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GRUPO: Raique Lucas, Camila Ingrid e Renilton Junior

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DA


SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____.

Viravira Ltda, pessoa jurídica de direito privado, com sede na (Rua), (número), (bairro),
(CEP), (Cidade), (Estado), inscrita no CNPJ/MF sob o n.º xxxxxxx, e com inscrição
Estadual nº xxxxxxx, representada por (Nome), (nacionalidade), (estado civil),
(profissão), residente e domiciliado na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade),
(Estado), por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, instrumento de
mandato incluso (Doc), com escritório profissional localizado na XXXX), número
XXX, bairro, CEP XXX, (Cidade), (Estado), onde de acordo com o artigo 39, inciso I,
do Código de Processo Civil receberá as intimações, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, nos termos dos artigos 4.º e 282 do Código de Processo Civil,
propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICO


TRIBUTÁRIA

em face do MUNICÍPIO, pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos:

DOS FATOS

O Município em que está localizado a empresa Viravira Ltda editou uma lei instituindo
taxa de limpeza pública para o custeio do serviço público municipal de limpeza dos
logradouros públicos. Entretanto, a base de cálculo que foi utilizada para dar o norte ao
procedimento se baseou no faturamento das empresas do mesmo Município.

O MUNICÍPIO, majorou a alíquota de 10% começando a ser exigida no dia 1º de


Janeiro do ano seguinte, o que logo se verá ofende os mandamentos constitucionais do
Estado brasileiro.

DO DIREITO

Diante de tais fatos apresentados, saliento que, os serviços públicos em questão são
executados em prol da população em geral, sendo todos dependentes desse serviço para
sua sobrevivência em sociedade. Deste modo, é impossível de realizar essa cobrança de
forma individual para os seus consumidores, em outras palavras, não cabe escolher
quem irá pagar mais ou menos pelo mesmo serviço que atende à todos igualmente.

Para elucidar de uma forma coerente, faz-se mais que necessário depreender a previsão
legal da taxa em conjunto ao seu conceito. Seguindo nesse sentido, à luz do Sistema
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Tributário Nacional, a previsão legal da taxa é encontrada no Art. 145, II, da


Constituição Federal de 1988, in verbis:

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir os seguintes tributos:

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela


utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

De acordo com o entendimento da corrente doutrinária, a taxa será cobrada em razão da


prestação estatal de um serviço público específico e divisível, como esclarece o art 79,
que dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito
tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios:

Art. 79.Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-


se:
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários.

A jurisprudência acrescenta conforme verifica-se pelo julgado a seguir:

APELAÇÃO nº 1005952-38.2016.8.26.0565
APELANTE: MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO DO SUL
APELADO: JONAS LUIZ DE SOUZA COMARCA:
SÃO CAETANO DO SUL VOTO Nº 10661/2017 APELAÇÃO

Ação declaratória de inexistência de relação jurídica c/c repetição


de indébito Taxa de coleta, remoção e destinação de lixo São
Caetano do Sul Exercícios de 2011 a 2013 Hipótese de não
atendimento aos requisitos de especificidade e divisibilidade
Inconstitucionalidade reconhecida pelo Órgão Especial deste TJSP
Não infringência à Súmula Vinculante nº 10 do STF Exercícios de
2014 e 2015 Alteração legislativa Constitucionalidade da cobrança
Uso de elemento da base de cálculo do IPTU Irrelevância Súmulas
Vinculantes nº 19 e 29 do STF RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.

Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação jurídico-


tributária combinada com pedido de repetição de indébito ajuizada
por Jonas Luiz de Souza contra a Municipalidade de São Caetano do
Sul. O autor alega que a taxa de coleta, remoção e destinação de lixo
cobrada pela Municipalidade de São Caetano do Sul é
inconstitucional, por incidir sobre hipótese de serviço público geral e
indivisível, não remunerável por meio de taxa, e por aplicar à base de
cálculo do tributo elemento próprio da base de cálculo do IPTU.
Requer, cumulativamente, a repetição dos valores pagos a tal título,
relativamente aos exercícios fiscais de 2011 a 2015. Foi ofertada
contestação pela Municipalidade (fls. 210/227), defendendo a
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constitucionalidade da cobrança. Houve réplica (fls. 234/239). O feito


foi julgado parcialmente procedente (fls. 241/244), reconhecendo-se a
inconstitucionalidade da taxa e o dever da Municipalidade em
restituir o contribuinte por todos os valores pagos a esse título.
Reconheceu-se, todavia, a prescrição quanto às prestações anteriores
ao quinquênio imediatamente antecedente ao ajuizamento da ação.

A base de cálculo abusiva exigido pela lei em questão não compete a


esfera de taxa, que deve ser o valor suficiente para ressarcir o Estado
pelo exercício do poder de polícia ou pela prestação de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos
a sua disposição, jamais o faturamento das empresas estabelecidas
no município, como previamente já determina a Constituição Federal
no §2º do artigo 145.

Precisamente, reportarmos aos enunciados de Hely Lopes Meirelles em que sua clássica
divisão entre serviços uti universi e uti singuli. Para este doutrinador, não é cabível
cobrança de taxa por serviços prestados universalmente, pois sendo a taxa um tributo
vinculado, diferente do imposto, pressupõe que o Estado os destaque e os singularize,
atendendo a exigência de especificação e divisibilidade de que trata taxativamente a lei:

Somente a conjugação desses dois elementos – especificidade e


divisibilidade – aliada à compulsoriedade do serviço, pode autorizar
a imposição de taxa. Destarte, não é cabível a cobrança de taxa pela
calçamento, conservação, limpeza, iluminação e vigilância de vias e
logradouros públicos, que não configuram serviços específicos, nem
divisíveis, por serem prestado uti universi, e não uti singuli, do
mesmo modo que seria ilegal a imposição de taxa relativamente aos
transportes urbanos posto à disposição dos usuários, por faltar a esse
serviço, específico e divisível, o requisito da compulsoriedade de
utilização.1

Assim também é o posicionamento acertado do eminente tributarista Roque Antônio


Carrazza2:

Salientamos que não é qualquer serviço público que possibilita a


tributação por via de taxa de serviço, mas tão-somente, o serviço
público específico e divisível, conforme, aliás, preceitua a 2ª parte, do
inc. II, do art. 145, da CF. [...] Os serviços públicos dividem-se em
gerais e específicos. Os serviços públicos gerais, ditos também
universais, são os prestados “uti universi”, isto é, indistintamente a
todos os cidadãos. Eles alcançam a comunidade, como um todo
considerada, beneficiando número indeterminado (ou, pelo menos
indeterminável) de pessoas. É o caso dos serviços de iluminação
pública, de segurança pública, de diplomacia, de defesa externa do
país, etc. Todos eles não podem ser custeados, no Brasil, por meio de
taxas, mas, sim, das receitas gerais do Estado, representadas,
1
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro. 13. ed. São Paulo: Malheiros, p. 157.
2
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso De Direito Constitucional Tributário. São Paulo: Malheiros, p.
501-502.
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basicamente, pelos impostos. Já, os serviços públicos específicos,


também chamados de singulares, são os prestados uti singuli.
Referem-se a uma pessoa ou a um número determinado (ou, pelo
menos, determinável) de pessoas. São de utilização individual e
mensurável. Gozam, portanto, de divisibilidade, é dizer, da
possibilidade de avaliar-se a utilização efetiva ou potencial,
individualmente considerada. É o caso dos serviços de telefone, de
transporte coletivo, de fornecimento domiciliar de água potável, de
gás, de energia elétrica etc. Estes, sim, podem ser custeados por meio
de taxas de serviço.

Por fim, não é possível a divisão desse serviço entre os contribuintes, individualmente
considerados, pois trata-se de todas as ruas, avenidas, parques, praças etc. Não há como
atribuir o custeio somente a proprietários de estabelecimentos localizado neste
Município, como foi indevidamente a pretensão do município ora acionado no polo
passivo deste processo.

DA SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Igualmente é cabível o argumento de que a taxa em questão implica na utilização de


tributo também vedada pelo artigo 150, inc. II, da Constituição Federal.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se


encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em
razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos.

DO PEDIDO

Por todo o acima exposto requer:

a) a procedência da presente ação, sendo declarada a inexistência da relação jurídico-


tributária entre as partes, com relação ao pagamento da Taxa de limpeza pública para
empresas deste Municipio, por ser inconstitucional essa exigência;

b) seja citada a ré, na pessoa de seu representante judicial;

c) a condenação da ré no pagamento dos honorários de advogado bem como as custas e


despesas processuais.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa de R$ xxxxxx (valor por extenso) para todos os efeitos legais.
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Temos em que,

Pede deferimento.

(Local, data, ano)

Advogado
OAB n°

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