagem dos relatórios deve ser precisa, concisa (breve) e cooperativa (indicando
possíveis soluções), além de compreender possíveis detalhamentos que facilitem à
administração a tomada de medidas necessárias à correcção das irregularidades encontradas.

2.3 Auditoria externa

Para Galo e Barbosa (2009) a auditoria externa surgiu com a necessidade que os investidores
tinham de ter informações sobre a veracidade das demonstrações contáveis que a empresa
dispõe. Com isso, os investidores passaram a exigir que as demonstrações da empresa fossem
examinadas por um profissional independente que não tivessem nenhum vínculo empregatício
ou parentesco com a empresa, garantindo qualquer tipo de interferência não pessoal no seu
parecer. Este profissional é o auditor externo que tem maior grau de independência e executa
a Auditoria contábil. Segundo os mesmos autores seu objectivo na empresa auditada é emitir
sua opinião sobre as demonstrações financeiras examinadas.
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O auditor externo tem que ter independência absoluta, não deve aceitar imposições da
empresa, quanto aos procedimentos adoptados na realização da auditoria, nem quanto as
conclusões a que deve chegar.

Na auditoria externa ou Independente o auditor tem um contrato de prestação de serviço, o


auditor examina as demonstrações contáveis alguma área específica ou procedimento
predefinido como objecto de trabalho especial. Sua finalidade é emitir parecer sobre a
adequação das demonstrações contáveis e esse parecer deve ser independente.

Segundo Galo e Barbosa (2009) os objectivos da Auditoria Externa são:

 Comprovar a exactidão dos registos contáveis;


 Propor soluções para o aperfeiçoamento do controle interno e do sistema contábil da
entidade;
 Verificar a correta apresentação e divulgação das demonstrações contáveis;
 Emitir parecer (opinião) sobre as demonstrações contáveis auditadas.

Esses são os passos que o auditor externo segue para examinar as demonstrações contáveis,
cujos elementos básicos são:

 Balanço Patrimonial;
 Demonstração do Resultado de Exercício;
 Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;
 Demonstração das origens e aplicações de recursos;
 Notas explicativas.

Na opinião dos mesmos autores, pode-se dizer que existem vários motivos para que as
empresas contratem um auditor. Citam-se a seguir alguns para melhor entendimento do
assunto

 Obrigação legal;
 Como medida de controle interno;
 Imposição de bancos e fornecedores;
 Atender as exigências da própria empresa
 Futura venda da empresa;
 Fusão da empresa;
 Consolidação das demonstrações contáveis.

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2.4. Parecer

Segundo (Ferreira, Aurelio Buarque de Holanda) parecer é uma opinião fundamentada sobre
determinado assunto, emitida por um especialista.

2.5.Parecer da auditoria Independente


Conforme Attie (1998, P.67) é o documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião
de forma clara e objectiva, sobre as demonstrações contábeis quanto ao adequado
atendimento, ou não, a todos os aspectos relevantes.
 O parecer representa o produto final do trabalho do auditor, ele é o instrumento pelo qual o
auditor dá conhecimento aos usuários da informação contábil, do resultado do seu trabalho
expresso, por meio da opinião contida no parecer.

2.6. Finalidade
O Parecer de Auditoria tem a finalidade de informar aos seus usuários o seguinte:
a) o trabalho realizado;
b) a extensão abrangida pelo trabalho;
c) a forma de sua realização;
d) os fatos relevantes observados;
e) as conclusões chegadas.
2.7. Estrutura do parecer de auditoria
Segundo Galo e Barbosa (2009) a estrutura básica de um parecer de auditoria é composta por
três (3) parágrafos essenciais exigidos na norma das quais se cita:

1. Responsabilidades da administração, dos auditores e a definição do objecto de


trabalho, as Demonstrações Contáveis;
2. Extensão do trabalho do auditor;
3. Opinião do auditor a respeito das Demonstrações Contáveis.

No parecer intrinsecamente devem conter ainda:

 O nome da entidade, as datas e os períodos a que correspondem as demonstrações


contáveis e os trabalhos realizados;
 O auditor deve declarar se o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria
aplicáveis no Brasil;

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 O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos, e
conter seu número de registo no Conselho Regional de Contabilidade;
 Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o número de
registo cadastral no Conselho Regional de Contabilidade também devem constar do
parecer.

2.8. Responsabilidade, data e local

O auditor deve mencionar no seu parecer, as responsabilidades da administração


evidenciando que:
a) A administração é responsável pela preparação e pelo conteúdo das demonstrações
contábeis, cabendo ao contabilista que as assina a responsabilidade técnica; e
b) o auditor é responsável pela opinião que expressa sobre as demonstrações contábeis objeto
dos seus exames. O auditor deve, no seu parecer, declarar se o exame foi efetuado de acordo
com as normas de auditoria. Na data do parecer, o dia deve corresponder ao de conclusão dos
trabalhos na entidade auditada, objectivando informar ao usuário que foi considerado o efeito,
sobre as demonstrações contábeis e sobre o parecer de transacções e eventos ocorridos entre a
data de encerramento do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data do
parecer. O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos, e
conter seu número de registo.
Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o número da
empresa auditora também devem constar do parecer.

2.9. Formas de emissão de emissão de uma opinião


De acordo com a NBC para emitir a sua opinião, o auditor deve concluir se obteve segurança
razoável de que as demostrações contáveis tomadas em conjunto estão livres de distorção
relevante, independentemente de provir de fraude ou erro.

2.9.1. Opinião nao modificada ou parecer sem ressalva

Segundo a resolução CFC 830/1998 o parecer sem ressalva ou limpo é emitido quando o
auditor conclui, sobre todos os aspectos relevantes das demonstrações contábeis e se estas
estão de acordo com os princípios de contabilidade aplicados em Moçambique. Parecer sem
ressalva é um parecer padrão constituído de basicamente por (3) parágrafos:

 O introdutório ou parágrafo inicial;


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 o parágrafo intermediário ou de extensão e
 o parágrafo de opinião que concluí o parecer.

É a opinião expressa pelo auditor quando ele conclui que as demostrações contáveis são
elaboradas, em todos os aspectos relevantes, de acordo com a estrutura de relatório financeiro
aplicável, ou seja, o auditor verifica os aspectos mais relevantes, e não todos os aspectos das
demostrações.

2.9.2. Opinião modificada

A opinião modificada aparece sempre que tiver algum problema. De acordo com a NBC TA
705, a opinião modificada acontece quando:
a. O auditor concluir com base em evidência de auditoria obtida, que as demostrações
contabeis tomadas em conjunto apresentam distorções relevantes; ou
b. Não conseguir obter evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluir que
as demostrações contabeis tomadas em conjunto não apresentam distorções relevantes.
Existem três tipologias de opinião modificada a saber:
1. Opinião com ressalva
o auditor deve expressar uma opinião com ressalva quando:
a. Tendo obtido evidencia de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções,
individualmente ou em conjunto, são relevantes, mas não generalizadas nas
demostrações contabeis; ou
b. Não é possível para ele obter evidencia apropriada e suficiente de auditoria para
fundamentar sua opinião, mas ele conclui que os possíveis efeitos de destorções não
detectadas sobre as demostrações contabeis, se houver, poderiam ser relevantes mas
não generalizados.
2. Opinião adversa: o auditor deve expressar uma opinião adversa quando, tendo obtido
evidencia de auditoria apropriada e suficiente, conclui que as distorções
individualmente ou em conjunto são relevantes e generalizadas para as demostrações
contabeis.
Nesse tipo de parecer o auditor tem que explicar os motivos que o levaram a opinar de
forma adversa referente as questões que são levantadas no parágrafo de ênfase das não
conformidades que impedem de dar um parecer favorável.
3. Abstenção de opinião: o auditor deve se abster de expressar uma opinião quando não
consegue obter evidencias de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar sua

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opinião, ou seja, ele deve se abster de expressar uma opinião quando em
circunstâncias extremamente raras envolvendo diversas incertezas, conclui que
independentemente de ter obtido evidencias de auditoria apropriada e suficiente sobre
cada uma das incertezas, não é possível expressar uma opinião sobre as demostrações
contabeis devido a possível intergeração das incertezas e seu possível efeito
cumulativo sobre essas demostrações contabeis.
Quando o auditor se abstém de expressas uma opinião devido a impossibilidade de se
obter evidência de auditoria apropriada e suficiente, ele deve:
a. Especificar que ele não expressa opinião sobre as demostrações contabeis;
b. Especificar que, devido a relevância dos assuntos descritos na seção “base para
abstenção da opinião”, o auditor não conseguiu obter evidências de auditoria
apropriada e suficiente para fundamentar uma opinião de auditoria sobre as
demostrações contabeis; e
c. Alterar a declaração requerida pelo item 24 (b) da NBC TA 700, que indica que as
demostrações contabeis foram auditadas, para especificar que o auditor foi contratado
para auditar as demostrações contabeis

Conforme o item 24 da NBC TA 700 também deve:


a. Identificar a entidade cujas demostrações contabeis foram auditadas
b. Afirmar que as demostrações contabeis foram auditadas
c. Identificar o título de cada demostração que compõe as demostrações contabeis
d. Fazer referencia as notas explicativas, incluindo o resumo das principais politivas
contabeis; e
e. Especificar a data ou o período de cada demostração que compõe as demostrações
contáveis.

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FORMAS DE OPINIAO AUDITOR INDEPENDENTE

OPINIÃO NÃO OPINIÃO


MODIFICADA/PAREC MODIFICADA
ER SEM RESSALVA

OPINIÃO ADVERSA

OPINIÃO C/ RESSALVA

ABSTENҪÃO DE
OPINIÃO

2.9.3. Fato relevante e parágrafo de ênfase

Fato relevante são situações que ocorrem na Cia auditada e que devem ser divulgadas no
parecer do auditor, elas podem sim ou não gerar dúvidas no auditor quanto ao impacto nas
demonstrações contáveis, portanto, São incertezas para o auditor.

Em relação a fato relevante, cujo desfecho poderá afectar significativamente a posição


patrimonial e financeira da entidade, bem como o resultado das suas operações, deve o auditor
adicionar um parágrafo de ênfase em seu parecer, após o parágrafo de opinião, fazendo
referência à nota explicativa, que deve descrever, de forma mais extensa, a natureza e, quando
possível, o efeito da incerteza.

2.10. Normas de relato

O "Parecer dos Auditores Independentes", ou "Parecer do Auditor Independente", é o


documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião, de forma clara e objectiva, sobre
as demonstrações contábeis nele indicadas.

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Como o auditor assume, através do parecer, responsabilidade técnico profissional definida,
inclusive de ordem pública, é indispensável que tal documento obedeça às características
intrínsecas e extrínsecas estabelecidas nas presentes normas.

Em condições normais, o parecer é dirigido aos accionistas, cotistas, ou sócios, ao conselho


de administração ou à directoria da entidade, ou outro órgão equivalente, segundo a natureza
desta. Em circunstâncias próprias, o parecer é dirigido ao contratante dos serviços.

1. O parecer deve identificar as demonstrações contábeis sobre as quais o auditor está


expressando sua opinião, indicando, outrossim, o nome da entidade, as datas e
períodos a que correspondem.
2. O parecer deve ser datado e assinado pelo contador responsável pelos trabalhos, e
conter seu número de registo no Conselho Regional de Contabilidade.
3. Caso o trabalho tenha sido realizado por empresa de auditoria, o nome e o número de
registo cadastral no Conselho Regional de Contabilidade também devem constar do
parecer.
4. A data do parecer deve corresponder ao dia do encerramento dos trabalhos de
auditoria na entidade.
5. O parecer deve expressar, clara e objectivamente, se as demonstrações contábeis
auditadas, em todos os aspectos relevantes, na opinião do auditor, estão
adequadamente representadas ou não.

2.11. Normas de relato segundo Da Costa, Carlos Baptista & Alves, Gabriel Correia
(2008,pag383)

 No documento final que emitir, o auditor deve, de uma forma clara e sucinta além de
expressar a sua opinião, se for o caso disso, identificar a natureza e o objecto de
trabalho e, tratando-se de relato de revisão ou de exame simplificado, descrever a
responsabilidade do órgão de gestão e o âmbito de trabalho efectuado, bem como,
eventualmente, apresentar as informações complementares que entenda necessárias.
 Nos casos de revisão conducente a uma certificação legal das contas ou a um relatório
do auditor externo, porque o revisor proporciona um nível de segurança aceitável, a
sua opinião deve ser expressa de uma forma positiva, isto é, declarando se as
demonstrações financeiras tomadas como um todo, apresentam, ou não, de forma
verdadeira e apropriada, em todos os aspectos materialmente relevantes, a posição
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financeira, o resultado das operações e os fluxos de caixa da entidade com referencia a
uma data e ao período nela findo, de acordo com o referencial adoptado na preparação
das mesmas (princípios contabilísticos geralmente aceites ou especificamente
adoptados em Portugal para um dado sector de actividade)
 Nos casos de exames simplificados, porque o revisor proporciona um nível de
segurança moderado, a sua opinião deve ser expressa de forma negativa, isto é,
declarando se nada, ou algo, chegou ao seu conhecimento que o leva a concluir que as
demostrações financeiras contem distorções que afectem de forma materialmente
relevante a sua conformidade com o referencial adoptado na preparação das mesmas.
 As informações divulgadas nas demostrações financeiras devem ser entendidas como
razoavelmente adequadas face ao referencial adoptado na sua preparação, salvo
declaração expressa do revisor noutro sentido.
 Quando estiver perante situações que não lhe permitam expressar uma opinião, o
auditor ou revisor deve declarar expressamente as razões.
 Quando o trabalho tenha um objecto, uma finalidade ou um âmbito específicos ou
limitados, tais circunstâncias devem ser claramente descritas no relatório e tidas em
conta na opinião.

2.12. Auditoria em Moçambique

A primeira vez que a legislação moçambicana se referiu ao exercício das funções de auditor
foi no Decreto 32/90, de 7 de Dezembro, que teve efeitos a partir do exercício económico de
1992.

Para António e Serra (2010), este normativo, no seu artigo 1º, estabeleceu a obrigatoriedade
das empresas, especialmente as sociedades de capital aberto, apresentarem os respectivos
balanços e demonstração dos resultados anuais certificados por um auditor independente e
profissionalmente idóneo. o Código Comercial Moçambicano (CCM), aprovado pelo Decreto
n.º 2/2005, de 27 de Dezembro, obriga à existência de um auditor no conselho fiscal das
sociedades comerciais. Este diploma estabelece, no artigo 154º, que “a fiscalização da
sociedade compete a um conselho fiscal, composto por três ou cinco membros, podendo os
estatutos determinarem a sua substituição por um fiscal único”. O n.º 5 do referido artigo
acresce, ainda, que essa fiscalização pode ser feita por uma sociedade de auditoria
independente.

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Em Moçambique, o organismo que regula a profissão dos contabilistas e auditores é a
OCAM. A sua criação foi promulgada pela Lei n.º 8/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova o
respectivo estatuto da profissão. Esta ordem é constituída por dois colégios, designadamente,
Colégio dos Contabilistas Certificados e Colégio dos Auditores Certificados (OCAM, 2016).

Tabela-1: Normas de auditoria da IFAC e INTOSAI adoptadas em Moçambique

IFAC/IAASB INTOSAI
ISA 200 – Objectivos gerais do ISSAI 1200 – Objectivos gerais do
auditor independente e condução auditor independente e a condução
de uma auditoria de acordo com as de auditoria em conformidade com
Normas Internacionais de as Normas Internacionais de
Auditoria Auditoria
ISA 210 – Acordar os Termos de ISSAI 1210 – Concordamos os
NORMAS Trabalhos de Auditoria Termos e Compromissos de
GERAIS ISA 230 – Documentação de Auditoria
Auditoria ISSAI 1230 – Documentação de
ISA 240 – A responsabilidade do Auditoria
auditor relativas a fraude numa ISSAI 1240 – A responsabilidade do
auditoria de demonstrações auditor relativas a fraude numa
financeiras auditoria de demonstrações
ISA 250 – Consideração de Leis e financeiras
Regulamentos numa auditoria de ISSAI 1250 – Consideração de Leis
demonstrações financeiras e
Regulamentos numa auditoria de
demonstrações financeiras
Fonte: IFAC (International Federation of Accountants) (2016) e INTOSAI (International
Organisation of Supreme Audit Institutions) (2016)

De acordo com a IFAC (2004), as normas ISA (International Standards on Auditing)


melhoram as práticas de auditoria, aumentando a credibilidade da informação financeira, por
forma a manter a confiança do público nos relatórios financeiros e na profissão de auditor.

Burn e Fogarty (2010) afirmam que as normas ISA são de grande utilidade para os países em
desenvolvimento, sobretudo para os profissionais da área, influenciando o seu comportamento
15
na condução de uma auditoria. De facto, as normas ISA contribuem para a promoção da
coerência nos procedimentos de auditoria, educação e melhoria do desempenho dos auditores.

2.13. Vantagens de adopção das normas internacionais de auditoria

Radebaugh e Gray (1997), Humprey et al (2011) e Ramirez et al (2013) apontam as seguintes


vantagens da adoção das normas ISA:

 Aumentam a confiança dos stakeholders na opinião do auditor, emitida no relatório de


auditoria;
 Aumentam a eficácia, qualidade e credibilidade da auditoria;
 Reforçam os benefícios que fluem da existência de normas internacionais de
contabilidade, fornecendo aos dos stakeholders maior garantia do cumprimento das
normas de contabilidade;
 Aumentam o incentivo para melhorar e alargar o conjunto de normas de contabilidade;
 Aumentam a capacidade da comparabilidade da informação financeira a nível
internacional;
 Contribuem para a produção de normas nacionais nos países em desenvolvimento;
 Elevam a confiança nos regulamentos do país que adopta as ISA;
 Geram e promovem o investimento estrangeiro no país que adopta as ISA;
 Reduzem o risco e a incerteza, pois quando se tem um regulamento globalizado
considera-se que há uma maior transparência sobre a informação financeira.

2.14. Desvantagens e dificuldades de adopção das normas de auditoria

Relativamente à adopção das normas ISA, Ramirez et al (2013) apresentam as seguintes


desvantagens:

 Necessidade de reformulação dos sistemas de contabilidade;


 Exigência de uma formação sólida sobre as normas ISA;
 Obrigatoriedade de realizar prévios diagnósticos dos regulamentos e leis dos países.

Para além das supracitadas desvantagens, o processo da adopção das normas ISA apresenta
algumas dificuldades. Para Pineno e Gelikanova (2010), as principais dificuldades consistem
em:

16
 Incompreensão quanto à natureza das normas ISA. Para um grande número de países
não é possível obter o correto entendimento das normas devido a questões de tempo
ou de tradução. Este factor influencia o sucesso da implementação das normas ISA,
sendo a entrega adequada da tradução, bem como a interpretação das mesmas de
grande importância;
 Falta de mecanismos adequados para a concessão de autoridade nacional às normas
ISA. O requisito para formação de direito próprio e de outras forças de
regulamentação é essencial para uma implementação bem-sucedida das normas ISA;
 Inconsistências entre as normas ISA e o quadro legal local;
 Dificuldades de os usuários determinaram se o relatório de auditoria foi emitido em
conformidade com as normas ISA, por vezes, devido à divulgação indevida do
mesmo;
 Algumas normas ISA ainda estão sujeitas a alterações e revisões;
 Incompatibilidade entre os requisitos de auditoria e exigências do mercado

Por forma a suprir algumas das dificuldades, Ekiamado (2014) aponta algumas
recomendações:

 Melhorar o currículo e ensino dos programas de contabilidade e auditoria das


universidades e entidades afins;
 Emitir orientações de aplicação prática sobre as normas de contabilidade e auditoria;
 Publicar e divulgar um código de ética, bem como recomendações metodológicas;
 Reforçar os mecanismos de formação prática dos potenciais auditores;
 Estabelecer um sistema integrado de formação, reconversão e melhorar as
qualificações em contabilidade e auditoria dos profissionais desta área;
 Fornecer orientações adequadas, de forma a ensinar aos auditores o processo de
adopção, implementação e cumprimento das normas ISA.

O processo de adopção das normas ISA exige o empenho de todos, começando pelos
profissionais da área, os utilizadores da informação e até o Estado. Desse modo, a adopção
das normas ISA requer um processo devidamente planeado, requerendo o conhecimento do
Estado, por um lado e a aceitação do usuário da informação, por outro lado. Igualmente, é
necessária uma sólida formação dos seus profissionais.

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3. CONCLUSÃO
Com a realização do trabalho, concluímos que o parecer do relatório da auditoria
independente, é bastante imprescindível na medida em que contribui para a transparência das
demostrações financeiras. O auditor externo tem que ter independência absoluta, não deve
aceitar imposições da empresa, quanto aos procedimentos adoptados na realização da
auditoria, nem quanto as conclusões a que deve chegar.
Vimos que a opinião do auditor pode ser emitida em forma de opinião não modificada ou
parecer sem ressalva e opinião modificada dependendo da opinião que o auditor obtém após a
revisão das demostrações financeiras. Assim, o auditor assume através do parecer,
responsabilidade técnico profissional definida, inclusive de ordem pública, razão pela qual é
indispensável que tal documento obedeça às características intrínsecas e extrínsecas
estabelecidas nas normas de auditoria em vigor.
Devido aos efeitos do desenvolvimento tecnológico e da globalização, o mundo tem se visto
na necessidade de adoptar normas uniformes para a realização do trabalho dos contabilistas e
auditor com vista a melhorar as práticas de auditoria, aumentando a credibilidade da
informação financeira, por forma a manter a confiança do público nos relatórios financeiros e
na profissão de auditor.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANTÓNIO Victória V. ; SERRA Sara e RODRÍGUEZ María T. Impacto da adopção


das Normas Internacionais de Auditoria em Moçambique: Percepção dos
auditores, Mocambique, 2010.
2. Burn, J. e Fogarty, J. (2010). Approaches to Auditing Standards And Their Possible
Impacto On Audit Behavior. International Journal of Disclousure and Governance,
7(4), 310-319.
3. GALO, Gisele Cristiane e BARBOSA Roseli Aparecida de O.; Auditoria interna e
externa, 5ªed. São Paulo: Atlas, 2009.
4. GIL, Antônio de Lourenço. Auditoria da Qualidade; Auditoria, Qualidade e
Fraudes – Novos Desafios. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
5. GIL, A. (1999). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª Edição. São Paulo: Atlas.
6. IFAC, (2012). Handbook of International Standards on Quality Control, Auditing,
Review, Other Assurance and Related Services Engagements, Volume II, ISBN:
978-1-60815-122-6.
7. INTOSAI, (2016). Guidance for Supreme Audit Institutions. ISSAI 5010, consultado
em 16 de Agosto de 2016 em www.issai.org
8. MAGALHÂES, Antonio de Deus F.; LUNKES, Irtes Cristina; MULLER, Aderbal
Nicolas. Auditoria das Organizações. São Paulo: Atlas, 2001.
9. Pineno, C. e Gelikanova, E. (2010). Obstacles to The Implementation of
International Auditing Standards. Journal of Busines and Accounting, 3(1), 110-
124.
10. Radebaugh, H. e Gray, J. (1997). International Accounting and Multinacional
Enterprises, 4th Edition, New York: John Wiley and Sons.
11. Ramirez, D.; Castañeda, S. e Uribe, P. (2013). Beneficios y Problemáticcas en La
Aplicación de Las Normas Internacionales de Auditoria En México. Revista de la
Facultad de Ciencias Contables, 21 (40), 95-99.

19
ANEXO

20
MODELO

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

DESTINATÁRIO

(1) Examinamos os balanços patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de Dezembro


de 19X1 e de 19X0, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do património
líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas
datas, elaborados sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de
expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e


compreenderam: (a) o planeamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o
volume de transacções e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a
constatação, com base em testes, das evidências e dos registos que suportam os valores e as
informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis
mais representativas adoptadas pela administração da entidade, bem como da apresentação
das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

(3) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam


adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da
Empresa ABC em 31 de Dezembro de 19X1 e de 19X0, o resultado de suas operações, as
mutações de seu património líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos
exercícios findos naquelas datas, de acordo com os Princípios Fundamentais de
Contabilidade.

Local e data

Assinatura

Nome do auditor-responsável técnico

Contador Nº de registro no CRC

Nome da empresa de auditoria

Nº de registro cadastral no CRC

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